Este documento discute os desafios da prática docente no ensino superior e suas implicações na aprendizagem do aluno adulto. Ele argumenta que a função social da universidade é produzir conhecimento e formar cidadãos conscientes e críticos. Além disso, defende que os professores precisam inovar suas metodologias para promover aprendizagem significativa e desenvolvimento dos alunos como profissionais reflexivos.
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
Artigo Docência no Ensino Superior
1. Docência no Ensino Superior: uma análise reflexiva sobre a prática docente na
aprendizagem do aluno adulto.
Valéria Oliveira Amorim¹
Prof. Me. Adriano A Faria ²
RESUMO
Este artigo apresenta uma reflexão sobre as implicações que a prática docente no
ensino superior pode ter na qualidade da aprendizagem do aluno adulto onde a
cópia do ato de ensinar dará lugar a novas perspectivas. Entretanto, os desafios
existentes são muitos e devem ser considerados pelo educador como uma forma de
superar os métodos tradicionais ainda existentes e melhorar sua prática
educacional. Sabemos que a Universidade é um lugar onde os valores sociais, a
produção do conhecimento e a aplicação deste conhecimento produzido precisa de
fato ser vivenciada, pois só assim, o sistema de ensino brasileiro poderá se
reestruturar de maneira democrática possibilitando a todos os envolvidos atitudes
mais críticas, conscientes e participativas. Neste sentido, a pesquisa é entendida
como a alma da vida acadêmica, onde o desenvolvimento da cultura, da ciência, da
tecnologia e do próprio aluno como individuo atuante na sociedade, são práticas que
devem ser apreendidas como estratégia para a promoção da cidadania e progresso
da educação. Deste modo, o trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa
bibliográfica, onde, utilizando conceitos de diversos autores, tem o intuito de
proporcionar uma maior compreensão sobre a importância da prática docente para
que a formação e capacitação do aluno adulto se construam de maneira significativa
durante o processo ensino-aprendizagem , visto que, o docente do ensino superior,
em um constante processo de aperfeiçoamento e capacitação profissional deve
inovar suas metodologias para que a convivência acadêmica seja proveitosa tanto
para o aluno quanto para o professor.
Palavras-chave: prática docente. aluno adulto. desafios. democrática. educação.
¹ Pós Graduando em Metodologia do Ensino na Educação Superior pelo Centro Universitário
UNINTER/FACINTER em EAD, Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amapá
– UNIFAP, Técnica em Secretariado Escolar pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
2. Tecnologia do Amapá – IFAP e Graduando em Ciências Contábeis pela Universidade Norte do
Paraná – UNOPAR.
² Mestre em Educação e Doutorando em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná. Possui
formação em Filosofia, Marketing e Pedagogia; pós-graduação em Metodologia do Ensino na
Educação Superior, Especialização em EAD, Formação de Docentes e de Orientadores Acadêmicos
em EAD e também, MBA em Planejamento e Gestão Estratégica, pela Faculdade FACINTER-
Curitiba-PR.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre os desafios da prática
docente no ensino superior analisando as implicações existentes para que a
aprendizagem do aluno adulto se dê através de metodologias
inovadoras/questionadoras e não metodologias arcaicas/tradicionais, visto que, ao
longo da história da educação superior brasileira os alunos universitários tiveram
muitas lutas para que o sistema educacional pudesse atender de fato as suas
necessidades e os seus anseios por um ensino superior com qualidade.
Assim, no primeiro momento, se apresentará questões relacionadas à
função social que a educação superior tem no processo ensino aprendizagem, isto
é, não somente na vida do aluno ou na vida do professor, mais principalmente na
sociedade como um todo, pois, a educação de acordo com a maneira com que é
praticada, é capaz de tornar-se a ferramenta necessária para transformar e melhorar
qualquer realidade social, alcançando assim um novo patamar.
No segundo momento, discutir-se-á o conceito de docência a partir do
pressuposto de que educar significa muito mais que instruir ou treinar, mais sim,
formar o homem para que ele possa compreender a sociedade em que vive de
maneira consciente e crítica, tornando-se de fato um cidadão ativo. Os desafios do
professor no ensino superior são muitos, haja vista que, ensinar a alunos que estão
na universidade estudando para seguir a profissão que almejam não é uma tarefa
fácil e requer muita responsabilidade.
Diante deste contexto, o trabalho abordará ainda a importância que a prática
docente tem para o sucesso da aprendizagem do aluno, sabemos que atualmente
ensinar é muito mais que inculcar conteúdos, ensinar deve ir além do que está
programado, ensinar deve romper barreiras e lançar mão de estratégias
3. pedagógicas capazes de fazer com que as aulas aconteçam de forma prazerosa e
desperte em todos os envolvidos neste processo o compromisso com o novo, com a
descoberta, com o conhecimento apreendido e produzido, enfim, o compromisso
com a própria educação.
E de acordo com estes pressupostos, por fim, será destacado que o
processo de aprendizagem do aluno adulto deve dota-lo de conhecimentos,
habilidades e atitudes para que estes se desenvolvam como profissionais reflexivos,
com capacidade de aprender a interpretar, compreender e refletir citicamente sobre
o mundo que o cerca, buscando cada vez mais produzir, aprimorar e utilizar seus
conhecimentos dentro e fora dos muros da univesidade.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. A EDUCAÇÃO SUPERIOR E SUA FUNÇÃO SOCIAL
A educação superior no Brasil, ao longo da história foi marcada por muitas
lutas e conquistas pra se chegar ao que é hoje, como por exemplo, a Reforma
Universitária de 1968 que elevou a educação brasileira a um novo patamar, assim,
podemos perceber que a democratização do ensino superior é um processo
histórico onde o indivíduo constrói e se constrói de maneia individual e coletiva,
transformando a sua realidade social.
Vivemos tempos de mudanças aceleradas e neste cenário a universidade
precisa ajudar os jovens a pensarem dialeticamente, pois, uma das características
da universidade e de ser um locus de investigação e de produção do conhecimento
como e fundamentado por TEIXEIRA:
A função da universidade é uma função única e exclusiva. Não se trata,
somente, de difundir conhecimentos. O livro também os difunde. Não se
trata, somente, de conservar a experiência humana. O livro também a
conserva. Não se trata, somente, de preparar práticos ou profissionais, de
ofícios ou artes. A aprendizagem direta os prepara, ou, em último caso,
escolas muito mais singelas do que as universidades. (TEIXEIRA, 1998, p.
35)
Desta maneira, é necessário efetivar uma educação superior moderna e
inclusiva, que vise o desenvolvimento holístico do aluno, a pesquisa, o espírito
científico e o pensamento crítico para que este atue de maneira consciente na
4. sociedade, é uma função que precisa ser concretizada através de uma gestão
democrática, de um ensino livre de metodologias ultrapassadas baseadas apenas
em repassar ideias e de uma educação realizada em vistas da universalidade e
igualdade social.
Porém, para que esta postura democrática do conhecimento se sobreponha
a postura tradicional, as instituições de ensino superior devem apropriar-se de uma
perspectiva educacional que além de valorizar e estimular as habilidades dos alunos
nas diferentes áreas do conhecimento busque valorizar também a democracia, a
inclusão e participação social e os princípios éticos, pois é preciso considerar que:
No ensino superior, o processo ensino aprendizagem é grandemente
facilitado se o professor tem em mente, que deve favorecer o pensamento
crítico, criativo, construtor de novas soluções para os problemas da
realidade, que ele e seus alunos são parceiros no desafio de realizar, a
cada dia, a universidade como instituição social. Isso significa que o papel
da universidade não se esgota na aula, na disciplina ou no curso que
estamos lecionando, mas, sim, quando esse saber retornar a comunidade,
em forma de atuação profissional ética e competente, por meio da criação
de novos saberes e soluções para os problemas que assolam a vida em
sociedade e a sobrevivência do planeta como um todo. Por isso devemos
compreender o conhecimento como emancipatório, tanto para o estudante
que está como nosso aluno quanto para sociedade (NOGUEIRA, p. 78,
2009).
Neste caso, o conhecimento emancipatório deve fazer com que o (adulto)
aprendiz desempenhe um papel consciente e crítico em prol da sociedade, sabendo
enxergar e refletir sobre os problemas sociais existentes e desempenhando assim
um papel social relevante, o que infelizmente muitas vezes vai contra os interesses
do Estado, que por sua vez, deveria contribuir melhor para o direito a uma educação
de qualidade, visto que:
O Estado deveria tomar a educação não pelo prisma do gasto público e sim
como investimento social e político: a educação deveria ser considerada
como um direito, e não como um serviço; a utilização do fundo público
deveria assegurar os direitos sociais; a universidade deveria ter
compromisso com a democratização do saber, dispondo de autonomia
institucional, intelectual e financeira (CHAUÍ, 2003, p. 11-12).
Deste modo, para que ocorra de fato a democratização do saber, a
universidade deve ter como função social a formação científica do conhecimento
para aplicabilidade no desenvolvimento social, formando um agente/profissional com
ações transformadoras, dotado de consciência crítica e compromisso com o social,
5. sendo ainda, um ser capaz de produzir uma visão difusa e promover a mudança do
ambiente que o cerca, e conseqüentemente iniciando assim, uma transformação no
meio social.
Por tanto, como vimos a educação superior alicerçada ao ensino, a pesquisa
e a extensão é um eixo que liga a educação à sociedade e a sociedade à educação,
pois, segundo o autor Sousa Santos (2010) a:
função de extensão assumirá, em futuro próximo, um significado muito
especial, com implicações nos currículos e nas carreiras docentes e
compreendidas de modo alternativo ao capitalismo global, atribuindo às
universidades uma participação ativa na construção da coesão social, no
aprofundamento da democracia, na luta contra a exclusão social e a
degradação ambiental, na defesa da diversidade cultural (SANTOS, 2010,
p. 73).
E de acordo com FÁVERO (2009, p. 24) “uma das características da
universidade é ser um espaço de investigação e de produção do conhecimento” isso
porque, a universidade é um instrumento capaz de proporcionar através do
conhecimento oferecido ao aluno grandes mudanças sociais, pois ela não estará
formando apenas profissionais para o mercado de trabalho, mais também cidadãos
ativos e projetos sociais para a própria sociedade. E ainda de acordo com o autor:
[...]. Trata-se de manter uma atmosfera de saber pelo saber para se
preparar o homem que o serve e desenvolve. Trata-se de conservar o saber
vivo e não morto, nos livros ou no empirismo das práticas não
intelectualizadas. Trata-se de formular intelectualmente a experiência
humana, sempre renovada, para que a mesma se torne consciente e
progressiva (FÁVERO, 2009, p. 24).
Na continuidade do diálogo, podemos compreender então que a
democratização do ensino entrelaçada a pesquisa e a extensão nas universidades
não é uma utopia tão distante da realidade, entretanto é uma emergência necessária
para que a qualidade acadêmica seja capaz de constituir todos os projetos sócio-
educativos existentes em prol do desenvolvimento da educação e do bem estar
social.
2.2. DOCÊNCIA: OS DESAFIOS DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
Atualmente docência pode ser entendida, dentro de uma perspectiva de
gestão democrática, como uma ação educativa que objetiva formar cidadãos
conscientes em que o processo ensino-aprendizagem seja uma troca mútua de
6. conhecimentos e não um processo baseado em uma atuação conteúdista ou
tecnicista, pois fundamentando este conceito Freire (1996, p. 22-23) afirma que “Não
há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar de
diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro.
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Logo:
Ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. Quero dizer
que ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que quem ensina
aprende, de um lado, porque reconhece um conhecimento antes aprendido
e, de outro, porque, observando a maneira como a curiosidade do aluno
aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se, sem o que não o
aprende, o ensinante se ajuda a descobrir incertezas, acertos, equívocos.
(...) O aprendizado do ensinante ao ensinar se verifica na medida em que o
ensinante, humilde, aberto, se ache permanentemente disponível a
repensar o pensado, rever-se em suas posições; em que procura
envolverse com a curiosidade dos alunos e os diferentes caminhos e
veredas que ela os faz percorrer (FREIRE, 1998, p. 27).
Nesta linha de pensamento, o docente pode ser definido ainda como um
sujeito em ação, onde a relação com o outro (interação professor/aluno) gera a
produção do conhecimento, mas sabemos que este conhecimento só se dará de
maneira significativa se o docente ter o apoio da instituição de ensino com a
formação em serviço e estiver sempre atualizando a sua prática educativa,
relacionando teoria e prática e considerando a sua formação continuada um fator
importante para que os desafios existentes sejam superados com eficácia, pois é
necessário que:
As instituições de ensino têm que investir no desempenho de seus
professores, lutando para que eles sejam profissionais reflexivos,
transformando-se, assim em parceiros da educação, com possibilidade de
discutir novos sistemas escolares de práticas pedagógicas a serem
implantadas com vistas a um retorno eficaz de melhoria da qualidade do
ensino e da conquista da confiança da clientela (MARTINS, 2001, P.15).
Com isso, o professor universitário, como educador, deve muito mais que
ensinar os conteúdos programados aos seus alunos, deve estimular neles a sede
pelo conhecimento, buscar formar cidadãos questionadores, investigadores,
pesquisadores e autores da sua própria história, pois só assim a qualidade de
ensino será exercida de fato por um professor verdadeiramente preparado e
interessado no desenvolvimento da prática docente, visto que:
O avançar no processo de docência e do desenvolvimento profissional,
mediante a preparação pedagógica não se dará em separado de processos
7. de desenvolvimento pessoal e Institucional: este é o desafio a ser hoje,
considerado na construção da docência no ensino superior (PIMENTA e
ANASTASIOU (2002, p.259).
Sendo assim, a formação constante do professor é importante para o
sucesso de seus alunos, para o seu próprio sucesso, bem como também para o
sucesso da instituição, desta maneira, a falta de preparação profissional deve ser
substituída urgentemente por um corpo docente preparado pedagogicamente e
didaticamente, isso por que:
O professor é o principal mediador do processo de aprendizagem, por
conseguinte, ele deve se preparar com métodos, técnicas e estratégias
apropriadas para esse fim, mais sem esquecer de outras dimensões da
docência (pedagógica, política, ética, estética, social, pessoal, etc.) [...]
sempre partindo do pressuposto de que é fundamental criar espaços de
discussão e reflexão. Dessa forma, evidencia-se a necessidade de
instrumentalizar os futuros professores para lidar com as diversas situações
didáticas, considerando que as práticas educativas estão intrinsicamente
ligadas ao contexto social (NOGUEIRA, 2009, p. 114).
Por tanto, o professor como mediador do conhecimento, precisa com
urgência da capacitação em serviço e de uma preparação que garanta o
desenvolvimento de habilidades e conhecimentos necessários para uma ação
segura por parte desses profissionais, ações diferenciadas que tragam os resultados
esperados.
Contudo, o professor que atua na educação superior precisa de fato ser
mais valorizado, uma vez que, a contínua formação deste profissional é essencial
para o exercício de ações pautadas em práticas reflexivas que atendam as
necessidades dos seus alunos.
Outro fator importante a se discutir é a ética profissional, visto que, a prática
educativa e a ética devem estar em constante harmonia para que o aprendizado
aconteça de forma saudável, mas sabemos que ensinar os princípios e os valores
morais em uma sociedade capitalista e alienante que objetiva deixar o homem alheio
do que acontece de fato em sua realidade não é uma tarefa fácil, e de acordo com
PAULINO (2010):
A ética na docência implica em uma dimensão de respeito mútuo,
solidariedade, compreender os limites, para poder conduzir o educando a
uma vida digna. E assegura-se que a ética também está investida na
8. consideração de profissionais para com profissionais no trato do espaço de
cada um.
Assim, o professor deve perceber que está formando sujeitos que estão à
procura de conhecimento, logo, tal conhecimento deve ser ensinado e produzido
baseado na ética entre ambos os lados e não baseado em falsos discursos
ideológicos que são ditos mais não são de fato vivenciados. E o professor ao
assumir a docência, assume o compromisso de ser ético não somente para com
seus alunos, mais também, ético para com a sociedade, bem como fundamenta
CORRÊA (2008):
A ética profissional está fundamentada num conceito direcionado para o
desenvolvimento do aluno e professor, se constitui como guia que orienta e
estimula a mudança de comportamentos e amplia a capacidade do
professor em pensar no seu papel, a fim de que a sua ação pedagógica seja
mais eficiente e eficaz na sala de aula, na escola e na sociedade. Pois a
partir da ética define-se o comprometimento profissional, político e social do
docente.
Deste modo, o docente precisa compreender em seu pensamento que a
ética é um princípio indispensável para que ele possa desempenhar com eficiência o
seu papel, pois, é um formador de opiniões. Assim, ser docente corresponde a ser
um profissional construído por dimensões éticas, princípios, valores morais e
políticos capazes de ser exemplo de inspiração para seus acadêmicos e fazê-los
buscar o seu pleno desenvolvimento, enfim, este é um dos maiores desafios de ser
docente.
2.3. A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
A prática docente no ensino superior deve levar em conta uma série de
fatores cruciais para o pleno desenvolvimento do aluno, neste caso, deve priorizar
principalmente a formação de indivíduos com o espírito cientifico e o pensamento
reflexivo.
Vale ressaltar que a educação e a pesquisa devem caminhar juntas, pois, é
necessário que os indivíduos sejam educados não por professores aulistas ou
conteúdistas, mais sim, por professores pesquisadores que buscam contribuir tanto
com o desenvolvimento social e cultural da sociedade quanto com o seu
9. desenvolvimento científico. E conforme visto, na LDBEN 9.394/96, o Artigo 43,
parágrafos III, IV e V garantem:
Parágrafo III: incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica,
visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão
da cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do
meio em que vive. Parágrafo IV: promover a divulgação de conhecimentos
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e
comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas
de comunicação. Parágrafo V: suscitar o desejo permanente de
aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente
concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos
numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada
geração (LDBEN, 1996).
Deste modo, é necessário educar por meio da pesquisa, pois, docência e
pesquisa se completam na educação superior. Nesta linha de raciocínio, o professor
por sua vez, ao ser um professor pesquisador precisa utilizar tecnologias e
metodologias de trabalho que no decorrer do processo de ensino-aprendizagem
possam motivar, estimular, orientar e exigir o melhor do seu aluno para que ele ao
receber uma informação não a aceite passivamente, ao contrário, duvide, questione,
pesquise, e assim, possa reconstruir seu próprio conhecimento. Neste contexto
NÉRICI (1993) afirma que:
[...]educação é o processo que visa a revelar e a desenvolver as
potencialidades do indivíduo em contato com a realidade, a fim de levá-lo a
atuar na mesma de maneira consciente (com conhecimento), eficiente (com
tecnologia) e responsável (eticamente) a fim de serem atendidas as
necessidades e aspirações da criatura humana, de natureza pessoal, social
e transcendental. [...] ensino é o processo que visa a modificar o
comportamento do indivíduo por intermédio da aprendizagem com o
propósito de efetivar as intenções do conceito de educação, bem como
habilitar cada um a orientar a sua própria aprendizagem, a ter iniciativa, a
cultivar a confiança em si, a esforçar-se, a desenvolver a criatividade, a
entrosar-se com seus semelhantes, a fim de poder participar na sociedade
como pessoa consciente, eficiente e responsável (NÉRICI, 1993)
Por tanto, o uso de metodologias e tecnologias modernas como data show,
computadores, internet, equipamentos para pesquisa e outras ferramentas que
estimulam e facilitam a aprendizagem relacionando teoria e prática, são cruciais
para que a práxi pedagógica no ensino superior saiba direcionar as informações
para a produção do conhecimento e por esse prisma, a qualificação profissional do
aluno adulto, pois segundo NOGUEIRA (2009, p. 113):
O processo de construção do trabalho do professor é gradual, pois não se
trata de simples reprodução, é importante coordenar operações no sentido
10. da evolução constante do aluno adulto em seu caminho profissional e em
sua vida acadêmica e pessoal. Por isso, a relevância da mediação na
construção do conhecimento e da aprendizagem do aluno adulto.
Assim sendo, o educador no contexto universitário deve fazer com que a sua
práxi educacional não se limite a teorias e sim busque e reflita uma postura
educadora em que suas ações possam constituir um processo de ensino –
aprendizagem causador de efeitos não somente na sua vida, mais na vida do seu
aluno, na instituição de ensino e na sociedade como um todo.
Nessa dimensão, a docência define-se como uma ação educativa que se
constitui no ensino-aprendizagem, na pesquisa e na gestão de contextos educativos,
na perspectiva da gestão democrática, neste contexto, GÓMEZ (2001) fundamenta
que:
os docentes devem viver a aventura do conhecimento, da busca e do
contraste crítico e reflexivo se querem provocar nas novas gerações o amor
pelo saber e o respeito pela diversidade e pela criação; devem amar a
democracia e se comprometer com suas exigências de compreensão
compartilhada se querem criar um clima de relações solidárias e se
pretendem construir a comunidade democrática de aprendizagem (GÓMEZ,
2001, p. 304).
E seguindo este raciocínio Demo (2004, p. 72-73) enfatiza que o que define
o professor:
é a habilidade de aprender a aprender em seu campo profissional, seguida
da habilidade de fazer o aluno prender [...] A rigor, quem não estuda não
tem aula para dar. Mais: quem não reconstrói conhecimento, não pode fazer
o aluno reconstruir conhecimento. Para que o aluno pesquise e elabore,
supõe-se professor que pesquise e elabore (DEMO, 2004, p. 72-73).
Para CUNHA,
A formação do educador é um processo, acontecendo no interior das
condições históricas que ele mesmo vive. Faz parte de uma realidade
concreta determinada, que não é estática e definitiva. É uma realidade que
se faz no cotidiano. Por isso, é importante que este cotidiano seja
desvendado. O retorno permanente da reflexão sobre a sua caminhada
como educando e como educador é que pode fazer avançar o seu
fazerpedagógico (CUNHA, 2004).
Podemos dizer então que, o trabalho docente caracteriza-se como
processos e práticas de produção, organização, difusão e apropriação de
conhecimentos em que o próprio docente define-se como um sujeito, em ação e
interação com o outro, produtor de saberes na e para a realidade.
11. 2.4. A APRENDIZAGEM DO ALUNO ADULTO
O processo de aprendizagem do aluno adulto na educação superior mesmo
sendo formalizado e sistemático, deve considerar que estes alunos já detêm uma
gama de aprendizados anteriores e que apesar de estarem inseridos em um mesmo
contexto, cada um apresenta características próprias e formas de aprender
diferenciadas que devem ser percebidas e trabalhadas de maneira equilibrada pelo
professor, isso porque:
No caso do aluno adulto do ensino superior, isso ocorre de maneira mais
explícita, pois o estudante adulto já está escolarizado e traz consigo toda
uma bagagem de aprendizagens anteriores adquiridas na educação formal,
como também na educação informal e em toda a sua experiência de vida.
Contudo, o aluno adulto não é um ser imutável, ele continua em constante
desenvolvimento e está sempre em processo de aprendizagem [...] assim, o
mais importante é o professor manter o foco no desenvolvimento do aluno
como um todo, contemplando a formação profissional, os conhecimentos
interdisciplinares, a prática de pesquisa, as relações interpessoais, a ética, a
interação teoria e prática e a relação de todos estes atores com a formação
pessoal, ou seja, há de se priorizar uma formação integral do aluno
(NOGUEIRA, p. 21 e22, 2009).
Por conseguinte, contribuir para a formação integral do estudante
universitário é uma prioridade que deve ser considerada não somente no ensino
superior, mais sim, em todos os níveis de ensino, visto que, a aprendizagem além de
ser constante, deve oportunizar ao aluno mediante as estratégias utilizadas pelo
professor, a sua formação social, pessoal, intelectual e profissional.
Para tanto, o professor deve utilizar técnicas nas atividades em sala de aula
capazes de estimular o discente a atenção, concentração e interação, para que se
sintam motivados a aprender conciliando os estudos ao trabalho e a outras
atividades dentro e fora da universidade, aprendendo assim a analisar problemas e
propor soluções.
E através de um conhecimento emancipatório, como já foi discutido
anteriormente, o processo pedagógico deve fazer com que o (adulto) aprendiz saiba
correlacionar teoria e prática a favor da própria sociedade, no entanto:
[...] o aluno nem sempre consegue fazer essa relação, razão pela qual é
preciso que no planejamento de aulas o professor tenha em mente que é
necessário sempre contextualizar e problematizar o que ensina.
Contextualizar significa fazer relações com o dia a dia, com a prática social,
12. e problematizar é tomar esta mesma prática social como elemento que nos
aponta problemas ainda não resolvidos pela humanidade e que podem ser
melhor compreendidos se tivermos a teoria (contextualizada, significativa,
“viva”) como referencia. Isso quer dizer, mais uma vez, que precisamos
promover o conhecimento relacional e, não o mero repasse de informações
(NOGUEIRA, p. 78, 2009).
Neste contexto, a aprendizagem sistemática do aluno adulto deve acontecer
considerando sua formação já adquirida fora da universidade, promovendo ainda,
uma educação permanente, integral ou andragogia, onde o aluno terá autonomia
para direcionar suas ações e alcançar seus objetivos, pois de acordo com Nogueira
(2009) “a palavra andragogia deriva das palavras gregas andros (homem) + agein
(conduzir) + logos (tratado, ciência) referindo-se à filosofia, à ciência e à técnica de
educação de adultos”, logo, é preciso considerar um ensino específico voltado a
aprendizagem dos adultos.
Deste modo, a andragogia é um conceito que traz contribuições importantes
para a educação permanente do aluno adulto como um ser autônomo e responsável
por seus atos e decisões, isso porque, ainda de acordo com Nogueira (2009) “para a
andragogia o estudante precisa ser compreendido pelo professor como sujeito da
sua própria aprendizagem”, neste sentido, o docente precisa conduzir este processo
observando que:
Cabe, porém, ao professor, incentivar e ajudar a desenvolver a autonomia,
o que se consegue por meio das aulas interativas, fazendo com que o aluno
se sinta capaz de intervir, perguntar e discordar. Também no planejamento
de atividades os alunos podem ser incentivados a se posicionares,
decidirem junto com o professor os melhores caminhos [...] devemos ter
como meta o desenvolvimento da autonomia, sem, porém, pressupor que
ela já esta desenvolvida em todos os alunos. O processo de orientação das
atividades, de supervisão do aprendizado continua sendo papel do
professor, mas de maneira interativa, dialógica e respeitosa (NOGUEIRA, p.
94, 2009).
Para tanto, é necessário ajudar o aluno adulto a se autoconhecer
identificando as estratégias e técnicas necessárias para que este mantenha a
atenção nas aulas, retenha o aprendizado da melhor maneira possível e nesta
perspectiva, se sinta motivado a buscar novos horizontes e descobrir novos
caminhos que o levem a produção do conhecimento por meio de uma educação
continuada e integral.
13. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é possível esgotar um assunto de tão grande relevância e que
abrange inúmeros conceitos e concepções, porém, diante da construção deste artigo
foi possível refletir melhor sobre as implicações que envolvem a prática docente e a
aprendizagem do aluno adulto.
Com o que foi exposto no desenvolvimento deste trabalho, observamos
que o exercício de uma postura crítica e reflexiva da práxi docente é primordial para
que o processo de ensino e aprendizagem se desenvolva para a formação de
profissionais/cidadãos capazes de construir uma sociedade mais democrática e
preocupada com o progresso da educação.
E diante de todos os pressupostos já apresentados é possível
compreender que a instituição de ensino superior deve proporcionar e implementar
ações inovadoras e políticas públicas que proporcionem a formação continuada do
professor, para que este saiba lidar com as situações desafiadoras em sala de aula
e modele seus alunos como autores da sua própria história e não meros
coadjuvantes que não sabem questionar e transformar a realidade social em que
vivem.
Conclui-se desse modo, que, a formação para a docência no ensino
superior deve ser mais valorizada, e este profissional da educação ao estabelecer a
relação teoria e prática por meio das diferentes estratégias de ensino e
principalmente da pesquisa, estará contribuindo para que o aprendiz (o aluno adulto)
torne-se de fato um indivíduo formado pessoal, social, e profissionalmente.
Logo, a atuação docente no ensino superior deve ser realizada através de
um processo mútuo de troca de conhecimentos entre o aluno e o professor, pois a
aprendizagem do aluno adulto e a constante formação profissional do educador são
nitidamente interdependentes, sendo assim, a relação entre estes atores deve ser
pautada no aprimoramento pessoal, intelectual e profissional de ambos.
Por fim, é válido considerar que a constante formação tanto do professor
quanto do aluno, uma vez que, ambos podem ser interpretados como seres
14. inacabados e em um permanente processo de busca e aprimoração do
conhecimento, a reflexão e atuação crítica destes indivíduos na sociedade torna-se
um valioso instrumento de auto desenvolvimento e transformação social e
educacional.
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Nº.
9.394/96, 20 dez. 1996.
CHAUÍ, Marilena. A Universidade em ruínas. In: Trindade, Hélgio (org.). Universidade em Ruínas na
República dos Professores. Petrópolis: Vozes, 1999.
CORRÊA, Silvia Saldanha. A ética e sua aplicabilidade na prática docente. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/articles/10245/1/A-Etica-E-Sua-Aplicabilidade-Na-Pratica
Docente/pagina1.html>. Acesso em 18 de abril de 2013.
CUNHA, Maria Isabel. O bom professor e sua prática. 16ª edição. Campinas: Papirus, 2004a.
DEMO, Pedro. Universidade, aprendizagem e avaliação: horizontes reconstrutivos. Porto Alegre:
Mediação, 2004.
FÁVERO, Maria de Lourdes, LOPES, Sonia de Castro. A Universidade do Distrito Federal (1935-
1939). Um projeto além de seu tempo. Brasília. CNPq/Líber Livro Editora. 2009.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 22 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
_______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa , 28ª ed., São Paulo:
Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).
_______. Professora sim, tia não – cartas a quem ousa ensinar. 9ª edição. São Paulo: Olho
d’Água/Loyola, 1998.
GÓMEZ, A. I. Pérez. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: Artmed, 2001.
MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projeto de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino
médio / Jorge Santos Martins. – Campinas, SP: Papirus, 2001 – (Coleção Papirus Educação).
NÉRICI, Imídio G. Didática do Ensino Superior. São Paulo: Ibrasa, 1993. Disponível em:
http://www.cintiabarreto.com.br/artigos/relacaoprofessoraluno. Acesso em: 22 de março de 2013.
NOGUEIRA, Makeliny Oliveira Gomes. Aprendizagem do Aluno Adulto: Implicações para a
Prática Docente no Ensino Superior. Editora IBEPEX. 2009.
PAULINO, Antonio Mulato. Os elementos formadores da docência. Disponível em: <
http://www.zmartigos.com.br/carreiras/sociais-aplicadas/pedagogia/trabalho/44633-elementos-
formadores-da-doccia.html>. Acesso em 19 de abril 2013.
15. PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Lea das Graças C. Docência no ensino superior. São
Paulo: Cortez, 2003.
SOUSA SANTOS, Boaventura de. A Universidade no século XXI: para uma reforma democrática
e emancipatória da Universidade. São Paulo, Cortez Editora, 3ª ed. 2010.
TEIXEIRA, Anísio. Educação e universidade. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998.