DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
CONTEÚDOS HISTÓRICOS
1.
2.
3. SOBRE O SENTIDO E A NATUREZA DOS
CONTEÚDOS
A compreensão dos processos de transmissão,
aquisição e apropriação de cultura, hominização,
socialização de indivíduos onde o desenvolvimento
humano e o seu par – educação: é preciso destes
fundamentos para dar sentido ao que seja o
CONTEÚDO.
A natureza dos conteúdos, tem se limitado a três
dimensões, e todas elas, em conjunto, podem ser
resumidas ao conhecido conceito de cultura cunhado
por Émile Durkheim: modos padronizados de pensar,
agir e sentir. A relação entre os conceitos é clara:
desenvolvimento humano/educação escolar e
processo de produção de cultura.
4. Diante do psicólogo contemporâneo Cesar
Coll, os conteúdos do ensino escolar seriam:
saber coisas
saber fazer coisas
e saber ser, estar e comportar-se
perante si mesmo e os outros
Assim concebe os conteúdos como
Elementos de três ordens:
1. fatos, conceitos e princípios;
2. procedimentos, habilidades e estratégias;
3. valores, atitudes e normas.
5. Os conceitos, grupos conceituais e as proposições
(generalizações ou princípios) que eles viabilizam, repito,
são matéria prima da História disciplina escolar. Mas que
conceitos devemos selecionar? Que tipo de conceitos
podem ser trabalhados no ensino de História?
Conteúdos conceituais
Para essas duas
questões a resposta é a
mesma: depende das
finalidades atribuídas à
disciplina que, por sua vez,
depende do perfil humano
que se quer cultivar.
6. A facilidade no trabalho com os textos
narrativos de diferentes versões, com bruscos
deslocamentos no tempo medido em séculos,
assim como a necessidade de inserir o adolescente
no mundo social mais amplo, de conhecer e
assumir responsabilidades com a sociedade e o
Estado, de tomar posição em seu meio, de
construir ou consolidar identidades nacional e de
classe, entre outras, justificam, por fim, a
predominância dos conteúdos do tipo conceitual
no ensino de História para as séries finais. Mas
como funciona nos anos iniciais?
O ensino de História para as crianças
inexiste sem os conceitos.
7. UMA TIPOLOGIA PARA OS CONTEÚDOS CONCEITUAIS
Conteúdos conceituais
Os conteúdos conceituais substantivos
Conceitos substantivos – termos que medeiam a
compreensão do mundo no tempo – e conceitos meta-
históricos – termos que medeiam a compreensão da
atividade do historiador e da natureza da ciência da
história (tempo, causa, conseqüência, fonte,
interpretação,por exemplo).
Ensina procedimentos que
viabilizem a compreensão
do conhecimento histórico.
Ensinar conceitos que os
auxiliem a nomear e classificar
a experiência dos homens em
tempos e em espaços
diferentes – inclusive a sua
própria experiência.
8. CONTEÚDOS CONCEITUAIS META-HISTÓRICOS: TEMPO,
FONTE E META-HISTÓRICOS: INTERPRETAÇÃO PARA AS
CRIANÇAS
O trabalho com noções de tempo, fonte e
interpretação fundamenta um princípio: o ensino de
História como pesquisa.
Eles são conceitos que auxiliam na compreensão
da natureza da História, aceleram a compreensão do
discurso do historiador e – extrapolando as dimensões
conceituais e procedimentais – e ajudam a desenvolver
comportamentos fundamentais para a manutenção dos
valores democráticos: a crítica, posicionamento perante
o mundo e o respeito às posições divergentes.
9. A NOÇÃO DE TEMPO
Grande parte dos historiadores recorre
freqüentemente, à palavra tempo para caracterizar
o conhecimento histórico e, em conseqüência
disso, indicar as limitações e as diferenças da
História em relação às demais ciências humanas.
Para a maioria dos
profissionais da História, não há
como pensar historicamente sem a
idéia de passagem, deslocamento,
transformação, e essa sensação só
é possível por meio da abstração
chamada tempo.
10. A NOÇÃO DE FONTE
O uso da fonte histórica,
portanto, diferencia a natureza do
trabalho histórico do relato ficcional
e, sobretudo por isso, deve ser
estimulado no ensino das crianças.
Fonte histórica eram os vestígios deixados pelos
homens, voluntária ou involuntariamente; uma estátua
na praça, uma carta, Hoje em dia, fonte é também uma
cadeia de DNA, um dente humano perdido há 5 mil
anos. Seu sentido mudou, mas sua função e importância
são as mesmas. Ela é a base das informações do
passado.
11. A NOÇÃO DE INTERPRETAÇÃO
Toda a escrita do historiador resulta de uma
leitura que ele e seu grupo, ou classe, fazem sobre
esses instrumentos. O conhecimento histórico não é
fruto de uma revelação, não é psicografado, não é
adivinhado e nem previsto matematicamente. O
conhecimento histórico é uma interpretação.
No ensino de História, são vários os artefatos e
as atividades que auxiliam no desenvolvimento da
noção de pluralidade de interpretações, desvendando
o processo de fabricação do acontecimento histórico.
Tais práticas possibilitam não somente o estudo
da estrutura narrativa e as razões e possibilidades para
a reescrita da história, mas também o
desenvolvimento das capacidades de criticar valores e
de diferenciar fato de ficção.