This document discusses the applications and issues regarding genetically modified organisms (GMOs). It describes how GMOs can be used to produce medicines, improve foods, and help the environment. However, it also outlines several risks such as the spread of antibiotic resistance, unknown health effects, and greater dependence on biotech companies. The conclusion states that GMOs have health and life quality benefits but also risks that must be considered and addressed through more research and regulation.
1. FICHA INFORMATIVA Ciências Naturais – 9º ano
Nome __________________________ n.º ____ Turma____ Data ___ / ___ / ____
APLICAÇÕES DA ENGENHARIA GENÉTICA
O conhecimento das características genéticas dos seres vivos tem permitido que certas
situações, outrora irremediáveis, possam ser melhoradas e até totalmente solucionadas. Com o
desenvolvimento da tecnologia, surgiu um novo ramo da biotecnologia: a engenharia genética.
Esta ciência desenvolve, em laboratório, um conjunto de técnicas que tem permitido a manipulação
de genes em diversas áreas, nomeadamente:
- Produção de medicamentos (bactérias geneticamente modificadas produzem substâncias com
composição idêntica à humana)
- Procedimentos médicos
- reconstituição de tecidos e órgãos humanos com base em células embrionárias (permite
salvar vidas reduzindo o tempo de espera, bem como evitar a rejeição de implantes por
causa da falta de compatibilidade)
- planeamento familiar: diagnóstico pré-natal (testes genéticos que permitem descobrir se os
fetos têm ou não problemas genéticos) e fecundação in-vitro (união artificial do núcleo do
espermatozóide com o do ovócito).
- OGMs (organismos geneticamente modificados). É inserido num organismo um gene específico
para que se possa adquirir a característica desejada.
- Clonagem – processo de obtenção, em laboratório, de indivíduos geneticamente semelhantes.
Organismos geneticamente Modificados:
1) APLICAÇÕES:
a) Produção de alimentos com:
- melhoramento da qualidade (aspecto, sabor)
- aumento do valor nutritivo (ex: arroz dourado)
- resistência a doenças e pragas – permite a não utilização de pesticidas, e podem criar-se
animais sem o risco de transmitirem doenças aos seres humanos que os consumam (ex:
algodão resistente a lagartas, milho resistente a pragas, vacas imunes à doença das vacas
loucas)
- resistência a condições ambientais (ex: frutos que não apodrecem, plantas resistentes ao
frio ou à seca, que poderiam ser uma mais-valia para países africanos, com elevados níveis
de fome e de pobreza mas com climas demasiado agrestes para as culturas)
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2. b) Produção de medicamentos – enriquecendo os alimentos com medicamentos, pode-se diminuir
o custo de produção e distribuição dos medicamentos, bem como melhorar a qualidade de vida das
populações.
ex: leite de cabra com insulina, bananas com vacina para a cólera, bactérias que
produzem insulina, hormonas de crescimento, factores coagulantes, etc.
c) Aplicações ambientais
- plantas com resistência natural a pragas (evitam a utilização de pesticidas e outros químicos
contaminantes do solo e da água),
- cana do açúcar que produz biogás (utilizações energéticas alternativas ao petróleo),
- bactérias que degradam o crude na água (evitam a utilização de detergentes para limpeza dos
oceanos e consequente morte de aves e peixes)
2) PROBLEMAS:
a) Resistência a antibióticos – Para saber se a transferência genética foi bem sucedida, são
também inseridas nas bactérias que transferem os genes outros genes de resistência a antibióticos.
Aplicando um antibiótico sobre as baterias, os cientistas sabem que se elas não morrerem é porque
adquiriram o gene pretendido (por exemplo, para produzir insulina). Contudo, se as bactérias que
vivem no nosso organismo adquirirem esse ADN, podem tornar-se elas próprias resistentes aos
antibióticos. Isto significa que ao ficarmos doentes por infecção bacteriana, o nosso organismo vai
deixar de responder positivamente aos antibióticos receitados pelo médico e o combate à doença
torna-se muito mais difícil.
b) Efeitos secundários por introdução de genes que se podem tornar nocivos ao ser humano
- A transferência de genes pode processar-se mal e serem inseridas características não desejadas.
Pode também ocorrer mudança de expressão de genes. Por exemplo, numa variedade OGM de
batata, foi introduzido um gene que induzia a produção de um toxina nas folhas da cultura de modo
a fornecer resistência a ataques por determinados insectos. À partida não existiria risco para o ser
humano, uma vez que a folha da batateira não é consumida na alimentação. No entanto,, esse gene
acabou por fazer com que também os tubérculos das batatas (a parte comestível) produzissem as
mesmas toxinas, originando um problema de toxidade para a saúde humana e animal.
Outro problema de toxidade em saúde pública ocorreu com uma variedade de milho OGM
designado “Starlink”. Também aqui, foi inserido um gene para conferir resistência a uma praga (uma
lagarta que ataca as raízes do milho). Esse gene mostrou-se prejudicial à saúde humana causando
reacções alérgicas! Foi imediatamente suspensa a comercialização do milho Starlink para consumo
humano e ficou apenas legislado para consumo animal. Mas caiu no esquecimento o pormenor de
que os seres humanos também se alimentam de carne, e as reacções alérgicas permanecerem. O
milho “Starlink” foi então retirado definitivamente do mercado.
c) Problemas ambientais por perda de controlo sobre a dispersão dos genes – Ainda no caso
do milho Starlink, depois de ter sido apenas cultivado nos Estados Unidos da América numa área de
0.4% da área total de milho, esta variedade de milho chegou a aparecer em cerca de 10% de todos
os lotes de milho testado. O transgene apareceu mais tarde noutras 80 variedades de milho (por
recombinação do Starlink com outras variedades de milho) e também noutros países como foi o
caso do México, onde o cultivo OGM era proibido.
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3. Esta foi uma situação de perda de controlo sobre tecnologia OGM. As barreiras de
distância física impostas entre campos OGM não funcionam. O pólen das plantas pode viajar até
180 km!
Tal como acontece com as plantas existe o mesmo risco de que a perca de controlo
aconteça com os animais, caso se cruzem reprodutivamente com a mesma espécie não modificada
geneticamente.
d) Problemas ambientais por passagem do gene de resistência a herbicidas a outras
espécies infestantes – As plantas OGM resistentes a herbicidas fazem com que os cuidados de
aplicação dos mesmos sejam reduzidos visto que a planta não sofre toxicidade. Pode aplicar-se
mais herbicida e mais vezes. Este facto deu origem às chamadas “super-infestantes”, pois o gene
de resistência ao herbicida acabou por passar também para outras espécies vizinhas, que deixaram
de se conseguir controlar.
Contribui também para o aumento do risco da contaminação dos lençóis de água (pois
usando maior quantidade de herbicida para tentar controlar as pragas aumenta também a
contaminação dos solos e aumenta a infiltração dos químicos para os lençóis de água
subterrâneos), e para a destruição da fauna e de organismos úteis (joaninhas, abelhas, etc.), que
acabam por morrer devido à toxicidade dos herbicidas utilizados.
e) Monopólio da produção de comida a nível mundial por um pequeno grupo de empresas –
As sementes são vendidas com contratos que impedem os agricultores de multiplicar a sua própria
semente ou de comprar qualquer herbicida a outras indústrias e não existe nenhum seguro que
cubra efeitos nefastos. Está a gerar-se um novo monopólio das grandes empresas, e se não houver
regulamentação a dependência dos agricultores relativamente à biotecnologia pode vir a tornar-se
irreversível.
f) Problemas éticos – Todos os seres vivos possuem direitos naturais que lhes são intrínsecos.
Com que direito alteramos nós o seu património genético, alterando a própria espécie?
Conclusões:
• Os OGMs apresentam vantagens inegáveis no que toca ao melhoramento da saúde e
qualidade de vida humana. Contudo, existem alguns riscos que não se podem esquecer.
• Tem havido ao longo dos tempos um grande
cuidado na investigação nesta área, no sentido de
tornar os OGMs mais seguros e aumentar os testes
realizados antes de comercializar este tipo de
organismos, seja para alimentação, seja para a
aplicação na saúde. Existindo também um maior
controlo sobre os organismos produzidos é possível
diminuir o risco da utilização dos OGM, tendo a
oportunidade de usufruir das desvantagens que nos
apresentam.
A professora:
Ana Rita Rainho
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