Este trabalho apresenta uma análise econômica dos determinantes do preço do petróleo bruto utilizando séries temporais. O autor investiga a influência de fatores como estoques, utilização de refinarias, capacidade da OPEP e comportamento do mercado futuro nos preços do petróleo nos últimos 30 anos.
Monografia - Vinicius Amaral Caldas de Freitas - 2016.1 Eco
1. APRESENTAÇÃO DE TRABALHO MONOGRÁFICO
ANÁLISE ECONOMÉTRICA DOS DETERMINANTES
DO PREÇO DO PETRÓLEO BRUTO
VINICIUS AMARAL CALDAS DE FREITAS
ECONOMIA
2016.1
2. VINICIUS AMARAL CALDAS DE FREITAS
Monografia apresentada ao curso de
Graduação em ECONOMIA como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Bacharel.
Orientador: EMÍLIO HIROSHI MATSUMURA
Rio de Janeiro
Junho de 2016
3. FOLHA DE APROVAÇÃO
VINICIUS AMARAL CALDAS DE FREITAS
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em ECONOMIA da Faculdade
de Economia e Finanças do Ibmec, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel.
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor EMÍLIO HIROSHI MATSUMURA – Orientador
_____________________________________________________
Professor MARCELO DE ALBUQUERQUE E MELLO
Rio de Janeiro, 21 de junho de 2016.
6. iii
Lista de Figuras
Figura 1 - Gráfico do Modelo da Regra de Preço.....................................................................23
7. iv
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Estimativas de Preço ...............................................................................................12
Tabela 2 - Projeções de Oferta e Demanda ..............................................................................15
Tabela 3 - Teste ADF ...............................................................................................................32
Tabela 4 - Comparativo de Resultados.....................................................................................33
Tabela 5 - Resultado.................................................................................................................34
8. v
Lista de Gráficos
Gráfico 1 - Taxa de crescimento da economia e da demanda por petróleo bruto ....................14
Gráfico 2 – Taxa de crescimento do consumo de petróleo bruto .............................................16
Gráfico 3 - Preços do petróleo..................................................................................................16
Gráfico 4 - Capacidade de Refino.............................................................................................18
Gráfico 5 - Produção de Petróleo Bruto....................................................................................19
Gráfico 6 - Principais Produtores de Petróleo Bruto.................................................................20
9. vi
Resumo
Esse trabalho monográfico investiga a influência dos principais fatores que contribuíram para
as variações no preço do barril do petróleo (a média dos preços do petróleo importados Free
On Board pelos Estados Unidos) nos últimos 30 anos, a partir de um modelo de séries
temporais que inclui como variáveis explicativas: os estoques dos países da OCDE, as taxas
de utilização das refinarias, a capacidade de utilização das refinarias dos países da OPEP, o
comportamento dos contratos futuros de petróleo negociados na NYMEX, e a produção da
OPEP como proporção do consumo global de petróleo. Os resultados mostram que as
variáveis apresentam uma relação de cointegração que pode ser interpretada como equação de
longo prazo para os determinantes dos preços reais do petróleo. Os estoques e as taxas de
utilização das refinarias têm um efeito negativo sobre os preços do petróleo bruto, enquanto, o
comportamento do mercado futuro e a produção da OPEP têm um efeito positivo sobre os
preços.
10. vii
Abstract
This monographic paper investigates the effect of the main factors that contributed to changes
on crude oil price (average FOB price for crude oil imported by the US) over the past 30
years, from a time series model, which includes as explanatory variables: inventories in
OECD countries, the refinery utilization rates, the refinery capacity utilization in OPEC
countries, the behavior of oil futures contracts traded on NYMEX, and the OPEC production
as proportion of global consumption oil. The results indicate that the variables constitute a
cointegrating relationship that can be interpreted as an equation for the long-run determinants
of real oil prices. The stocks and the refinery utilization rates have a negative effect on oil
prices, while, the conditions of future market and the OPEC production have a positive effect
on real oil prices.
11. viii
Sumário
1. Introdução........................................................................................................................10
2. Análise Qualitativa dos Principais Determinantes do Preço do Petróleo Bruto .......13
2.1. Fatores do lado da demanda ...........................................................................................13
2.1.1. Nível de atividade mundial..........................................................................................13
2.1.2. Crescimento de países avançados vs. crescimento da China.......................................15
2.2. Estoques da OCDE.........................................................................................................16
2.3. Utilização das refinarias .................................................................................................17
2.4. Fatores do lado da oferta ................................................................................................19
2.4.1. Capacidade da OPEP ..................................................................................................20
2.5. Outros fatores ................................................................................................................23
2.5.1. Mercado futuro ............................................................................................................23
2.5.2. Outros: guerras, fatores políticos e choques de preços................................................26
3. Análise Quantitativa........................................................................................................27
3.1. Dados..............................................................................................................................28
3.2. Metodologia econométrica .............................................................................................29
4. Resultados ........................................................................................................................32
5. Conclusão .........................................................................................................................36
Referências bibliográficas......................................................................................................38
Apêndice .................................................................................................................................39
13. 10
1.Introdução
O petróleo é, desde a Segunda Revolução Industrial, de extrema relevância para os mercados
e para a macroeconomia mundial. Afetando indústrias de transporte e produção, assim como,
a taxa de crescimento da economia e os níveis de inflação, o crescimento de setores da
economia que envolvem: indústrias de química orgânica e sintéticos, motores de combustão
interna, veículos automotores e novos métodos de produção em massa.
Os anos setenta fora marcados pelos dois choques do petróleo e suas consequências. Em 1973
aconteceu o primeiro choque causado por um boicote da OPEP para dar um final a guerra do
Yom Kippur, esse boicote por parte dos países árabes atingiu Israel e seus aliados,
principalmente aos EUA, elevando o preço do petróleo bruto (em valores nominais) de US$
2-3 a US$ 12-13 por barril.
Os EUA e alguns países industrializados tentaram algumas soluções para minimizar essa alta
do preço do petróleo: Exploração de fontes já conhecidas que não eram rentáveis aos preços
baixos anteriores, pesquisa de novas reservas de petróleo, redução do tamanho e da potência
dos motores de automóveis e incentivos ou subsídios a novas fontes de energia, em
substituição ao petróleo.
Esse aumento de preço além de causar um buraco no balanço de pagamentos dos países
importadores de petróleo também contribuiu para o aumento da inflação (chegando a quase
10% ao ano para os países da OCDE) e do desemprego. Em consequência, os países em
desenvolvimento entraram em processo de endividamento crescente.
Países que tentaram manter seu câmbio real, como o Brasil, visavam cobrir seus déficits em
conta corrente com empréstimos externos, facilitados pela disponibilidade de crédito
relativamente barato, resultante da reciclagem dos chamados petrodólares - dólares recebidos
pelos países exportadores de petróleo, principalmente pelos países árabes, e que não tinham
possibilidade de aplicação em seus territórios.
Esses empréstimos continuaram sendo fornecidos ao longo de toda a década de 1970-80,
levando a uma situação cada vez mais arriscada. O sistema bancário ocidental se tornava cada
14. 11
vez mais frágil, devido a concentração de créditos mais arriscados do que o imaginado. Por
outro lado, os países em desenvolvimento solicitavam cada vez mais empréstimos.
O segundo choque do petróleo veio por causa da revolução no Irã e a proibição da operação
de empresas petrolíferas estrangeiras no país que era responsável por cerca de 10% da
produção mundial de petróleo. Houve uma busca descontrolada pelo petróleo disponível,
gerando um novo aumento no preço de cerca de US$13 o barril, em 1978, para US$35, no
início de 1981. Isso pegou os países que usavam os petrodólares para se financiarem de
surpresa, ficando sem possibilidades de aumentar a dívida ou as exportações. Levando a crise
da dívida externa.
Nos anos 1980 e 1990 o comportamento dos preços do petróleo permaneceu estável com
valores variando entre US$ 20 e US$ 40. Os anos 2000 foram marcados inicialmente pelos
ataques às Torres Gêmeas nos EUA em 2001, quando o barril de petróleo chegou ao preço de
US$ 22.75. Nos anos seguintes, dado o crescimento elevado da economia mundial o preço do
petróleo acompanhou esse comportamento e teve uma elevada taxa de crescimento chegando
ao preço de US$ 128.12 no primeiro trimestre de 2008 e US$ 122.91 no segundo trimestre do
mesmo ano. No ano seguinte, após o choque externo advindo da Crise do Subprime, o preço
do barril do petróleo atingiu U$$ 45.44 no primeiro trimestre de 2009.
Atualmente estamos vivenciando um aumento na taxa de crescimento dos estoques de
petróleo, como consequência, observou-se no início de 2016 o preço spot do WTI chegar ao
valor de US$ 26.55, o menor preço em 13 anos. Com os preços correntes do petróleo
descendo a patamares abaixo de US$ 30 em algumas projeções, segundo o jornal Valor
Econômico, já estimam que até 2017 metade das empresas americanas do setor do petróleo
vão decretar falência, estimulado pelo alto nível de estoques de petróleo bruto, que chegam a
cerca de 500 milhões de barris, o maior nível já publicado pela EIA. No entanto, algumas
agências fazem projeções de aumento dos preços para 2017, conforme tabela abaixo ( Tabela
3 - Estimativas de preço):
15. 12
Agency/Brokerage
WTI
2016 2017
Standard Chartered $45 $72
ANZ $34 $48
Credit Suisse $37.75 $54.25
HSBC $44 $59
BNP Paribas $36 $44
ABN Amro $50 $60
Fonte: Reuters
Tabela 1 - Estimativas de Preço
Neste trabalho monográfico proponho investigar a relação entre os preços do petróleo e os
principais fatores que impactam esses preços. Para isso, foi usado como parâmetro o modelo
apresentado por Dées et al. (2008). Nos anos 2000, com a entrada massiva dos chamados
“financial players” e o aumento do papel do mercado futuro na formação dos preços, os
estudos passaram a incorporar esses fatores. O modelo proposto utiliza informações das
reservas de petróleo, capacidade de produção da OPEP, as decisões estratégicas da OPEP,
utilização das refinarias e as condições do mercado futuro para testar a relação entre esses
fatores e a média de preço do barril de petróleo.
O objetivo central é identificar e analisar as variáveis que afetam os preços do petróleo. Os
resultados mostram que a relação negativa entre as taxas de utilização das refinarias e os
preços médios do petróleo se dá por causa da substituição na produção entre o petróleo de
diferentes tipos de densidade (“heavy” e “light”) e a diferença de preços entre eles. A relação
não-linear entre a capacidade ociosa da OPEP e os preços do petróleo, assim como o
comportamento do mercado futuro, causam mudanças nos preços reais do petróleo.
Os resultados e os métodos usados são descritos em 4 seções. A seção 2 descreve o mercado
do petróleo, a partir de uma análise qualitativa das variáveis. A seção 3 mostra a metodologia
utilizada, fazendo uma análise quantitativa dos dados. A seção 4 descreve os resultados. A
seção 5 discute e conclui os resultados.
16. 13
2.Análise Qualitativa dos Principais
Determinantes do Preço do Petróleo
Bruto
Esta seção analisa o mercado de petróleo e os principais determinantes que explicam os
movimentos dos seus preços.
No longo prazo, fatores como a evolução da demanda mundial, os estoques de petróleo, a
capacidade de produção da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a
indústria de refino e o mercado futuro, entre outros fatores, afetam os preços reais correntes
do petróleo. Na verdade, as mudanças dos preços da commodity nos últimos anos são
creditadas a uma combinação e uma interação entre os fatores destacados acima (Fan and Xu,
2007).
2.1. Fatores do Lado da Demanda
2.1.1. Nível de Atividade Mundial
Como se observa no Gráfico 1 – Taxas de Crescimento, a demanda por petróleo acompanha o
crescimento econômico mundial.
17. 14
Fonte: OPEP
Gráfico 1- Taxa de crescimento da economia e da demanda por petróleo bruto
Isso pode ser observado indiretamente no estudo de Killian (2009b), no qual o custo da
embarcação, representado pelos fretes pagos aos navios que carregam determinada
commodity, é uma medida que compõe a atividade econômica mundial real, por revelar a
demanda por commodities industriais nos mercados globais.
Ou seja, se em certo período a atividade econômica estiver mais aquecida espera-se que haja
mais comércio (incluindo commodities) entre os países e, portanto, haverá mais navios indo
de um país para o outro, abrindo a possibilidade para que as firmas que negociam frete dos
navios aumentem seus preços; da mesma forma se há um período de atividade econômica
retraída, o comércio entre países vai ser menor e as firmas diminuiriam seus preços, devido a
menor demanda.
A relação oferta-demanda é fator determinante para a evolução de longo prazo dos preços do
petróleo. Em 2013, os países membros da OPEP produziram 43% do petróleo mundial e
demandaram pouco mais de 10%, enquanto os membros da OCDE produziram apenas 26% e
demandaram mais de 50%.
A demanda total dos países da OCDE, em 2015, foi de 46.33 Mbd (Milhões de Barris por
Dia), com uma oferta total de 26.69 Mbd, o que representou um déficit de 19.64 Mbd,
podendo chegar a 20.35 Mbd em 2016 e, 20.77 Mbd em 2017; segundo estimativas da EIA.
Isso mostra a dependência desses países do petróleo produzido em outras partes do mundo.
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
%a.a.
Taxa de crescimento do PIB mundial
Demanda mundial por petróleo
18. 15
Enquanto em países como EUA e China esse déficit deverá chegar a 5.11 Mbd e 7.12 Mbd
em 2017, conforme tabela abaixo (Tabela 4 - Projeções de Oferta e Demanda):
Actuals (mbpd) 2015 2016 2017
OCDE
Demanda Total 46,33 46,53 46,86
Oferta Total 26,69 26,18 26,1
Déficit/ Superávit -19,64 -20,35 -20,77
U.S. (50 States)
Demanda Total 19,38 19,49 19,75
Oferta Total 15,03 14,54 14,64
Déficit / Superávit -4,35 -4,95 -5,11
China
Demanda Total 11,18 11,5 11,8
Oferta Total 4,7 4,68 4,68
Déficit / Superávit -6,48 -6,82 -7,12
Fonte: EIA
Tabela 2 - Projeções de Oferta e Demanda
2.1.2. Crescimento de países avançados vs. Crescimento da
China
Do ponto de vista do consumo, os países da OCDE são responsáveis por grande parte do
consumo de petróleo mundial, entretanto, as maiores taxas de crescimento do consumo são
observadas nos países emergentes. China e Índia são os países que apresentam as maiores
taxas, e as proporções de consumo no futuro terão nesses dois países a principal sustentação
(Gráfico 3 – Taxas de Crescimento do Consumo).
19. 16
Fonte: EIA
Gráfico 2 - Taxa de crescimento do consumo de petróleo bruto
2.2. Estoques da OCDE
Em 2016, diante da elevada quantidade de estoques registrada no mundo todo, o preço do
barril de petróleo chegou ao valor de US$ 26.55 por barril, o menor preço em 15 anos
(Gráfico 3 – Preços do Petróleo).
Fonte: EIA
Gráfico 3 - Preços do Petróleo
-10
-5
0
5
10
15
20
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
%a.a
OCDE China India
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
1986Q1
1987Q3
1989Q1
1990Q3
1992Q1
1993Q3
1995Q1
1996Q3
1998Q1
1999Q3
2001Q1
2002Q3
2004Q1
2005Q3
2007Q1
2008Q3
2010Q1
2011Q3
2013Q1
2014Q3
US$
Nominal Real
20. 17
Uma análise do papel dos estoques de petróleo nos preços é objeto de estudo por Dées et al.
(2008), no qual uma proxy para os estoques mundiais utilizada por alguns economistas são os
estoques dos países da OCDE. O aumento dos estoques da OCDE tem um efeito negativo nos
preços reais do petróleo.
2.3. Utilização das refinarias
O petróleo precisa ser refinado para sua utilização. O efeito negativo das taxas de utilização
das refinarias sobre os preços do petróleo está relacionado com a composição do petróleo e as
diferenças de preços entre as diferentes densidades (Dées et al., 2008).
A qualidade do petróleo é determinada essencialmente pela sua densidade e o teor de enxofre.
A densidade é medida pelo Índice de densidade API, que mede a densidade do petróleo em
relação à água. Para valores do API maiores que 10º o petróleo é considerado mais leve e de
maior qualidade, pois gera produtos de maior valor; enquanto petróleo com maiores níveis de
enxofre são considerados de menor qualidade (dentre outros motivos, pelo fato do enxofre ser
corrosivo) e, portanto, de menor valor.
Os produtos mais leves são obtidos a partir de temperaturas menores, ou seja, precisam de
menos dispêndio de energia por parte das refinarias; enquanto os produtos de menor
qualidade, por serem mais pesados e terem um teor de enxofre mais elevado, necessitam de
mais energia para serem obtidos.
Isto é, tendo em vista essa diferença, usualmente o barril de petróleo mais "leve" é produzido
primeiro, pelo fato de poder ser vendido a um preço maior (dado a sua melhor qualidade),
possibilita maiores receitas e menores custos para as refinarias; levando a maiores taxas de
utilização das refinarias. A partir disso, as refinarias passam a utilizar mais petróleo "pesado",
aumentando a composição do petróleo de qualidade inferior nas importações.
Portanto, ao se aproximar da capacidade total de utilização das refinarias há uma grande
expansão do uso de petróleo de baixa qualidade para satisfazer a demanda, levando a
diminuição dos preços em virtude do produto de menor qualidade, e o enfraquecimento da
demanda (Dées et al., 2008).
21. 18
Ou seja, com o aumento da composição de petróleo de menor qualidade nas refinarias, haverá
a diminuição da qualidade do produto, e os participantes que antes compravam um petróleo
refinado de maior qualidade se deparam com um produto de qualidade inferior e irão
negociar um preço mais baixo.
Os lucros da indústria do refino são vinculados diretamente à margem bruta das refinarias,
que é dada pela diferença entre o preço do petróleo cru e o preço dos produtos refinados
("crack spread"). Quanto maior essa diferença, maiores serão as possibilidade de
lucratividade, levando a um incentivo para as refinarias aumentarem a produção. Assim,
conforme as taxas de utilização das refinarias aumentam, aumenta a manipulação do petróleo
de menor qualidade, diminuindo a média dos preços reais do petróleo.
O rápido crescimento da produção de petróleo "leve" pelos Estados Unidos permitiu nos
últimos anos uma favorável vantagem competitiva para a indústria de refino doméstica em
relação ao petróleo importado.
Não obstante, a maior concentração de capacidade de refino encontra-se nos Estados Unidos,
representando quase 19% da capacidade de destilação de petróleo mundial (Gráfico 4 –
Capacidade de Refino).
Fonte: EIA
Gráfico 4 - Capacidade de Refino
Estados Unidos
19%
OPEP
12%
China
13%
Brasil
2%
Europa
25%
Outros
29%
22. 19
Isto posto, dada a credibilidade dos dados extraídos da EIA (Administração de Informações
de Energia) da capacidade de utilização das refinarias nos EUA, e a baixa probabilidade de
que as taxas de utilização deste país variem em sentido contrário ao de outras partes do
mundo, então se pode afirmar que a capacidade de utilização das refinarias dos EUA são uma
boa proxy para capacidade de utilização mundial.
2.4. Fatores do Lado da Oferta
Uma característica dominante da oferta no mercado de petróleo é o cartel formado pela
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) que foi criada em 1960, tendo
como principais membros: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela.
Assim, os efeitos provocados pela oferta estão associados ao comportamento de dois grupos
de produtores: os países da OPEP e os países que não fazem parte da OPEP. Os países que
não fazem parte da OPEP tiveram o crescimento da sua produção relativamente estável
durante o período estudado, 38.1 Mbd (Milhões de Barris Por Dia) em 1986, chegando a 42.7
Mbd em 2014. Enquanto os países da OPEP quase dobraram sua produção: produziram 16.9
Mbd em 1986, chegando a 30.7 MBD em 2014. (Gráfico 5 – Produção de Petróleo Bruto).
Fonte: EIA
Gráfico 5 - Produção de Petróleo Bruto
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
MilhõesdeBarrispordia
OPEP Não OPEP
23. 20
Outra característica da oferta no mercado de petróleo é a existência de dois tipos de firmas: as
Empresas Nacionais de Petróleo (ENP) que produzem praticamente todo o petróleo dos
campos dos países da OPEP e agem em nome de seus governos e levam em consideração na
sua tomada de decisão fatores políticos e o desenvolvimento econômico de seus países; e as
Empresas Internacionais de Petróleo (EIP) que objetivam maximizar os lucros e aumentar as
taxas de crescimento da empresa.
2.4.1. Capacidade da OPEP
A OPEP tem um grande poder sobre a produção mundial de petróleo (Gráfico 6 – Principais
Produtores de Petróleo Bruto).
Fonte: OPEP
Gráfico 6 - Principais produtores de petróleo bruto em MBD
Coleman (2011) assume que a OPEP tem um notável entendimento das dinâmicas do
mercado e a capacidade de restringir a oferta, de modo que, pelo menos em alguns períodos,
poderiam manipular os preços do petróleo
Os países membros da OPEP agem como um cartel em torno de estratégias que atendem
mutuamente os anseios de seus membros. Porém, esse grupo de países se caracteriza pela
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
MilharesdeBarrispordia
OPEP Estados Unidos China Russia
24. 21
heterogeneidade de seus objetivos. Isto é, eles teriam incentivos a não respeitar as regras do
próprio grupo. Assim, caso haja uma redução da oferta, com o objetivo de forçar um preço
maior, se beneficiaria ainda mais aquele país que continuasse produzindo a mesma
quantidade enquanto os demais parceiros diminuem a produção.
Dado certo preço, a demanda vai determinar a quantidade ótima de petróleo vendida. Os
países que não são da OPEP adaptam sua produção a esse preço e os países da OPEP agem de
modo a balancear a produção e equilibrar a oferta e demanda.
O modelo da Regra de Preço, como analisado por Kaufmann et al. (2004), mostra o preço em
que a OPEP está pronta para agir como um "swing producer" (grupo de produtores com larga
capacidade excedente de determinada commodity, que podem aumentar ou diminuir a
produção com um custo adicional relativamente baixo e podem influenciar preços e o
equilíbrio de mercado). Assim, dado o comportamento do grupo produtor dominante, um
aumento na demanda, eleva o preço e a curva de oferta total se move para "O2” a uma nova
quantidade produzida "Q1" (Figura 1 – Gráfico do Modelo de Regra do Preço).
Figura 1- Gráfico do Modelo da Regra de Preço
Ao utilizar de seu poder de monopólio a OPEP considera outros fatores além do preço
quando define a quantidade que irá produzir, a capacidade de produção e/ou as cotas. Esses
25. 22
objetivos podem incluir as receitas provenientes do petróleo, a "fatia justa" do mercado e/ou
objetivos políticos.
Esses objetivos refletem três pontos de decisão: capacidade, produção e cotas. Assim, dado o
marketshare da OPEP e o seu controle sobre a oferta marginal, mudanças nesses pontos de
decisão implicam em mudanças no preço.
Desse modo, Dées et al. (2008) apontam que há uma relação estatisticamente significante
entre os preços do petróleo, a capacidade de utilização da OPEP, a participação da OPEP na
produção e o grau ao qual a OPEP "oculta" essa produção. Consequentemente, os resultados
mostram que a OPEP é capaz de influenciar os preços através da utilização da capacidade de
produção, definindo sua parcela de produção e o grau ao qual a produção vai exceder essa
parcela.
A existência de não-linearidades na relação entre os preços do petróleo e a quantidade
entregue ao mercado afeta a determinação dos preços. Entretanto, uma relação linear pode ser
uma aproximação razoável sob condições normais. Eventos extremos podem deslocar o
equilíbrio entre oferta e demanda para diferentes tipos de funcionamento do mercado, quando
os preços são mais sensíveis aos choques do que em condições normais. As não-linearidades
podem ser causadas por defasagens associadas à construção de mais fontes de extração e
capacidade de refino. Dados esses condicionantes, os preços do petróleo seriam mais
sensíveis à oferta na medida em que a oferta se aproxima da capacidade instalada.
Com relação às cotas (o quanto a OPEP oculta sua real produção), sabe-se que no curto
prazo, os preços do petróleo na NYMEX e em outras bolsas respondem às decisões da OPEP
sobre as cotas.
Assim, os membros da OPEP podem se sentir motivados a definir uma cota baixa e atuar de
maneira a produzir abaixo da sua produção habitual, aumentando, assim, os preços reais do
petróleo.
No entanto, no longo prazo essa "ocultação" é vista pelo mercado como uma farsa e não deve
aumentar os preços para um nível coerente com os fundamentos do equilíbrio oferta-demanda
(Kaufmann, 2004).
26. 23
2.5. Outros fatores
2.5.1. Mercado futuro
Os contratos futuros são usados para fixar preços de entrega de determinada mercadoria em
período posterior ao atual, esse comércio é feito bilateralmente em condições padronizadas
em bolsas de valores futuros. As negociações de futuros podem ou não envolver a entrega
física de uma commodity, dependendo dos termos contratuais do instrumento.
As principais bolsas de valores futuros do mercado de petróleo são a NYMEX e a ICE.
Segundo a Platts, uma das principais fornecedoras de informações e índices para o mercado
de commodities, cerca de 90% das negociações envolvendo petróleo são feitas por meio de
contratos futuros, enquanto o restante envolve negociações no mercado “spot", nas quais,
usualmente duas contrapartes envolvidas com mercadoria física.
O mercado "spot" ou corrente é o que representa o preço do barril marginal de petróleo em
termos de oferta e demanda.
Os preços futuros no mercado de commodity são frequentemente determinados pelo preço
corrente mais um termo adicional, o custo de armazenagem. Este custo de armazenagem
representa o custo de possuir uma commodity fisicamente.
Algumas commodities, como o petróleo, apresentam um fator adicional para precificar os
contratos futuros, que é conhecido como Retorno de Conveniência. O retorno de
conveniência é o benefício de possuir uma commodity ao invés de ter um contrato derivativo
associado a essa commodity.
Dentre esses benefícios pode-se incluir a oportunidade de lucrar diante de uma escassez
temporária e/ou a vantagem de manter o processo de produção num ritmo mais lento. Dessa
maneira, o retorno de conveniência sinaliza para o mercado as expectativas quanto a
disponibilidade da commodity no futuro. Quanto maior a possibilidade de insuficiência ou
escassez no mercado futuro, maior será o retorno de conveniência (Huisman and Shoener,
2010).
27. 24
Backwardation aponta que os participantes do mercado têm percepções de possível escassez
no futuro próximo, nessa situação o mercado reagiria mais sensivelmente a alguma
perturbação real ou aparente na demanda ou oferta.
Contango indica que o mercado está confiante sobre uma oferta estável no futuro próximo.
Dessa maneira, em contango haveria propensão a formar mais estoques, já que a diferença de
preço entre os contratos referentes ao mês com vencimento mais distante de encerramento e
os contratos referentes ao mês mais próximo é maior que o custo econômico de possuir o
petróleo fisicamente; enquanto em backwardation não há incentivos para construir estoques,
pois os contratos futuros poderão ser feitos a preços menores e não haveria o custo
econômico do armazenamento físico do petróleo.
Portanto, contango pode ser desfeito se houver uma diminuição no crescimento da demanda
ou aumento do crescimento da produção no longo prazo. Ao passo que, backwardation pode
ser desfeito caso a OPEP passe a produzir quantidade de petróleo além da sua cota, aumente
sua cota de produção além da demanda de mercado, ou se a demanda começar a crescer mais
do que a tendência de crescimento (Dees et al., 2008).
F0 = S0e(r+c-y)T
F0 é o preço dos futuros no tempo zero, S0 é o preço corrente no tempo zero, r é a taxa de
juros, c são os custos de armazenamento, y é o retorno de conveniência, e T é o tempo até a
maturidade.
Assim, quanto maior a percepção de risco de escassez futura de oferta maior será o retorno de
conveniência. Se esse retorno é alto o bastante e excede o custo de armazenagem, então o
mercado futuro estaria propenso a se deslocar para backwardation, de modo que, em tempos
de backwardation, os preços do petróleo futuro estão abaixo do preço corrente.
Por outro lado, com um retorno de conveniência baixo ou negativo, o mercado
provavelmente vai para contango, quando os preços do futuro estão acima do preço atual
(Huisman and Shoener, 2010).
Caso não haja retorno de conveniência para o petróleo, então o preço futuro do petróleo deve
crescer à mesma taxa que a taxa livre de risco do mercado financeiro:
F0 = S0e(r+c)T
28. 25
Assim, quando há retornos de conveniência, o preço efetivo do petróleo deve crescer a taxas
menores que a taxa livre de risco.
Ademais os fundamentos relacionados a oferta e demanda, a evidência empírica mostra que a
especulação também exerce seu papel nas flutuações do preço do petróleo. Todavia, uma
abordagem econométrica é de difícil aplicabilidade, devido ao fato de não existir base de
dados completa e a dificuldade de identificar negociações envolvendo hedge e especulação.
Mais da metade dos investidores com posições em petróleo na NYMEX são "non-
commercial players", isto é, agentes que não são envolvidos fisicamente com o petróleo.
Estes investidores podem ser divididos em duas categorias:
(1) Especuladores (investidores ativos) que negociam no mercado de petróleo baseados
nas informações de melhor qualidade que eles supostamente têm acesso, fazendo com
que eles tentem antecipar o mercado para auferirem lucros nos movimentos dos
preços das commodities;
(2) Fundos indexados (investidores passivos, orientados pela visão de longo prazo) que
refletem o desejo em adicionar commodities ao portfólio de investimentos tendo em
vista seu perfil risco/retorno. Nesse caso, o petróleo poderia ser adicionado a
determinado portfólio, afim de que o investidor possa se proteger contra riscos
adversos vindos de ativos sensíveis ao petróleo em seu portfólio (Kaufmann et al.,
2008).
O comportamento especulativo por parte dos participantes do mercado financeiro, faz com
que aumentos da demanda diante de uma oferta estagnada, alimentem as especulações sobre
déficits futuros, o que posteriormente leva aos países produzirem grandes quantidades de
petróleo para estocagem (Hamilton, 2009).
Isto é, isso geraria ao investidor um incentivo a comprar petróleo no mercado atual e
armazená-lo para quando os preços futuros excedessem o preço atual por valor suficiente
para cobrir os custos de armazenamento e geraria incentivo para vender quando o preço
futuro estivesse abaixo do preço atual.
Isso abre caminho para que o comportamento especulativo tenha impacto sobre os preços
reais do petróleo. Então, em antecipação a futuros aumentos nos preços do petróleo, os
29. 26
especuladores aumentariam os estoques desde que os ganhos esperados sobre o preço da
commodity exceda o valor da moeda no tempo e os custos de armazenamento (Kaufmann,
2010).
2.5.2. Outros: guerras, fatores políticos e choques de preços
Como falado acima o preço do petróleo pode eventualmente estar mudando por causa de
outros fatores que não estão caracterizados nas variáveis explicativas do modelo, o que abre a
possibilidade para adicionar dummies de tempo ao modelo.
As dummies de tempo controlam para a variação da variável dependente ao longo do tempo,
fatores que não são explicados pelas variáveis explicativas. Assim, Dées et al. (2008) propôs
adicionar variáveis dummy para os trimestres e uma variável dummy para a Primeira Guerra
do Golfo (1990Q3-1990Q4). Coleman (2011) sugeriu adicionar uma variável dummy para o
período da guerra do Iraque em 2003. Outros acontecimentos como o ataque às Torres
Gêmeas e a Crise do Subprime também devem estar associados ás mudanças de preços do
petróleo ocorridas nesses períodos.
Desse modo, ao incluir dummies de tempo controla-se a variação ao longo do tempo da
variável dependente, no caso, preço do petróleo. Assim, como as dummies de tempo possuem
efeitos constantes, pode-se observar como o preço do petróleo variou ao longo do tempo,
mantendo-se tudo mais constante.
30. 27
3.Análise Quantitativa
Os preços do petróleo são determinados pelos seguintes fatores: as taxas de utilização das
refinarias, as reservas de petróleo nos países da OCDE, o efeito não-linear da capacidade da
OPEP no preço, e as condições do mercado de petróleo na Bolsa de Nova Iorque são
representadas pelo contrato futuro de petróleo mais próximo de seu encerramento (primeiro
mês) e o contrato futuro referente ao quarto mês, para que ao fazer a diferença entre o quarto
e o primeiro mês dos contratos referidos possa se medir se o mercado está em contango ou
backwardation, isto é, se o preço do petróleo corrente é menor do que o preço do petróleo
futuro estamos em contango, do contrário estamos em backwardation, conforme a
especificação a seguir:
Pricet = β0 + β1Dayst + β2Caputilt + β3Caputilt
2
+ β4Caputilt
3
+ β5Refinet +
β6(NYMEX4t – NYMEX1t) + µt (1)
Onde:
Price é a média real do preço do petróleo bruto importado pelos EUA FOB em dólares e aos
preços de 2000. Days são os dias de consumo adiante dos estoques de petróleo dos países
membros da OCDE. Caputil é a capacidade de utilização da OPEP. Refine capta a taxa de
utilização das refinarias dos Estados Unidos. NYMEX4 é o quarto mês do contrato de WTI
negociado na Bolsa de Nova Iorque, e NYMEX1 é o contrato de WTI com vencimento mais
próximo (primeiro mês) negociado na mesma bolsa.
Neste trabalho monográfico proponho adicionar uma variável a equação originalmente
proposta, conforme modelo a seguir:
Pricet = β0 + β1Dayst + β2Caputilt + β3Caputilt
2
+ β4Caputilt
3
+ β5Refinet +
β6(NYMEX4t-NYMEX1t) + β7Opepsharet + εt (2)
31. 28
A variável Opepshare se refere à produção de petróleo dos países da OPEP como proporção
do consumo global. Les Coleman (2011) propôs em seu artigo adicionar essa variável como
determinante do preço do petróleo bruto, assumindo que o efeito da OPEP sobre a oferta de
petróleo é explicada pela sua parcela do mercado global
3.1. Dados
A base de dados utilizada é trimestral e cobre o período de 1986Q1 a 2014Q4.
Os dados de preços do petróleo foram obtidos da Administração de Informações de Energia
(EIA) e representam a média de preços do petróleo cru FOB (Free On Board) importados
pelos Estados Unidos como variável dependente, que representa o preço pago pelo barril
físico de petróleo obtido de diversas fontes. Os dados referentes a variável que capta a
capacidade de utilização dos países membros da OPEP, foram acessados da base de dados do
Banco Central Europeu; os dados da demanda e dos estoques dos países da OCDE foram
obtidos da EIA; a taxa de utilização das refinarias dos Estados Unidos também foi obtida da
EIA; as informações dos contratos futuros de petróleo na Bolsa de Nova Iorque (NYMEX)
foram acessados pelo Datastream da Thomson Reuters; e os dados da produção na OPEP e o
consumo global de petróleo foram obtidos do Boletim Estatístico Anual dos Países
Exportadores de Petróleo.
As séries temporais obtidas do referido Boletim Estatístico da OPEP são anuais e foram
interpoladas por trimestre assumindo uma taxa constante de variação entre as observações
anuais (Kaufmann et al., 2004). Para a taxa de utilização das refinarias foram utilizados os
dados das refinarias dos Estados Unidos.
No caso da variável Days, foi obtida dividindo-se os estoques de petróleo dos países da
OCDE pela demanda por petróleo desses países.
Chega-se a variável Caputil ao dividir a produção de petróleo na OPEP pela capacidade de
produção da OPEP, multiplicando-se esse quociente pela fatia de mercado de produção da
OPEP na produção global, e dividindo-se esse produto pela taxa a qual a OPEP "disfarça" sua
32. 29
cota na produção global (que é obtida, dividindo-se a diferença entre a produção na OPEP e a
cota da OPEP, pela demanda mundial de petróleo).
A variável Opepshare é obtida dividindo-se a produção de petróleo da OPEP pelo consumo
global de petróleo.
3.2. Metodologia Econométrica
Estudos anteriores mostram que as séries temporais dos preços reais do petróleo e seus
determinantes provavelmente apresentam uma tendência estocástica, isto é, o componente
aleatório µt afeta a trajetória de longo prazo da série. E, genericamente, a presença de
tendência estocástica implica que flutuações em uma série temporal são resultado não
somente do componente transitório, mas também do componente de tendência (Gujarati,
2000).
A presença de séries temporais que apresentam tendência de ordem de integração igual a 1,
I(1), impossibilita a aplicação de Mínimos Quadrados Ordinários (OLS), porque o
diagnóstico estatístico gerado por OLS indicará uma relação significativa entre as variáveis
da equação com mais frequência do que originado por aleatoriedade.
Para evitar problemas que estão associados com regressão espúria (como na relação descrita
acima), a relação entre as variáveis na equação é verificada, determinando se há cointegração
entre elas. O teste mais conhecido para detectar cointegração entre séries temporais é o teste
de Engle-Granger, que segue basicamente a definição de cointegração. As hipóteses do teste
são: Ho: As séries temporais não são cointegradas contra a alternativa H1: As séries
temporais são cointegradas.
"Se as taxas de utilização das refinarias afetam os preços do petróleo,
a cointegraçãoentre os preços do petróleo indica que as taxas de
utilização das refinarias em diferentes partes do globo partilham da
mesma tendência estocástica. Se as taxas de utilização das refinarias
não partilham da mesma tendência estocástica, as diferentes
tendências estocásticas nas taxas de utilização das refinarias
impossibilitariam a cointegração entre os diferentes tipos de
petróleo." (Dées et al., 2008, p.10)
33. 30
Ou seja, se as taxas de utilização das refinarias não afetam os preços do petróleo, os
resultados estatísticos não rejeitarão a hipótese nula de que não há relação entre as duas
variáveis, independentemente de qual taxa de utilização está sendo usada no modelo.
Entretanto, mesmo se as variáveis cointegrarem, a estimação por OLS apresentará um
pequeno viés. Dées et al. (2008) propõem utilizar a técnica de Mínimos Quadrados
Ordinários Dinâmicos (DOLS). Assim, podemos avaliar a relação de cointegração entre as
variáveis não-estacionárias da equação.
Os coeficientes gerados por DOLS representam a relação de longo prazo entre as variáveis do
modelo. Se há cointegração entre os preços do petróleo e as variáveis explicativas da equação
1, então será necessário examinar a relação no curto prazo entre as variáveis. Para isso, foi
utilizado OLS para estimar um Modelo de Correção de Erro (ECM), dado pela equação
abaixo:
3
1
4
2
1
3
1
2
1
1
it
s
i
i
it
s
i
iit
s
i
iit
s
i
iitt CaputilCaputilCaputilDayskPrice
tit
s
i
iitit
s
i
iit
s
i
i iceNYMEX1NYMEX4Refine
Pr)(
1
7
1
6
1
5
Onde Δ representa o operador de primeira diferença, e η é o resíduo da relação de
cointegração estimada na equação (1). A significância estatística de ρ na equação avalia a
hipótese de que os preços são afetados pelo desequilíbrio dado por η entre os preços reais do
petróleo observados e as variáveis explicativas do modelo. Um valor negativo de ρ implica
que os desequilíbrios entre os preços do petróleo e seus determinantes movem o preço em
direção ao valor de equilíbrio implicado pela relação de cointegração.
Ao analisarmos a equação (1) e (2) e seus efeitos, esperamos que o coeficiente da regressão
associado à variável Days seja negativo, isto é, um aumento nos estoques de petróleo da
OCDE diminui o preço real do petróleo, reduzindo sua dependência da produção atual.
Esperamos que os coeficientes associados a variável Caputil variem de maneira que os preços
crescem exponencialmente até o primeiro ponto de inflexão (efeito positivo) e crescem
exponencialmente após o segundo ponto de inflexão (efeito positivo). Entre esses pontos há
34. 31
um intervalo de operação em que mudanças na capacidade de utilização têm pequenos
impactos sobre os preços. Altas taxas de utilização podem interferir na manutenção do campo
que é necessário para garantir a produtividade do poço de petróleo no longo prazo (efeito
negativo).
Também se espera uma relação negativa entre a taxa de utilização das refinarias e os preços
do petróleo. Eventualmente, aumentos nas taxas de utilização das refinarias forçam às
refinarias a comprar petróleo que são menos adaptados às refinarias, ou seja, petróleo de
qualidades e densidades diferentes daquelas que usualmente estão habituadas a comprar. Isso
reduz o retorno e o valor dos produtos que as refinarias produzem (Killian, 2008). Assim,
conforme as refinarias atingem sua capacidade máxima, a demanda por petróleo cai, o que
também reduz os preços do petróleo cru.
No que diz respeito ao coeficiente associado ao comportamento do mercado futuro, espera-se
um efeito positivo nos preços, dado que um preço mais elevado para as posições futuras
proporciona um incentivo para construir e manter os estoques, o que, de fato, reforça a
demanda por petróleo.
Ao pesquisar e comparar algumas variáveis que poderiam ser adicionadas ao modelo para
captar os movimentos na economia mundial durante o período estudado, optei pela variável
Opepshare que representa a produção de petróleo como proporção do consumo global de
petróleo, e assume que o efeito da OPEP na oferta é explicado pelo market share desta
organização no mercado global. Dito isso, a OPEP agiria em forma de cartel para exercer seu
poder de mercado e aumentar os preços correntes do barril de petróleo, e assim aumentar seus
lucros. Então, os preços mundiais do petróleo aumentariam como aumento da participação do
petróleo produzido na OPEP no consumo global de petróleo. Pensando por outra perspectiva,
a diminuição do market share da OPEP, representa a entrada de mais players no mercado,
trazendo mais competição e mais oferta, contribuindo para a diminuição dos preços do
petróleo.
35. 32
4.Resultados
Para determinar se há cointegração entre as variáveis a equação foi estimada por MQO e o
resíduo da regressão foi salvo.
Em seguida, foi feito o teste de raiz unitária no resíduo, utilizando o teste ADF. O resultado
do teste (Tabela 3 - Teste ADF) indica que o resíduo da regressão é estacionário e rejeita a
hipótese nula de raiz unitária a um nível de significância de 1%. Assim, as variáveis
constituem uma relação de cointegração que pode ser interpretada como uma equação de
longo prazo para os determinantes dos preços reais do petróleo.
Teste Aumentado de Dickey-Fuller para Resíduo
incluindo 0 desfasamentos de (1-L)Resíduo
(o máximo foi 9, critério AIC)
dimensão de amostragem 32
hipótese nula de raiz unitária: a = 1
teste sem constante
modelo: (1-L)y = (a-1)*y(-1) + e
valor estimado de (a - 1): -0,870615
estatística de teste: tau_nc(1) = -4,7905
valor p 2,034e-05
coeficiente de 1ª-ordem para e: 0,041
Fonte: Gretl
Tabela 3 - Teste ADF
Os resultados gerados por DOLS da equação 1, apresentaram resultados em linha com os
resultados do modelo proposto por Dées et al. (2008) para o período de 1986Q1 a 2006Q4,
conforme tabela abaixo (Tabela 4 - Comparativo de Resultados).
36. 33
DOLS Kaufmann Vinicius Vinicius
Amostra 1986-2006 1986-2006 1986-2014
Cointegrating Relation US FOB Price US FOB Price US FOB Price
Constant 382.80** 390.30** 2,833615
Days -2.06 -2.07** 1,607635
Caputil 2.46** 2.36** -0,005865
Caputilˆ2 -1.01E-01** -1.00E-02** -4,36E-06
Caputilˆ3 7.84E-04** 1.28E-05** -3,166892
Refine -2.09** -3.93** 1,078409
Nydif 3.25** 3.24** -22,29873
R2 0.91 0.95 0.81
Tabela 4- Comparativo de Resultados
Na quarta coluna da tabela acima estão os resultados da regressão do modelo para o período
de 1986Q1 a 2014Q4. Os coeficientes das variáveis não são significantes, o que,
potencialmente, indica que pode haver preponderância de outros fatores que determinam os
preços do petróleo para o período da amostra.
Dessa maneira, ao adicionar a variável Opepshare esperamos que o modelo fique melhor
especificado durante o período de 2006Q4 a 2014Q4 e a variável tenha um efeito positivo
sobre os preços. Segue abaixo o resultado:
37. 34
Variável Dependente: PRICE Método: Mínimos Quadrados Dinâmicos
Data: 04/06/2016 Período ajustado: 2006Q1 2014Q3
Observações ajustadas: 35
Cointegrante determinístico da equação: C
1 defasagem baseado no Critério AIC
Variável Coeficiente Desvio Padrão Estatística - t Prob.
DAYS -2,507667 0,696673 -3,599487 0,0114
CAPUTIL 34,18149 6,317789 5,410356 0,0016
CAPUTILˆ2 -0,274936 0,050293 -5,466642 0,0016
CAPUTILˆ3 0,0000703 0,000128 5,483661 0,0015
REFINE -6,272224 1,173219 -5,346164 0,0018
NYDIF 3,548000 1,483311 2,391946 0,0539
OPEPSHARE 5,728860 1,704424 3,361170 0,0152
C -719,4603 161,699800 -4,449359 0,0043
R-Quadrado 0,991565
R-Quadrado ajustado 0,952203
Fonte: Eviews
Tabela 5 - Resultado
A um nível de significância de 10% o efeito de Days é negativo, ou seja, um aumento nos
estoques reduz a dependência da produção atual, o que tende a diminuir o prêmio de risco
associado à diminuição da oferta.
A capacidade de utilização dos produtores da OPEP tem efeito positivo sobre os preços, logo,
os coeficientes da regressão são consistentes com as expectativas de que em níveis baixos de
capacidade utilizada os preços caem rapidamente e, em níveis altos de capacidade utilizada os
preços sobem rapidamente.
A um nível de significância de 10%, o coeficiente associado às taxas de utilização das
refinarias é negativo, como dito anteriormente, o efeito negativo está associado a mudanças
nos diferentes tipos de petróleo bruto e as diferenças de preços entre as diferentes densidades
do petróleo. O coeficiente associado à diferença entre o quarto mês e o primeiro mês do WTI
na NYMEX é positivo, a um nível de significância de 10%, indicando que contango tem um
38. 35
efeito positivo sobre os preços. O coeficiente de Opepshare é positivo, a um nível de
significância de 10%, o que indica que uma elevação da produção pela OPEP em relação ao
consumo global, provocará um aumento dos preços.
39. 36
5.Conclusão
Os resultados da análise proposta indicam que, a variável Days, que capta a demanda através
dos estoques da OCDE, indica que os dias de consumo a frente reduzem os preços do
petróleo em U$$ 2.50 no longo prazo.
A variável Refine, mostra que um aumento de 1 ponto percentual na taxa de utilização das
refinarias diminui o preço do petróleo, em média, pouco mais de US$ 6 no período. Na
medida em que, esse aumento provoca a diminuição da qualidade do petróleo utilizado pelas
refinarias e, consequentemente, os preços da commodity diminuem. As refinarias que tiveram
suas taxas de utilização em 90.4% na média em 2014 chegaram a 91.2% em 2015, o que
indica que a trajetória de queda dos preços do petróleo em 2015 é explicada em parte por esse
aumento.
A variável Nydif que capta a diferença entre o quarto mês e o primeiro mês do contrato futuro
do WTI mostra que um aumento em US$ 1 nessa diferença provoca, em média, um aumento
de cerca de US$ 3.50 no preço corrente do petróleo no período estudado. Ou seja, dado que o
mercado encontra-se em contango, os agentes preferirão comprar petróleo no presente e
vendê-lo no futuro a um preço maior.
O mercado esteve de um modo geral em backwardation entre 1998 e 2005. Durante esse
período, os preços estavam relativamente baixos e a demanda relativamente fraca. Enquanto
o mercado está em backwardation, não há incentivos em aumentar a quantidades de estoques,
por que os contratos futuros podem ser adquiridos a preços menores e não carregam os custos
econômicos do armazenamento físico (Dées et al., 2008).
Desde 2005, o mercado entrou em um período de contango, aonde os preços dos contratos
futuros são maiores do que os preços dos contratos com vencimento mais próximo. Dessa
maneira, os ganhos financeiros são possíveis para quem pode adquirir os contratos futuros de
petróleo mais próximos do vencimento e vendê-los no futuro. O aumento dos estoques
reforça contango diminuindo os preços dos contratos mais próximos de vencimento. (Dées et
al., 2008)
40. 37
Essa mudança de backwardation para contango deve estar associada as discussões quanto a
possibilidade de, recentemente, ter se atingido o pico da oferta mundial de petróleo, e a
elevada demanda por petróleo, mesmo com a elevação dos preços em alguns momentos,
contribuíram para a elevação dos preços nos contratos com vencimento mais distante.
A variável Opepshare que capta a produção da OPEP como proporção do consumo global,
mostra que um aumento em 1% na fração do petróleo produzido na OPEP sobre o consumo
global, aumenta o preço do petróleo em US$ 5.72. As estimativas da EIA mostram que o
consumo total mundial de petróleo pode chegar a 96.73 Mbd em 2017 e a produção total de
petróleo da OPEP deverá alcançar a marca de 33.04 Mbd em 2017, o que acarretará numa
diminuição da fração "produção OPEP/Consumo global", o que, de fato, contribuirá para uma
diminuição dos preços do petróleo.
Os resultados indicam que, ao se comparar o período de 1986Q1 a 2006Q4 com o período de
2006Q1 a 2014Q4, em média: (1) o efeito do comportamento do mercado futuro sobre os
preços teve um aumento de cerca de US$ 0.30 nos preços do petróleo para o período 2006-
2014 em comparação com 1986-2006; (2) o efeito dos estoques da OCDE teve um aumento
de US$ 0.42 nos preços para o período de 2006-2014 em comparação com 1986-2006; e (3) o
efeito das taxas de utilização das refinarias teve um aumento de US$ 2.34 nos preços para o
período de 2006-2014 em comparação com 1986-2006.
41. 38
Referências Bibliográficas
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Kaufmann, R.K. et al. The role of market fundamentals and speculation in recent price
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Kilian, L. Not all oil price shocks are alike: disentangling demand and supply shocks in the
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Platts. Backgrounder: The structure of global oil markets. Junho de 2010
Shenk, M. "O preço do petróleo é o menor em seis anos por excesso de produção". 2014.
Disponível em: www.valor.com.br. Acesso em: 05/04/2016.
42. 39
Apêndice
Para ajudar na análise dos resultados encontrados foi gerado um exemplo utilizando DOLS
que seque abaixo:
Variável Dependente: PRICE Método: Mínimos Quadrados Ordinários Dinâmicos
Data: 04/06/2016 Período ajustado: 2006Q1 2014Q3
Observações ajustadas: 35
Cointegrante determinístico da equação: C
1 defasagem baseado no Critério AIC
Variável Coeficiente Desvio Padrão Estatística - t Prob.
DAYS -0,070657 0,939858 -0,075179 0,9416
CAPUTIL 35,505750 9,398001 3,778011 0,0036
CAPUTILˆ2 -0,290205 0,07306 -3,072106 0,0026
CAPUTILˆ3 0,0007490 0,000183 4,090637 0,0022
REFINE -3,850927 2,194946 -1,754451 0,1099
NYDIF -1,886856 2,403035 -0,795197 0,4505
C -937,63080 262,0329 -3,578295 0,0050
R-Quadrado 0,968828
R-Quadrado ajustado 0,894015
Este resultado indica que ao estabelecermos o modelo para o período de 2006 até 2014 sem
incluir a variável Opepshare, alguns coeficientes das variáveis do modelo perdem
significância (Days, Refine e Nydif) o que corrobora a ideia de que pode haver
preponderância de outros fatores para o período.
Para testar a causalidade entre o preço e as variáveis explicativas foi feito o teste de
causalidade Granger. Neste teste, ao rejeitar-se a hipótese nula significa que uma variável é
causalidade Granger da outra. Os resultados estão abaixo:
43. 40
Teste de Causalidade Granger
Data: 04/06/2016
Amostra: 1986Q1 2014Q4
Defasagens: 4
Hipótese nula Obs. Estatística-F Prob.
DAYS não é Causalidade Granger de PRICE 112 2,09867 0,0863
PRICE não é Causalidade Granger de DAYS 112 7,80322 2,00E-05
CAPUTIL não é Causalidade Granger de PRICE 112 0,87765 0,4801
PRICE não é Causalidade Granger de CAPUTIL 112 0,39324 0,6131
REFINE não é Causalidade Granger de PRICE 112 2,62656 0,0388
PRICE não é Causalidade Granger de REFINE 112 0,56162 0,6910
NYDIF não é Causalidade Granger de PRICE 112 6,32786 0,0001
PRICE não é Causalidade Granger de NYDIF 112 15,79370 4,00E-10
OPEPSHARE não é Causalidade Granger de PRICE 112 2,32800 0,0611
PRICE não é Causalidade Granger deOPEPSHARE 112 5,88424 0,0003
Para testar o comportamento das séries temporais foi utilizado o modelo autorregressivo
vetorial na plataforma Gretl para avaliar a autocorrelação das séries. O resultado mostrou que
não se pode rejeitar a hipótese nula de que não há autocorrelação a 1% de significância em
todas as equações, indicando que os estimadores são consistentes, conforme tabela abaixo:
Teste de Correlação
Data: 04/06/2016
Amostra: 1986Q1 2014Q4
Variável Observações Teste Ljung-Box Prob.
PRICE 112 2,78001 0,595
DAYS 112 6,94725 0,139
CAPUTIL 112 6,95872 0,138
REFINE 112 3,87690 0,423
NYDIF 112 3,24761 0,517
OPEPSHARE 112 2,85315 0,583