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Francisco Petrarca
1304 - 1374
Não tenho paz, e não me fazem guerra;
Soneto de Petrarca, traduzido por Sérgio Alcides
Ou me condenas e solta-me o baraço.
Sem olhos vejo, e grito sem a língua;
Choro de rir, sou rico e sofro à mingua;
Espero e temo, sou um gelo e asso;
Aos ares vôo, tendo os pés na terra;
Braços vazios, todo o mundo abraço.
Aberta está a cela que me encerra,
E nem me prende e nem se afrouxa o laço;
Amor me absolve e não me desaferra,
Almejo a morte, e clamo por socorro;
Eu, que amo tanto, sou por mim odiado.
E tanto faz, por mim, se vivo ou morro;
Por ti, Senhora, é que ando neste estado.
Laura de Novaes
1016 Auge do Império Bizantino
1099 Auge do sistema feudal na Europa
1138 Princípios da arquitetura gótica
1166 Astecas entram no México
1167 Fundação da Universidade de Oxford, na Inglaterra
Fundação da Universidade de Paris
1088 Fundação da Universidade de Bolonha
1193 Budismo Zen no Japão
1200 Civilização inca se desenvolve, baseada na cidade de Cuzco
1209 Fundação da Universidade de Cambridge
1213 Genghis Khan dá início ao Império Mongol
1215 Religião muçulmana chega ao sudeste asiático e a África
1236 Reino de Castela conquista Córdoba
1261 Bizâncio reconquista Constantinopla
1271 Marco Polo dá início à viagem a China
1300 Surgimento de novo Império Maia em Yucatán (povos)
1304 Nasce Petrarca
1309 Dante começa a escrever A Divina Comédia
1337 Começa a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra
1347 Peste Negra chega à Europa
1353 Turcos otomanos invadem a Europa
1368 Fundação da dinastia Ming na China
1374 Passamento de Petrarca
1400 Balé começa nas cortes renascentistas italianas
1401 1405 Mongol Tamerlane conclui a conquista da Pérsia, Síria e Egito
1410 Início da pintura a óleo
1413 Início das viagens marítimas portuguesas
1431 Joana d'Arc é queimada na França 1431
1440 Começa a ser escrito As Mil e Uma Noites, em árabe
Turcos otomanos conquistam Constantinopla, marcando o fim da Idade Média
1453 Termina a Guerra dos Cem Anos França/Inglaterra
começa, na Inglaterra, a Guerra das Rosas
1455 Impressão da Bíblia de Gutenberg
1469 Fernando de Aragão e Isabel de Castela se casam, começando o processo de unificação da Espanha
1478 Começa a Inquisição espanhola
Árabes e judeus expulsos da Espanha
1492 Cristóvão Colombo chega à América
1494 Portugal e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas
1498 Vasco da Gama atravessa o Cabo da Boa Esperança, na atual África do Sul
1500 População mundial: 400 milhões
Francisco Petrarca nasceu em Arezzo (Toscana) em
1304, filho de um Tabelião de Notas e advogado
chamado Pietro Petracco e Eletta Canigiani. Seu pai
foi expulso de Florença pelos Guelfos Pretos ao
assumirem o poder, no mesmo ano que Dante
Alighieri, em 1302 e deslocou-se para Arezzo onde
Petrarca nasceu e passou a infância. Quando Petrarca
tinha oito anos de idade, seu pai transferiu-se
juntamente com a família para França, onde passou a
juventude em uma situação social que ele classificou
como “acima da pobreza”. Nesta época a Cúria
Romana estava em Avignon e a cidade oferecia
maiores oportunidades para o trabalho de um
advogado. A família fixou-se em Carpentras, no
Condado de Venaissin, perto de Avignon, hoje,
Vaucluse ( composto por Carpentras, Vaison,
Cavallion e Avignon).
Em 1319 morre a mãe e Petrarca escreve
uma “elegia”, que também são seus
primeiros versos em latim, para exaltar as
virtudes da mãe.
Avignon, centro clerical durante o exercício
de nove papas, uma pequena cidade sem
expressão que desenvolveu-se muito com a
chegada do primeiro papa (Clemente V)
seguido por vários banqueiros italianos e
comerciantes que rolavam a dívida da Igreja,
financiavam as despesas dos inúmeros
tribunais e as necessidades da
administração e dos peregrinos,
principalmente durante o primeiro trimestre
ou “Trimestre da Troca”, quando as
transações comerciais eram intensas.
Avignon (Avinhão), o rio Ródano e o Monte Ventoux
Petrarca estudou em Montpellier (1319-1323) com seu irmão
Geraldo, registrando-se como “Franciscus Petrarchi”,
provavelmente devido ao nome do pai (Petracco) pois havia
necessidade de um sobrenome, que não era usual na Itália.
Pressionado pelo pai continuou seus estudos, cursando direito em
Bolonha (1323-1325), adorou a cidade, mas odiou o Direito, assim
como Bocaccio odiava o comércio, dizia que era contra o seu
espírito. Bolonha era sede da mais conceituada universidade da
idade média, modelo para diversas universidades de Direito.
Estudava-se o direito canônico e o CODEX (direito codificado no
Império Romano do Oriente), pois com a queda do Império Romano
do Ocidente o direito romano foi substituído pela decisão dos
senhores feudais, que eram lei, advogado e juiz. Essa
universidade era cultivada pelos burgueses emergentes como
forma de cercear o poder ilimitado dos senhores feudais,
resgatando o antigo sistema judiciário do império. Enquanto isso,
em 1324 sua futura musa inspiradora, ainda desconhecida para ele,
é desposada por Hugo II de Sade, aos 18 anos.
Palácio papal em Avignon
Mapa da Europa de 1300, em destaque a Toscana
Montpellier
Condado de Avignon Arezzo
Avignon, cidade Estado, situada na antiga
“Província do Reino da Sicília com capital em
Nápoles”, daí o nome Provence para a região.
+ + +
Nápoles
+
++
ArezzoArezzo
FlorençaFlorença
++
Dos tratados de Direito tudo o que lhe
interessava era a imensa quantidade de
referências que havia neles a respeito da
antiguidade romana. Assim, além de estudar as
leis, Petrarca punha-se a ler tudo o que podia
encontrar sobre Virgílio, Cícero e Sêneca, os
grandes poetas e oradores do mundo antigo.
As poucas obras que ele pôde encontrar destes
autores lhe abriram novas perspectivas quanto
à arte literária. Petrarca começou a pensar
como eles e esforçava-se para escrever também
como eles.
Palácio papal em Avignon
Em 1325, com 21 anos, compra seu primeiro livro, “De
Civita Dei” (de Santo Agostinho), um ano depois abandona
os estudos de Direito em Bolonha e retorna para Avignon,
com a morte do pai, e começa a escrever versos de amor
em linguagem do povo, o toscano de Florença.
Presta exame para ordens menores (torna-se monge), que
o permite receber “benefícios” da igreja exercendo a
advocacia em seu escritório, à serviço da Santa Sé.
Durante a primeira metade da década de 1330, em Bolonha,
havia tido notícia da existência de numerosos clássicos da
literatura antiga que haviam sido esquecidos ou perdidos.
Uma de suas maiores paixões tornou-se a caçada a estas
obras das quais se sabiam os nomes mas não se sabiam
onde estavam .
Bolonha
Petrarca dizia que não iria advogar, que não
seguiria uma carreira que não deixava
alternativa entre “ser desonesto ou parecer
ignorante”.
A citação que segue, sobre Santo Ivo, demonstra
o sentimento geral daquela época com relação
aos advogados. Costumava-se falar de Santo
Ivo, patrono da classe, advogado dos humildes e
miseráveis, a quem defendia sem cobrar:
“Santo Ivo era Bretão,
Advogado honesto,
Não ladrão,
Coisa de admiração”.
Palácio papal em Avignon
Bocaccio satiriza a profissão com a ironia destas
palavras:
Bocaccio
“Inda novel demandista
Um letrado consultou,
Que depois de cem perguntas,
Tal resposta lhe tornou:
“Em cujácios, sem menéquios,
Em pegas e ordenação.
Em reinícolas, e estranhos.
Tens carradas de razão.
Sim, sim, por toda esta estante
Tem razão, razão demais!
Ah! Senhor (replica o homem)
Te-la-ei nos tribunais?”
Bocaccio
Em 1350 visitou a cidade de Roma por ocasião do
ano santo. Durante a viagem conheceu em Florença
o seu futuro amigo Bocaccio (1313-1375), dez anos
mais velho e autor de Decameron, uma crítica
severa aos membros da Igreja. Bocaccio foi o
segundo grande propulsor do renascimento na
literatura. Inicialmente, Bocaccio fazia poesia
erótica com a temática do triunfo da sedução sobre
a inocência, como um sinal de sabedoria de vida
diante de concepções que ele considerava já
antiquadas. Decameron foi traduzido para o latim
por Petrarca e serviu de modelo para Geoffrey
Chaucer (1340 - 1400) escrever o “Conto do Balcão”.
Petrarca
Profundo conhecedor dos “Trovadores” da idade média,
em Avignon compôs vários “sonets” (do provençal, sonet,
pequeno som ou ar) tornando o soneto a forma mais
popular dos poemas curtos em todos os idiomas
europeus.
De uma forma rudimentar o soneto era conhecido pelos
hindus cerca de 15 séculos antes de Cristo evoluindo para
a forma que conhecemos no início do século XIII graças,
ao que tudo indica, um siciliano chamado Giacomo
Notaro, poeta imperial da corte de Frederico II.
O soneto foi padronizado por um homem de Santa
Firmina, Fra Guittone D’Arezzo, criando o soneto
guitoniano e cristalizando o formato adotado com
pequenas variações por Dante Alighieri e Francisco
Petrarca, que o tornou conhecido em suas viagens.
Em 1330 Petrarca incorpora-se ao serviço do Cardeal
Colonese em Bolonha.
Frederico II, da Sicília
Petrarca possuía suficientes recursos para
permitir-se uma vida de lazer e de viagens.
Inicia um tour, em 1330, pela França, Alemanha,
Países Baixos, Espanha e Itália, onde procurava
conhecer os costumes das regiões, visitando
Toulouse, Aix-la-Capele, Liége, Colônia e o Vale
do Reno.
Durante suas viagens Petrarca descobriu em
1333, em uma biblioteca de uma igreja em Liège,
dois discursos perdidos de Cícero. Em 1345
descobriu em um mosteiro de Verona um
manuscrito contendo várias cartas de Cícero a
Ático, Quinto e Brutus.
Estas descobertas chamaram a atenção de
Petrarca para o fato de que nas bibliotecas de
muitos mosteiros da Europa havia cópias destas
obras antigas. Na verdade elas eram
desconhecidas apenas pelo fato de que não só
os monges, mas toda a civilização medieval
nunca lhes havia dado valor ou se interessado
por elas mais do que por um exercício de
gramática. Eram obras que primavam pela
beleza do estilo latino com que estavam escritas.
Nos mosteiros em que havia cópias manuscritas
estes textos às vezes eram utilizados como um
exercício de gramática latina ou simplesmente
estavam encostados em algum canto menos
freqüentado da biblioteca.
Mas quando Petrarca descobriu que escondidas
pelos mosteiros da Europa jaziam esquecidas
muitas daquelas obras que há séculos não se
dava mais valor, e das quais geralmente não se
conheciam senão os nomes, passou a
considerar, aqueles textos "como mercadoria
mais valiosa do que qualquer coisa que lhe
pudesse vir das Arábias ou da China".
Inspirou seus amigos a procurarem e a copiarem
pela Europa manuscritos perdidos da literatura
grega e latina, exigiu a abertura de bibliotecas
públicas e, durante suas viagens, transcreveu
ele próprio numerosos manuscritos.
Bocaccio tinha um “eu” de tornar-se monge e
mudar seu estilo erótico de poesia, Petrarca
concordou, ao ser consultado, que devia mudar
o estilo e não ingressar na ordem monástica,
mas estudar a literatura clássica grega e latina.
Petrarca estudou grego com um monge da
Calábria, que ao tornar-se Bispo, interrompeu as
aulas. Leôncio Pilatos, ex-aluno deste monge,
em Milão foi contatado por Bocaccio para ser o
seu professor com indicação de Petrarca.
Bocaccio persuadiu a Universidade de Florença
a criar a cátedra de grego e Petrarca ofereceu os
recursos para pagamento do professor, além de
cópias gregas da Ilíada e da Odisséia, de
Homero, que ele não conseguia ler, para serem
traduzidas ao Latim.
Durante o antigo império, Roma era uma cidade
bilíngüe, inclusive, a Epístola de São Paulo aos
Romanos e o Evangelho de São Marcos foram
escritas em grego, mas com o declínio do
império romano do ocidente a situação mudou.
Nos dias de Petrarca encontrar um professor de
grego na Itália era como entrar uma agulha no
palheiro, somente poucos eruditos dominavam o
grego e até mesmo Petrarca e São Tomás de
Aquino não sabiam ler grego.
Bolonha
A descoberta dos manuscritos contendo
epistolas de Cícero contribuíram para uma fase
de reedição de textos antigos, proporcionando o
último ciclo científico filosófico na Idade Média,
ao coincidir com a invenção dos tipos por
Gutenberg e o surto de produção editorial na
Itália, vindo a gerar personalidades como
Erasmo de Rotterdam (Elogio à Loucura), Tomas
Morus (Utopia – crítica ao Estado Inglês diante
da expulsão dos camponeses de suas terras),
Cervantes (Dom Quixote – romance em prosa
satírica), Luiz de Camões (Lusíadas – epopéia
que exalta o povo português) e Rabelais
(História dos gigantes Gargantua e Pantagruel,
crítica irônica dos costumes religiosos,
intelectuais e literários). ShakespaeareShakespaeare
CervantesCervantes
MontaigneMontaigne
CamõesCamões
Burgueses, Príncipes e Papas, isto é, os
grandes mecenas, buscavam aumentar
seu prestigio por meio da grandiosidade
das obras de arte com o desejo de se
eternizarem numa pintura ou escultura,
provocando uma verdadeira corrida para
contratar artistas como Leonardo da
Vincci, Michelangelo, Ticiano e Rafael
Sanzio, enumerando apenas os artistas
italianos. Esse momento histórico foi
importante para as descobertas
científicas no campo da Astronomia,
Física, Medicina, Matemática, Geografia e
Navegação.
Petrarca
Sua exortação ao retorno da filosofia antiga
(Santo Agostinho, Platão e Plutarco), contribuiu
para o surgimento do Renascimento na Itália,
onde atingiu seu maior brilho devido à atividade
comercial que gerou ricos mercadores,
banqueiros e poderosos Senhores, além da
contribuição dos bizantinos, que mantinham a
cultura clássica preservada pelo Império
Romano do Oriente e que levaram para Itália em
sua fuga, quando da queda de Constantinopla
em 1453. Grandes mecenas, como a família
Medicci, favoreceram o surgimento de Giotto
(pintura), Dante Alighieri, Bocaccio e Petrarca
(na literatura) do século XIV (Trecento) e com
apogeu no século XVI (cinquecento).
Petrarca
Em 1336, em Avignon, o então monge
Petrarca, aos 32 anos escala o Monte
Ventoux, um pequeno e típico monte pré
alpino com 1912 metros, com seu irmão
Geraldo. Considerado o Patrono do
Alpinismo, por ter sido o primeiro a ter
deixado por escrito as suas impressões,
apesar de altitudes de 4.000 metros
(pastagens de Pamires, no Afeganistão)
já serem conhecidas por nômades há
quatro mil anos, mas sem relatos das
impressões, como fez Francisco Petrarca
ao escrever os seus “eus” daquela visão.
Monte Ventoux (Vaucluse)
“Hoje escalei a montanha mais alta da redondeza,
conhecida como Ventoux. Senti por dentro o privilégio de
ser o primeiro a estar em um pedaço de terra nas alturas.
Há muitos anos que vinha sonhando esse momento.
Primeiro, fiquei parado sentindo o sopro do vento em
minha face e no minuto seguinte, dei uma volta completa
sobre meus calcanhares contemplando a paisagem que se
me estendia e fiquei pasmo com a beleza que vi. Olhei
para trás e para baixo, nuvens se juntavam aos meus pés
e céu infinito alcançavam meus olhos ao longe. Logo me
veio à memória a imagem de Atos e Olímpia que aqui se
tornaram personagens mais reais pois o que tinha lido e
ouvido sobre eles estava eu vivendo neste momento.
Dirigi então um olhar para o lado da Itália, para onde meu
espírito se sempre atraído e vi ... os Alpes... rígidos e
recobertos de neve... estão de repente tão próximos que
quase os tocava com minhas mãos... mas na verdade
estavam bem distante; separavam-nos um imenso
intervalo.”
Avignon, ao fundo Monte Ventoux
Somente após 52 anos deste feito houve outra
façanha semelhante com a escalada do monte
Rocciamelone, com 3.357 metros de altitude,
também nos Alpes, em parte devido a ignorância
da idade média que demorava a dissipar
estórias e teorias sobre dragões que habitavam
as montanhas e sobre as baixas temperaturas
nos cumes.
Em 1337 nasce o primeiro filho de Petrarca o
qual é fonte de desapontamento quando
percebe que é “inteligente, talvez mesmo
excepcionalmente inteligente, mas odeia livros”.
Scheuchzer / Dragão / Salamandra Gigante
Considerado um dos homens mais cultos de sua
época, era poeta, filósofo, teólogo,gramático,
numismata (estudioso das moedas), copista,
editor e precursor do “Tour de France”,
escreveu a maioria de sua obra na língua culta
da época, o latim, apesar de ter escrito
inicialmente na língua vulgar. A língua italiana,
ainda em formação, deve a sua fixação aos
livros de Petrarca que serviam de gramática,
vocabulário e modelo à um grupo cada vez
maior de leitores que tinham condições de
acessar a produção crescente de livros.
Escreveu muitas cartas segundo o modelo de
Cìcero e Horácio, sendo considerado uma
mistura de Cícero, Virgílio e Horácio, com seu
chamado “Dolce Stil Nuovo”.
Petrarca
Escreveu: “Epistolae de Rebus Familiaribus”
(cartas de assuntos familiares - 350 cartas em 24
volumes), “Epistolae Senilis” (cartas de um
Velho) e “De Vita Solitária”, “Rerum
Memorandum Libri (Tratado incompleto das
virtudes cardeais), “Itinerarium” (um livro guia
para ir a Terra Santa), “De Sui Ipsius et Multorum
Ignorantia” (escrito contra os Dialéticos,
seguidores de Aristóteles) e o livro ilustrado “De
Viris”, com 24 biografias de personagens da
antiguidade de Rômulo (fundador lendário de
Roma) à Tróia . Foi um dos fundadores do
humanismo e força principal do renascimento
italiano, acreditava na possibilidade de
continuidade da cultura clássica com o
cristianismo procurando ser seu conciliador.
Petrarca
Entre 1342 e 1347 inicia a reorganização
de seu “Il Canzoniere, produzido em 1336
e 1338. Em 1343 escreve “Psalmi”
contendo as sete pragas e confissões.
Em 1347 em Bolonha, protegido do
Cardeal Colonese e família, uniu-se ao
movimento de Cola de Rienzo que
aproveitou a lacuna política deixada pelo
papa na Itália Central (Estados
Pontifícios), barreira natural do
conservadorismo que impedia as idéias
novas que circulavam ao norte seguirem
rumo ao sul e ao reino de Nápoles.
Canzonieri
Neste movimento de 1347 Cola de Rienzo
funda em Roma uma república anti-
aristocrática que procurava restabelecer
a dignidade Romana e união do antigo
império coincidindo com a postura de
Petrarca que inicia suas crítica à Igreja
sete anos antes, em 1340. Petrarca
considerava sua época como o final de
um “tempo obscuro”, de uma “Idade das
Trevas”, iniciado com a decadência do
Império Romano. Em comparação com a
época dos antigos gregos e romanos,
plena de realizações culturais, a Idade
Média lhe parecia bastante pobre...
Canzonieri
Suas críticas tornaram-se mais intensas
como aliado de Cola de Rienzo,
escrevendo uma série de cartas aos papa
Clemente VI (1342) e Urbano V (1366)
exortando o retorno da Santa Sé para
Roma, que segundo o poeta deveria
sediar o poder temporal e espiritual de
um novo tempo, longe da influência
francesa. Ocorreu uma intensa
comunicação, por carta, entre Petrarca e
Cola, onde Petrarca descreve Avignon
como usurpadora dos direitos de Roma e
fonte de corrupção e da frivolidade do
clero.
Canzonieri
Ficou célebre sua comparação de
Avignon com “Babilônia” (confusão) e o
“labirinto” (de Creta) representando a
desonestidade da burocracia
administrativa da Igreja e como o fio de
Ariadne, que conduzia à saída do
labirinto, também em Avignon havia
meios de encurtar os caminhos: o ouro
Em uma das ocasiões exorta o Pontífice a
retornar à Roma e lembra ao Papa que “a
vida é breve e que um dia ele também
estará perante o tribunal de Cristo para
ser julgado como servo e não como
chefe”.
Manuscrito
Há uma pequena fábula moral que serve
de exemplo do poder da liberdade sobre a
censura. Na edição Aldina (ou seja
impressa por Aldus Manutius), de 1533,
dos “Sonetos e Canções”, de Petrarca,
dois sonetos contra a Corte de Roma,
tiveram o texto cobertos com tinta
nanquim. Com o passar do tempo, a tinta
desbotou e agora os sonetos são
perfeitamente legíveis.
Mais tarde Petrarca ficou sob a
“proteção” do Bispo de Milão, Giovanni
Visconti, falecido pouco tempo depois.
PetrrcaPetrrcaPetrarca
Petrarca não foi considerado rebelde pela
Igreja, mas respeitado pois lutava, não
com uma fé cega, mas com uma posição
crítica diante da decadência visível do
poder espiritual do papado, sendo ele um
profissional à serviço da Santa Sé,
atuando em vários escritórios
eclesiásticos, sob a proteção do Cardeal
Colonese, ainda em Bolonha e
prosseguindo ao retornar à Avignon, em
1326, com a morte do pai, sob a proteção
do Cardeal Felipe de Cabassoles, Bispo
de Cavaillion e Senhor de Vaucluse.
Avignon (Avinhão)
Devido aos problemas econômicos, torna-se
monge recebendo o “beneficium” vitalício, e que
seguia regras pré-estabelecidas para sua
concessão. Uma das regras para receber e
manter uma “Benece” é que o titulo seja
fornecido por um “protetor”, a exemplo do
sistema Vassalo/Soberano, a quem o
beneficiado devia submissão, neste caso, ao
representante da Igreja no local onde o
beneficiário residia e a contra-partida
apresentando serviços ou ofícios vinculados à
Igreja e a fonte não estivesse sob seu controle.
Em 6 de abril de 1327 conheceu Laura de
Novaes, sua musa, na Igreja de Sainte-Claire e
segundo outras fontes, na casa de um influente
cardeal de Avignon.
Petrarca
Em 1337 deixou Avignon com destino à sua chácara em
Vaucluse, um lugar de retiro onde produziu muito de suas
maiores obras e onde copistas que viviam com ele faziam
novas cópias daqueles manuscritos que ele havia juntado.
Em 1340 foi convidado pela universidade de Paris e pelo
Senado de Roma para ser laureado como poeta, optando
pelo convite do Capitólio de Romano, em 1341.Em 1343
quando Geraldo torna-se monge de Chartreux de
Montreux e num furor ascético escreve “Secretum”, um
momento de celebração da vida monástica, reacende as
paixões políticas com sonetos contra Avignon e une o
misticismo ao amor pela pátria. Escreve sobre uma
conversa entre ele, Santo Agostinho e a Senhora Verdade,
destinado à meditação pessoal, como a maioria dos livros
editados na época.
Vaucluse
À Petrarca é creditado a primeira “forma”
conhecida de soneto com 14 linhas
divididas em duas estrofes que
influenciou toda a Europa . O formato
adaptado na Inglaterra influenciou Willian
Shakespeare que produziu cento e
cinqüenta sonetos no gênero conhecido
como Shakesperiano, além de tragédias
no formato clássico e Edmund Spencer
no estilo conhecido como Spenseriano.
Nos tempos modernos influenciou
Rainier Maria Rilke (1875-1926) em “Die
Sonette na Orpheus” (Sonetos à Orfeu),
ciclo de 55 poemas escritos em 1923.
Petrarca
Os poemas de 14 versos foram assimilados pelo
Humanismo e Barroco, desprezados pelos
Iluministas e retornou com os Românticos,
Parnasianos, Simbolistas e sobrevivendo ao
Modernismo chegou aos nossos dias.
Há mais de dez anos, o poeta mexicano, Octávio
Paz, num ensaio sobre o amor e o erotismo,
fazia chegar aos seus dias a tradição com
origem na poesia provençal onde destaca Dante
e Petrarca. Acerca de Petrarca diz: “quase toda a
poesia européia de amor pode ser vista como
uma série de glosas, variações e transgressões
do “Canzoniere”.
Petrarca
Canzonieri (séc XV)
Petrarca na sua tentativa de ressuscitar o
clássico escreveu uma epopéia ao estilo de
Virgilio em “África”, chamado “Cipião, o
Africano”, poema inacabado dedicado a
Pumblius Cornelius Cipião, general romano
herói das guerras Pùnicas (Contra Cartago).
Escreveu 300 sonetos, 29 canções, 9 sixtinas, 7
baladas e 4 madrigais, reunidos em um livro de
canções (Il Canzonieri) originalmente chamado
“Rerun Vulgariun Fragmenta” onde expõem uma
concepção do amor, sinceridade, profundidade
psicológica, beleza da forma e virtuosismo que
influenciou toda a literatura ocidental, tornando-
se o padrão e matriz para todos os poetas líricos
europeus na criação de seu mundo íntimo.
Petrarca
..
No “Il Canzonieri” há duas partes
distintas, escritas antes e depois da
morte de sua musa inspiradora em 1348,
Laura de Novaes, por quem tinha um
amor platônico desde os 23 anos, e
aquém dedica 317 sonetos.
A temática da mulher, objeto da adoração
por parte do poeta, que falava de suas
qualidades físicas e espirituais e se
desespera em sua visão da castidade
angelical que se fazia inalcançável
personificava em Laura o objeto de seus
desejos.
Laura
No “Il Canzonieri” a questão religiosa é um elemento
fundamental, assim como na vida de Petrarca. O hino que
conclui o “Canzonieri” é dedicado à Nossa Senhora.
O dia se apressa
e já não pode estar longe,
assim o tempo corre e voa,
virgem única e só,
e uma hora de consciência,
uma hora a morte o coração punge:
entrego-me ao teu Filho,
verdadeiro homem e verdadeiro Deus,
que acolha o meu espírito em paz.
Laura
Petrarca construiu o retrato feminino a partir de
um número de refinados elementos, o chamado
cânone breve. A formação e a evolução deste
cânone é conseqüência da redução do elenco de
atributos físicos prescrito pelas poéticas
medievais, o cânone longo. O autor dos “Rerum
Vulgarium Fragmenta” fixa a apresentação, por
regra, em alguns dos elementos do semblante,
cabelos, olhos, faces e boca, aos quais se
acrescenta uma parte do corpo, pescoço, peito
ou mão. Além disso, as metáforas e as imagens
utilizadas são bem definidas, e suas motivações
reduzidas à luminosidade e à cor, entre amarelo,
vermelho e branco.
Laura
A estruturação obedece a um esquema de
correspondências internas muito elegantes, como
a exemplo dos tercetos do soneto 157 dos “Rerum
Vulgarium Fragmenta”, “Quel sempre acerbo et
honorato giorno”.
La testa ór fino, et calda neve il volto
Hebeno i cigli, et gli occhi eran die stelle.
Onde Amor l’arco non tendeva in fallo;
Perle e rose vermiglie, ove l’accolto
Dolor formava ardenti voci et belle;
Fiamma i sospir’, le lagrime cristallo.
Laura
Os cabelos são ouro, a tez neve, as pestanas
ébano e os olhos estrelas, ao passo que os
dentes e os lábios são referidos através de duas
metáforas cujo sentido encontra-se bem
definido, pérolas e rosas. Mas, além disso,
Petrarca institui uma modalidade conhecida
pelas poéticas medievais, que prescreve a
ordem da enumeração dos vários componentes
do retrato em forma descendente, e a chama
“effictio”.O seu simbolismo assenta-se na
convicção de que os atributos que se situam
num nível mais elevado são mais perfeitos, por
se encontrarem mais próximos do plano divino,
como na oitava descendente no universo. Os
seguidores de Petrarca irão consagrar o uso do
cânone breve.
Laura
Em 1373 termina “Il Canzonieri”, um
vasto e variado manancial da mais
pura e perfeita poesia lírica jamais
escrita, um “best seller” que
encontrou paralelo somente no
sucesso de “Orlando Furioso” de
Ludovico Ariosto, como atestam
Trieste, Appolonio e Caprin em 1874
quando fizeram o levantamento de
167 edições de “Rerum Vulgarium
Fragmenta” e de 176 de “Orlando
Furioso”.
Laura
Petrarca recebe de presente, em 1369, de
Francisco de Carrara, um terreno em Arquá,
próximo de Pádua, onde constrói uma casa para
viver seus últimos anos após viver de cidade em
cidade reconhecido como celebridade
internacional.
A quatro de agosto de 1370 escreve seu
testamento, ficando como executor seu genro,
Brossano de Francescuolo, casado com
Francesca em 1361, data que Giovanni falece
com Peste Negra em Avignon. Entre outros,
seus herdeiros são: Geraldo, seu irmão,
Boccaccio, Francisco de Carrara e Bartolomeu
Pancaldo de Siena, um empregado. Petrarca não
casou e identidade da mães de Francesca e
Giovanni não é conhecida.
Durante os séculos, não faltaram nunca
peregrinações a cidade de Vaucluse, local
de seus amores impossíveis, e a cidade
de Arquá, onde se admite que seu corpo
está enterrado em uma igreja local em 18
de julho de 1374.
Sua biblioteca, seus livros, suas copias,
manuscritos e exemplares acumulados
durante anos de amor aos livros ficaram
para seus herdeiros, em Pádua, onde
foram novamente difundidos para a
Europa, reavivando o estímulo
renascentista de suas páginas.
As vésperas de se comemorarem os
700 anos do nascimento do poeta e
pensador italiano, em 2004, esta é
realizada a primeira tradução integral
para língua portuguesa do Rerum
Vulgarium Fragmenta, no título original,
obra também conhecida por
Canzoniere, e a que Vasco Graça
Moura intitulou As Rimas de Petrarca.
Há uma nota introdutória à obra, na
qual Vasco Graça Moura analisa alguns
aspectos relevantes da vida e da obra
do poeta italiano.
Petrarca
“Faz-se o homem ao voltar para
si, em si a eternidade retorna,
nasce a poesia”.
Francisco Petrarca (1304 –1374).
Fim
www.apollo.org - Centro de Porto Alegre / 2005
Anexo:
QUATRO SONETOS "EM MORTE DE DONA LAURA" e um passagem do “Cancioneiro”
"AMOR, CHE MECO AL BUON TEMPO STAVI"
Amor, comigo noutro tempo estavas
Entre estas margens do pensar amigas
E p´ra saldar nossas razões antigas
Comigo e o rio arrazoando andavas:
Flor's, frondes, sombras, ondas, antros, cavas,
Profundos vales, altos montes, sigas,
Que repouso me foram das fadigas
E hoje o não são de tantas mágoas bravas.
Ó vós que os ermos habitais do bosco,
Ó ninfas, e quem mais do fresco fundo
Do líquido cristal se alberga e pasce:
Tão claro foi meu dia, ora é tão fosco
Como a Morte que o faz. Assim no mundo
Ventura vem do dia em que se nasce.
"ANIMA BELU DA QUEL NODO SCIOLTA"
Alma tão bela desse nó já solta
Que mais belo não sabe urdir natura,
Tua mente volve à minha vida obscura
Do céu à minha dor em choro envolta.
Da falsa suspeição liberta e absolta
Que outrora te fazia acerba e dura
A vista em mim pousada, ora segura
Podes fitar-me, e ouvir-me a ânsia revolta.
Olha do Sorge a montanhosa fonte
E verás lá aquele que entre o prado e o rio
De recordar-te e de desgosto é insonte.
Onde está teu albergue, onde existiu
O amor que abandonaste. E o horizonte
De um mundo que desprezas, torpe e frio.
"ITE, RIME DOLENTI, AL DURO SASSO"
Oh, vai, verso dolente, à pedra dura
Que o meu caro tesouro em terra esconde,
E chama quem do céu roda responde,
Se bem que o corpo esteja em tumba escura.
Diz-lhe que vivo exausto de amargura,
De navegar sem já saber por onde,
Salvando apenas sua esparsa fronde
De perder-se na morte que se apura,
Sempre arrazoando dela, viva e morta,
Como se viva e já feita imortal,
Para que o mundo a reconheça e ame.
E que lhe praza ser quem me conforta
No instante que se apressa. Venha e, qual
Está no céu, a si me leve e chame.
"DONNA, CHE LIETA CO'L PRINCIPIO NOSTRO"
Senhora minha, que tão leda estais
Co'o princípio de tudo, e o mereceste
Por essa vida santa que viveste,
E em sédia gloriosa vos sentais,
Ó rara e portentosa entre as demais,
Ora, no Olhar que tudo vê celeste,
Vê o meu amor e a pura fé que veste
De lágrimas choradas versos tais.
E sente um coração tão fiel na terra
Qual o é no céu agora, e que não tende
A mais de ti que ao Sol dos olhos teus.
E pois, para vencer a dura guerra
Que neste mundo só a ti me prende,
Roga que eu vá depressa a estar nos céus.
"DONNA, CHE LIETA CO'L PRINCIPIO NOSTRO"
Senhora minha, que tão leda estais
Co'o princípio de tudo, e o mereceste
Por essa vida santa que viveste,
E em sédia gloriosa vos sentais,
Ó rara e portentosa entre as demais,
Ora, no Olhar que tudo vê celeste,
Vê o meu amor e a pura fé que veste
De lágrimas choradas versos tais.
E sente um coração tão fiel na terra
Qual o é no céu agora, e que não tende
A mais de ti que ao Sol dos olhos teus.
E pois, para vencer a dura guerra
Que neste mundo só a ti me prende,
Roga que eu vá depressa a estar nos céus.
"Aquele que infinita providência e arte
mostrou em seu ensino miraculoso;
que criou este, e aquele outro hemisfério,
e manso mais Júpiter do que Marte,
vindo na terra a iluminar as escrituras
que haviam há muitos anos já oculto a verdade,
tirou João da rede e Pedro,
e no reino do céu os fez parte.
De si, nascendo, a Roma não fez graça,
a Judéia sim, tanto sobre qualquer outra condição
a humildade exaltar sempre agrada;
e agora de um pequeno burgo um sol nos a dado,
tal, que a natureza, e o lugar todo agradece,
onde tão bela senhora ao mundo nasce."
O Cancioneiro - Petrarca - Tradução: Jamir Almansur Haddad
Bibliografia:
http://petrarch.petersadlon.com/
Francisco Petrarca
1304 - 1374

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Petrarca

  • 2. Não tenho paz, e não me fazem guerra; Soneto de Petrarca, traduzido por Sérgio Alcides Ou me condenas e solta-me o baraço. Sem olhos vejo, e grito sem a língua; Choro de rir, sou rico e sofro à mingua; Espero e temo, sou um gelo e asso; Aos ares vôo, tendo os pés na terra; Braços vazios, todo o mundo abraço. Aberta está a cela que me encerra, E nem me prende e nem se afrouxa o laço; Amor me absolve e não me desaferra, Almejo a morte, e clamo por socorro; Eu, que amo tanto, sou por mim odiado. E tanto faz, por mim, se vivo ou morro; Por ti, Senhora, é que ando neste estado. Laura de Novaes
  • 3. 1016 Auge do Império Bizantino 1099 Auge do sistema feudal na Europa 1138 Princípios da arquitetura gótica 1166 Astecas entram no México 1167 Fundação da Universidade de Oxford, na Inglaterra Fundação da Universidade de Paris 1088 Fundação da Universidade de Bolonha 1193 Budismo Zen no Japão 1200 Civilização inca se desenvolve, baseada na cidade de Cuzco 1209 Fundação da Universidade de Cambridge 1213 Genghis Khan dá início ao Império Mongol 1215 Religião muçulmana chega ao sudeste asiático e a África 1236 Reino de Castela conquista Córdoba 1261 Bizâncio reconquista Constantinopla 1271 Marco Polo dá início à viagem a China 1300 Surgimento de novo Império Maia em Yucatán (povos) 1304 Nasce Petrarca 1309 Dante começa a escrever A Divina Comédia 1337 Começa a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra 1347 Peste Negra chega à Europa 1353 Turcos otomanos invadem a Europa 1368 Fundação da dinastia Ming na China 1374 Passamento de Petrarca 1400 Balé começa nas cortes renascentistas italianas 1401 1405 Mongol Tamerlane conclui a conquista da Pérsia, Síria e Egito 1410 Início da pintura a óleo 1413 Início das viagens marítimas portuguesas 1431 Joana d'Arc é queimada na França 1431 1440 Começa a ser escrito As Mil e Uma Noites, em árabe Turcos otomanos conquistam Constantinopla, marcando o fim da Idade Média 1453 Termina a Guerra dos Cem Anos França/Inglaterra começa, na Inglaterra, a Guerra das Rosas 1455 Impressão da Bíblia de Gutenberg 1469 Fernando de Aragão e Isabel de Castela se casam, começando o processo de unificação da Espanha 1478 Começa a Inquisição espanhola Árabes e judeus expulsos da Espanha 1492 Cristóvão Colombo chega à América 1494 Portugal e Espanha assinam o Tratado de Tordesilhas 1498 Vasco da Gama atravessa o Cabo da Boa Esperança, na atual África do Sul 1500 População mundial: 400 milhões
  • 4. Francisco Petrarca nasceu em Arezzo (Toscana) em 1304, filho de um Tabelião de Notas e advogado chamado Pietro Petracco e Eletta Canigiani. Seu pai foi expulso de Florença pelos Guelfos Pretos ao assumirem o poder, no mesmo ano que Dante Alighieri, em 1302 e deslocou-se para Arezzo onde Petrarca nasceu e passou a infância. Quando Petrarca tinha oito anos de idade, seu pai transferiu-se juntamente com a família para França, onde passou a juventude em uma situação social que ele classificou como “acima da pobreza”. Nesta época a Cúria Romana estava em Avignon e a cidade oferecia maiores oportunidades para o trabalho de um advogado. A família fixou-se em Carpentras, no Condado de Venaissin, perto de Avignon, hoje, Vaucluse ( composto por Carpentras, Vaison, Cavallion e Avignon).
  • 5. Em 1319 morre a mãe e Petrarca escreve uma “elegia”, que também são seus primeiros versos em latim, para exaltar as virtudes da mãe.
  • 6. Avignon, centro clerical durante o exercício de nove papas, uma pequena cidade sem expressão que desenvolveu-se muito com a chegada do primeiro papa (Clemente V) seguido por vários banqueiros italianos e comerciantes que rolavam a dívida da Igreja, financiavam as despesas dos inúmeros tribunais e as necessidades da administração e dos peregrinos, principalmente durante o primeiro trimestre ou “Trimestre da Troca”, quando as transações comerciais eram intensas. Avignon (Avinhão), o rio Ródano e o Monte Ventoux
  • 7. Petrarca estudou em Montpellier (1319-1323) com seu irmão Geraldo, registrando-se como “Franciscus Petrarchi”, provavelmente devido ao nome do pai (Petracco) pois havia necessidade de um sobrenome, que não era usual na Itália. Pressionado pelo pai continuou seus estudos, cursando direito em Bolonha (1323-1325), adorou a cidade, mas odiou o Direito, assim como Bocaccio odiava o comércio, dizia que era contra o seu espírito. Bolonha era sede da mais conceituada universidade da idade média, modelo para diversas universidades de Direito. Estudava-se o direito canônico e o CODEX (direito codificado no Império Romano do Oriente), pois com a queda do Império Romano do Ocidente o direito romano foi substituído pela decisão dos senhores feudais, que eram lei, advogado e juiz. Essa universidade era cultivada pelos burgueses emergentes como forma de cercear o poder ilimitado dos senhores feudais, resgatando o antigo sistema judiciário do império. Enquanto isso, em 1324 sua futura musa inspiradora, ainda desconhecida para ele, é desposada por Hugo II de Sade, aos 18 anos. Palácio papal em Avignon
  • 8. Mapa da Europa de 1300, em destaque a Toscana Montpellier Condado de Avignon Arezzo Avignon, cidade Estado, situada na antiga “Província do Reino da Sicília com capital em Nápoles”, daí o nome Provence para a região. + + + Nápoles + ++ ArezzoArezzo FlorençaFlorença ++
  • 9. Dos tratados de Direito tudo o que lhe interessava era a imensa quantidade de referências que havia neles a respeito da antiguidade romana. Assim, além de estudar as leis, Petrarca punha-se a ler tudo o que podia encontrar sobre Virgílio, Cícero e Sêneca, os grandes poetas e oradores do mundo antigo. As poucas obras que ele pôde encontrar destes autores lhe abriram novas perspectivas quanto à arte literária. Petrarca começou a pensar como eles e esforçava-se para escrever também como eles. Palácio papal em Avignon
  • 10. Em 1325, com 21 anos, compra seu primeiro livro, “De Civita Dei” (de Santo Agostinho), um ano depois abandona os estudos de Direito em Bolonha e retorna para Avignon, com a morte do pai, e começa a escrever versos de amor em linguagem do povo, o toscano de Florença. Presta exame para ordens menores (torna-se monge), que o permite receber “benefícios” da igreja exercendo a advocacia em seu escritório, à serviço da Santa Sé. Durante a primeira metade da década de 1330, em Bolonha, havia tido notícia da existência de numerosos clássicos da literatura antiga que haviam sido esquecidos ou perdidos. Uma de suas maiores paixões tornou-se a caçada a estas obras das quais se sabiam os nomes mas não se sabiam onde estavam . Bolonha
  • 11. Petrarca dizia que não iria advogar, que não seguiria uma carreira que não deixava alternativa entre “ser desonesto ou parecer ignorante”. A citação que segue, sobre Santo Ivo, demonstra o sentimento geral daquela época com relação aos advogados. Costumava-se falar de Santo Ivo, patrono da classe, advogado dos humildes e miseráveis, a quem defendia sem cobrar: “Santo Ivo era Bretão, Advogado honesto, Não ladrão, Coisa de admiração”. Palácio papal em Avignon
  • 12. Bocaccio satiriza a profissão com a ironia destas palavras: Bocaccio “Inda novel demandista Um letrado consultou, Que depois de cem perguntas, Tal resposta lhe tornou: “Em cujácios, sem menéquios, Em pegas e ordenação. Em reinícolas, e estranhos. Tens carradas de razão. Sim, sim, por toda esta estante Tem razão, razão demais! Ah! Senhor (replica o homem) Te-la-ei nos tribunais?” Bocaccio
  • 13. Em 1350 visitou a cidade de Roma por ocasião do ano santo. Durante a viagem conheceu em Florença o seu futuro amigo Bocaccio (1313-1375), dez anos mais velho e autor de Decameron, uma crítica severa aos membros da Igreja. Bocaccio foi o segundo grande propulsor do renascimento na literatura. Inicialmente, Bocaccio fazia poesia erótica com a temática do triunfo da sedução sobre a inocência, como um sinal de sabedoria de vida diante de concepções que ele considerava já antiquadas. Decameron foi traduzido para o latim por Petrarca e serviu de modelo para Geoffrey Chaucer (1340 - 1400) escrever o “Conto do Balcão”. Petrarca
  • 14. Profundo conhecedor dos “Trovadores” da idade média, em Avignon compôs vários “sonets” (do provençal, sonet, pequeno som ou ar) tornando o soneto a forma mais popular dos poemas curtos em todos os idiomas europeus. De uma forma rudimentar o soneto era conhecido pelos hindus cerca de 15 séculos antes de Cristo evoluindo para a forma que conhecemos no início do século XIII graças, ao que tudo indica, um siciliano chamado Giacomo Notaro, poeta imperial da corte de Frederico II. O soneto foi padronizado por um homem de Santa Firmina, Fra Guittone D’Arezzo, criando o soneto guitoniano e cristalizando o formato adotado com pequenas variações por Dante Alighieri e Francisco Petrarca, que o tornou conhecido em suas viagens. Em 1330 Petrarca incorpora-se ao serviço do Cardeal Colonese em Bolonha. Frederico II, da Sicília
  • 15. Petrarca possuía suficientes recursos para permitir-se uma vida de lazer e de viagens. Inicia um tour, em 1330, pela França, Alemanha, Países Baixos, Espanha e Itália, onde procurava conhecer os costumes das regiões, visitando Toulouse, Aix-la-Capele, Liége, Colônia e o Vale do Reno. Durante suas viagens Petrarca descobriu em 1333, em uma biblioteca de uma igreja em Liège, dois discursos perdidos de Cícero. Em 1345 descobriu em um mosteiro de Verona um manuscrito contendo várias cartas de Cícero a Ático, Quinto e Brutus.
  • 16. Estas descobertas chamaram a atenção de Petrarca para o fato de que nas bibliotecas de muitos mosteiros da Europa havia cópias destas obras antigas. Na verdade elas eram desconhecidas apenas pelo fato de que não só os monges, mas toda a civilização medieval nunca lhes havia dado valor ou se interessado por elas mais do que por um exercício de gramática. Eram obras que primavam pela beleza do estilo latino com que estavam escritas. Nos mosteiros em que havia cópias manuscritas estes textos às vezes eram utilizados como um exercício de gramática latina ou simplesmente estavam encostados em algum canto menos freqüentado da biblioteca.
  • 17. Mas quando Petrarca descobriu que escondidas pelos mosteiros da Europa jaziam esquecidas muitas daquelas obras que há séculos não se dava mais valor, e das quais geralmente não se conheciam senão os nomes, passou a considerar, aqueles textos "como mercadoria mais valiosa do que qualquer coisa que lhe pudesse vir das Arábias ou da China". Inspirou seus amigos a procurarem e a copiarem pela Europa manuscritos perdidos da literatura grega e latina, exigiu a abertura de bibliotecas públicas e, durante suas viagens, transcreveu ele próprio numerosos manuscritos.
  • 18. Bocaccio tinha um “eu” de tornar-se monge e mudar seu estilo erótico de poesia, Petrarca concordou, ao ser consultado, que devia mudar o estilo e não ingressar na ordem monástica, mas estudar a literatura clássica grega e latina. Petrarca estudou grego com um monge da Calábria, que ao tornar-se Bispo, interrompeu as aulas. Leôncio Pilatos, ex-aluno deste monge, em Milão foi contatado por Bocaccio para ser o seu professor com indicação de Petrarca. Bocaccio persuadiu a Universidade de Florença a criar a cátedra de grego e Petrarca ofereceu os recursos para pagamento do professor, além de cópias gregas da Ilíada e da Odisséia, de Homero, que ele não conseguia ler, para serem traduzidas ao Latim.
  • 19. Durante o antigo império, Roma era uma cidade bilíngüe, inclusive, a Epístola de São Paulo aos Romanos e o Evangelho de São Marcos foram escritas em grego, mas com o declínio do império romano do ocidente a situação mudou. Nos dias de Petrarca encontrar um professor de grego na Itália era como entrar uma agulha no palheiro, somente poucos eruditos dominavam o grego e até mesmo Petrarca e São Tomás de Aquino não sabiam ler grego. Bolonha
  • 20. A descoberta dos manuscritos contendo epistolas de Cícero contribuíram para uma fase de reedição de textos antigos, proporcionando o último ciclo científico filosófico na Idade Média, ao coincidir com a invenção dos tipos por Gutenberg e o surto de produção editorial na Itália, vindo a gerar personalidades como Erasmo de Rotterdam (Elogio à Loucura), Tomas Morus (Utopia – crítica ao Estado Inglês diante da expulsão dos camponeses de suas terras), Cervantes (Dom Quixote – romance em prosa satírica), Luiz de Camões (Lusíadas – epopéia que exalta o povo português) e Rabelais (História dos gigantes Gargantua e Pantagruel, crítica irônica dos costumes religiosos, intelectuais e literários). ShakespaeareShakespaeare CervantesCervantes MontaigneMontaigne CamõesCamões
  • 21. Burgueses, Príncipes e Papas, isto é, os grandes mecenas, buscavam aumentar seu prestigio por meio da grandiosidade das obras de arte com o desejo de se eternizarem numa pintura ou escultura, provocando uma verdadeira corrida para contratar artistas como Leonardo da Vincci, Michelangelo, Ticiano e Rafael Sanzio, enumerando apenas os artistas italianos. Esse momento histórico foi importante para as descobertas científicas no campo da Astronomia, Física, Medicina, Matemática, Geografia e Navegação. Petrarca
  • 22. Sua exortação ao retorno da filosofia antiga (Santo Agostinho, Platão e Plutarco), contribuiu para o surgimento do Renascimento na Itália, onde atingiu seu maior brilho devido à atividade comercial que gerou ricos mercadores, banqueiros e poderosos Senhores, além da contribuição dos bizantinos, que mantinham a cultura clássica preservada pelo Império Romano do Oriente e que levaram para Itália em sua fuga, quando da queda de Constantinopla em 1453. Grandes mecenas, como a família Medicci, favoreceram o surgimento de Giotto (pintura), Dante Alighieri, Bocaccio e Petrarca (na literatura) do século XIV (Trecento) e com apogeu no século XVI (cinquecento). Petrarca
  • 23. Em 1336, em Avignon, o então monge Petrarca, aos 32 anos escala o Monte Ventoux, um pequeno e típico monte pré alpino com 1912 metros, com seu irmão Geraldo. Considerado o Patrono do Alpinismo, por ter sido o primeiro a ter deixado por escrito as suas impressões, apesar de altitudes de 4.000 metros (pastagens de Pamires, no Afeganistão) já serem conhecidas por nômades há quatro mil anos, mas sem relatos das impressões, como fez Francisco Petrarca ao escrever os seus “eus” daquela visão. Monte Ventoux (Vaucluse)
  • 24. “Hoje escalei a montanha mais alta da redondeza, conhecida como Ventoux. Senti por dentro o privilégio de ser o primeiro a estar em um pedaço de terra nas alturas. Há muitos anos que vinha sonhando esse momento. Primeiro, fiquei parado sentindo o sopro do vento em minha face e no minuto seguinte, dei uma volta completa sobre meus calcanhares contemplando a paisagem que se me estendia e fiquei pasmo com a beleza que vi. Olhei para trás e para baixo, nuvens se juntavam aos meus pés e céu infinito alcançavam meus olhos ao longe. Logo me veio à memória a imagem de Atos e Olímpia que aqui se tornaram personagens mais reais pois o que tinha lido e ouvido sobre eles estava eu vivendo neste momento. Dirigi então um olhar para o lado da Itália, para onde meu espírito se sempre atraído e vi ... os Alpes... rígidos e recobertos de neve... estão de repente tão próximos que quase os tocava com minhas mãos... mas na verdade estavam bem distante; separavam-nos um imenso intervalo.” Avignon, ao fundo Monte Ventoux
  • 25. Somente após 52 anos deste feito houve outra façanha semelhante com a escalada do monte Rocciamelone, com 3.357 metros de altitude, também nos Alpes, em parte devido a ignorância da idade média que demorava a dissipar estórias e teorias sobre dragões que habitavam as montanhas e sobre as baixas temperaturas nos cumes. Em 1337 nasce o primeiro filho de Petrarca o qual é fonte de desapontamento quando percebe que é “inteligente, talvez mesmo excepcionalmente inteligente, mas odeia livros”. Scheuchzer / Dragão / Salamandra Gigante
  • 26. Considerado um dos homens mais cultos de sua época, era poeta, filósofo, teólogo,gramático, numismata (estudioso das moedas), copista, editor e precursor do “Tour de France”, escreveu a maioria de sua obra na língua culta da época, o latim, apesar de ter escrito inicialmente na língua vulgar. A língua italiana, ainda em formação, deve a sua fixação aos livros de Petrarca que serviam de gramática, vocabulário e modelo à um grupo cada vez maior de leitores que tinham condições de acessar a produção crescente de livros. Escreveu muitas cartas segundo o modelo de Cìcero e Horácio, sendo considerado uma mistura de Cícero, Virgílio e Horácio, com seu chamado “Dolce Stil Nuovo”. Petrarca
  • 27. Escreveu: “Epistolae de Rebus Familiaribus” (cartas de assuntos familiares - 350 cartas em 24 volumes), “Epistolae Senilis” (cartas de um Velho) e “De Vita Solitária”, “Rerum Memorandum Libri (Tratado incompleto das virtudes cardeais), “Itinerarium” (um livro guia para ir a Terra Santa), “De Sui Ipsius et Multorum Ignorantia” (escrito contra os Dialéticos, seguidores de Aristóteles) e o livro ilustrado “De Viris”, com 24 biografias de personagens da antiguidade de Rômulo (fundador lendário de Roma) à Tróia . Foi um dos fundadores do humanismo e força principal do renascimento italiano, acreditava na possibilidade de continuidade da cultura clássica com o cristianismo procurando ser seu conciliador. Petrarca
  • 28. Entre 1342 e 1347 inicia a reorganização de seu “Il Canzoniere, produzido em 1336 e 1338. Em 1343 escreve “Psalmi” contendo as sete pragas e confissões. Em 1347 em Bolonha, protegido do Cardeal Colonese e família, uniu-se ao movimento de Cola de Rienzo que aproveitou a lacuna política deixada pelo papa na Itália Central (Estados Pontifícios), barreira natural do conservadorismo que impedia as idéias novas que circulavam ao norte seguirem rumo ao sul e ao reino de Nápoles. Canzonieri
  • 29. Neste movimento de 1347 Cola de Rienzo funda em Roma uma república anti- aristocrática que procurava restabelecer a dignidade Romana e união do antigo império coincidindo com a postura de Petrarca que inicia suas crítica à Igreja sete anos antes, em 1340. Petrarca considerava sua época como o final de um “tempo obscuro”, de uma “Idade das Trevas”, iniciado com a decadência do Império Romano. Em comparação com a época dos antigos gregos e romanos, plena de realizações culturais, a Idade Média lhe parecia bastante pobre... Canzonieri
  • 30. Suas críticas tornaram-se mais intensas como aliado de Cola de Rienzo, escrevendo uma série de cartas aos papa Clemente VI (1342) e Urbano V (1366) exortando o retorno da Santa Sé para Roma, que segundo o poeta deveria sediar o poder temporal e espiritual de um novo tempo, longe da influência francesa. Ocorreu uma intensa comunicação, por carta, entre Petrarca e Cola, onde Petrarca descreve Avignon como usurpadora dos direitos de Roma e fonte de corrupção e da frivolidade do clero. Canzonieri
  • 31. Ficou célebre sua comparação de Avignon com “Babilônia” (confusão) e o “labirinto” (de Creta) representando a desonestidade da burocracia administrativa da Igreja e como o fio de Ariadne, que conduzia à saída do labirinto, também em Avignon havia meios de encurtar os caminhos: o ouro Em uma das ocasiões exorta o Pontífice a retornar à Roma e lembra ao Papa que “a vida é breve e que um dia ele também estará perante o tribunal de Cristo para ser julgado como servo e não como chefe”. Manuscrito
  • 32. Há uma pequena fábula moral que serve de exemplo do poder da liberdade sobre a censura. Na edição Aldina (ou seja impressa por Aldus Manutius), de 1533, dos “Sonetos e Canções”, de Petrarca, dois sonetos contra a Corte de Roma, tiveram o texto cobertos com tinta nanquim. Com o passar do tempo, a tinta desbotou e agora os sonetos são perfeitamente legíveis. Mais tarde Petrarca ficou sob a “proteção” do Bispo de Milão, Giovanni Visconti, falecido pouco tempo depois. PetrrcaPetrrcaPetrarca
  • 33. Petrarca não foi considerado rebelde pela Igreja, mas respeitado pois lutava, não com uma fé cega, mas com uma posição crítica diante da decadência visível do poder espiritual do papado, sendo ele um profissional à serviço da Santa Sé, atuando em vários escritórios eclesiásticos, sob a proteção do Cardeal Colonese, ainda em Bolonha e prosseguindo ao retornar à Avignon, em 1326, com a morte do pai, sob a proteção do Cardeal Felipe de Cabassoles, Bispo de Cavaillion e Senhor de Vaucluse. Avignon (Avinhão)
  • 34. Devido aos problemas econômicos, torna-se monge recebendo o “beneficium” vitalício, e que seguia regras pré-estabelecidas para sua concessão. Uma das regras para receber e manter uma “Benece” é que o titulo seja fornecido por um “protetor”, a exemplo do sistema Vassalo/Soberano, a quem o beneficiado devia submissão, neste caso, ao representante da Igreja no local onde o beneficiário residia e a contra-partida apresentando serviços ou ofícios vinculados à Igreja e a fonte não estivesse sob seu controle. Em 6 de abril de 1327 conheceu Laura de Novaes, sua musa, na Igreja de Sainte-Claire e segundo outras fontes, na casa de um influente cardeal de Avignon. Petrarca
  • 35. Em 1337 deixou Avignon com destino à sua chácara em Vaucluse, um lugar de retiro onde produziu muito de suas maiores obras e onde copistas que viviam com ele faziam novas cópias daqueles manuscritos que ele havia juntado. Em 1340 foi convidado pela universidade de Paris e pelo Senado de Roma para ser laureado como poeta, optando pelo convite do Capitólio de Romano, em 1341.Em 1343 quando Geraldo torna-se monge de Chartreux de Montreux e num furor ascético escreve “Secretum”, um momento de celebração da vida monástica, reacende as paixões políticas com sonetos contra Avignon e une o misticismo ao amor pela pátria. Escreve sobre uma conversa entre ele, Santo Agostinho e a Senhora Verdade, destinado à meditação pessoal, como a maioria dos livros editados na época. Vaucluse
  • 36. À Petrarca é creditado a primeira “forma” conhecida de soneto com 14 linhas divididas em duas estrofes que influenciou toda a Europa . O formato adaptado na Inglaterra influenciou Willian Shakespeare que produziu cento e cinqüenta sonetos no gênero conhecido como Shakesperiano, além de tragédias no formato clássico e Edmund Spencer no estilo conhecido como Spenseriano. Nos tempos modernos influenciou Rainier Maria Rilke (1875-1926) em “Die Sonette na Orpheus” (Sonetos à Orfeu), ciclo de 55 poemas escritos em 1923. Petrarca
  • 37. Os poemas de 14 versos foram assimilados pelo Humanismo e Barroco, desprezados pelos Iluministas e retornou com os Românticos, Parnasianos, Simbolistas e sobrevivendo ao Modernismo chegou aos nossos dias. Há mais de dez anos, o poeta mexicano, Octávio Paz, num ensaio sobre o amor e o erotismo, fazia chegar aos seus dias a tradição com origem na poesia provençal onde destaca Dante e Petrarca. Acerca de Petrarca diz: “quase toda a poesia européia de amor pode ser vista como uma série de glosas, variações e transgressões do “Canzoniere”. Petrarca Canzonieri (séc XV)
  • 38. Petrarca na sua tentativa de ressuscitar o clássico escreveu uma epopéia ao estilo de Virgilio em “África”, chamado “Cipião, o Africano”, poema inacabado dedicado a Pumblius Cornelius Cipião, general romano herói das guerras Pùnicas (Contra Cartago). Escreveu 300 sonetos, 29 canções, 9 sixtinas, 7 baladas e 4 madrigais, reunidos em um livro de canções (Il Canzonieri) originalmente chamado “Rerun Vulgariun Fragmenta” onde expõem uma concepção do amor, sinceridade, profundidade psicológica, beleza da forma e virtuosismo que influenciou toda a literatura ocidental, tornando- se o padrão e matriz para todos os poetas líricos europeus na criação de seu mundo íntimo. Petrarca ..
  • 39. No “Il Canzonieri” há duas partes distintas, escritas antes e depois da morte de sua musa inspiradora em 1348, Laura de Novaes, por quem tinha um amor platônico desde os 23 anos, e aquém dedica 317 sonetos. A temática da mulher, objeto da adoração por parte do poeta, que falava de suas qualidades físicas e espirituais e se desespera em sua visão da castidade angelical que se fazia inalcançável personificava em Laura o objeto de seus desejos. Laura
  • 40. No “Il Canzonieri” a questão religiosa é um elemento fundamental, assim como na vida de Petrarca. O hino que conclui o “Canzonieri” é dedicado à Nossa Senhora. O dia se apressa e já não pode estar longe, assim o tempo corre e voa, virgem única e só, e uma hora de consciência, uma hora a morte o coração punge: entrego-me ao teu Filho, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, que acolha o meu espírito em paz. Laura
  • 41. Petrarca construiu o retrato feminino a partir de um número de refinados elementos, o chamado cânone breve. A formação e a evolução deste cânone é conseqüência da redução do elenco de atributos físicos prescrito pelas poéticas medievais, o cânone longo. O autor dos “Rerum Vulgarium Fragmenta” fixa a apresentação, por regra, em alguns dos elementos do semblante, cabelos, olhos, faces e boca, aos quais se acrescenta uma parte do corpo, pescoço, peito ou mão. Além disso, as metáforas e as imagens utilizadas são bem definidas, e suas motivações reduzidas à luminosidade e à cor, entre amarelo, vermelho e branco. Laura
  • 42. A estruturação obedece a um esquema de correspondências internas muito elegantes, como a exemplo dos tercetos do soneto 157 dos “Rerum Vulgarium Fragmenta”, “Quel sempre acerbo et honorato giorno”. La testa ór fino, et calda neve il volto Hebeno i cigli, et gli occhi eran die stelle. Onde Amor l’arco non tendeva in fallo; Perle e rose vermiglie, ove l’accolto Dolor formava ardenti voci et belle; Fiamma i sospir’, le lagrime cristallo. Laura
  • 43. Os cabelos são ouro, a tez neve, as pestanas ébano e os olhos estrelas, ao passo que os dentes e os lábios são referidos através de duas metáforas cujo sentido encontra-se bem definido, pérolas e rosas. Mas, além disso, Petrarca institui uma modalidade conhecida pelas poéticas medievais, que prescreve a ordem da enumeração dos vários componentes do retrato em forma descendente, e a chama “effictio”.O seu simbolismo assenta-se na convicção de que os atributos que se situam num nível mais elevado são mais perfeitos, por se encontrarem mais próximos do plano divino, como na oitava descendente no universo. Os seguidores de Petrarca irão consagrar o uso do cânone breve. Laura
  • 44. Em 1373 termina “Il Canzonieri”, um vasto e variado manancial da mais pura e perfeita poesia lírica jamais escrita, um “best seller” que encontrou paralelo somente no sucesso de “Orlando Furioso” de Ludovico Ariosto, como atestam Trieste, Appolonio e Caprin em 1874 quando fizeram o levantamento de 167 edições de “Rerum Vulgarium Fragmenta” e de 176 de “Orlando Furioso”. Laura
  • 45. Petrarca recebe de presente, em 1369, de Francisco de Carrara, um terreno em Arquá, próximo de Pádua, onde constrói uma casa para viver seus últimos anos após viver de cidade em cidade reconhecido como celebridade internacional. A quatro de agosto de 1370 escreve seu testamento, ficando como executor seu genro, Brossano de Francescuolo, casado com Francesca em 1361, data que Giovanni falece com Peste Negra em Avignon. Entre outros, seus herdeiros são: Geraldo, seu irmão, Boccaccio, Francisco de Carrara e Bartolomeu Pancaldo de Siena, um empregado. Petrarca não casou e identidade da mães de Francesca e Giovanni não é conhecida.
  • 46. Durante os séculos, não faltaram nunca peregrinações a cidade de Vaucluse, local de seus amores impossíveis, e a cidade de Arquá, onde se admite que seu corpo está enterrado em uma igreja local em 18 de julho de 1374. Sua biblioteca, seus livros, suas copias, manuscritos e exemplares acumulados durante anos de amor aos livros ficaram para seus herdeiros, em Pádua, onde foram novamente difundidos para a Europa, reavivando o estímulo renascentista de suas páginas.
  • 47. As vésperas de se comemorarem os 700 anos do nascimento do poeta e pensador italiano, em 2004, esta é realizada a primeira tradução integral para língua portuguesa do Rerum Vulgarium Fragmenta, no título original, obra também conhecida por Canzoniere, e a que Vasco Graça Moura intitulou As Rimas de Petrarca. Há uma nota introdutória à obra, na qual Vasco Graça Moura analisa alguns aspectos relevantes da vida e da obra do poeta italiano. Petrarca
  • 48. “Faz-se o homem ao voltar para si, em si a eternidade retorna, nasce a poesia”. Francisco Petrarca (1304 –1374). Fim www.apollo.org - Centro de Porto Alegre / 2005
  • 49. Anexo: QUATRO SONETOS "EM MORTE DE DONA LAURA" e um passagem do “Cancioneiro”
  • 50. "AMOR, CHE MECO AL BUON TEMPO STAVI" Amor, comigo noutro tempo estavas Entre estas margens do pensar amigas E p´ra saldar nossas razões antigas Comigo e o rio arrazoando andavas: Flor's, frondes, sombras, ondas, antros, cavas, Profundos vales, altos montes, sigas, Que repouso me foram das fadigas E hoje o não são de tantas mágoas bravas. Ó vós que os ermos habitais do bosco, Ó ninfas, e quem mais do fresco fundo Do líquido cristal se alberga e pasce: Tão claro foi meu dia, ora é tão fosco Como a Morte que o faz. Assim no mundo Ventura vem do dia em que se nasce.
  • 51. "ANIMA BELU DA QUEL NODO SCIOLTA" Alma tão bela desse nó já solta Que mais belo não sabe urdir natura, Tua mente volve à minha vida obscura Do céu à minha dor em choro envolta. Da falsa suspeição liberta e absolta Que outrora te fazia acerba e dura A vista em mim pousada, ora segura Podes fitar-me, e ouvir-me a ânsia revolta. Olha do Sorge a montanhosa fonte E verás lá aquele que entre o prado e o rio De recordar-te e de desgosto é insonte. Onde está teu albergue, onde existiu O amor que abandonaste. E o horizonte De um mundo que desprezas, torpe e frio.
  • 52. "ITE, RIME DOLENTI, AL DURO SASSO" Oh, vai, verso dolente, à pedra dura Que o meu caro tesouro em terra esconde, E chama quem do céu roda responde, Se bem que o corpo esteja em tumba escura. Diz-lhe que vivo exausto de amargura, De navegar sem já saber por onde, Salvando apenas sua esparsa fronde De perder-se na morte que se apura, Sempre arrazoando dela, viva e morta, Como se viva e já feita imortal, Para que o mundo a reconheça e ame. E que lhe praza ser quem me conforta No instante que se apressa. Venha e, qual Está no céu, a si me leve e chame.
  • 53. "DONNA, CHE LIETA CO'L PRINCIPIO NOSTRO" Senhora minha, que tão leda estais Co'o princípio de tudo, e o mereceste Por essa vida santa que viveste, E em sédia gloriosa vos sentais, Ó rara e portentosa entre as demais, Ora, no Olhar que tudo vê celeste, Vê o meu amor e a pura fé que veste De lágrimas choradas versos tais. E sente um coração tão fiel na terra Qual o é no céu agora, e que não tende A mais de ti que ao Sol dos olhos teus. E pois, para vencer a dura guerra Que neste mundo só a ti me prende, Roga que eu vá depressa a estar nos céus.
  • 54. "DONNA, CHE LIETA CO'L PRINCIPIO NOSTRO" Senhora minha, que tão leda estais Co'o princípio de tudo, e o mereceste Por essa vida santa que viveste, E em sédia gloriosa vos sentais, Ó rara e portentosa entre as demais, Ora, no Olhar que tudo vê celeste, Vê o meu amor e a pura fé que veste De lágrimas choradas versos tais. E sente um coração tão fiel na terra Qual o é no céu agora, e que não tende A mais de ti que ao Sol dos olhos teus. E pois, para vencer a dura guerra Que neste mundo só a ti me prende, Roga que eu vá depressa a estar nos céus.
  • 55. "Aquele que infinita providência e arte mostrou em seu ensino miraculoso; que criou este, e aquele outro hemisfério, e manso mais Júpiter do que Marte, vindo na terra a iluminar as escrituras que haviam há muitos anos já oculto a verdade, tirou João da rede e Pedro, e no reino do céu os fez parte. De si, nascendo, a Roma não fez graça, a Judéia sim, tanto sobre qualquer outra condição a humildade exaltar sempre agrada; e agora de um pequeno burgo um sol nos a dado, tal, que a natureza, e o lugar todo agradece, onde tão bela senhora ao mundo nasce." O Cancioneiro - Petrarca - Tradução: Jamir Almansur Haddad

Notas del editor

  1. Esta é uma linda flor!
  2. Esta é uma linda flor!
  3. Esta é uma linda flor!
  4. Esta é uma linda flor!
  5. Esta é uma linda flor!
  6. Esta é uma linda flor!
  7. Esta é uma linda flor!
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  9. Esta é uma linda flor!
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