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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA




        THEMIS DUARTE MOREIRA SANTOS




          RELAÇÕES PÚBLICAS:
O DESAPARECIMENTO DE UMA PROFISSÃO?




                    Brasília-DF
                       2011
THEMIS DUARTE MOREIRA SANTOS




        RELAÇÕES PÚBLICAS:
O DESAPARECIMENTO DE UMA PROFISSÃO?




               Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
               curso de Comunicação Social com Habilitação em
               Jornalismo do Instituto de Educação Superior de
               Brasília, como requisito parcial para obtenção do
               grau de Bacharel em Jornalismo.

               Orientador: Prof. Esp. João Carlos Saraiva Pinheiro




               Brasília-DF
                  2011
THEMIS DUARTE MOREIRA SANTOS




            RELAÇÕES PÚBLICAS:
O DESAPARECIMENTO DE UMA PROFISSÃO?




                       Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela
                       Banca Examinadora com vistas à obtenção do título
                       de Bacharel em Comunicação Social, área de
                       concentração: Jornalismo, do Instituto de Educação
                       Superior de Brasília.

                       Brasília, DF, ____ de dezembro de 2011.




                  Banca Examinadora:



   __________________________________________
   Prof. Esp. João Carlos Saraiva Pinheiro – orientador


   __________________________________________
      Prof.ª Msc. Erica Maria Teixeira de Andrade


   __________________________________________
            Prof.ª Msc. Ericka de Sá Galindo
À minha mãe, pelo amor e dedicação.
AGRADECIMENTOS


        Percorrer novamente um caminho conhecido é vencer preconceitos e pular barreiras.
        E nesta segunda graduação foi exatamente a palavra “vencer” que me acompanhou
durante todo este processo.
        Agradeço à coordenação do curso de Jornalismo e a todos os meus professores.
        Agradeço a cada turma que participei pela acolhida.
        Por fim, e mais importante que tudo, quero agradecer a Deus. Nada teria sentido se
meus caminhos e minha vida não estivessem sob a proteção divina.


        Obrigada.
RESUMO


        Este Trabalho de Conclusão de Curso consiste em um estudo sobre a profissão de
Relações Públicas, buscando responder se ela estaria em desaparecimento no Brasil. Apesar
de mais de quarenta anos de legitimação da profissão, a categoria segue ainda desconhecida
na sociedade e nas organizações como responsável por atividade estratégica da comunicação.
Primeiramente, esclarece-se o contexto do papel do relações-públicas nas organizações, bem
como a legislação básica que rege a profissão e a atividade, acompanhada das propostas de
flexibilização e abertura profissional ora em discussão. Em seguida, apresentam-se
levantamentos de dados envolvendo os cursos de graduação na área, complementados com
depoimentos de coordenadores de curso acerca de aspectos educacionais importantes à
construção do profissional, permitindo-se traçar um panorama atual da formação acadêmica
em Relações Públicas. Por fim, analisa-se a demanda no mercado de trabalho brasileiro por
profissionais de Relações Públicas – e como estes têm sido enquadrados e percebidos nos
anúncios de vagas, enriquecida por depoimentos de formadores de opinião, representantes de
entidades de classe e de organizações.



Palavras-chave: Relações. Públicas. Desaparecimento. Profissão. Comunicação.
ABSTRACT


         The present work consists of a study on the Public Relations profession, seeking to
answer whether it would be disappearing in Brazil. Despite more than forty years as a
legitimate profession, the category still remains unknown in the society and inside
organizations as responsible for strategic communication activities. First, the context of the
public relations role in organizations is clarified, and basic legislation governing the
profession and activity is introduced, followed by ongoing proposals for professional
flexibility and openness. Next, survey data involving graduate courses in Public Relations are
presented, added by testimonials from course coordinators about relevant educational aspects,
allowing to infer the current academic scenario in Public Relations. Finally, demand in the
Brazilian labor market for Public Relations professionals, and how they have been employed
and perceived on job advertisements are also examined, enriched by statements of opinion
leaders, representatives of professional associations and organizations.



Keywords: Public. Relations. Disappearance. Profession. Communications.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES


                                         GRÁFICOS


Gráfico 1    Quantidade de cursos de RP em atividade, por UF.           ...............................   28

Gráfico 2    Quantidade de cursos de RP em atividade, por período de início. ............... 29

Gráfico 3    Distribuição de cursos de RP em atividade, por conceito (%).          ...................    31

Gráfico 4    Quantidade de vagas profissionais, por UF (1º método de pesquisa). ........... 36

Gráfico 5    Quantidade de vagas profissionais, por UF (2º método de pesquisa). ........... 39

Gráfico 6    Distribuição de vagas profissionais, por regime de contratação (%). ........... 39

Gráfico 7    Distribuição de vagas profissionais – exigência de inglês (%). ................... 40

Gráfico 8    Distribuição de vagas profissionais – exigência de espanhol (%). ............... 40

Gráfico 9    Quantidade de vagas profissionais, por faixa salarial. ............................... 41

Gráfico 10   Distribuição de vagas profissionais, por área de atuação (%).         ...................    42

Gráfico 11   Distribuição de vagas profissionais, por formação acadêmica (%).              ...........    45



                                           FIGURAS


Figura 1     Anúncio de “Relações Públicas” para atividades atípicas.          .......................    37

Figura 2     Anúncio de “Relações Públicas” para atividades atípicas.          .......................    37

Figura 3     Anúncio de “Relações Públicas” não restrito aos formados na área.             ...........    38

Figura 4     Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial.                ...........    43

Figura 5     Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial.                ...........    43

Figura 6     Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial.                ...........    44

Figura 7     Anúncio confundindo Relações Públicas com outras áreas administrativas. .. 44

Figura 8     Anúncio englobando atividades de Relações Públicas, para Jornalistas. ....... 46
LISTA DE ABREVIATURAS


MEC       Ministério da Educação
RP        Relações Públicas
AI        Assessoria de Imprensa
PP        Publicidade e Propaganda
ACS       Assessoria de Comunicação Social
AERP      Assessoria Especial de Relações Públicas
Conferp   Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas
Conrerp   Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas
PAL       Projeto de Alteração da Lei nº 5.377/67
UF        Unidade da Federação
CC        Conceito de Curso
CPC       Conceito Preliminar de Curso
Enade     Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
IES       Instituição de Ensino Superior
Inep      Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
CLT       Consolidação das Leis do Trabalho
PJ        Pessoa-jurídica
Aberje    Associação Brasileira de Comunicação Empresarial
ABRP      Associação Brasileira de Relações Públicas
SUMÁRIO


1    INTRODUÇÃO             ..........................................................................................    11

2    OBJETIVO GERAL                 ..................................................................................    13

2.1 Objetivos Específicos           ..................................................................................    13

3    JUSTIFICATIVA              ......................................................................................    14

4    METODOLOGIA                ......................................................................................    16

4.1 Limitações do Método            ..................................................................................    17

5    COMUNICAÇÃO SOCIAL                     ..........................................................................    18

5.1 Profissionais de Comunicação                ......................................................................    18

5.2 Comunicação nas Empresas                ..........................................................................    20

5.3 Comunicação Integrada               ..............................................................................    20

6    RELAÇÕES PÚBLICAS                  ..............................................................................    22

6.1 Legislação       ..................................................................................................   23

6.2 Flexibilização e Abertura Profissional                  ...........................................................   25

7    OFERTA DE CURSOS                   ..............................................................................    27

7.1 Análise Quantitativa...................................................................................... 27

7.2 Análise Qualitativa         ......................................................................................    30

7.3 Depoimentos de Coordenadores de Curso                       ......................................................    32

8    MERCADO DE TRABALHO                        ......................................................................    36

8.1 Análise do Mercado          ......................................................................................    36

8.2 Depoimentos de Representantes de Entidades e Indivíduos                             ...............................   47

9    CONCLUSÃO              ..........................................................................................    50

REFERÊNCIAS             ..............................................................................................    52

ANEXO I – Cursos de Relações Públicas em Atividade no Brasil                                ...........................   54

ANEXO II – Legislação e Código de Ética                     ...........................................................   55

ANEXO III – Questionários               ..............................................................................    63
11


1 INTRODUÇÃO


               Quando se fala em mercado de trabalho, logo se imagina todo o processo de
preparação acadêmica para ingressar na carreira profissional pretendida. Pesquisa-se campo
de atuação, procuram-se as melhores instituições de ensino, para um melhor desempenho
profissional.
               Após uma trajetória de estudos, pesquisas e batalhas pessoais, o profissional se
depara com um mercado de trabalho seletivo, onde a competência é sinal de sobrevivência.
Além disso, tem que contornar uma série de mal-entendidos e equívocos sobre sua real
atuação, confundida muitas vezes com outras áreas profissionais.
               Exemplo muito comum do exposto acima ocorre com o profissional de Relações
Públicas: um profissional de comunicação capaz de desenvolver atividades administrativas
ligadas à construção da imagem de uma organização e do bom relacionamento desta com seu
público.
               São vastas as possibilidades de aplicação da atividade de Relações Públicas, embora
pouco exploradas. Provavelmente, pela falta de conhecimento ou até mesmo por uma visão
equivocada que alguns têm da atividade – como se para atuar como relações-públicas bastasse
ter boa aparência e traquejo social, levando a profissão ao desgaste e desaparecimento, sendo
substituída por outras.
               No contexto contemporâneo, as organizações estão cada vez mais interessadas em
saber o que pensa e o que deseja o seu público. Estão presentes nas redes sociais, participam e
apoiam eventos, ficando sujeitas a todo tipo de interferência de uma sociedade envolvida e
ansiosa por respostas rápidas no que se refere à comunicação.
               Mesmo diante dos fatores acima, estariam os profissionais de Relações Públicas
conquistando a devida colocação no mercado, nas atividades que lhes são típicas e amparadas
por lei1, ou perdendo espaço para profissionais de outras áreas?
               Este trabalho tem o propósito de investigar a real colocação no mercado do
profissional de Relações Públicas e, assim, entender quem é e como redescobrir este
profissional.
               Para contextualizar a presente discussão faz-se, inicialmente, um resgate histórico
sobre as origens da comunicação, como necessidade humana e, de forma complementar,
apresentam-se as áreas profissionais de comunicação e suas atuações no âmbito organizacional.

_____________________
1
    Lei nº 5.377, de 11 de dezembro de 1967, e Resolução Normativa nº 43, de 24 de agosto de 2002.
12


         Além disso, discute-se a origem da Lei nº 5.377 de 11 de dezembro de 1967 – que
rege a profissão, a criação do conselho de classe, bem como a atual proposta de flexibilização
legal e abertura profissional.
         Na sequência, e com base em dados do Ministério da Educação (MEC) sobre os
cursos de Relações Públicas em atividade no Brasil, pesquisas e depoimentos de profissionais
da área, apresentam-se: por um lado, uma análise do cenário atual de oferta de cursos de
graduação em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas; e, pelo lado da
demanda do mercado, uma análise da sua capacidade em absorver este contingente.
13




2 OBJETIVO GERAL


        Esclarecer o estado atual da profissão de Relações Públicas e pesquisar as razões, se
confirmadas no decorrer da análise, de eventual declínio tanto no lado da oferta educacional
quanto no lado da demanda pelo profissional no mercado.



2.1 Objetivos Específicos


         Mostrar a importância de uma administração eficaz da comunicação integrada nas
            empresas;
         Identificar os cursos de graduação em Relações Públicas ativos no Brasil;
         Conhecer o panorama do mercado de comunicação no país, para o profissional de
            Relações Públicas.
14




3 JUSTIFICATIVA


            As empresas têm percebido, crescentemente, que podem associar o relacionamento
com seus públicos a um diferencial competitivo valioso. Principalmente quando o mercado é
capaz de rapidamente neutralizar vantagens competitivas em produtividade, qualidade e
preço.
            Isto acontece pois, segundo Kunsch (2003, p. 71), por se tratar de um processo
relacional nas organizações, elas sofrem interferências e condicionamentos variados, dado o
volume e os diferentes tipos de comunicações existentes. Assim, enfatiza-se que a
comunicação organizacional tem que ser pensada numa perspectiva da dinâmica da história
contemporânea.
            E esse estreitamento na relação com seus públicos, sejam internos, externos ou
mistos, necessita de orientações para que, de forma adequada e eficaz, a comunicação se
destine a cada um deles. Neste contexto entra o trabalho do profissional de Relações Públicas
que, para muitas pessoas, poderia ser exercido por um jornalista ou publicitário ou, em linhas
gerais, por um profissional ligado à comunicação. No entanto, existe um profissional
qualificado, que conhece as funções exatas da boa administração da comunicação da empresa
com seus públicos, e este profissional surge das faculdades de comunicação – exatamente dos
cursos de Relações Públicas.

                                 “[...] o importante é entender que Relações Públicas e comunicação não são
                                 exatamente a mesma coisa. Mas a comunicação é um componente fundamental das
                                 Relações Públicas, sendo certo que seu pensamento e sua operação dificilmente
                                 serão excelentes se descolados das políticas, dos planejamentos e das ações de
                                 relações públicas.” (ARANHA, 2010, p. 19, apud NASSAR, 2007).


            Entretanto, o profissional somente é legitimado o relações-públicas2 se for graduado
na área e registrado no Conselho profissional. Por este motivo, o campo de trabalho fecha-se
para demais profissionais que poderiam contribuir com a atividade.
            E, com o mercado crescendo e criando outras nomenclaturas para funções
inicialmente alinhadas a Relações Públicas, foram surgindo os profissionais das Relações com
a Mídia, Relações Institucionais, dentre outros.
            Diante deste fato, as academias começaram a se adequar ao mercado oferecendo

_____________________
2
 Nomenclatura “relações-públicas” designa o profissional de Relações Públicas, conforme o Comunicado da Presidência do Conferp no sítio
www.conferp.org.br/?p=2728.
15


cursos de Comunicação com ênfase em relações mais específicas, atraindo o cliente que está
lá fora. Ao mesmo tempo, passou-se a observar o fechamento de cursos de Relações Públicas
em muitas instituições de ensino superior, possivelmente contribuindo na diminuição do
número de profissionais no mercado e/ou até mesmo ajudando a criar um novo profissional na
área de comunicação organizacional.
        Conforme o exposto, o presente trabalho destina-se a pesquisar os fatores que levam
instituições educacionais a fecharem cursos de graduação em Relações Públicas, bem como
apresentar um panorama do mercado de trabalho para o profissional, já que comprovadamente
existe uma grande preocupação das organizações com a imagem que têm perante seus
diversos públicos.
16




4 METODOLOGIA


         Não é difícil perceber que o mercado de comunicação desconhece quem é o
profissional de Relações Públicas. Por muitas vezes, anúncios de emprego são apresentados
confundindo a nomenclatura com outras áreas cujas atividades são totalmente diferentes –
situação perfeitamente passível de autuação pelo conselho profissional – ou, não raramente,
após longa apresentação do profissional a um público explicando-se a profissão, vem a
indagação: “Ainda existe o curso de Relações Públicas?”
         Nesse contexto, iniciou-se uma pesquisa em relação à oferta de cursos de graduação
em Relações Públicas no Brasil, procedendo-se a uma análise quantitativa da oferta, por
regiões e por início de atividade, seguida de uma análise qualitativa, segundo índices oficiais
de avaliação, desses cursos oferecidos.
         Ainda na área educacional, distribuíram-se por e-mail questionários a coordenadores
de cursos de Relações Públicas, abordando questões atuais como a adequação da grade
curricular, o fechamento de cursos e a flexibilização da Lei que assegura somente aos
bacharéis formados em Relações Públicas o exercício das atividades que lhes são específicas.
         Em seguida, procurou-se esclarecer o retrato da demanda no mercado de trabalho por
profissionais de Relações Públicas. Uma análise estatística sobre o maior repositório de
anúncios de vagas no Brasil, a Catho Online, avaliou o mercado segundo as seguintes
variáveis: distribuição das vagas por Unidade da Federação, regime de contratação, exigência
de conhecimento em línguas estrangeiras, faixa salarial, áreas de atuação (procurando-se
identificar percepções distorcidas da profissão) e formação exigida ou desejada (procurando-
se identificar atividades de Relações Públicas potencialmente exercidas por profissionais de
outras áreas).
         Analogamente, novos questionários foram organizados e endereçados por e-mail a
representantes de instituições e a indivíduos de destaque na profissão, como autores e
formadores de opinião, abordando questões como a preferência ou não em se contratar um
profissional de Relações Públicas, a visão que o mercado tem deste profissional ou se a
profissão em si está desaparecendo.
         Depoimentos selecionados se acrescentaram às análises, mediante amostragem por
conveniência – uma técnica de amostragem não probabilística onde os sujeitos são
selecionados devido à acessibilidade e à proximidade convenientes ao pesquisador.
17


        Além disso, informações legais que regulamentam a profissão de Relações Públicas
subsidiam este trabalho, bem como dados fornecidos sobre o mercado de atuação do relações-
públicas.
        Recorreu-se também à pesquisa bibliográfica, alternada por consultas a artigos e
materiais publicados em sítios na Internet, com o devido senso crítico quanto à qualidade,
integridade e autenticidade das informações.



4.1 Limitações do Método


        No tocante à oferta de cursos de graduação em Relações Públicas, parcela dos dados
do MEC apresentou inconsistências como um mesmo curso classificado como ativo e extinto
(por exemplo, na Universidade de São Paulo), ou cursos classificados como ativos, embora se
soubesse que não ofertavam mais novas vagas. Assim, cautela e dupla verificação dos dados,
consultando-se diretamente as fontes, foram necessárias para aumentar a qualidade das
informações apresentadas.
        A coleta de dados e informações dependeu também de acessos a pessoas que, mesmo
cientes do objetivo acadêmico, nem sempre responderam aos questionamentos ou o fizeram
parcialmente.
18




5 COMUNICAÇÃO SOCIAL


        Na comunicação, existe a preocupação com a concordância. Em geral, as partes
comunicam-se buscando adesão das demais e não proliferando conflitos. Na verdade, o
conflito poderá existir quando não houver um adequado processo de comunicação.
        Andrade (2005, p. 106) explica que o processo de comunicação é, contudo, mais
complexo, e que devemos lembrar que existem barreiras e obstáculos de toda ordem a impedir
o livre fluxo das informações e dos estímulos.
        A comunicação aumenta as possibilidades de similaridades entre as pessoas, podendo
assim trabalharem juntas para a consecução de um objetivo. Neste sentido, os meios de
comunicação devem ser considerados, segundo Bordenave (1983, p. 12), não somente como
meios de informação e sim como intermediários técnicos das relações sociais.
        E nas organizações existe um vasto leque de relacionamentos, que necessitam ser
planejados e coordenados, gerando um fluxo de informações constante entre empregados e
empregadores.
        Assim, segundo Kunsch (2003, p. 69), “o sistema comunicacional é fundamental
para o processamento das funções administrativas internas e do relacionamento das
organizações com o meio externo”. Os fluxos desse sistema são organizados e, assim,
administrados pelos profissionais de comunicação.



5.1 Profissionais de Comunicação


        A comunicação faz parte do dia a dia das atividades de qualquer organização, mas
para que ela ocorra é preciso ter administradores capacitados, que são os profissionais de
comunicação social.
        Para saber trabalhar com comunicação é preciso saber comunicar e expor uma ideia
com um contexto, utilizando-se de estratégias de comunicação que se adquirem em uma
graduação na área. De acordo com o cadastro de instituições de ensino superior e cursos do
Ministério da Educação (MEC), existem no Brasil pouco mais de 600 cursos superiores de
Comunicação Social em atividade, presenciais e em nível de bacharelado.
        O mercado de comunicação é amplo e, neste sentido, muitas pessoas confundem
termos e nomes atribuídos ao curso e suas habilitações. Diferentemente do que ocorre em
19


outros cursos superiores como Medicina, Direito etc., as habilitações em Comunicação Social
são tidas como bacharelados distintos, exigindo-se do candidato à graduação, desde o
vestibular, a opção pela habilitação pretendida.
          As habilitações mais comuns do curso de Comunicação Social são Jornalismo,
Relações Públicas, e Publicidade e Propaganda, sendo que atualmente existem cursos que
oferecem formação em Comunicação com o Mercado, Radio e TV, Produção Editorial, entre
outros.
          Confere-se, a seguir, o escopo resumido de atuação de cada profissional de
comunicação, dentre as três principais habilitações da Comunicação Social mencionadas
anteriormente.
          O jornalista é responsável pela coleta, apuração, redação, edição e publicação de
informações sobre eventos atuais. Atua em veículos de comunicação, como jornais, revistas,
televisão, rádio, sites, blogs, assessorias de imprensa, entre muitos outros. Para isso, o
conhecimento dos mais variados assuntos é essencial.

                        “O jornalismo é uma atividade de comunicação de massa que tem todas estas
                        características: audiência ampla, heterogênea e anônima; produto público, rápido e
                        efêmero; atividade exercida por uma instituição.” (TORQUATO, 1987, p. 35).


          O relações-públicas é responsável pela integração de ações e atividades de uma
instituição com seus públicos. Sua atividade consiste no planejamento, implementação e
avaliação do processo de comunicação. Cria canais de comunicação específicos e dirigidos,
produz material informativo, organiza eventos e faz pesquisa de opinião de caráter
institucional.

                         “Seja multidisciplinar. Um bom profissional de RP não deve ser especialista em um
                        só aspecto. Imagine, em uma crise, o profissional de comunicação ser ótimo e
                        reconhecido redator, mas não ser um bom expositor. Não se pode ser solo.”
                        (ARANHA, 2010, p. 31).


          O publicitário tem suas áreas de atuação ligadas às técnicas e aos instrumentos para
o planejamento, a criação e a produção de campanhas de divulgação de produtos, serviços,
marcas e ideias, visando à apresentação de soluções de comunicação.

                        “A propaganda é a técnica de criar opinião pública favorável a um determinado
                        produto, serviço, instituição ou ideia, visando orientar o comportamento humano das
                        massas num determinado sentido.” (Item I do CÓDIGO DE ÉTICA DOS
                        PROFISSIONAIS DE PROPAGANDA NO BRASIL, 1957).
20



5.2 Comunicação nas Empresas


         A partir dos anos 90, no Brasil, as empresas e o mercado enxergaram a necessidade
de passar por um processo de contínuas mudanças no seus padrões administrativos. A
comunicação empresarial elevou-se, de um instrumento gerencial, ao patamar estratégico,
aproximando e integrando seus públicos e alinhando-se às políticas da empresa.

                         “As organizações [...] avançaram em busca de novos nichos de mercado e
                         começaram a entender que o processo da comunicação, além de permear toda a
                         estrutura da empresa, era fundamental na conquista e manutenção do principal [...] –
                         o cliente.” (GOULART, 1997, p. 7).


         Como uma atividade administrativa, a comunicação empresarial é sistêmica, explica
Cahen (1990, p. 29), afirmando que deve ser uma atividade de caráter estratégico, com
objetivos de criar, manter ou mudar de forma favorável a imagem da empresa junto aos seus
públicos prioritários.
         O reconhecimento de uma organização perante seu público está ligado à imagem que
ela reproduz a cada indivíduo. Assim, a imagem positiva gera valores positivos, levando a
uma relação duradoura ou, pelo menos, reconhecida como um bem.
         Nota-se que a comunicação empresarial, por se tratar, portanto, de uma ferramenta
estratégica, torna-se suporte de administração para todas as atividades da empresa. E, para que
sua condução seja tomada de forma a agregar valores, é necessário contar com um
profissional que analise globalmente a comunicação, que tenha uma sólida base teórica,
conheça as atribuições da profissão e nela tenha suficiente vivência.
         A função deste profissional na cultura organizacional cria um ambiente mais
harmonioso entre a organização e seus públicos. Quando a empresa constitui um elemento de
comunicação com a sociedade utilizando, de forma integrada, relações públicas, jornalismo e
publicidade, passa a ser um polo de informações.



5.3 Comunicação Integrada


         Muito se discute sobre a responsabilidade de quem deverá ser a chefia ou a
organização de uma assessoria de comunicação empresarial. Se, por um lado, está claro que
quem faz a matéria do jornal impresso (ou eletrônico, na Internet) ou do telejornal é um
21


jornalista, ainda existe uma série de explicações e, igualmente, confusões para denominar qual
o profissional responsável pela comunicação dentro das organizações.
         O fato é que as empresas interagem cada vez mais com seus públicos, e estão mais
ainda preocupadas com o que estes mesmos públicos podem vir a mencionar sobre suas
atividades, sobre elas e, mais importante, sobre sua reputação.
         Uma boa comunicação vem através de um bom relacionamento com seus públicos
internos e externos, ou seja, mediante uma forma de comunicação integrada, segundo Kunsch
(2003, p. 150), definição que pressupõe a junção da comunicação institucional com a
comunicação mercadológica, a comunicação interna e a comunicação administrativa. Trata-se
de uma filosofia que direciona a convergência das diversas áreas, permitindo uma atuação
sinergética e formando assim o mix da comunicação.
         Contudo, ainda se debate sobre as delimitações das funções de um assessor de
comunicação e quem deve assumir a responsabilidade da comunicação organizacional. De
acordo com Lopes (2003, p. 19), a desordenada ocupação das assessorias de comunicação nos
últimos trinta anos e uma legislação de certa forma aberta a “interpretações dúbias” têm
oferecido a algumas pessoas a oportunidade de incrementar a desavença que ainda existe entre
o relações-públicas e o jornalista.

                         “Cada uma das três áreas (AI [Assessoria de Imprensa], RP [Relações Públicas] e
                        PP [Publicidade e Propaganda]) que compõem a estrutura de uma assessoria de
                        comunicação social tem suas respectivas atribuições e responsabilidades. Bem
                        distintas, por sinal: administradas adequadamente evitam serviços improdutivos e
                        desrespeito à legislação [...]. Quanto à chefia de uma ACS [Assessoria de
                        Comunicação Social], basta que esteja a cargo de um(a) bem preparado(a) relações
                        públicas, jornalista ou publicitário(a), enquanto nas áreas específicas pessoas
                        habilitadas exercem o que determina a lei.” (LOPES, 2003, p. 19).

         É importante salientar que o mercado absorve o profissional empreendedor, que tem
iniciativa, que aproveita as oportunidades disponíveis. É necessário que o profissional de
comunicação enxergue os nichos de mercado em outras áreas que dependem de uma
comunicação bem organizada e elaborada.
         Sendo profissional de Relações Públicas ou jornalista, o trabalho deve ser qualificado
e identificado como função de um comunicador especializado e conhecedor das normas e
procedimentos das atividades de comunicação: assessoria de imprensa, eventos, planejamento
estratégico, comunicação interna, entre outras funções.
22




6 RELAÇÕES PÚBLICAS


           As Relações Públicas envolvem o cultivo de relações favoráveis para as organizações
e produtos com seus públicos-chave, através do uso de uma variedade de canais de
comunicação e ferramentas.
           No Brasil, as Relações Públicas ganharam embasamento na Lei nº 5.377 de 11 de
dezembro de 1967, por sua vez regulamentada pelo Decreto nº 63.283 de 26 de setembro de
1968, que assim define o objeto da profissão em seu artigo 1º: “A atividade e o esforço
deliberado, planificado e contínuo para esclarecer e manter compreensão mútua entre uma
instituição pública ou privada e os grupos e pessoas a que esteja direta ou indiretamente
ligada.”

                         “As Relações Públicas no Brasil têm seu primeiro marco na ordem de serviço,
                         datada de 30 de janeiro de 1914, da direção da antiga „The San Paulo Tramway
                         Light and Power Company Limited‟ (hoje Eletropaulo), mandando criar o
                         Departamento de Relações Públicas da então companhia canadense estabelecida no
                         Brasil. Nessa ordem de serviço já estavam traçados os primeiros objetivos do novo
                         departamento, bem como designado para o seu primeiro chefe o engenheiro Eduardo
                         Pinheiro Lobo [...] Considerado o „Pai das Relações Públicas no Brasil‟, nasceu em
                         Penedo (Alagoas), em 2 de dezembro de 1876 [...] O „Dia Nacional de Relações
                         Públicas‟ no Brasil é comemorado dia 02 de dezembro como homenagem ao
                         pioneiro de RR.PP.” (ANDRADE, 2005, p. 72-73).


           A comunicação de Relações Públicas é organizada a partir da segmentação de
públicos cujos interesses sejam comuns e, de acordo com Kunsch (2003, p. 89), como
disciplina acadêmica e atividade profissional, trabalha “promovendo e administrando
relacionamentos e, muitas vezes, mediando conflitos, valendo-se para tanto, de estratégias e
programas de comunicação de acordo com diferentes situações reais do ambiente social”.
           Criam-se canais de comunicação e desenvolvem-se ações que determinam
abordagens e linguagens específicas para uma comunicação efetiva entre a empresa e seus
públicos, dentro de um plano global de comunicação.
           Para que a relação organização/público esteja em bom andamento é necessário que se
faça um planejamento estratégico levando-se em consideração os valores, princípios e
políticas da organização, envolvendo-a integralmente e fazendo assim com que todos os
funcionários e a comunidade reconheçam e sintam-se parte do processo. A consequência
direta é o fortalecimento da imagem e o conceito positivo da organização.
23


         Dessa forma, as Relações Públicas têm a preocupação constante de melhorar o
relacionamento nas organizações, fazendo com que as informações sejam interpretadas
corretamente, buscando atrair a atenção de grupos que representam.
         Atuante em vários segmentos organizacionais, o relações-públicas deve ser
polivalente. Aranha (2010, p. 32) afirma que um bom relações-públicas deve, sem ser
superficial, “entender o suficiente de leis e regulações [...]; conhecer, gostar e prestigiar a
cultura; [...] saber dirigir a mesma mensagem a públicos completamente díspares [...]”.
         O profissional de Relações Públicas, portanto, tem como objeto essencial de trabalho
a gestão de comunicação organizacional. Ele é capacitado para orientar a direção da empresa
na formulação das políticas e estratégias de comunicação organizacional formando uma
opinião pública favorável e mantendo uma relação de boa vizinhança com seus públicos.



6.1 Legislação


         A profissão de Relações Públicas teve sua primeira atuação no Brasil no inicio do
século XX, mas somente em 1967, durante o regime militar, ingressou no ordenamento
jurídico, como citado no item 6.
         Ainda em 1968 foi criada, pelo regime, a Assessoria Especial de Relações Públicas
(AERP), o que, segundo Kunsch (2009), “contribuiu para formar um conceito negativo da
essência das Relações Públicas junto aos formadores de opinião, num período tão conturbado
da vida nacional”.
         Após a regulamentação da profissão, criou-se o Conselho Federal de Profissionais de
Relações Públicas (Conferp), pelo Decreto-Lei nº 860, de 11 de setembro de 1969, e sua
instalação após a publicação do Decreto nº 68.582, de 4 de maio de 1971, para fiscalizar o
exercício da profissão.
         Conforme explicado no sítio http://www.conferp.org.br/?page_id=165, o Estado
brasileiro entendeu que a melhor maneira de fiscalizar o exercício de uma profissão
regulamentada seria delegar aos respectivos profissionais essa função. Assim, para cada
profissão regulamentada no Brasil, foi criada uma autarquia com poderes para fiscalizar o
exercício da profissão junto ao mercado.
         Esta entidade chamada Conselho deve pautar suas ações dentro do estrito
mandamento legal que a criou, ou seja, somente poderá agir dentro daquilo que a Lei de sua
criação determinar.
24


        O Sistema Conferp está organizado em seis conselhos regionais, os quais atuam na
fiscalização do exercício nas regiões assim divididas:



         Conrerp 1ª Região: Rio de Janeiro;
         Conrerp 2ª Região: São Paulo e Paraná;
         Conrerp 3ª Região: Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo;
         Conrerp 4ª Região: Rio Grande do Sul e Santa Catarina;
         Conrerp 5ª Região: Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí,
              Alagoas e Sergipe;
         Conrerp 6ª Região: Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão,
              Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

        Ao se tornar bacharel em Relações Públicas, o recém-formado deve procurar o
Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas (Conrerp) para obter a habilitação
técnica para atuar legalmente como profissional. Assim, registrado, o profissional de Relações
Públicas recebe a carteira de identidade profissional, devendo tê-la em mãos sempre que
estiver exercendo a profissão. Define-se como exercício ilegal da profissão atuar sem registro
no Conrerp.
        Conforme a Lei nº 5.377/67, no Capítulo I, artigo 1º, a designação de “Profissional
de Relações Públicas” passa a ser privativa:

        a) dos bacharéis formados nos respectivos cursos de nível superior;
        b) dos que houverem concluído curso similar no estrangeiro, em estabelecimento
              legalmente reconhecido, após a revalidação do respectivo diploma no Brasil;
        c) dos que exerçam a profissão, de acordo com o art. 6º do Capítulo IV da presente
              Lei.

        A alínea “c” acima reproduzida diz respeito aos profissionais que já vinham
exercendo funções de Relações Públicas como atividade principal e em caráter permanente,
pelo prazo mínimo de 24 meses e sob demais condições elencadas no artigo 6 º, tendo prazo
de 120 dias a partir da publicação da Lei para a obtenção do registro.
        Por restringir a designação do profissional de Relações Públicas, a Lei nº 5.377/67 é
muito questionada pela categoria quanto à capacidade de representação dos seus interesses. E
25


em mais de quarenta anos desde a publicação do instrumento legal, a profissão segue ainda
desconhecida ou tem seus conceitos e funções confundidas com as de outras profissões afins.
         Segundo pesquisa de opinião sobre legislação e atividades, realizada pelo Conferp
em 2008 junto aos profissionais registrados, estes não têm dúvidas de que é preciso atualizar a
legislação da área. Ainda nesta pesquisa, os relações-públicas citam que as exigências do
mercado acabam sendo maiores que a qualificação e sugerem uma mudança capaz de
impulsionar a profissão, acompanhando as novas demandas geradas pelos mercados nacional
e internacional.



6.2 Flexibilização e Abertura Profissional


         O Conferp conduz periodicamente consultas públicas aos profissionais da categoria
para conhecer e identificar anseios e questionamentos acerca de sua atuação, e também para
atualização sobre o mercado de Comunicação Social. Estas pesquisas são elaboradas a partir
de análises de mercado e de questionamentos enviados ao Sistema Conferp.
         Após observar constantes reclamações de profissionais, e com dados da consulta de
2010 realizada com mais de 800 deles atuantes no mercado e nas universidades, sobre a
ocupação de atividades típicas dos relações-públicas por outros profissionais, o Conselho
elaborou nova consulta para saber a opinião da categoria sobre a flexibilização da Lei nº
5.377/67 e abertura profissional. O lançamento desta consulta foi no dia 4 de outubro do ano
corrente, e estará à disposição até o dia 4 de dezembro de 2011.
         Esta consulta é aberta a todos os profissionais de comunicação, estudantes e atuantes
na área de Relações Públicas. Para acesso ao questionamento proposto pelo Conferp, o
profissional   deve    visitar   o   sítio   do    Conselho    na   Internet,   no   endereço
www.conferp.org.br/consulta, e lá escolher sua área de atuação antes de responder ao
questionário: profissional de Relações Públicas, professor de Relações Públicas, estudante de
Relações Públicas ou profissional de outra área.
         De acordo com a proposta do Conselho em seu Programa de Flexibilização e
Abertura do Registro Profissional, dois processos distintos foram colocados em debate,
podendo ocorrer simultaneamente:
26


              a) Projeto de Alteração da Lei nº 5.377/67 (PAL): A primeira proposta é o projeto
                    de alteração da Lei nº 5.377/67, que nasceu como resultado do Parlamento
                    Nacional e já tramitou uma vez pelo Congresso Nacional. Em 2010 ele foi
                    atualizado e adequado à realidade atual da profissão no mercado com a inclusão
                    de áreas de especialização que se formaram no mercado e que representam as
                    funções de Relações Públicas, inclusive já estabelecidas pela Resolução
                    Normativa nº 43/20023 (define as funções e atividades privativas dos
                    profissionais de Relações Públicas). Essas alterações tornaram o PAL
                    perfeitamente adequado à realidade atual da profissão. Nesse momento, o PAL
                    está em fase de conclusão, sendo apreciado por autoridades no assunto e por
                    lideranças que representam as áreas específicas que o projeto contempla. Quando
                    autorizado, será submetido à categoria para que faça sua apreciação e
                    considerações a respeito;
              b) Resolução de Abertura: A outra proposta é a adequação da legislação por meio
                    de Resolução Normativa que propõe a flexibilização em condições legais e
                    técnicas para a abertura do registro a profissionais de outras áreas, sob
                    determinadas condições. Após um estudo minucioso, foram criadas duas versões
                    de Resolução de Abertura – uma para registro de pós-graduados e outra para
                    tecnólogos.

              Ao final desta consulta e de posse dos comentários da categoria, o Conselho
elaborará um relatório final com os pareceres dos profissionais de comunicação.




_____________________
3
    Resolução Normativa nº 43, de 24 de agosto de 2002, disponível em www.conferp.org.br/?p=407.
27




7 OFERTA DE CURSOS


7.1 Análise Quantitativa


         Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), posição em 11 de outubro de
2011, há no Brasil, classificados como “em atividade”, 108 cursos de graduação em Relações
Públicas (ou Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas) na modalidade
presencial e em grau de Bacharelado, doravante denominados simplesmente “cursos de RP”.
         No entanto, a necessidade de verificação dos dados do MEC não foi afastada, uma
vez que a base de dados daquele Ministério poderia estar desatualizada ou conter
inconsistências.
         Assim, do total acima foram deduzidos: cursos que ainda não iniciaram efetivamente
suas atividades (embora ato regulatório os tivesse aprovado), como na Faculdade Maurício de
Nassau de Maceió (AL) e na Faculdade IBMEC (MG), que tiveram autorizações concedidas
em agosto de 2011; cursos que, embora constem da pesquisa como “em atividade”, descobriu-
se mediante consultas telefônicas, por e-mail e pesquisas em sítios oficiais das instituições na
Internet não mais ofertarem novas vagas, como na Universidade de Brasília (UnB), por
exemplo; e ocorrências duplicadas de cursos de RP pela mesma instituição.
         Após a verificação acima, a contagem de cursos de RP em atividade e com vagas
abertas regularmente reduziu-se para 78 em todo país. A lista completa destes cursos,
classificados por Unidade da Federação (UF), acompanhados das respectivas notas de
avaliação (Conceito de Curso – CC, Conceito Preliminar de Curso – CPC, e Exame Nacional
de Desempenho de Estudantes – Enade), do quantitativo de vagas por turno e da data de início
de funcionamento pode ser encontrada no Anexo I.
         Convém lembrar que a instituição de ensino superior (IES) deve formalizar pedido
de autorização junto ao MEC para o funcionamento de novo curso de graduação. Somente
após ato regulatório emanado pelo Ministério, a instituição poderá criar turmas e abrir
processos seletivos – há, portanto, um lapso de tempo envolvido. Já o reconhecimento do
curso, também emanado por ato formal mediante solicitação prévia dentro de um prazo pré-
estabelecido, depende de processo regular de avaliação, podendo ser renovado ou não. O
reconhecimento do curso é condição necessária para, juntamente com o registro, conferir
validade nacional ao respectivo diploma.
28


          Uma primeira e importante observação deve ser feita no tocante à distribuição
regional desta oferta educacional, como mostra o gráfico 1: aproximadamente um terço dos
cursos é ofertado somente no Estado de São Paulo, quase a metade tem oferta dividida entre
os Estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Paraná, enquanto o restante é diluído
em outras onze Unidades da Federação.

                     Gráfico 1 – Quantidade de cursos de RP em atividade, por UF.

     27




           12
                 9
                        8
                             7

                                   2     2     2     2
                                                           1     1     1     1      1    1    1

    SP    RS    BA    MG    PR    RJ     AM   PE    GO    SC    AL    DF    MA      MT   PB   PA

  Fonte: Ministério da Educação (MEC).


          Vale ressaltar a excessiva concentração da oferta de cursos de RP nos estados das
regiões Sudeste, Sul e no Estado da Bahia, respondendo este conjunto por pouco mais de 84%
do total de 78 cursos. Destaca-se também a baixa oferta de cursos no Estado do Rio de
Janeiro, relativamente à sua importância econômica.
          Em vários outros estados, principalmente das regiões Nordeste e Centro-Oeste, a
oferta é única e, assim, frágil. Para ilustrar esta afirmação, o único curso de RP no Distrito
Federal, pela Faculdade Anhanguera de Brasília (FAB), está em processo de extinção segundo
relatos de pessoas ligadas àquela instituição.
          A concentração regional acima mencionada tomou forma ao mesmo tempo em que
se observou um significativo aumento no número total de cursos de RP entre os anos de 2000
e 2009, ainda segundo dados do MEC. Neste intervalo, a oferta de cursos quase duplicou
nacionalmente, como mostra o gráfico 2.
29




               Gráfico 2 – Quantidade de cursos de RP em atividade, por período de início.


                                                                             36



                                    22



                                                                9
                        3                          3                                         4
         1

     Anos 50        Anos 60       Anos 70       Anos 80       Anos 90      2000-2009    Após 2010

  Fonte: Ministério da Educação (MEC).


        Pela ótica do número total de vagas anuais, são quase 7.900 vagas autorizadas pelo
MEC, o dobro do observado dez anos atrás. Além disso, de cada três vagas em cursos de RP,
duas são noturnas.
        O MEC disponibiliza também, publicamente, a relação dos cursos de RP em extinção
ou extintos, passíveis igualmente de dupla verificação. Na prática, porém, sabe-se que há
outros cursos cujos registros no portal de consulta do Ministério não foram “baixados” – o
universo dos cursos em extinção ou extintos é, portanto, maior. Mesmo assim, o ritmo de
crescimento no número de novos cursos de RP supera o da extinção.
        Citam-se como exemplo de instituições de ensino cujos cursos de RP deixaram de ser
ofertados a novos ingressantes: Universidade de Brasília (UnB), no Distrito Federal;
Faculdade Seama, até então a única oferta no Amapá; Faculdade Finac e Faculdades
Integradas São Pedro (Faesa), até então as duas únicas ofertas no Espírito Santo; Universidade
da Amazônia (Unama), no Pará; Faculdade de Rondônia (Faro), até então a única oferta em
Rondônia; dentre outras. Nota-se, novamente, a fragilidade na oferta de cursos de RP em
diversas Unidades da Federação.
30


         Do ponto de vista quantitativo e regional, o que se observa é um aumento geral na
oferta de cursos de RP, porém concentrados em poucos estados das regiões Sul e Sudeste,
enquanto outros das regiões Norte, Nordeste (com exceção da Bahia) e Centro-Oeste
desapareceram ou tendem a desaparecer, sem que novos cursos sejam criados nessas regiões
em igual medida, frustrando potenciais estudantes de RP que acabam optando por outra
habilitação ou graduação, quando não podem se mudar até os centros de formação no Sudeste
e Sul.



7.2 Análise Qualitativa


         O critério utilizado para analisar, qualitativamente, a oferta dos 78 cursos de RP em
atividade no Brasil foi o do Conceito Preliminar de Curso (ou o do Conceito de Curso).
         O Conceito Preliminar de Curso (CPC) é um indicador criado pelo Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), dividido em faixas que vão de 1
(pior) a 5 (melhor), e divulgado juntamente com os resultados do Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes (Enade). Trata-se, como o próprio nome diz, de uma nota
preliminar, em que pesam quesitos objetivos como a avaliação de desempenho dos estudantes
do curso, a infraestrutura e recursos didático-pedagógicos disponíveis no local, bem como a
qualificação do seu corpo docente.
         Cursos classificados com CPC 1 ou 2 são considerados insatisfatórios e passam por
avaliação in loco obrigatória por avaliadores do Inep, após a qual é conferida nota definitiva
para o ciclo denominada CC (Conceito de Curso). Cursos com CPC 3 ou 4 são considerados
satisfatórios, e as respectivas instituições podem optar por não receber a visita dos
avaliadores, ocasião em que o CPC é corroborado e se torna permanente. Já cursos com CPC
5 (excelência) têm a visita automaticamente dispensada, e são considerados cursos de
referência.
         Doravante será denominada simplesmente “nota” o CPC do curso ou, quando este
teve a visita de avaliadores do Inep, o seu CC.
         Dos 78 cursos de RP em atividade no país, somente cinco obtiveram a nota máxima
5. Abaixo estão relacionadas as respectivas instituições, ordenadas por estado:

          Centro Universitário UNA – Belo Horizonte, MG;
          Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (Iesam) – Belém, PA;
          Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – Santa Maria, RS;
31


         Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (Metrocamp) – Campinas, SP;
         Universidade de Sorocaba (Uniso) – Sorocaba, SP.

        O Gráfico 3 ilustra a distribuição dos cursos de RP em atividade, por conceito do
Inep.

               Gráfico 3 – Distribuição de cursos de RP em atividade, por conceito (%).


                                                          6%
                    24%                              Nota
                                                      5
                          Sem conceito (SC)
        Nota               ou não avaliado
          1                                                              Nota        30%
           0%                                                              4
                      Nota
                        2
           10%

                                               Nota
                                                 3

                                               30%

        Fonte: Ministério da Educação (MEC).


        Do gráfico acima pode-se concluir que mais da metade dos cursos são considerados
satisfatórios. Por outro lado, oito cursos de RP tiveram nota 2, considerada insatisfatória, e
nenhum curso obteve a nota mínima 1. Os cursos avaliados como insatisfatórios pertencem às
seguintes instituições de ensino, em lista ordenada por unidade da federação:

         Universidade Católica do Salvador (UCSAL) – Salvador, BA;
         Faculdade Anhanguera de Brasília (FAB) – Taguatinga, DF;
         Centro Universitário Newton Paiva – Belo Horizonte, MG;
         Escola Superior de Relações Públicas (Esurp) – Recife, PE;
         Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Curitiba, PR;
         Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) – Bauru, SP;
32


         Faculdades Integradas de Itapetininga (FKB) – Itapetininga, SP;
         Universidade de Santo Amaro (Unisa) – São Paulo, SP.

        Verifica-se também que muitos cursos (um quarto do total) estão pendentes de
avaliação, sendo que muitos destes foram criados há poucos anos.



7.3 Depoimentos de Coordenadores de Curso


        Com o intuito de complementar a análise do ensino de Relações Públicas no Brasil,
questionários foram enviados por e-mail, em setembro de 2011, a uma lista de 81
coordenadores de cursos de graduação. As perguntas encontram-se descritas no Anexo III.
        Dez coordenadores de curso responderam ao questionário também por e-mail, entre
13/09 e 27/09/2011, propiciando assim uma visão “de dentro para fora” sobre aspectos
relevantes do ensino e com razoável dispersão geográfica. A seguir estão listadas as
instituições de ensino superior cujos coordenadores de curso de Relações Públicas
contribuíram com seus depoimentos. As respostas serão tratadas e analisadas sem indicar
individualmente as fontes, a pedido.

         Universidade Salvador (Unifacs) – Salvador, BA;
         Faculdade Anhanguera de Brasília (FAB) – Taguatinga, DF;
         Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia, GO;
         Centro Universitário Newton Paiva – Belo Horizonte, MG;
         Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – João Pessoa, PB;
         Faculdades Integradas de Taquara (Faccat) – Taquara, RS;
         Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) – São Leopoldo, RS;
         Faculdades Atibaia (FAAT) – Atibaia, SP;
         Faculdades Integradas de Itapetininga (FKB) – Itapetininga, SP;
         Universidade Católica de Santos (Unisantos) – Santos, SP.

        Dos dez respondentes ao questionário, somente um tem graduação em Jornalismo.
Os demais são graduados em Relações Públicas. Quatro deles têm especialização
(Administração de Empresas, Recursos Humanos, Marketing e Gestão Ambiental); sete
possuem título de Mestre (dois em Administração, dois em Engenharia de Produção, e os
demais em Ciências da Comunicação, Educação e Gestão de Negócios); e um coordenador
possui título de Doutor em Ciências da Comunicação.
33


         Todos os coordenadores que responderam ao questionário manifestam conhecer o
Conselho de Relações Públicas.
         O curso de graduação em Relações Públicas, hoje, está inserido como uma
habilitação do curso de Comunicação Social, assim como as habilitações em Jornalismo e em
Publicidade e Propaganda. No entanto, estes três cursos citados, embora habilitações de
Comunicação Social, são distintos no que se refere ao processo seletivo e à grade curricular –
como já citado anteriormente neste trabalho, a escolha pela habilitação não é feita no decorrer
do curso (como na Medicina), e sim no momento do vestibular, como nas engenharias (civil,
elétrica, mecânica etc.).
         Os coordenadores de curso foram questionados se concordavam com a oferta de um
tronco comum de disciplinas entre as habilitações, dentro das suas grades, e posterior
separação por área. Não se trata aqui da unificação do processo seletivo entre as habilitações,
mas sim da oferta de um tronco comum de disciplinas ao qual os alunos de Relações Públicas,
Jornalismo, e Publicidade e Propaganda pudessem assistir indistintamente, compartilhando
salas de aula (como ainda pode ser encontrado em algumas instituições públicas). A maioria,
seis coordenadores, concordou com a oferta de um tronco comum inicial de disciplinas às
habilitações, enfatizando-se a formação mais ampla do aluno, geral e humanística.
Mencionou-se também que essa integração inicial entre os alunos facilitaria o entrosamento, o
entendimento e a compreensão da importância dos profissionais das três principais
habilitações. Dois respondentes concordaram com a ideia em termos, contanto que o tronco
comum não apresentasse viés de comunicação em massa, nem de comunicação organizacional
– disciplinas da área específica deveriam ser mescladas às do tronco comum, argumentou um
deles. Um respondente discordou da ideia, alegando que a maioria dos docentes não conhece
todas as áreas e não conseguiria adequar o conteúdo do tronco comum a elas, enquanto outro
não teve opinião formada: enxerga a oferta de um tronco comum interessante para o mercado
de trabalho, embora potencialmente prejudicial para a própria sobrevivência dos cursos de
Relações Públicas.
         Questionados se seus alunos estariam preparados para atuar no mercado, seis
coordenadores de curso responderam positivamente, sem ou com fatores condicionantes
irrelevantes. Em especial, houve grande quantidade de menções sobre atividades acadêmicas
desenvolvidas com clientes reais, mediante agências e assessorias experimentais. Os demais
também responderam que sim, condicionando-se, no entanto: à necessidade de
amadurecimento para a prática da profissão; e à responsabilidade do discente pelo seu
diferencial de formação, de competitividade no mercado, e de criação de uma rede de
34


relacionamentos. Uma resposta mereceu destaque, no sentido de reconhecer um “mercado [...]
exigente e com demanda aquém da oferta”, em sintonia com o que tem sido apresentado neste
trabalho.
            No tocante à grade curricular do curso de Relações Públicas e sua adequação à
realidade do mercado, as respostas positivas foram unânimes. Em quase todas, mencionou-se
recente revisão concreta da grade e necessidade de contínua evolução, com o objetivo de
aproximá-la à realidade do mercado. Para tanto, citaram-se: atividades práticas para reforço
dos conhecimentos, professores conhecedores também do meio profissional (mercado),
interações com mídias (digitais) sociais, novas disciplinas com ênfase em sustentabilidade e
responsabilidade socioambiental, gestão estratégica da comunicação, entre outros. Sugeriu-se
também monitoramento constante do mercado e atualização do projeto pedagógico do curso e
de sua grade curricular de acordo com mudanças na demanda.
            Como foi demonstrado no item 7.1 a partir de dados oficiais, embora em números
gerais (nacionais) a quantidade de oferta de cursos tem aumentado, ao mesmo tempo observa-
se um verdadeiro “desligamento” de oferta em Unidades da Federação inteiras, a fragilização
em outras e a concentração dessa oferta nas regiões Sul, Sudeste e no Estado da Bahia.
Quando questionados se os cursos de Relações Públicas estariam acabando e por quê, sete dos
dez coordenadores de curso citaram como provável motivo a falta de esclarecimento dentro
das empresas e pela população, notadamente entre os próprios estudantes e aspirantes à
profissão, sobre a atuação do profissional de Relações Públicas e sua importância para as
organizações. Acreditam que a área carece de maior reconhecimento e valorização pela
sociedade, competindo diretamente com Jornalismo e Publicidade e Propaganda –
considerados, segundo um dos depoimentos, mais “palpáveis”. Dois respondentes citaram
uma provável natureza cíclica na procura pelos cursos de RP – como observado em outras
áreas do conhecimento, destacando que o estudante estaria mais preocupado com a
empregabilidade e com os salários (segundo um respondente, pouco atrativos, principalmente
no Nordeste), do que com sua realização profissional, procurando assim a “profissão da
moda”. Outro fator destacado foi a falta de fiscalização dos órgãos competentes com relação
ao exercício da profissão, o que contribuiria para diminuir a oferta no mercado exclusiva para
profissionais de Relações Públicas, e, na outra ponta, tolheria a procura por cursos de RP.
Uma análise mais aprofundada do mercado de trabalho será realizada no item 8.
            Dois respondentes, um da Região Sul e outro da Região Sudeste, manifestaram
entendimento de que, em suas regiões, os cursos não estariam desaparecendo, mais uma vez
de acordo com os dados oficiais. Um deles cita a abertura de cursos no interior do Rio Grande
35


do Sul, e outro, do Estado de São Paulo, afirma que seu curso mantém a mesma média de
alunos há cerca de quinze anos.
        Por fim, os coordenadores de curso de RP foram questionados se já ouviram falar
sobre as propostas de flexibilização da Lei nº 5.377/67 e abertura profissional (conforme
discutidas no item 6.2) – permitindo-se que pós-graduados na área, por exemplo, possam
requerer registro como profissionais de Relações Públicas. Hoje, somente bacharéis em
Relações Públicas podem intitular-se como profissionais da área.
        Dois respondentes afirmaram desconhecer a proposta, enquanto os outros oito
afirmaram conhecê-la. Destes oito, dois manifestaram concordância, por entender que a área
da comunicação como um todo se fortaleceria e conquanto que o curso de pós-graduação
tivesse “uma carga horária muito forte de disciplinas de Relações Públicas”; um respondente
discordou da proposta e os demais se abstiveram de tecer opinião sobre a mesma. Houve a
preocupação, também, que a eventual implementação da proposta pudesse tornar o mercado
ainda mais competitivo.
        Até aqui foi feita uma análise dos dados oficiais acerca da oferta de cursos de RP no
Brasil, complementada com levantamentos junto a coordenadores de cursos, suas opiniões e
pareceres. Neste momento torna-se importante registrar, aqui, a opinião do atual presidente do
Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp), o Sr. Flávio Schmidt,
sobre o questionamento se os cursos de RP estariam acabando.
        Segundo o presidente, os cursos de Relações Públicas não estão acabando e,
novamente em sintonia com o que foi apresentado anteriormente, “enquanto alguns são
fechados, muitos outros são criados e ainda muitos são fortalecidos”. O presidente discorre
ainda que a situação observada de fechamento de cursos varia muito de região para região e
que, enquanto em alguns lugares novos cursos são abertos, como em São Paulo, em outros,
como no Rio de Janeiro e em Brasília, as decisões pelo fechamento de cursos são tomadas
pois não se viabilizam economicamente. Argumenta, em seguida, que são necessárias
avaliações pontuais, em cada região, para entender por que isso ocorre. Segundo ele, os
professores e coordenadores de cursos de RP dessas localidades (onde há fragilidade na
oferta) deveriam abrir canais de comunicação com seus pares de outras universidades e trocar
experiências, além de entender as peculiaridades de cada região e implementar ações
correspondentes, com a ajuda e intermediação, inclusive, do Conselho.
36




8 MERCADO DE TRABALHO


8.1 Análise do Mercado


        Ao contrário da oferta de cursos superiores de Relações Públicas em atividade, cujos
dados encontram-se disponíveis no Ministério da Educação e correspondem ao universo
estatístico, não há uma compilação única, centralizada, da oferta nacional de vagas no
mercado para o relações-públicas.
        Porém, uma amostra significante para análise dessa oferta de vagas pode ser
encontrada em sítios na Internet especializados em classificados de anúncios e em cadastro de
currículos. O maior deles, a Catho Online (www.catho.com.br), serviu de base para a análise
que segue, por agregar anúncios de todo o país, pela quantidade de anúncios cadastrados
(permitindo extração mais apurada de estatísticas), além da tradição de quatorze anos no
mercado. O sítio, o maior do Brasil e da América Latina na categoria, conta ao todo com mais
de 250 mil anúncios de vagas, além de mais de 280 mil currículos cadastrados.
        Uma análise preliminar foi feita sobre os anúncios contendo a expressão “Relações
Públicas” em seu título principal, em pesquisa realizada em 28 de outubro de 2011, resultando
em 27 anúncios e 40 vagas no total (um anúncio pode ofertar mais de uma vaga). O gráfico 4
ilustra a distribuição das vagas por Unidade da Federação, a partir deste primeiro método de
pesquisa. Nota-se uma alta concentração de vagas no Estado de São Paulo – das 34 vagas no
Estado, há 14 somente na capital.
37

   Gráfico 4 – Quantidade de vagas profissionais, por UF (1º método de pesquisa).



         34




                         2         1              1               1               1

         SP           GO           RS         PR              MG              SC
  Fonte: Catho Online.

No entanto, aqui cabe uma primeira análise crítica:
a) Nem todos os anúncios contendo “Relações Públicas” no título principal se
    referem, necessariamente, a atividades típicas da profissão, assim definidas na
    Lei nº 5.377/67. Em números, somente 15 dos 27 anúncios (56%) resultantes
    desta primeira análise guardam alguma relação com a atividade de relações
    públicas. Outros 10 anúncios (37%) confundem a atividade de relações públicas
    com a comercial (vendas ou pós-vendas). Para ilustrar, seguem abaixo dois
    extratos de tela com anúncios encontrados que nada guardam relação com a
    atividade:
Figura      1   –   Exemplo   de   anúncio   de       “Relações       Públicas”       para   atividades
atípicas.
38

Figura      2   –   Exemplo   de    anúncio    de   “Relações    Públicas”     para   atividades
atípicas.




 b) Há anúncios cuja descrição tem relação com a atividade de relações públicas,
      admitindo-se, porém, que o candidato possua curso superior em área distinta, em
      afronta ao disposto no artigo 1º da Lei nº 5.377/67. Abaixo, outro extrato de tela
      ilustrando este caso:
 Figura     3   –   Anúncio   de   “Relações   Públicas”   não   restrito    aos   formados   na
 área.
39


          Se forem descartados os casos descritos nos itens “a” e “b” acima, restam
nacionalmente cinco anúncios no sítio da Catho contendo “Relações Públicas” no título, cuja
atividade seja relacionada à profissão e cuja formação superior exigida seja somente em
Relações Públicas – um número parco que parece revelar a “ponta do iceberg” de um
problema maior.
          Assim, um segundo método de pesquisa foi conduzido em 29 de outubro de 2011,
por anúncios que contivessem a expressão “Relações Públicas” no título, na descrição das
atividades ou na formação, ou seja, anúncios de vagas nas quais o profissional de Relações
Públicas pudesse obter colocação profissional. Com esta flexibilização, o resultado aumentou
para 225 anúncios e 440 vagas, assim distribuídas regionalmente:




             Gráfico 5 – Quantidade de vagas profissionais, por UF (2º método de pesquisa).

   275




         25 21 20
                  14 13
                        11 10 8       6   6   4   4   3   3   3   2   2   2   2   1   1   1   1   1   1
   SP RS RJ MG PR PE PA BA GO CE RN SC DF AM AL MS MA MT PB ES RO AP AC                       PI RR TO

  Fonte: Catho Online.


          Segundo os novos critérios de pesquisa, 72% das vagas estão na região Sudeste, 10%
na região Sul, 10% na região Nordeste, 4% na região Norte e 4% na região Centro-Oeste.
Somente o Estado de Sergipe não figurou entre os resultados.
          Quanto ao regime de contratação, 49% das vagas o são como empregado efetivo pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 20% como prestador de serviços pessoa-jurídica,
17% como autônomo, 6% como free-lance, 1% como contratado temporário e 1% como
trainee. Não foi informado o regime de contratação para 6% das vagas. O gráfico 6 ilustra
esta distribuição:
40

            Gráfico 6 – Distribuição de vagas profissionais, por regime de contratação (%).

                      Temporário          Trainee Não informado
                         1%                 1%            6%
                             Free-lance
                                 6%




                                Autônomo
                                   17%                                CLT (Efetivo)
                                                                          49%




                                          Prestador de
                                          Serviços (PJ)
                                              20%




                      Fonte: Catho Online.

         Outra variável analisada diz respeito à exigência de conhecimento em língua(s)
estrangeira(s), notadamente inglês e espanhol. Quase 44% das vagas anunciadas exigem
algum conhecimento em inglês. Fluência na língua foi exigida para aproximadamente uma em
cada dez vagas. Já a demanda por conhecimentos em espanhol é tímida: somente 13% das
vagas exigem algum conhecimento na língua, em sua maioria nível básico ou intermediário.
Os gráficos 7 e 8 a seguir ilustram estas distribuições:

        Gráficos 7 e 8 – Distribuição de vagas profissionais – exigência de inglês e espanhol (%).

                                                                     Intermediário Fluente
           Avançado
                                                                  Básico 10%          1%
              0%
                       Fluente                                     2%
                         11%



             Intermediário
                  21%
                                              Não exigido
                                                 56%

                  Básico                                                                 Não exigido
                   12%                                                                      87%




                                Inglês                                           Espanhol

         Fonte: Catho Online.
41


        Analisando-se o resultado da pesquisa por faixa salarial, nota-se que a maioria das
vagas anunciadas remunera mensalmente menos de R$ 3.000. Um quarto delas não explicita
valor ou faixa salarial em seus anúncios. Dentre aquelas que o fazem, a média salarial é
calculada em R$ 2.156. O Gráfico 9 detalha a distribuição das vagas por faixa salarial:




                     Gráfico 9 – Distribuição de vagas profissionais, por faixa salarial.


       R$ 9.001 - R$ 10.000   1
        R$ 8.001 - R$ 9.000   0
        R$ 7.001 - R$ 8.000   1
        R$ 6.001 - R$ 7.000    2
        R$ 5.001 - R$ 6.000   1
        R$ 4.001 - R$ 5.000        10
        R$ 3.001 - R$ 4.000                               57
        R$ 2.001 - R$ 3.000                                              86
        R$ 1.001 - R$ 2.000                                                                   124
              Até R$ 1.000                         44
               A combinar                                                               114
        Fonte: Catho Online.


        Embora os critérios deste último método de pesquisa tenham considerado “Relações
Públicas” seja no título, na descrição da(s) vaga(s) como atividade a ser desempenhada ou
como formação exigida ou desejada, ou seja, todos aqueles anúncios de vagas nas quais o
profissional pudesse obter colocação profissional, novamente, o mesmo senso crítico deve ser
mantido com relação àqueles deturpados da real finalidade de um relações-públicas.
        Mais uma vez, confirmou-se o entendimento disseminado no mercado de que
Relações Públicas seriam uma atividade relacionada com vendas. Classificando-se o resultado
da pesquisa por áreas de atuação, conforme descrição das atividades nos próprios anúncios
(lidos um a um), chega-se no gráfico 10. Verificou-se que mais da metade das vagas em que
“Relações Públicas” são citadas como título, atividade ou formação destinam-se ao ramo
comercial (promoção, vendas ou pós-vendas).
42




                    Gráfico 10 – Distribuição de vagas profissionais, por área de atuação (%).




                                                      Teleatendimento /
                                                       Telemarketing
                                                             1%
                       Internet /
                     Redes Sociais Jornalismo                Outras4
           Comunicação 2%              1%                      3%
                2%          Eventos
                              2%
              Assessoria
             de Imprensa
                  2%
    Publicidade e
    Propaganda
         4%



                     Administrativa
                         7%

                   Relações
                   Públicas                                                                   Comercial
                     9%
                                                                                                56%

                           Marketing
                              11%




Fonte: Catho Online.


            Exemplos típicos de anúncios que consideram Relações Públicas como atividade
comercial são ilustrados a seguir:




_____________________
4
  Artes gráficas, atendimento ao cliente, financeiro, médico-hospitalar, produção artística, produção editorial, redação, relações com
investidores, responsabilidade social, tradução e treinamento.
43

             Figura 4 – Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade




comercial.

             Figura 5 – Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade




comercial.
44

                 Figura 6 – Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade




comercial.


         Verificou-se também significativa confusão no mercado entre atividades de
Marketing e Relações Públicas, muitas vezes admitindo-se indistintamente profissionais das
duas áreas. A atividade de Relações Públicas como ramo da Administração de Empresas, ao
invés da Comunicação, é outra confusão destacada pela pesquisa em 7% das vagas. O anúncio
a seguir é um claro exemplo, para o qual se exige registro no Conselho de Administração:
Figura       7      –     Anúncio     confundindo      Relações     Públicas      com   outras   áreas
administrativas.
45


        Anúncios cujas atividades incluem, de fato, a de Relações Públicas (mesmo que
misturada com outras) respondem por somente 9% do resultado da pesquisa, ou um total
nacional de 41 vagas.
        Por último, as vagas resultantes da pesquisa foram classificadas de acordo com
formação exigida ou desejada. Somente 15 (3%) das 440 vagas pesquisadas mencionam
exclusivamente curso superior em Relações Públicas como formação. Já em 304 outras vagas
(69% do total pesquisado), o curso superior em Relações Públicas vem acompanhado de
outras formações igualmente admitidas, como Jornalismo, Marketing e Publicidade e
Propaganda, ou está inserido dentro de referência a “Comunicação” como formação. Assim, o
relações-públicas compete com profissionais de outras áreas para a maioria dos anúncios.
        Vagas que admitem qualquer curso superior totalizam 91, ou 21% do total, e vagas
que admitem somente formações distintas à de Relações Públicas perfazem 23, ou 5% do
total. Em 7 vagas, nenhuma formação foi informada (2% do total). O gráfico 11 resume a
distribuição percentual das vagas pela formação acadêmica:

            Gráfico 11 – Distribuição de vagas profissionais, por formação acadêmica (%).

                        Formação(ões)          Não        Somente RP
                        distinta(s) à de    informada        3%
                               RP               2%
                               5%




                           Qualquer
                           formação
                              21%




                                                           RP ou outra(s)
                                                           formação(ões)
                                                               69%




                     Fonte: Catho Online.
46


          Anúncios em que a atividade de Relações Públicas é citada, porém a formação em
Relações Públicas não é exigida, e sim a de Jornalismo, também são encontradas, como a
seguir:
                  Figura 8 – Anúncio englobando atividades de Relações Públicas, para




Jornalistas.


          Em resumo, a pesquisa de anúncios envolvendo Relações Públicas no maior sítio de
classificados de vagas do Brasil aponta, com razoável segurança, que:

           Há grande concentração de vagas na região Sudeste (72%), seguida das regiões
               Sul e Nordeste (empatadas em 10%), e Centro-Oeste e Norte (empatadas em
               4%);
           Pouco menos da metade das vagas prevê contratação como empregado efetivo
               pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);
           Quase a metade das vagas exige algum conhecimento da língua inglesa;
           A média salarial mensal está abaixo de R$3.000;
           Mais da metade das vagas anunciadas destina-se à área comercial, restando apenas
               9% do total para atividades próprias de Relações Públicas;
47


         Há muita confusão no mercado quanto à real função de um profissional de
            Relações Públicas, confundindo suas atividades com as de Vendas, Marketing e
            Administração;
         De duas em cada três vagas, admite-se outra formação além daquela em Relações
            Públicas, como em Jornalismo, Marketing, Administração ou Publicidade e
            Propaganda.



8.2 Depoimentos de Representantes de Entidades e Indivíduos


        Analogamente ao item 7.3 e objetivando complementar a análise do mercado
brasileiro para o profissional de Relações Públicas, 13 questionários foram enviados por e-
mail, em setembro de 2011, a representantes de empresas, órgãos públicos e entidades de
classe, a autônomos de destaque no meio e a formadores de opinião. As perguntas encontram-
se descritas no Anexo III.
        Oito respondentes contribuíram com seus depoimentos para a pesquisa, por e-mail,
entre 12/09 e 16/10/2011, a saber: Edelman Brasil; Embrapa; Conselho Federal de
Profissionais de Relações Públicas (Conferp); Associação Brasileira de Comunicação
Empresarial (Aberje); Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP) – dois
respondentes; a renomada relações-públicas, autora, consultora e empresária Sra. Lala
Aranha; e o mantenedor do sítio MundoRP (www.mundorp.com.br), Sr. Rodrigo Cogo.
        Exceto quando autorizado pelo respondente, os depoimentos serão tratados e
analisados a seguir sem indicar individualmente as fontes, tratando-se genericamente o
respondente como do sexo masculino.
        Sobre se o mercado não estaria assimilando o profissional de Relações Públicas,
embora a atividade ainda exista, o presidente atual do Conferp, Sr. Flávio Schmidt, tece
opinião concordante: “O que não é reconhecida no Brasil é a profissão e não a atividade. Esta
é muito bem reconhecida tanto que é praticada e desenvolvida por muitos profissionais de
outras áreas e aceita por dirigentes de empresas”. Ainda segundo o presidente, “a atividade
está em franco desenvolvimento, com espaço para todos”. O problema, segundo ele, reside no
mercado não reconhecer o direito do profissional de Relações Públicas em ter a exclusividade
que a lei lhe garante. Complementa ainda que tal problema decorre de dois motivos: a ênfase
que o empresariado dá à comunicação como sendo única ou predominantemente de
divulgação (comunicação jornalística e visibilidade mediante noticiário de imprensa), abrindo
48


espaço para profissionais de jornalismo que encontraram amplo espaço de atuação; e o perfil
do próprio profissional de Relações Públicas, que aceitou essa condição, praticando o que o
mercado prega sem se posicionar rigidamente em relação à sua própria formação, ao mesmo
tempo em que transfere para os conselhos a crítica quanto aos problemas de inserção do
relações-públicas no ambiente da comunicação.
        Ainda sobre a questão acima, outro respondente disserta na mesma linha, separando
o profissional, a atividade e o campo do conhecimento, argumentando que os dois últimos vão
“de vento em popa”, embora o primeiro tenha sido preterido para o desempenho das
atividades às quais fora qualificado. Cita também a redescoberta da atividade de Relações
Públicas pelos publicitários, ilustrando recente abertura de agência de Relações Públicas em
Nova Iorque pelo notório publicitário e empresário Nizan Guanaes.
        Outro terceiro respondente afirma, também na mesma linha, que a profissão de
Relações Públicas está desaparecendo, mas a atividade não, atribuindo o fato a duas causas:

        a) Limitação acadêmica: uma vez que a Lei nº 5.377/67 e o Sistema Conferp
            limitaram a prática da atividade de Relações Públicas somente aos respectivos
            bacharéis, tal engessamento fez com que o mercado procurasse ao longo do
            tempo meios de legitimar a atividade de Relações Públicas e contornar a questão
            do diploma, mediante a oferta de vagas com outras denominações: Assessoria de
            Comunicação, de Relações com a Mídia, de Relações Institucionais etc. O meio
            acadêmico, atento a isso e prevendo consequente limitação no ingresso de alunos
            para cursos de Relações Públicas, abriu cursos similares em graduação e pós-
            graduação, enquanto algumas faculdades deixaram de oferecê-lo;
        b) Imagem dos profissionais e da atividade de RP: não se construiu ao longo do
            tempo uma imagem em prol do profissional, falhando-se ao divulgar para os
            jovens e para o mercado o que um relações-públicas é capacitado a fazer. Além
            disso, a atividade não é bem compreendida pelo mercado, que comumente a
            associa a organização de eventos, assessoria de imprensa, dentre outras (ideia em
            consonância com os dados apresentados no item 8.1). Ou, alternativamente,
            anuncia vagas admitindo-se indistintamente o profissional de Relações Públicas,
            o jornalista, o publicitário, o administrador, dentre outros.

        Um quarto respondente reforça ainda mais a percepção de que a profissão de
Relações Públicas está desaparecendo no Brasil, tomando-se como referência o número de
estudantes interessados no curso, o número de cursos disponíveis e a taxa de registros no
49


Conselho da categoria, igualmente assinalando que a atividade, por outro lado, nunca esteve
tão em evidência. Observa ainda, de acordo com o exposto no item 8.1, que em razão do
mercado desconhecer a profissão em profundidade, dificilmente repassará suas necessidades
de comunicação institucional em ofertas de vagas específicas para relações-públicas, fazendo
com que estes últimos concorram com vários outros profissionais nos processos seletivos.
            Com relação à comunicação integrada nas organizações e se existiriam diferenças
entre as atividades de Relações Públicas e Jornalismo, argumentou-se que um plano eficaz de
comunicação conta com a participação das três principais áreas – Relações Públicas,
Jornalismo, e Publicidade e Propaganda –, ressaltando-se, porém, que a primeira ainda
apresentaria maior capacidade de atingir mais públicos, de forma variada. Embora as
habilitações da Comunicação Social derivem de um núcleo comum de disciplinas e
conhecimentos, a atividade de Relações Públicas estaria mais identificada com a construção
de um relacionamento e a comunicação bilateral entre uma entidade (privada, pública ou do
terceiro setor) com seus públicos, enquanto que a atividade de Jornalismo teria forte
característica difusora, menos bilateral e mais informativa – uma consciência da opinião
pública.
            Somente um representante de órgão público respondeu ao questionário, não se
permitindo extrair, seguramente, conclusões generalizadas à esfera governamental. Embora
naquele órgão a presença de profissionais de Relações Públicas concursados seja expressiva
(72, ou 40% dos 180 profissionais de comunicação, distribuídos em 47 unidades e na sede em
Brasília), não se pode concluir se em outros órgãos públicos dá-se a mesma importância ao
profissional. Cita-se que, em Brasília em particular, há grande quantidade de cerimônias e
eventos oficiais, muitas vezes capitaneadas por relações-públicas – bom pelo lado da oferta de
mercado, mas ruim pelo lado da limitação das funções do profissional.
            No tocante à desigual distribuição regional de ofertas de vagas, houve entendimento
de que isto se deve ao fato de a área ser fortemente associada ao universo de grandes
corporações, e que estas nem sempre estão presentes em mesmo número fora das regiões
Sudeste e Sul.
            Dois respondentes propuseram flexibilização na formação do profissional que
poderia atuar como Relações Públicas, em concordância com as propostas a que se refere o
item 6.2.
            Por último, não houve resposta quanto à diferença de percepção do profissional de
Relações Públicas nos mercados nacional e internacional, embora saiba-se da maior
importância que se dá ao relações-públicas em outros países, como nos Estados Unidos.
50




9 CONCLUSÃO


        No decorrer deste trabalho, pôde-se constatar a importância do profissional de
Relações Públicas para a administração eficaz da comunicação das empresas com seus
públicos, mediante a aplicação de uma variedade de canais de comunicação, ações e
ferramentas, e inserido na esfera gerencial da comunicação organizacional.
        No entanto, a profissão de Relações Públicas permanece exclusiva aos bacharéis
formados na área, engessada por uma legislação da década de 60. Diante desta limitação, o
mercado de trabalho passou a admitir profissionais de outras áreas, criando-se novas
nomenclaturas para funções típicas dos relações-públicas. As empresas não percebem que a
importância do profissional de Relações Públicas é mais estratégica do que para a execução
de rotinas administrativas de comunicação, citando-se como exemplo a atuação deste
profissional em situações de crise ou de recuperação da imagem da organização junto aos seus
públicos.
        Desde o ingresso da profissão no ordenamento jurídico brasileiro, a mesma não se
promoveu e não se destacou suficientemente na sociedade, que a desconhece de forma geral.
O profissional de Relações Públicas não se dá publicidade, como o faz o jornalista, por
exemplo – coincidentemente, são áreas que lidam diretamente com o público. O mercado
pode achar que há mais profissionais formados em outras áreas de comunicação e não abrir
vagas específicas para relações-públicas, desejando atrair quantidade maior de candidatos.
        Visando verificar se o crescente desprestígio à profissão de Relações Públicas, pelo
mercado, teve impacto negativo na respectiva oferta educacional, concluiu-se que: embora
nacionalmente a quantidade de cursos de graduação em Relações Públicas tenha aumentado e
dois terços destes são avaliados positivamente, houve uma excessiva concentração da oferta
em algumas regiões do país, como no Sudeste, Sul e no Estado da Bahia; enquanto isso, nas
demais regiões verificou-se um processo de encerramento de cursos, fragilizando-se a oferta.
Em outras palavras, embora hoje a oferta nacional de vagas nos cursos de Relações Públicas
tenha dobrado em relação a dez anos atrás, aspirantes à profissão de muitas regiões do país
podem se sentir frustrados com frágil ou nenhuma oferta em seus estados. Ademais, acertar na
escolha de um curso de graduação e na carreira pretendida não depende apenas da vontade do
estudante – o caminho percorrido desde a escolha até a atuação no mercado de trabalho sofre
influências diversas, que vão desde a oferta local de emprego até a expectativa de
remuneração e empregabilidade futura.
51


        Pôde-se obter também indicação de que as instituições de ensino superior têm
adequado as grades curriculares dos seus cursos de Relações Públicas às novas demandas do
mercado, bem como procurado envolver os alunos em atividades acadêmicas com clientes
reais, procurando deixá-los preparados para o mercado.
        Com essa adequação dos cursos de graduação na área de comunicação, abriu-se um
novo campo no mercado da comunicação organizacional, mais direcionado a áreas restritas
das organizações. Assim, com a criação de especificidades de áreas, que inicialmente eram
restritas aos relações-públicas, está surgindo outro tipo de profissional gestor de
relacionamentos.
        Pelo lado da demanda do mercado de trabalho, concluiu-se que a colocação do
profissional de Relações Públicas é igualmente concentrada na Região Sudeste, com
indicação de baixa remuneração mensal e regime de contratação dividido entre efetivo (CLT)
e demais formas como prestador de serviços pessoa-jurídica ou autônomo. Já a natureza desta
colocação mostrou-se surpreendentemente adversa: são raras as ofertas de vagas no mercado
de trabalho exclusivas para o relações-públicas, nas atividades que lhes são previstas por Lei.
O mercado, em geral, admite profissionais formados em outras áreas como Jornalismo,
Marketing ou Publicidade e Propaganda para o desempenho de atividades de Relações
Públicas. Além disso, parcela significativa da oferta confunde a atuação do profissional com
atividade de vendas ou administrativa, evidenciando percepção distorcida por grande parte do
mercado.
        Desse modo, a profissão que se pretende exclusiva aos relações-públicas está,
conforme o exposto, desaparecendo.
52




                                   REFERÊNCIAS


ANDRADE, C. T. S. Curso de relações públicas: relações com diferentes públicos. 6. ed.
São Paulo: Thomson Pioneira, 2002.


_________________. Para entender relações públicas. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2005.


ARANHA, L. Cartas a um jovem relações-públicas: construindo relacionamentos. Rio de
Janeiro: Campus, 2010.


BERLO, D. K. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. 7. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1991.


BORDENAVE, J. Além dos meios e mensagens. Rio de Janeiro: Vozes, 1983.


BRASIL. Código de ética dos profissionais de propaganda no Brasil. 1957.


CAHEN, R. Tudo que seus gurus não lhe contaram sobre Comunicação Empresarial.
São Paulo: Best Seller, 1990.


CONFERP O Sistema Conferp. Disponível em: <www.conferp.org.br/?page_id=165>.
Acesso em: 3 nov. 2011.


__________ Consulta aos profissionais. Disponível em: <www.conferp.org.br/consulta>.
Acesso em: 3 nov. 2011.

__________Pesquisa        de     Opinião       Pública/2008.     Disponível    em:    <
http://www.conferp.org.br/boletim/consulta/resultados/pesquisa_2008.pdf >. Acesso em: 3
nov. 2011.


GOULART, T. Comunicação empresarial: uma nova realidade em Minas. Fundação Dom
Cabral, 1997.


KUNSCH, M. M. K. Gestão estratégica em comunicação organizacional e relações
públicas. 2. ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.
53


_________________. Planejamento de relações públicas. 4. ed. São Paulo: Summus, 2003.


_________________. Relações públicas e modernidade: novos paradigmas na
comunicação organizacional. 3. ed. São Paulo: Summus, 1997.


LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.


LOPES, B. O que é assessoria de imprensa. São Paulo: Brasiliense, 2003.


SCHMIDT, F. Do ponto de vista de relações públicas: razões muito mais fortes para você
atuar no ambiente de comunicação. São Paulo: Sicurezza, 2011.


TORQUATO, F. Jornalismo empresarial – teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Summus,
1987.
54




ANEXO I – Cursos de Relações Públicas em Atividade no Brasil
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?
A Relações Públicas: O desaparecimento de uma profissão?

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  • 1. INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA THEMIS DUARTE MOREIRA SANTOS RELAÇÕES PÚBLICAS: O DESAPARECIMENTO DE UMA PROFISSÃO? Brasília-DF 2011
  • 2. THEMIS DUARTE MOREIRA SANTOS RELAÇÕES PÚBLICAS: O DESAPARECIMENTO DE UMA PROFISSÃO? Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo do Instituto de Educação Superior de Brasília, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo. Orientador: Prof. Esp. João Carlos Saraiva Pinheiro Brasília-DF 2011
  • 3. THEMIS DUARTE MOREIRA SANTOS RELAÇÕES PÚBLICAS: O DESAPARECIMENTO DE UMA PROFISSÃO? Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora com vistas à obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, área de concentração: Jornalismo, do Instituto de Educação Superior de Brasília. Brasília, DF, ____ de dezembro de 2011. Banca Examinadora: __________________________________________ Prof. Esp. João Carlos Saraiva Pinheiro – orientador __________________________________________ Prof.ª Msc. Erica Maria Teixeira de Andrade __________________________________________ Prof.ª Msc. Ericka de Sá Galindo
  • 4. À minha mãe, pelo amor e dedicação.
  • 5. AGRADECIMENTOS Percorrer novamente um caminho conhecido é vencer preconceitos e pular barreiras. E nesta segunda graduação foi exatamente a palavra “vencer” que me acompanhou durante todo este processo. Agradeço à coordenação do curso de Jornalismo e a todos os meus professores. Agradeço a cada turma que participei pela acolhida. Por fim, e mais importante que tudo, quero agradecer a Deus. Nada teria sentido se meus caminhos e minha vida não estivessem sob a proteção divina. Obrigada.
  • 6. RESUMO Este Trabalho de Conclusão de Curso consiste em um estudo sobre a profissão de Relações Públicas, buscando responder se ela estaria em desaparecimento no Brasil. Apesar de mais de quarenta anos de legitimação da profissão, a categoria segue ainda desconhecida na sociedade e nas organizações como responsável por atividade estratégica da comunicação. Primeiramente, esclarece-se o contexto do papel do relações-públicas nas organizações, bem como a legislação básica que rege a profissão e a atividade, acompanhada das propostas de flexibilização e abertura profissional ora em discussão. Em seguida, apresentam-se levantamentos de dados envolvendo os cursos de graduação na área, complementados com depoimentos de coordenadores de curso acerca de aspectos educacionais importantes à construção do profissional, permitindo-se traçar um panorama atual da formação acadêmica em Relações Públicas. Por fim, analisa-se a demanda no mercado de trabalho brasileiro por profissionais de Relações Públicas – e como estes têm sido enquadrados e percebidos nos anúncios de vagas, enriquecida por depoimentos de formadores de opinião, representantes de entidades de classe e de organizações. Palavras-chave: Relações. Públicas. Desaparecimento. Profissão. Comunicação.
  • 7. ABSTRACT The present work consists of a study on the Public Relations profession, seeking to answer whether it would be disappearing in Brazil. Despite more than forty years as a legitimate profession, the category still remains unknown in the society and inside organizations as responsible for strategic communication activities. First, the context of the public relations role in organizations is clarified, and basic legislation governing the profession and activity is introduced, followed by ongoing proposals for professional flexibility and openness. Next, survey data involving graduate courses in Public Relations are presented, added by testimonials from course coordinators about relevant educational aspects, allowing to infer the current academic scenario in Public Relations. Finally, demand in the Brazilian labor market for Public Relations professionals, and how they have been employed and perceived on job advertisements are also examined, enriched by statements of opinion leaders, representatives of professional associations and organizations. Keywords: Public. Relations. Disappearance. Profession. Communications.
  • 8. LISTA DE ILUSTRAÇÕES GRÁFICOS Gráfico 1 Quantidade de cursos de RP em atividade, por UF. ............................... 28 Gráfico 2 Quantidade de cursos de RP em atividade, por período de início. ............... 29 Gráfico 3 Distribuição de cursos de RP em atividade, por conceito (%). ................... 31 Gráfico 4 Quantidade de vagas profissionais, por UF (1º método de pesquisa). ........... 36 Gráfico 5 Quantidade de vagas profissionais, por UF (2º método de pesquisa). ........... 39 Gráfico 6 Distribuição de vagas profissionais, por regime de contratação (%). ........... 39 Gráfico 7 Distribuição de vagas profissionais – exigência de inglês (%). ................... 40 Gráfico 8 Distribuição de vagas profissionais – exigência de espanhol (%). ............... 40 Gráfico 9 Quantidade de vagas profissionais, por faixa salarial. ............................... 41 Gráfico 10 Distribuição de vagas profissionais, por área de atuação (%). ................... 42 Gráfico 11 Distribuição de vagas profissionais, por formação acadêmica (%). ........... 45 FIGURAS Figura 1 Anúncio de “Relações Públicas” para atividades atípicas. ....................... 37 Figura 2 Anúncio de “Relações Públicas” para atividades atípicas. ....................... 37 Figura 3 Anúncio de “Relações Públicas” não restrito aos formados na área. ........... 38 Figura 4 Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial. ........... 43 Figura 5 Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial. ........... 43 Figura 6 Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial. ........... 44 Figura 7 Anúncio confundindo Relações Públicas com outras áreas administrativas. .. 44 Figura 8 Anúncio englobando atividades de Relações Públicas, para Jornalistas. ....... 46
  • 9. LISTA DE ABREVIATURAS MEC Ministério da Educação RP Relações Públicas AI Assessoria de Imprensa PP Publicidade e Propaganda ACS Assessoria de Comunicação Social AERP Assessoria Especial de Relações Públicas Conferp Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas Conrerp Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas PAL Projeto de Alteração da Lei nº 5.377/67 UF Unidade da Federação CC Conceito de Curso CPC Conceito Preliminar de Curso Enade Exame Nacional de Desempenho de Estudantes IES Instituição de Ensino Superior Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira CLT Consolidação das Leis do Trabalho PJ Pessoa-jurídica Aberje Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ABRP Associação Brasileira de Relações Públicas
  • 10. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11 2 OBJETIVO GERAL .................................................................................. 13 2.1 Objetivos Específicos .................................................................................. 13 3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 14 4 METODOLOGIA ...................................................................................... 16 4.1 Limitações do Método .................................................................................. 17 5 COMUNICAÇÃO SOCIAL .......................................................................... 18 5.1 Profissionais de Comunicação ...................................................................... 18 5.2 Comunicação nas Empresas .......................................................................... 20 5.3 Comunicação Integrada .............................................................................. 20 6 RELAÇÕES PÚBLICAS .............................................................................. 22 6.1 Legislação .................................................................................................. 23 6.2 Flexibilização e Abertura Profissional ........................................................... 25 7 OFERTA DE CURSOS .............................................................................. 27 7.1 Análise Quantitativa...................................................................................... 27 7.2 Análise Qualitativa ...................................................................................... 30 7.3 Depoimentos de Coordenadores de Curso ...................................................... 32 8 MERCADO DE TRABALHO ...................................................................... 36 8.1 Análise do Mercado ...................................................................................... 36 8.2 Depoimentos de Representantes de Entidades e Indivíduos ............................... 47 9 CONCLUSÃO .......................................................................................... 50 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 52 ANEXO I – Cursos de Relações Públicas em Atividade no Brasil ........................... 54 ANEXO II – Legislação e Código de Ética ........................................................... 55 ANEXO III – Questionários .............................................................................. 63
  • 11. 11 1 INTRODUÇÃO Quando se fala em mercado de trabalho, logo se imagina todo o processo de preparação acadêmica para ingressar na carreira profissional pretendida. Pesquisa-se campo de atuação, procuram-se as melhores instituições de ensino, para um melhor desempenho profissional. Após uma trajetória de estudos, pesquisas e batalhas pessoais, o profissional se depara com um mercado de trabalho seletivo, onde a competência é sinal de sobrevivência. Além disso, tem que contornar uma série de mal-entendidos e equívocos sobre sua real atuação, confundida muitas vezes com outras áreas profissionais. Exemplo muito comum do exposto acima ocorre com o profissional de Relações Públicas: um profissional de comunicação capaz de desenvolver atividades administrativas ligadas à construção da imagem de uma organização e do bom relacionamento desta com seu público. São vastas as possibilidades de aplicação da atividade de Relações Públicas, embora pouco exploradas. Provavelmente, pela falta de conhecimento ou até mesmo por uma visão equivocada que alguns têm da atividade – como se para atuar como relações-públicas bastasse ter boa aparência e traquejo social, levando a profissão ao desgaste e desaparecimento, sendo substituída por outras. No contexto contemporâneo, as organizações estão cada vez mais interessadas em saber o que pensa e o que deseja o seu público. Estão presentes nas redes sociais, participam e apoiam eventos, ficando sujeitas a todo tipo de interferência de uma sociedade envolvida e ansiosa por respostas rápidas no que se refere à comunicação. Mesmo diante dos fatores acima, estariam os profissionais de Relações Públicas conquistando a devida colocação no mercado, nas atividades que lhes são típicas e amparadas por lei1, ou perdendo espaço para profissionais de outras áreas? Este trabalho tem o propósito de investigar a real colocação no mercado do profissional de Relações Públicas e, assim, entender quem é e como redescobrir este profissional. Para contextualizar a presente discussão faz-se, inicialmente, um resgate histórico sobre as origens da comunicação, como necessidade humana e, de forma complementar, apresentam-se as áreas profissionais de comunicação e suas atuações no âmbito organizacional. _____________________ 1 Lei nº 5.377, de 11 de dezembro de 1967, e Resolução Normativa nº 43, de 24 de agosto de 2002.
  • 12. 12 Além disso, discute-se a origem da Lei nº 5.377 de 11 de dezembro de 1967 – que rege a profissão, a criação do conselho de classe, bem como a atual proposta de flexibilização legal e abertura profissional. Na sequência, e com base em dados do Ministério da Educação (MEC) sobre os cursos de Relações Públicas em atividade no Brasil, pesquisas e depoimentos de profissionais da área, apresentam-se: por um lado, uma análise do cenário atual de oferta de cursos de graduação em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas; e, pelo lado da demanda do mercado, uma análise da sua capacidade em absorver este contingente.
  • 13. 13 2 OBJETIVO GERAL Esclarecer o estado atual da profissão de Relações Públicas e pesquisar as razões, se confirmadas no decorrer da análise, de eventual declínio tanto no lado da oferta educacional quanto no lado da demanda pelo profissional no mercado. 2.1 Objetivos Específicos  Mostrar a importância de uma administração eficaz da comunicação integrada nas empresas;  Identificar os cursos de graduação em Relações Públicas ativos no Brasil;  Conhecer o panorama do mercado de comunicação no país, para o profissional de Relações Públicas.
  • 14. 14 3 JUSTIFICATIVA As empresas têm percebido, crescentemente, que podem associar o relacionamento com seus públicos a um diferencial competitivo valioso. Principalmente quando o mercado é capaz de rapidamente neutralizar vantagens competitivas em produtividade, qualidade e preço. Isto acontece pois, segundo Kunsch (2003, p. 71), por se tratar de um processo relacional nas organizações, elas sofrem interferências e condicionamentos variados, dado o volume e os diferentes tipos de comunicações existentes. Assim, enfatiza-se que a comunicação organizacional tem que ser pensada numa perspectiva da dinâmica da história contemporânea. E esse estreitamento na relação com seus públicos, sejam internos, externos ou mistos, necessita de orientações para que, de forma adequada e eficaz, a comunicação se destine a cada um deles. Neste contexto entra o trabalho do profissional de Relações Públicas que, para muitas pessoas, poderia ser exercido por um jornalista ou publicitário ou, em linhas gerais, por um profissional ligado à comunicação. No entanto, existe um profissional qualificado, que conhece as funções exatas da boa administração da comunicação da empresa com seus públicos, e este profissional surge das faculdades de comunicação – exatamente dos cursos de Relações Públicas. “[...] o importante é entender que Relações Públicas e comunicação não são exatamente a mesma coisa. Mas a comunicação é um componente fundamental das Relações Públicas, sendo certo que seu pensamento e sua operação dificilmente serão excelentes se descolados das políticas, dos planejamentos e das ações de relações públicas.” (ARANHA, 2010, p. 19, apud NASSAR, 2007). Entretanto, o profissional somente é legitimado o relações-públicas2 se for graduado na área e registrado no Conselho profissional. Por este motivo, o campo de trabalho fecha-se para demais profissionais que poderiam contribuir com a atividade. E, com o mercado crescendo e criando outras nomenclaturas para funções inicialmente alinhadas a Relações Públicas, foram surgindo os profissionais das Relações com a Mídia, Relações Institucionais, dentre outros. Diante deste fato, as academias começaram a se adequar ao mercado oferecendo _____________________ 2 Nomenclatura “relações-públicas” designa o profissional de Relações Públicas, conforme o Comunicado da Presidência do Conferp no sítio www.conferp.org.br/?p=2728.
  • 15. 15 cursos de Comunicação com ênfase em relações mais específicas, atraindo o cliente que está lá fora. Ao mesmo tempo, passou-se a observar o fechamento de cursos de Relações Públicas em muitas instituições de ensino superior, possivelmente contribuindo na diminuição do número de profissionais no mercado e/ou até mesmo ajudando a criar um novo profissional na área de comunicação organizacional. Conforme o exposto, o presente trabalho destina-se a pesquisar os fatores que levam instituições educacionais a fecharem cursos de graduação em Relações Públicas, bem como apresentar um panorama do mercado de trabalho para o profissional, já que comprovadamente existe uma grande preocupação das organizações com a imagem que têm perante seus diversos públicos.
  • 16. 16 4 METODOLOGIA Não é difícil perceber que o mercado de comunicação desconhece quem é o profissional de Relações Públicas. Por muitas vezes, anúncios de emprego são apresentados confundindo a nomenclatura com outras áreas cujas atividades são totalmente diferentes – situação perfeitamente passível de autuação pelo conselho profissional – ou, não raramente, após longa apresentação do profissional a um público explicando-se a profissão, vem a indagação: “Ainda existe o curso de Relações Públicas?” Nesse contexto, iniciou-se uma pesquisa em relação à oferta de cursos de graduação em Relações Públicas no Brasil, procedendo-se a uma análise quantitativa da oferta, por regiões e por início de atividade, seguida de uma análise qualitativa, segundo índices oficiais de avaliação, desses cursos oferecidos. Ainda na área educacional, distribuíram-se por e-mail questionários a coordenadores de cursos de Relações Públicas, abordando questões atuais como a adequação da grade curricular, o fechamento de cursos e a flexibilização da Lei que assegura somente aos bacharéis formados em Relações Públicas o exercício das atividades que lhes são específicas. Em seguida, procurou-se esclarecer o retrato da demanda no mercado de trabalho por profissionais de Relações Públicas. Uma análise estatística sobre o maior repositório de anúncios de vagas no Brasil, a Catho Online, avaliou o mercado segundo as seguintes variáveis: distribuição das vagas por Unidade da Federação, regime de contratação, exigência de conhecimento em línguas estrangeiras, faixa salarial, áreas de atuação (procurando-se identificar percepções distorcidas da profissão) e formação exigida ou desejada (procurando- se identificar atividades de Relações Públicas potencialmente exercidas por profissionais de outras áreas). Analogamente, novos questionários foram organizados e endereçados por e-mail a representantes de instituições e a indivíduos de destaque na profissão, como autores e formadores de opinião, abordando questões como a preferência ou não em se contratar um profissional de Relações Públicas, a visão que o mercado tem deste profissional ou se a profissão em si está desaparecendo. Depoimentos selecionados se acrescentaram às análises, mediante amostragem por conveniência – uma técnica de amostragem não probabilística onde os sujeitos são selecionados devido à acessibilidade e à proximidade convenientes ao pesquisador.
  • 17. 17 Além disso, informações legais que regulamentam a profissão de Relações Públicas subsidiam este trabalho, bem como dados fornecidos sobre o mercado de atuação do relações- públicas. Recorreu-se também à pesquisa bibliográfica, alternada por consultas a artigos e materiais publicados em sítios na Internet, com o devido senso crítico quanto à qualidade, integridade e autenticidade das informações. 4.1 Limitações do Método No tocante à oferta de cursos de graduação em Relações Públicas, parcela dos dados do MEC apresentou inconsistências como um mesmo curso classificado como ativo e extinto (por exemplo, na Universidade de São Paulo), ou cursos classificados como ativos, embora se soubesse que não ofertavam mais novas vagas. Assim, cautela e dupla verificação dos dados, consultando-se diretamente as fontes, foram necessárias para aumentar a qualidade das informações apresentadas. A coleta de dados e informações dependeu também de acessos a pessoas que, mesmo cientes do objetivo acadêmico, nem sempre responderam aos questionamentos ou o fizeram parcialmente.
  • 18. 18 5 COMUNICAÇÃO SOCIAL Na comunicação, existe a preocupação com a concordância. Em geral, as partes comunicam-se buscando adesão das demais e não proliferando conflitos. Na verdade, o conflito poderá existir quando não houver um adequado processo de comunicação. Andrade (2005, p. 106) explica que o processo de comunicação é, contudo, mais complexo, e que devemos lembrar que existem barreiras e obstáculos de toda ordem a impedir o livre fluxo das informações e dos estímulos. A comunicação aumenta as possibilidades de similaridades entre as pessoas, podendo assim trabalharem juntas para a consecução de um objetivo. Neste sentido, os meios de comunicação devem ser considerados, segundo Bordenave (1983, p. 12), não somente como meios de informação e sim como intermediários técnicos das relações sociais. E nas organizações existe um vasto leque de relacionamentos, que necessitam ser planejados e coordenados, gerando um fluxo de informações constante entre empregados e empregadores. Assim, segundo Kunsch (2003, p. 69), “o sistema comunicacional é fundamental para o processamento das funções administrativas internas e do relacionamento das organizações com o meio externo”. Os fluxos desse sistema são organizados e, assim, administrados pelos profissionais de comunicação. 5.1 Profissionais de Comunicação A comunicação faz parte do dia a dia das atividades de qualquer organização, mas para que ela ocorra é preciso ter administradores capacitados, que são os profissionais de comunicação social. Para saber trabalhar com comunicação é preciso saber comunicar e expor uma ideia com um contexto, utilizando-se de estratégias de comunicação que se adquirem em uma graduação na área. De acordo com o cadastro de instituições de ensino superior e cursos do Ministério da Educação (MEC), existem no Brasil pouco mais de 600 cursos superiores de Comunicação Social em atividade, presenciais e em nível de bacharelado. O mercado de comunicação é amplo e, neste sentido, muitas pessoas confundem termos e nomes atribuídos ao curso e suas habilitações. Diferentemente do que ocorre em
  • 19. 19 outros cursos superiores como Medicina, Direito etc., as habilitações em Comunicação Social são tidas como bacharelados distintos, exigindo-se do candidato à graduação, desde o vestibular, a opção pela habilitação pretendida. As habilitações mais comuns do curso de Comunicação Social são Jornalismo, Relações Públicas, e Publicidade e Propaganda, sendo que atualmente existem cursos que oferecem formação em Comunicação com o Mercado, Radio e TV, Produção Editorial, entre outros. Confere-se, a seguir, o escopo resumido de atuação de cada profissional de comunicação, dentre as três principais habilitações da Comunicação Social mencionadas anteriormente. O jornalista é responsável pela coleta, apuração, redação, edição e publicação de informações sobre eventos atuais. Atua em veículos de comunicação, como jornais, revistas, televisão, rádio, sites, blogs, assessorias de imprensa, entre muitos outros. Para isso, o conhecimento dos mais variados assuntos é essencial. “O jornalismo é uma atividade de comunicação de massa que tem todas estas características: audiência ampla, heterogênea e anônima; produto público, rápido e efêmero; atividade exercida por uma instituição.” (TORQUATO, 1987, p. 35). O relações-públicas é responsável pela integração de ações e atividades de uma instituição com seus públicos. Sua atividade consiste no planejamento, implementação e avaliação do processo de comunicação. Cria canais de comunicação específicos e dirigidos, produz material informativo, organiza eventos e faz pesquisa de opinião de caráter institucional. “Seja multidisciplinar. Um bom profissional de RP não deve ser especialista em um só aspecto. Imagine, em uma crise, o profissional de comunicação ser ótimo e reconhecido redator, mas não ser um bom expositor. Não se pode ser solo.” (ARANHA, 2010, p. 31). O publicitário tem suas áreas de atuação ligadas às técnicas e aos instrumentos para o planejamento, a criação e a produção de campanhas de divulgação de produtos, serviços, marcas e ideias, visando à apresentação de soluções de comunicação. “A propaganda é a técnica de criar opinião pública favorável a um determinado produto, serviço, instituição ou ideia, visando orientar o comportamento humano das massas num determinado sentido.” (Item I do CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE PROPAGANDA NO BRASIL, 1957).
  • 20. 20 5.2 Comunicação nas Empresas A partir dos anos 90, no Brasil, as empresas e o mercado enxergaram a necessidade de passar por um processo de contínuas mudanças no seus padrões administrativos. A comunicação empresarial elevou-se, de um instrumento gerencial, ao patamar estratégico, aproximando e integrando seus públicos e alinhando-se às políticas da empresa. “As organizações [...] avançaram em busca de novos nichos de mercado e começaram a entender que o processo da comunicação, além de permear toda a estrutura da empresa, era fundamental na conquista e manutenção do principal [...] – o cliente.” (GOULART, 1997, p. 7). Como uma atividade administrativa, a comunicação empresarial é sistêmica, explica Cahen (1990, p. 29), afirmando que deve ser uma atividade de caráter estratégico, com objetivos de criar, manter ou mudar de forma favorável a imagem da empresa junto aos seus públicos prioritários. O reconhecimento de uma organização perante seu público está ligado à imagem que ela reproduz a cada indivíduo. Assim, a imagem positiva gera valores positivos, levando a uma relação duradoura ou, pelo menos, reconhecida como um bem. Nota-se que a comunicação empresarial, por se tratar, portanto, de uma ferramenta estratégica, torna-se suporte de administração para todas as atividades da empresa. E, para que sua condução seja tomada de forma a agregar valores, é necessário contar com um profissional que analise globalmente a comunicação, que tenha uma sólida base teórica, conheça as atribuições da profissão e nela tenha suficiente vivência. A função deste profissional na cultura organizacional cria um ambiente mais harmonioso entre a organização e seus públicos. Quando a empresa constitui um elemento de comunicação com a sociedade utilizando, de forma integrada, relações públicas, jornalismo e publicidade, passa a ser um polo de informações. 5.3 Comunicação Integrada Muito se discute sobre a responsabilidade de quem deverá ser a chefia ou a organização de uma assessoria de comunicação empresarial. Se, por um lado, está claro que quem faz a matéria do jornal impresso (ou eletrônico, na Internet) ou do telejornal é um
  • 21. 21 jornalista, ainda existe uma série de explicações e, igualmente, confusões para denominar qual o profissional responsável pela comunicação dentro das organizações. O fato é que as empresas interagem cada vez mais com seus públicos, e estão mais ainda preocupadas com o que estes mesmos públicos podem vir a mencionar sobre suas atividades, sobre elas e, mais importante, sobre sua reputação. Uma boa comunicação vem através de um bom relacionamento com seus públicos internos e externos, ou seja, mediante uma forma de comunicação integrada, segundo Kunsch (2003, p. 150), definição que pressupõe a junção da comunicação institucional com a comunicação mercadológica, a comunicação interna e a comunicação administrativa. Trata-se de uma filosofia que direciona a convergência das diversas áreas, permitindo uma atuação sinergética e formando assim o mix da comunicação. Contudo, ainda se debate sobre as delimitações das funções de um assessor de comunicação e quem deve assumir a responsabilidade da comunicação organizacional. De acordo com Lopes (2003, p. 19), a desordenada ocupação das assessorias de comunicação nos últimos trinta anos e uma legislação de certa forma aberta a “interpretações dúbias” têm oferecido a algumas pessoas a oportunidade de incrementar a desavença que ainda existe entre o relações-públicas e o jornalista. “Cada uma das três áreas (AI [Assessoria de Imprensa], RP [Relações Públicas] e PP [Publicidade e Propaganda]) que compõem a estrutura de uma assessoria de comunicação social tem suas respectivas atribuições e responsabilidades. Bem distintas, por sinal: administradas adequadamente evitam serviços improdutivos e desrespeito à legislação [...]. Quanto à chefia de uma ACS [Assessoria de Comunicação Social], basta que esteja a cargo de um(a) bem preparado(a) relações públicas, jornalista ou publicitário(a), enquanto nas áreas específicas pessoas habilitadas exercem o que determina a lei.” (LOPES, 2003, p. 19). É importante salientar que o mercado absorve o profissional empreendedor, que tem iniciativa, que aproveita as oportunidades disponíveis. É necessário que o profissional de comunicação enxergue os nichos de mercado em outras áreas que dependem de uma comunicação bem organizada e elaborada. Sendo profissional de Relações Públicas ou jornalista, o trabalho deve ser qualificado e identificado como função de um comunicador especializado e conhecedor das normas e procedimentos das atividades de comunicação: assessoria de imprensa, eventos, planejamento estratégico, comunicação interna, entre outras funções.
  • 22. 22 6 RELAÇÕES PÚBLICAS As Relações Públicas envolvem o cultivo de relações favoráveis para as organizações e produtos com seus públicos-chave, através do uso de uma variedade de canais de comunicação e ferramentas. No Brasil, as Relações Públicas ganharam embasamento na Lei nº 5.377 de 11 de dezembro de 1967, por sua vez regulamentada pelo Decreto nº 63.283 de 26 de setembro de 1968, que assim define o objeto da profissão em seu artigo 1º: “A atividade e o esforço deliberado, planificado e contínuo para esclarecer e manter compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada e os grupos e pessoas a que esteja direta ou indiretamente ligada.” “As Relações Públicas no Brasil têm seu primeiro marco na ordem de serviço, datada de 30 de janeiro de 1914, da direção da antiga „The San Paulo Tramway Light and Power Company Limited‟ (hoje Eletropaulo), mandando criar o Departamento de Relações Públicas da então companhia canadense estabelecida no Brasil. Nessa ordem de serviço já estavam traçados os primeiros objetivos do novo departamento, bem como designado para o seu primeiro chefe o engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo [...] Considerado o „Pai das Relações Públicas no Brasil‟, nasceu em Penedo (Alagoas), em 2 de dezembro de 1876 [...] O „Dia Nacional de Relações Públicas‟ no Brasil é comemorado dia 02 de dezembro como homenagem ao pioneiro de RR.PP.” (ANDRADE, 2005, p. 72-73). A comunicação de Relações Públicas é organizada a partir da segmentação de públicos cujos interesses sejam comuns e, de acordo com Kunsch (2003, p. 89), como disciplina acadêmica e atividade profissional, trabalha “promovendo e administrando relacionamentos e, muitas vezes, mediando conflitos, valendo-se para tanto, de estratégias e programas de comunicação de acordo com diferentes situações reais do ambiente social”. Criam-se canais de comunicação e desenvolvem-se ações que determinam abordagens e linguagens específicas para uma comunicação efetiva entre a empresa e seus públicos, dentro de um plano global de comunicação. Para que a relação organização/público esteja em bom andamento é necessário que se faça um planejamento estratégico levando-se em consideração os valores, princípios e políticas da organização, envolvendo-a integralmente e fazendo assim com que todos os funcionários e a comunidade reconheçam e sintam-se parte do processo. A consequência direta é o fortalecimento da imagem e o conceito positivo da organização.
  • 23. 23 Dessa forma, as Relações Públicas têm a preocupação constante de melhorar o relacionamento nas organizações, fazendo com que as informações sejam interpretadas corretamente, buscando atrair a atenção de grupos que representam. Atuante em vários segmentos organizacionais, o relações-públicas deve ser polivalente. Aranha (2010, p. 32) afirma que um bom relações-públicas deve, sem ser superficial, “entender o suficiente de leis e regulações [...]; conhecer, gostar e prestigiar a cultura; [...] saber dirigir a mesma mensagem a públicos completamente díspares [...]”. O profissional de Relações Públicas, portanto, tem como objeto essencial de trabalho a gestão de comunicação organizacional. Ele é capacitado para orientar a direção da empresa na formulação das políticas e estratégias de comunicação organizacional formando uma opinião pública favorável e mantendo uma relação de boa vizinhança com seus públicos. 6.1 Legislação A profissão de Relações Públicas teve sua primeira atuação no Brasil no inicio do século XX, mas somente em 1967, durante o regime militar, ingressou no ordenamento jurídico, como citado no item 6. Ainda em 1968 foi criada, pelo regime, a Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP), o que, segundo Kunsch (2009), “contribuiu para formar um conceito negativo da essência das Relações Públicas junto aos formadores de opinião, num período tão conturbado da vida nacional”. Após a regulamentação da profissão, criou-se o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp), pelo Decreto-Lei nº 860, de 11 de setembro de 1969, e sua instalação após a publicação do Decreto nº 68.582, de 4 de maio de 1971, para fiscalizar o exercício da profissão. Conforme explicado no sítio http://www.conferp.org.br/?page_id=165, o Estado brasileiro entendeu que a melhor maneira de fiscalizar o exercício de uma profissão regulamentada seria delegar aos respectivos profissionais essa função. Assim, para cada profissão regulamentada no Brasil, foi criada uma autarquia com poderes para fiscalizar o exercício da profissão junto ao mercado. Esta entidade chamada Conselho deve pautar suas ações dentro do estrito mandamento legal que a criou, ou seja, somente poderá agir dentro daquilo que a Lei de sua criação determinar.
  • 24. 24 O Sistema Conferp está organizado em seis conselhos regionais, os quais atuam na fiscalização do exercício nas regiões assim divididas:  Conrerp 1ª Região: Rio de Janeiro;  Conrerp 2ª Região: São Paulo e Paraná;  Conrerp 3ª Região: Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo;  Conrerp 4ª Região: Rio Grande do Sul e Santa Catarina;  Conrerp 5ª Região: Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí, Alagoas e Sergipe;  Conrerp 6ª Região: Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Ao se tornar bacharel em Relações Públicas, o recém-formado deve procurar o Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas (Conrerp) para obter a habilitação técnica para atuar legalmente como profissional. Assim, registrado, o profissional de Relações Públicas recebe a carteira de identidade profissional, devendo tê-la em mãos sempre que estiver exercendo a profissão. Define-se como exercício ilegal da profissão atuar sem registro no Conrerp. Conforme a Lei nº 5.377/67, no Capítulo I, artigo 1º, a designação de “Profissional de Relações Públicas” passa a ser privativa: a) dos bacharéis formados nos respectivos cursos de nível superior; b) dos que houverem concluído curso similar no estrangeiro, em estabelecimento legalmente reconhecido, após a revalidação do respectivo diploma no Brasil; c) dos que exerçam a profissão, de acordo com o art. 6º do Capítulo IV da presente Lei. A alínea “c” acima reproduzida diz respeito aos profissionais que já vinham exercendo funções de Relações Públicas como atividade principal e em caráter permanente, pelo prazo mínimo de 24 meses e sob demais condições elencadas no artigo 6 º, tendo prazo de 120 dias a partir da publicação da Lei para a obtenção do registro. Por restringir a designação do profissional de Relações Públicas, a Lei nº 5.377/67 é muito questionada pela categoria quanto à capacidade de representação dos seus interesses. E
  • 25. 25 em mais de quarenta anos desde a publicação do instrumento legal, a profissão segue ainda desconhecida ou tem seus conceitos e funções confundidas com as de outras profissões afins. Segundo pesquisa de opinião sobre legislação e atividades, realizada pelo Conferp em 2008 junto aos profissionais registrados, estes não têm dúvidas de que é preciso atualizar a legislação da área. Ainda nesta pesquisa, os relações-públicas citam que as exigências do mercado acabam sendo maiores que a qualificação e sugerem uma mudança capaz de impulsionar a profissão, acompanhando as novas demandas geradas pelos mercados nacional e internacional. 6.2 Flexibilização e Abertura Profissional O Conferp conduz periodicamente consultas públicas aos profissionais da categoria para conhecer e identificar anseios e questionamentos acerca de sua atuação, e também para atualização sobre o mercado de Comunicação Social. Estas pesquisas são elaboradas a partir de análises de mercado e de questionamentos enviados ao Sistema Conferp. Após observar constantes reclamações de profissionais, e com dados da consulta de 2010 realizada com mais de 800 deles atuantes no mercado e nas universidades, sobre a ocupação de atividades típicas dos relações-públicas por outros profissionais, o Conselho elaborou nova consulta para saber a opinião da categoria sobre a flexibilização da Lei nº 5.377/67 e abertura profissional. O lançamento desta consulta foi no dia 4 de outubro do ano corrente, e estará à disposição até o dia 4 de dezembro de 2011. Esta consulta é aberta a todos os profissionais de comunicação, estudantes e atuantes na área de Relações Públicas. Para acesso ao questionamento proposto pelo Conferp, o profissional deve visitar o sítio do Conselho na Internet, no endereço www.conferp.org.br/consulta, e lá escolher sua área de atuação antes de responder ao questionário: profissional de Relações Públicas, professor de Relações Públicas, estudante de Relações Públicas ou profissional de outra área. De acordo com a proposta do Conselho em seu Programa de Flexibilização e Abertura do Registro Profissional, dois processos distintos foram colocados em debate, podendo ocorrer simultaneamente:
  • 26. 26 a) Projeto de Alteração da Lei nº 5.377/67 (PAL): A primeira proposta é o projeto de alteração da Lei nº 5.377/67, que nasceu como resultado do Parlamento Nacional e já tramitou uma vez pelo Congresso Nacional. Em 2010 ele foi atualizado e adequado à realidade atual da profissão no mercado com a inclusão de áreas de especialização que se formaram no mercado e que representam as funções de Relações Públicas, inclusive já estabelecidas pela Resolução Normativa nº 43/20023 (define as funções e atividades privativas dos profissionais de Relações Públicas). Essas alterações tornaram o PAL perfeitamente adequado à realidade atual da profissão. Nesse momento, o PAL está em fase de conclusão, sendo apreciado por autoridades no assunto e por lideranças que representam as áreas específicas que o projeto contempla. Quando autorizado, será submetido à categoria para que faça sua apreciação e considerações a respeito; b) Resolução de Abertura: A outra proposta é a adequação da legislação por meio de Resolução Normativa que propõe a flexibilização em condições legais e técnicas para a abertura do registro a profissionais de outras áreas, sob determinadas condições. Após um estudo minucioso, foram criadas duas versões de Resolução de Abertura – uma para registro de pós-graduados e outra para tecnólogos. Ao final desta consulta e de posse dos comentários da categoria, o Conselho elaborará um relatório final com os pareceres dos profissionais de comunicação. _____________________ 3 Resolução Normativa nº 43, de 24 de agosto de 2002, disponível em www.conferp.org.br/?p=407.
  • 27. 27 7 OFERTA DE CURSOS 7.1 Análise Quantitativa Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), posição em 11 de outubro de 2011, há no Brasil, classificados como “em atividade”, 108 cursos de graduação em Relações Públicas (ou Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas) na modalidade presencial e em grau de Bacharelado, doravante denominados simplesmente “cursos de RP”. No entanto, a necessidade de verificação dos dados do MEC não foi afastada, uma vez que a base de dados daquele Ministério poderia estar desatualizada ou conter inconsistências. Assim, do total acima foram deduzidos: cursos que ainda não iniciaram efetivamente suas atividades (embora ato regulatório os tivesse aprovado), como na Faculdade Maurício de Nassau de Maceió (AL) e na Faculdade IBMEC (MG), que tiveram autorizações concedidas em agosto de 2011; cursos que, embora constem da pesquisa como “em atividade”, descobriu- se mediante consultas telefônicas, por e-mail e pesquisas em sítios oficiais das instituições na Internet não mais ofertarem novas vagas, como na Universidade de Brasília (UnB), por exemplo; e ocorrências duplicadas de cursos de RP pela mesma instituição. Após a verificação acima, a contagem de cursos de RP em atividade e com vagas abertas regularmente reduziu-se para 78 em todo país. A lista completa destes cursos, classificados por Unidade da Federação (UF), acompanhados das respectivas notas de avaliação (Conceito de Curso – CC, Conceito Preliminar de Curso – CPC, e Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – Enade), do quantitativo de vagas por turno e da data de início de funcionamento pode ser encontrada no Anexo I. Convém lembrar que a instituição de ensino superior (IES) deve formalizar pedido de autorização junto ao MEC para o funcionamento de novo curso de graduação. Somente após ato regulatório emanado pelo Ministério, a instituição poderá criar turmas e abrir processos seletivos – há, portanto, um lapso de tempo envolvido. Já o reconhecimento do curso, também emanado por ato formal mediante solicitação prévia dentro de um prazo pré- estabelecido, depende de processo regular de avaliação, podendo ser renovado ou não. O reconhecimento do curso é condição necessária para, juntamente com o registro, conferir validade nacional ao respectivo diploma.
  • 28. 28 Uma primeira e importante observação deve ser feita no tocante à distribuição regional desta oferta educacional, como mostra o gráfico 1: aproximadamente um terço dos cursos é ofertado somente no Estado de São Paulo, quase a metade tem oferta dividida entre os Estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Paraná, enquanto o restante é diluído em outras onze Unidades da Federação. Gráfico 1 – Quantidade de cursos de RP em atividade, por UF. 27 12 9 8 7 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 SP RS BA MG PR RJ AM PE GO SC AL DF MA MT PB PA Fonte: Ministério da Educação (MEC). Vale ressaltar a excessiva concentração da oferta de cursos de RP nos estados das regiões Sudeste, Sul e no Estado da Bahia, respondendo este conjunto por pouco mais de 84% do total de 78 cursos. Destaca-se também a baixa oferta de cursos no Estado do Rio de Janeiro, relativamente à sua importância econômica. Em vários outros estados, principalmente das regiões Nordeste e Centro-Oeste, a oferta é única e, assim, frágil. Para ilustrar esta afirmação, o único curso de RP no Distrito Federal, pela Faculdade Anhanguera de Brasília (FAB), está em processo de extinção segundo relatos de pessoas ligadas àquela instituição. A concentração regional acima mencionada tomou forma ao mesmo tempo em que se observou um significativo aumento no número total de cursos de RP entre os anos de 2000 e 2009, ainda segundo dados do MEC. Neste intervalo, a oferta de cursos quase duplicou nacionalmente, como mostra o gráfico 2.
  • 29. 29 Gráfico 2 – Quantidade de cursos de RP em atividade, por período de início. 36 22 9 3 3 4 1 Anos 50 Anos 60 Anos 70 Anos 80 Anos 90 2000-2009 Após 2010 Fonte: Ministério da Educação (MEC). Pela ótica do número total de vagas anuais, são quase 7.900 vagas autorizadas pelo MEC, o dobro do observado dez anos atrás. Além disso, de cada três vagas em cursos de RP, duas são noturnas. O MEC disponibiliza também, publicamente, a relação dos cursos de RP em extinção ou extintos, passíveis igualmente de dupla verificação. Na prática, porém, sabe-se que há outros cursos cujos registros no portal de consulta do Ministério não foram “baixados” – o universo dos cursos em extinção ou extintos é, portanto, maior. Mesmo assim, o ritmo de crescimento no número de novos cursos de RP supera o da extinção. Citam-se como exemplo de instituições de ensino cujos cursos de RP deixaram de ser ofertados a novos ingressantes: Universidade de Brasília (UnB), no Distrito Federal; Faculdade Seama, até então a única oferta no Amapá; Faculdade Finac e Faculdades Integradas São Pedro (Faesa), até então as duas únicas ofertas no Espírito Santo; Universidade da Amazônia (Unama), no Pará; Faculdade de Rondônia (Faro), até então a única oferta em Rondônia; dentre outras. Nota-se, novamente, a fragilidade na oferta de cursos de RP em diversas Unidades da Federação.
  • 30. 30 Do ponto de vista quantitativo e regional, o que se observa é um aumento geral na oferta de cursos de RP, porém concentrados em poucos estados das regiões Sul e Sudeste, enquanto outros das regiões Norte, Nordeste (com exceção da Bahia) e Centro-Oeste desapareceram ou tendem a desaparecer, sem que novos cursos sejam criados nessas regiões em igual medida, frustrando potenciais estudantes de RP que acabam optando por outra habilitação ou graduação, quando não podem se mudar até os centros de formação no Sudeste e Sul. 7.2 Análise Qualitativa O critério utilizado para analisar, qualitativamente, a oferta dos 78 cursos de RP em atividade no Brasil foi o do Conceito Preliminar de Curso (ou o do Conceito de Curso). O Conceito Preliminar de Curso (CPC) é um indicador criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), dividido em faixas que vão de 1 (pior) a 5 (melhor), e divulgado juntamente com os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Trata-se, como o próprio nome diz, de uma nota preliminar, em que pesam quesitos objetivos como a avaliação de desempenho dos estudantes do curso, a infraestrutura e recursos didático-pedagógicos disponíveis no local, bem como a qualificação do seu corpo docente. Cursos classificados com CPC 1 ou 2 são considerados insatisfatórios e passam por avaliação in loco obrigatória por avaliadores do Inep, após a qual é conferida nota definitiva para o ciclo denominada CC (Conceito de Curso). Cursos com CPC 3 ou 4 são considerados satisfatórios, e as respectivas instituições podem optar por não receber a visita dos avaliadores, ocasião em que o CPC é corroborado e se torna permanente. Já cursos com CPC 5 (excelência) têm a visita automaticamente dispensada, e são considerados cursos de referência. Doravante será denominada simplesmente “nota” o CPC do curso ou, quando este teve a visita de avaliadores do Inep, o seu CC. Dos 78 cursos de RP em atividade no país, somente cinco obtiveram a nota máxima 5. Abaixo estão relacionadas as respectivas instituições, ordenadas por estado:  Centro Universitário UNA – Belo Horizonte, MG;  Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (Iesam) – Belém, PA;  Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – Santa Maria, RS;
  • 31. 31  Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (Metrocamp) – Campinas, SP;  Universidade de Sorocaba (Uniso) – Sorocaba, SP. O Gráfico 3 ilustra a distribuição dos cursos de RP em atividade, por conceito do Inep. Gráfico 3 – Distribuição de cursos de RP em atividade, por conceito (%). 6% 24% Nota 5 Sem conceito (SC) Nota ou não avaliado 1 Nota 30% 0% 4 Nota 2 10% Nota 3 30% Fonte: Ministério da Educação (MEC). Do gráfico acima pode-se concluir que mais da metade dos cursos são considerados satisfatórios. Por outro lado, oito cursos de RP tiveram nota 2, considerada insatisfatória, e nenhum curso obteve a nota mínima 1. Os cursos avaliados como insatisfatórios pertencem às seguintes instituições de ensino, em lista ordenada por unidade da federação:  Universidade Católica do Salvador (UCSAL) – Salvador, BA;  Faculdade Anhanguera de Brasília (FAB) – Taguatinga, DF;  Centro Universitário Newton Paiva – Belo Horizonte, MG;  Escola Superior de Relações Públicas (Esurp) – Recife, PE;  Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Curitiba, PR;  Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) – Bauru, SP;
  • 32. 32  Faculdades Integradas de Itapetininga (FKB) – Itapetininga, SP;  Universidade de Santo Amaro (Unisa) – São Paulo, SP. Verifica-se também que muitos cursos (um quarto do total) estão pendentes de avaliação, sendo que muitos destes foram criados há poucos anos. 7.3 Depoimentos de Coordenadores de Curso Com o intuito de complementar a análise do ensino de Relações Públicas no Brasil, questionários foram enviados por e-mail, em setembro de 2011, a uma lista de 81 coordenadores de cursos de graduação. As perguntas encontram-se descritas no Anexo III. Dez coordenadores de curso responderam ao questionário também por e-mail, entre 13/09 e 27/09/2011, propiciando assim uma visão “de dentro para fora” sobre aspectos relevantes do ensino e com razoável dispersão geográfica. A seguir estão listadas as instituições de ensino superior cujos coordenadores de curso de Relações Públicas contribuíram com seus depoimentos. As respostas serão tratadas e analisadas sem indicar individualmente as fontes, a pedido.  Universidade Salvador (Unifacs) – Salvador, BA;  Faculdade Anhanguera de Brasília (FAB) – Taguatinga, DF;  Universidade Federal de Goiás (UFG) – Goiânia, GO;  Centro Universitário Newton Paiva – Belo Horizonte, MG;  Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – João Pessoa, PB;  Faculdades Integradas de Taquara (Faccat) – Taquara, RS;  Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) – São Leopoldo, RS;  Faculdades Atibaia (FAAT) – Atibaia, SP;  Faculdades Integradas de Itapetininga (FKB) – Itapetininga, SP;  Universidade Católica de Santos (Unisantos) – Santos, SP. Dos dez respondentes ao questionário, somente um tem graduação em Jornalismo. Os demais são graduados em Relações Públicas. Quatro deles têm especialização (Administração de Empresas, Recursos Humanos, Marketing e Gestão Ambiental); sete possuem título de Mestre (dois em Administração, dois em Engenharia de Produção, e os demais em Ciências da Comunicação, Educação e Gestão de Negócios); e um coordenador possui título de Doutor em Ciências da Comunicação.
  • 33. 33 Todos os coordenadores que responderam ao questionário manifestam conhecer o Conselho de Relações Públicas. O curso de graduação em Relações Públicas, hoje, está inserido como uma habilitação do curso de Comunicação Social, assim como as habilitações em Jornalismo e em Publicidade e Propaganda. No entanto, estes três cursos citados, embora habilitações de Comunicação Social, são distintos no que se refere ao processo seletivo e à grade curricular – como já citado anteriormente neste trabalho, a escolha pela habilitação não é feita no decorrer do curso (como na Medicina), e sim no momento do vestibular, como nas engenharias (civil, elétrica, mecânica etc.). Os coordenadores de curso foram questionados se concordavam com a oferta de um tronco comum de disciplinas entre as habilitações, dentro das suas grades, e posterior separação por área. Não se trata aqui da unificação do processo seletivo entre as habilitações, mas sim da oferta de um tronco comum de disciplinas ao qual os alunos de Relações Públicas, Jornalismo, e Publicidade e Propaganda pudessem assistir indistintamente, compartilhando salas de aula (como ainda pode ser encontrado em algumas instituições públicas). A maioria, seis coordenadores, concordou com a oferta de um tronco comum inicial de disciplinas às habilitações, enfatizando-se a formação mais ampla do aluno, geral e humanística. Mencionou-se também que essa integração inicial entre os alunos facilitaria o entrosamento, o entendimento e a compreensão da importância dos profissionais das três principais habilitações. Dois respondentes concordaram com a ideia em termos, contanto que o tronco comum não apresentasse viés de comunicação em massa, nem de comunicação organizacional – disciplinas da área específica deveriam ser mescladas às do tronco comum, argumentou um deles. Um respondente discordou da ideia, alegando que a maioria dos docentes não conhece todas as áreas e não conseguiria adequar o conteúdo do tronco comum a elas, enquanto outro não teve opinião formada: enxerga a oferta de um tronco comum interessante para o mercado de trabalho, embora potencialmente prejudicial para a própria sobrevivência dos cursos de Relações Públicas. Questionados se seus alunos estariam preparados para atuar no mercado, seis coordenadores de curso responderam positivamente, sem ou com fatores condicionantes irrelevantes. Em especial, houve grande quantidade de menções sobre atividades acadêmicas desenvolvidas com clientes reais, mediante agências e assessorias experimentais. Os demais também responderam que sim, condicionando-se, no entanto: à necessidade de amadurecimento para a prática da profissão; e à responsabilidade do discente pelo seu diferencial de formação, de competitividade no mercado, e de criação de uma rede de
  • 34. 34 relacionamentos. Uma resposta mereceu destaque, no sentido de reconhecer um “mercado [...] exigente e com demanda aquém da oferta”, em sintonia com o que tem sido apresentado neste trabalho. No tocante à grade curricular do curso de Relações Públicas e sua adequação à realidade do mercado, as respostas positivas foram unânimes. Em quase todas, mencionou-se recente revisão concreta da grade e necessidade de contínua evolução, com o objetivo de aproximá-la à realidade do mercado. Para tanto, citaram-se: atividades práticas para reforço dos conhecimentos, professores conhecedores também do meio profissional (mercado), interações com mídias (digitais) sociais, novas disciplinas com ênfase em sustentabilidade e responsabilidade socioambiental, gestão estratégica da comunicação, entre outros. Sugeriu-se também monitoramento constante do mercado e atualização do projeto pedagógico do curso e de sua grade curricular de acordo com mudanças na demanda. Como foi demonstrado no item 7.1 a partir de dados oficiais, embora em números gerais (nacionais) a quantidade de oferta de cursos tem aumentado, ao mesmo tempo observa- se um verdadeiro “desligamento” de oferta em Unidades da Federação inteiras, a fragilização em outras e a concentração dessa oferta nas regiões Sul, Sudeste e no Estado da Bahia. Quando questionados se os cursos de Relações Públicas estariam acabando e por quê, sete dos dez coordenadores de curso citaram como provável motivo a falta de esclarecimento dentro das empresas e pela população, notadamente entre os próprios estudantes e aspirantes à profissão, sobre a atuação do profissional de Relações Públicas e sua importância para as organizações. Acreditam que a área carece de maior reconhecimento e valorização pela sociedade, competindo diretamente com Jornalismo e Publicidade e Propaganda – considerados, segundo um dos depoimentos, mais “palpáveis”. Dois respondentes citaram uma provável natureza cíclica na procura pelos cursos de RP – como observado em outras áreas do conhecimento, destacando que o estudante estaria mais preocupado com a empregabilidade e com os salários (segundo um respondente, pouco atrativos, principalmente no Nordeste), do que com sua realização profissional, procurando assim a “profissão da moda”. Outro fator destacado foi a falta de fiscalização dos órgãos competentes com relação ao exercício da profissão, o que contribuiria para diminuir a oferta no mercado exclusiva para profissionais de Relações Públicas, e, na outra ponta, tolheria a procura por cursos de RP. Uma análise mais aprofundada do mercado de trabalho será realizada no item 8. Dois respondentes, um da Região Sul e outro da Região Sudeste, manifestaram entendimento de que, em suas regiões, os cursos não estariam desaparecendo, mais uma vez de acordo com os dados oficiais. Um deles cita a abertura de cursos no interior do Rio Grande
  • 35. 35 do Sul, e outro, do Estado de São Paulo, afirma que seu curso mantém a mesma média de alunos há cerca de quinze anos. Por fim, os coordenadores de curso de RP foram questionados se já ouviram falar sobre as propostas de flexibilização da Lei nº 5.377/67 e abertura profissional (conforme discutidas no item 6.2) – permitindo-se que pós-graduados na área, por exemplo, possam requerer registro como profissionais de Relações Públicas. Hoje, somente bacharéis em Relações Públicas podem intitular-se como profissionais da área. Dois respondentes afirmaram desconhecer a proposta, enquanto os outros oito afirmaram conhecê-la. Destes oito, dois manifestaram concordância, por entender que a área da comunicação como um todo se fortaleceria e conquanto que o curso de pós-graduação tivesse “uma carga horária muito forte de disciplinas de Relações Públicas”; um respondente discordou da proposta e os demais se abstiveram de tecer opinião sobre a mesma. Houve a preocupação, também, que a eventual implementação da proposta pudesse tornar o mercado ainda mais competitivo. Até aqui foi feita uma análise dos dados oficiais acerca da oferta de cursos de RP no Brasil, complementada com levantamentos junto a coordenadores de cursos, suas opiniões e pareceres. Neste momento torna-se importante registrar, aqui, a opinião do atual presidente do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp), o Sr. Flávio Schmidt, sobre o questionamento se os cursos de RP estariam acabando. Segundo o presidente, os cursos de Relações Públicas não estão acabando e, novamente em sintonia com o que foi apresentado anteriormente, “enquanto alguns são fechados, muitos outros são criados e ainda muitos são fortalecidos”. O presidente discorre ainda que a situação observada de fechamento de cursos varia muito de região para região e que, enquanto em alguns lugares novos cursos são abertos, como em São Paulo, em outros, como no Rio de Janeiro e em Brasília, as decisões pelo fechamento de cursos são tomadas pois não se viabilizam economicamente. Argumenta, em seguida, que são necessárias avaliações pontuais, em cada região, para entender por que isso ocorre. Segundo ele, os professores e coordenadores de cursos de RP dessas localidades (onde há fragilidade na oferta) deveriam abrir canais de comunicação com seus pares de outras universidades e trocar experiências, além de entender as peculiaridades de cada região e implementar ações correspondentes, com a ajuda e intermediação, inclusive, do Conselho.
  • 36. 36 8 MERCADO DE TRABALHO 8.1 Análise do Mercado Ao contrário da oferta de cursos superiores de Relações Públicas em atividade, cujos dados encontram-se disponíveis no Ministério da Educação e correspondem ao universo estatístico, não há uma compilação única, centralizada, da oferta nacional de vagas no mercado para o relações-públicas. Porém, uma amostra significante para análise dessa oferta de vagas pode ser encontrada em sítios na Internet especializados em classificados de anúncios e em cadastro de currículos. O maior deles, a Catho Online (www.catho.com.br), serviu de base para a análise que segue, por agregar anúncios de todo o país, pela quantidade de anúncios cadastrados (permitindo extração mais apurada de estatísticas), além da tradição de quatorze anos no mercado. O sítio, o maior do Brasil e da América Latina na categoria, conta ao todo com mais de 250 mil anúncios de vagas, além de mais de 280 mil currículos cadastrados. Uma análise preliminar foi feita sobre os anúncios contendo a expressão “Relações Públicas” em seu título principal, em pesquisa realizada em 28 de outubro de 2011, resultando em 27 anúncios e 40 vagas no total (um anúncio pode ofertar mais de uma vaga). O gráfico 4 ilustra a distribuição das vagas por Unidade da Federação, a partir deste primeiro método de pesquisa. Nota-se uma alta concentração de vagas no Estado de São Paulo – das 34 vagas no Estado, há 14 somente na capital.
  • 37. 37 Gráfico 4 – Quantidade de vagas profissionais, por UF (1º método de pesquisa). 34 2 1 1 1 1 SP GO RS PR MG SC Fonte: Catho Online. No entanto, aqui cabe uma primeira análise crítica: a) Nem todos os anúncios contendo “Relações Públicas” no título principal se referem, necessariamente, a atividades típicas da profissão, assim definidas na Lei nº 5.377/67. Em números, somente 15 dos 27 anúncios (56%) resultantes desta primeira análise guardam alguma relação com a atividade de relações públicas. Outros 10 anúncios (37%) confundem a atividade de relações públicas com a comercial (vendas ou pós-vendas). Para ilustrar, seguem abaixo dois extratos de tela com anúncios encontrados que nada guardam relação com a atividade: Figura 1 – Exemplo de anúncio de “Relações Públicas” para atividades atípicas.
  • 38. 38 Figura 2 – Exemplo de anúncio de “Relações Públicas” para atividades atípicas. b) Há anúncios cuja descrição tem relação com a atividade de relações públicas, admitindo-se, porém, que o candidato possua curso superior em área distinta, em afronta ao disposto no artigo 1º da Lei nº 5.377/67. Abaixo, outro extrato de tela ilustrando este caso: Figura 3 – Anúncio de “Relações Públicas” não restrito aos formados na área.
  • 39. 39 Se forem descartados os casos descritos nos itens “a” e “b” acima, restam nacionalmente cinco anúncios no sítio da Catho contendo “Relações Públicas” no título, cuja atividade seja relacionada à profissão e cuja formação superior exigida seja somente em Relações Públicas – um número parco que parece revelar a “ponta do iceberg” de um problema maior. Assim, um segundo método de pesquisa foi conduzido em 29 de outubro de 2011, por anúncios que contivessem a expressão “Relações Públicas” no título, na descrição das atividades ou na formação, ou seja, anúncios de vagas nas quais o profissional de Relações Públicas pudesse obter colocação profissional. Com esta flexibilização, o resultado aumentou para 225 anúncios e 440 vagas, assim distribuídas regionalmente: Gráfico 5 – Quantidade de vagas profissionais, por UF (2º método de pesquisa). 275 25 21 20 14 13 11 10 8 6 6 4 4 3 3 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 SP RS RJ MG PR PE PA BA GO CE RN SC DF AM AL MS MA MT PB ES RO AP AC PI RR TO Fonte: Catho Online. Segundo os novos critérios de pesquisa, 72% das vagas estão na região Sudeste, 10% na região Sul, 10% na região Nordeste, 4% na região Norte e 4% na região Centro-Oeste. Somente o Estado de Sergipe não figurou entre os resultados. Quanto ao regime de contratação, 49% das vagas o são como empregado efetivo pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 20% como prestador de serviços pessoa-jurídica, 17% como autônomo, 6% como free-lance, 1% como contratado temporário e 1% como trainee. Não foi informado o regime de contratação para 6% das vagas. O gráfico 6 ilustra esta distribuição:
  • 40. 40 Gráfico 6 – Distribuição de vagas profissionais, por regime de contratação (%). Temporário Trainee Não informado 1% 1% 6% Free-lance 6% Autônomo 17% CLT (Efetivo) 49% Prestador de Serviços (PJ) 20% Fonte: Catho Online. Outra variável analisada diz respeito à exigência de conhecimento em língua(s) estrangeira(s), notadamente inglês e espanhol. Quase 44% das vagas anunciadas exigem algum conhecimento em inglês. Fluência na língua foi exigida para aproximadamente uma em cada dez vagas. Já a demanda por conhecimentos em espanhol é tímida: somente 13% das vagas exigem algum conhecimento na língua, em sua maioria nível básico ou intermediário. Os gráficos 7 e 8 a seguir ilustram estas distribuições: Gráficos 7 e 8 – Distribuição de vagas profissionais – exigência de inglês e espanhol (%). Intermediário Fluente Avançado Básico 10% 1% 0% Fluente 2% 11% Intermediário 21% Não exigido 56% Básico Não exigido 12% 87% Inglês Espanhol Fonte: Catho Online.
  • 41. 41 Analisando-se o resultado da pesquisa por faixa salarial, nota-se que a maioria das vagas anunciadas remunera mensalmente menos de R$ 3.000. Um quarto delas não explicita valor ou faixa salarial em seus anúncios. Dentre aquelas que o fazem, a média salarial é calculada em R$ 2.156. O Gráfico 9 detalha a distribuição das vagas por faixa salarial: Gráfico 9 – Distribuição de vagas profissionais, por faixa salarial. R$ 9.001 - R$ 10.000 1 R$ 8.001 - R$ 9.000 0 R$ 7.001 - R$ 8.000 1 R$ 6.001 - R$ 7.000 2 R$ 5.001 - R$ 6.000 1 R$ 4.001 - R$ 5.000 10 R$ 3.001 - R$ 4.000 57 R$ 2.001 - R$ 3.000 86 R$ 1.001 - R$ 2.000 124 Até R$ 1.000 44 A combinar 114 Fonte: Catho Online. Embora os critérios deste último método de pesquisa tenham considerado “Relações Públicas” seja no título, na descrição da(s) vaga(s) como atividade a ser desempenhada ou como formação exigida ou desejada, ou seja, todos aqueles anúncios de vagas nas quais o profissional pudesse obter colocação profissional, novamente, o mesmo senso crítico deve ser mantido com relação àqueles deturpados da real finalidade de um relações-públicas. Mais uma vez, confirmou-se o entendimento disseminado no mercado de que Relações Públicas seriam uma atividade relacionada com vendas. Classificando-se o resultado da pesquisa por áreas de atuação, conforme descrição das atividades nos próprios anúncios (lidos um a um), chega-se no gráfico 10. Verificou-se que mais da metade das vagas em que “Relações Públicas” são citadas como título, atividade ou formação destinam-se ao ramo comercial (promoção, vendas ou pós-vendas).
  • 42. 42 Gráfico 10 – Distribuição de vagas profissionais, por área de atuação (%). Teleatendimento / Telemarketing 1% Internet / Redes Sociais Jornalismo Outras4 Comunicação 2% 1% 3% 2% Eventos 2% Assessoria de Imprensa 2% Publicidade e Propaganda 4% Administrativa 7% Relações Públicas Comercial 9% 56% Marketing 11% Fonte: Catho Online. Exemplos típicos de anúncios que consideram Relações Públicas como atividade comercial são ilustrados a seguir: _____________________ 4 Artes gráficas, atendimento ao cliente, financeiro, médico-hospitalar, produção artística, produção editorial, redação, relações com investidores, responsabilidade social, tradução e treinamento.
  • 43. 43 Figura 4 – Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial. Figura 5 – Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial.
  • 44. 44 Figura 6 – Anúncio confundindo Relações Públicas com atividade comercial. Verificou-se também significativa confusão no mercado entre atividades de Marketing e Relações Públicas, muitas vezes admitindo-se indistintamente profissionais das duas áreas. A atividade de Relações Públicas como ramo da Administração de Empresas, ao invés da Comunicação, é outra confusão destacada pela pesquisa em 7% das vagas. O anúncio a seguir é um claro exemplo, para o qual se exige registro no Conselho de Administração: Figura 7 – Anúncio confundindo Relações Públicas com outras áreas administrativas.
  • 45. 45 Anúncios cujas atividades incluem, de fato, a de Relações Públicas (mesmo que misturada com outras) respondem por somente 9% do resultado da pesquisa, ou um total nacional de 41 vagas. Por último, as vagas resultantes da pesquisa foram classificadas de acordo com formação exigida ou desejada. Somente 15 (3%) das 440 vagas pesquisadas mencionam exclusivamente curso superior em Relações Públicas como formação. Já em 304 outras vagas (69% do total pesquisado), o curso superior em Relações Públicas vem acompanhado de outras formações igualmente admitidas, como Jornalismo, Marketing e Publicidade e Propaganda, ou está inserido dentro de referência a “Comunicação” como formação. Assim, o relações-públicas compete com profissionais de outras áreas para a maioria dos anúncios. Vagas que admitem qualquer curso superior totalizam 91, ou 21% do total, e vagas que admitem somente formações distintas à de Relações Públicas perfazem 23, ou 5% do total. Em 7 vagas, nenhuma formação foi informada (2% do total). O gráfico 11 resume a distribuição percentual das vagas pela formação acadêmica: Gráfico 11 – Distribuição de vagas profissionais, por formação acadêmica (%). Formação(ões) Não Somente RP distinta(s) à de informada 3% RP 2% 5% Qualquer formação 21% RP ou outra(s) formação(ões) 69% Fonte: Catho Online.
  • 46. 46 Anúncios em que a atividade de Relações Públicas é citada, porém a formação em Relações Públicas não é exigida, e sim a de Jornalismo, também são encontradas, como a seguir: Figura 8 – Anúncio englobando atividades de Relações Públicas, para Jornalistas. Em resumo, a pesquisa de anúncios envolvendo Relações Públicas no maior sítio de classificados de vagas do Brasil aponta, com razoável segurança, que:  Há grande concentração de vagas na região Sudeste (72%), seguida das regiões Sul e Nordeste (empatadas em 10%), e Centro-Oeste e Norte (empatadas em 4%);  Pouco menos da metade das vagas prevê contratação como empregado efetivo pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);  Quase a metade das vagas exige algum conhecimento da língua inglesa;  A média salarial mensal está abaixo de R$3.000;  Mais da metade das vagas anunciadas destina-se à área comercial, restando apenas 9% do total para atividades próprias de Relações Públicas;
  • 47. 47  Há muita confusão no mercado quanto à real função de um profissional de Relações Públicas, confundindo suas atividades com as de Vendas, Marketing e Administração;  De duas em cada três vagas, admite-se outra formação além daquela em Relações Públicas, como em Jornalismo, Marketing, Administração ou Publicidade e Propaganda. 8.2 Depoimentos de Representantes de Entidades e Indivíduos Analogamente ao item 7.3 e objetivando complementar a análise do mercado brasileiro para o profissional de Relações Públicas, 13 questionários foram enviados por e- mail, em setembro de 2011, a representantes de empresas, órgãos públicos e entidades de classe, a autônomos de destaque no meio e a formadores de opinião. As perguntas encontram- se descritas no Anexo III. Oito respondentes contribuíram com seus depoimentos para a pesquisa, por e-mail, entre 12/09 e 16/10/2011, a saber: Edelman Brasil; Embrapa; Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp); Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje); Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP) – dois respondentes; a renomada relações-públicas, autora, consultora e empresária Sra. Lala Aranha; e o mantenedor do sítio MundoRP (www.mundorp.com.br), Sr. Rodrigo Cogo. Exceto quando autorizado pelo respondente, os depoimentos serão tratados e analisados a seguir sem indicar individualmente as fontes, tratando-se genericamente o respondente como do sexo masculino. Sobre se o mercado não estaria assimilando o profissional de Relações Públicas, embora a atividade ainda exista, o presidente atual do Conferp, Sr. Flávio Schmidt, tece opinião concordante: “O que não é reconhecida no Brasil é a profissão e não a atividade. Esta é muito bem reconhecida tanto que é praticada e desenvolvida por muitos profissionais de outras áreas e aceita por dirigentes de empresas”. Ainda segundo o presidente, “a atividade está em franco desenvolvimento, com espaço para todos”. O problema, segundo ele, reside no mercado não reconhecer o direito do profissional de Relações Públicas em ter a exclusividade que a lei lhe garante. Complementa ainda que tal problema decorre de dois motivos: a ênfase que o empresariado dá à comunicação como sendo única ou predominantemente de divulgação (comunicação jornalística e visibilidade mediante noticiário de imprensa), abrindo
  • 48. 48 espaço para profissionais de jornalismo que encontraram amplo espaço de atuação; e o perfil do próprio profissional de Relações Públicas, que aceitou essa condição, praticando o que o mercado prega sem se posicionar rigidamente em relação à sua própria formação, ao mesmo tempo em que transfere para os conselhos a crítica quanto aos problemas de inserção do relações-públicas no ambiente da comunicação. Ainda sobre a questão acima, outro respondente disserta na mesma linha, separando o profissional, a atividade e o campo do conhecimento, argumentando que os dois últimos vão “de vento em popa”, embora o primeiro tenha sido preterido para o desempenho das atividades às quais fora qualificado. Cita também a redescoberta da atividade de Relações Públicas pelos publicitários, ilustrando recente abertura de agência de Relações Públicas em Nova Iorque pelo notório publicitário e empresário Nizan Guanaes. Outro terceiro respondente afirma, também na mesma linha, que a profissão de Relações Públicas está desaparecendo, mas a atividade não, atribuindo o fato a duas causas: a) Limitação acadêmica: uma vez que a Lei nº 5.377/67 e o Sistema Conferp limitaram a prática da atividade de Relações Públicas somente aos respectivos bacharéis, tal engessamento fez com que o mercado procurasse ao longo do tempo meios de legitimar a atividade de Relações Públicas e contornar a questão do diploma, mediante a oferta de vagas com outras denominações: Assessoria de Comunicação, de Relações com a Mídia, de Relações Institucionais etc. O meio acadêmico, atento a isso e prevendo consequente limitação no ingresso de alunos para cursos de Relações Públicas, abriu cursos similares em graduação e pós- graduação, enquanto algumas faculdades deixaram de oferecê-lo; b) Imagem dos profissionais e da atividade de RP: não se construiu ao longo do tempo uma imagem em prol do profissional, falhando-se ao divulgar para os jovens e para o mercado o que um relações-públicas é capacitado a fazer. Além disso, a atividade não é bem compreendida pelo mercado, que comumente a associa a organização de eventos, assessoria de imprensa, dentre outras (ideia em consonância com os dados apresentados no item 8.1). Ou, alternativamente, anuncia vagas admitindo-se indistintamente o profissional de Relações Públicas, o jornalista, o publicitário, o administrador, dentre outros. Um quarto respondente reforça ainda mais a percepção de que a profissão de Relações Públicas está desaparecendo no Brasil, tomando-se como referência o número de estudantes interessados no curso, o número de cursos disponíveis e a taxa de registros no
  • 49. 49 Conselho da categoria, igualmente assinalando que a atividade, por outro lado, nunca esteve tão em evidência. Observa ainda, de acordo com o exposto no item 8.1, que em razão do mercado desconhecer a profissão em profundidade, dificilmente repassará suas necessidades de comunicação institucional em ofertas de vagas específicas para relações-públicas, fazendo com que estes últimos concorram com vários outros profissionais nos processos seletivos. Com relação à comunicação integrada nas organizações e se existiriam diferenças entre as atividades de Relações Públicas e Jornalismo, argumentou-se que um plano eficaz de comunicação conta com a participação das três principais áreas – Relações Públicas, Jornalismo, e Publicidade e Propaganda –, ressaltando-se, porém, que a primeira ainda apresentaria maior capacidade de atingir mais públicos, de forma variada. Embora as habilitações da Comunicação Social derivem de um núcleo comum de disciplinas e conhecimentos, a atividade de Relações Públicas estaria mais identificada com a construção de um relacionamento e a comunicação bilateral entre uma entidade (privada, pública ou do terceiro setor) com seus públicos, enquanto que a atividade de Jornalismo teria forte característica difusora, menos bilateral e mais informativa – uma consciência da opinião pública. Somente um representante de órgão público respondeu ao questionário, não se permitindo extrair, seguramente, conclusões generalizadas à esfera governamental. Embora naquele órgão a presença de profissionais de Relações Públicas concursados seja expressiva (72, ou 40% dos 180 profissionais de comunicação, distribuídos em 47 unidades e na sede em Brasília), não se pode concluir se em outros órgãos públicos dá-se a mesma importância ao profissional. Cita-se que, em Brasília em particular, há grande quantidade de cerimônias e eventos oficiais, muitas vezes capitaneadas por relações-públicas – bom pelo lado da oferta de mercado, mas ruim pelo lado da limitação das funções do profissional. No tocante à desigual distribuição regional de ofertas de vagas, houve entendimento de que isto se deve ao fato de a área ser fortemente associada ao universo de grandes corporações, e que estas nem sempre estão presentes em mesmo número fora das regiões Sudeste e Sul. Dois respondentes propuseram flexibilização na formação do profissional que poderia atuar como Relações Públicas, em concordância com as propostas a que se refere o item 6.2. Por último, não houve resposta quanto à diferença de percepção do profissional de Relações Públicas nos mercados nacional e internacional, embora saiba-se da maior importância que se dá ao relações-públicas em outros países, como nos Estados Unidos.
  • 50. 50 9 CONCLUSÃO No decorrer deste trabalho, pôde-se constatar a importância do profissional de Relações Públicas para a administração eficaz da comunicação das empresas com seus públicos, mediante a aplicação de uma variedade de canais de comunicação, ações e ferramentas, e inserido na esfera gerencial da comunicação organizacional. No entanto, a profissão de Relações Públicas permanece exclusiva aos bacharéis formados na área, engessada por uma legislação da década de 60. Diante desta limitação, o mercado de trabalho passou a admitir profissionais de outras áreas, criando-se novas nomenclaturas para funções típicas dos relações-públicas. As empresas não percebem que a importância do profissional de Relações Públicas é mais estratégica do que para a execução de rotinas administrativas de comunicação, citando-se como exemplo a atuação deste profissional em situações de crise ou de recuperação da imagem da organização junto aos seus públicos. Desde o ingresso da profissão no ordenamento jurídico brasileiro, a mesma não se promoveu e não se destacou suficientemente na sociedade, que a desconhece de forma geral. O profissional de Relações Públicas não se dá publicidade, como o faz o jornalista, por exemplo – coincidentemente, são áreas que lidam diretamente com o público. O mercado pode achar que há mais profissionais formados em outras áreas de comunicação e não abrir vagas específicas para relações-públicas, desejando atrair quantidade maior de candidatos. Visando verificar se o crescente desprestígio à profissão de Relações Públicas, pelo mercado, teve impacto negativo na respectiva oferta educacional, concluiu-se que: embora nacionalmente a quantidade de cursos de graduação em Relações Públicas tenha aumentado e dois terços destes são avaliados positivamente, houve uma excessiva concentração da oferta em algumas regiões do país, como no Sudeste, Sul e no Estado da Bahia; enquanto isso, nas demais regiões verificou-se um processo de encerramento de cursos, fragilizando-se a oferta. Em outras palavras, embora hoje a oferta nacional de vagas nos cursos de Relações Públicas tenha dobrado em relação a dez anos atrás, aspirantes à profissão de muitas regiões do país podem se sentir frustrados com frágil ou nenhuma oferta em seus estados. Ademais, acertar na escolha de um curso de graduação e na carreira pretendida não depende apenas da vontade do estudante – o caminho percorrido desde a escolha até a atuação no mercado de trabalho sofre influências diversas, que vão desde a oferta local de emprego até a expectativa de remuneração e empregabilidade futura.
  • 51. 51 Pôde-se obter também indicação de que as instituições de ensino superior têm adequado as grades curriculares dos seus cursos de Relações Públicas às novas demandas do mercado, bem como procurado envolver os alunos em atividades acadêmicas com clientes reais, procurando deixá-los preparados para o mercado. Com essa adequação dos cursos de graduação na área de comunicação, abriu-se um novo campo no mercado da comunicação organizacional, mais direcionado a áreas restritas das organizações. Assim, com a criação de especificidades de áreas, que inicialmente eram restritas aos relações-públicas, está surgindo outro tipo de profissional gestor de relacionamentos. Pelo lado da demanda do mercado de trabalho, concluiu-se que a colocação do profissional de Relações Públicas é igualmente concentrada na Região Sudeste, com indicação de baixa remuneração mensal e regime de contratação dividido entre efetivo (CLT) e demais formas como prestador de serviços pessoa-jurídica ou autônomo. Já a natureza desta colocação mostrou-se surpreendentemente adversa: são raras as ofertas de vagas no mercado de trabalho exclusivas para o relações-públicas, nas atividades que lhes são previstas por Lei. O mercado, em geral, admite profissionais formados em outras áreas como Jornalismo, Marketing ou Publicidade e Propaganda para o desempenho de atividades de Relações Públicas. Além disso, parcela significativa da oferta confunde a atuação do profissional com atividade de vendas ou administrativa, evidenciando percepção distorcida por grande parte do mercado. Desse modo, a profissão que se pretende exclusiva aos relações-públicas está, conforme o exposto, desaparecendo.
  • 52. 52 REFERÊNCIAS ANDRADE, C. T. S. Curso de relações públicas: relações com diferentes públicos. 6. ed. São Paulo: Thomson Pioneira, 2002. _________________. Para entender relações públicas. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2005. ARANHA, L. Cartas a um jovem relações-públicas: construindo relacionamentos. Rio de Janeiro: Campus, 2010. BERLO, D. K. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. BORDENAVE, J. Além dos meios e mensagens. Rio de Janeiro: Vozes, 1983. BRASIL. Código de ética dos profissionais de propaganda no Brasil. 1957. CAHEN, R. Tudo que seus gurus não lhe contaram sobre Comunicação Empresarial. São Paulo: Best Seller, 1990. CONFERP O Sistema Conferp. Disponível em: <www.conferp.org.br/?page_id=165>. Acesso em: 3 nov. 2011. __________ Consulta aos profissionais. Disponível em: <www.conferp.org.br/consulta>. Acesso em: 3 nov. 2011. __________Pesquisa de Opinião Pública/2008. Disponível em: < http://www.conferp.org.br/boletim/consulta/resultados/pesquisa_2008.pdf >. Acesso em: 3 nov. 2011. GOULART, T. Comunicação empresarial: uma nova realidade em Minas. Fundação Dom Cabral, 1997. KUNSCH, M. M. K. Gestão estratégica em comunicação organizacional e relações públicas. 2. ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.
  • 53. 53 _________________. Planejamento de relações públicas. 4. ed. São Paulo: Summus, 2003. _________________. Relações públicas e modernidade: novos paradigmas na comunicação organizacional. 3. ed. São Paulo: Summus, 1997. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. LOPES, B. O que é assessoria de imprensa. São Paulo: Brasiliense, 2003. SCHMIDT, F. Do ponto de vista de relações públicas: razões muito mais fortes para você atuar no ambiente de comunicação. São Paulo: Sicurezza, 2011. TORQUATO, F. Jornalismo empresarial – teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Summus, 1987.
  • 54. 54 ANEXO I – Cursos de Relações Públicas em Atividade no Brasil