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ARTIGO
DE REVISÃO

Benefícios e Limites da Prática do Alongamento
Divanei A. Zaniqueli, Elis Aguiar S. Morra

RESUMO
Esta revisão teve como objetivo, trazer uma
perspectiva atual sobre a prática do
alongamento considerando os fins para os
quais
geralmente
é
recomendada.
Normalmente a prática do alongamento está
inserida em três situações diferentes:
redução de dor muscular tardia, prevenção
contra o risco de lesões e melhora do
desempenho nas atividades físicas ou
esportivas. Dentre outras aplicações para o
alongamento estão: o tratamento de lesões e
menos comum, a prática visando o aumento
da seção transversa muscular.
Foi possível concluir que a eficácia do
alongamento como redutor da dor muscular
tardia não pode ser confirmada, ao invés
disso, alguns protocolos mostram-se
produtores de dor. Sobre a proteção contra
o risco de lesões não foi possível afirmar
que o alongamento seja benéfico, porém
também não foi possível provar que sua
prática seja prejudicial. O benefício para a
melhora da performance atlética parece
existir em alguns casos e em outros não,
porém só pode ser percebido com a prática
duradoura e regular. O tratamento de alguns
tipos de lesão parece ser mais eficiente com
uma rotina de alongamentos, desde que este
tenha um efeito direto sobre o tecido
lesado. Por fim, os alongamentos
mostraram-se capazes de provocar aumento
da seção transversa e do número de
sarcômeros em série quando realizado por
dias seguidos, porém a generalidade dos
achados
precisa
ser
avaliada
cuidadosamente.

considering the objectives that it’s
generally recommended. Actually the
practice of stretching is inserted in three
different cases: reduction of delayed onset
muscle soreness, injury risk prevention and
to improve performance on physical or
athletic
activities.
Among
other
implications for the stretching are: the
treatment of injuries and less usual, the
practice for increasing muscle cross
section.
It was possible to conclude that the efficacy
from stretching as a delayed onset muscle
soreness reducer it was not could
confirmed, instead of this, some protocols
shows to cause pain. About protection
against injury risk it was not possible to
state that stretching being beneficial;
however it was not possible to prove that its
practice being harmful. The benefit for
athletic performance enhancement must
exist in some cases but not in others;
however it just can be perceived with long
term and regular practice. Management of
some kind of injuries seems to be more
efficient including a stretching routine,
since that it have a direct effect on injured
tissue. Finally, the stretching shows to be
able to cause an increasing in cross section
and serial sarcômeros when it developed
for consecutive days; however the
generality of issues needs to be carefully
evaluated.
Key words: Stretching, benefits, limits.
___________________________________

Palavras chave: Alongamento, benefícios,
limites.

ABSTRACT
This review has as a goal to bring a recent
perspective about the use of stretching

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INTRODUÇÃO
O alongamento tem sido uma prática
advogada há gerações por profissionais de
Educação Física, Fisioterapeutas, Médicos
e entusiastas por exercícios. Em busca por
justificar sua importância, surgiram
diversas argumentações em favor do seu
uso. Atualmente a prática do alongamento
pré e pós participação em programas de
exercícios tem sido associada a benefícios
como: redução da dor muscular tardia,
melhora do desempenho esportivo e
proteção contra lesões. Aliados a tais
benefícios estão, ainda, o tratamento de
lesões osteomioarticulares e o aumento da
seção transversa do músculo. Não há, no
entanto, evidências conclusivas das ciências
básica e clínica que possam confirmar tais
hipóteses, e os estudos normalmente são
conflitantes e possuem baixa qualidade
metodológica. O presente estudo visa
divulgar as informações mais recentes sobre
as indicações para a prática do
alongamento,
bem
como
discutir
criticamente
as
prescrições
desses
exercícios que são feitas por profissionais
multidisciplinares, a revelia do julgo da
ciência.
EFEITOS DO ALONGAMENTO SOBRE
A DOR TARDIA
Qualquer indivíduo que já tenha se
engajado na prática de exercícios
sistematizados já foi encorajado a praticar
alongamentos com o argumento de que com
esta prática sentiria menos dor muscular
tardia. Contudo, achados de pesquisa
parecem ser dissonantes a tal argumento.
No estudo realizado por Lund et al (1998),
um protocolo de alongamento de três séries
de trinta segundos, praticado antes e
imediatamente após exercícios excêntricos,
não foi capaz de reduzir os efeitos da dor
muscular tardia. Em tal estudo foram
verificados por cinco dias os níveis de
Creatinaquinase (CK), que é considerado
um marcador bioquímico que indica o nível
de micro lesão tecidual. Foi utilizado
também um protocolo de Escala Análoga
Visual (VAS), visando medir a sensação
subjetiva de dor entre os grupos, até 72

horas após a atividade. Após a análise
bioquímica e a interpretação da VAS, não
foi detectada diferença significativa sobre a
dor tardia entre os grupos exercício e
exercício mais alongamento. De acordo
com Wessel e Wan (1994), nem os
alongamentos antes e nem após os
exercícios, têm qualquer efeito sobre a dor
tardia. Após a execução de três sets de 20
repetições
de
exercícios
concêntricos/excêntricos para as duas
coxas, os indivíduos executaram 10 séries
de 60 segundos apenas em uma perna
enquanto a outra serviu como controle.
Nesse estudo foram realizados dois
experimentos com protocolos idênticos. No
primeiro grupo o alongamento foi feito
antes do exercício produtor de dor enquanto
no segundo foi realizado após.
A conclusão do estudo de Johansson (1999)
foi de que o alongamento estático préexercício não teve efeito preventivo sobre a
dor, sensibilidade e fraqueza que se seguem
aos exercícios excêntricos. Na ocasião
foram empreendidos exercícios com 10 sets
de 10 contrações excêntricas para os
músculos
flexores
do
joelho.
O
alongamento estático consistiu de quatro
séries de 20 segundos. Recentemente
Reisman et al (2005) encontraram
evidências de que o alongamento como
estratégia de aquecimento reduz a tensão
passiva após contrações excêntricas. Sua
conclusão foi de que reduzindo a rigidez
muscular o músculo torna-se menos
sensível a compressão. Seus achados
relacionaram-se aos músculos flexores do
cotovelo e as medidas limitaram-se a 1 hora
e 24 horas após as contrações.
Para Ingrahan (2003), o alongamento
produz muito mais um efeito analgésico
agudo do que efeitos duradouros sobre a
dor muscular. Segundo Lund et al (1998)
apoiado por Johansson (1999), o
alongamento não oferece proteção contra a
dor tardia, ao contrário, pode ser
considerado um produtor de dor.
REDUÇÃO DO RISCO DE LESÃO
ATRAVÉS DO ALONGAMENTO

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Talvez a maior indicação da prática dos
alongamentos
esteja
relacionada
à
prevenção de lesões.
Em um estudo transversal Hartig e
Henderson (1999) encontraram em recrutas
do exército que fizeram alongamentos dos
membros inferiores, um índice de lesão
significativamente inferior ao grupo não
alongamento 17% contra
29%
respectivamente. O estudo durou 13
semanas e contou com 148 recrutas no
grupo controle e 150 no grupo intervenção.
O protocolo de alongamento contou com
cinco séries de 30 segundos de
alongamento passivo estático.
No entanto, no estudo randomizado
conduzido por Pope et al (2000) a
conclusão não foi a mesma. Na ocasião
foram randomicamente designados para
dois grupos 1538 recrutas, dos quais 735
indivíduos
participaram
do
grupo
alongamento e 803 do grupo controle. O
treinamento militar foi precedido de uma
sessão de 20 segundos de alongamentos
para os músculos gastrocnêmio, sóleo,
isquiotibiais, quadríceps, adutores e
flexores do quadril. Após 12 semanas foram
registradas 333 lesões, sendo que destas
158 ocorreram no grupo alongamento e 175
no grupo controle. A conclusão do estudo
foi de que o alongamento pré-exercício não
produz uma redução clinicamente útil sobre
o índice de lesões dos membros inferiores.
Tais resultados foram reproduzidos por
Amako et al (2003), que registraram uma
diferença sobre o índice de lesão
estatisticamente não significativa (14.1% no
grupo controle e 11.2% no grupo
alongamento). Todavia, quando foram
categorizadas as lesões foram percebidas
diferenças significativas entre os grupos em
relação às lesões musculares (2.5% no
grupo alongamento vs 6.9% no grupo não
alongamento) e também sobre as lesões de
coluna, embora os autores não tenham
registrado o percentual de diferença. O
protocolo de alongamento pré-exercício
teve duração de vinte minutos e contou com
alongamentos de 30 segundos pra os
membros superiores, inferiores e para o
tronco.
Um estudo in vivo de Black et al (2002)
não conseguiu provar a eficiência do

alongamento em ratos submetidos a 12 dias
de alongamento para a prevenção de lesão
do tipo I (caracterizada por dor muscular
24-48 horas após o exercício).
De acordo com a revisão sistemática de
Herbert e Gabriel (2002) o alongamento
antes ou após o exercício, não parece
conferir uma redução aproveitável sobre o
risco de lesão. Para chegar a tal conclusão
os autores selecionaram em importantes
bases de dados eletrônicas, estudos
randomizados ou quase randomizados de
língua inglesa, utilizando-se de um
instrumento de qualificação validado
cientificamente, que pontuou os estudos de
acordo com sua qualidade metodológica.
Usando uma metodologia semelhante,
Weldon e Hill (2003) avaliaram ensaios
clínicos randomizados e ensaios clínicos
controlados, com o objetivo de verificar a
eficácia do alongamento para a prevenção
de lesões relacionadas a exercícios.
Segundo sua avaliação, não podem ser
extraídas conclusões definitivas sobre o
poder do alongamento na redução da
incidência
de
lesões,
devido
a
heterogeneidade e pobre qualidade dos
estudos
selecionados.
Avaliando
a
qualidade de estudos randomizados e
estudos de corte entre 1966 e 2002, Thacker
et al (2004) concluíram de forma
semelhante que não existem evidências que
possam endossar ou descontinuar a prática
de alongamento pré ou pós atividade física.
ALONGAMENTO PARA MELHORA DO
DESEMPENHO ESPORTIVO
Apesar da ampla utilização de estratégias
de alongamento visando a melhora da
performance atlética, parece não haver
quantidade suficiente de estudos que
permitam tirar conclusões sobre seus efeitos
(Herbert e Gabriel, 2002). Porém,
Witvrouw et al (2004) trouxeram uma
importante questão sobre as características
de cada atividade e sua relação com a
unidade músculo-tendínea. Segundo suas
argumentações, atividades com alta
intensidade de ciclo estende-flexiona,
requerem uma unidade músculo-tendínea
complacente o suficiente para estocar e
liberar a grande quantidade de energia

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elástica que beneficie sua performance. Em
contrapartida, uma unidade músculotendínea mais rígida poderia ser benéfico
em atividades com baixo grau de ciclo
estende-flexiona, uma vez que tais
atividades são conseqüências do trabalho
muscular ativo que precisa ser diretamente
transferido pelo tendão ao sistema articular
para gerar movimento, não necessitando de
uma grande estocagem de energia.
De fato, a rigidez músculo-tendínea tem
sido associada à economia na corrida e na
marcha (Gleim e McHugh, 1997) bem
como à capacidade de geração de força
isométrica e concêntrica, o que seria
benéfico para vários esportes (Ingrahan,
2003).
O alongamento imediatamente antes do
exercício tem sido associado à redução da
capacidade de geração de força. Em um
estudo realizado por Fowles et al (2000) foi
registrada uma redução de 25% da força
voluntária máxima após uma sessão de 30
minutos
que
contou
com
treze
alongamentos para os músculos flexores
plantares. Tal redução de força perpetuouse por até uma hora após o término da
sessão.
AUMENTO DE SÍNTESE PROTÉICA
ATRAVÉS DO ALONGAMENTO E SUA
RELAÇÃO COM O TRATAMENTO DE
LESÕES
Os alongamentos são recomendados por
médicos e utilizados por fisioterapeutas e
profissionais de Educação Física como
forma de tratamento contra diferentes tipos
de
lesão.
Grande
parte
dessas
recomendações, no entanto, não são
apoiadas em achados de ensaios clínicos e
sim na experiência individual do
profissional. Vejamos então as evidências!
Existem evidências de que os músculos
submetidos a alongamentos duradouros
sofram o aumento de sua seção transversa.
Em um estudo in vitro realizado por Yang
et al (1997) foram retirados tecidos
musculares de coelhos para análise
histoquímica após seis dias de imobilização
por engessamento. Os animais tiveram sua
pata traseira esquerda imobilizada enquanto
a pata direita serviu como controle. Os

músculos extensor longo dos dedos e tibial
anterior sofreram um aumento de 19.3% e
33% respectivamente, após os seis dias de
alongamento passivo.
Os autores, ao citarem um estudo realizado
em 1978 por Goldspink lembram, ainda,
que músculos submetidos à imobilização na
posição encurtada sofrem um decréscimo
nos sarcômeros em série e atrofia. Como
justificativa desta perda, argumenta-se que
ela ocorra por redução na taxa de síntese
protéica e não por aumento da taxa de
degradação.
Segundo Gomes et al (2004) o alongamento
aplicado uma vez na semana por 40
minutos não é suficiente para prevenir a
perda de sarcômeros em série, mas é capaz
de prevenir a atrofia muscular. Os autores,
que realizaram um estudo com ratos,
sugerem que sessões diárias de 30 minutos
de alongamento seriam necessárias para
provocar um aumento da seção transversa e
aumentar o número de sarcômeros em série.
Um dos estágios de uma lesão muscular
aguda é uma reposição de colágeno e
glicosaminoglicanos no local do tecido
lesado (Malliaropoulos et al, 2003),
portanto seria racional pensar que há uma
relação entre o tratamento de lesões e a
prática do alongamento, o qual seria capaz
de aumentar a síntese protéica. De fato foi
possível encontrar um efeito positivo do
alongamento em atletas com estiramento
dos
músculos
isquiotibiais,
quando
considerados o tempo de recuperação da
amplitude de movimento e do retorno às
atividades normais (Malliaropoulos et al,
2003). No entanto Moseley et al (2005) não
obtiveram
bons
resultados
quando
compararam três tipos de tratamento para
contratura dos flexores plantares, após
imobilização com gesso devido à fratura de
tornozelo. Os tipos de tratamento foram:
um grupo de alongamento de curta duração
mais exercício; um grupo de alongamento
de longa duração mais exercício e um grupo
só de exercício. Os autores não encontraram
diferenças significativas entre os grupos
sobre, a recuperação da amplitude de
movimento e o retorno às atividades
normais, dois dos parâmetros medidos no
ensaio.

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DISCUSSÃO
A discussão sobre o alongamento concerne
em dois aspectos principalmente: a prática
regular do alongamento para o aumento da
flexibilidade e o alongamento agudo,
praticado antes e/ou após o exercício
principal.
O que é surpreendente é que apesar do
grande clamor em favor do alongamento
para a redução da dor tardia, existe uma
forte evidência de que ele seja na verdade
um produtor de dor. Alguns autores já
partem desse pressuposto para conduzir
seus estudos, como Smith et al (1993) que
concluíram que tanto o alongamento
estático quanto o balístico produziram
efeitos semelhantes de dor tardia e níveis de
Creatinaquinase. Mais surpreendente ainda
foi o fato de terem sido registrados maiores
níveis de dor tardia com o alongamento
estático do que com o balístico (ao
contrário do que é sugerido pelo senso
comum) apesar de não ter havido uma
diferença estatisticamente significativa.
De acordo com Andersen (2005) o
alongamento quando realizado tão pouco
quanto 20% além do seu comprimento de
repouso, é capaz de causar dano em
preparações isoladas, concluindo que a
amplitude de movimento aumentada
decorrente do alongamento pode ser um
resultado da tolerância aumentada ao
estímulo de alongamento, o que já havia
sido colocado por Freiwald et al (1998).
Shrier (2000) discute que os estudos que
mostraram a eficiência do alongamento
como protetor de lesões, o utilizaram como
co-intervenção para outras práticas que
incluíam sessões de aquecimento e outras
estratégias de segurança. Não obstante,
existem diferentes pontos de vista a serem
analisados quando é tratado um tema tão
abrangente quanto o risco de lesões.
Primeiro, de que tipo de lesão está sendo
tratado; segundo, qual o tipo de atividade e
terceiro, as diferenças entre atletas de elite e
atletas recreacionais.
Existe uma real possibilidade de que um
indivíduo mais flexível seja capaz de ficar
menos suscetível a lesões músculotendíneas, no entanto lesões osteoarticulares parecem não ser evitadas com o

aumento da flexibilidade conforme os
resultados do estudo de Amako et al (2003)
apresentados na tabela I.
Ainda, tais efeitos protetivos, se existem,
não mostram decorrerem da prática
imediata do alongamento, mas sim, dos
efeitos crônicos provocados por sua prática
regular (Obesity, fitness & wellness editors,
2004).
A tabela II mostra a pontuação dos estudos
sobre redução de risco de lesão em três
revisões sistemáticas com instrumentos
diferentes de qualificação.
É preciso ressaltar que os estudos
realizados sobre o tema risco de lesão, em
sua maioria utilizam como indivíduos,
atletas ou recrutas em treinamento militar,
atividades reconhecidas por seu alto índice
de lesões, devido às suas relações com a
performance. A indagação é: seria
necessária uma suposta atividade protetiva
para aumentar a segurança de uma atividade
já reconhecidamente segura? Vide a
utilização de técnicas de alongamento como
preparação para as sessões de treinamento
resistido em academias.
De nosso conhecimento, ainda não existe
uma resposta para essa pergunta, porém
sobre isso Shrier (1999) afirma que “se o
alongamento aumenta a tolerância à dor e
“mascara” o seu efeito protetivo, então se
realizado imediatamente antes, ele pode
predispor à lesão”. Além do mais se é a
inflexibilidade e a falta de elasticidade que
predispõem a lesão, parece não haver
evidências de que indivíduos ativos percam
estas características inerentes aos tecidos
mio-articulares. Ao contrário, quando
foram
comparados
exercícios
de
alongamento e contrações excêntricas, foi
possível alcançar ganhos semelhantes de
amplitude de movimento em ambas as
atividades (Nelson e Bandy, 2004).
De acordo com Foley (2004) o
alongamento deve ser encarado como uma
atividade por si só e não uma atividade
preparatória para outras. De fato, quando
foi utilizada comparação entre atividades, o
treinamento resistido mostrou-se mais
eficiente no aumento da força, da
velocidade da marcha e do equilíbrio, do
que um programa com ênfase no aumento
da flexibilidade (Barret e Smerdely, 2002).

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TABELA 1
Comparação dos resultados de três metas-análise sobre o score conquistado por estudos que investigaram a redução
do risco de lesão com alongamentos antes e/ou após exercício.
Meta
análise

Herbert e Gabriel (2002)

Weldon e Hill (2003)

Thacker et al (2004)

Protocolo

Escala Pedro
Pope et al (2000)

Modificação do guia de método para
revisões sistemáticas de van Tulder et
al (1997)
Pope et al (2000)

Modificação de um
instrumento utilizado para
avaliar estudos de corte.
Pope et al (2000)

Autores
Pontuação
Autores

7 em 10
Hartig e Henderson (1999)

68 em 100
Hartig e Henderson (1999

60 em 100
Hartig e Henderson (1999

Pontuação

Foi citado como referência,
mas não pontuou.

30 em 100

34 em 100

Autores
Pontuação

********
********

Bixler e Jones (1992)
16 em 100

Bixler e Jones (1992)
32 em 100

TABELA II
Dados resumidos do número de lesões registradas por Amako et al (2003)
TIPOS DE LESÕES

GRUPO ALONGAMENTO

GRUPO SEM ALONGAMENTO

Lesões ósseas
Síndrome de stress periosteal
Osgood

12
3

5
0

1
0

1
3

5
2

10
1

5
0

10
1

Lesões músculo-tendíneas
Estiramentos:
Isquiotibiais
Trapézio
Tendinopatias:
Trato iliotibial
Tendão calcâneo
Lesões de coluna
Lombar
Cervical

Outro questionamento seria pertinente para
delimitar a importância do uso do
alongamento: quais as necessidades de
amplitude de movimento têm um atleta
recreacional e um atleta de elite? Como
observado por Hart (2005), existem
diferenças não só entre atletas de elite e
recreacionais, mas diferenças entre atletas
de elite dentro do mesmo esporte. De
acordo com Ingrahan (2003) no cotidiano,
um indivíduo mantém a flexibilidade numa
articulação específica pelo seu uso. Se nos
lembrarmos de que um músculo não perde
sarcômeros em série a não ser por seu
desuso em posição encurtada (Yang et al,
1997), seria coerente admitir que um
segmento músculo-articular não poderia
perder suas propriedades elásticas sendo
utilizado regularmente.

Finalmente, o uso do alongamento como
acessório para a recuperação de lesões
parece ser lesão-dependente. Apesar de
pouco evidenciado, um aspecto chamou a
atenção. Quando a lesão requereu um
aumento da síntese de material protéico
para uma cicatrização mais rápida, o
alongamento foi eficiente. Entretanto,
quando o tecido lesado não pôde sofrer a
ação direta do alongamento, este não
influenciou o resultado final. Talvez sejam
necessários mais estudos para que exista
maior riqueza de parâmetros a serem
discutidos.
Por fim, uma questão confusa sobre o
alongamento é sua validade como estímulo
para o crescimento muscular. Alguns
profissionais têm colocado que o
alongamento pode contribuir com a

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hipertrofia muscular, todavia não foram
encontrados
estudos
na
literatura
internacional que possam respaldar tal
argumento. De fato, só existem ensaios in
vitro, realizados com animais não treinados,
o que torna difícil a reprodução dos
resultados em uma situação in vivo. Talvez
houvesse a necessidade de experimentos
com humanos, divididos em grupos, aos
quais fossem administrados exercícios
resistidos com e sem alongamentos, para
observar se em tal situação há contribuição
do alongamento para o aumento da seção
transversa ou se este só é capaz de produzir
efeitos sobre fibras não treinadas.

Nós apenas não as queremos dependentes
do alongamento achando que estão bem”.

CONCLUSÃO

Black JDJ, Freeman M, Stevens ED. A 2
week routine stretching programmed it not
prevent contraction-induced injury in
mouse muscle. Depatrtment of Zoology,
University of Guelph 2002; 1-24.

Sem dúvida, é bastante desgastante escrever
sobre um tema tão abrangente e de difícil
interpretação como este. O que se pode
concluir é que toda a tradição que envolve a
utilização dos alongamentos no âmbito das
atividades
físicas
recreativas
e
performáticas torna muito difícil a
interpretação dos resultados com uma
tomada de posição isenta de compromisso
com uma linha de pensamento ou outra. O
fato é que independente de posicionamento,
dois aspectos parecem claros: primeiro,
sempre será necessária a avaliação de cada
caso isoladamente, o que torna não só
necessária, mas fundamental, a opinião de
um profissional competente que saiba
distinguir dentre as informações, àquelas
que possuam melhor qualidade; e segundo,
certamente são necessários mais estudos,
comparando o alongamento a outras
atividades para se conseguir melhores
parâmetros para determinar sua eficiência.
Por fim, é certo de que o alongamento é um
exercício que traz benefícios e se o
indivíduo não pratica qualquer outra
atividade sistematizada, provavelmente
conseguirá melhorar vários aspectos de sua
saúde física.
Não obstante, concordamos com Groner
(2004) que citando Thacker coloca “Nós
queremos as pessoas fazendo coisas que
incluam intervenções que melhorem o
equilíbrio, a força e o condicionamento.

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muscle mass and IGF-1 gene expression in
rabbit skeletal muscle subjected to stretch. J
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Benefícios e limites da prática do alongamento

  • 1. ARTIGO DE REVISÃO Benefícios e Limites da Prática do Alongamento Divanei A. Zaniqueli, Elis Aguiar S. Morra RESUMO Esta revisão teve como objetivo, trazer uma perspectiva atual sobre a prática do alongamento considerando os fins para os quais geralmente é recomendada. Normalmente a prática do alongamento está inserida em três situações diferentes: redução de dor muscular tardia, prevenção contra o risco de lesões e melhora do desempenho nas atividades físicas ou esportivas. Dentre outras aplicações para o alongamento estão: o tratamento de lesões e menos comum, a prática visando o aumento da seção transversa muscular. Foi possível concluir que a eficácia do alongamento como redutor da dor muscular tardia não pode ser confirmada, ao invés disso, alguns protocolos mostram-se produtores de dor. Sobre a proteção contra o risco de lesões não foi possível afirmar que o alongamento seja benéfico, porém também não foi possível provar que sua prática seja prejudicial. O benefício para a melhora da performance atlética parece existir em alguns casos e em outros não, porém só pode ser percebido com a prática duradoura e regular. O tratamento de alguns tipos de lesão parece ser mais eficiente com uma rotina de alongamentos, desde que este tenha um efeito direto sobre o tecido lesado. Por fim, os alongamentos mostraram-se capazes de provocar aumento da seção transversa e do número de sarcômeros em série quando realizado por dias seguidos, porém a generalidade dos achados precisa ser avaliada cuidadosamente. considering the objectives that it’s generally recommended. Actually the practice of stretching is inserted in three different cases: reduction of delayed onset muscle soreness, injury risk prevention and to improve performance on physical or athletic activities. Among other implications for the stretching are: the treatment of injuries and less usual, the practice for increasing muscle cross section. It was possible to conclude that the efficacy from stretching as a delayed onset muscle soreness reducer it was not could confirmed, instead of this, some protocols shows to cause pain. About protection against injury risk it was not possible to state that stretching being beneficial; however it was not possible to prove that its practice being harmful. The benefit for athletic performance enhancement must exist in some cases but not in others; however it just can be perceived with long term and regular practice. Management of some kind of injuries seems to be more efficient including a stretching routine, since that it have a direct effect on injured tissue. Finally, the stretching shows to be able to cause an increasing in cross section and serial sarcômeros when it developed for consecutive days; however the generality of issues needs to be carefully evaluated. Key words: Stretching, benefits, limits. ___________________________________ Palavras chave: Alongamento, benefícios, limites. ABSTRACT This review has as a goal to bring a recent perspective about the use of stretching PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com
  • 2. INTRODUÇÃO O alongamento tem sido uma prática advogada há gerações por profissionais de Educação Física, Fisioterapeutas, Médicos e entusiastas por exercícios. Em busca por justificar sua importância, surgiram diversas argumentações em favor do seu uso. Atualmente a prática do alongamento pré e pós participação em programas de exercícios tem sido associada a benefícios como: redução da dor muscular tardia, melhora do desempenho esportivo e proteção contra lesões. Aliados a tais benefícios estão, ainda, o tratamento de lesões osteomioarticulares e o aumento da seção transversa do músculo. Não há, no entanto, evidências conclusivas das ciências básica e clínica que possam confirmar tais hipóteses, e os estudos normalmente são conflitantes e possuem baixa qualidade metodológica. O presente estudo visa divulgar as informações mais recentes sobre as indicações para a prática do alongamento, bem como discutir criticamente as prescrições desses exercícios que são feitas por profissionais multidisciplinares, a revelia do julgo da ciência. EFEITOS DO ALONGAMENTO SOBRE A DOR TARDIA Qualquer indivíduo que já tenha se engajado na prática de exercícios sistematizados já foi encorajado a praticar alongamentos com o argumento de que com esta prática sentiria menos dor muscular tardia. Contudo, achados de pesquisa parecem ser dissonantes a tal argumento. No estudo realizado por Lund et al (1998), um protocolo de alongamento de três séries de trinta segundos, praticado antes e imediatamente após exercícios excêntricos, não foi capaz de reduzir os efeitos da dor muscular tardia. Em tal estudo foram verificados por cinco dias os níveis de Creatinaquinase (CK), que é considerado um marcador bioquímico que indica o nível de micro lesão tecidual. Foi utilizado também um protocolo de Escala Análoga Visual (VAS), visando medir a sensação subjetiva de dor entre os grupos, até 72 horas após a atividade. Após a análise bioquímica e a interpretação da VAS, não foi detectada diferença significativa sobre a dor tardia entre os grupos exercício e exercício mais alongamento. De acordo com Wessel e Wan (1994), nem os alongamentos antes e nem após os exercícios, têm qualquer efeito sobre a dor tardia. Após a execução de três sets de 20 repetições de exercícios concêntricos/excêntricos para as duas coxas, os indivíduos executaram 10 séries de 60 segundos apenas em uma perna enquanto a outra serviu como controle. Nesse estudo foram realizados dois experimentos com protocolos idênticos. No primeiro grupo o alongamento foi feito antes do exercício produtor de dor enquanto no segundo foi realizado após. A conclusão do estudo de Johansson (1999) foi de que o alongamento estático préexercício não teve efeito preventivo sobre a dor, sensibilidade e fraqueza que se seguem aos exercícios excêntricos. Na ocasião foram empreendidos exercícios com 10 sets de 10 contrações excêntricas para os músculos flexores do joelho. O alongamento estático consistiu de quatro séries de 20 segundos. Recentemente Reisman et al (2005) encontraram evidências de que o alongamento como estratégia de aquecimento reduz a tensão passiva após contrações excêntricas. Sua conclusão foi de que reduzindo a rigidez muscular o músculo torna-se menos sensível a compressão. Seus achados relacionaram-se aos músculos flexores do cotovelo e as medidas limitaram-se a 1 hora e 24 horas após as contrações. Para Ingrahan (2003), o alongamento produz muito mais um efeito analgésico agudo do que efeitos duradouros sobre a dor muscular. Segundo Lund et al (1998) apoiado por Johansson (1999), o alongamento não oferece proteção contra a dor tardia, ao contrário, pode ser considerado um produtor de dor. REDUÇÃO DO RISCO DE LESÃO ATRAVÉS DO ALONGAMENTO PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com
  • 3. Talvez a maior indicação da prática dos alongamentos esteja relacionada à prevenção de lesões. Em um estudo transversal Hartig e Henderson (1999) encontraram em recrutas do exército que fizeram alongamentos dos membros inferiores, um índice de lesão significativamente inferior ao grupo não alongamento 17% contra 29% respectivamente. O estudo durou 13 semanas e contou com 148 recrutas no grupo controle e 150 no grupo intervenção. O protocolo de alongamento contou com cinco séries de 30 segundos de alongamento passivo estático. No entanto, no estudo randomizado conduzido por Pope et al (2000) a conclusão não foi a mesma. Na ocasião foram randomicamente designados para dois grupos 1538 recrutas, dos quais 735 indivíduos participaram do grupo alongamento e 803 do grupo controle. O treinamento militar foi precedido de uma sessão de 20 segundos de alongamentos para os músculos gastrocnêmio, sóleo, isquiotibiais, quadríceps, adutores e flexores do quadril. Após 12 semanas foram registradas 333 lesões, sendo que destas 158 ocorreram no grupo alongamento e 175 no grupo controle. A conclusão do estudo foi de que o alongamento pré-exercício não produz uma redução clinicamente útil sobre o índice de lesões dos membros inferiores. Tais resultados foram reproduzidos por Amako et al (2003), que registraram uma diferença sobre o índice de lesão estatisticamente não significativa (14.1% no grupo controle e 11.2% no grupo alongamento). Todavia, quando foram categorizadas as lesões foram percebidas diferenças significativas entre os grupos em relação às lesões musculares (2.5% no grupo alongamento vs 6.9% no grupo não alongamento) e também sobre as lesões de coluna, embora os autores não tenham registrado o percentual de diferença. O protocolo de alongamento pré-exercício teve duração de vinte minutos e contou com alongamentos de 30 segundos pra os membros superiores, inferiores e para o tronco. Um estudo in vivo de Black et al (2002) não conseguiu provar a eficiência do alongamento em ratos submetidos a 12 dias de alongamento para a prevenção de lesão do tipo I (caracterizada por dor muscular 24-48 horas após o exercício). De acordo com a revisão sistemática de Herbert e Gabriel (2002) o alongamento antes ou após o exercício, não parece conferir uma redução aproveitável sobre o risco de lesão. Para chegar a tal conclusão os autores selecionaram em importantes bases de dados eletrônicas, estudos randomizados ou quase randomizados de língua inglesa, utilizando-se de um instrumento de qualificação validado cientificamente, que pontuou os estudos de acordo com sua qualidade metodológica. Usando uma metodologia semelhante, Weldon e Hill (2003) avaliaram ensaios clínicos randomizados e ensaios clínicos controlados, com o objetivo de verificar a eficácia do alongamento para a prevenção de lesões relacionadas a exercícios. Segundo sua avaliação, não podem ser extraídas conclusões definitivas sobre o poder do alongamento na redução da incidência de lesões, devido a heterogeneidade e pobre qualidade dos estudos selecionados. Avaliando a qualidade de estudos randomizados e estudos de corte entre 1966 e 2002, Thacker et al (2004) concluíram de forma semelhante que não existem evidências que possam endossar ou descontinuar a prática de alongamento pré ou pós atividade física. ALONGAMENTO PARA MELHORA DO DESEMPENHO ESPORTIVO Apesar da ampla utilização de estratégias de alongamento visando a melhora da performance atlética, parece não haver quantidade suficiente de estudos que permitam tirar conclusões sobre seus efeitos (Herbert e Gabriel, 2002). Porém, Witvrouw et al (2004) trouxeram uma importante questão sobre as características de cada atividade e sua relação com a unidade músculo-tendínea. Segundo suas argumentações, atividades com alta intensidade de ciclo estende-flexiona, requerem uma unidade músculo-tendínea complacente o suficiente para estocar e liberar a grande quantidade de energia PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com
  • 4. elástica que beneficie sua performance. Em contrapartida, uma unidade músculotendínea mais rígida poderia ser benéfico em atividades com baixo grau de ciclo estende-flexiona, uma vez que tais atividades são conseqüências do trabalho muscular ativo que precisa ser diretamente transferido pelo tendão ao sistema articular para gerar movimento, não necessitando de uma grande estocagem de energia. De fato, a rigidez músculo-tendínea tem sido associada à economia na corrida e na marcha (Gleim e McHugh, 1997) bem como à capacidade de geração de força isométrica e concêntrica, o que seria benéfico para vários esportes (Ingrahan, 2003). O alongamento imediatamente antes do exercício tem sido associado à redução da capacidade de geração de força. Em um estudo realizado por Fowles et al (2000) foi registrada uma redução de 25% da força voluntária máxima após uma sessão de 30 minutos que contou com treze alongamentos para os músculos flexores plantares. Tal redução de força perpetuouse por até uma hora após o término da sessão. AUMENTO DE SÍNTESE PROTÉICA ATRAVÉS DO ALONGAMENTO E SUA RELAÇÃO COM O TRATAMENTO DE LESÕES Os alongamentos são recomendados por médicos e utilizados por fisioterapeutas e profissionais de Educação Física como forma de tratamento contra diferentes tipos de lesão. Grande parte dessas recomendações, no entanto, não são apoiadas em achados de ensaios clínicos e sim na experiência individual do profissional. Vejamos então as evidências! Existem evidências de que os músculos submetidos a alongamentos duradouros sofram o aumento de sua seção transversa. Em um estudo in vitro realizado por Yang et al (1997) foram retirados tecidos musculares de coelhos para análise histoquímica após seis dias de imobilização por engessamento. Os animais tiveram sua pata traseira esquerda imobilizada enquanto a pata direita serviu como controle. Os músculos extensor longo dos dedos e tibial anterior sofreram um aumento de 19.3% e 33% respectivamente, após os seis dias de alongamento passivo. Os autores, ao citarem um estudo realizado em 1978 por Goldspink lembram, ainda, que músculos submetidos à imobilização na posição encurtada sofrem um decréscimo nos sarcômeros em série e atrofia. Como justificativa desta perda, argumenta-se que ela ocorra por redução na taxa de síntese protéica e não por aumento da taxa de degradação. Segundo Gomes et al (2004) o alongamento aplicado uma vez na semana por 40 minutos não é suficiente para prevenir a perda de sarcômeros em série, mas é capaz de prevenir a atrofia muscular. Os autores, que realizaram um estudo com ratos, sugerem que sessões diárias de 30 minutos de alongamento seriam necessárias para provocar um aumento da seção transversa e aumentar o número de sarcômeros em série. Um dos estágios de uma lesão muscular aguda é uma reposição de colágeno e glicosaminoglicanos no local do tecido lesado (Malliaropoulos et al, 2003), portanto seria racional pensar que há uma relação entre o tratamento de lesões e a prática do alongamento, o qual seria capaz de aumentar a síntese protéica. De fato foi possível encontrar um efeito positivo do alongamento em atletas com estiramento dos músculos isquiotibiais, quando considerados o tempo de recuperação da amplitude de movimento e do retorno às atividades normais (Malliaropoulos et al, 2003). No entanto Moseley et al (2005) não obtiveram bons resultados quando compararam três tipos de tratamento para contratura dos flexores plantares, após imobilização com gesso devido à fratura de tornozelo. Os tipos de tratamento foram: um grupo de alongamento de curta duração mais exercício; um grupo de alongamento de longa duração mais exercício e um grupo só de exercício. Os autores não encontraram diferenças significativas entre os grupos sobre, a recuperação da amplitude de movimento e o retorno às atividades normais, dois dos parâmetros medidos no ensaio. PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com
  • 5. DISCUSSÃO A discussão sobre o alongamento concerne em dois aspectos principalmente: a prática regular do alongamento para o aumento da flexibilidade e o alongamento agudo, praticado antes e/ou após o exercício principal. O que é surpreendente é que apesar do grande clamor em favor do alongamento para a redução da dor tardia, existe uma forte evidência de que ele seja na verdade um produtor de dor. Alguns autores já partem desse pressuposto para conduzir seus estudos, como Smith et al (1993) que concluíram que tanto o alongamento estático quanto o balístico produziram efeitos semelhantes de dor tardia e níveis de Creatinaquinase. Mais surpreendente ainda foi o fato de terem sido registrados maiores níveis de dor tardia com o alongamento estático do que com o balístico (ao contrário do que é sugerido pelo senso comum) apesar de não ter havido uma diferença estatisticamente significativa. De acordo com Andersen (2005) o alongamento quando realizado tão pouco quanto 20% além do seu comprimento de repouso, é capaz de causar dano em preparações isoladas, concluindo que a amplitude de movimento aumentada decorrente do alongamento pode ser um resultado da tolerância aumentada ao estímulo de alongamento, o que já havia sido colocado por Freiwald et al (1998). Shrier (2000) discute que os estudos que mostraram a eficiência do alongamento como protetor de lesões, o utilizaram como co-intervenção para outras práticas que incluíam sessões de aquecimento e outras estratégias de segurança. Não obstante, existem diferentes pontos de vista a serem analisados quando é tratado um tema tão abrangente quanto o risco de lesões. Primeiro, de que tipo de lesão está sendo tratado; segundo, qual o tipo de atividade e terceiro, as diferenças entre atletas de elite e atletas recreacionais. Existe uma real possibilidade de que um indivíduo mais flexível seja capaz de ficar menos suscetível a lesões músculotendíneas, no entanto lesões osteoarticulares parecem não ser evitadas com o aumento da flexibilidade conforme os resultados do estudo de Amako et al (2003) apresentados na tabela I. Ainda, tais efeitos protetivos, se existem, não mostram decorrerem da prática imediata do alongamento, mas sim, dos efeitos crônicos provocados por sua prática regular (Obesity, fitness & wellness editors, 2004). A tabela II mostra a pontuação dos estudos sobre redução de risco de lesão em três revisões sistemáticas com instrumentos diferentes de qualificação. É preciso ressaltar que os estudos realizados sobre o tema risco de lesão, em sua maioria utilizam como indivíduos, atletas ou recrutas em treinamento militar, atividades reconhecidas por seu alto índice de lesões, devido às suas relações com a performance. A indagação é: seria necessária uma suposta atividade protetiva para aumentar a segurança de uma atividade já reconhecidamente segura? Vide a utilização de técnicas de alongamento como preparação para as sessões de treinamento resistido em academias. De nosso conhecimento, ainda não existe uma resposta para essa pergunta, porém sobre isso Shrier (1999) afirma que “se o alongamento aumenta a tolerância à dor e “mascara” o seu efeito protetivo, então se realizado imediatamente antes, ele pode predispor à lesão”. Além do mais se é a inflexibilidade e a falta de elasticidade que predispõem a lesão, parece não haver evidências de que indivíduos ativos percam estas características inerentes aos tecidos mio-articulares. Ao contrário, quando foram comparados exercícios de alongamento e contrações excêntricas, foi possível alcançar ganhos semelhantes de amplitude de movimento em ambas as atividades (Nelson e Bandy, 2004). De acordo com Foley (2004) o alongamento deve ser encarado como uma atividade por si só e não uma atividade preparatória para outras. De fato, quando foi utilizada comparação entre atividades, o treinamento resistido mostrou-se mais eficiente no aumento da força, da velocidade da marcha e do equilíbrio, do que um programa com ênfase no aumento da flexibilidade (Barret e Smerdely, 2002). PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com
  • 6. TABELA 1 Comparação dos resultados de três metas-análise sobre o score conquistado por estudos que investigaram a redução do risco de lesão com alongamentos antes e/ou após exercício. Meta análise Herbert e Gabriel (2002) Weldon e Hill (2003) Thacker et al (2004) Protocolo Escala Pedro Pope et al (2000) Modificação do guia de método para revisões sistemáticas de van Tulder et al (1997) Pope et al (2000) Modificação de um instrumento utilizado para avaliar estudos de corte. Pope et al (2000) Autores Pontuação Autores 7 em 10 Hartig e Henderson (1999) 68 em 100 Hartig e Henderson (1999 60 em 100 Hartig e Henderson (1999 Pontuação Foi citado como referência, mas não pontuou. 30 em 100 34 em 100 Autores Pontuação ******** ******** Bixler e Jones (1992) 16 em 100 Bixler e Jones (1992) 32 em 100 TABELA II Dados resumidos do número de lesões registradas por Amako et al (2003) TIPOS DE LESÕES GRUPO ALONGAMENTO GRUPO SEM ALONGAMENTO Lesões ósseas Síndrome de stress periosteal Osgood 12 3 5 0 1 0 1 3 5 2 10 1 5 0 10 1 Lesões músculo-tendíneas Estiramentos: Isquiotibiais Trapézio Tendinopatias: Trato iliotibial Tendão calcâneo Lesões de coluna Lombar Cervical Outro questionamento seria pertinente para delimitar a importância do uso do alongamento: quais as necessidades de amplitude de movimento têm um atleta recreacional e um atleta de elite? Como observado por Hart (2005), existem diferenças não só entre atletas de elite e recreacionais, mas diferenças entre atletas de elite dentro do mesmo esporte. De acordo com Ingrahan (2003) no cotidiano, um indivíduo mantém a flexibilidade numa articulação específica pelo seu uso. Se nos lembrarmos de que um músculo não perde sarcômeros em série a não ser por seu desuso em posição encurtada (Yang et al, 1997), seria coerente admitir que um segmento músculo-articular não poderia perder suas propriedades elásticas sendo utilizado regularmente. Finalmente, o uso do alongamento como acessório para a recuperação de lesões parece ser lesão-dependente. Apesar de pouco evidenciado, um aspecto chamou a atenção. Quando a lesão requereu um aumento da síntese de material protéico para uma cicatrização mais rápida, o alongamento foi eficiente. Entretanto, quando o tecido lesado não pôde sofrer a ação direta do alongamento, este não influenciou o resultado final. Talvez sejam necessários mais estudos para que exista maior riqueza de parâmetros a serem discutidos. Por fim, uma questão confusa sobre o alongamento é sua validade como estímulo para o crescimento muscular. Alguns profissionais têm colocado que o alongamento pode contribuir com a PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com
  • 7. hipertrofia muscular, todavia não foram encontrados estudos na literatura internacional que possam respaldar tal argumento. De fato, só existem ensaios in vitro, realizados com animais não treinados, o que torna difícil a reprodução dos resultados em uma situação in vivo. Talvez houvesse a necessidade de experimentos com humanos, divididos em grupos, aos quais fossem administrados exercícios resistidos com e sem alongamentos, para observar se em tal situação há contribuição do alongamento para o aumento da seção transversa ou se este só é capaz de produzir efeitos sobre fibras não treinadas. Nós apenas não as queremos dependentes do alongamento achando que estão bem”. CONCLUSÃO Black JDJ, Freeman M, Stevens ED. A 2 week routine stretching programmed it not prevent contraction-induced injury in mouse muscle. Depatrtment of Zoology, University of Guelph 2002; 1-24. Sem dúvida, é bastante desgastante escrever sobre um tema tão abrangente e de difícil interpretação como este. O que se pode concluir é que toda a tradição que envolve a utilização dos alongamentos no âmbito das atividades físicas recreativas e performáticas torna muito difícil a interpretação dos resultados com uma tomada de posição isenta de compromisso com uma linha de pensamento ou outra. O fato é que independente de posicionamento, dois aspectos parecem claros: primeiro, sempre será necessária a avaliação de cada caso isoladamente, o que torna não só necessária, mas fundamental, a opinião de um profissional competente que saiba distinguir dentre as informações, àquelas que possuam melhor qualidade; e segundo, certamente são necessários mais estudos, comparando o alongamento a outras atividades para se conseguir melhores parâmetros para determinar sua eficiência. Por fim, é certo de que o alongamento é um exercício que traz benefícios e se o indivíduo não pratica qualquer outra atividade sistematizada, provavelmente conseguirá melhorar vários aspectos de sua saúde física. Não obstante, concordamos com Groner (2004) que citando Thacker coloca “Nós queremos as pessoas fazendo coisas que incluam intervenções que melhorem o equilíbrio, a força e o condicionamento. REFERÊNCIAS Amako M, Oda T, Masuoka K, Yokoi H, Campisi P. Effect of stretching on prevention of injuries for military recruits. Military Medicine 2003; 168 (6): 442-6. Barret C, Smerdely P. A comparison of community-based resistance training exercise and flexility exercise for seniors. Australian Journal of PhysioteRapy 2002; 48: 215-19. Foley K. Smart stretching: New research questions conventional wisdom about stretching. Are you limbering up the right way? Real Simple 2004; 5(10): 175. Fowles JR, Sale DG, MacDougall JD. Reduced strength after passive stretch of the human plantarflexors. Department of Kinesiology, McMaster University 2000; 89(3): 1179-88. Freiwald J, Engelhardt M, Gnewuch A. Stretching- possibilities and limitation. Therapeutische Umschau 1998; 55(4): 26772. Gleim GW, McHugh MP. Flexibility and its effects on sports injury and performance. Sports Med 1997; 24(5): 289-99. Gomes ARS, Coutinho EL, França CN, Polonio J, Salviani TF. Effect of one stretch a week applied to the immobilized soleus muscle on rat muscle fiber morphology. Braz J Med Biol Res 2004; 37(10): 147380. Groner C. Stretching….out? Biomechanics 2004; 1: 20 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com
  • 8. Hart L. Effect of stretching on sport injury risk: a review. Clin J Sport Med 2005; 15(2): 113. Hatig DE, Henderson JM. Increasing hamstring flexibility decreases lower extremity overuse injuries in military basic trainees. The American Journal of Sports Medicine 1999; 27(2): 173-6. Herbert RD, Gabriel M. Effects of stretching before and after exercising on muscle soreness and risk of injury: systematic review. BMJ 2002; 325: 468-78. Ingrahan SJ. The role of flexibility in injury prevention and athletic performance: have we stretched the truth? Minnesota Medicine 2003; 86(5): 58-61. Johansson PH, Lindström L, Sundelin G, Lindström B. The effects of preexercise stretching on muscular soreness, tenderness and force loss following heavy eccentric exercise. Scand J Med Sports 1999; 9: 21925. Lund H, Vestergaard-Pousen P, Kanstrup L, Sejrsen P. The effect of passive stretching on delayed onset muscle soreness, and other detrimental effects following eccentric exercise. Scand J Med Sports 1998; 8: 216-21. Malliaropoulos N, Papalexandris S, Papalada A, Papacostas E. The role of stretching in rehabilitation of hamstring injuries: 80 athletes follow-up. Med. Sci. Sports Exerc. 2004; 36(5): 756-9. Moseley AM, Herbert RD, Nightingale EJ, Taylor DA, Evans TM, Robertson GJ, Gupta SK, Penn J. Passive Stretching does not enhance outcomes in patients with plantarflexion contracture after cast immobilization for ankle fracture: a randomized controlled trial. Arch Phys Med Rehabil. 2005; 86: 1118-26. Nelson RT, Bandy WD. Eccentric training and static stretching improve hamstring flexibility of high school males. J Athl Train. 2004; 39(3): 254-8. Obesity, fitness & wellness week editors. Does stretching improve sport performance? Only if it’s regular. Obesity, fitness & wellness week 2004; p3. Pope RP, Herbert RD, Kirwan JD, Grahan BJ. A randomized trial of preexercise stretching for prevention of lower-limb injury. Med. Sci. Sports Exerc. 2000; 32(2): 271-7. Reisman S, Walsh LD, Proske U. Warm-up stretches reduce sensations of stiffness and soreness after eccentric exercise. Med. Sci. Sports Exerc.2005; 37(6): 929-36. Shrier I. Stretching before exercise does not reduce the risk of local muscle injury: a critical review of the clinical and basic science literature. Clin J Sport Med. 1999; 9: 221-7. Shrier I. Stretching before exercise : an evidence based approach. Br J Sports Med 2000; 34:324-325. Smith LL, Brunetz MH, Chenier TC, McCammon MR, Houmard JA, Franklin ME, Israel RG. The effects of static and ballistic stretching on delayed onset muscle soreness and creatine kinase. RQES 1993; 64(1): 103-7. Thacker SB, Gilchrist J, Stroup DF, Kimsey CD. The impact of stretching on sports injury risk: a systematic review of the literature. Med. Sci. Sports Exerc. 2004; 36(3): 371-8. Weldon SM, Hill RH. The efficacy of stretching for prevention of exercise-related injury: a systematic review of the literature. Manual Therapy 2003; 8(3): 141-50. Wessel J, Wan A. Effect of stretching on the intensity of delayed-onset muscle soreness. Clin J Sport Med 1994; 4: 83-7. Witvrouw E, Mahieu N, Danneels L, McNair P. Stretching and injury prevention: na obscure relationship. Sports Med 2004; 34(7): 443-9. PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com
  • 9. Yang S, Alnaqueeb M, Simpson H, Goldspink G. Changes in muscle fiber type, muscle mass and IGF-1 gene expression in rabbit skeletal muscle subjected to stretch. J Anat 1997; 190: 613-22. PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com