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Alvo Potter
e a Batalha da Fortaleza
Por V. G. Cardoso, baseado no universo e personagens de J. K. Rowling
Capítulo Um
O maior erro de Kingsley
ntes da explosão, Gleeson McCallister estava tendo um dia de trabalho
normal. Não que seu trabalho fosse normal (longe disso), mas era um
trabalho que, para Gleeson, era bastante repetitivo. Sim, Gleeson era
uma das poucas pessoas que trabalhavam em uma ilha. E não era uma ilha
qualquer, era uma ilha que guardava uma prisão de segurança máxima (e um
cemitério macabro) no meio das águas gélidas e congeladas do Mar do Norte. Mas
Gleeson não gostava muito de ter de trabalhar dentro de Azkaban. Sempre tivera
calafrios na espinha sempre que ouvia o nome da prisão, e sempre detestava
quando a tia Guilhermina o ameaçava trancafiá-lo em uma das celas se ele não
comesse todo o purê de espinafre que ela fazia para a ceia de Natal. Só de lembrar-
se daquela gororoba gosmenta com cheiro de trasgo seu estômago revirava.
Mas sim, Gleeson detestava o local onde trabalhava, mas adorava seu trabalho,
mesmo ele sendo repetitivo. Azkaban não deixara de ser o pior lugar do mundo
após a demissão e prisão dos Dementadores, criaturas sinistras encapuzadas que
podem levar até o bruxo mais poderoso do mundo a loucura, apenas com um beijo.
Após a nomeação definitiva de Kingsley Shacklebolt como Ministro da Magia, os
Dementadores foram demitidos da função de guardas da prisão e foram
trancafiados em um porão escuro e sem vida; protegido apenas por uma porta
encantada feita de tábuas rangentes de madeira e um cadeado congelado. Após a
demissão dos Dementadores, fora instaurado o Corpo de Carceragem de Azkaban,
contendo uma frota de carcereiros e aurores que vigiavam os presos e as presas,
todos sob o comando de ninguém menos que Gleeson McCallister.
Gleeson adorava sua função como chefe de todo o Corpo Carcereiro, mas ele não
exercia uma função muito melhor que a de um delegado do mundo trouxa. Ele se
parecia muito com um. Tinha uma sala minúscula, fria e mal cheirosa e ele
convinha que estava alguns quilos acima de seu peso ideal. Mas Gleeson não se
importava com isso. A vaidade é apenas para as mulheres, pensava ele. Ele sabia que
não precisaria apostar corrida com nenhum Comensal da Morte, isso era tarefa dos
aurores. Seu trabalho era somente assegurar que todos estivessem em suas celas,
loucos e desesperados. Era seu maior deleite. E Gleeson não se importava em estar
em boa forma para ninguém. Nenhuma garota nunca se interessara por ele, e não
seria agora, já velho, que uma o fariam. Não. Gleeson achava que família era um
desperdício de galeões e de comida. Ele não queria mulher ou filhos. Era um lobo
solitário. Lobo que por muitos anos fora tachado de fracassado. Nunca conseguira
nada para sua casa em Hogwarts, a Lufa-Lufa. Sempre fora excluído dos grupos e
das festas e por isso não movera um dedo durante a guerra. Qual era seu medo? A
família McCallister era de sangue-puro, para que Gleeson arriscaria sua
preciosavida em pró de um garoto mimado. Guerras são para otários, era o que
A
Gleeson sempre afirmava, para pessoas que não tem capacidade intelectual para agir com
a diplomacia. Ele sempre preferia usar de argumentos que feitiços (não era muito
bom com o segundo), mas não pensaria duas vezes em transformar o nariz de seu
inimigo em uma tromba de elefante, e conjurar um rabo de babuíno nele. Rabo de
babuíno. Gleeson até deixou escapar um risinho, o que era raro.
Naquela noite horrenda, quando a vida perfeita e pouco caótica de Gleeson se
esvaíra de suas mãos, ele estava fazendo uma ronda por entre os corredores de
Azkaban. Não estava muito preocupado em inspecionar seussubordinados, queria
mais esticar as pernas. Ele sempre olhava o mapa da prisão para não ser perder por
entre os corredores sombrios de pedras (ele nunca decorara, ou fizera esforço para
isso, a planta da prisão).
Sabia como eram distribuídas as alas da prisão. Cada andar era preenchido com
o preso correspondente ao nível de sua periculosidade. Os mais leves ficavam nos
primeiros níveis, e os mais perigosos nos mais altos, onde a maioria das celas era
ocupada por Comensais da Morte. Havia dois banheiros, um masculino e um
feminino, mas eles não eram muito utilizados. E Gleeson não estava preocupado de
como os presos se livravam de seus dejetos. Não havia refeitório, pois um preso
qualquer fora de sua cela poderia representar uma catástrofe para o mundo. Para
os prisioneiros mais rebeldes havia a Sala da Tortura, onde eles eram submetidos a
sessões nada agradáveis de direta exposição a maldições nada infantis. E em um
dos andares, Gleeson não sabia se era no quinto ou no sexto, havia a Sala de
Interrogatório, não era muito diferente da de tortura, mas geralmente o
encarregado por esta era o policial bonzinho. Mas nada era mais agradável para
Gleeson que uma ameaça a lançar seus corpos ao Poço dos Dementadores. Não era
verdadeiramente legal o utilizá-lo para execuções, mas o Corpo Carcereiro não era
composto pelos melhores profissionais, se eles fossem, estariam em outro lugar se
não aquele. Todos eram muito vingativos e rancorosos. E geralmente eram
subornados por bruxos e bruxas que ainda acreditam que os Dementadores são o
melhor remédio para condenados por assassinato.
Gleeson estava no terceiro piso quando escutou o estrondo. Sentiu como se tudo
tremesse, como se seus pés não conseguissem se firmar no chão de alguma forma.
Quando finalmente cedeu a gravidade, seu corpo rechonchudo acabara caindo com
um baque surdo no chão frio. Seu corpo deslizara por alguns segundos, sujando
suas roupas novas. Droga, ele pensou baixinho, junto com alguns palavrões nada
agradáveis. Gleeson se levantou com dificuldades, o que provocara um ataque de
risos para um dos presos. Um jovem de pouco mais de trinta anos, vestindo os
trapos que eram o uniforme de Azkaban, e com a cara toda suja de limo e outras
coisas repugnantes.
– Cale sua boca imunda, Avery! – urrou Gleeson para Bruno Avery, um dos mais
recentes presos em Azkaban. – Ou eu não pensarei duas vezes em lhe recomendar
a mais algumas sessões na Sala de Tortura.
Aparentemente a ameaça surgiu efeito em Bruno Avery, pois ele não hesitou em
se esconder nas sombras de sua cela.
– Cochrane, o que houve?! – berrou Gleeson, autoritário. Tentando mostrar que
mesmo gordo e sujo de limo ainda era ele quem mandava em Azkaban.
– Explosão, último nível – explicou o auror Líam Cochrane, um jovem
transferido há poucas semanas para Azkaban para cobrir o recesso de um dos
carcereiros. – Ala leste, periculosidade alfa! Ackerley e seus homens estão se
dirigindo o mais rápido que podem. Pelo tempo alguns devem ter escapado, mas
podemos prender a maioria.
– E o que está fazendo aqui parado, Cochrane?! – resmungou Gleeson
empurrando Cochrane para perto das escadas, e sacando sua varinha com vigor.
Há muito tempo que Gleeson não estava em uma batalha, ele as detestava. – Não
posso deixar que haja uma fuga em massa bem debaixo de meu nariz. Vá, válogo! E
não pense duas vezes antes de estuporar alguém.
O último andar da construção da prisão de Azkaban estava irreconhecível. Havia
um enorme buraco em uma das paredes entre o conjunto das celas dos presos de
identificação de 1-AK até a 7-AK. Os carcereiros lançavam Feitiços Estuporantes
para todos os lados. Corpos inertes de prisioneiros e prisioneiras estavam
espalhados pelo corredor, alguns petrificados, outros inconscientes.
–Dolohov, eu ordeno que pare! – bradou Gleeson girando a varinha e conjurando
cordas negras ao redor das pernas de Dolohov – O mesmo vale para você Mulciber!
– mas seu Feitiço Estuporante passou a um milímetro da orelha de Mortimer
Mulciber, acertando uma pilastra de pedras negras que explodiu em uma nuvem
de poeira. – Para onde eles estão indo? Ackerley, para onde eles estão indo?
– Eu não sei, Sr McCallister – afirmou Stuart Ackerley, o carcereiro chefe do
Nível de Periculosidade Elevado. – Estão apenas saltando para fora da prisão. É
como se evaporassem no meio das nuvens. Devem estar se suicidando!
– Não teríamos tanta sorte, Ackerley... E o que temos aqui? – o rosto de Gleeson
foi absorto por um sorriso maníaco e vingativo – Aonde pensa que
vai, Dolores? Impedimenta!
O corpo miúdo de uma mulher com cara de sapa fora erguido no ar. Os nervos
haviam sido acalmados e boa parte dos presos havia sido recapturada. Mas para
Gleeson estar suspendendo aquela mulher baixinha era mais que ostentar o prêmio
de Melhor Carcereiro da Grã-Bretanha. Gleesondetestava Dolores Umbridge. A mulher
era uma víbora, que adorava torturar os mais fracos para seu deleite. Felizmente,
Gleeson já estava formado quando Umbridge assumira a escola de Hogwarts.
Agora, após ser condenada por tortura de nascidos-trouxas, ela cumpria sua pena
em Azkaban, e Gleeson estava mais que satisfeito por ter um motivo que
aumentasse a estadia da mulher na prisão.
– Ora, Gleeson... Convenhamos... – começou mulher falando rápido. Sua
respiração era ofegante e seus olhos não estavam focados em Gleeson, mas sim nos
corpos zonzos dos prisioneiros que começavam a recobrar a consciência – Não
vamos espalhar nada deste incidente, certo querido? Fora um deslize! Não sabia o
que estava fazendo. Esta prisão nos causa delírios!
– Está absolutamente certa, Dolores. Mas eu, ao contrário de você, estou mais
lúcido que nunca. E não pouparei esforços para relatar ao ministro seu, deslize –
havia tom de gozação e deboche na voz de Gleeson. Ele não conseguia se suportar.
– Senhor, aqui está a relação de presos. Devemos fazer a chamada – falou um
carcereiro gorducho de cabelos raspados.
– Ok, Murray. Coloque-os enfileirados em minha frente, quero ficar cara a cara
com cada um – disse Gleeson recebendo a lista com os nomes dos presos do
carcereiro Murray e passando seus olhos cinzentos rapidamente pelos nomes. –
Cochrane, uma pena! Rápido! E Fury... Onde você está? – ele se virou para uma
mulher atraente, banhada em seu próprio suor, suja, mas ainda assim linda. – Trate
Madame Umbridge como ela merece. Sei que ela é uma de suas prediletas.
Fury assentiu alegre. Com o mesmo sorriso vingativo que Gleeson mostrara
momentos antes. Mesmo toda suada,Fury era linda. Suas curvas sensuais faziam
Gleeson estremecer. Foco, ele pensou com raiva, Lobo Solitário, lobo solitário! Ele não
poderia expor ninguém aos riscos. Por mais que detestasse quase todos, não queria
sangue inocente fosse derramado por sua causa.
– Cochrane, Ackerley, Murray! Quero os três ao meu lado – ordenou Gleeson
para os três homens parrudos. – Conforme for terminando a inspeção eu quero que
vocês os levem de volta as celas. Gunderson! – ele se virou para um carcereiro
negro, de quase dois metros de altura, braços maiores que as pernas de Gleeson e
uma expressão bastante antipática. – Concerte as celas, imediatamente! E sem
reclamações. Entendeu?
– Sim, Sr McCallister! – bradou o carcereiro sacando mais uma vez a varinha e se
adiantando para perto das celas destruídas.
– Muito bem, quem nós temos aqui? Antônio Dolohov, hum. Você não parece
estar muito confortável nesta posição, Antônio – começou Gleeson em tom de
deboche. Adorava zombar dos presos, era seu passatempo favorito em Azkaban.
Dentro da prisão eles não poderiam fazer nada com ele, mas fora... Era por isso que
Gleeson insistia na idéia do lobo solitário – Seu irmão com certeza está bem melhor.
Dêniston, correto? Quem diria: um aborto estando melhor que você, Antônio. E seu
sobrinho também está lá. Deve ser duro, não é, Toni?
– Cala...
– O que disse? – urrou Gleeson colocando-se na ponta dos pés, para tentar ser
mais alto que Dolohov, sem sucesso. Mas mesmo sendo mais baixo, Gleeson
parecia bastante ameaçador.
Dolohov engoliu em seco.
– Calamidade – sussurrou Dolohov, aliviado.– Uma calamidade que haja pessoas
como o aborto em Hogwarts. O mundo é injusto, mas ainda há maneiras
de nós darmos a volta por cima.
– Terá de ter meu cadáver para poder fazê-lo – resmungou Gleeson com
repugnância na voz. Ele estava exaltado, sua pressão deveria estar bem mais alta
que o aconselhável. Ele teria de tomar sua Poção da Paz mais tarde.
Dolohov sorriu. Como se adorasse a idéia de ter o cadáver de Gleeson sob seus
pés.
– Quem mais, quemmais? Eh, Pancrácio Selwyn. Caramba, Selwyn, que
nome horrível! – exclamou Gleeson para o prisioneiro ao lado de Dolohov.
Selwyn era careca e com uma cara pontuda que mais o lembrava dum corvo
velho e execrável. Os olhos eram baixos e vermelhos, bastante irritados e
desacostumados com a claridade. É um corvo acossado em uma caverna, pensava
Gleeson com desdém, engraçado.
– Não zombe do nome que meus pais me deram – resmungou Selwyn. –
Pancrácio fora um grande homem, um grande bruxo das trevas.
– Que pelo jeito acabou morto como seu amiguinho Macnair. Ou biruta como o
Timóteo Travers ali! – Gleeson apontou para trás do próprio ombro. Havia uma
cela intacta a explosão, abrigando um homem que mais parecia um esqueleto de
laboratório coberto por carne. Tinha o rosto pontudo e barbado, cabelos longos e
desgrenhados, e uma expressão lunática e ao mesmo tempo pirada.
– Não é mesmo, Travers? – gritou Gleeson sem olhar para o Comensal da Morte
encarcerado.– Por que acha que você não foi solto por seus amiguinhos?
– O Lorde das Trevas, ele está a caminho. Está, está, está! Ele vem fazer um lanche
comigo e com Madame Lestrange! Ela convidou seu marido também. Vejamos, ela
se casou com um galo! – delirava Travers dando leves murros em sua cara.
– Cale a boca, seu verme! – berrou o verdadeiro viúvo de Belatriz Lestrange,
Rodolfo.
– Ah, obrigado, Rodolfo. Assim não precisarei fazer sua chamada, já sei que está
presente. Eh, Ackerley, pode levá-lo, sei que Lestrange está aqui. O que nos leva de
volta a você, Pancrácio – Gleeson revirou os olhos mais uma vez para Selwyn. – Por
que acredita que seus companheiros o deixaram aqui? Sim, porque, no mínimo,
quem orquestrou esta fuga só pode ser algum perito em escapar daqui. Foi você,
Furius?
Gleeson se voltou para o preso mais alto de todos. Seus cabelos eram longos,
escorridos por entre os trapos do uniforme de penitenciário. Furius Yaxley soltou
um rugido, seguido de um olhar mortal para Gleeson. O chefe dos carcereiros
sentiu seus cabelos da nucaeriçarem, mas se conteve para não dar um gostinho a
Yaxley que conseguira o intimidar.
– Cochrane, leve Yaxley de volta a sua cela. Vamos, Selwyn, me responda? Por
que não saiu correndo desesperado que nem sua priminha ali?
Ele indicou com a varinha para Umbridge, que tremia contra a parede sob o
olhar e as ameaças da auror Fury. Gleeson estava adorando cada vez mais ter
Umbridge como sua presidiária.
– Prima? – perguntou Selwyn, estupefato.
– Ora, não seja babaca, Selwyn! – exclamou Umbridge parecendo ter orelhas
super sônicas. Fury vacilou, parecia também estar gostando da situação de
Umbridge. – Você sabe que meu tataravô se casou com sua tia-tataravó!
– Aquele que era...
– Selwyn! – gritou Umbridge, silenciando Selwyn em definitivo.
– Ah, Fury, melhor levar Madame Umbridge para sua cela. Acredito que ela
necessite de alguns momentos a sós, se não quiser ter uma sincope. Também
mande uma coruja ao Ministério, notificando sua tentativa de fuga – completou
Gleeson entusiasmado.
– Eles não são dignos! Não sabem de nada – urrou outro preso. Um com
Comensal da Morte alto e parrudo, com grandes músculos nos braços e mãos
cobertas de ferimentos e calos. Sua cabeça possuía cabelos muito curtos e bem
aparados, como se passasse máquina zero a cada dois dias.
– Sabe de alguma coisa que me interessa, Humberto? – perguntou Gleeson
largando a lista no colo de Murray e se adiantando par mais perto de Humberto
Jugson. – Gostaria de compartilhar algo conosco?
Jugson tentou sorrir, mas acabou fazendo uma careta feia e equivocada. Seu
rosto redondo como a maçaneta de uma porta se contraiu. Ele estava bastante
satisfeito, mesmo ainda estando em Azkaban.
– Você não merece saber nada do que sei,Gleeson – resmungou Jugson, prazeroso.
– Talvez, se eu melhorar sua situação, você se convença de que pode me dizer o
que sabe. O que prefere: revelar o que sabe para mim, aqui e agora, na Sala de
Tortura ou bem pertinho do Poço dos Dementadores? – Gleeson sabia que
conseguira exatamente o que planejava. Implantar uma pequena dose de medo e
assombro em Jugson. O Comensal se contorceu. – Eles estão ansiosos para mais um
lanche. Desde a última leva, já faz bastante tempo. O que me diz, Humberto...
– Me diga o que quer de uma vez – resmungou Jugson, dando-se por vencido.
– Os nomes dos presos que fugiram hoje à noite. E o porquê.
– Mortimer Mulciber, como deve ter notado. Amico Carrow, sozinho, sem a
irmã. Adélio Umber e o garoto, o estrangeiro, Casimir Vulchanov – declarou
Jugson pausadamente, enquanto Murray riscava os nomes dos presos presentes da
lista. – Eles vão se encontrar.
– Onde, e com quem? – exigiu Gleeson, nervoso. Sua veia têmpora pulsava com
grande freqüência
– Não sei – disse Jugson com um leve sorriso escapando pelas beiradas de sua
boca. – Mas acredito que você já tenha uma pista de para onde vão, e para que.
Gleeson recuou. Não podia ser verdade, ele não queria que fosse verdade. Mas
algo na expressão de Jugson mostrava a ele que era. Seus dedos grossos se
enroscaram ao redor de sua varinha.
– Mostre seu braço – mandou Gleeson, tenso.
Jugson estendeu o braço direito, bastante satisfeito. De uma maneira que Gleeson
nunca vira desde que chegara à Azkaban.
– Mostre o outro braço, Jugson! – urrou Gleeson agitando os braços com fúria. Sua
varinha tremeu e faíscas amarelas brotaram de sua ponta, clareando o corredor por
um momentâneo segundo.
Obediente, Jugson estendeu o braço esquerdo. Fez calmamente, permitindo que
as mangas rasgadas de seu uniforme caíssem para um lado, permitindo que
Gleeson visse sua marca no antebraço.
Era uma cicatriz horrenda, mas que Jugson e os demais Comensais da Morte
ostentavam com orgulho. Aquela era a marca de que um dia, há muitos anos atrás,
ele e os demais ostentavam a marcação de sua lealdade ao Lorde Voldemort. A
cicatriz que substituíra a Marca Negra de Voldemort, pouco depois de sua morte,
pulsava com mais intensidade no antebraço de Jugson. Ela parecia mais viva e
profunda do que nunca. Tinha a forma mais definida, estava mais escura. E
Gleeson pode jurar que vira, por um triz de segundo, uma serpente deslizando
pelo braço de Jugson.
– Murray! – exclamou Gleeson quase sem voz. Seu estômago se contraíra como
nunca fizera em sua vida, o coração batia demasiadamente acelerado, parecendo
chegar ao topo de sua faringe e voltar para a posição de origem – Vá à minha sala,
imediatamente. Utilize minha lareira comunique-se com o Ministro da Magia pela
Rede de Flu. Peça para que ele, Potter, Dawlish e a Srª Burke venham
imediatamente para cá. A senha é – ele abaixou a voz, colocando a boca a poucos
centímetros da orelha do carcereiro gorducho –Alcatéia Cinzenta. E traga minha
Poção da Paz! Preciso de algumas doses, com urgência.
Gleeson McCallister tinha todo o domínio de Azkaban. Ele era o chefão,
mandava em todos os carcereiros e debochava de todos os presos, mas quando a
situação nãopodia ser controlada por ele, Gleeson era obrigado a pedir ajuda. Ele
detestava isso. Detestava saber que era incapaz de alcançar tal objetivo, ou vencer
tal inimigo. Desde garoto ele detestava quando um de seus colegas conseguia
levitar a pena do Prof Flitwick mais alta que a dele ou quebrar uma quantidade
maior de copos de vidro do Prof Quirrell. Mas tudo aquilo era demais para sua
capacidade. A cicatriz de Jugson pulsando, a serpente que ele admitia ter visto.
Parecia muito com o sonho que tivera. Aquela mulher, mais bela e atraente que
Fury. Suas curvas, Gleeson não conseguia esquecer-se das curvas. Não, ele pensou
com severidade, aquela mulher, por mais bela e sensual que pudesse ser, era
perigosa e gostava de manipular as pessoas, é uma baita chave de cadeia. Mas o sonho
não parava de atormentar Gleeson. Era como uma profecia, mas Gleeson nunca
ouvira uma para ter certeza, mas estava em forma de poesia. Sim, estava. Ele se
lembrava bem disso. Falava-se algo sobre o renascer do caos, da colheita das ações
mais inteligentes do passado e do fruto vindo do sangue do lorde. Gleeson não se
lembrava de todos os versos, mas se lembrava do último. “A Morte aguarda a {rvore
e o fruto, e o mundo só poder{ ser salvo pelo outro”.Não fazia muito sentido, a menos
que se referisse a um lenhador, ou de um cultivador de hortaliças.
Jugson fora escoltado por Cochrane e por Ackerley até a Sala de Interrogatório. O
Comensal da Morte não resistira, parecia estar gostando de tudo o que acontecia.
Parecia que estava tão feliz por ter implantado uma dose de desespero e dúvida na
mente de Gleeson. Uma dose muito mais poderosa do que o chefe dos carcereiros
implantara alguns minutos nele.
Gleeson esperava impaciente a chegada do chefe do Quartel-General dos
Aurores, do Ministro da Magia e de outros dois aurores especialistas em
interrogatórios. Talvez se inda existisse a Liga de Oclumêntes subordinada ao
ministério... Mas Cornélio Fudge a extinguiu quando descobrira que dois membros
da liga, Reinhard Lestrange e Hilario Mulciber, estavam trabalhando
verdadeiramente para o temível Lorde Voldemort. Eram eles os responsáveis por
torturar a mente das vítimas do Lorde, e fora com eles que Voldemort aperfeiçoara
suas habilidades de Oclumência e Legilimência. Mas pensar em ter ao seu lado
uma pessoa que poderia ler seus pensamentos não agradara muito à Gleeson. E se
essa pessoa descobrisse seu sonho?
Durante o pouco tempo que passara com Jugson na Sala de Interrogatório,
Gleeson evitou encarar o Comensal que fazia cara de lunático para os carcerários
que o acorrentavam na cadeira. Felizmente, seu tempo tendo apenas Jugson,
Cochrane e Ackerley como companhias fora curto.
Com um empurrão brusco e agitado, a porta da sala se escancarou e um grupo
de homens chegou com passadas largas à sala. O primeiro dos homens era alto,
careca e negro. Com um brinco em uma das orelhas e uma face já com certas
marcas da idade. Ao seu lado estava um homem pouco mais baixo, cabelos
revoltos, óculosredondos, meio tortos e uma famosa cicatriz em forma de raio na
testa. Pouco mais atrás dos dois homens mais importantes do Ministério da Magia
Britânico estavam dois aurores de aparências bem distintas. O primeiro aparentava
já ter certa idade, possuía ombros largos e uma expressão de poucos amigos. O
outro era gorducho e com uma expressão estúpida e débil no rosto, como se não
conseguisse guardar uma piada para si próprio até nos momentos mais sérios, sua
cara era quadrada e suas feições eram bem indispostas.
– Hardcastle! O que faz aqui? – perguntou Gleeson estudando a aparência de
Tito Hardcastle com rigor. – Fui específico a Murray que queria a Srª Burke aqui!
– Fique tranqüilo, McCallister – pediu Harry Potter para Gleeson, como se já
soubesse tudo o que acontecera naquela noite em Azkaban. – Murray já nos
colocou a par de toda a situação e nos informou que você requisitou a presença de
Raquel Burke hoje. O que acontece é que Raquel está mais uma vez de licença à
maternidade. Ela e Patrice terão seu terceiro filho.
– Sinto muito se minha presença não o agrada – falou Tito, debochando. – Sei
que você não gosta de estar sozinho em uma sala somente com homens, mas eu era
o único auror presente e acordado, no Ministério.
– Agradeço por ter me chamado – disse secamente João Dawlish, o auror de
expressão sombriae costas largas.
Dawlish não simpatizava muito com Gleeson. Ele, assim como o chefe dos
carcereiros, era um lobo solitário. Nunca fora o mais brilhante na escola, mas se
destacara consideravelmente em sua função como auror. Porém a vida não fora
justa com Dawlish, para cada triunfo próprio, outro auror aparecia com mais dois
ou com algum mais louvável. Dawlish era o auror perfeito para substituir Servilia
Crouch, a atual diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Servilia se
distanciara definitivamente de seu cargo três anos após o fim da guerra, depois,
quando Dawlish acreditava ser seu momento de glória, o cargo fora ocupado por
Savage. Mas Dawlish até entendia, ficara do lado do Ministério da Magia durante a
guerra (Quem com bom juízo não acataria ao seu favor?) e vira os inimigos do
Ministério tomarem o poder. Dawlish conseguiu se safar. Fora interrogado por
uma nova safra de aurores e acabara escapando de Azkaban assim como dois
outros Comensais da Morte, Francis Crabbe e Glauco Goyle, alegando que estava
sob efeitos da Maldição Imperius. Mas depois, comoeles poderiam nomear Harry
Potter, um garoto, como chefe do QG? E ainda convocar Gleeson McCallister, um
fracassado, para comandar Azkaban? Mas finalmente eles provariam do próprio
erro. Uma fuga em massa acabaria com McCallister. Era tudo que Dawlish queria.
– Pois bem, Sr Humberto Jugson - começou Kingsley Shacklebolt, o Ministro da
Magia. – Segundo as informações divulgadas pelo Sr Buth Murray, o senhor fora
autuado em flagrante pelo crime de fuga, tendo sido sentenciado pela
SupremaCorte dos Bruxos a prisão perpétua na prisão de Azkaban. O que tem a
dizer em sua defesa?
– Se isso é possível – comentou Tito Hardcastle, mas no mesmo segundo fora
censurado pelos olhares de Dawlish e de Harry.
– Culpado – respondeu Jugson instantaneamente.
– Como? – bradou Gleeson, irritado. – Você, um cara-de-pau nato, não irá se
alegar inocente?!
– Por favor, se controle, Sr McCallister – pediu o Ministro da Magia. – Sr
Cochrane, creio que está com a Poção da Paz. Poderia fazer a gentileza...?
– Tendo Jugson se declarando culpado... Metade de nosso tempo fora poupado –
explicou Harry. – O que nos leva ao interrogatório. Vocês me dão licença?
Kingsley acenou com a cabeça, permitindo que Harry se colocasse mais próximo
de Jugson. Harry se colocara bem na frente de Jugson, sendo separado do
Comensal da Morte somente por uma mesinha corroída e em falso. Ele acenou sua
varinha e as correntes que prendiam Jugson se soltaram. Houve uma exclamação
anônima de medo, mas que se extinguira como água em brasa.
– Mostre-me seu braço esquerdo – Harry fez esforço para dar ênfase à última
palavra, como se Jugson fosse um retardado.
Dessa vez ele não perdeu tempo. Arregaçou a manga rasgada de seu uniforme e
mostrou a cicatriz que tomara seu braço no lugar da Marca Negra.
– A minha ainda é mais bonita que a sua – afirmou Jugson como um piadista sem
graça. – E com certeza mais poderosa.
– Ela pulsa? – perguntou Harry estudando a cicatriz com grande cuidado.
Levando os óculos para o meio de suas vestes para limpar a lente. Assegurando-se
que ambas estivessem bem limpas.
– Bastante. E cada vez mais – completou.
– Isso não é bom, correto? – soltou Tito com um gemido.
– Não. Não mesmo – falou Kingsley, pensativo.
– Quais prisioneiros fugiram? – perguntou Dawlish à Gleeson. Mas o chefe dos
carcereiros estava longe. Seus pensamentos flutuavam debilmente. Os efeitos da
Poção da Paz estavam fazendo efeito com mais rapidez do que ele esperava. As
imagens oscilavam. Tudo ficava meio borrado... As pálpebras ficavam mais
pesadas...
– O prisioneiro mencionou – começou Stuart Ackerley chamando a atenção de
Dawlish – em Mulciber, Amico Carrow, Umber e Vulchanov.
– Dois Comensais de Morte de grande periculosidade, – murmurou Kingsley
como se fizesse uma lista mental dos fugitivos – um de menor periculosidade e um
jovem seqüestrador responsável pela tortura de sete famílias trouxas.
– Sem contar que eles esperavam a presença de Jugson – assinalou Harry,
também pensativo. – Seus planos terão de mudar pela falta de um dos presos.
– Ele vai conseguir arranjar alguém para se encaixar no meu lugar – comentou
Jugson.
– Quem é ele? – quis saber Gleeson, soltando uma exclamação que mais se
assemelhava a um relinchar – Pensavam que eu estava dormindo, ah?
– Responda a pergunta do Sr McCallister! – exigiu Hardcastle.
– Eu não sei – garantiu Jugson pouco convincente – Ele se comunicava conosco
através de sonhos. Sabe como é.Não é, Potter? Ter alguém em sua mente, o
utilizando como uma ponte. Pode ler minha mente. Não temo mais nada.
Todos encararam Harry e Kingsley, que pareciam conversar mentalmente.
– Não custaria nada – disse Harry.
– Melhor prevenir que remediar – completou Kingsley. – Dawlish, sabe o que
fazer. Vasculhe a mente de Jugson a procura de pistas sobre quem armou esta fuga.
Eu como Ministro da Magia autorizo a utilização de feitiços de Legilimência no
prisioneiro.
– Como desejar, Ministro – falou Dawlish sacando sua varinha, seu rosto
esbanjava prazer. – Vamos ver se há alguma coisa que preste na mente deste
aí. Legilimens!
Durante um bom tempo o silêncio pairou pela Sala de Interrogatório. Todos os
olhares estavam vidrados em Dawlish, que permanecia concentrado em Jugson. A
cada segundo sua face mostrava uma expressão mais horrorizada. Como se ele não
suportasse mais ver as lembranças de Jugson. Por ser um Comensal da Morte suas
memórias não deveriam ser as mais bonitas do mundo.
– Argh! – rugiu Dawlish cambaleando para um lado. Harry e Hardcastle
hesitaram e o seguraram, impedindo que o auror caísse no chão. – Existe muita
informação na mente de Jugson. Realmente ele fora requisitado a fugir de Azkaban
para se encontrar com uma espécie de corte, mas seu convocador não estava bem
nítido. Seus sonhos eram conturbados. De última hora Vulchanov fora convocado.
A cicatriz no lugar da Marca está mais densa, é verdade.Esó pode ser um mau
sinal... Mas não há mais nada.
– Eu disse que não sabia de nada – falou Jugson debochando.
– Mas, senhores – começou Cochrane, timidamente. Quando viu que todos os
olhos dos presentes se voltavam a ele, Cochrane se calou e encolheu-se em um
canto, corando ligeiramente.
– Não venha com bobagens, Cochrane – resmungou Gleeson, tonto.
– Deixe-o falar um pouco – pediu Harry pacientemente – Sim, Líam...
– Acredito que estamos deixando um detalhe vazar. Bem, Sirius Black escapou
de Azkaban na forma de animago, e depois nadando por toda a localidade do Mar
do Norte, e quando houve a fuga em massa de 1996, os prisioneiros obtiveram a
ajudados Dementadores para a fuga... Mas, esta noite, não houve animais ou
Dementadores. Estamos nos esquecendo de investigar como os prisioneiros
deixaram Azkaban. Segundo nossos relatos, eles simplesmente se atiravam para
fora da prisão. E eu acredito que não seja um mergulho muito agradável. Eles não
aparataram. Azkaban é protegida com os mais poderosos Feitiços Anti-Aparatação.
E ninguém conseguiria fazê-lo nas condições que se encontravam. Precisamos
saber também de que forma eles escaparam.
Os olhos de todos deixaram Cochrane e baixaram-se sobre Dawlish, esperando
que ele tivesse hesito ao ler a mente de Jugson e descobrir tal informação. Porém o
auror limitou-se a balançar a cabeça negativamente.
– Então temos de organizar um plano de ação – disse Harry. – Precisamos alertar
aos demais aurores e será necessária a ajuda da comunidade bruxa. Stuart, eu
gostaria que mandasse uma coruja ao Profeta Diário e...
– Ackerley, fique onde está! – rugiu o ministro Shacklebolt de tal maneira que até
Gleeson, que estava quase cochilando, despertasse com um salto – Suas intenções
são nobres, Harry, mas não posso alertar a comunidade bruxa sobre esta fuga de
presos.
– Mas, Kingsley. O que acha que vai acontecer se algum bruxo acordar de manhã
e esbarrar com Carrow ou Mulciber em seu jardim? – Harry parecia absorto que
Quim não tivesse acatado com sua decisão. Parecia óbvio, mas Quim recusara.
Harry temia que poderia ouvir do ministro.
– Não posso notificar esta fuga, Harry. Ponha-se em meu lugar. Desta vez terei
como agir como um político. Este será meu último ano como Ministro da Magia,
não caberá mais aeu comandar o Ministério. E também não possopermitir que uma
fuga em massa alarme a população. Eles finalmente se sentem seguros, Harry. Não
posso roubar essa sensação deles.
– E então você prefere agir como o homem que, há anos atrás você tentou
desmentir! – exclamou Harry mais exaltado. – Porque o que você está fazendo,
Kingsley, é exatamente a mesma coisa que fizera Fudge durante seu governo.
Negar o que sabe que é verdade.
– Potter está certo – apoiou Gleeson já desperto. – O senhor não gostaria de
terminar o mandato assim como Fudge. Sim, porque as evidências um dia chegarão
à tona. A verdadesempre é descoberta.
– Esta decisão não depende de seu julgamento, McCallister – retorquiu Kingsley,
grosseiramente. – E sei que a verdade não será revelada por você ou por nenhum
de seus homens, pois confio em seu bom senso. Não gostaria de ter de apagar a
memória de todos os presentes.
Cochrane e Ackerley engoliram em seco.
– Quim, o que está fazendo? – perguntou Harry mais calmo. – Este não é você.
Como você pode negar a verdade às pessoas inocentes. Sei que elas preferiram
averdade a terem uma falsa sensação de conforto. Vamos, Quim, esse não é você!
Onde está o bruxo que eu sempre admirei? Que lutou ao meu lado e do lado da
Ordem no passado?Aquele Kingsley nunca permitiria que uma mentira descarada
fosse dada ao mundo bruxo da mesma forma que já fizera Fudge...
– Eu sei que você está certo, Harry, mas a situação é diferente agora – tentava se
explicar Quim, mas sem conseguir a aprovação de Harry. – Agora entendo o que
Fudge fez. Ele sentia medo, e eu estou com medoagora. Minhas desculpas não são
tão egoístas como as de Fudge, mas no final das contas nos levam ao mesmo local.
– Eu me recuso a aceitar suas ordens – disse Harry enfrentado o Ministro.
– Então esteja pronto há explicar à sua família o motivo de sua demissão, Sr Potter! Se
não ficar do meu lado, ficará contra mim, e não quero um chefe de departamento que não
esteja do meu lado! Sou o Ministro da Magia e tenho todo o direito, e poder para fazer o que
bem entender! – berrou Kingsley de uma forma que nunca antes fizera com um
aliado. Ao perceber que acabara de cometer um dos maiores erros de sua vida,
Quim tentou se desculpar. – Harry, eu sinto muito... Eu, não queria fazer...
– Está tudo bem, ministro Shacklebolt – disse Harry, secamente. – Me de então
suas ordens definitivas e eu as cumprirei. Mas saiba que não concordarei com
nenhuma das ditas.
Kingsley ficou em silêncio e os demais o seguiram. O silêncio que pairara na sala
só era cortado pelas fungadas agressivas de Jugson e pelos roncos cômicos de
Gleeson, que parecia não estar mais se aguentando em pé.
– Eis então o que faremos – afirmou Kingsley, finalmente – McCallister, reúna
seus homens e peça a eles os nomes de todos os prisioneiros lançados ao Poço dos
Dementadores. O registro do Ministério conta que Azkaban possui em sua
totalidade um número de duzentos e treze presos, mas sabemos que o número é
menor. Divulgue ao Profeta um número de óbitos referente ao número de fugitivos.
Ninguém quase nunca vem à Azkaban, então ninguém saberá do ocorrido.
Dawlish, eu quero que vá ao Departamento de Execução das Leis da Magia e trate
de providenciar que haja o devido apoio psicológico as famílias merecedoras dos
prisioneiros mortos. Também quero que seus pertences apreendidos, se não
possuírem ligações com as Artes das Trevas, sejam devolvidos às mesmas. Harry,
você irá reunir seus melhores homens e mulheres e trate de investigar essa fuga a
fundo, porém por debaixo dos panos. Informe somente o necessário aos aurores e
me mantenha ciente de seus progressos. E senhores, eu quero que classifiquemos
tal ocorrido nesta noite como de ultrassecreto. Srs Cochrane, Ackerley e Murray,
também rogo pelo silêncio dos senhores. Também gostaria que jurassem por sua
magia nunca mencionar tal ocorrido nesta noite. Não gostaria de ter de apagar a
memória de nenhum membro do Corpo de Carceragem de Azkaban...
Kingsley providenciou que o juramento de Cochrane, Ackerley e Murray se
tornassem válido. Dando bastante ênfase de que eles nunca poderiam mencionar o
ocorrido, a menos que tudo fosse resolvido.
– Mas, ministro – arriscou Hardcastle quando o grupo de carcereiros se separava
dos demais para recolocar Jugson em sua cela. – se esses fugitivos começaram a
agir? Se provocarem algum rebuliço ou atitude ilícita antes que nós os
recapturemos?
– Caberá ao Quartel General ser flexível – disse Kingsley com passadas largas em
direção ao escritório de Gleeson, onde existia a única lareira que poderia retirá-los
da prisão. – Vocês terão de informar que há uma rebelião de bruxos descontentes. E
afirmar que estão investindo o máximo necessário para que tais movimentos
continuem.
Nem Harry nem Gleeson gostaram da versão falsa dita por Kingsley. Haviam
muitos riscos nesse emaranhado de mentiras e Harry não gostava nada do rumo
que toda aquela fantasia inventada por Quim fosse levar. Ele já fora acostumado a
ficar sempre alerta com relação a fatos que distorcessem a verdade e cada dado
apresentado por Kingsley possuíam muitas irregularidades, mas Harry preferira
ficar calado a atiçar ainda mais ao ministro.
Gleeson também chegara a algumas conclusões. Depois de tudo o que acontecera
estava decidido de que três únicas coisas são verdades neste mundo. De que um
dia tudo o que acontecera chegaria à tona; de que todos os que estavam na Sala de
Interrogatório seriam culpados; e que a vida na sociedade era muito difícil. Que
seria muito melhor se todos fossem como ele era. Apenas um lobo solitário.
Capítulo Dois
A Insônia
lvo Severo Potter despertara assustado durante a madrugada. Seus
olhos se arregalaram bruscamente, como se cada um fosse saltar para
fora de sua cara. O garoto de doze anos se erguera parcialmente de sua
cama, ficando sentado, porém ainda envolto em seus lençóis. Era
aquela hora da madrugada que nada é ouvido, nenhum barulho é
escutado, nada, a não ser o regurgitar da encanação por dentro das
paredes. Seu quarto, um aposento amplo e aconchegante, mas ainda um tanto
macabro, fazia parte de todo o apartamento que abrigava confortavelmente a
família Potter. Desde que conseguia se lembrar, Alvo morara no Largo Grimmauld
número doze, em Londres. Mesmo sendo ele tendo viver rodeado por retratos de
A
bruxos mortos e velhos, todos muito antipáticos, e de uma pintura em tamanho
real da última do Largo Grimmauld, Alvo gostava muito do lugar onde morava.
Nunca levara nenhum amigo de suas antigas escolas trouxas para casa. Alvo nunca
tivera muitos amigos pelas escolas por onde passara antes dos onze anos, talvez
porque ele era diferente, um garoto meio deslocado que vivia em um mundo que
eles não conheciam. Mas fora apenas uma fase. Era comum que os jovens bruxos
como ele tivessem dificuldades de relacionamentos com crianças trouxas,
desconhecedoras do mundo da magia. Talvez por isso muitos pais e guardiões de
crianças bruxas ainda prefiram ensinar o básico da magia para seus filhos em casa,
sem o contato com o mundo não mágico. Mas Alvo gostava dos trouxas, mesmo
pertencendo a casa mais conhecida como antitrouxas, ele crescera rodeado por
familiares que sempre se deram bem com os não mágicos.
Depois de chegar à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, tudo mudara. Alvo
ganhara novas amizades de garotos e garotas de diferentes famílias e
personalidades. Alvo conseguira cultivar algo muito complicado. Ter amigos de
todas as quatro casas de Hogwarts. Ele, Alvo, era membro da casa Sonserina, casa
conhecida por sua linhagem perfeita de puros-sangues que não aceitavam a mescla
da magia com os trouxas. Mas aos poucos sua casa estava se adaptando aos novos
tempos, mas ainda havia muito desgosto por parte dos sonserinos com os nascidos-
trouxas.
Alvo ficara imaginando como estariam passando as férias seus amigos. Onde
estaria Isaac Prewett, seu amigo de cabelos ruivos e pele sardenta que dividia o
dormitório da Sonserina com ele. Como estaria passando Agamenon Lestrange,
bruxo proveniente de uma mal vista família de puros-sangues, contudo que não se
mostrava nada assustador, mas que dispunha de grande coragem, por isso fora
integrado na casa Grifinória e era um dos melhores preparadores de poções que
Alvo conhecia.
E como estariam seus melhores amigos. Alvo pensara em sua prima Rosa
Weasley, a garota mais esperta que ele conhecia, e que durante as primeiras horas
da manhã estaria batendo à sua porta na companhia dos pais e do irmão mais
novo, Hugo. Depois pensou em Escórpio Malfoy, o garoto pálido de cabelos loiros
que, assim como Agamenon, provinha de uma família bastante suspeita. A família
Malfoy sempre vestira as vestes da Sonserina e se associara aos bruxos das trevas
mais malignos que o mundo um dia já possuíra, estava em seu legado, mas
Escórpio não o seguiu. Ele tivera um conturbado e caótico primeiro ano, pois
também fora selecionado para a Grifinória, e diferente de Agamenon, não foi aceito
na casa com mais facilidade. Os grifinórios negavam sua ligação com a casa, e por
muito tempo Escórpio não se importava, mas depois de ter se unido com Alvo, de
terem formado uma amizade que, junto com Rosa, conseguiram combater um
Comensal da Morte chamado Furius Yaxley.
Alvo se lembrava da aventura do ano anterior como se essa tivesse terminado no
dia que passara. E a manchete de primeira página que percorrera o jornal Profeta
Diário, o obrigava a lembrar do feito a cada vez que ele olhasse para seu pequeno
quadro de cortiça. Lá estava ele, um ano mais jovem, alguns centímetros um pouco
mais baixos e com uma odiada tipóia em um dos braços, posando para o fotógrafo
às portas do castelo de Hogwarts. Ao seu lado seus amigos, todos muito
orgulhosos com o fim da aventura, mas nenhum dos dois estava mais radiante que
ele.
Ele sempre gostava quando alguém o reconhecia. Talvez porque vivera
sentenciado a sempre se esconder na sombra de seu famoso pai.
Alvo se levantou da cama e passeou pelo quarto bagunçado até o quadro de
cortiça. Passou o dedo pela folha de jornal que ele recortara e por um segundo
pode sentir o cheiro da folha impressa invadir suas narinas. Pouco depois ele
baixou seus olhos para a fotografia que seu grande amigo, e afilhado de seu pai,
Ted Lupin, batera momentos antes de ele deixar o castelo de Hogwarts para as
férias. Lá estava ele com seus dois melhores amigos, mais Lucas Pritchard – um
garoto magro e loiro com grandes habilidades para o xadrez – Perseu Flint – que
possuía uma cara feia com dentes graúdos – e os Malignos, um grupo de alunos de
diferentes casas em Hogwarts que tinham como especialidades provocar
travessuras e brincadeiras na calada da noite pelos corredores de Hogwarts. Tiago
Potter, o irmão mais velho de Alvo, fazia parte do grupo, assim como Agamenon
Lestrange.
Alvo deslizou para perto de sua janela. Seus dedos dançaram pelo pano verde da
cortina, verde como os de sua casa (que coincidência). Mas tudo se explicava, pois
aquele quarto um dia fora de Régulo Black, um bruxo meio retardado e medroso
que seguira o caminho dos seguidores do Lorde das Trevas somente para provar
algo para os pais. Mas no final das contas, Régulo fora muito corajoso contrariando
omilorde e roubando o medalhão transformado em Horcrux. Régulo fora um
sonserino, assim como Alvo e a cada dia ele acostumava cada vez mais com o
verde.
Alvo olhara para fora de sua casa, para a rua que cortava o Largo Grimmauld.
Havia um poste tomado por ferrugem a poucos passos da porta encantada do
número doze. Sua lâmpada estava fraca, e piscava a cada intervalo de dez minutos.
Alvo já até sabia quando ela piscava, pois aquele problema já persistia por longos
meses. Uma moto trouxa cortou o ar e quebrou o silêncio com um potente ronco. O
motoqueiro parecia querer se exibir para o ninguém, pois deu um cavalo-de-pau
por duas vezes fazendo o motor roncar com mais vigor. Ele também tentou dar um
pinote, mas algo o atrapalhou e a roda da frente não se ergueu muito do chão. Alvo
forçou os olhos para tentar notar alguma característica da moto que se perdia por
entre a escuridão, sob os gritos de fúria da vizinha trouxa, a viúva do número treze,
de Alvo que acordara com o regurgitar do motor e agora despejava um dicionário
de palavrões que ele não conhecia. Talvez fosse uma BMW, pelo desenho da
motocicleta poderia ser uma do tipo. Mas o motor tinha cara de japonês. Será que
era uma Kawasaki? Alvo não tinha muita idéia, talvez seu tio-avô Elias pudesse
confirmá-lo somente ouvindo o som do motor.
O tio Elias era um homem legal. Alvo passara a maior parte das férias com ele e a
família na Toca. Por pouquíssimo Alvo e o restante de sua família não perdera a
Toca para uma família trouxa. Mas no último instante o tio Elias a arrematou com
um bem feito Feitiço da Memória. Assim como ele, seus filho e netos eram bem
legais, exceto o Douglas.
Barney Weasley era uma cópia escarrada do tio Percy. Parecia que os dois
haviam sido criados lendo todas as leis do Ministério, mas Barney acabara com um
emprego inferior ao do tio Percy, mesmo tendo habilidades semelhantes. Seu
irmão, Fábio Weasley, também era muito boa praça, tinha o mesmo dom do tio
Jorge de alegrar a família e contar piadas e ele estava se dando muito bem como
novo subgerente da filial das Gemialidades Weasley em Hogsmeade.
Suas esposas também não eram más pessoas. Ivone Weasley, a esposa de Barney,
sempre gostava de se mostrar perfeita. Não havia uma vez que Alvo a vira durante
todas as férias sem estar com um vestido bem arrumado, golas pontudas e
engomadas e um salto alto que mais parecia serem caninos de um Rabo Córneo
Húngaro. Já Mabel Weasley gostava de estar em contato com a terra, andar
descalça pelas hortaliças e passar a noite no telhado da Toca olhando para as
estrelas. Ela acreditava muito no poder dos astros, em procurar os desenhos das
estrelas e de testemunhas chuvas de meteoros. Alvo se perguntara como era Mabel
quando criança. Se ela sempre fora sonhadora e fantasiosa, no meio de uma
população de trouxas que não gostava muito do ar livre ou de crianças que
desenham dragões e fadas no verso de suas provas. Sim, Mabel era uma nascida-
trouxa.
Assim como a mãe, Jill Weasley era muito sonhadora. Ela era a mais velha dos
três netos de Elias Weasley. Ela também gostava de estar com os pés bem
enterrados na lama, de sentir a mistura de barro e água por entre os dedos.
Também gostava de Quadribol. Ao final das tardes, ela pegava a vassoura velha de
seu pai e dava voltas pelo campo improvisado do quintal da Toca, só parando para
sobrevoar a macieira e colher algumas maçãs.
Digory Weasley também gostava da vida campestre, mas também tinha um
grande forte para mecânica. Ele sorria mais vezes que uma hiena, mas gostava
mesmo de fazer objetos de papelão, elásticos e algumas porcas. Bem diferente de
seu irmão Douglas, que ficava trancado no quarto com suas entediantes coleções de
insetos, de partes de motores e pistões, e com seu melhor amigo: um diário velho e
úmido com frases secretas que Alvo nem imaginava sobre o que diziam. Todos
sabiam (até mesmo o próprio Douglas) que ele não era muito bom com pessoas, ou
com qualquer ser que tenha vida. Para ele, seria mais fácil desmontar uma Ferrari
que conversar e rir com outras pessoas.
Convencido de que não conseguiria mais dormir, Alvo voltou suas atenções para
seu malão semi-aberto recostado perto de sua escrivaninha. Ele, assim como o
restante de sua família, estava quase pronto para a viagem que faria no raiar do
dia. Assim que os primeiros raios do sol clareassem Londres, os Potter seriam
encaminhados por um motorista do Ministério da Magia para uma área particular
às famílias bruxas que viajariam para o Brasil, país sede da Copa Mundial de
Quadribol daquele ano. Alvo e a família assistiriam a grande final, que contaria
surpreendentemente com o país anfitrião, que nunca conseguira chegar a uma final
e com a Inglaterra que tentava acabar com um jejum de dez anos sem um título
mundial.
Alvo olhou para seu malão, e analisou o que já havia colocado dentro dele. Uma
pilha de roupas e calças bem confortáveis e macias (todos diziam que o clima
brasileiro era bem mais quente que o londrino); seu novo livro de feitiços que ele
pretendia ler quando estivesse completamente entediado; três pares de meias de
diferentes cores; um guia sobre a Copa Mundial que ele comprara em uma tenda
improvisada no final do Beco Diagonal, a qual disponibilizava algumas miniaturas
de jogadores famosos e resultados dos jogos previstos, aparentemente, pelos
melhores videntes da atualidade. Alguns malandros compravam as diferentes
cartelas com as ditas predições e aproveitavam a proximidade com o Gringotes
para realizarem algumas apostas com os duendes. “Não sabem no que estão se
metendo”, garantiu Harry ao pé da orelha de Alvo naquela ocasião.
A mala estava praticamente pronta, mas Alvo não tinha certeza se acrescentava
um último item. O garoto saltou por cima de seu caldeirão e abriu a gaveta do meio
de seu armário de supetão. Remexeu a gaveta amarrotando boa parte de suas
novasvestes para Hogwarts. E bem lá no fundo, rodeado por poeira e impregnado
com um cheiro de naftalina estava ele, o falso galeão que Alvo ganhara no final do
inverno passado. Alvo tomou o galeão nas mãos depois de muito tempo. Esperava
alguma coisa de especial do presente que recebera de um artesão medieval que se
intitulava o Caçador de Destinos, mas o medalhão nada de especial fazia. Era
brilhante, no início, como todos os outros, e agora se tornara fosco. É verdade que o
Caçador de Destinos lhe avisara que o galeão o ajudaria somente nos momentos de
solidão e dor, mas ele não parecia muito poderoso, ou até atraente.
Mesmo duvidoso com relação aos seus verdadeiros poderes, Alvo atirou o
galeão no meio da mala. Depois chutou a tampa que se fechou com um baque.
Não havia mais nada há fazer, a noite voltara a assumir o controle. Escurecendo
tudo e mergulhando o mundo no silêncio monótono. Nenhuma luz entrava no
quarto de Alvo, e ele só não se adaptava a escuridão porque de tempo em tempos a
luz fraca do poste externo clareava o quarto por alguns segundos.
Ele voltara para debaixo das cobertas. Girava para um lado, girava para o outro,
mas não conseguia encontrar uma posição confortável o suficiente para cochilar. O
mais fascinante que acontecera fora ouvir a descarga do terceiro andar soando com
um giro e fazendo a encanação da casa regurgitar com mais força. Lílian deve estar
usando o banheiro, ele pensou. Também poderiam ser seus pais, mas ambos
pareciam muito cansados quando foram se deitar.
Passados cinco minutos, Alvo continuava em claro. Um travesseiro havia sido
atirado para fora da cama e metade das cobertas tocavam o chão. Alvo levantara-se
mais uma vez. Talvez um copo de leite ou d’{gua o ajudasse a dormir melhor. Se
tivesse um pouco de sorte, esbarraria com Monstro e ele faria com que uns
biscoitos com gotas de chocolate fossem fervidos magicamente, mas a sorte de Alvo
não era uma das mais fortes. Se tivesse uma sorte tão intensa não estaria tendo um
ataque de insônia na véspera de sua viagem. Teria dormido tranquilamente como
seus pais e seus irmãos e não seria dominado pela ansiedade e não ficaria em claro
por metade da noite.
Alvo deslizou pelo carpete de seu quarto até a porta. A mão alisou a maçaneta.
Alvo estava prestes a abri-la quando escutou um estrondo...
Fora como se uma mancada fosse empurrada com força e em seguida Alvo ouviu
o estilhaçar de alguma peça de vidro ou de porcelana, pois seu estilhaçar pode ser
ouvido com veemência. Ladrão, Alvo pensou com o corpo gelando. Ele detestava
ouvir barulhos durante a madrugada. Sabia que o número doze do Largo
Grimmauld era protegido por um Feitiço Fidelius, mas após a morte do fiel de seu
segredo, ninguém menos que o Prof Dumbledore, muitas pessoas tomaram
conhecimento da existência da casa e Alvo ainda não se acomodara com a idéia de
Mundungo Fletcher ter poderes sobre a casa. Ele já a assaltara por algumas
vezesapós a morte de Sirius Black, e Alvo sabia que o bruxo malandro passava por
más marés. Fora pego com bandos suspeitos e era suspeito de contrabando e furtos.
O que o impediria de assaltar a casa? Se Fletcher estava precisando de dinheiro, por
que não arrombaria uma casa cheia de artefatos místicos e fantásticos?
Sem hesitar, Alvo se adiantou para perto da mesinha de cabeceira e agarrara a
varinha. Ele não podia fazer magia fora da escola, mas só sofreria as conseqüências
após a segunda irregularidade. Era bom ter por perto um perito em leis e em suas
brechas como Isaac Prewett. E a lei que restringia a prática de magia por menores
também assinalava que os menores poderiam usar magia em casos extremos de
vida ou morte. E como o Ministério classificaria um ladrão problemático com
problemas financeiros ameaçando uma varinha em sua direção? Alvo não ficou
muito tempo pensando nas conseqüências, se seu pai tinha mania de se o herói ele
também tinha, e parte de seu eu interior gostava disso.
Girando a maçaneta e saltando para fora do quarto, Alvo avançou para o andar
de baixo em direção a onde tinha certeza de que ouvira o barulho. A cozinha.
Alvo pisava cuidadosamente pelos degraus. Tentava fazer o mínimo de barulho
possível. Na madrugada até um simples fungar poderia ganhar proporções
capazes de acordar um homem em sono profundo. O garoto passara pelas cabeças
decapitadas dos antigos elfos que serviram a família Black. Legitimamente era bem
melhor passar por eles durante a manhã, já que a noite as sombras projetadas por
suas orelhas pontudas e pelos restos de seus narizes acentuados transformavam
cada cabeça em algo mais assustador. Com Monstro poderia ter o grande sonho de
ter sua cabeça ali, junto com a da mãe. Alvo não gostava de pensar muito como
seria ter a cabeça exposta naquelas circunstâncias e muito menos durante o Natal,
quando eram adicionadas barbas brancas e gorros vermelhos.
Ao chegar ao patamar da cozinha, Alvo gelou mais uma vez. Teve vontade de
voltar novamente para seu quarto e forçar sua mente a dormir. A figura do homem
que provocara o barulho estava agachada sobre a geladeira escancarada. Alvo
poderia ter visto seu rosto com a claridade gerada pela geladeira, mas esta estava
oculta pela porta da geladeira clara dos Potter. O homem vacilou e colocou mais
uma fatia de queijo em seu sanduíche improvisado. Havia mais alguma coisa junto
ao sanduíche...
Que audacioso! Pensou Alvo intrigado. O ladrão – além de provocar uma
barulheira como aquela e roubar alguns pertences da família – agora estava
preparando um mísero sanduíche com os suprimentos guardados para a viagem
do dia seguinte.
Antes de tomar conhecimento de seus atos, Alvo saltou mais a frente,
derrubando uma das cadeiras da mesa de jantar e chamando a atenção do homem.
Ele tentou chegar à varinha, mas o garoto fora mais rápido. Girara sua própria de
qualquer maneira fazendo com que a de seu oponente voasse para longe.
– Parado ai, ou eu te estuporo! – gritou Alvo apontando sua varinha de núcleo de
coração de dragão, trêmula, para o homem.
– Tudo bem, você me pegou. Mas poderia deixar seu pai fazer uma boquinha
antes de enfeitiçá-lo?
O homem abriu a geladeira mais uma vez, fazendo com que a luz do aparelho
eletrodoméstico incidisse sobre seu rosto. Harry Potter estava em pé, com as mãos
levantadas próximas às orelhas com uma aparência bastante faminta e sonâmbula.
Seus óculos estavam tortos sobre o rosto; os cabelos despenteados, cobrindo boa
parte de sua cicatriz em forma de raio. Um pé estava descalço, e Alvo pode ver o
sapato do pai jogado a alguns centímetros de onde se encontrava. As vestes
estavam amarrotadas e o cinto estava desafivelado. Harry não estava de pijama.
– Podemos clarear mais a cozinha, não é? Lumus – ele se adiantou até sua varinha
e a agitou, fazendo com que as lâmpadas da cozinha se acendessem, tornando a da
geladeira dispensável. – Creio que eu fiz mais barulho do que devia. Acordei você,
não foi?
– Não, eu já estava acordado – admitiu Alvo levantando a cadeira que ele
derrubara. – Acho que a ansiedade não me deixou dormir muito.
– Compreensível – falou Harry. – Também não consegui dormir muito bem nas
vezes em que fui ver a final da Copa Mundial...
– Deixem os pertences da casa de meus senhores onde estão! – berrou uma voz
asmática de rã velha, cortado a tranqüila conversa entre Alvo e Harry como um
arranhão no quadro negro. – Mundungo Fletcher, se for você eu juro que lhe farei pagar!
– Está tudo bem, Monstro – afirmou Harry para seu elfo doméstico.
Monstro, o velho elfo doméstico da família Potter, irrompera de sua toca de
baixo do fogão a mil por hora. Estava vestido somente com seu velho trapo que
cobria sua nudez e carregava ameaçadoramente uma frigideira antiga, coberta de
ferrugem e bastante amassada.
– Desculpe-me, meu senhor Harry. Mas Monstro ouviu uns barulhos, meu
senhor... Ouviu que algo se estraçalhando, meu senhor... Depois ouviu as cadeiras
caindo, mestre Harry... Monstro pensou... Monstro pensou que o ladrão Mundungo
estivesse voltado a roubar a casa de meus senhores. Monstro sabe que o ladrão
Fletcher não está em uma situação confortável.
– Está tudo bem, Monstro – repetiu Harry, dirigindo-se até o elfo e ajudando-o a
abaixar a frigideira. – Lamento se eu os despertei ao quebrar o prato que estava
equilibrando na porta da geladeira, mas eu já o consertei. Alvo também se
assustara com o barulho e acabara derrubando a cadeira. A culpa fora toda minha,
eu fui desengonçado.
– É. Desculpe-me, Monstro – disse Alvo.
– Meus senhores se desculpando com Monstro. Monstro fez os senhores dele
pedirem desculpas quando Monstro fora o inconveniente... Monstro malvado – e
começara a se castigar, batendo com a frigideira na própria cabeça – Monstro
malvado!
– Monstro, pare de se castigar! – bradou Harry agarrando a frigideira, tentando
impedir que o elfo continuasse se debatendo, mas Monstro se esquivava dos braços
de Harry, insistindo. – Monstro eu ordeno que pare!
E imediatamente o elfo parou.
– O que eu já disse sobre esses castigos? Poderia ficar mais calmo? Excelente –
Harry olhou para Alvo, analisando-o – Poderia esquentar um pouco de leite para
mim e para Alvo? E seria agradável se pudesse fazer uns biscoitos para ele
e aprimorar meu sanduíche.
– Como meu senhor quiser – falou Monstro, fazendo uma reverência tão
exagerada que seu nariz roçara no chão, criando uma linha reta no chão
empoeirado. – Monstro tem de limpar a cozinha enquanto meus senhores estão
fora de casa – completou o elfo, baixinho.
– Vamos, Al – chamou Harry contornando o braço sobre os ombros de Alvo e
encaminhando-o para fora da cozinha – Vamos esperar por Monstro na Sala das
Tapeçarias.
Eles vagaram pelo escuro primeiro andar. Alvo chegara a avistar o vulto que era
o retrato em tamanho real da Srª Black. Harry e Alvo contornaram o pé de trasgo
em forma de porta-guarda-chuva que Harry mantivera na casa para se lembrar dos
amigos perdidos durante a guerra. “Tonks sempre tropeçava nele” Harry contava
quando alguém repetia o fato.
– Por que me trouxe para cá, papai? – perguntou Alvo, mas essa não era a
verdadeira pergunta que gostaria de fazer.
– Por nada – respondeu Harry, secamente.
– E por que não está de pijamas?
Harry voltou a olhar para a cara sonolenta de Alvo. Depois, largou-se no sofá da
sala das tapeçarias da família Black e retirou o outro pé de seu sapato.
– Fui convocado pelo Ministério para... – Harry estava prestes a falar o que não
devia. O que jurara manter em segredo, mesmo não estando ao seu favor. – Fui
convocado. Houve, hum, um problema, e tive que ir para lá às pressas.
– Que tipo de problema o força a acordar e deixar sua casa às duas da manhã? –
Alvo estava curioso, mas já esperava que o pai não o respondesse diretamente.
Havia muitas coisas de sua vida profissional que Harry não podia dividir com os
filhos. Alvo não gostava muito delas, mas a entendia.
– Houve um problema em uma estação de metrô trouxa – falou Harry, o que era
verdade. – Um bruxo chamado Bram Blenkinsop estava enfeitiçando máquinas
derefrigerante para que elas espirrassem soda nos trouxas e os acertassem com
moedas de cinqüenta libras.
– Mas isso não é trabalho para o pessoal do antigo departamento do vovô
Weasley?
– Sim, mas... Blenkinsop estava fazendo mais estragos. Enfeitiçava também
trouxas para que eles fizessem imitações horríveis de galos e macacos. Tivemos de
intervir.
Mesmo sem ser muito convencido, Alvo assentiu, e largou seu corpo no sofá, ao
lado de seu pai.
– Por que me trouxe para cá? – perguntou Alvo. Ele pode sentir o corpo de seu
pai relaxar. Harry parecia ter adorado ter uma desculpa para não insistir na
conversa de sua ida ao Ministério.
– Porque mesmo depois de anos morando aqui: esta sala ainda me intriga –
admitiu. – Sabe, Al, como a família Black era conservadora, astuta e ou mesmo
tempo maligna e injusta, isso me intriga. Observo essas tapeçarias e as associo a um
quebra-cabeça, onde nem metade de sua escultura fora desvendada. Gosto de vir
para cá para tentar desvendar os segredos das tapeçarias. Descobrir possíveis laços
que foram queimados junto com as fotos de alguns deles. Você sabe, meu padrinho
Sirius gostava de dizer que“sempre que a família produzia alguém razoavelmente
descente, ele era repudiado”? E é a mais pura verdade.
Seus olhos verdes, iguais aos de Alvo, percorreram as imagens dos membros da
família Black que foram queimados das tapeçarias.
– Eduardo, Fineus, Isla, Mário, Alfardo, Andrômeda, Cedrella,, Sirius... – Harry
murmurou sem pensar no que ele estava falando, seus olhos ainda deslizando
pelas tapeçarias – Todos os que possuíam um pingo de decência, foram cortados...
Aliás, nem todos...
– O que quer dizer, papai? – arriscou Alvo, no instante em que Monstro entrara
na sala carregando a bandeja de prata com os biscoitos, o leite e o sanduíche de
Harry.
– Monstro trouxe o lanche noturno de meus mestres – disse o elfo com
rouquidão. – No que mais Monstro pode servir aos meus senhores?
O rosto de Harry parecia clarear sobre os lustres desenhados em forma de
aranhas gigantes com lâmpadas foscas cobertas por cúpulas verdes que tornavam o
ar mais: fantasmagórico.
– Monstro, poderia, por favor, contar para mim e à Alvo o porquê da linhagem
de Dorea Black nãos estar contida nas tapeçarias? – ele perguntou abocanhando seu
multiplicado sanduíche, bastante aperfeiçoado por Monstro.
Alvo olhou de seu pai para Monstro e depois para o retrato de Dorea Potter, uma
bruxa de cabeleira loira, pele pálida e olhos amarronzados, muito penetrantes e
sedutores.
– Ah, sim mestre Potter – falou Monstro fazendo outra reverência exagerada.
Dessa vez, seu longo nariz passou pelo carpete da Sala das Tapeçarias, provocando
uma série de espirros irritantes. – Madame Potter era tia de minha antiga senhora.
Ela se casara relativamente tarde, meu senhor. Monstro se lembra lucidamente do
casamento de Madame Potter com o Sr Charlus. Eu já era um jovem elfo quando
servi, ao lado de minha honorável mãe, algumas taças de vinho de elfo para os
convidados do casamento. Todos gostavam de Dorea. Ela seguia as tradições da
família, admito que ela não fosse a mais rígida com relação aos aspectos sanguíneos
dos que a rodeavam, mas nunca se constatou que ela teve relações afetivas com
sangues... ham, nascidos-trouxas. Mas aí veio aquela noite...
“Quando o filho mais velho de minha antiga senhora, Sirius, fugiu de casa, ele se
abrigou na casa de Dorea, que era mãe de seu melhor amigo. Minha senhora quis
bani-la da família Black, assim como fizera com seu irmão Alfardo. Mas na época,
era seu sogro, meu antigo senhor Arturo era quem representava o caráter de chefe
da família Black. Ele negou o pedido de minha antiga senhora, enfatizando que
Dorea não merecia ser subjugada, pois diferentemente de Alfardo, ela não
procurara Sirius para abrigá-lo, ele a procurara.”
“Mas minha senhora guardara rancor de sua tia e não permitiu que seu filho,
notavelmente seu primo de primeiro grau, fosse reconhecido na árvore genealógica
da família Black. E para o deleite de minha senhora, o menino Potter acabara se
esposando com uma nascida-trouxa, tornando inviável sua adesão junto aos outros
demais membros da família Black.”
– Estou grato por sua narração, Monstro – admitiu Harry sem olhar para o elfo.
Seus olhos brilhavam de alegria, conforme ele encarava a imagem de Dorea Potter.
– Por que eu não pensara nisto antes? Ah, Monstro, será que poderia trazer-me uma
dose de uísque de fogo? Leite com sanduíche não me irá por para dormir como
antigamente.
Sobre uma nova referência, Monstro aparatou com um estalo. Sumindo de vista.
– Alvo, eu tenho a honra apresentar-lhe as imagens de seus bisavós – disse
cordialmente Harry, indicando com o dedo sujo de maionese para os nomes de
Dorea e Charlus. – Que mais uma fez, mostraram que os ideais de Sirius estavam
corretos.
Alvo permaneceu em silêncio. Já sabia de tudo aquilo, mas não conhecia a
verdadeira história que envolvia a disputa familiar entre sua bisavó e a Srª Black.
De um lado, uma mãe nada maternal lutando com todas suas unhas bem feitas e
armas disponíveis para castigar aqueles que haviam ajudado seu desprezado filho
a fugir de casa. E do outro, uma bruxa adorada por toda sua família, defendendo-
se dos ataques irracionais de uma sobrinha mimada e impulsiva. Mas ele não
queriaestragar a alegria de seu pai. De revelar a ele que já tinha conhecimento de
seu parentesco com Dorea Black e que soubera de tudo por um parente
bastante lúdico.
– Por que você acha que a Srª Black tentara expulsar todos os que ajudaram
Sirius a fugir de casa se ela o detestava tanto? – ele perguntou tentando
desvencilhar seus pensamentos da visão que tivera da Srª Potter no início do ano –
O lógico seria ela estar bem agradecida a essas pessoas que providenciaram que ela
se desse livre de sua prole indesejável.
– Se o coração de uma mãe fosse lógico, elas seriam máquinas bem aparafusadas
e viriam com um manual de instruções bem simplificado – respondeu Harry
ajeitando suas roupas e empurrando os farelos de seu sanduíche para baixo do
sofá. – Não sei o porquê de a Srª Black lutou tão arduamente para impedir que seu
filho a deixasse a flor da idade. A consciência provavelmente deve ter pesado.
– Você já pensou em restaurá-la? – tartamudeou Alvo limpando os farelos do
biscoito de sua boca. Ainda restavam três biscoitos com gotas de chocolate e
metade de leite em seu copo. – As tapeçarias.
– Várias vezes – afirmou Harry.
Em seguida: Monstro surgiu.
– Lamento a demora, meu senhor. A garrafa de vinho havia sido posta em outro
local. Monstro teve de utilizar um Feitiço Convocatório para encontrá-la – o elfo
estalou os dedos e a garrafa com um líquido arroxeado como se fosse inteiramente
feito de uva parra recém colhida. O vinho escorreu pela boca da garrafa e entrou
em contato com a superfície gelada da taça. O líquido fez menção de escorrer, mas
não o fez. Bolhinhas de gás emergiram do fundo do copo, graciosamente.
– Está dispensado, Monstro – disse Harry recolhendo a taça. – Pode voltar a
dormir.
Dessa vez Monstro não fez reverência, apenas deixou o aposento.
– Como eu ia dizendo, Al... Sim, eu já tentei restaurar as tapeçarias, indaguei até
ao pintor que dera um trato no retrato da Srª Black sobre quanto custaria o serviço.
Mas tendo relações estreitas com os Weasley, se eu quisesse
reformar completamente as tapeçarias teria de desembolsar uma boa quantia.
– Mas seria legal! – exclamou Alvo, animado.
– E você poderia ver seus amigos todo dia – contou Harry analisando a taça de
vinho, mas sem levá-la a boca. – Muitos de seus colegas teriam um retrato aqui.
Veja, se restaurássemos a foto de Mário Black, teríamos de acrescentar seus
descendentes, o que chegaria a seu amigo Lívio. Completaríamos a linhagem dos
Malfoy e Escórpio ficaria mais ou menos ali. Também colocaríamos seu
companheiro de dormitório Isaac Prewett entrelaçado junto aos descendentes de
Inácio e Lucretia Prewett. Mas não me sentiria muito à-vontade em colocar a foto
da tia de Isaac nas tapeçarias.
– Você a conheceu?
– Sim. Logo depois do final da guerra, quando Kingsley já havia recolocado a
Grã-Bretanha nos eixos, seu avô conseguiu mais alguns ingressos para a Copa do
Mundo na Irlanda. Naquele tempo, sua avó e o avô de Isaac, Geraldo, estavam
voltando a se entender bem, após a discussão que ambos tiveram...
– Que tipo de discussão? – quis saber Alvo intrigado.
– Não sou a pessoa certa para lhe dizer isso com muitos detalhes, sua mãe
saberia mais do que eu, mas... Se não me engano... Geraldo Prewett pedira para que
sua avó conseguisse uma vaga para seu filho mais velho em Hogwarts. Geraldo era
um aborto, mas eu filho é, como nomeamos agora, um semi-aborto. Uma pessoa
com pouquíssimos dons da magia, mas que geralmente possui conhecimento para
executarem feitiços simples como a levitação e gerar pequenas explosões. Sua avó
enviou uma carta a Dumbledore, pedindo que reconsiderasse a situação de
Benjamim, mas ele recusou. Geraldo ficara desgostoso e rompera o último laço que
possuía com os Weasley e com o mundo da magia. Mas em meu quarto ano veio a
surpreendente notícia de que a filha mais nova de Geraldo nascera com dons
mágicos. Geraldo voltou a ter contado com sua avó, desesperado, implorando para
que ela o perdoasse pelo modo como agira que ele se arrependia e que suplicava
para que ela integrasse Mafalda no mundo da magia. Você conhece o enorme
coração bondoso de sua avó. Ela se encheu de emoções e aceitou as desculpas de
Geraldo. O que me leva à Mafalda.
“Como disse, seu avô conseguira uns ingressos para as semifinais e finais da
copa da Irlanda. Molly o pedira que permitisse que Mafalda os acompanhasse, já
que Gui e Fleur não viajariam, pois Vitória possuía apenas seis meses de
vida. Todos nós tivemos uma mesma opinião sobre Mafalda: ela era insuportável. E
sua tia Hermione cansara de alertar aos demais sobre a garota. Ambas, mesmo com
certa diferença de idade, eram inimigas declaradas.”
Alvo ficara imaginando porque a tia Hermione se tornara inimiga da tia de Isaac.
Mas ele não quis perguntá-lo.
– Não tenho mais informações sobre os demais descendentes dos Black
renegados – a voz de Harry ecoou pela sala, mas ele não parecia muito presente. –
Se não me engano: Alfardo não teve filhos e Fineus Black possuiu apenas uma
filha. Mas ainda me pergunto por que Araminta Melíflua está fazendo ali.
– Sobre o que está falando, pai?
– Essas tapeçarias deveriam conter apenas herdeiros diretos da família Black. Mas
o verdadeiro sobrenome de Araminta é Goyle. Ela é filha da irmã de Irma Crabbe,
Cindra. A qual era casada com Plauto Goyle. Possivelmente os membros da família
Black ficaram tão encantados com as atitudes que os Goyle tomaram junto ao
Ministério, que abriram uma brecha e conseguiram engajar Araminta na árvore
genealógica – e antes que Alvo pudesse perguntar, Harry completou. Plauto
Goyletomara grande partida nos movimentos antiduendes. Ele conseguiu aprovar
uma lei que restringia a prática de magia por duendes. De certo modo de vista a lei
feita aprovar por Goyle era notável. Mas suas reais intenções eram: anular por
completa a magia da Duendidade. Mas o pessoal do Serviço de Ligação com os
Duendes vetou quaisquer intenções de Plauto. E Araminta, bem, tentou aprovar a
força uma lei que tornava a caça á trouxas legal. Sem sucesso.
– Eles eram bem sombrios – concluiu Alvo, olhando mais uma vez para as
tapeçarias.
– Sim – concordou Harry. – Geniais, mas sombrios. E com umas tradições bem
sinistras. Sabe filho, acho que nós, os Potter atuais residentes do número doze do
Largo Grimmauld, antiga residência dos Black, poderíamos começar novas
tradições. O que me diz, Al? – ele ergueu a taça com vinho dos elfos, sustentando-a
pouco acima de sua cabeça. Alvo o seguiu, com seu copo de leite bebido até a
metade. – Para todos os bruxos e bruxas que seguiram seus ideais e os levaram até
o último suspiro. Para você, Arthur, meu querido sogro, para Sirius, meu padrinho
e o primeiro homem que eu concederei como um pai. Para meu mentor,
Dumbledore, que dera o seu melhor até o fim de sua ilustre vida, somente para me
guiar até o final caminho certo sem me ferir... Para meus verdadeiros pais... Para
Dorea e Charlus Potter, que acolheram Sirius quando ele fugira de casa... E para
você, Alvo. Meu filho, minha generosa prole. Uma dádiva, assim como Tiago e
Lílian... Que já demonstrara no ano anterior que aprendera muita coisa comigo.
Eles brindaram. Alvo tomara um generoso gole de seu leite, esvaziando o copo.
Harry o seguira da mesma maneira. Alvo limpara o bigode branco que o leite
formara e recostara no braço magro, porém mais musculoso de seu pai. Ele deu
mais uma olhada pelas tapeçarias, imaginando como elas seriam completas, sem as
marcas de queimadas. Ele girara os olhos duas vezes, até que esses saíram de foco.
Finalmente ele vencera a insônia que o mantivera acordado até aquele momento.
Finalmente adormecera. E Harry fora incumbido de velá-lo até seu quarto, até sua
cama. Cuidadosamente para não despertá-lo.
Capítulo Três
Colégio Interno de Magia Bruxolunga
lvo, acorde logo! Parece que acabou de dormir! – gritava Tiago Potter
correndo pesadamente pelas escadas do Largo Grimmauld para cima
e para baixo eletricamente. Como se acabasse de beber três garrafas
térmicas inteiras de café expresso.
Alvo queria berrar apara o irmão que não o amolasse. Que ele não
tivera uma noite nada confortável ou tranqüila, mas resolveu ficar em
silêncio, pois anda estava pouco zonzo.
Quando saiu do quarto ainda trajando seu conjunto de pijamas,
Alvo se deparou com um Tiago que ele nunca vira. Ele já possuía treze
anos (cursava o terceiro ano de magia em Hogwarts), e já era alguns centímetros
mais alto que Alvo – mesmo tendo diferença de apenas um ano. Tiago usava uma
coleção de roupas bastante extravagante e nada discreta. Usava um blusão cor
–
A
mastim sobre uma jaqueta de algodão listrada em azul, as pernas eram cobertas
por um habitual jeans, mas o que mais chamava a atenção era o chapéu festeiro que
ele usava. Era grande como uma cartola, porém era uma imitação de pele de lebre
muito mal feita. Era totalmente branco, exceto por uma cruz vermelha
simbolizando a bandeira da Inglaterra. Mas o mais interessante eram os grupos de
pequeninos hipogrifos que disputavam longas e intermináveis corridas ao redor da
aba do chapéu. Volta e meia uma das criaturinhas se exaltava e começava a
levantar vôo a alguns centímetros do abobalhado chapéu comemorativo de Tiago,
mas ele nem ligava. O que mais o incomodava eram os óculos cada vez mais
grossos que ele era obrigado a utilizar. No ano anterior Tiago brigara com unas e
dentes para não ter de colocar seus óculos, mas agora seu grau de miopia estava
maior e era inviável que ele não os utilizasse. (“Não quero a droga dos óculos que
meu médico trouxa est{ me empurrado”). Era o que ele gritava sempre que era
forçado a utilizar os óculos redondos, feios e fora de moda. Depois de muitas
discussões todos chegaram a um consenso e Tiago ganhara um novo par de óculos
da Globular & Frebbes Óptica – a melhor do mundo da magia.
– Sabia que tínhamos de nos camuflar perante os trouxas, mas acho que você
exagerou um pouco, Alvo explosivim – riu Tiago analisando os trajes de dormir do
irmão. – Tudo bem, acho legal que queria que todos trouxas pensem que você está
indo para uma festa do pijama.
– Não enche – bufou Alvo fuzilando seu irmão mais velho com seus olhos
verdes, no exato momento em que sua mãe Gina e sua irmã mais nova Lílian
desciam as escadas.
– Alvo Potter, pare de encarar seu irmão desta maneira hostil – censurou a mãe
se levantar os olhos dos cabelos ruivos de Lílian, que ele tentava fazer com que
ficassem mais bonitos do que já eram com o auxílio de sua varinha. – E por que
ainda está depijamas? Seus tios chegarão em poucos minutos e os carros do
Ministério não mais que isso. Então, se não quiser ficar aqui em casa o resto de suas
férias trancado com Monstro, só saindo para ir ao Beco Diagonal para comprar seu
material didático, eu o aconselho a trocar de roupas!
– Ah, mamãe, o que está fazendo?! – exclamou Tiago em um forçado tom de
surpresa. – Está vestindo Lílian com as cores da oposição, do inimigo!
Tiago apontava energicamente para as roupas verdes e amarelas de Lílian. Sua
camisa era completamente amarela com pequeninas bolinhas brancas, sua saia era
verde esmeralda e as fitinhas encantadas que se prendiam em seus cabelos também
eram amarelas, porém com listras verde musgo.
– Tiago Potter, se começar a tratar o Brasil, adversário da Inglaterra na final do
Quadribol, como um rival, você também fica aqui em casa com Monstro, entendeu
bem? – Gina se fez o mais clara possível.
– É que sou fiel ao meu país – ele garantiu apontando para o chapéu de falsa pele
de lebre com hipogrifos correndo. Lílian abafou um risinho.
– E você pensa em sair pelas ruas de Londres com este chapéu maravilhoso?
Rápido, guarde isso em sua mochila e nem pense em usá-lo antes de chegarmos na
parte mágica do Brasil!
Alvo não ficou esperando para ouvir os protestos de Tiago ao seu favor.
Novamente ele mergulhou nas sombras de seu quarto e retirou do armário de
quatro pés em forma de patas de centauro as roupas que já separara para a viagem.
Ele demorou o máximo que podia para se trocar. A cada dois minutos um grito
de um de seus parentes rompia o silêncio em seu quarto o convocando para o café
da manhã.
– Alvo, anda logo! Seus tios já devem estar quase chegando – alegou Gina ao
finalizar o penteado de Lílian, que não parava de perguntar:
– Falta muito para eles chegarem?
Um pouco aborrecido, Alvo colocou o pé esquerdo de seu tênis e desceu para a
cozinha, onde Monstro já havia preparado um farto café da manhã e seu pai e
Tiago já tinham os pratos repletos de comida.
– Tiago, eu já mandei tirar esse chapéu de hipogrifos! – bradou Gina ao descer as
escadas pouco depois de Alvo. Ela preparou o prato da filha e depois encarou Alvo
com seus olhos detalhistas. – Filho, você está passando bem? Está meio pálido e
abatido... Tem certeza de que quer viajar?
– Claro, não perderia a viagem por nada neste mundo! – exclamou Alvo
arregalando os olhos e dando uns tapinhas em suas bochechas par que elas
corassem.
– Alvo só não dormiu muito bem durante a noite, Gina querida – explicou Harry
entre goladas de leite e garfadas de salsicha. – Teve uma noite de ansiedade, o que
é normal para a idade dele. Nada que uma dose de suco de abóbora não resolva.
E dizendo isso, Harry sacou sua varinha e apontou para a garrafa de suco de
abóbora, que levitou alguns centímetros da mesa e flutuou até perto de Alvo, que a
agarrou com a ajuda de seus reflexos de apanhador, para delírio dos mini
hipogrifos do chapéu de Tiago.
– Guarda isso! – bradou Gina mais uma vez, o que fez com que suas orelhas
ficassem vermelhas como seus cabelos cor de fogo.
Tiago prontamente arrebatou o chapéu de hipogrifos com uma das mãos e
sentou em cima dele. Abafando os uivos de dor e indignação das pequenas
criaturas.
Dez minutos depois os Potter já terminavam o café da manhã (Alvo teve certa
dificuldade para comer tendo o estômago completamente revirado) quando a
campainha do número doze do Largo Grimmauld soou. Feliz por ter uma desculpa
para deixar a mesa, Alvo saltou para fora da cadeira e correu para o patamar de
cima, seguido calcanhar a calcanhar por seus dois irmãos.
Correndo e ofegante, Alvo saltou mais rápido que Tiago para perto da maçaneta
e a girou, destrancando automaticamente a porta de sua casa. Quando a abriu ele
teve uma leve visão de três pessoas de cabelos cor de fogo e uma em tom castanho.
Mas tudo isto fora apenas por um breve segundo, pois logo depois uma rajada de
ar, misturada com alguma coisa muito peluda, feia e maciça voou na cara de Alvo,
jogando-o para trás.
– AI!
O garoto caiu com um baque de costas no chão. A coisa que mais parecia um
espanador de poeira se contorcia no rosto de Alvo arranhando com suas garras
afiadas seu rosto. Um rangido de dentes triturando não parava de zumbir no
ouvido de Alvo, até que a criatura deixasse seu rosto e começasse a saltar pelos
móveis sinistros do Largo Grimmauld.
A criatura mais parecia uma doninha muito mal cuidada e rebelde. Seus olhos
pareciam contas negras e sua língua parecia não caber mais na boca, visto que ela
dançava do lado de fora, roçando na pelagem loira amarronzada do bicho. De um
lado de seu focinho três indistintos pelos brotavam das pontas, sendo que do outro
lado eram apenas dois. E seu corpo mais parecia ser feito de uma mola de
automóveis, pois a criatura se esticava e se comprimia como se não possuísse ossos.
O que aumentava o estrago que ele proporcionava.
– Já chega Dexter! – chiou a inconfundível voz de Rosa Weasley, a prima de Alvo
que também estudava em Hogwarts e que possuía a mesma idade que ele. Rosa era
bonita e atraente e possuía uma inteligência muito aguçada e rara. Alvo só
conhecia uma pessoa mais inteligente que Rosa, sua mãe, a tia Hermione. – Sinto
muito, Al. Nós o compramos no Beco Diagonal há uma semana para ele ser meu
bichinho de estimação de Hogwarts, já que a coruja ficará para Hugo para quando
ele começar em Hogwarts. Dexter ainda precisa se acostumar mais conosco, mas...
– ela ofegou quando tentava arrancar Dexter de dentro da porta-guarda-chuva em
forma de pé de trasgo. – Mas estamos o tratando com o máximo de zelo e carinho
que ele poderia ter.
– Humpf, fale por você – disse o brincalhão tio Rony entrando na casa dos Potter
e cumprimentando a seus sobrinhos. – Por mim não tínhamos nem comprado esse
bicho idiota! Eu preferiria outro rato.
– Claro, para depois saber que ele também é um assassino foragido – falou Harry
ao pé da escada que levava para a cozinha, recebendo os cumprimentos do melhor
amigo e cunhado.
– Desculpe pelos arranhões, Al – lamentou a tia Hermione docilmente. A tia
retirou sua varinha do bolso de sua calça e a apontou para os arranhões no rosto de
Alvo. Como uma canção, Hermione começou a recitar um feitiço que
instantaneamente cicatrizava e ocultava os ferimentos no rosto de Alvo.
– Por que trouxe um monstro desses aqui para casa! – exclamou Alvo, agora não
mais arranhado, mas não menos tenso nem surpreso.
– Vou levá-lo para o Brasil! – respondeu Rosa com naturalidade. – Será uma
oportunidade maravilhosa para ele reconhecer melhor a mamãe.
– Mas que bicho é esse? – perguntou Tiago cobrindo com as costas seu chapéu
festivo inglês de hipogrifos, visto que o animal estava mostrando grande interesse
na peça. – É um furanzão abortado ou uma mescla sobrenatural de furão?
– Na verdade, segundo a senhora que trabalhava n’ Animais M{gicos, o Dexter é
uma mistura de furanzão e furão comum. Ele realmente lembra mais a um
furanzão, mas não tem nenhuma habilidade formidável, exceto a elasticidade de
seu corpo que é bem superior ao dos furões comuns.
– Que horas chegam os carros do Ministério? – perguntou o tio Rony
consultando seu relógio de pulso.
– Vamos logo papai! – disseram Hugo e Lílian ao mesmo tempo para seus
respectivos pais.
– Fiquem calmos vocês dois! – pediu Gina fazendo a última contagem das
mochilas.
– Pedi a Marieta Edgecombe para que os carros chegassem pontualmente às dez
horas. O que deve ocorrer dentro de exatos vinte e três minutos.
– E o que pretende que façamos em vinte e três minutos? – perguntou Tiago
dando uns passos para longe de Rosa, e conseqüentemente de Dexter, que não
parava de ronronar para ele.
– Por que não mostra a casa para o novo bichinho de Rosa? – brincou Alvo
soltando um risinho meio que forçado.
– Por que você não o leva para conhecer a casa? – retrucou Tiago.
– Já tive muita emoção e marcas de meu primeiro e último encontro com esse
bicho – Alvo apontou para os lugares onde estiveram seus arranhões. – E você
como bom cavalheiro e anfitrião deveria dar as boas-vindas de nossa casa para
vosso ilustríssimo Lorde Dexter, o furanzão eloqüente e sanguinário.
– Por que não checam se não estão esquecendo nada. Assim que entrarmos nos
carros do Ministério, nós não voltaremos para buscar nada!
Alvo prontamente saltou para perto de sua mochila e retirou do bolso lateral
secreto uma bolinha de vidro pequenina que continha uma fumaça esbranquiçada
em seu interior. Alvo tateara seu Lembrol com os dedos lentamente, esperando que
a fumaça ficasse vermelha, mas nada ocorreu.
Como a Srtª Edgecombe, secretária do Ministro da magia havia aprovado e
enviado, os carros particulares do Ministério haviam chegado ao Largo Grimmauld
pontualmente às dez horas. Eles eram dois. Ambos eram tingidos em uma
tonalidade roxo-escuros com as maçanetas douradas. Os motoristas saíram
sincronizadamente de seus respectivos bancos e ajudaram os Potter e os Weasley a
acomodarem suas malas no interior de cada carro.
– Harry, querido, você poderia ir com um carro com Tiago, Lílian, Hugo, eu e
Hermione? Rony, você deverá ir com outro carro, o que têm mais malas, com Alvo
e Rosa – organizou Gina fazendo contas com os dedos assim que as malas já
haviam sido embarcadas.
– Eu preferia pelo Nôitibus Andante – afirmou Tiago segundos antes de
mergulhar dentro do primeiro carro do Ministério. Tal desejo deixou muito
aborrecido o motorista do carro que, visivelmente não concordava que o ônibus
para bruxos e bruxas perdidos fosse melhor que seu ilustre carro.
– Você só irá utilizar o Nôitibus em casos de extrema necessidade ou quando eu
estiver louca e internada no St Mungus caso lhe de permissão para utilizá-lo – disse
Gina posicionando-se para entrar no carro. – Não confio muito em Ernesto Prang.
– Vamos logo, Al – encorajou o tio Rony colocando a mão sobre o ombro de
Alvo. Mas ele tanto aflito com relação com o par de olhos intrigados e suspeitos
que o fitava.
– Ele tem mesmo que vir conosco? Acho que a gaiola dele está muito
mais prazerosa.
– Boa tentativa, Alvo – falou Rosa acariciando Dexter com as pontas dos dedos
da mão direita. – Mas Dexter gosta de ficar com a cabeça para fora da janela,
pegando ar puro.
Mas Alvo não sabia quanta pureza Dexter conseguiria captar estando eles
circulando pelo centro de Londres, com todos aqueles escapamentos de gases dos
carros, das fumaças lançadas pelas fábricas e todo aquele barulho incompreensível
das vozes dos trouxas andando pelas calçadas falando alto em seus celulares.
Quando Alvo entrou no carro do Ministério, se arrependeu de ter insistido tanto
para permanecer do lado de fora. Era como estar no interior de uma limusine (que
Alvo tinha uma vaga noção de como seria mesmo nunca tendo entrado em uma). O
chão era de mármore bruto negro e as paredes revestidas de veludo lilás escuro.
Luzes de neon desenhavam os contornos do carro e chegavam a duas pilhas de
doces e guloseimas que Alvo já tanto vira durante seu ano letivo em Hogwarts e
durante a viagem de ida e volta no Expresso Hogwarts.
– Papai nunca conseguiu alugar um desses – garantiu o tio Rony fechando
brutalmente a porta do carro, o que fez com que seu interior balançasse. – Para
onde fora marcado o ponto de encontro do Ministério?
– Pista de pouso do Aeroporto de Londres Heathrow – informou o motorista,
irritado pelo completo desleixo do tio Rony com relação ao bom funcionamento de
seu carro.
A viagem transcorreu de maneira formidável. Alvo logo descobriu que o interior
do carro era encantado, pois ele conseguia andar de um lado para o outro sem
bater com o cocuruto no teto solar. O único inconveniente, é claro, era Dexter, que
saltava do colo de Rosa para perto do monte de pacotes de Sapos de Chocolate que
Alvo e o tio Rony haviam empilhado desordenadamente. Alvo havia tirado o
antigo ministro da Magia Rufo Scrimgeour, Andros, o Incrível, Bertie Bott, mais
duas cartas de seu pai e uma do tio Rony.
– Posso ficar com ela? – perguntou indelicadamente Rony, fitando por entre os
dedos de Alvo seu eu mais novo piscando para ele e exibindo um distintivo que
mal se dava para perceber.
– Tudo bem, já tenho uns trinta iguais a esse – afirmou Alvo.
Rosa por sua vez estava muito concentrada em um pedaço de pergaminho meio
mal tratado e rabiscado com tinta preta. Era uma lista de livros e muitos deles já
haviam sido ticados.
– Posso dar uma olhada?
– É nossa lista de material, Alvo. Você já deveria tê-los decorado de cor! –
exclamou perplexa Rosa. – Mas tudo bem, talvez você possa me dar umas dicas.
Nosso novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas exigira uma quantidade
de livros muito complicada de se encontrar. Nada parecida com os do Prof Silvano
no ano passado.
Alvo não pode deixar de lembrar-se do pobre Mylor Silvano, seu antigo professor
de Defesa contra as Artes das Trevas, que no ano anterior fora equivocadamente
apontado por ele e por seus amigos de assassino e revolucionário, quando na
verdade ele só tentava proteger ao mundo; e no final acabara vítima de uma leva
de perigosos feitiços e fora encaminhado por tempo indeterminado ao Hospital St.
Mungos para Doenças e Acidentes Mágicos.
Alvo percorreu com seus atentos olhos verde a lista de matérias de Rosa.
Lista de Material para Alunos da Segunda Série
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de Artemusa Firecawl
– Veja! Escolheram um livro do pai do Lucas para a escola e... Ei, você vai mesmo
fazer a aula do Monomon novamente? – Alvo não parava de discutir com seu eu
interior se iria voltar à aula do professor Artabano Monomon, que no ano passado
fora controlado pela Maldição Imperius e quase o levara para a morte.
– Sim, ele fora inocentado de todas as infrações cometidas e estava claro de que
ele estava sendo controlado por Yaxley. E ele é um ótimo professor, diga-se de
passagem. Também...
RASGO!
Próximo ao banco do motorista encontrava-se Dexter com as garras enfiadas no
estofado do banco lilás e com a boca cheia de revestimento de algodão.
O motorista do carro desviou o olhar do trânsito londrino e observou a periferia
de sua visão, chegando até ao furão que destruíra seu estofamento. Vermelho como
uma pimenta malagueta ele começou a esbravejar e a tentar agarrar Dexter com
uma das mãos. O carro balançava de um lado para o outro, fazendo com que as
rodasavançassem pelas calçadas e que os trouxas desavisados berrassem palavrões
e enfiassem os punhos nas buzinas de seus carros.
– Esse rato desprezível vai para uma gaiola JÁ! Vejam só o que ele fez com o
estofado do meu carro! Vai custar uma fortuna para concertar isso! Sem falar que o
meu chefe vai me oferecer para os dementadores!DEMENTADORES!
Quando o carro roxo do ministério parou no estacionamento do Aeroporto de
Londres Heathrow, o motorista do ministério da Magia não estava tão animado ou
eficiente quanto antes. Ele se mostrava aborrecido, mas ao mesmo tempo aliviado,
quando colocou as malas para fora de seu carro. E ainda teve tempo
de acidentalmente deixar a gaiola de Dexter cair no chão com um baque
ensurdecedor de metal se chocando.
– Esse furão idiota me faz até ter saudades da escova de sapatos velhos da
Hermione que era o Bichento – admitiu o tio Rony num sussurro bem audível para
Harry. Que não conteve um ligeiro sorriso.
– Para onde vamos agora, papai? – perguntou Alvo quando o grupo de Potter-
Weasley passava pelas portas de vidro automáticas e adentrava no aeroporto.
– Algum representante do Ministério da Magia deve estar por perto. Procurem
uma cara conhecida que estaremos no caminho certo.
– Ou um bando de caras mal ajustado parecendo ridiculamente mal vestidos,
andando apressadamente pelo saguão do aeroporto – falou Tiago apontando para
três bruxos e uma bruxa que ciscavam pelos cantos do saguão do aeroporto.
O grupo percorria o saguão do aeroporto às pressas tentando não chamar
atenção, o que era impossível no mundo trouxa. O bruxo de mais idade vestia um
robe de banho feito de algodão azul e duas pantufas vermelhas que faziam o
escorregar pelo chão. O bruxo mais alto usava uma roupa branca com avental de
cozinheiro cinco estralas, porém utilizava uma enorme bóia em forma de pato
amarelo além de óculos de natação. O outro bruxo, de cabelos cor de fumaça,
óculos torto e baixinho, usava um avental no pescoço e uma saia escocesa e
carregava uma mochila para tacos de golfe, mas que estava cheia de sacos plásticos.
A mulher tentava amaciar seus sapatos, mas esses eram feitos de madeira estilo
holandesa e ela estava vestindo uma roupa que com certeza deveria ter ficado
perdida nos anos oitenta.
Os quatro bruxos passaram voando pelos trouxas que faziam o check-in e se
aproximaram de um velhinho barrigudo que admirava uma bengala abaixo de
uma placa que indicava um corredor, onde estava escrito “Embarque de Cargas”.
– Pelas barbas de Merlim! – surpreendeu-se o velhinho acariciando sua barba e
rodando a bengala em um dos dedos. – Meus senhores; não foi assim que disse
para virem! Srª Robinson, esses sapatos devem estar lhe matando... Ora, vejamos,
se meus supervisores não virem nada – e balançou a bengala, fazendo com que
uma névoa
cor de rosa circulasse ao redor da Sr Robinson e transformassem seus sapatos
holandeses em confortáveis tamancos. – Meu Deus! Jovem Sr Robinson, essa bóia
de pato de borracha! Eu disse para vir vestido com estampas de patinhos! Os
trouxas gostam. Sr Robinson, está parecendo que o senhor acabou de sair do
banho. E... A não, até mesmo você Diggory. Bento, quantas vezes você terá de ser
barrado pelos trouxas para aprender como se veste. Você quer que se repita o que
aconteceu no Royal Albert Hall?
Benedito Diggory revirou os olhos e ameaçou sacar a varinha para customizar
seus trajes, mas prontamente o velhinho levantou sua bengala e esmagou o pé de
Diggory.
– Podem passar Sr e Srª Robinson – falou o velhinho encarando Diggory
aborrecido. – Sigam o auror Thomas até a área onde estão as chaves de portal.
– Ora, ora, ora, Bento. O que o Sr Blishwick diria se o visse tentando usar magia
em um aeroporto trouxa? – falou Harry ao se aproximar de Diggory.
– Ora, vejam só! É Harry Potter e sua família! É um prazer conhecê-los! – gritou o
Sr Diggory apertando a mão de Harry e corando por estar ao lado de alguém
famoso. – Pensei que nunca o viria. Agora todos os holofotes estão voltados para
meu irmão chefe de departamento, pensei que não se lembrariam de mim, o podre
Bento.
– E por falar nisso, como vai o Amos? – perguntou o tio Rony cumprimentando o
Sr Diggory.
– Bem, muito bem. Ele e minha querida cunhada já embarcaram. É uma dádiva
que tenham aceitado os ingressos que consegui. Sabe é a primeira vez que eles
viajam após a morte de Cedrico. Sei, sei que faz muito tempo, mas ele era muito
querido por ambos. Foi uma desgraça, nunca superarão a perda.
– Ah, Madame Weasley, Madame Potter, bom dia, senhoras – disse cordialmente
o velhinho, amaciando sua barba e beijando as mãos de Gina e Hermione.
– Bom dia Sr Perkins. Como está indo o trabalho para regulamentar a entrada de
bruxos no aeroporto? – perguntou a tia Hermione, interessada.
– Complicado. Quase tivemos um incidente aqui quando Dunga Fletcher tentou
contrabandear alguns caldeirões por baixo da manga. Ele instalou um maldito
Feitiço Indetectável de Extensão em uma mala, mas ele não era assim tão
indetectável. E tivemos outro acidente com Bram Blenkinsop. Mais uma dele e
acabará passando um estágio em Azkaban.
– E então Perkins, eu poderei passar ou ouvirei as finais pelo rádio? Minha chave
de portal sai em três minutos – bufou Bento Diggory rodando os calcanhares e
tentando passar a força.
– Vá logo sua praga! – resmungou Perkins abrindo passagem. – Terceiro avião.
Procure o auror Thomas.
Alvo potter e a Batalha da Fortaleza
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Alvo potter e a Batalha da Fortaleza

  • 1. Alvo Potter e a Batalha da Fortaleza Por V. G. Cardoso, baseado no universo e personagens de J. K. Rowling
  • 2. Capítulo Um O maior erro de Kingsley ntes da explosão, Gleeson McCallister estava tendo um dia de trabalho normal. Não que seu trabalho fosse normal (longe disso), mas era um trabalho que, para Gleeson, era bastante repetitivo. Sim, Gleeson era uma das poucas pessoas que trabalhavam em uma ilha. E não era uma ilha qualquer, era uma ilha que guardava uma prisão de segurança máxima (e um cemitério macabro) no meio das águas gélidas e congeladas do Mar do Norte. Mas Gleeson não gostava muito de ter de trabalhar dentro de Azkaban. Sempre tivera calafrios na espinha sempre que ouvia o nome da prisão, e sempre detestava quando a tia Guilhermina o ameaçava trancafiá-lo em uma das celas se ele não comesse todo o purê de espinafre que ela fazia para a ceia de Natal. Só de lembrar- se daquela gororoba gosmenta com cheiro de trasgo seu estômago revirava. Mas sim, Gleeson detestava o local onde trabalhava, mas adorava seu trabalho, mesmo ele sendo repetitivo. Azkaban não deixara de ser o pior lugar do mundo após a demissão e prisão dos Dementadores, criaturas sinistras encapuzadas que podem levar até o bruxo mais poderoso do mundo a loucura, apenas com um beijo. Após a nomeação definitiva de Kingsley Shacklebolt como Ministro da Magia, os Dementadores foram demitidos da função de guardas da prisão e foram trancafiados em um porão escuro e sem vida; protegido apenas por uma porta encantada feita de tábuas rangentes de madeira e um cadeado congelado. Após a demissão dos Dementadores, fora instaurado o Corpo de Carceragem de Azkaban, contendo uma frota de carcereiros e aurores que vigiavam os presos e as presas, todos sob o comando de ninguém menos que Gleeson McCallister. Gleeson adorava sua função como chefe de todo o Corpo Carcereiro, mas ele não exercia uma função muito melhor que a de um delegado do mundo trouxa. Ele se parecia muito com um. Tinha uma sala minúscula, fria e mal cheirosa e ele convinha que estava alguns quilos acima de seu peso ideal. Mas Gleeson não se importava com isso. A vaidade é apenas para as mulheres, pensava ele. Ele sabia que não precisaria apostar corrida com nenhum Comensal da Morte, isso era tarefa dos aurores. Seu trabalho era somente assegurar que todos estivessem em suas celas, loucos e desesperados. Era seu maior deleite. E Gleeson não se importava em estar em boa forma para ninguém. Nenhuma garota nunca se interessara por ele, e não seria agora, já velho, que uma o fariam. Não. Gleeson achava que família era um desperdício de galeões e de comida. Ele não queria mulher ou filhos. Era um lobo solitário. Lobo que por muitos anos fora tachado de fracassado. Nunca conseguira nada para sua casa em Hogwarts, a Lufa-Lufa. Sempre fora excluído dos grupos e das festas e por isso não movera um dedo durante a guerra. Qual era seu medo? A família McCallister era de sangue-puro, para que Gleeson arriscaria sua preciosavida em pró de um garoto mimado. Guerras são para otários, era o que A
  • 3. Gleeson sempre afirmava, para pessoas que não tem capacidade intelectual para agir com a diplomacia. Ele sempre preferia usar de argumentos que feitiços (não era muito bom com o segundo), mas não pensaria duas vezes em transformar o nariz de seu inimigo em uma tromba de elefante, e conjurar um rabo de babuíno nele. Rabo de babuíno. Gleeson até deixou escapar um risinho, o que era raro. Naquela noite horrenda, quando a vida perfeita e pouco caótica de Gleeson se esvaíra de suas mãos, ele estava fazendo uma ronda por entre os corredores de Azkaban. Não estava muito preocupado em inspecionar seussubordinados, queria mais esticar as pernas. Ele sempre olhava o mapa da prisão para não ser perder por entre os corredores sombrios de pedras (ele nunca decorara, ou fizera esforço para isso, a planta da prisão). Sabia como eram distribuídas as alas da prisão. Cada andar era preenchido com o preso correspondente ao nível de sua periculosidade. Os mais leves ficavam nos primeiros níveis, e os mais perigosos nos mais altos, onde a maioria das celas era ocupada por Comensais da Morte. Havia dois banheiros, um masculino e um feminino, mas eles não eram muito utilizados. E Gleeson não estava preocupado de como os presos se livravam de seus dejetos. Não havia refeitório, pois um preso qualquer fora de sua cela poderia representar uma catástrofe para o mundo. Para os prisioneiros mais rebeldes havia a Sala da Tortura, onde eles eram submetidos a sessões nada agradáveis de direta exposição a maldições nada infantis. E em um dos andares, Gleeson não sabia se era no quinto ou no sexto, havia a Sala de Interrogatório, não era muito diferente da de tortura, mas geralmente o encarregado por esta era o policial bonzinho. Mas nada era mais agradável para Gleeson que uma ameaça a lançar seus corpos ao Poço dos Dementadores. Não era verdadeiramente legal o utilizá-lo para execuções, mas o Corpo Carcereiro não era composto pelos melhores profissionais, se eles fossem, estariam em outro lugar se não aquele. Todos eram muito vingativos e rancorosos. E geralmente eram subornados por bruxos e bruxas que ainda acreditam que os Dementadores são o melhor remédio para condenados por assassinato. Gleeson estava no terceiro piso quando escutou o estrondo. Sentiu como se tudo tremesse, como se seus pés não conseguissem se firmar no chão de alguma forma. Quando finalmente cedeu a gravidade, seu corpo rechonchudo acabara caindo com um baque surdo no chão frio. Seu corpo deslizara por alguns segundos, sujando suas roupas novas. Droga, ele pensou baixinho, junto com alguns palavrões nada agradáveis. Gleeson se levantou com dificuldades, o que provocara um ataque de risos para um dos presos. Um jovem de pouco mais de trinta anos, vestindo os trapos que eram o uniforme de Azkaban, e com a cara toda suja de limo e outras coisas repugnantes. – Cale sua boca imunda, Avery! – urrou Gleeson para Bruno Avery, um dos mais recentes presos em Azkaban. – Ou eu não pensarei duas vezes em lhe recomendar a mais algumas sessões na Sala de Tortura.
  • 4. Aparentemente a ameaça surgiu efeito em Bruno Avery, pois ele não hesitou em se esconder nas sombras de sua cela. – Cochrane, o que houve?! – berrou Gleeson, autoritário. Tentando mostrar que mesmo gordo e sujo de limo ainda era ele quem mandava em Azkaban. – Explosão, último nível – explicou o auror Líam Cochrane, um jovem transferido há poucas semanas para Azkaban para cobrir o recesso de um dos carcereiros. – Ala leste, periculosidade alfa! Ackerley e seus homens estão se dirigindo o mais rápido que podem. Pelo tempo alguns devem ter escapado, mas podemos prender a maioria. – E o que está fazendo aqui parado, Cochrane?! – resmungou Gleeson empurrando Cochrane para perto das escadas, e sacando sua varinha com vigor. Há muito tempo que Gleeson não estava em uma batalha, ele as detestava. – Não posso deixar que haja uma fuga em massa bem debaixo de meu nariz. Vá, válogo! E não pense duas vezes antes de estuporar alguém. O último andar da construção da prisão de Azkaban estava irreconhecível. Havia um enorme buraco em uma das paredes entre o conjunto das celas dos presos de identificação de 1-AK até a 7-AK. Os carcereiros lançavam Feitiços Estuporantes para todos os lados. Corpos inertes de prisioneiros e prisioneiras estavam espalhados pelo corredor, alguns petrificados, outros inconscientes. –Dolohov, eu ordeno que pare! – bradou Gleeson girando a varinha e conjurando cordas negras ao redor das pernas de Dolohov – O mesmo vale para você Mulciber! – mas seu Feitiço Estuporante passou a um milímetro da orelha de Mortimer Mulciber, acertando uma pilastra de pedras negras que explodiu em uma nuvem de poeira. – Para onde eles estão indo? Ackerley, para onde eles estão indo? – Eu não sei, Sr McCallister – afirmou Stuart Ackerley, o carcereiro chefe do Nível de Periculosidade Elevado. – Estão apenas saltando para fora da prisão. É como se evaporassem no meio das nuvens. Devem estar se suicidando! – Não teríamos tanta sorte, Ackerley... E o que temos aqui? – o rosto de Gleeson foi absorto por um sorriso maníaco e vingativo – Aonde pensa que vai, Dolores? Impedimenta! O corpo miúdo de uma mulher com cara de sapa fora erguido no ar. Os nervos haviam sido acalmados e boa parte dos presos havia sido recapturada. Mas para Gleeson estar suspendendo aquela mulher baixinha era mais que ostentar o prêmio de Melhor Carcereiro da Grã-Bretanha. Gleesondetestava Dolores Umbridge. A mulher era uma víbora, que adorava torturar os mais fracos para seu deleite. Felizmente, Gleeson já estava formado quando Umbridge assumira a escola de Hogwarts. Agora, após ser condenada por tortura de nascidos-trouxas, ela cumpria sua pena em Azkaban, e Gleeson estava mais que satisfeito por ter um motivo que aumentasse a estadia da mulher na prisão. – Ora, Gleeson... Convenhamos... – começou mulher falando rápido. Sua respiração era ofegante e seus olhos não estavam focados em Gleeson, mas sim nos corpos zonzos dos prisioneiros que começavam a recobrar a consciência – Não
  • 5. vamos espalhar nada deste incidente, certo querido? Fora um deslize! Não sabia o que estava fazendo. Esta prisão nos causa delírios! – Está absolutamente certa, Dolores. Mas eu, ao contrário de você, estou mais lúcido que nunca. E não pouparei esforços para relatar ao ministro seu, deslize – havia tom de gozação e deboche na voz de Gleeson. Ele não conseguia se suportar. – Senhor, aqui está a relação de presos. Devemos fazer a chamada – falou um carcereiro gorducho de cabelos raspados. – Ok, Murray. Coloque-os enfileirados em minha frente, quero ficar cara a cara com cada um – disse Gleeson recebendo a lista com os nomes dos presos do carcereiro Murray e passando seus olhos cinzentos rapidamente pelos nomes. – Cochrane, uma pena! Rápido! E Fury... Onde você está? – ele se virou para uma mulher atraente, banhada em seu próprio suor, suja, mas ainda assim linda. – Trate Madame Umbridge como ela merece. Sei que ela é uma de suas prediletas. Fury assentiu alegre. Com o mesmo sorriso vingativo que Gleeson mostrara momentos antes. Mesmo toda suada,Fury era linda. Suas curvas sensuais faziam Gleeson estremecer. Foco, ele pensou com raiva, Lobo Solitário, lobo solitário! Ele não poderia expor ninguém aos riscos. Por mais que detestasse quase todos, não queria sangue inocente fosse derramado por sua causa. – Cochrane, Ackerley, Murray! Quero os três ao meu lado – ordenou Gleeson para os três homens parrudos. – Conforme for terminando a inspeção eu quero que vocês os levem de volta as celas. Gunderson! – ele se virou para um carcereiro negro, de quase dois metros de altura, braços maiores que as pernas de Gleeson e uma expressão bastante antipática. – Concerte as celas, imediatamente! E sem reclamações. Entendeu? – Sim, Sr McCallister! – bradou o carcereiro sacando mais uma vez a varinha e se adiantando para perto das celas destruídas. – Muito bem, quem nós temos aqui? Antônio Dolohov, hum. Você não parece estar muito confortável nesta posição, Antônio – começou Gleeson em tom de deboche. Adorava zombar dos presos, era seu passatempo favorito em Azkaban. Dentro da prisão eles não poderiam fazer nada com ele, mas fora... Era por isso que Gleeson insistia na idéia do lobo solitário – Seu irmão com certeza está bem melhor. Dêniston, correto? Quem diria: um aborto estando melhor que você, Antônio. E seu sobrinho também está lá. Deve ser duro, não é, Toni? – Cala... – O que disse? – urrou Gleeson colocando-se na ponta dos pés, para tentar ser mais alto que Dolohov, sem sucesso. Mas mesmo sendo mais baixo, Gleeson parecia bastante ameaçador. Dolohov engoliu em seco. – Calamidade – sussurrou Dolohov, aliviado.– Uma calamidade que haja pessoas como o aborto em Hogwarts. O mundo é injusto, mas ainda há maneiras de nós darmos a volta por cima.
  • 6. – Terá de ter meu cadáver para poder fazê-lo – resmungou Gleeson com repugnância na voz. Ele estava exaltado, sua pressão deveria estar bem mais alta que o aconselhável. Ele teria de tomar sua Poção da Paz mais tarde. Dolohov sorriu. Como se adorasse a idéia de ter o cadáver de Gleeson sob seus pés. – Quem mais, quemmais? Eh, Pancrácio Selwyn. Caramba, Selwyn, que nome horrível! – exclamou Gleeson para o prisioneiro ao lado de Dolohov. Selwyn era careca e com uma cara pontuda que mais o lembrava dum corvo velho e execrável. Os olhos eram baixos e vermelhos, bastante irritados e desacostumados com a claridade. É um corvo acossado em uma caverna, pensava Gleeson com desdém, engraçado. – Não zombe do nome que meus pais me deram – resmungou Selwyn. – Pancrácio fora um grande homem, um grande bruxo das trevas. – Que pelo jeito acabou morto como seu amiguinho Macnair. Ou biruta como o Timóteo Travers ali! – Gleeson apontou para trás do próprio ombro. Havia uma cela intacta a explosão, abrigando um homem que mais parecia um esqueleto de laboratório coberto por carne. Tinha o rosto pontudo e barbado, cabelos longos e desgrenhados, e uma expressão lunática e ao mesmo tempo pirada. – Não é mesmo, Travers? – gritou Gleeson sem olhar para o Comensal da Morte encarcerado.– Por que acha que você não foi solto por seus amiguinhos? – O Lorde das Trevas, ele está a caminho. Está, está, está! Ele vem fazer um lanche comigo e com Madame Lestrange! Ela convidou seu marido também. Vejamos, ela se casou com um galo! – delirava Travers dando leves murros em sua cara. – Cale a boca, seu verme! – berrou o verdadeiro viúvo de Belatriz Lestrange, Rodolfo. – Ah, obrigado, Rodolfo. Assim não precisarei fazer sua chamada, já sei que está presente. Eh, Ackerley, pode levá-lo, sei que Lestrange está aqui. O que nos leva de volta a você, Pancrácio – Gleeson revirou os olhos mais uma vez para Selwyn. – Por que acredita que seus companheiros o deixaram aqui? Sim, porque, no mínimo, quem orquestrou esta fuga só pode ser algum perito em escapar daqui. Foi você, Furius? Gleeson se voltou para o preso mais alto de todos. Seus cabelos eram longos, escorridos por entre os trapos do uniforme de penitenciário. Furius Yaxley soltou um rugido, seguido de um olhar mortal para Gleeson. O chefe dos carcereiros sentiu seus cabelos da nucaeriçarem, mas se conteve para não dar um gostinho a Yaxley que conseguira o intimidar. – Cochrane, leve Yaxley de volta a sua cela. Vamos, Selwyn, me responda? Por que não saiu correndo desesperado que nem sua priminha ali? Ele indicou com a varinha para Umbridge, que tremia contra a parede sob o olhar e as ameaças da auror Fury. Gleeson estava adorando cada vez mais ter Umbridge como sua presidiária. – Prima? – perguntou Selwyn, estupefato.
  • 7. – Ora, não seja babaca, Selwyn! – exclamou Umbridge parecendo ter orelhas super sônicas. Fury vacilou, parecia também estar gostando da situação de Umbridge. – Você sabe que meu tataravô se casou com sua tia-tataravó! – Aquele que era... – Selwyn! – gritou Umbridge, silenciando Selwyn em definitivo. – Ah, Fury, melhor levar Madame Umbridge para sua cela. Acredito que ela necessite de alguns momentos a sós, se não quiser ter uma sincope. Também mande uma coruja ao Ministério, notificando sua tentativa de fuga – completou Gleeson entusiasmado. – Eles não são dignos! Não sabem de nada – urrou outro preso. Um com Comensal da Morte alto e parrudo, com grandes músculos nos braços e mãos cobertas de ferimentos e calos. Sua cabeça possuía cabelos muito curtos e bem aparados, como se passasse máquina zero a cada dois dias. – Sabe de alguma coisa que me interessa, Humberto? – perguntou Gleeson largando a lista no colo de Murray e se adiantando par mais perto de Humberto Jugson. – Gostaria de compartilhar algo conosco? Jugson tentou sorrir, mas acabou fazendo uma careta feia e equivocada. Seu rosto redondo como a maçaneta de uma porta se contraiu. Ele estava bastante satisfeito, mesmo ainda estando em Azkaban. – Você não merece saber nada do que sei,Gleeson – resmungou Jugson, prazeroso. – Talvez, se eu melhorar sua situação, você se convença de que pode me dizer o que sabe. O que prefere: revelar o que sabe para mim, aqui e agora, na Sala de Tortura ou bem pertinho do Poço dos Dementadores? – Gleeson sabia que conseguira exatamente o que planejava. Implantar uma pequena dose de medo e assombro em Jugson. O Comensal se contorceu. – Eles estão ansiosos para mais um lanche. Desde a última leva, já faz bastante tempo. O que me diz, Humberto... – Me diga o que quer de uma vez – resmungou Jugson, dando-se por vencido. – Os nomes dos presos que fugiram hoje à noite. E o porquê. – Mortimer Mulciber, como deve ter notado. Amico Carrow, sozinho, sem a irmã. Adélio Umber e o garoto, o estrangeiro, Casimir Vulchanov – declarou Jugson pausadamente, enquanto Murray riscava os nomes dos presos presentes da lista. – Eles vão se encontrar. – Onde, e com quem? – exigiu Gleeson, nervoso. Sua veia têmpora pulsava com grande freqüência – Não sei – disse Jugson com um leve sorriso escapando pelas beiradas de sua boca. – Mas acredito que você já tenha uma pista de para onde vão, e para que. Gleeson recuou. Não podia ser verdade, ele não queria que fosse verdade. Mas algo na expressão de Jugson mostrava a ele que era. Seus dedos grossos se enroscaram ao redor de sua varinha. – Mostre seu braço – mandou Gleeson, tenso. Jugson estendeu o braço direito, bastante satisfeito. De uma maneira que Gleeson nunca vira desde que chegara à Azkaban.
  • 8. – Mostre o outro braço, Jugson! – urrou Gleeson agitando os braços com fúria. Sua varinha tremeu e faíscas amarelas brotaram de sua ponta, clareando o corredor por um momentâneo segundo. Obediente, Jugson estendeu o braço esquerdo. Fez calmamente, permitindo que as mangas rasgadas de seu uniforme caíssem para um lado, permitindo que Gleeson visse sua marca no antebraço. Era uma cicatriz horrenda, mas que Jugson e os demais Comensais da Morte ostentavam com orgulho. Aquela era a marca de que um dia, há muitos anos atrás, ele e os demais ostentavam a marcação de sua lealdade ao Lorde Voldemort. A cicatriz que substituíra a Marca Negra de Voldemort, pouco depois de sua morte, pulsava com mais intensidade no antebraço de Jugson. Ela parecia mais viva e profunda do que nunca. Tinha a forma mais definida, estava mais escura. E Gleeson pode jurar que vira, por um triz de segundo, uma serpente deslizando pelo braço de Jugson. – Murray! – exclamou Gleeson quase sem voz. Seu estômago se contraíra como nunca fizera em sua vida, o coração batia demasiadamente acelerado, parecendo chegar ao topo de sua faringe e voltar para a posição de origem – Vá à minha sala, imediatamente. Utilize minha lareira comunique-se com o Ministro da Magia pela Rede de Flu. Peça para que ele, Potter, Dawlish e a Srª Burke venham imediatamente para cá. A senha é – ele abaixou a voz, colocando a boca a poucos centímetros da orelha do carcereiro gorducho –Alcatéia Cinzenta. E traga minha Poção da Paz! Preciso de algumas doses, com urgência. Gleeson McCallister tinha todo o domínio de Azkaban. Ele era o chefão, mandava em todos os carcereiros e debochava de todos os presos, mas quando a situação nãopodia ser controlada por ele, Gleeson era obrigado a pedir ajuda. Ele detestava isso. Detestava saber que era incapaz de alcançar tal objetivo, ou vencer tal inimigo. Desde garoto ele detestava quando um de seus colegas conseguia levitar a pena do Prof Flitwick mais alta que a dele ou quebrar uma quantidade maior de copos de vidro do Prof Quirrell. Mas tudo aquilo era demais para sua capacidade. A cicatriz de Jugson pulsando, a serpente que ele admitia ter visto. Parecia muito com o sonho que tivera. Aquela mulher, mais bela e atraente que Fury. Suas curvas, Gleeson não conseguia esquecer-se das curvas. Não, ele pensou com severidade, aquela mulher, por mais bela e sensual que pudesse ser, era perigosa e gostava de manipular as pessoas, é uma baita chave de cadeia. Mas o sonho não parava de atormentar Gleeson. Era como uma profecia, mas Gleeson nunca ouvira uma para ter certeza, mas estava em forma de poesia. Sim, estava. Ele se lembrava bem disso. Falava-se algo sobre o renascer do caos, da colheita das ações mais inteligentes do passado e do fruto vindo do sangue do lorde. Gleeson não se lembrava de todos os versos, mas se lembrava do último. “A Morte aguarda a {rvore e o fruto, e o mundo só poder{ ser salvo pelo outro”.Não fazia muito sentido, a menos que se referisse a um lenhador, ou de um cultivador de hortaliças.
  • 9. Jugson fora escoltado por Cochrane e por Ackerley até a Sala de Interrogatório. O Comensal da Morte não resistira, parecia estar gostando de tudo o que acontecia. Parecia que estava tão feliz por ter implantado uma dose de desespero e dúvida na mente de Gleeson. Uma dose muito mais poderosa do que o chefe dos carcereiros implantara alguns minutos nele. Gleeson esperava impaciente a chegada do chefe do Quartel-General dos Aurores, do Ministro da Magia e de outros dois aurores especialistas em interrogatórios. Talvez se inda existisse a Liga de Oclumêntes subordinada ao ministério... Mas Cornélio Fudge a extinguiu quando descobrira que dois membros da liga, Reinhard Lestrange e Hilario Mulciber, estavam trabalhando verdadeiramente para o temível Lorde Voldemort. Eram eles os responsáveis por torturar a mente das vítimas do Lorde, e fora com eles que Voldemort aperfeiçoara suas habilidades de Oclumência e Legilimência. Mas pensar em ter ao seu lado uma pessoa que poderia ler seus pensamentos não agradara muito à Gleeson. E se essa pessoa descobrisse seu sonho? Durante o pouco tempo que passara com Jugson na Sala de Interrogatório, Gleeson evitou encarar o Comensal que fazia cara de lunático para os carcerários que o acorrentavam na cadeira. Felizmente, seu tempo tendo apenas Jugson, Cochrane e Ackerley como companhias fora curto. Com um empurrão brusco e agitado, a porta da sala se escancarou e um grupo de homens chegou com passadas largas à sala. O primeiro dos homens era alto, careca e negro. Com um brinco em uma das orelhas e uma face já com certas marcas da idade. Ao seu lado estava um homem pouco mais baixo, cabelos revoltos, óculosredondos, meio tortos e uma famosa cicatriz em forma de raio na testa. Pouco mais atrás dos dois homens mais importantes do Ministério da Magia Britânico estavam dois aurores de aparências bem distintas. O primeiro aparentava já ter certa idade, possuía ombros largos e uma expressão de poucos amigos. O outro era gorducho e com uma expressão estúpida e débil no rosto, como se não conseguisse guardar uma piada para si próprio até nos momentos mais sérios, sua cara era quadrada e suas feições eram bem indispostas. – Hardcastle! O que faz aqui? – perguntou Gleeson estudando a aparência de Tito Hardcastle com rigor. – Fui específico a Murray que queria a Srª Burke aqui! – Fique tranqüilo, McCallister – pediu Harry Potter para Gleeson, como se já soubesse tudo o que acontecera naquela noite em Azkaban. – Murray já nos colocou a par de toda a situação e nos informou que você requisitou a presença de Raquel Burke hoje. O que acontece é que Raquel está mais uma vez de licença à maternidade. Ela e Patrice terão seu terceiro filho. – Sinto muito se minha presença não o agrada – falou Tito, debochando. – Sei que você não gosta de estar sozinho em uma sala somente com homens, mas eu era o único auror presente e acordado, no Ministério. – Agradeço por ter me chamado – disse secamente João Dawlish, o auror de expressão sombriae costas largas.
  • 10. Dawlish não simpatizava muito com Gleeson. Ele, assim como o chefe dos carcereiros, era um lobo solitário. Nunca fora o mais brilhante na escola, mas se destacara consideravelmente em sua função como auror. Porém a vida não fora justa com Dawlish, para cada triunfo próprio, outro auror aparecia com mais dois ou com algum mais louvável. Dawlish era o auror perfeito para substituir Servilia Crouch, a atual diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Servilia se distanciara definitivamente de seu cargo três anos após o fim da guerra, depois, quando Dawlish acreditava ser seu momento de glória, o cargo fora ocupado por Savage. Mas Dawlish até entendia, ficara do lado do Ministério da Magia durante a guerra (Quem com bom juízo não acataria ao seu favor?) e vira os inimigos do Ministério tomarem o poder. Dawlish conseguiu se safar. Fora interrogado por uma nova safra de aurores e acabara escapando de Azkaban assim como dois outros Comensais da Morte, Francis Crabbe e Glauco Goyle, alegando que estava sob efeitos da Maldição Imperius. Mas depois, comoeles poderiam nomear Harry Potter, um garoto, como chefe do QG? E ainda convocar Gleeson McCallister, um fracassado, para comandar Azkaban? Mas finalmente eles provariam do próprio erro. Uma fuga em massa acabaria com McCallister. Era tudo que Dawlish queria. – Pois bem, Sr Humberto Jugson - começou Kingsley Shacklebolt, o Ministro da Magia. – Segundo as informações divulgadas pelo Sr Buth Murray, o senhor fora autuado em flagrante pelo crime de fuga, tendo sido sentenciado pela SupremaCorte dos Bruxos a prisão perpétua na prisão de Azkaban. O que tem a dizer em sua defesa? – Se isso é possível – comentou Tito Hardcastle, mas no mesmo segundo fora censurado pelos olhares de Dawlish e de Harry. – Culpado – respondeu Jugson instantaneamente. – Como? – bradou Gleeson, irritado. – Você, um cara-de-pau nato, não irá se alegar inocente?! – Por favor, se controle, Sr McCallister – pediu o Ministro da Magia. – Sr Cochrane, creio que está com a Poção da Paz. Poderia fazer a gentileza...? – Tendo Jugson se declarando culpado... Metade de nosso tempo fora poupado – explicou Harry. – O que nos leva ao interrogatório. Vocês me dão licença? Kingsley acenou com a cabeça, permitindo que Harry se colocasse mais próximo de Jugson. Harry se colocara bem na frente de Jugson, sendo separado do Comensal da Morte somente por uma mesinha corroída e em falso. Ele acenou sua varinha e as correntes que prendiam Jugson se soltaram. Houve uma exclamação anônima de medo, mas que se extinguira como água em brasa. – Mostre-me seu braço esquerdo – Harry fez esforço para dar ênfase à última palavra, como se Jugson fosse um retardado. Dessa vez ele não perdeu tempo. Arregaçou a manga rasgada de seu uniforme e mostrou a cicatriz que tomara seu braço no lugar da Marca Negra. – A minha ainda é mais bonita que a sua – afirmou Jugson como um piadista sem graça. – E com certeza mais poderosa.
  • 11. – Ela pulsa? – perguntou Harry estudando a cicatriz com grande cuidado. Levando os óculos para o meio de suas vestes para limpar a lente. Assegurando-se que ambas estivessem bem limpas. – Bastante. E cada vez mais – completou. – Isso não é bom, correto? – soltou Tito com um gemido. – Não. Não mesmo – falou Kingsley, pensativo. – Quais prisioneiros fugiram? – perguntou Dawlish à Gleeson. Mas o chefe dos carcereiros estava longe. Seus pensamentos flutuavam debilmente. Os efeitos da Poção da Paz estavam fazendo efeito com mais rapidez do que ele esperava. As imagens oscilavam. Tudo ficava meio borrado... As pálpebras ficavam mais pesadas... – O prisioneiro mencionou – começou Stuart Ackerley chamando a atenção de Dawlish – em Mulciber, Amico Carrow, Umber e Vulchanov. – Dois Comensais de Morte de grande periculosidade, – murmurou Kingsley como se fizesse uma lista mental dos fugitivos – um de menor periculosidade e um jovem seqüestrador responsável pela tortura de sete famílias trouxas. – Sem contar que eles esperavam a presença de Jugson – assinalou Harry, também pensativo. – Seus planos terão de mudar pela falta de um dos presos. – Ele vai conseguir arranjar alguém para se encaixar no meu lugar – comentou Jugson. – Quem é ele? – quis saber Gleeson, soltando uma exclamação que mais se assemelhava a um relinchar – Pensavam que eu estava dormindo, ah? – Responda a pergunta do Sr McCallister! – exigiu Hardcastle. – Eu não sei – garantiu Jugson pouco convincente – Ele se comunicava conosco através de sonhos. Sabe como é.Não é, Potter? Ter alguém em sua mente, o utilizando como uma ponte. Pode ler minha mente. Não temo mais nada. Todos encararam Harry e Kingsley, que pareciam conversar mentalmente. – Não custaria nada – disse Harry. – Melhor prevenir que remediar – completou Kingsley. – Dawlish, sabe o que fazer. Vasculhe a mente de Jugson a procura de pistas sobre quem armou esta fuga. Eu como Ministro da Magia autorizo a utilização de feitiços de Legilimência no prisioneiro. – Como desejar, Ministro – falou Dawlish sacando sua varinha, seu rosto esbanjava prazer. – Vamos ver se há alguma coisa que preste na mente deste aí. Legilimens! Durante um bom tempo o silêncio pairou pela Sala de Interrogatório. Todos os olhares estavam vidrados em Dawlish, que permanecia concentrado em Jugson. A cada segundo sua face mostrava uma expressão mais horrorizada. Como se ele não suportasse mais ver as lembranças de Jugson. Por ser um Comensal da Morte suas memórias não deveriam ser as mais bonitas do mundo. – Argh! – rugiu Dawlish cambaleando para um lado. Harry e Hardcastle hesitaram e o seguraram, impedindo que o auror caísse no chão. – Existe muita informação na mente de Jugson. Realmente ele fora requisitado a fugir de Azkaban
  • 12. para se encontrar com uma espécie de corte, mas seu convocador não estava bem nítido. Seus sonhos eram conturbados. De última hora Vulchanov fora convocado. A cicatriz no lugar da Marca está mais densa, é verdade.Esó pode ser um mau sinal... Mas não há mais nada. – Eu disse que não sabia de nada – falou Jugson debochando. – Mas, senhores – começou Cochrane, timidamente. Quando viu que todos os olhos dos presentes se voltavam a ele, Cochrane se calou e encolheu-se em um canto, corando ligeiramente. – Não venha com bobagens, Cochrane – resmungou Gleeson, tonto. – Deixe-o falar um pouco – pediu Harry pacientemente – Sim, Líam... – Acredito que estamos deixando um detalhe vazar. Bem, Sirius Black escapou de Azkaban na forma de animago, e depois nadando por toda a localidade do Mar do Norte, e quando houve a fuga em massa de 1996, os prisioneiros obtiveram a ajudados Dementadores para a fuga... Mas, esta noite, não houve animais ou Dementadores. Estamos nos esquecendo de investigar como os prisioneiros deixaram Azkaban. Segundo nossos relatos, eles simplesmente se atiravam para fora da prisão. E eu acredito que não seja um mergulho muito agradável. Eles não aparataram. Azkaban é protegida com os mais poderosos Feitiços Anti-Aparatação. E ninguém conseguiria fazê-lo nas condições que se encontravam. Precisamos saber também de que forma eles escaparam. Os olhos de todos deixaram Cochrane e baixaram-se sobre Dawlish, esperando que ele tivesse hesito ao ler a mente de Jugson e descobrir tal informação. Porém o auror limitou-se a balançar a cabeça negativamente. – Então temos de organizar um plano de ação – disse Harry. – Precisamos alertar aos demais aurores e será necessária a ajuda da comunidade bruxa. Stuart, eu gostaria que mandasse uma coruja ao Profeta Diário e... – Ackerley, fique onde está! – rugiu o ministro Shacklebolt de tal maneira que até Gleeson, que estava quase cochilando, despertasse com um salto – Suas intenções são nobres, Harry, mas não posso alertar a comunidade bruxa sobre esta fuga de presos. – Mas, Kingsley. O que acha que vai acontecer se algum bruxo acordar de manhã e esbarrar com Carrow ou Mulciber em seu jardim? – Harry parecia absorto que Quim não tivesse acatado com sua decisão. Parecia óbvio, mas Quim recusara. Harry temia que poderia ouvir do ministro. – Não posso notificar esta fuga, Harry. Ponha-se em meu lugar. Desta vez terei como agir como um político. Este será meu último ano como Ministro da Magia, não caberá mais aeu comandar o Ministério. E também não possopermitir que uma fuga em massa alarme a população. Eles finalmente se sentem seguros, Harry. Não posso roubar essa sensação deles. – E então você prefere agir como o homem que, há anos atrás você tentou desmentir! – exclamou Harry mais exaltado. – Porque o que você está fazendo,
  • 13. Kingsley, é exatamente a mesma coisa que fizera Fudge durante seu governo. Negar o que sabe que é verdade. – Potter está certo – apoiou Gleeson já desperto. – O senhor não gostaria de terminar o mandato assim como Fudge. Sim, porque as evidências um dia chegarão à tona. A verdadesempre é descoberta. – Esta decisão não depende de seu julgamento, McCallister – retorquiu Kingsley, grosseiramente. – E sei que a verdade não será revelada por você ou por nenhum de seus homens, pois confio em seu bom senso. Não gostaria de ter de apagar a memória de todos os presentes. Cochrane e Ackerley engoliram em seco. – Quim, o que está fazendo? – perguntou Harry mais calmo. – Este não é você. Como você pode negar a verdade às pessoas inocentes. Sei que elas preferiram averdade a terem uma falsa sensação de conforto. Vamos, Quim, esse não é você! Onde está o bruxo que eu sempre admirei? Que lutou ao meu lado e do lado da Ordem no passado?Aquele Kingsley nunca permitiria que uma mentira descarada fosse dada ao mundo bruxo da mesma forma que já fizera Fudge... – Eu sei que você está certo, Harry, mas a situação é diferente agora – tentava se explicar Quim, mas sem conseguir a aprovação de Harry. – Agora entendo o que Fudge fez. Ele sentia medo, e eu estou com medoagora. Minhas desculpas não são tão egoístas como as de Fudge, mas no final das contas nos levam ao mesmo local. – Eu me recuso a aceitar suas ordens – disse Harry enfrentado o Ministro. – Então esteja pronto há explicar à sua família o motivo de sua demissão, Sr Potter! Se não ficar do meu lado, ficará contra mim, e não quero um chefe de departamento que não esteja do meu lado! Sou o Ministro da Magia e tenho todo o direito, e poder para fazer o que bem entender! – berrou Kingsley de uma forma que nunca antes fizera com um aliado. Ao perceber que acabara de cometer um dos maiores erros de sua vida, Quim tentou se desculpar. – Harry, eu sinto muito... Eu, não queria fazer... – Está tudo bem, ministro Shacklebolt – disse Harry, secamente. – Me de então suas ordens definitivas e eu as cumprirei. Mas saiba que não concordarei com nenhuma das ditas. Kingsley ficou em silêncio e os demais o seguiram. O silêncio que pairara na sala só era cortado pelas fungadas agressivas de Jugson e pelos roncos cômicos de Gleeson, que parecia não estar mais se aguentando em pé. – Eis então o que faremos – afirmou Kingsley, finalmente – McCallister, reúna seus homens e peça a eles os nomes de todos os prisioneiros lançados ao Poço dos Dementadores. O registro do Ministério conta que Azkaban possui em sua totalidade um número de duzentos e treze presos, mas sabemos que o número é menor. Divulgue ao Profeta um número de óbitos referente ao número de fugitivos. Ninguém quase nunca vem à Azkaban, então ninguém saberá do ocorrido. Dawlish, eu quero que vá ao Departamento de Execução das Leis da Magia e trate de providenciar que haja o devido apoio psicológico as famílias merecedoras dos prisioneiros mortos. Também quero que seus pertences apreendidos, se não
  • 14. possuírem ligações com as Artes das Trevas, sejam devolvidos às mesmas. Harry, você irá reunir seus melhores homens e mulheres e trate de investigar essa fuga a fundo, porém por debaixo dos panos. Informe somente o necessário aos aurores e me mantenha ciente de seus progressos. E senhores, eu quero que classifiquemos tal ocorrido nesta noite como de ultrassecreto. Srs Cochrane, Ackerley e Murray, também rogo pelo silêncio dos senhores. Também gostaria que jurassem por sua magia nunca mencionar tal ocorrido nesta noite. Não gostaria de ter de apagar a memória de nenhum membro do Corpo de Carceragem de Azkaban... Kingsley providenciou que o juramento de Cochrane, Ackerley e Murray se tornassem válido. Dando bastante ênfase de que eles nunca poderiam mencionar o ocorrido, a menos que tudo fosse resolvido. – Mas, ministro – arriscou Hardcastle quando o grupo de carcereiros se separava dos demais para recolocar Jugson em sua cela. – se esses fugitivos começaram a agir? Se provocarem algum rebuliço ou atitude ilícita antes que nós os recapturemos? – Caberá ao Quartel General ser flexível – disse Kingsley com passadas largas em direção ao escritório de Gleeson, onde existia a única lareira que poderia retirá-los da prisão. – Vocês terão de informar que há uma rebelião de bruxos descontentes. E afirmar que estão investindo o máximo necessário para que tais movimentos continuem. Nem Harry nem Gleeson gostaram da versão falsa dita por Kingsley. Haviam muitos riscos nesse emaranhado de mentiras e Harry não gostava nada do rumo que toda aquela fantasia inventada por Quim fosse levar. Ele já fora acostumado a ficar sempre alerta com relação a fatos que distorcessem a verdade e cada dado apresentado por Kingsley possuíam muitas irregularidades, mas Harry preferira ficar calado a atiçar ainda mais ao ministro. Gleeson também chegara a algumas conclusões. Depois de tudo o que acontecera estava decidido de que três únicas coisas são verdades neste mundo. De que um dia tudo o que acontecera chegaria à tona; de que todos os que estavam na Sala de Interrogatório seriam culpados; e que a vida na sociedade era muito difícil. Que seria muito melhor se todos fossem como ele era. Apenas um lobo solitário. Capítulo Dois A Insônia lvo Severo Potter despertara assustado durante a madrugada. Seus olhos se arregalaram bruscamente, como se cada um fosse saltar para fora de sua cara. O garoto de doze anos se erguera parcialmente de sua cama, ficando sentado, porém ainda envolto em seus lençóis. Era aquela hora da madrugada que nada é ouvido, nenhum barulho é escutado, nada, a não ser o regurgitar da encanação por dentro das paredes. Seu quarto, um aposento amplo e aconchegante, mas ainda um tanto macabro, fazia parte de todo o apartamento que abrigava confortavelmente a família Potter. Desde que conseguia se lembrar, Alvo morara no Largo Grimmauld número doze, em Londres. Mesmo sendo ele tendo viver rodeado por retratos de A
  • 15. bruxos mortos e velhos, todos muito antipáticos, e de uma pintura em tamanho real da última do Largo Grimmauld, Alvo gostava muito do lugar onde morava. Nunca levara nenhum amigo de suas antigas escolas trouxas para casa. Alvo nunca tivera muitos amigos pelas escolas por onde passara antes dos onze anos, talvez porque ele era diferente, um garoto meio deslocado que vivia em um mundo que eles não conheciam. Mas fora apenas uma fase. Era comum que os jovens bruxos como ele tivessem dificuldades de relacionamentos com crianças trouxas, desconhecedoras do mundo da magia. Talvez por isso muitos pais e guardiões de crianças bruxas ainda prefiram ensinar o básico da magia para seus filhos em casa, sem o contato com o mundo não mágico. Mas Alvo gostava dos trouxas, mesmo pertencendo a casa mais conhecida como antitrouxas, ele crescera rodeado por familiares que sempre se deram bem com os não mágicos. Depois de chegar à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, tudo mudara. Alvo ganhara novas amizades de garotos e garotas de diferentes famílias e personalidades. Alvo conseguira cultivar algo muito complicado. Ter amigos de todas as quatro casas de Hogwarts. Ele, Alvo, era membro da casa Sonserina, casa conhecida por sua linhagem perfeita de puros-sangues que não aceitavam a mescla da magia com os trouxas. Mas aos poucos sua casa estava se adaptando aos novos tempos, mas ainda havia muito desgosto por parte dos sonserinos com os nascidos- trouxas. Alvo ficara imaginando como estariam passando as férias seus amigos. Onde estaria Isaac Prewett, seu amigo de cabelos ruivos e pele sardenta que dividia o dormitório da Sonserina com ele. Como estaria passando Agamenon Lestrange, bruxo proveniente de uma mal vista família de puros-sangues, contudo que não se mostrava nada assustador, mas que dispunha de grande coragem, por isso fora integrado na casa Grifinória e era um dos melhores preparadores de poções que Alvo conhecia. E como estariam seus melhores amigos. Alvo pensara em sua prima Rosa Weasley, a garota mais esperta que ele conhecia, e que durante as primeiras horas da manhã estaria batendo à sua porta na companhia dos pais e do irmão mais novo, Hugo. Depois pensou em Escórpio Malfoy, o garoto pálido de cabelos loiros que, assim como Agamenon, provinha de uma família bastante suspeita. A família Malfoy sempre vestira as vestes da Sonserina e se associara aos bruxos das trevas mais malignos que o mundo um dia já possuíra, estava em seu legado, mas Escórpio não o seguiu. Ele tivera um conturbado e caótico primeiro ano, pois também fora selecionado para a Grifinória, e diferente de Agamenon, não foi aceito na casa com mais facilidade. Os grifinórios negavam sua ligação com a casa, e por muito tempo Escórpio não se importava, mas depois de ter se unido com Alvo, de terem formado uma amizade que, junto com Rosa, conseguiram combater um Comensal da Morte chamado Furius Yaxley. Alvo se lembrava da aventura do ano anterior como se essa tivesse terminado no dia que passara. E a manchete de primeira página que percorrera o jornal Profeta Diário, o obrigava a lembrar do feito a cada vez que ele olhasse para seu pequeno
  • 16. quadro de cortiça. Lá estava ele, um ano mais jovem, alguns centímetros um pouco mais baixos e com uma odiada tipóia em um dos braços, posando para o fotógrafo às portas do castelo de Hogwarts. Ao seu lado seus amigos, todos muito orgulhosos com o fim da aventura, mas nenhum dos dois estava mais radiante que ele. Ele sempre gostava quando alguém o reconhecia. Talvez porque vivera sentenciado a sempre se esconder na sombra de seu famoso pai. Alvo se levantou da cama e passeou pelo quarto bagunçado até o quadro de cortiça. Passou o dedo pela folha de jornal que ele recortara e por um segundo pode sentir o cheiro da folha impressa invadir suas narinas. Pouco depois ele baixou seus olhos para a fotografia que seu grande amigo, e afilhado de seu pai, Ted Lupin, batera momentos antes de ele deixar o castelo de Hogwarts para as férias. Lá estava ele com seus dois melhores amigos, mais Lucas Pritchard – um garoto magro e loiro com grandes habilidades para o xadrez – Perseu Flint – que possuía uma cara feia com dentes graúdos – e os Malignos, um grupo de alunos de diferentes casas em Hogwarts que tinham como especialidades provocar travessuras e brincadeiras na calada da noite pelos corredores de Hogwarts. Tiago Potter, o irmão mais velho de Alvo, fazia parte do grupo, assim como Agamenon Lestrange. Alvo deslizou para perto de sua janela. Seus dedos dançaram pelo pano verde da cortina, verde como os de sua casa (que coincidência). Mas tudo se explicava, pois aquele quarto um dia fora de Régulo Black, um bruxo meio retardado e medroso que seguira o caminho dos seguidores do Lorde das Trevas somente para provar algo para os pais. Mas no final das contas, Régulo fora muito corajoso contrariando omilorde e roubando o medalhão transformado em Horcrux. Régulo fora um sonserino, assim como Alvo e a cada dia ele acostumava cada vez mais com o verde. Alvo olhara para fora de sua casa, para a rua que cortava o Largo Grimmauld. Havia um poste tomado por ferrugem a poucos passos da porta encantada do número doze. Sua lâmpada estava fraca, e piscava a cada intervalo de dez minutos. Alvo já até sabia quando ela piscava, pois aquele problema já persistia por longos meses. Uma moto trouxa cortou o ar e quebrou o silêncio com um potente ronco. O motoqueiro parecia querer se exibir para o ninguém, pois deu um cavalo-de-pau por duas vezes fazendo o motor roncar com mais vigor. Ele também tentou dar um pinote, mas algo o atrapalhou e a roda da frente não se ergueu muito do chão. Alvo forçou os olhos para tentar notar alguma característica da moto que se perdia por entre a escuridão, sob os gritos de fúria da vizinha trouxa, a viúva do número treze, de Alvo que acordara com o regurgitar do motor e agora despejava um dicionário de palavrões que ele não conhecia. Talvez fosse uma BMW, pelo desenho da motocicleta poderia ser uma do tipo. Mas o motor tinha cara de japonês. Será que era uma Kawasaki? Alvo não tinha muita idéia, talvez seu tio-avô Elias pudesse confirmá-lo somente ouvindo o som do motor.
  • 17. O tio Elias era um homem legal. Alvo passara a maior parte das férias com ele e a família na Toca. Por pouquíssimo Alvo e o restante de sua família não perdera a Toca para uma família trouxa. Mas no último instante o tio Elias a arrematou com um bem feito Feitiço da Memória. Assim como ele, seus filho e netos eram bem legais, exceto o Douglas. Barney Weasley era uma cópia escarrada do tio Percy. Parecia que os dois haviam sido criados lendo todas as leis do Ministério, mas Barney acabara com um emprego inferior ao do tio Percy, mesmo tendo habilidades semelhantes. Seu irmão, Fábio Weasley, também era muito boa praça, tinha o mesmo dom do tio Jorge de alegrar a família e contar piadas e ele estava se dando muito bem como novo subgerente da filial das Gemialidades Weasley em Hogsmeade. Suas esposas também não eram más pessoas. Ivone Weasley, a esposa de Barney, sempre gostava de se mostrar perfeita. Não havia uma vez que Alvo a vira durante todas as férias sem estar com um vestido bem arrumado, golas pontudas e engomadas e um salto alto que mais parecia serem caninos de um Rabo Córneo Húngaro. Já Mabel Weasley gostava de estar em contato com a terra, andar descalça pelas hortaliças e passar a noite no telhado da Toca olhando para as estrelas. Ela acreditava muito no poder dos astros, em procurar os desenhos das estrelas e de testemunhas chuvas de meteoros. Alvo se perguntara como era Mabel quando criança. Se ela sempre fora sonhadora e fantasiosa, no meio de uma população de trouxas que não gostava muito do ar livre ou de crianças que desenham dragões e fadas no verso de suas provas. Sim, Mabel era uma nascida- trouxa. Assim como a mãe, Jill Weasley era muito sonhadora. Ela era a mais velha dos três netos de Elias Weasley. Ela também gostava de estar com os pés bem enterrados na lama, de sentir a mistura de barro e água por entre os dedos. Também gostava de Quadribol. Ao final das tardes, ela pegava a vassoura velha de seu pai e dava voltas pelo campo improvisado do quintal da Toca, só parando para sobrevoar a macieira e colher algumas maçãs. Digory Weasley também gostava da vida campestre, mas também tinha um grande forte para mecânica. Ele sorria mais vezes que uma hiena, mas gostava mesmo de fazer objetos de papelão, elásticos e algumas porcas. Bem diferente de seu irmão Douglas, que ficava trancado no quarto com suas entediantes coleções de insetos, de partes de motores e pistões, e com seu melhor amigo: um diário velho e úmido com frases secretas que Alvo nem imaginava sobre o que diziam. Todos sabiam (até mesmo o próprio Douglas) que ele não era muito bom com pessoas, ou com qualquer ser que tenha vida. Para ele, seria mais fácil desmontar uma Ferrari que conversar e rir com outras pessoas. Convencido de que não conseguiria mais dormir, Alvo voltou suas atenções para seu malão semi-aberto recostado perto de sua escrivaninha. Ele, assim como o restante de sua família, estava quase pronto para a viagem que faria no raiar do dia. Assim que os primeiros raios do sol clareassem Londres, os Potter seriam encaminhados por um motorista do Ministério da Magia para uma área particular
  • 18. às famílias bruxas que viajariam para o Brasil, país sede da Copa Mundial de Quadribol daquele ano. Alvo e a família assistiriam a grande final, que contaria surpreendentemente com o país anfitrião, que nunca conseguira chegar a uma final e com a Inglaterra que tentava acabar com um jejum de dez anos sem um título mundial. Alvo olhou para seu malão, e analisou o que já havia colocado dentro dele. Uma pilha de roupas e calças bem confortáveis e macias (todos diziam que o clima brasileiro era bem mais quente que o londrino); seu novo livro de feitiços que ele pretendia ler quando estivesse completamente entediado; três pares de meias de diferentes cores; um guia sobre a Copa Mundial que ele comprara em uma tenda improvisada no final do Beco Diagonal, a qual disponibilizava algumas miniaturas de jogadores famosos e resultados dos jogos previstos, aparentemente, pelos melhores videntes da atualidade. Alguns malandros compravam as diferentes cartelas com as ditas predições e aproveitavam a proximidade com o Gringotes para realizarem algumas apostas com os duendes. “Não sabem no que estão se metendo”, garantiu Harry ao pé da orelha de Alvo naquela ocasião. A mala estava praticamente pronta, mas Alvo não tinha certeza se acrescentava um último item. O garoto saltou por cima de seu caldeirão e abriu a gaveta do meio de seu armário de supetão. Remexeu a gaveta amarrotando boa parte de suas novasvestes para Hogwarts. E bem lá no fundo, rodeado por poeira e impregnado com um cheiro de naftalina estava ele, o falso galeão que Alvo ganhara no final do inverno passado. Alvo tomou o galeão nas mãos depois de muito tempo. Esperava alguma coisa de especial do presente que recebera de um artesão medieval que se intitulava o Caçador de Destinos, mas o medalhão nada de especial fazia. Era brilhante, no início, como todos os outros, e agora se tornara fosco. É verdade que o Caçador de Destinos lhe avisara que o galeão o ajudaria somente nos momentos de solidão e dor, mas ele não parecia muito poderoso, ou até atraente. Mesmo duvidoso com relação aos seus verdadeiros poderes, Alvo atirou o galeão no meio da mala. Depois chutou a tampa que se fechou com um baque. Não havia mais nada há fazer, a noite voltara a assumir o controle. Escurecendo tudo e mergulhando o mundo no silêncio monótono. Nenhuma luz entrava no quarto de Alvo, e ele só não se adaptava a escuridão porque de tempo em tempos a luz fraca do poste externo clareava o quarto por alguns segundos. Ele voltara para debaixo das cobertas. Girava para um lado, girava para o outro, mas não conseguia encontrar uma posição confortável o suficiente para cochilar. O mais fascinante que acontecera fora ouvir a descarga do terceiro andar soando com um giro e fazendo a encanação da casa regurgitar com mais força. Lílian deve estar usando o banheiro, ele pensou. Também poderiam ser seus pais, mas ambos pareciam muito cansados quando foram se deitar. Passados cinco minutos, Alvo continuava em claro. Um travesseiro havia sido atirado para fora da cama e metade das cobertas tocavam o chão. Alvo levantara-se mais uma vez. Talvez um copo de leite ou d’{gua o ajudasse a dormir melhor. Se
  • 19. tivesse um pouco de sorte, esbarraria com Monstro e ele faria com que uns biscoitos com gotas de chocolate fossem fervidos magicamente, mas a sorte de Alvo não era uma das mais fortes. Se tivesse uma sorte tão intensa não estaria tendo um ataque de insônia na véspera de sua viagem. Teria dormido tranquilamente como seus pais e seus irmãos e não seria dominado pela ansiedade e não ficaria em claro por metade da noite. Alvo deslizou pelo carpete de seu quarto até a porta. A mão alisou a maçaneta. Alvo estava prestes a abri-la quando escutou um estrondo... Fora como se uma mancada fosse empurrada com força e em seguida Alvo ouviu o estilhaçar de alguma peça de vidro ou de porcelana, pois seu estilhaçar pode ser ouvido com veemência. Ladrão, Alvo pensou com o corpo gelando. Ele detestava ouvir barulhos durante a madrugada. Sabia que o número doze do Largo Grimmauld era protegido por um Feitiço Fidelius, mas após a morte do fiel de seu segredo, ninguém menos que o Prof Dumbledore, muitas pessoas tomaram conhecimento da existência da casa e Alvo ainda não se acomodara com a idéia de Mundungo Fletcher ter poderes sobre a casa. Ele já a assaltara por algumas vezesapós a morte de Sirius Black, e Alvo sabia que o bruxo malandro passava por más marés. Fora pego com bandos suspeitos e era suspeito de contrabando e furtos. O que o impediria de assaltar a casa? Se Fletcher estava precisando de dinheiro, por que não arrombaria uma casa cheia de artefatos místicos e fantásticos? Sem hesitar, Alvo se adiantou para perto da mesinha de cabeceira e agarrara a varinha. Ele não podia fazer magia fora da escola, mas só sofreria as conseqüências após a segunda irregularidade. Era bom ter por perto um perito em leis e em suas brechas como Isaac Prewett. E a lei que restringia a prática de magia por menores também assinalava que os menores poderiam usar magia em casos extremos de vida ou morte. E como o Ministério classificaria um ladrão problemático com problemas financeiros ameaçando uma varinha em sua direção? Alvo não ficou muito tempo pensando nas conseqüências, se seu pai tinha mania de se o herói ele também tinha, e parte de seu eu interior gostava disso. Girando a maçaneta e saltando para fora do quarto, Alvo avançou para o andar de baixo em direção a onde tinha certeza de que ouvira o barulho. A cozinha. Alvo pisava cuidadosamente pelos degraus. Tentava fazer o mínimo de barulho possível. Na madrugada até um simples fungar poderia ganhar proporções capazes de acordar um homem em sono profundo. O garoto passara pelas cabeças decapitadas dos antigos elfos que serviram a família Black. Legitimamente era bem melhor passar por eles durante a manhã, já que a noite as sombras projetadas por suas orelhas pontudas e pelos restos de seus narizes acentuados transformavam cada cabeça em algo mais assustador. Com Monstro poderia ter o grande sonho de ter sua cabeça ali, junto com a da mãe. Alvo não gostava de pensar muito como seria ter a cabeça exposta naquelas circunstâncias e muito menos durante o Natal, quando eram adicionadas barbas brancas e gorros vermelhos.
  • 20. Ao chegar ao patamar da cozinha, Alvo gelou mais uma vez. Teve vontade de voltar novamente para seu quarto e forçar sua mente a dormir. A figura do homem que provocara o barulho estava agachada sobre a geladeira escancarada. Alvo poderia ter visto seu rosto com a claridade gerada pela geladeira, mas esta estava oculta pela porta da geladeira clara dos Potter. O homem vacilou e colocou mais uma fatia de queijo em seu sanduíche improvisado. Havia mais alguma coisa junto ao sanduíche... Que audacioso! Pensou Alvo intrigado. O ladrão – além de provocar uma barulheira como aquela e roubar alguns pertences da família – agora estava preparando um mísero sanduíche com os suprimentos guardados para a viagem do dia seguinte. Antes de tomar conhecimento de seus atos, Alvo saltou mais a frente, derrubando uma das cadeiras da mesa de jantar e chamando a atenção do homem. Ele tentou chegar à varinha, mas o garoto fora mais rápido. Girara sua própria de qualquer maneira fazendo com que a de seu oponente voasse para longe. – Parado ai, ou eu te estuporo! – gritou Alvo apontando sua varinha de núcleo de coração de dragão, trêmula, para o homem. – Tudo bem, você me pegou. Mas poderia deixar seu pai fazer uma boquinha antes de enfeitiçá-lo? O homem abriu a geladeira mais uma vez, fazendo com que a luz do aparelho eletrodoméstico incidisse sobre seu rosto. Harry Potter estava em pé, com as mãos levantadas próximas às orelhas com uma aparência bastante faminta e sonâmbula. Seus óculos estavam tortos sobre o rosto; os cabelos despenteados, cobrindo boa parte de sua cicatriz em forma de raio. Um pé estava descalço, e Alvo pode ver o sapato do pai jogado a alguns centímetros de onde se encontrava. As vestes estavam amarrotadas e o cinto estava desafivelado. Harry não estava de pijama. – Podemos clarear mais a cozinha, não é? Lumus – ele se adiantou até sua varinha e a agitou, fazendo com que as lâmpadas da cozinha se acendessem, tornando a da geladeira dispensável. – Creio que eu fiz mais barulho do que devia. Acordei você, não foi? – Não, eu já estava acordado – admitiu Alvo levantando a cadeira que ele derrubara. – Acho que a ansiedade não me deixou dormir muito. – Compreensível – falou Harry. – Também não consegui dormir muito bem nas vezes em que fui ver a final da Copa Mundial... – Deixem os pertences da casa de meus senhores onde estão! – berrou uma voz asmática de rã velha, cortado a tranqüila conversa entre Alvo e Harry como um arranhão no quadro negro. – Mundungo Fletcher, se for você eu juro que lhe farei pagar! – Está tudo bem, Monstro – afirmou Harry para seu elfo doméstico. Monstro, o velho elfo doméstico da família Potter, irrompera de sua toca de baixo do fogão a mil por hora. Estava vestido somente com seu velho trapo que cobria sua nudez e carregava ameaçadoramente uma frigideira antiga, coberta de ferrugem e bastante amassada.
  • 21. – Desculpe-me, meu senhor Harry. Mas Monstro ouviu uns barulhos, meu senhor... Ouviu que algo se estraçalhando, meu senhor... Depois ouviu as cadeiras caindo, mestre Harry... Monstro pensou... Monstro pensou que o ladrão Mundungo estivesse voltado a roubar a casa de meus senhores. Monstro sabe que o ladrão Fletcher não está em uma situação confortável. – Está tudo bem, Monstro – repetiu Harry, dirigindo-se até o elfo e ajudando-o a abaixar a frigideira. – Lamento se eu os despertei ao quebrar o prato que estava equilibrando na porta da geladeira, mas eu já o consertei. Alvo também se assustara com o barulho e acabara derrubando a cadeira. A culpa fora toda minha, eu fui desengonçado. – É. Desculpe-me, Monstro – disse Alvo. – Meus senhores se desculpando com Monstro. Monstro fez os senhores dele pedirem desculpas quando Monstro fora o inconveniente... Monstro malvado – e começara a se castigar, batendo com a frigideira na própria cabeça – Monstro malvado! – Monstro, pare de se castigar! – bradou Harry agarrando a frigideira, tentando impedir que o elfo continuasse se debatendo, mas Monstro se esquivava dos braços de Harry, insistindo. – Monstro eu ordeno que pare! E imediatamente o elfo parou. – O que eu já disse sobre esses castigos? Poderia ficar mais calmo? Excelente – Harry olhou para Alvo, analisando-o – Poderia esquentar um pouco de leite para mim e para Alvo? E seria agradável se pudesse fazer uns biscoitos para ele e aprimorar meu sanduíche. – Como meu senhor quiser – falou Monstro, fazendo uma reverência tão exagerada que seu nariz roçara no chão, criando uma linha reta no chão empoeirado. – Monstro tem de limpar a cozinha enquanto meus senhores estão fora de casa – completou o elfo, baixinho. – Vamos, Al – chamou Harry contornando o braço sobre os ombros de Alvo e encaminhando-o para fora da cozinha – Vamos esperar por Monstro na Sala das Tapeçarias. Eles vagaram pelo escuro primeiro andar. Alvo chegara a avistar o vulto que era o retrato em tamanho real da Srª Black. Harry e Alvo contornaram o pé de trasgo em forma de porta-guarda-chuva que Harry mantivera na casa para se lembrar dos amigos perdidos durante a guerra. “Tonks sempre tropeçava nele” Harry contava quando alguém repetia o fato. – Por que me trouxe para cá, papai? – perguntou Alvo, mas essa não era a verdadeira pergunta que gostaria de fazer. – Por nada – respondeu Harry, secamente. – E por que não está de pijamas? Harry voltou a olhar para a cara sonolenta de Alvo. Depois, largou-se no sofá da sala das tapeçarias da família Black e retirou o outro pé de seu sapato.
  • 22. – Fui convocado pelo Ministério para... – Harry estava prestes a falar o que não devia. O que jurara manter em segredo, mesmo não estando ao seu favor. – Fui convocado. Houve, hum, um problema, e tive que ir para lá às pressas. – Que tipo de problema o força a acordar e deixar sua casa às duas da manhã? – Alvo estava curioso, mas já esperava que o pai não o respondesse diretamente. Havia muitas coisas de sua vida profissional que Harry não podia dividir com os filhos. Alvo não gostava muito delas, mas a entendia. – Houve um problema em uma estação de metrô trouxa – falou Harry, o que era verdade. – Um bruxo chamado Bram Blenkinsop estava enfeitiçando máquinas derefrigerante para que elas espirrassem soda nos trouxas e os acertassem com moedas de cinqüenta libras. – Mas isso não é trabalho para o pessoal do antigo departamento do vovô Weasley? – Sim, mas... Blenkinsop estava fazendo mais estragos. Enfeitiçava também trouxas para que eles fizessem imitações horríveis de galos e macacos. Tivemos de intervir. Mesmo sem ser muito convencido, Alvo assentiu, e largou seu corpo no sofá, ao lado de seu pai. – Por que me trouxe para cá? – perguntou Alvo. Ele pode sentir o corpo de seu pai relaxar. Harry parecia ter adorado ter uma desculpa para não insistir na conversa de sua ida ao Ministério. – Porque mesmo depois de anos morando aqui: esta sala ainda me intriga – admitiu. – Sabe, Al, como a família Black era conservadora, astuta e ou mesmo tempo maligna e injusta, isso me intriga. Observo essas tapeçarias e as associo a um quebra-cabeça, onde nem metade de sua escultura fora desvendada. Gosto de vir para cá para tentar desvendar os segredos das tapeçarias. Descobrir possíveis laços que foram queimados junto com as fotos de alguns deles. Você sabe, meu padrinho Sirius gostava de dizer que“sempre que a família produzia alguém razoavelmente descente, ele era repudiado”? E é a mais pura verdade. Seus olhos verdes, iguais aos de Alvo, percorreram as imagens dos membros da família Black que foram queimados das tapeçarias. – Eduardo, Fineus, Isla, Mário, Alfardo, Andrômeda, Cedrella,, Sirius... – Harry murmurou sem pensar no que ele estava falando, seus olhos ainda deslizando pelas tapeçarias – Todos os que possuíam um pingo de decência, foram cortados... Aliás, nem todos... – O que quer dizer, papai? – arriscou Alvo, no instante em que Monstro entrara na sala carregando a bandeja de prata com os biscoitos, o leite e o sanduíche de Harry. – Monstro trouxe o lanche noturno de meus mestres – disse o elfo com rouquidão. – No que mais Monstro pode servir aos meus senhores?
  • 23. O rosto de Harry parecia clarear sobre os lustres desenhados em forma de aranhas gigantes com lâmpadas foscas cobertas por cúpulas verdes que tornavam o ar mais: fantasmagórico. – Monstro, poderia, por favor, contar para mim e à Alvo o porquê da linhagem de Dorea Black nãos estar contida nas tapeçarias? – ele perguntou abocanhando seu multiplicado sanduíche, bastante aperfeiçoado por Monstro. Alvo olhou de seu pai para Monstro e depois para o retrato de Dorea Potter, uma bruxa de cabeleira loira, pele pálida e olhos amarronzados, muito penetrantes e sedutores. – Ah, sim mestre Potter – falou Monstro fazendo outra reverência exagerada. Dessa vez, seu longo nariz passou pelo carpete da Sala das Tapeçarias, provocando uma série de espirros irritantes. – Madame Potter era tia de minha antiga senhora. Ela se casara relativamente tarde, meu senhor. Monstro se lembra lucidamente do casamento de Madame Potter com o Sr Charlus. Eu já era um jovem elfo quando servi, ao lado de minha honorável mãe, algumas taças de vinho de elfo para os convidados do casamento. Todos gostavam de Dorea. Ela seguia as tradições da família, admito que ela não fosse a mais rígida com relação aos aspectos sanguíneos dos que a rodeavam, mas nunca se constatou que ela teve relações afetivas com sangues... ham, nascidos-trouxas. Mas aí veio aquela noite... “Quando o filho mais velho de minha antiga senhora, Sirius, fugiu de casa, ele se abrigou na casa de Dorea, que era mãe de seu melhor amigo. Minha senhora quis bani-la da família Black, assim como fizera com seu irmão Alfardo. Mas na época, era seu sogro, meu antigo senhor Arturo era quem representava o caráter de chefe da família Black. Ele negou o pedido de minha antiga senhora, enfatizando que Dorea não merecia ser subjugada, pois diferentemente de Alfardo, ela não procurara Sirius para abrigá-lo, ele a procurara.” “Mas minha senhora guardara rancor de sua tia e não permitiu que seu filho, notavelmente seu primo de primeiro grau, fosse reconhecido na árvore genealógica da família Black. E para o deleite de minha senhora, o menino Potter acabara se esposando com uma nascida-trouxa, tornando inviável sua adesão junto aos outros demais membros da família Black.” – Estou grato por sua narração, Monstro – admitiu Harry sem olhar para o elfo. Seus olhos brilhavam de alegria, conforme ele encarava a imagem de Dorea Potter. – Por que eu não pensara nisto antes? Ah, Monstro, será que poderia trazer-me uma dose de uísque de fogo? Leite com sanduíche não me irá por para dormir como antigamente. Sobre uma nova referência, Monstro aparatou com um estalo. Sumindo de vista. – Alvo, eu tenho a honra apresentar-lhe as imagens de seus bisavós – disse cordialmente Harry, indicando com o dedo sujo de maionese para os nomes de Dorea e Charlus. – Que mais uma fez, mostraram que os ideais de Sirius estavam corretos. Alvo permaneceu em silêncio. Já sabia de tudo aquilo, mas não conhecia a verdadeira história que envolvia a disputa familiar entre sua bisavó e a Srª Black.
  • 24. De um lado, uma mãe nada maternal lutando com todas suas unhas bem feitas e armas disponíveis para castigar aqueles que haviam ajudado seu desprezado filho a fugir de casa. E do outro, uma bruxa adorada por toda sua família, defendendo- se dos ataques irracionais de uma sobrinha mimada e impulsiva. Mas ele não queriaestragar a alegria de seu pai. De revelar a ele que já tinha conhecimento de seu parentesco com Dorea Black e que soubera de tudo por um parente bastante lúdico. – Por que você acha que a Srª Black tentara expulsar todos os que ajudaram Sirius a fugir de casa se ela o detestava tanto? – ele perguntou tentando desvencilhar seus pensamentos da visão que tivera da Srª Potter no início do ano – O lógico seria ela estar bem agradecida a essas pessoas que providenciaram que ela se desse livre de sua prole indesejável. – Se o coração de uma mãe fosse lógico, elas seriam máquinas bem aparafusadas e viriam com um manual de instruções bem simplificado – respondeu Harry ajeitando suas roupas e empurrando os farelos de seu sanduíche para baixo do sofá. – Não sei o porquê de a Srª Black lutou tão arduamente para impedir que seu filho a deixasse a flor da idade. A consciência provavelmente deve ter pesado. – Você já pensou em restaurá-la? – tartamudeou Alvo limpando os farelos do biscoito de sua boca. Ainda restavam três biscoitos com gotas de chocolate e metade de leite em seu copo. – As tapeçarias. – Várias vezes – afirmou Harry. Em seguida: Monstro surgiu. – Lamento a demora, meu senhor. A garrafa de vinho havia sido posta em outro local. Monstro teve de utilizar um Feitiço Convocatório para encontrá-la – o elfo estalou os dedos e a garrafa com um líquido arroxeado como se fosse inteiramente feito de uva parra recém colhida. O vinho escorreu pela boca da garrafa e entrou em contato com a superfície gelada da taça. O líquido fez menção de escorrer, mas não o fez. Bolhinhas de gás emergiram do fundo do copo, graciosamente. – Está dispensado, Monstro – disse Harry recolhendo a taça. – Pode voltar a dormir. Dessa vez Monstro não fez reverência, apenas deixou o aposento. – Como eu ia dizendo, Al... Sim, eu já tentei restaurar as tapeçarias, indaguei até ao pintor que dera um trato no retrato da Srª Black sobre quanto custaria o serviço. Mas tendo relações estreitas com os Weasley, se eu quisesse reformar completamente as tapeçarias teria de desembolsar uma boa quantia. – Mas seria legal! – exclamou Alvo, animado. – E você poderia ver seus amigos todo dia – contou Harry analisando a taça de vinho, mas sem levá-la a boca. – Muitos de seus colegas teriam um retrato aqui. Veja, se restaurássemos a foto de Mário Black, teríamos de acrescentar seus descendentes, o que chegaria a seu amigo Lívio. Completaríamos a linhagem dos Malfoy e Escórpio ficaria mais ou menos ali. Também colocaríamos seu companheiro de dormitório Isaac Prewett entrelaçado junto aos descendentes de
  • 25. Inácio e Lucretia Prewett. Mas não me sentiria muito à-vontade em colocar a foto da tia de Isaac nas tapeçarias. – Você a conheceu? – Sim. Logo depois do final da guerra, quando Kingsley já havia recolocado a Grã-Bretanha nos eixos, seu avô conseguiu mais alguns ingressos para a Copa do Mundo na Irlanda. Naquele tempo, sua avó e o avô de Isaac, Geraldo, estavam voltando a se entender bem, após a discussão que ambos tiveram... – Que tipo de discussão? – quis saber Alvo intrigado. – Não sou a pessoa certa para lhe dizer isso com muitos detalhes, sua mãe saberia mais do que eu, mas... Se não me engano... Geraldo Prewett pedira para que sua avó conseguisse uma vaga para seu filho mais velho em Hogwarts. Geraldo era um aborto, mas eu filho é, como nomeamos agora, um semi-aborto. Uma pessoa com pouquíssimos dons da magia, mas que geralmente possui conhecimento para executarem feitiços simples como a levitação e gerar pequenas explosões. Sua avó enviou uma carta a Dumbledore, pedindo que reconsiderasse a situação de Benjamim, mas ele recusou. Geraldo ficara desgostoso e rompera o último laço que possuía com os Weasley e com o mundo da magia. Mas em meu quarto ano veio a surpreendente notícia de que a filha mais nova de Geraldo nascera com dons mágicos. Geraldo voltou a ter contado com sua avó, desesperado, implorando para que ela o perdoasse pelo modo como agira que ele se arrependia e que suplicava para que ela integrasse Mafalda no mundo da magia. Você conhece o enorme coração bondoso de sua avó. Ela se encheu de emoções e aceitou as desculpas de Geraldo. O que me leva à Mafalda. “Como disse, seu avô conseguira uns ingressos para as semifinais e finais da copa da Irlanda. Molly o pedira que permitisse que Mafalda os acompanhasse, já que Gui e Fleur não viajariam, pois Vitória possuía apenas seis meses de vida. Todos nós tivemos uma mesma opinião sobre Mafalda: ela era insuportável. E sua tia Hermione cansara de alertar aos demais sobre a garota. Ambas, mesmo com certa diferença de idade, eram inimigas declaradas.” Alvo ficara imaginando porque a tia Hermione se tornara inimiga da tia de Isaac. Mas ele não quis perguntá-lo. – Não tenho mais informações sobre os demais descendentes dos Black renegados – a voz de Harry ecoou pela sala, mas ele não parecia muito presente. – Se não me engano: Alfardo não teve filhos e Fineus Black possuiu apenas uma filha. Mas ainda me pergunto por que Araminta Melíflua está fazendo ali. – Sobre o que está falando, pai? – Essas tapeçarias deveriam conter apenas herdeiros diretos da família Black. Mas o verdadeiro sobrenome de Araminta é Goyle. Ela é filha da irmã de Irma Crabbe, Cindra. A qual era casada com Plauto Goyle. Possivelmente os membros da família Black ficaram tão encantados com as atitudes que os Goyle tomaram junto ao Ministério, que abriram uma brecha e conseguiram engajar Araminta na árvore genealógica – e antes que Alvo pudesse perguntar, Harry completou. Plauto Goyletomara grande partida nos movimentos antiduendes. Ele conseguiu aprovar
  • 26. uma lei que restringia a prática de magia por duendes. De certo modo de vista a lei feita aprovar por Goyle era notável. Mas suas reais intenções eram: anular por completa a magia da Duendidade. Mas o pessoal do Serviço de Ligação com os Duendes vetou quaisquer intenções de Plauto. E Araminta, bem, tentou aprovar a força uma lei que tornava a caça á trouxas legal. Sem sucesso. – Eles eram bem sombrios – concluiu Alvo, olhando mais uma vez para as tapeçarias. – Sim – concordou Harry. – Geniais, mas sombrios. E com umas tradições bem sinistras. Sabe filho, acho que nós, os Potter atuais residentes do número doze do Largo Grimmauld, antiga residência dos Black, poderíamos começar novas tradições. O que me diz, Al? – ele ergueu a taça com vinho dos elfos, sustentando-a pouco acima de sua cabeça. Alvo o seguiu, com seu copo de leite bebido até a metade. – Para todos os bruxos e bruxas que seguiram seus ideais e os levaram até o último suspiro. Para você, Arthur, meu querido sogro, para Sirius, meu padrinho e o primeiro homem que eu concederei como um pai. Para meu mentor, Dumbledore, que dera o seu melhor até o fim de sua ilustre vida, somente para me guiar até o final caminho certo sem me ferir... Para meus verdadeiros pais... Para Dorea e Charlus Potter, que acolheram Sirius quando ele fugira de casa... E para você, Alvo. Meu filho, minha generosa prole. Uma dádiva, assim como Tiago e Lílian... Que já demonstrara no ano anterior que aprendera muita coisa comigo. Eles brindaram. Alvo tomara um generoso gole de seu leite, esvaziando o copo. Harry o seguira da mesma maneira. Alvo limpara o bigode branco que o leite formara e recostara no braço magro, porém mais musculoso de seu pai. Ele deu mais uma olhada pelas tapeçarias, imaginando como elas seriam completas, sem as marcas de queimadas. Ele girara os olhos duas vezes, até que esses saíram de foco. Finalmente ele vencera a insônia que o mantivera acordado até aquele momento. Finalmente adormecera. E Harry fora incumbido de velá-lo até seu quarto, até sua cama. Cuidadosamente para não despertá-lo. Capítulo Três Colégio Interno de Magia Bruxolunga lvo, acorde logo! Parece que acabou de dormir! – gritava Tiago Potter correndo pesadamente pelas escadas do Largo Grimmauld para cima e para baixo eletricamente. Como se acabasse de beber três garrafas térmicas inteiras de café expresso. Alvo queria berrar apara o irmão que não o amolasse. Que ele não tivera uma noite nada confortável ou tranqüila, mas resolveu ficar em silêncio, pois anda estava pouco zonzo. Quando saiu do quarto ainda trajando seu conjunto de pijamas, Alvo se deparou com um Tiago que ele nunca vira. Ele já possuía treze anos (cursava o terceiro ano de magia em Hogwarts), e já era alguns centímetros mais alto que Alvo – mesmo tendo diferença de apenas um ano. Tiago usava uma coleção de roupas bastante extravagante e nada discreta. Usava um blusão cor – A
  • 27. mastim sobre uma jaqueta de algodão listrada em azul, as pernas eram cobertas por um habitual jeans, mas o que mais chamava a atenção era o chapéu festeiro que ele usava. Era grande como uma cartola, porém era uma imitação de pele de lebre muito mal feita. Era totalmente branco, exceto por uma cruz vermelha simbolizando a bandeira da Inglaterra. Mas o mais interessante eram os grupos de pequeninos hipogrifos que disputavam longas e intermináveis corridas ao redor da aba do chapéu. Volta e meia uma das criaturinhas se exaltava e começava a levantar vôo a alguns centímetros do abobalhado chapéu comemorativo de Tiago, mas ele nem ligava. O que mais o incomodava eram os óculos cada vez mais grossos que ele era obrigado a utilizar. No ano anterior Tiago brigara com unas e dentes para não ter de colocar seus óculos, mas agora seu grau de miopia estava maior e era inviável que ele não os utilizasse. (“Não quero a droga dos óculos que meu médico trouxa est{ me empurrado”). Era o que ele gritava sempre que era forçado a utilizar os óculos redondos, feios e fora de moda. Depois de muitas discussões todos chegaram a um consenso e Tiago ganhara um novo par de óculos da Globular & Frebbes Óptica – a melhor do mundo da magia. – Sabia que tínhamos de nos camuflar perante os trouxas, mas acho que você exagerou um pouco, Alvo explosivim – riu Tiago analisando os trajes de dormir do irmão. – Tudo bem, acho legal que queria que todos trouxas pensem que você está indo para uma festa do pijama. – Não enche – bufou Alvo fuzilando seu irmão mais velho com seus olhos verdes, no exato momento em que sua mãe Gina e sua irmã mais nova Lílian desciam as escadas. – Alvo Potter, pare de encarar seu irmão desta maneira hostil – censurou a mãe se levantar os olhos dos cabelos ruivos de Lílian, que ele tentava fazer com que ficassem mais bonitos do que já eram com o auxílio de sua varinha. – E por que ainda está depijamas? Seus tios chegarão em poucos minutos e os carros do Ministério não mais que isso. Então, se não quiser ficar aqui em casa o resto de suas férias trancado com Monstro, só saindo para ir ao Beco Diagonal para comprar seu material didático, eu o aconselho a trocar de roupas! – Ah, mamãe, o que está fazendo?! – exclamou Tiago em um forçado tom de surpresa. – Está vestindo Lílian com as cores da oposição, do inimigo! Tiago apontava energicamente para as roupas verdes e amarelas de Lílian. Sua camisa era completamente amarela com pequeninas bolinhas brancas, sua saia era verde esmeralda e as fitinhas encantadas que se prendiam em seus cabelos também eram amarelas, porém com listras verde musgo. – Tiago Potter, se começar a tratar o Brasil, adversário da Inglaterra na final do Quadribol, como um rival, você também fica aqui em casa com Monstro, entendeu bem? – Gina se fez o mais clara possível. – É que sou fiel ao meu país – ele garantiu apontando para o chapéu de falsa pele de lebre com hipogrifos correndo. Lílian abafou um risinho.
  • 28. – E você pensa em sair pelas ruas de Londres com este chapéu maravilhoso? Rápido, guarde isso em sua mochila e nem pense em usá-lo antes de chegarmos na parte mágica do Brasil! Alvo não ficou esperando para ouvir os protestos de Tiago ao seu favor. Novamente ele mergulhou nas sombras de seu quarto e retirou do armário de quatro pés em forma de patas de centauro as roupas que já separara para a viagem. Ele demorou o máximo que podia para se trocar. A cada dois minutos um grito de um de seus parentes rompia o silêncio em seu quarto o convocando para o café da manhã. – Alvo, anda logo! Seus tios já devem estar quase chegando – alegou Gina ao finalizar o penteado de Lílian, que não parava de perguntar: – Falta muito para eles chegarem? Um pouco aborrecido, Alvo colocou o pé esquerdo de seu tênis e desceu para a cozinha, onde Monstro já havia preparado um farto café da manhã e seu pai e Tiago já tinham os pratos repletos de comida. – Tiago, eu já mandei tirar esse chapéu de hipogrifos! – bradou Gina ao descer as escadas pouco depois de Alvo. Ela preparou o prato da filha e depois encarou Alvo com seus olhos detalhistas. – Filho, você está passando bem? Está meio pálido e abatido... Tem certeza de que quer viajar? – Claro, não perderia a viagem por nada neste mundo! – exclamou Alvo arregalando os olhos e dando uns tapinhas em suas bochechas par que elas corassem. – Alvo só não dormiu muito bem durante a noite, Gina querida – explicou Harry entre goladas de leite e garfadas de salsicha. – Teve uma noite de ansiedade, o que é normal para a idade dele. Nada que uma dose de suco de abóbora não resolva. E dizendo isso, Harry sacou sua varinha e apontou para a garrafa de suco de abóbora, que levitou alguns centímetros da mesa e flutuou até perto de Alvo, que a agarrou com a ajuda de seus reflexos de apanhador, para delírio dos mini hipogrifos do chapéu de Tiago. – Guarda isso! – bradou Gina mais uma vez, o que fez com que suas orelhas ficassem vermelhas como seus cabelos cor de fogo. Tiago prontamente arrebatou o chapéu de hipogrifos com uma das mãos e sentou em cima dele. Abafando os uivos de dor e indignação das pequenas criaturas. Dez minutos depois os Potter já terminavam o café da manhã (Alvo teve certa dificuldade para comer tendo o estômago completamente revirado) quando a campainha do número doze do Largo Grimmauld soou. Feliz por ter uma desculpa para deixar a mesa, Alvo saltou para fora da cadeira e correu para o patamar de cima, seguido calcanhar a calcanhar por seus dois irmãos. Correndo e ofegante, Alvo saltou mais rápido que Tiago para perto da maçaneta e a girou, destrancando automaticamente a porta de sua casa. Quando a abriu ele teve uma leve visão de três pessoas de cabelos cor de fogo e uma em tom castanho. Mas tudo isto fora apenas por um breve segundo, pois logo depois uma rajada de
  • 29. ar, misturada com alguma coisa muito peluda, feia e maciça voou na cara de Alvo, jogando-o para trás. – AI! O garoto caiu com um baque de costas no chão. A coisa que mais parecia um espanador de poeira se contorcia no rosto de Alvo arranhando com suas garras afiadas seu rosto. Um rangido de dentes triturando não parava de zumbir no ouvido de Alvo, até que a criatura deixasse seu rosto e começasse a saltar pelos móveis sinistros do Largo Grimmauld. A criatura mais parecia uma doninha muito mal cuidada e rebelde. Seus olhos pareciam contas negras e sua língua parecia não caber mais na boca, visto que ela dançava do lado de fora, roçando na pelagem loira amarronzada do bicho. De um lado de seu focinho três indistintos pelos brotavam das pontas, sendo que do outro lado eram apenas dois. E seu corpo mais parecia ser feito de uma mola de automóveis, pois a criatura se esticava e se comprimia como se não possuísse ossos. O que aumentava o estrago que ele proporcionava. – Já chega Dexter! – chiou a inconfundível voz de Rosa Weasley, a prima de Alvo que também estudava em Hogwarts e que possuía a mesma idade que ele. Rosa era bonita e atraente e possuía uma inteligência muito aguçada e rara. Alvo só conhecia uma pessoa mais inteligente que Rosa, sua mãe, a tia Hermione. – Sinto muito, Al. Nós o compramos no Beco Diagonal há uma semana para ele ser meu bichinho de estimação de Hogwarts, já que a coruja ficará para Hugo para quando ele começar em Hogwarts. Dexter ainda precisa se acostumar mais conosco, mas... – ela ofegou quando tentava arrancar Dexter de dentro da porta-guarda-chuva em forma de pé de trasgo. – Mas estamos o tratando com o máximo de zelo e carinho que ele poderia ter. – Humpf, fale por você – disse o brincalhão tio Rony entrando na casa dos Potter e cumprimentando a seus sobrinhos. – Por mim não tínhamos nem comprado esse bicho idiota! Eu preferiria outro rato. – Claro, para depois saber que ele também é um assassino foragido – falou Harry ao pé da escada que levava para a cozinha, recebendo os cumprimentos do melhor amigo e cunhado. – Desculpe pelos arranhões, Al – lamentou a tia Hermione docilmente. A tia retirou sua varinha do bolso de sua calça e a apontou para os arranhões no rosto de Alvo. Como uma canção, Hermione começou a recitar um feitiço que instantaneamente cicatrizava e ocultava os ferimentos no rosto de Alvo. – Por que trouxe um monstro desses aqui para casa! – exclamou Alvo, agora não mais arranhado, mas não menos tenso nem surpreso. – Vou levá-lo para o Brasil! – respondeu Rosa com naturalidade. – Será uma oportunidade maravilhosa para ele reconhecer melhor a mamãe. – Mas que bicho é esse? – perguntou Tiago cobrindo com as costas seu chapéu festivo inglês de hipogrifos, visto que o animal estava mostrando grande interesse na peça. – É um furanzão abortado ou uma mescla sobrenatural de furão?
  • 30. – Na verdade, segundo a senhora que trabalhava n’ Animais M{gicos, o Dexter é uma mistura de furanzão e furão comum. Ele realmente lembra mais a um furanzão, mas não tem nenhuma habilidade formidável, exceto a elasticidade de seu corpo que é bem superior ao dos furões comuns. – Que horas chegam os carros do Ministério? – perguntou o tio Rony consultando seu relógio de pulso. – Vamos logo papai! – disseram Hugo e Lílian ao mesmo tempo para seus respectivos pais. – Fiquem calmos vocês dois! – pediu Gina fazendo a última contagem das mochilas. – Pedi a Marieta Edgecombe para que os carros chegassem pontualmente às dez horas. O que deve ocorrer dentro de exatos vinte e três minutos. – E o que pretende que façamos em vinte e três minutos? – perguntou Tiago dando uns passos para longe de Rosa, e conseqüentemente de Dexter, que não parava de ronronar para ele. – Por que não mostra a casa para o novo bichinho de Rosa? – brincou Alvo soltando um risinho meio que forçado. – Por que você não o leva para conhecer a casa? – retrucou Tiago. – Já tive muita emoção e marcas de meu primeiro e último encontro com esse bicho – Alvo apontou para os lugares onde estiveram seus arranhões. – E você como bom cavalheiro e anfitrião deveria dar as boas-vindas de nossa casa para vosso ilustríssimo Lorde Dexter, o furanzão eloqüente e sanguinário. – Por que não checam se não estão esquecendo nada. Assim que entrarmos nos carros do Ministério, nós não voltaremos para buscar nada! Alvo prontamente saltou para perto de sua mochila e retirou do bolso lateral secreto uma bolinha de vidro pequenina que continha uma fumaça esbranquiçada em seu interior. Alvo tateara seu Lembrol com os dedos lentamente, esperando que a fumaça ficasse vermelha, mas nada ocorreu. Como a Srtª Edgecombe, secretária do Ministro da magia havia aprovado e enviado, os carros particulares do Ministério haviam chegado ao Largo Grimmauld pontualmente às dez horas. Eles eram dois. Ambos eram tingidos em uma tonalidade roxo-escuros com as maçanetas douradas. Os motoristas saíram sincronizadamente de seus respectivos bancos e ajudaram os Potter e os Weasley a acomodarem suas malas no interior de cada carro. – Harry, querido, você poderia ir com um carro com Tiago, Lílian, Hugo, eu e Hermione? Rony, você deverá ir com outro carro, o que têm mais malas, com Alvo e Rosa – organizou Gina fazendo contas com os dedos assim que as malas já haviam sido embarcadas. – Eu preferia pelo Nôitibus Andante – afirmou Tiago segundos antes de mergulhar dentro do primeiro carro do Ministério. Tal desejo deixou muito aborrecido o motorista do carro que, visivelmente não concordava que o ônibus para bruxos e bruxas perdidos fosse melhor que seu ilustre carro.
  • 31. – Você só irá utilizar o Nôitibus em casos de extrema necessidade ou quando eu estiver louca e internada no St Mungus caso lhe de permissão para utilizá-lo – disse Gina posicionando-se para entrar no carro. – Não confio muito em Ernesto Prang. – Vamos logo, Al – encorajou o tio Rony colocando a mão sobre o ombro de Alvo. Mas ele tanto aflito com relação com o par de olhos intrigados e suspeitos que o fitava. – Ele tem mesmo que vir conosco? Acho que a gaiola dele está muito mais prazerosa. – Boa tentativa, Alvo – falou Rosa acariciando Dexter com as pontas dos dedos da mão direita. – Mas Dexter gosta de ficar com a cabeça para fora da janela, pegando ar puro. Mas Alvo não sabia quanta pureza Dexter conseguiria captar estando eles circulando pelo centro de Londres, com todos aqueles escapamentos de gases dos carros, das fumaças lançadas pelas fábricas e todo aquele barulho incompreensível das vozes dos trouxas andando pelas calçadas falando alto em seus celulares. Quando Alvo entrou no carro do Ministério, se arrependeu de ter insistido tanto para permanecer do lado de fora. Era como estar no interior de uma limusine (que Alvo tinha uma vaga noção de como seria mesmo nunca tendo entrado em uma). O chão era de mármore bruto negro e as paredes revestidas de veludo lilás escuro. Luzes de neon desenhavam os contornos do carro e chegavam a duas pilhas de doces e guloseimas que Alvo já tanto vira durante seu ano letivo em Hogwarts e durante a viagem de ida e volta no Expresso Hogwarts. – Papai nunca conseguiu alugar um desses – garantiu o tio Rony fechando brutalmente a porta do carro, o que fez com que seu interior balançasse. – Para onde fora marcado o ponto de encontro do Ministério? – Pista de pouso do Aeroporto de Londres Heathrow – informou o motorista, irritado pelo completo desleixo do tio Rony com relação ao bom funcionamento de seu carro. A viagem transcorreu de maneira formidável. Alvo logo descobriu que o interior do carro era encantado, pois ele conseguia andar de um lado para o outro sem bater com o cocuruto no teto solar. O único inconveniente, é claro, era Dexter, que saltava do colo de Rosa para perto do monte de pacotes de Sapos de Chocolate que Alvo e o tio Rony haviam empilhado desordenadamente. Alvo havia tirado o antigo ministro da Magia Rufo Scrimgeour, Andros, o Incrível, Bertie Bott, mais duas cartas de seu pai e uma do tio Rony. – Posso ficar com ela? – perguntou indelicadamente Rony, fitando por entre os dedos de Alvo seu eu mais novo piscando para ele e exibindo um distintivo que mal se dava para perceber. – Tudo bem, já tenho uns trinta iguais a esse – afirmou Alvo. Rosa por sua vez estava muito concentrada em um pedaço de pergaminho meio mal tratado e rabiscado com tinta preta. Era uma lista de livros e muitos deles já haviam sido ticados. – Posso dar uma olhada?
  • 32. – É nossa lista de material, Alvo. Você já deveria tê-los decorado de cor! – exclamou perplexa Rosa. – Mas tudo bem, talvez você possa me dar umas dicas. Nosso novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas exigira uma quantidade de livros muito complicada de se encontrar. Nada parecida com os do Prof Silvano no ano passado. Alvo não pode deixar de lembrar-se do pobre Mylor Silvano, seu antigo professor de Defesa contra as Artes das Trevas, que no ano anterior fora equivocadamente apontado por ele e por seus amigos de assassino e revolucionário, quando na verdade ele só tentava proteger ao mundo; e no final acabara vítima de uma leva de perigosos feitiços e fora encaminhado por tempo indeterminado ao Hospital St. Mungos para Doenças e Acidentes Mágicos. Alvo percorreu com seus atentos olhos verde a lista de matérias de Rosa. Lista de Material para Alunos da Segunda Série Livro Padrão de Feitiços, 2ª Série de Miranda Goshawk Transfiguração Básica para Iniciantes de Emerico Switch Numerologia Vol. 2: As Equações Mais Mirabolantes de Estevão Gillyfilg As Tumbas do Egito: Feitiços e Contra Feitiços de Hanbal Buttermere Como se Livrar de Escaravelhos Vermelhos de Hanbal Buttermere A Magia da Casa da Vida de Graham Pritchard A Complexidade da Tecnomancia de Artemidoro Boragman Eletivas Adicionais Escolhidas por: Rosa Weasley Animais Fantásticos & Onde Habitam; 87ª Edição de Newton Scamander (reeditado por Rolf Scamander) Mil e Duas Penas: A Continuação do estudo das Corujas de Artemusa Firecawl – Veja! Escolheram um livro do pai do Lucas para a escola e... Ei, você vai mesmo fazer a aula do Monomon novamente? – Alvo não parava de discutir com seu eu interior se iria voltar à aula do professor Artabano Monomon, que no ano passado fora controlado pela Maldição Imperius e quase o levara para a morte. – Sim, ele fora inocentado de todas as infrações cometidas e estava claro de que ele estava sendo controlado por Yaxley. E ele é um ótimo professor, diga-se de passagem. Também... RASGO! Próximo ao banco do motorista encontrava-se Dexter com as garras enfiadas no estofado do banco lilás e com a boca cheia de revestimento de algodão.
  • 33. O motorista do carro desviou o olhar do trânsito londrino e observou a periferia de sua visão, chegando até ao furão que destruíra seu estofamento. Vermelho como uma pimenta malagueta ele começou a esbravejar e a tentar agarrar Dexter com uma das mãos. O carro balançava de um lado para o outro, fazendo com que as rodasavançassem pelas calçadas e que os trouxas desavisados berrassem palavrões e enfiassem os punhos nas buzinas de seus carros. – Esse rato desprezível vai para uma gaiola JÁ! Vejam só o que ele fez com o estofado do meu carro! Vai custar uma fortuna para concertar isso! Sem falar que o meu chefe vai me oferecer para os dementadores!DEMENTADORES! Quando o carro roxo do ministério parou no estacionamento do Aeroporto de Londres Heathrow, o motorista do ministério da Magia não estava tão animado ou eficiente quanto antes. Ele se mostrava aborrecido, mas ao mesmo tempo aliviado, quando colocou as malas para fora de seu carro. E ainda teve tempo de acidentalmente deixar a gaiola de Dexter cair no chão com um baque ensurdecedor de metal se chocando. – Esse furão idiota me faz até ter saudades da escova de sapatos velhos da Hermione que era o Bichento – admitiu o tio Rony num sussurro bem audível para Harry. Que não conteve um ligeiro sorriso. – Para onde vamos agora, papai? – perguntou Alvo quando o grupo de Potter- Weasley passava pelas portas de vidro automáticas e adentrava no aeroporto. – Algum representante do Ministério da Magia deve estar por perto. Procurem uma cara conhecida que estaremos no caminho certo. – Ou um bando de caras mal ajustado parecendo ridiculamente mal vestidos, andando apressadamente pelo saguão do aeroporto – falou Tiago apontando para três bruxos e uma bruxa que ciscavam pelos cantos do saguão do aeroporto. O grupo percorria o saguão do aeroporto às pressas tentando não chamar atenção, o que era impossível no mundo trouxa. O bruxo de mais idade vestia um robe de banho feito de algodão azul e duas pantufas vermelhas que faziam o escorregar pelo chão. O bruxo mais alto usava uma roupa branca com avental de cozinheiro cinco estralas, porém utilizava uma enorme bóia em forma de pato amarelo além de óculos de natação. O outro bruxo, de cabelos cor de fumaça, óculos torto e baixinho, usava um avental no pescoço e uma saia escocesa e carregava uma mochila para tacos de golfe, mas que estava cheia de sacos plásticos. A mulher tentava amaciar seus sapatos, mas esses eram feitos de madeira estilo holandesa e ela estava vestindo uma roupa que com certeza deveria ter ficado perdida nos anos oitenta. Os quatro bruxos passaram voando pelos trouxas que faziam o check-in e se aproximaram de um velhinho barrigudo que admirava uma bengala abaixo de uma placa que indicava um corredor, onde estava escrito “Embarque de Cargas”. – Pelas barbas de Merlim! – surpreendeu-se o velhinho acariciando sua barba e rodando a bengala em um dos dedos. – Meus senhores; não foi assim que disse
  • 34. para virem! Srª Robinson, esses sapatos devem estar lhe matando... Ora, vejamos, se meus supervisores não virem nada – e balançou a bengala, fazendo com que uma névoa cor de rosa circulasse ao redor da Sr Robinson e transformassem seus sapatos holandeses em confortáveis tamancos. – Meu Deus! Jovem Sr Robinson, essa bóia de pato de borracha! Eu disse para vir vestido com estampas de patinhos! Os trouxas gostam. Sr Robinson, está parecendo que o senhor acabou de sair do banho. E... A não, até mesmo você Diggory. Bento, quantas vezes você terá de ser barrado pelos trouxas para aprender como se veste. Você quer que se repita o que aconteceu no Royal Albert Hall? Benedito Diggory revirou os olhos e ameaçou sacar a varinha para customizar seus trajes, mas prontamente o velhinho levantou sua bengala e esmagou o pé de Diggory. – Podem passar Sr e Srª Robinson – falou o velhinho encarando Diggory aborrecido. – Sigam o auror Thomas até a área onde estão as chaves de portal. – Ora, ora, ora, Bento. O que o Sr Blishwick diria se o visse tentando usar magia em um aeroporto trouxa? – falou Harry ao se aproximar de Diggory. – Ora, vejam só! É Harry Potter e sua família! É um prazer conhecê-los! – gritou o Sr Diggory apertando a mão de Harry e corando por estar ao lado de alguém famoso. – Pensei que nunca o viria. Agora todos os holofotes estão voltados para meu irmão chefe de departamento, pensei que não se lembrariam de mim, o podre Bento. – E por falar nisso, como vai o Amos? – perguntou o tio Rony cumprimentando o Sr Diggory. – Bem, muito bem. Ele e minha querida cunhada já embarcaram. É uma dádiva que tenham aceitado os ingressos que consegui. Sabe é a primeira vez que eles viajam após a morte de Cedrico. Sei, sei que faz muito tempo, mas ele era muito querido por ambos. Foi uma desgraça, nunca superarão a perda. – Ah, Madame Weasley, Madame Potter, bom dia, senhoras – disse cordialmente o velhinho, amaciando sua barba e beijando as mãos de Gina e Hermione. – Bom dia Sr Perkins. Como está indo o trabalho para regulamentar a entrada de bruxos no aeroporto? – perguntou a tia Hermione, interessada. – Complicado. Quase tivemos um incidente aqui quando Dunga Fletcher tentou contrabandear alguns caldeirões por baixo da manga. Ele instalou um maldito Feitiço Indetectável de Extensão em uma mala, mas ele não era assim tão indetectável. E tivemos outro acidente com Bram Blenkinsop. Mais uma dele e acabará passando um estágio em Azkaban. – E então Perkins, eu poderei passar ou ouvirei as finais pelo rádio? Minha chave de portal sai em três minutos – bufou Bento Diggory rodando os calcanhares e tentando passar a força. – Vá logo sua praga! – resmungou Perkins abrindo passagem. – Terceiro avião. Procure o auror Thomas.