SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 5
Descargar para leer sin conexión
1 
Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 
IMPRESSÕES DIGITAIS 
Os métodos de identificação humana foram evoluindo ao longo do tempo. Os 
babilônicos, por exemplo, já em 2000 a.C, usavam os padrões de impressões digitais em 
barro para acompanhar documentos, a fim de prevenir falsificações. Os métodos de 
identificação evoluíram em todos os sentidos, visto que, em outras épocas, práticas como 
a marcação com ferro em brasa e mutilações, só para citar algumas, eram utilizadas para 
identificação de indivíduos que praticassem crimes ou escravos que haviam fugido. Nos 
EUA, por exemplo, o código de 1700 previa o emprego do ferrete e da mutilação em 
crimes de rapto ou roubo. Chegou-se até a fazer uso, posteriormente, do sistema 
antropométrico, introduzido em 1882 por Alfonse Bertillon, Paris, até a consagração da 
datiloscopia em meados do século XX. 
A datiloscopia se baseia em alguns princípios fundamentais, os quais estão 
relacionados com a identificação humana. O princípio da perenidade, descoberto em 1883 
pelo anatomista holandês Arthur Kollman, diz que os desenhos datiloscópicos em cada 
ser humano já estão definitivamente formados ainda dentro da barriga da mãe, a partir do 
sexto mês de gestação. O princípio da imutabilidade, por sua vez, diz que este desenho 
formado não se altera ao longo dos anos, salvo algumas alterações que podem ocorrer 
devido a agentes externos, como queimaduras, cortes ou doenças de pele, como a lepra. 
Já o princípio da variabilidade garante que os desenhos das digitais são diferentes, tanto 
entre pessoas como entre os dedos do mesmo indivíduo, sendo que jamais serão 
encontrados dois dedos com desenhos idênticos. Existem autores que acrescentam mais 
um princípio, o da classificabilidade, o qual indica o potencial de uso dos desenhos das 
digitais na identificação humana. Como é praticamente impossível existir duas pessoas 
com a mesma digital, e também pelo fato da existência de um reduzido número de tipos 
fundamentais de desenhos (veja Figura 1), é possível, via de regra, classificar uma 
impressão digital. 
Figura 1 - Os quatro tipos fundamentais de impressões digitais de Vucetich.
2 
Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 
Hoje, usa-se o sistema de classificação de desenhos digitais elaborado pelo 
naturalizado argentino Juan Vucetich (veja exemplos das minúcias observadas na 
impressão digital – Figura 2). Desde 1903 o Brasil adotou a impressão digital como 
método de identificação de indivíduos. 
Figura 2 – Exemplos de minúcias identificadas em um datilograma. 
Há basicamente dois tipos de IPL ( impressões papilares latentes ): as visíveis e 
as ocultas. As visíveis podem ser observadas se a mão que as formou estava suja de 
tinta ou sangue. Já as ocultas são resultado dos vestígios de suor que o dedo deixou em 
um determinado local. Aliado ao fato de que, quando a pessoa está fazendo um ato ilícito, 
via de regra, a transpiração aumenta, transformar estas IPL ocultas em visíveis acaba 
sendo um processo de grande importância nas investigações criminais. 
Glândulas Compostos Inorgânicos Compostos Orgânicos 
Sudoríparas 
Cloretos 
Íons metálicos 
Amônia 
Sulfatos 
Fosfatos 
Água 
Aminoácidos 
Uréia 
Ácido lático 
Açúcares 
Creatinina 
Colina 
Ácido úrico 
Sebáceas 
Ácidos graxos 
Glicerídeos 
Hidrocarbonetos 
Álcoois
3 
Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 
Apócrinas 
Ferro 
Proteínas 
Carboidratos 
Colesterol 
Tabela 1 – Relação entre as glândulas e os compostos excretados no suor humano. 
TÉCNICAS MAIS USADAS PARA IDENTIFICAÇÃO DIGITAL 
*A técnica do pó está baseada nas características físicas e químicas do pó, do 
tipo de instrumento aplicador e, principalmente, no cuidado e habilidade de quem executa 
a atividade – vale lembrar que as cerdas do pincel podem danificar a IPL. Além dos 
pincéis, a técnica também pode ser realizada com spray de aerossol ou através de um 
aparato eletrostático. 
Figura 3 – Ilustração da utilização da técnica do pó na revelação de IPL. 
Quando a impressão digital é recente, a água é o principal composto no qual as 
partículas de pó aderem. À medida que o tempo passa, os compostos oleosos, 
gordurosos ou sebáceos são os mais importantes. Esta interação entre os compostos da 
impressão e o pó é de caráter elétrico, tipicamente forças de Van der Waals e ligações de 
hidrogênio. A Tabela 2 relaciona alguns poucos tipos de pós usados na revelação de IPL. 
Pó Óxido de Ferro 
Óxido de Ferro 
Resina 
Negro-de-fumo 
50 % 
25 % 
25 % 
Pó de Dióxido de Maganês 
Dióxido de manganês 
Óxido de Ferro 
45 % 
25 %
4 
Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 
Negro-de-fumo 
Resina 
25 % 
5 % 
Pó de Negro de Fumo 
Negro-de-fumo 
Resina 
Terra de Fuller 
60 % 
25 % 
15 % 
Pó de Óxido de Titânio 
Óxido de titânio 
Talco 
Caulin 
60 % 
20 % 
20 % 
Pó de Carbonato de Chumbo 
Carbonato de chumbo 
Goma arábica 
Alumínio em pó 
Negro-de-fumo 
80 % 
15 % 
3 % 
2 % 
Tabela 2 – Pós utilizados na revelação de IPL. 
O uso de um tipo de pó em detrimento dos demais ocorre, principalmente, devi-do à superfície em que se encontra a IPL, às condições climáticas, principalmente a umidade e a experiência do perito. É por isto que existe uma variedade enorme de pós, muito maior que as apresentadas aqui, pois as condições do local em que se encontra a impressão podem ser muito diversificadas. O uso de pós pode ser prejudicial à saúde do perito. Devido a isto, na década de 80 foram desenvolvidos pós orgânicos. Um deles seria dissolver 1 g de brometo de potássio em vinte e cinco mililitros de água destilada. Em seguida, lentamente, dissolvesse trinta e cinco gramas de amido de milho na solução aquosa de brometo de potássio. Esta mistura é deixada secar por setes dias e após é reduzida a pó. Este, por sua vez, é conservado em um recipiente contento sulfato de cálcio anidro como dessecante. 
*O iodo tem como característica a sublimação, ou seja, passagem do estado sólido diretamente para o estado vapor. Para esta mudança de estado, o iodo precisa absorver calor. Este calor pode ser, por exemplo, o do ar que expiramos ou até mesmo o calor de nossas mãos direcionado sobre os cristais. Seu vapor tem coloração acastanhada e, quando em contato com a IPL, forma um produto de coloração marrom amarelada. O vapor interage com a IPL através de uma absorção física, não havendo reação química. Esta técnica é utilizada geralmente quando a IPL encontra-se em objetos peque-nos. Colocando-se o material a ser examinado junto com os cristais em um saco plástico selado, após agitação é gerado calor suficiente para a sublimação dos cristais. Uma vantagem que esta técnica tem em relação às demais, como a do pó, é que ela pode
5 
Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 
ser utilizada antes de outras sem danificar a IPL. A destruição da IPL pode ocorrer após o uso de um produto fixador que evita os cristais de iodo sublimarem novamente da impressão digital. 
*Utilizada desde 1891, a técnica baseia-se na reação entre nitrato de prata com os íons cloretos presentes na impressão digital. A superfície de interesse é imersa em uma cuba contendo solução 5 % de nitrato de prata (AgNO3(aq) ) durante aproximadamente trinta segundos. O produto desta reação, cloreto de prata, é de considerável insolubilidade em água à temperatura ambiente. A equação genérica que descreve a reação pode ser vista na Figura 4. 
XCl(aq) + AgNO3(aq) -> AgCl(ppt) + XNO3(aq) 
Figura 4 – Equação que descreve a reação entre o nitrato de prata e os cloretos presentes na digital. 
Com exceção dos cloretos de prata, mercúrio e chumbo, todos os outros são solúveis em água. É exatamente uma destas exceções, o cloreto de prata, que permite a visualização da IPL. Na figura acima, “XCl(aq) ” representa qualquer sal de cloro excetuando os já mencionados, como o cloreto de sódio dissolvido [NaCl(aq) ]. 
Deve-se deixar a superfície contendo a IPL secar em uma câmara escura. Após isto, ela é exposta à luz solar o tempo necessário para que o íon prata seja reduzido à prata metálica, revelando a IPL sob um fundo negro. A impressão digital revelada deve ser fotografada rapidamente antes que toda a superfície escureça. Contudo, a impressão pode ser preservada quando guardada em um local escuro ou quando tratada com solução de tiossulfato de sódio a 10 %, semelhante com o que ocorre no processo fotográfico.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

C9. 2.bim 2.0.1.3._aluno
C9. 2.bim 2.0.1.3._alunoC9. 2.bim 2.0.1.3._aluno
C9. 2.bim 2.0.1.3._aluno
Ivo Fonseca
 
Alimentos e funções orgânicas
Alimentos e funções orgânicasAlimentos e funções orgânicas
Alimentos e funções orgânicas
Glaucia Perez
 
Introdução a química orgânica
Introdução a química orgânicaIntrodução a química orgânica
Introdução a química orgânica
Leimcpf
 
Grupo I ao VI (Identificação de ânions)
Grupo I ao VI (Identificação de ânions)Grupo I ao VI (Identificação de ânions)
Grupo I ao VI (Identificação de ânions)
Sarah Ornellas
 

La actualidad más candente (20)

Aula Digital de Química - Condutividade Elétrica de Soluções Aquosas
Aula Digital de Química - Condutividade Elétrica de Soluções AquosasAula Digital de Química - Condutividade Elétrica de Soluções Aquosas
Aula Digital de Química - Condutividade Elétrica de Soluções Aquosas
 
Equilibrio químico
Equilibrio químicoEquilibrio químico
Equilibrio químico
 
Introdução a Quimica orgânica
Introdução a Quimica orgânicaIntrodução a Quimica orgânica
Introdução a Quimica orgânica
 
Cálculos empregados em química analítica
Cálculos empregados em química analíticaCálculos empregados em química analítica
Cálculos empregados em química analítica
 
C9. 2.bim 2.0.1.3._aluno
C9. 2.bim 2.0.1.3._alunoC9. 2.bim 2.0.1.3._aluno
C9. 2.bim 2.0.1.3._aluno
 
Papiloscopia Forense
Papiloscopia Forense   Papiloscopia Forense
Papiloscopia Forense
 
Alimentos e funções orgânicas
Alimentos e funções orgânicasAlimentos e funções orgânicas
Alimentos e funções orgânicas
 
Introdução à física(8ª)
Introdução à física(8ª)Introdução à física(8ª)
Introdução à física(8ª)
 
Relatorio 3 leite de magnésia
Relatorio 3  leite de magnésiaRelatorio 3  leite de magnésia
Relatorio 3 leite de magnésia
 
Lista de Exercícios 1 – Porcentagem
Lista de Exercícios 1 – PorcentagemLista de Exercícios 1 – Porcentagem
Lista de Exercícios 1 – Porcentagem
 
Química Orgânica- Nomenclatura e Hidrocarbonetos
Química Orgânica- Nomenclatura e Hidrocarbonetos Química Orgânica- Nomenclatura e Hidrocarbonetos
Química Orgânica- Nomenclatura e Hidrocarbonetos
 
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: DESTILAÇÃO FRACIONADA E PONTO DE EBULIÇÃO
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: DESTILAÇÃO FRACIONADA E PONTO DE EBULIÇÃORELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: DESTILAÇÃO FRACIONADA E PONTO DE EBULIÇÃO
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: DESTILAÇÃO FRACIONADA E PONTO DE EBULIÇÃO
 
Resumo aula
Resumo aulaResumo aula
Resumo aula
 
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: SOLUBILIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICA
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: SOLUBILIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICARELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: SOLUBILIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICA
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: SOLUBILIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICA
 
Práticas-Experimentais-de-Matemática_EM_Vol2.pdf
Práticas-Experimentais-de-Matemática_EM_Vol2.pdfPráticas-Experimentais-de-Matemática_EM_Vol2.pdf
Práticas-Experimentais-de-Matemática_EM_Vol2.pdf
 
Introdução a química orgânica
Introdução a química orgânicaIntrodução a química orgânica
Introdução a química orgânica
 
Balanceamento de equações
Balanceamento de equaçõesBalanceamento de equações
Balanceamento de equações
 
Grupo I ao VI (Identificação de ânions)
Grupo I ao VI (Identificação de ânions)Grupo I ao VI (Identificação de ânions)
Grupo I ao VI (Identificação de ânions)
 
Plano de aula - Sistema Respiratorio
Plano de aula - Sistema RespiratorioPlano de aula - Sistema Respiratorio
Plano de aula - Sistema Respiratorio
 
Lista de Exercícios 1 – Porcentagem
Lista de Exercícios 1 – PorcentagemLista de Exercícios 1 – Porcentagem
Lista de Exercícios 1 – Porcentagem
 

Destacado

Impressão digital trabalho final
Impressão digital trabalho finalImpressão digital trabalho final
Impressão digital trabalho final
Paul John Vicente
 
Trabalho avaliativo 03 simuladores consumo
Trabalho avaliativo   03 simuladores consumoTrabalho avaliativo   03 simuladores consumo
Trabalho avaliativo 03 simuladores consumo
Vtonetto
 
Uma Proposta de identificação de Impressões Digitais empregando Redes Neurais...
Uma Proposta de identificação de Impressões Digitais empregando Redes Neurais...Uma Proposta de identificação de Impressões Digitais empregando Redes Neurais...
Uma Proposta de identificação de Impressões Digitais empregando Redes Neurais...
Diogenes Freitas
 
Tapetes serigrafados
Tapetes serigrafadosTapetes serigrafados
Tapetes serigrafados
vipdnh
 
Catálogo serigrafias&afins
Catálogo serigrafias&afins Catálogo serigrafias&afins
Catálogo serigrafias&afins
Marta Gonçalves
 
Processo simulado em camisetas escuras com imagens[1]
Processo simulado em camisetas escuras com imagens[1]Processo simulado em camisetas escuras com imagens[1]
Processo simulado em camisetas escuras com imagens[1]
galides
 
2014 - Desenvolvimento Web - 01 Introdução
2014 - Desenvolvimento Web - 01 Introdução2014 - Desenvolvimento Web - 01 Introdução
2014 - Desenvolvimento Web - 01 Introdução
Willian Magalhães
 

Destacado (20)

Avaliação Bimestral de Língua Portuguesa
Avaliação Bimestral de Língua PortuguesaAvaliação Bimestral de Língua Portuguesa
Avaliação Bimestral de Língua Portuguesa
 
Impressão digital trabalho final
Impressão digital trabalho finalImpressão digital trabalho final
Impressão digital trabalho final
 
Trabalho avaliativo 03 simuladores consumo
Trabalho avaliativo   03 simuladores consumoTrabalho avaliativo   03 simuladores consumo
Trabalho avaliativo 03 simuladores consumo
 
Simulado enem 3º
Simulado enem 3ºSimulado enem 3º
Simulado enem 3º
 
Uma Proposta de identificação de Impressões Digitais empregando Redes Neurais...
Uma Proposta de identificação de Impressões Digitais empregando Redes Neurais...Uma Proposta de identificação de Impressões Digitais empregando Redes Neurais...
Uma Proposta de identificação de Impressões Digitais empregando Redes Neurais...
 
PAPILOSCOPIA
PAPILOSCOPIA PAPILOSCOPIA
PAPILOSCOPIA
 
Impressão digital
Impressão digitalImpressão digital
Impressão digital
 
Prova de Biologia para Papiloscopista
Prova de Biologia para Papiloscopista Prova de Biologia para Papiloscopista
Prova de Biologia para Papiloscopista
 
[Photoshop] Recorte com Background Eraser Tool
[Photoshop] Recorte com Background Eraser Tool[Photoshop] Recorte com Background Eraser Tool
[Photoshop] Recorte com Background Eraser Tool
 
Análise das Ferramentas de Ajuste do Photoshop
Análise das Ferramentas de Ajuste do PhotoshopAnálise das Ferramentas de Ajuste do Photoshop
Análise das Ferramentas de Ajuste do Photoshop
 
Curso Photoshop 2009 - Aula 05
Curso Photoshop 2009 - Aula 05Curso Photoshop 2009 - Aula 05
Curso Photoshop 2009 - Aula 05
 
Histórias de sucesso em Serigrafia
Histórias de sucesso em SerigrafiaHistórias de sucesso em Serigrafia
Histórias de sucesso em Serigrafia
 
Wordpress: do briefing ao photoshop (10º WP Meetup)
Wordpress: do briefing ao photoshop (10º WP Meetup)Wordpress: do briefing ao photoshop (10º WP Meetup)
Wordpress: do briefing ao photoshop (10º WP Meetup)
 
Modulo 1 Curso Básico - Abril 2014
Modulo 1   Curso Básico - Abril 2014Modulo 1   Curso Básico - Abril 2014
Modulo 1 Curso Básico - Abril 2014
 
Tapetes serigrafados
Tapetes serigrafadosTapetes serigrafados
Tapetes serigrafados
 
Catálogo serigrafias&afins
Catálogo serigrafias&afins Catálogo serigrafias&afins
Catálogo serigrafias&afins
 
Processo simulado em camisetas escuras com imagens[1]
Processo simulado em camisetas escuras com imagens[1]Processo simulado em camisetas escuras com imagens[1]
Processo simulado em camisetas escuras com imagens[1]
 
Publicação para App Stores - Apple e Google Play
Publicação para App Stores - Apple e Google PlayPublicação para App Stores - Apple e Google Play
Publicação para App Stores - Apple e Google Play
 
Tipos de acabamento na mídia impressa
Tipos de acabamento na mídia impressaTipos de acabamento na mídia impressa
Tipos de acabamento na mídia impressa
 
2014 - Desenvolvimento Web - 01 Introdução
2014 - Desenvolvimento Web - 01 Introdução2014 - Desenvolvimento Web - 01 Introdução
2014 - Desenvolvimento Web - 01 Introdução
 

Más de Vtonetto (7)

Projeto empreendedorismo
Projeto   empreendedorismoProjeto   empreendedorismo
Projeto empreendedorismo
 
Regulamento 2015 rally científico
Regulamento 2015   rally científicoRegulamento 2015   rally científico
Regulamento 2015 rally científico
 
Regulamento engefut
Regulamento engefutRegulamento engefut
Regulamento engefut
 
La paradoja de fermi
La paradoja de fermiLa paradoja de fermi
La paradoja de fermi
 
Calculando o tensor de condutividade em materiais topológicos
Calculando o tensor de condutividade em materiais topológicosCalculando o tensor de condutividade em materiais topológicos
Calculando o tensor de condutividade em materiais topológicos
 
Trabalho radioatividade
Trabalho   radioatividadeTrabalho   radioatividade
Trabalho radioatividade
 
Psicose ambiental e comunismo no brasil
Psicose ambiental e comunismo no brasilPsicose ambiental e comunismo no brasil
Psicose ambiental e comunismo no brasil
 

Último

QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralQUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
AntonioVieira539017
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
azulassessoria9
 
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptArtigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
RogrioGonalves41
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
Autonoma
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
tatianehilda
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 

Último (20)

QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralQUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
 
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdfAula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
 
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptArtigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
Conflitos entre: ISRAEL E PALESTINA.pdf
Conflitos entre:  ISRAEL E PALESTINA.pdfConflitos entre:  ISRAEL E PALESTINA.pdf
Conflitos entre: ISRAEL E PALESTINA.pdf
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdfAPRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 

Impressões digitais química forense

  • 1. 1 Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 IMPRESSÕES DIGITAIS Os métodos de identificação humana foram evoluindo ao longo do tempo. Os babilônicos, por exemplo, já em 2000 a.C, usavam os padrões de impressões digitais em barro para acompanhar documentos, a fim de prevenir falsificações. Os métodos de identificação evoluíram em todos os sentidos, visto que, em outras épocas, práticas como a marcação com ferro em brasa e mutilações, só para citar algumas, eram utilizadas para identificação de indivíduos que praticassem crimes ou escravos que haviam fugido. Nos EUA, por exemplo, o código de 1700 previa o emprego do ferrete e da mutilação em crimes de rapto ou roubo. Chegou-se até a fazer uso, posteriormente, do sistema antropométrico, introduzido em 1882 por Alfonse Bertillon, Paris, até a consagração da datiloscopia em meados do século XX. A datiloscopia se baseia em alguns princípios fundamentais, os quais estão relacionados com a identificação humana. O princípio da perenidade, descoberto em 1883 pelo anatomista holandês Arthur Kollman, diz que os desenhos datiloscópicos em cada ser humano já estão definitivamente formados ainda dentro da barriga da mãe, a partir do sexto mês de gestação. O princípio da imutabilidade, por sua vez, diz que este desenho formado não se altera ao longo dos anos, salvo algumas alterações que podem ocorrer devido a agentes externos, como queimaduras, cortes ou doenças de pele, como a lepra. Já o princípio da variabilidade garante que os desenhos das digitais são diferentes, tanto entre pessoas como entre os dedos do mesmo indivíduo, sendo que jamais serão encontrados dois dedos com desenhos idênticos. Existem autores que acrescentam mais um princípio, o da classificabilidade, o qual indica o potencial de uso dos desenhos das digitais na identificação humana. Como é praticamente impossível existir duas pessoas com a mesma digital, e também pelo fato da existência de um reduzido número de tipos fundamentais de desenhos (veja Figura 1), é possível, via de regra, classificar uma impressão digital. Figura 1 - Os quatro tipos fundamentais de impressões digitais de Vucetich.
  • 2. 2 Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 Hoje, usa-se o sistema de classificação de desenhos digitais elaborado pelo naturalizado argentino Juan Vucetich (veja exemplos das minúcias observadas na impressão digital – Figura 2). Desde 1903 o Brasil adotou a impressão digital como método de identificação de indivíduos. Figura 2 – Exemplos de minúcias identificadas em um datilograma. Há basicamente dois tipos de IPL ( impressões papilares latentes ): as visíveis e as ocultas. As visíveis podem ser observadas se a mão que as formou estava suja de tinta ou sangue. Já as ocultas são resultado dos vestígios de suor que o dedo deixou em um determinado local. Aliado ao fato de que, quando a pessoa está fazendo um ato ilícito, via de regra, a transpiração aumenta, transformar estas IPL ocultas em visíveis acaba sendo um processo de grande importância nas investigações criminais. Glândulas Compostos Inorgânicos Compostos Orgânicos Sudoríparas Cloretos Íons metálicos Amônia Sulfatos Fosfatos Água Aminoácidos Uréia Ácido lático Açúcares Creatinina Colina Ácido úrico Sebáceas Ácidos graxos Glicerídeos Hidrocarbonetos Álcoois
  • 3. 3 Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 Apócrinas Ferro Proteínas Carboidratos Colesterol Tabela 1 – Relação entre as glândulas e os compostos excretados no suor humano. TÉCNICAS MAIS USADAS PARA IDENTIFICAÇÃO DIGITAL *A técnica do pó está baseada nas características físicas e químicas do pó, do tipo de instrumento aplicador e, principalmente, no cuidado e habilidade de quem executa a atividade – vale lembrar que as cerdas do pincel podem danificar a IPL. Além dos pincéis, a técnica também pode ser realizada com spray de aerossol ou através de um aparato eletrostático. Figura 3 – Ilustração da utilização da técnica do pó na revelação de IPL. Quando a impressão digital é recente, a água é o principal composto no qual as partículas de pó aderem. À medida que o tempo passa, os compostos oleosos, gordurosos ou sebáceos são os mais importantes. Esta interação entre os compostos da impressão e o pó é de caráter elétrico, tipicamente forças de Van der Waals e ligações de hidrogênio. A Tabela 2 relaciona alguns poucos tipos de pós usados na revelação de IPL. Pó Óxido de Ferro Óxido de Ferro Resina Negro-de-fumo 50 % 25 % 25 % Pó de Dióxido de Maganês Dióxido de manganês Óxido de Ferro 45 % 25 %
  • 4. 4 Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 Negro-de-fumo Resina 25 % 5 % Pó de Negro de Fumo Negro-de-fumo Resina Terra de Fuller 60 % 25 % 15 % Pó de Óxido de Titânio Óxido de titânio Talco Caulin 60 % 20 % 20 % Pó de Carbonato de Chumbo Carbonato de chumbo Goma arábica Alumínio em pó Negro-de-fumo 80 % 15 % 3 % 2 % Tabela 2 – Pós utilizados na revelação de IPL. O uso de um tipo de pó em detrimento dos demais ocorre, principalmente, devi-do à superfície em que se encontra a IPL, às condições climáticas, principalmente a umidade e a experiência do perito. É por isto que existe uma variedade enorme de pós, muito maior que as apresentadas aqui, pois as condições do local em que se encontra a impressão podem ser muito diversificadas. O uso de pós pode ser prejudicial à saúde do perito. Devido a isto, na década de 80 foram desenvolvidos pós orgânicos. Um deles seria dissolver 1 g de brometo de potássio em vinte e cinco mililitros de água destilada. Em seguida, lentamente, dissolvesse trinta e cinco gramas de amido de milho na solução aquosa de brometo de potássio. Esta mistura é deixada secar por setes dias e após é reduzida a pó. Este, por sua vez, é conservado em um recipiente contento sulfato de cálcio anidro como dessecante. *O iodo tem como característica a sublimação, ou seja, passagem do estado sólido diretamente para o estado vapor. Para esta mudança de estado, o iodo precisa absorver calor. Este calor pode ser, por exemplo, o do ar que expiramos ou até mesmo o calor de nossas mãos direcionado sobre os cristais. Seu vapor tem coloração acastanhada e, quando em contato com a IPL, forma um produto de coloração marrom amarelada. O vapor interage com a IPL através de uma absorção física, não havendo reação química. Esta técnica é utilizada geralmente quando a IPL encontra-se em objetos peque-nos. Colocando-se o material a ser examinado junto com os cristais em um saco plástico selado, após agitação é gerado calor suficiente para a sublimação dos cristais. Uma vantagem que esta técnica tem em relação às demais, como a do pó, é que ela pode
  • 5. 5 Prof.: Vanildo Tonetto Editado: 11/09/2014 ser utilizada antes de outras sem danificar a IPL. A destruição da IPL pode ocorrer após o uso de um produto fixador que evita os cristais de iodo sublimarem novamente da impressão digital. *Utilizada desde 1891, a técnica baseia-se na reação entre nitrato de prata com os íons cloretos presentes na impressão digital. A superfície de interesse é imersa em uma cuba contendo solução 5 % de nitrato de prata (AgNO3(aq) ) durante aproximadamente trinta segundos. O produto desta reação, cloreto de prata, é de considerável insolubilidade em água à temperatura ambiente. A equação genérica que descreve a reação pode ser vista na Figura 4. XCl(aq) + AgNO3(aq) -> AgCl(ppt) + XNO3(aq) Figura 4 – Equação que descreve a reação entre o nitrato de prata e os cloretos presentes na digital. Com exceção dos cloretos de prata, mercúrio e chumbo, todos os outros são solúveis em água. É exatamente uma destas exceções, o cloreto de prata, que permite a visualização da IPL. Na figura acima, “XCl(aq) ” representa qualquer sal de cloro excetuando os já mencionados, como o cloreto de sódio dissolvido [NaCl(aq) ]. Deve-se deixar a superfície contendo a IPL secar em uma câmara escura. Após isto, ela é exposta à luz solar o tempo necessário para que o íon prata seja reduzido à prata metálica, revelando a IPL sob um fundo negro. A impressão digital revelada deve ser fotografada rapidamente antes que toda a superfície escureça. Contudo, a impressão pode ser preservada quando guardada em um local escuro ou quando tratada com solução de tiossulfato de sódio a 10 %, semelhante com o que ocorre no processo fotográfico.