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INTERATIVA 
Publicação do Departamento de Imprensa do Sinttel-Rio 
DIRETOR: Marcello Miranda 
EDIÇÃO: Socorro Andrade 
TEXTOS: Socorro Andrade e Simone Kabarite 
COLABORAÇÃO: Rosa Leal 
REVISÃO: Socorro Andrade e Simone Kabarite 
CAPA, PROGRAMAÇÃO VISUAL E ILUSTRAÇÕES: Alexandre Bersot 
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: L&B Comunicação Ltda 
3.000 EXEMPLARES - Distribuição gratuita - Permitida a reprodução desde que citada a fonte. 2014 
Sindicato dos Trabalhadores em 
Empresas de Telecomunicações 
do Estado do Rio de Janeiro 
Rua Morais e Silva, 94 - Maracanã 
Rio de Janeiro - RJ - 20271-030 
(21) 2204-9300 - www.sinttelrio.org.br 
Filiado à CUT e à Fenattel 
expediente editorial 
O que está em jogo nestas eleições? 
À revelia do que acontece em todo o mundo 
democrático e, ancorada numa falsa 
imparcialidade, a mídia brasileira diz não 
tomar partido nas eleições presidenciais de 
5 de outubro, mas assume oposição frontal à 
presidente Dilma, candidata à reeleição. 
Ao contrário da mídia, defendemos o voto na 
Presidente Dilma e na sua reeleição. E fazemos 
isso porque respeitamos nossos leitores, porque 
temos opinião e, principalmente, por não 
termos dúvida de que isso é o melhor para o 
país. 
Em 2002, quando Lula assumiu o seu primeiro 
mandato, o salário mínimo era R$ 200,00, 
e hoje é R$ 724,00. Nesse mesmo período, 
36 milhões de brasileiros saíram da faixa 
de extrema pobreza e pela primeira vez em 
50 anos, a elevação de renda dos brasileiros 
vem acompanhada da queda significativa da 
desigualdade social. 
Essas mudanças nós não vemos no noticiário. 
Diariamente as suas manchetes são 
requentadas, dando ideia de novos escândalos, 
enquanto que os crimes de corrupção 
envolvendo os tucanos, como carregamento de 
400 quilos de cocaína e o desvio de dinheiro 
público para construção de um aeroporto em 
propriedade particular, são minimizados pela 
mídia nacional. 
A quem a mídia pensa que engana? Não é 
segredo para ninguém que a velha mídia 
brasileira, especialmente os segmentos mais 
conservadores e retrógrados, representados 
pelos Jornais Folha de São Paulo, O Globo, o 
Estadão, a Veja e a Rede Globo, veículos que 
não apenas apoiaram o golpe militar, mas 
se beneficiaram e foram financiados por ele, 
estiveram desde sempre alinhados ao poder 
vigente. Essa ligação estreita e promíscua 
da mídia com o poder deixou de existir há 12 
anos, quando Lula assumiu o governo. 
É importante lembrar que as emissoras de tv 
são concessões públicas e seus contratos são 
renovados automaticamente sem qualquer 
discussão com a sociedade. A TV Globo foi um 
presente da ditadura para Roberto Marinho, 
seu fiel aliado. Essas concessões terão de 
ser revistas, cedo ou tarde, e nenhum outro 
governo, a não ser o da presidenta Dilma terá 
a coragem e o dever de fazer isso. 
O que está em jogo nas eleições desse ano, não 
é só a reeleição da presidente Dilma, é sim, 
se a gente avança ou retrocede. As posições 
são claras: a candidata Dilma é o avanço para 
que esse governo consiga fazer as mudanças 
necessárias que ainda precisam ser feitas. 
A DIRETORIA
A existência de oligopólios 
midiáticos fere a Constituição 
Embora seja um direito fundamental assegurado pela Constituição Federal de 1988, 
nos artigos 220 a 224, não podemos afirmar que vivemos plenamente a liberdade de 
expressão e de imprensa, com o restabelecimento da democracia no país. 
entrevista 
O fato de os meios de co-municação 
comunicação mais poderosas 
sido cada vez mais comum 
no Brasil es-tarem 
do mundo. Dentre elas, está 
no campo da radiodifusão: a 
concentrados nas 
a brasileira Globo Comunica-ções 
subconcessão, arrendamen-to 
mãos dos grandes barões da 
e Participação S.A, na 
e alienação para terceiros. 
mídia contradiz os artigos de-dicados 
25° posição, que apresentou 
Recentemente, a CNT passou 
ao tema e à proibição 
a receita de US$ 6,71 bilhões 
a destinar 22 horas, cerca de 
de monopólio e oligopólio. 
em 2013. A família Marinho, 
92% de sua grade, para a pro-gramação 
Passados 26 anos, desde a 
proprietária do grande con-glomerado 
da Igreja Universal 
promulgação da Carta Magna 
de comunicação 
do Reino de Deus. Esse tipo 
de 1988, a falta de políticas 
das Organizações Globo, figu-ra 
de arrendamento viola a lei 
públicas que garantam a re-gulamentação 
ao lado de outras seis famí-lias 
nº 8666/83, que regula licita-ções 
destes artigos, 
- Abravanel (SBT), Saad 
e contratos de concessão 
torna cada vez mais urgente 
(Band), Macedo (Record), 
pública. 
a efetivação de uma legisla-ção 
Frias (Folha), Mesquita (Es-tadão) 
Além disso, a emissora de-mitiu 
específica que coloque os 
e Civita (grupo Abril)- 
100 funcionários, de-terminando 
limites necessários aos meios 
que dominam os meios de co-municação 
a extinção do 
de comunicação e preserve a 
no país. 
departamento de jornalismo 
diversidade do povo brasileiro. 
do canal no Rio. Analisando 
Recente estudo do Insti-tuto 
CNT RIO SEM JORNALISMO 
a partir dos princípios cons-titucionais, 
de Meios e Políticas de 
São inúmeras as violações 
um veículo de 
Comunicação da Alemanha 
praticadas pelo empresaria-do 
radiodifusão que não produz 
classificou as 50 empresas de 
do setor, uma delas tem 
jornalismo perde a legitimi- 
3
4 
dade se não cumpre o seu pa-pel 
social com a população, já 
que as emissoras de radiodi-fusão 
são concessões públicas 
outorgadas pela União com a 
finalidade de prestar serviço 
publico à sociedade. 
Ao longo de décadas, diver-sas 
ações foram realizadas , 
uma delas no segundo manda-to 
do governo Lula, quando foi 
realizada a I Conferência Na-cional 
de Comunicação (Con-fecom), 
em 2009. Na ocasião, 
foram definidas 633 propos-tas 
de políticas de comunica-ção, 
debatidas com mais de 
20 mil participantes da socie-dade 
civil. 
Destas propostas apro-vadas, 
surgiu a Plataforma 
para o Marco Regulatório das 
Comunicações, e a campanha 
“Para expressar a liberda-de!”, 
lançada pelo Forum 
Nacional pela Democratiza-ção 
da Comunicação - FNDC 
- com o objetivo de ampliar o 
entendimento e a conscienti-zação 
da população sobre o 
tema. A campanha resultou 
no Projeto de Lei de Inicia-tiva 
Popular - PLIP - Lei da 
Mídia Democrática, que tem 
como objetivo a regulação 
democrática sobre a atual 
estrutura do sistema de co-municação. 
Com o PLIP, pela 
Simone Kabarite 
INTERATIVA - Frente Am-pla 
pela Liberdade de Ex-pressão 
e Direito à Comu-nicação 
do Rio de Janeiro 
- Fale Rio - é o comitê local 
do FNDC. Quais são as suas 
principais atividades e seus 
projetos de atuação? 
Guilhon - O Canal da Cida-dania 
é uma das várias cam-panhas 
que desenvolvemos, 
é a possibilidade de termos, 
pela primeira vez, uma tv co-munitária 
digital aberta, com 
a participação da socieda-de 
civil organizada. O Canal 
da Cidadania, na realidade, 
terá mais quatro subcanais/ 
programações, duas destas 
são destinadas à socieda-de 
civil organizada. Nós do 
FNDC vimos estimulando en-tidades 
da sociedade civil, os 
movimentos sociais de todo o 
Brasil a se organizarem pra 
disputar a gestão destes ca-nais, 
nos municípios que soli-citaram 
o Canal, a partir dos 
seus Conselhos Municipais de 
Comunicação. 
primeira vez o Brasil avança 
na tentativa de criar um ins-trumento 
efetivo para imple-mentação 
do marco regulató-rio 
da comunicação. 
PARA EXPRESSAR A 
LIBERDADE 
A campanha “Para ex-pressar 
a liberdadeӎ uma 
iniciativa de centenas de en-tidades 
da sociedade civil 
que ao longo de muitos anos 
se organizam em torno da 
pauta da democratização da 
comunicação, lançada em 
2012 e liderada pelo FNDC. 
Foram definidos os 20 pontos 
da campanha, que têm como 
INTERATIVA - E como fun-cionam 
os Conselhos Muni-cipais 
de Comunicação? 
Guilhon - A legislação que 
trata do Canal da Cidada-nia 
prevê a formação de um 
Conselho, composto pelo po-der 
público e pela socieda-de 
civil, para cada município 
que solicitar a concessão do 
canal. Como é uma tese que 
defendemos, uma das nossas 
lutas, elaboramos um projeto 
com artigos e conceitos sobre 
como deve ser a atuação deste 
Conselho, que deve garantir o 
FNDC cobra compromisso com a 
regulação das comunicações 
Em entrevista à Revista Interativa, o diretor da Associação 
das Rádios Públicas do Brasil - Arpub, e representante 
da entidade na Forum Nacional pela Democratização da 
Comunicação (FNDC), Orlando Guilhon (foto), expõe as lutas 
e as dificuldades para garantir a regulamentação dos artigos 
220 a 224 da Constituição que tratam da comunicação. 
Simone Kabarite
5 
principal foco buscar apoio 
da sociedade para o PLIP. 
Para colocar o Projeto de 
Lei em debate no Congres-so 
Nacional são necessárias 
1 milhão e 300 mil assinatu-ras. 
Neste caso, não é permi-tida 
assinaturas via internet, 
o que dificulta a agilidade do 
processo. No site (www.para-expressaraliberdade. 
org.br), 
é possível baixar os arquivos 
e ter acesso a informações da 
Campanha e do PLIP. 
CARTA AOS PRESIDENCIÁVEIS 
O PLIP ganha um reforço 
de peso para a mobilização 
e apoio popular, graças ao 
apoio da campanha do Ple-biscito 
por uma Constituinte 
Exclusiva do Sistema Políti-co, 
que incorporou a Campa-nha 
aos comitês de organiza-ção, 
distribuídos em diversas 
regiões do Brasil, que já es-tão 
empenhados em divulgar 
e colher assinaturas, no perí-odo 
de 1 a 7 de setembro. 
A expectativa é que com 
a incorporação das lutas, a 
campanha e o PLIP ganhem 
representatividade política 
na sociedade e, assim, au-mente 
a pressão junto ao 
poder público. Representan-tes 
do FNDC redigiram uma 
carta compromisso, que está 
sendo encaminhada aos can-didatos 
à presidência da Re-pública, 
a fim de comprome-ter 
as candidaturas com a 
pauta da democratização das 
comunicações. 
São inúmeros os desafios 
para o setor, resta ao can-didato 
eleito mostrar se está 
sintonizado com os novos 
ventos e anseios da socieda-de. 
Se em sua nova gestão a 
Presidente Dilma incorporar 
as mudanças e a renovação 
das comunicações tão ur-gentes 
na sociedade, terá 
marcado definitivamente seu 
nome na historia da demo-cracia 
do Brasil. 
caráter democrático e a re-presentatividade 
da sociedade 
civil organizada 
INTERATIVA - Os candida-tos 
nas eleições majoritárias 
e proporcionais do Rio estão 
sendo consultados pelo Fale 
Rio sobre o tema? Existe al-guma 
plataforma de debate 
com os candidatos? 
Guilhon - O momento é pro-picio 
para a articulação com 
candidatos e partidos que pri-vilegiam 
programas e propos-tas 
de projetos de lei sobre o 
tema. Temos uma plataforma 
estadual pela democratização 
da comunicação, que reúne 
questões como: fortalecimen-to 
das rádios comunitárias, 
o Canal da Cidadania, as mí-dias 
alternativas e o fomento 
à produção audiovisual inde-pendente. 
Como tradicional-mente 
fazem os representan-tes 
das diversas categorias 
- saúde, educação, meio am-biente 
-, nós do FNDC fize-mos 
uma carta compromisso, 
que está sendo encaminhada 
aos candidatos ao governo 
do estado e à presidência da 
República. A ideia é compro-meter 
as candidaturas com a 
pauta para as comunicações, 
por meio do desenvolvimento 
de políticas públicas. É uma 
forma de cobrarmos medidas 
dos candidatos eleitos que se 
comprometeram com a pro-posta. 
INTERATIVA - O Conse-lho 
de Comunicação Social 
foi uma luta do FNDC e, 
infelizmente, teve uma tra-jetória 
pouco democrática 
e efetiva, em função de in-teresses 
conservadores. O 
que o FNDC está fazendo 
para mudar essa atuação do 
CCS? 
Guilhon - O último mandato 
acabou em agosto e estamos 
lutando por uma nova elei-ção, 
pra evitar o desastre que 
foi ficar seis anos desativa-do 
(de 2006 a 2012), sendo 
que voltou a funcionar sem 
consulta da sociedade civil 
quanto à nomeação da dire-toria 
e dos cargos. Das 13 
vagas, cinco devem ser reser-vadas 
para representantes da 
sociedade civil organizada, 
mas estavam sendo ocupa-das 
por empresários do setor, 
que já possuem quatro vagas 
no Conselho! Pra defender 
estes direitos, fizemos uma 
plataforma, selecionamos 10 
candidatos pra disputar essas 
vagas, e estamos percorrendo 
os gabinetes das lideranças 
partidárias para apresentar 
nossa proposta e garantir o 
apoio para que a gestão seja 
mais republicana e democrá-tica 
que a última. Também 
solicitamos uma audiência 
com o presidente do senado, 
Renan Calheiros, para pedir 
agilidade na escolha da nova 
gestão para que não haja um 
hiato entre as gestões, como 
aconteceu anteriormente.
6 
INTERATIVA - Além dos 
interesses econômicos e po-líticos 
dos empresários do 
setor, quais são os entraves 
que dificultam os avanços 
do Brasil na democratização 
da comunicação? 
Guilhon - Além destes cita-dos, 
a promiscuidade entre o 
Congresso Nacional e o em-presariado 
das comunicações. 
Muitas vezes, os próprios par-lamentares 
são os donos dos 
meios de comunicação ou colo-cam 
algum ‘laranja’. É quase 
que pedir para a raposa vigiar 
o galinheiro. No Brasil, os ar-tigos 
de 220 a 224 da Consti-tuição 
são dedicados ao tema, 
porém até hoje não foram regu-lamentados. 
Se conseguirmos 
a regulamentação, já será um 
grande avanço para a democra-cia 
da comunicação no país. 
INTERATIVA - O atual go-verno 
federal mostrou-se re-ceptivo 
ao projeto do marco 
regulatório, mas a questão 
não avançou. Qual é a ex-pectativa 
em relação ao fu-turo 
Governo? 
Guilhon - Na verdade, o se-gundo 
mandato do governo 
Lula deu alguns sinais positi-vos, 
inclusive, com a própria 
realizacão da I Confecom e 
a criação da EBC (Empresa 
Brasileira de Comunicação). 
Havia uma promessa de rea-lização 
de um grande debate 
público sobre o marco regula-tório, 
inclusive, uma consulta 
pública, o jornalista Franklin 
Martins, ex-ministro do gover-no 
Lula, elaborou um antepro-jeto 
para ser tocado pelo atual 
ministro Paulo Bernardo, mas 
o mesmo nunca veio à tona. O 
que significa que a pressão dos 
radiodifusores e empresários 
das telecomunicações impede 
que o projeto saia do lugar. 
A direita é conservadora e os 
meios de comunicação priva-dos 
estão nas mãos desta di-reita, 
que bate na tecla de que 
regulação significa censura e 
o fim da liberdade de expres-são. 
Por isso nossa campanha 
chama-se Para Expressar a 
Liberdade, que é a tentativa de 
retomar essa bandeira para o 
nosso lado. Por isso, defende-mos 
a mais ampla liberdade de 
expressão, que é a possibilida-de 
de ter todas as vozes, todas 
as cores e todos serem livres 
pra defenderem suas ideias. 
MANIFESTAÇÃO EM DEFESA da democratização da mídia 
Regular não é censura! 
Regular as comunicações é garantir a participação da po-pulação 
e o compromisso com a cidadania. Controle social 
não é mecanismo de censura, ao contrário, reflete um alto 
grau de democracia. Países com democracia avançada con-tam 
com mecanismos de regulação para garantir direitos e 
inclusão de ideias da população. Segundo Orlando Guilhon, 
do FNDC, em países como os EUA, a Argentina, a França 
e a Grã-Bretanha o tema é tratado com seriedade, graças 
aos instrumentos que atuam como reguladores concretos, 
que fiscalizam o cumprimento da legislação. “No caso de 
violação, as empresas devem arcar com o rigor na aplica-ção 
da lei, que pode ser pagamento de multas elevadas ou 
perda da concessão”, afirma. 
O argumento de que regular é censura é fortemente utili-zado 
pelos donos dos meios de comunicação, a fim de fazer 
a sociedade crer que seria um mecanismo para cercear a 
liberdade de expressão e de imprensa. Porém, essa falsa 
neutralidade é uma forma de manter o discurso único da 
mídia hegemônica e seus interesses econômicos e políticos, 
isentando os empresários de qualquer responsabilidade so-bre 
o que publicam.
7 
A reforma das telecomunicações 
A Câmara dos Deputados do México acaba de aprovar no último dia 8 de julho, 
por maioria absoluta, uma ampla reforma das leis de telecomunicações no país, 
que já havia passado pelo Senado, e que visa aumentar a competição e dar maiores 
condições de diversificação da comunicação aos seus cidadãos. 
Clube de Engenharia 
Como conseqüência, os gru-pos 
monopolistas na ra-diodifusão, 
Televisa, e nas 
telecomunicações, América 
Movil/ Telmex, serão direta-mente 
afetados e deverão ter 
que se reestruturar e se des-fazer 
de ativos, para diminuir 
seu poder no mercado mexi-cano. 
Da mesma forma, na 
Argentina, após uma batalha 
judicial intensa por cerca de 
quatro anos, a Suprema Corte 
declarou a constitucionalidade 
da Ley de Medios, que substi-tuiu 
todo um conjunto de leis 
implantadas na era da dita-dura 
militar, e vem obrigando 
o grupo monopolista Clarin a 
devolver concessões de rádio e 
televisão. Também o Uruguai, 
o Equador e a Venezuela tive-ram 
recentemente aprovadas 
leis semelhantes. 
A preocupação com mono-pólios 
e oligopólios em comu-nicações 
é particularmente 
relevante devido à facilidade 
de acesso à audiência e a sua 
possível manipulação comer-cial, 
política e institucional, 
por fontes de informação 
comprometidas. Praticamen-te 
todos os países do mundo, 
entre eles, EUA, Inglaterra, 
e Comunidade Européia, têm 
implementado alguma forma 
de evitar que órgãos de co-municação 
possam deter po-der 
de mercado significativo, 
para criar a possibilidade de 
maior diversidade, plurali-dade 
de escolha e, paralela-mente, 
fomentar a cultura e 
a produção local. 
No Brasil, a Constituição 
Federal de 1988, em seu ar-tigo 
220, parágrafo 5, diz 
textualmente: “Os meios de 
comunicação social não po-dem, 
direta ou indiretamen-te, 
ser objeto de monopólio 
ou oligopólios”. Esse artigo 
continua até hoje sem uma 
regulamentação que o torne 
aplicável na prática, obvia-mente 
por pressão daqueles 
interessados na manutenção 
do status quo. Por ocasião da 
Conferência Nacional de Co-municações, 
instituída pelo 
governo em 2009, acreditou- 
-se que as recomendações 
dali emanadas poderiam sig-nificar 
um sopro de renova-ção 
de nossas leis, mas não 
foi isso que aconteceu. 
MARCO CIVIL 
Nossa sociedade já demons-trou 
maturidade suficiente 
ao discutir e aprovar recen-temente 
o Marco Civil da In-ternet, 
em que todos cederam 
e ganharam com uma lei mo-derna, 
cuja discussão permeou 
democraticamente os diversos 
segmentos da população e das 
casas legislativas. Uma reto-mada 
do caminho desse deba-te 
para as telecomunicações 
parece viável e necessária. 
Dentro de nossas característi-cas 
e realidades, a busca por 
universalização de serviços, 
qualidade, menores tarifas, 
maior incentivo à industria e 
maior diversidade de informa-ção 
é uma aspiração legítima 
da nossa sociedade. 
Os exemplos de Argentina 
e México, que enfrentaram 
todos os argumentos da imo-bilidade 
e partiram para uma 
discussão difícil, mas respon-sável, 
sugerem uma reflexão 
aos futuros governantes em 
suas plataformas para as 
próximas eleições. As tele-comunicações 
nacionais, que 
outrora já foram fontes de 
acertos, atualmente se en-contram 
em situação crítica. 
Sua regulamentação é atra-sada, 
a indústria, a pesquisa 
e o desenvolvimento encolhe-ram, 
os serviços têm qualida-de 
sofrível, as tarifas são al-tas 
e a balança comercial do 
setor é negativa. Portanto, 
toda uma série de iniciativas 
na linha da modernização do 
ambiente do setor se faz ne-cessária 
e os candidatos se-rão 
instados a se pronunciar 
a respeito. O Clube de Enge-nharia, 
como entidade da so-ciedade 
civil, apoia a abertu-ra 
de discussão que proponha 
medidas que venham alavan-car 
o desenvolvimento do se-tor 
e dar melhores condições 
de bem estar e informação ao 
cidadão. 
artigo
8 capa 
Rede Globo comete crime O ditado popular “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” se aplica 
perfeitamente a Rede Globo. A emissora, acostumada a defender a ética e 
denunciar os crimes de corrupção, está longe de praticar o que defende. 
O crime de sonegação fiscal e operações fraudulentas em 
paraísos fiscais através de empresas ‘laranjas’ é tão 
grave quanto o de corrupção. E a Globo está sendo in-vestigada 
por sonegar mais de R$ 1 bilhão. 
Esse crime vem sendo denunciado desde 2006, mas so-mente 
em julho de 2013, foram divulgadas as primeiras fo-lhas 
de um processo de cerca 1.800 páginas, um escândalo 
nacional. Além de usar os seus noticiários e toda sua pro-gramação, 
inclusive, as novelas, para distorcer e manipular 
os fatos, a emissora de Roberto Marinho é investigada pela 
Polícia Federal. 
Os responsáveis pela divulgação dessa bomba, no ano pas-sado, 
foram os blogueiros Miguel do Rosário de “O Cafezi-nho” 
e Alexandre César Teixeira do “Megacidadania”, que 
acabam de divulgar a íntegra do processo e quem quiser 
pode conferir no link: http://www.megacidadania.com.br/ 
bomba-a-corrupcao-da-tv-globo/. 
Em entrevista à Revista Interativa (RI), Alexandre César 
(AC) fala tudo sobre essa investigação. 
Socorro Andrade 
RI - Qual o valor da dívida 
fiscal da Globo em valores 
atuais? 
AC - Quero agradecer ao 
pessoal do Sinttel a chance de 
poder falar para categoria. Os 
valores se referem aos direi-tos 
de transmissão da Copa do 
Mundo de 2002. A TV Globo 
usou de um mecanismo frau-dulento 
(uma triangulação 
com empresas ‘laranjas’ nas 
Ilhas Virgens, no Caribe) para 
não pagar impostos. A fraude 
foi detectada pela Receita Fe-deral. 
Além de haver o crime 
contra o Fisco, há também o 
crime contra o sistema finan-ceiro. 
São dois delitos, um de- 
lito na área tributária e outro 
na esfera criminal. Esse delito 
na área criminal envolve di-retamente 
o falecido Rober-to 
Marinho e seus filhos, que 
teriam assinado de próprio 
punho as empresas ‘laranjas’ 
num paraíso fiscal no Caribe. 
RI - E qual é o valor dessa 
dívida? 
AC - Em 2006 este valor 
estaria em R$ 650 milhões, 
a atualização de lá pra cá de-pende 
de uma séria de critérios 
técnicos, hoje ultrapassa segu-ramente 
R$ 1 bilhão, eles não 
mostram a DARF (Documento 
de Arrecadação Fiscal). Além 
disso, tem o crime contra o sis-tema 
financeiro. 
RI - Como se descobriu 
essa fraude? 
AC - Posso dizer que foi 
uma sorte muito grande nossa 
de ter tido acesso a essa do-cumentação. 
Já existia desde 
2006, um zum zum no mer-cado 
de que a Globo devia 
um valor muito alto à Receita 
Federal, mas ninguém nunca 
teve acesso aos documentos. 
Ficamos sabendo depois, o 
Portal “Megacidadania” e o 
Blog “O Cafezinho”, nós dois 
em parceria, mas principal-mente, 
“O Cafezinho”, divul-gou 
as primeiras folhas desse 
processo da Receita Federal. 
E por que nós tivemos acesso 
a isso? Porque um processo gi-gantesco 
contra a Rede Globo 
Socorro Andrade 
ALEXANDRE CÉSAR, do portal Megacidadania
9 
de sonegação fiscal 
cesso ocorreu justo nesse mo-mento 
e criou-se um prazo ex-traordinário 
para Rede Globo 
que, naquele momento estava 
com as suas finanças estraça-lhadas, 
estou falando do ano 
de 2006. Então, é óbvio que 
para qualquer investigador 
iniciante, a primeira pergunta 
que se faz quando se investiga 
um crime é: a quem beneficia 
o crime?, para a partir daí fa-zer 
a investigação. É isso que 
esperamos que a Policia Fede-ral 
esteja fazendo. 
RI - A Rede Globo se diz 
imparcial em seus noticiá-rios, 
mas sabemos que ela 
não é, muito pelo contrário, 
privilegia descaradamente 
um determinado segmento. 
Até que ponto essa parcia-lidade 
tem a ver com a sua 
impunidade ao crime de so-negação 
fiscal? 
AC - Essa pergunta é mui-to 
importante nesse momen-to, 
inclusive, acaba de entrar 
foi roubado de dentro da Re-ceita 
por uma funcionária que 
se encontrava de férias e que 
foi à Receita, supostamente 
só para sumir com o proces-so. 
O processo em questão era 
esse. A funcionária foi presa, 
mas teve sua defesa entregue 
a um grande escritório de ad-vocacia 
e foi solta mediante 
habeas corpus concedido pelo 
ministro Gilmar Mendes, do 
Supremo Tribunal Federal 
(STF). O fato é que, o proces-so 
foi roubado e a Receita o 
reconstituiu. Ninguém sabe 
em que moldes ela o reconsti-tuiu, 
mas tudo leva a crer que 
não foi à luz 
daquele que 
estava lá den-tro. 
Em julho 
do ano pas-sado, 
nós di-vulgamos 
25 
páginas desse 
processo que 
foi roubado 
e que conta 
com cerca 
de 1.800 pá-ginas. 
Essas 
“Na verdade, os 
blogueiros são os 
que mais cobram, 
só que cobram 
com coerência, 
diferentemente 
da velha mídia 
empresarial que só faz 
chantagem em defesa 
de seus interesses” 
25 páginas causaram uma 
verdadeira hecatombe dentro 
da Rede Globo, a ponto dela 
emitir três notas públicas ofi-ciais 
para tentar se justificar. 
Nós recebemos essas páginas 
de uma fonte que não quer se 
identificar e que nos deu mais 
29 páginas do mesmo proces-so 
em julho deste ano e agora 
liberou a íntegra do mesmo 
não apenas para nós, mas 
para mais 50 jornalistas no 
Brasil inteiro, para que todos 
possam levar ao conhecimen-to 
da socieda-de, 
fazer suas 
investigações 
e comprovar o 
quanto a Glo-bo 
é falaciosa 
quando diz 
que é isenta e 
nunca comete 
nenhum tipo 
de delito. 
RI - Ao lon-go 
de todo 
esse tempo a Globo chegou 
a ser punida ou multada por 
essa sonegação fiscal? 
AC - Ela foi notificada 776 
vezes. Na verdade, quando 
esse processo foi roubado de 
dentro da Receita a TV Globo 
já estava com o DARF pronto 
no valor de R$ 650 milhões. 
Não tinha mais jeito, aquilo 
seria enviado para Ministério 
Público Federal para fins de 
apuração penal e a Globo não 
tinha mais como não pagar 
essa dívida. O roubo do pro-
10 
em cartaz um filme intitulado 
“O Mercado de Notícias”, do 
grande cineasta gaúcho Jorge 
Furtado, diretor de Ilha das 
Flores. Esse filme trata exata-mente 
do cerne dessa pergun-ta. 
Ele entrevistou 13 grandes 
jornalistas brasileiros, como 
Geneton de Moraes Neto, Luís 
Nassif, Bob Fernandes, Jânio 
de Freitas, Paulo Moreira Lei-te, 
Raimundo Pereira, dentre 
outros. O enredo é baseado 
numa peça teatral do início 
do século XVI, na época da 
criação da imprensa onde, te-oricamente, 
surgiu a figura do 
jornalista e trata exatamente 
dessa questão da imparciali-dade. 
O Bob Fernandes, titu-lar 
do Portal Terra, que é um 
dos entrevistados, no seu de-poimento 
diz mais ou menos o 
seguinte: que nunca teria sido 
censurado pelo governo, no en-tanto, 
já viu várias vezes os do-nos 
dos veículos de comunica-ção 
determinarem o que pode 
ou não ser divulgado e que isso 
é a pior censura. 
RI - Não é uma incoerên-cia 
uma empresa sonegado-ra 
como a Globo assumir a 
bandeira da ética? 
AC - Até agora o povo não 
sabia disso. A Rede Globo es-tava 
se utilizando de diversos 
expedientes para esconder 
essa informação, só depois 
do vazamento das primei-ras 
páginas desse processo é 
que uma parcela do público 
começou a ter acesso a essa 
importante informação e 
curiosamente a partir daquele 
momento o percentual de au-diência 
da TV Globo começa a 
declinar vertiginosamente. 
RI - Qual a ligação entre 
a sonegação e o sistemático 
bloqueio da Globo à comuni-cação, 
inclusive, ao Centro 
Barão de Itararé e ao Sindi-cato 
dos Jornalistas do Mu-nicípio 
do Rio de Janeiro? 
AC - Antes de o público ter 
acesso a essa informação de 
crime de sonegação a Globo 
não dava a menor bola para o 
trabalho que os blogs faziam, 
os blogs e os internautas, por-que 
os blogs sem os internau-tas 
não são 
nada. Na ver-dade, 
o tra-balho 
da blo-gosfera 
que é 
esse grande 
c omp a r t i - 
lhamento de 
informações, 
só tem valor, 
quando o in-ternauta 
se 
sente conven-cido 
“Essas 25 páginas 
causaram uma 
verdadeira hecatombe 
dentro da Rede Globo, 
a ponto dela emitir 
três notas públicas 
oficiais para tentar se 
justificar” 
de que aquela informação 
é importante. Se eu colocar 
alguma matéria no “Mega-cidadania”, 
“O Cafezinho”, 
“Conversa Afiada”, do Paulo 
Henrique Amorim, “Viomun-do”, 
do Luís Carlos Azenha, no 
“Escrevinhador”, do Rodrigo 
Viana e diversos outros, essa 
matéria, essa informação só é 
compartilhada e difundida se 
tiver credibilidade. Vivemos 
da credibilidade, por isso a 
segunda entrevista coletiva 
do presidente Lula com nove 
blogueiros, na qual Miguel do 
Rosário, de “O Cafezinho”, 
estava, causou furor na velha 
imprensa. Os veículos tradi-cionais 
ficaram furiosos. Na 
verdade, os blogueiros são 
os que mais cobram, só que 
cobram com coerência, dife-rentemente 
da velha mídia 
empresarial que só faz chan-tagem 
em defesa de seus in-teresses 
comerciais. 
RI - Por que a Globo é a 
principal interessada em im-pedir 
a aprovação de uma 
nova legislação para as co-municações 
no Brasil e jun-to 
com aos demais grupos 
midiáticos vinculam isso à 
censura? 
AC - A Globo apoiou o gol-pe 
militar, quis impedir as Di-retas 
Já. Então, ela tem um 
histórico de estar alinhada ao 
poder, ao sta-tus 
quo vigen-te. 
Diferente-mente 
disso, 
a partir de 
2002, quando 
tomou posse 
o presidente 
Lula, a Glo-bo 
resolveu 
partir para o 
ataque direto 
e isso a gente 
observa até hoje e o público 
também consegue perceber 
a manipulação. Um assunto 
que envolve o governo atual 
é motivo de escândalo e sen-sacionalismo, 
mas quando 
fatos, até mais graves dizem 
respeito aos opositores do 
governo, isso não ocorre. Ao 
fazer isso ela fere a própria 
Constituição, artigos 220 a 
224, que estabelecem o fim 
da propriedade cruzada e dos 
oligopólios. A Globo quer ser a 
dona daquilo que o povo pode 
ou não saber e de que forma 
o povo deve saber. Ela quer 
impor um pensamento único, 
ao contrário da blogosfera 
que consegue fazer o contra-ponto, 
mostrando documen-tos, 
artigos, fundamentando 
e permitindo a sociedade ver 
as diversas opiniões sobre um 
mesmo fato. Por isso ela vem 
perdendo audiência a cada dia 
e teme a regulamentação.
O brasileiro começa a se 
ver na TV por assinatura 
Três anos depois de aprovada a nova lei da TV por assinatura, que teve como 
relator o deputado federal Jorge Bittar, é um sucesso. Os dados da Ancine 
(Agência Nacional de Cinema) demonstram os avanços alcançados. 
artigo 
Rosa Leal 
a viabilidade econômica dos 
a bloquear, por exem-plo, 
Ncanais brasileiros de espaço 
todas as tentativas de 
o final de 2013 o Brasil 
qualificado independentes, 
regulamentar os artigos 220 
contava com 18 milhões 
especialmente dos canais de 
a 224 do capítulo V da Cons-tituição 
(crescimento de 41,7% 
12 horas; regionalizar a pro-dução; 
Federal, que trata da 
em relação a 2011) de assi-naturas 
consolidar o direito do 
Comunicação Social. 
dos serviços de TV 
consumidor quanto ao núme-ro 
Apesar de toda essa pres-são 
paga. Com este resultado o 
de reprises; estabelecer 
contrária, a lei foi apro-vada. 
Brasil encerrou o ano com 
uma programação não linear 
Não é a lei dos sonhos 
28,9 assinaturas para cada 
como espaço para os conteú-dos 
de nenhum dos setores envol-vidos, 
grupo de cem domicílios. 
brasileiros. 
mas são muitos os seus 
Considerando a estimativa do 
Aprovada em setembro de 
pontos positivos: a inclusão 
Instituto Brasileiro de Geo-grafia 
2011, a Lei 12.485, que criou 
de mais atores na cadeia de 
e Estatística (IBGE), 
o Serviço de Acesso Con-dicionado 
valor (produção, programa-ção, 
de 3,2 pessoas por domicílio, 
(SeAC), não teve 
empacotamento, distri-buição), 
os serviços de TV por Assi-natura 
uma tramitação fácil. Em 
deixando claro que 
estavam disponíveis, 
que pese o processo ao mes-mo 
quem produz conteúdo não 
no final do ano de 2013 para 
tempo rico e polêmico no 
pode distribuir e vice-versa; 
57,6 milhões de brasileiros. 
qual a sociedade civil, o Po-der 
o incentivo a várias fontes 
A arrecadação para investi-mentos 
Executivo e os represen-tantes 
de produção de conteúdo na-cional 
em audiovisual cres-ceu 
do mercado apresen-taram 
e independente; várias 
17 vezes. 
suas propostas, a lei 
plataformas para distribui-ção 
Houve um aquecimento da 
foi intensamente combatida 
dos diversos conteúdos, 
produção – alta taxa de ocu-pação, 
por estes últimos, principal-mente, 
entre outros. A lei também 
incremento de receitas 
os radiodifusores e a 
é importante por estabelecer 
e salários (os técnicos em ope-ração 
ABTA (Associação Brasileira 
um limite de 25% de publici-dade, 
de câmera fotográfica, 
de TV por Assinatura). 
mesmo percentual da 
de cinema e de televisão, por 
Refratários a qualquer mu-dança 
TV aberta. Antes não havia 
exemplo, tiveram aumento 
em relação ao que era 
nenhum limite. 
real de 51,1% nos salários). E 
estabelecido, os represen-tantes 
É importante destacar que 
a quantidade de horas de con-teúdo 
do mercado tentaram 
não é verdade que antes da 
brasileiro veiculado em 
passar a ideia de que regu-lamentar 
Lei não existia regulação. 
2012 (14 canais monitorados) 
significa censurar 
Existia, sim, só que feita ex-clusivamente 
mais do que triplicou. 
conteúdos. 
pelo mercado. A 
Ainda há muitos desafios a 
nova lei trouxe a perspectiva 
serem superados. E é a pró-pria 
O ATAQUE DA SKY 
de um equilíbrio entre o mer-cado 
Ancine quem reconhe-ce. 
A SKY chegou a criar um 
e o Estado. O sucesso da 
É necessário simplificar 
site para fazer uma campa-nha 
Lei 12.485, demonstra que a 
procedimentos de financia-mento 
contra a Lei e contra o 
sociedade está madura, tem 
à produção; investir 
relator, deputado Jorge Bit-tar 
capacidade e exige fazer o 
na capacitação e ampliação 
(PT-RJ). Esses mesmos 
próximo debate: o marco re-gulatório 
da mão de obra; consolidar 
segmentos ainda hoje conti-nuam 
das comunicações. 
11
12 teleatendentes 
PL 2673: sete anos de luta e vitória 
A aprovação do Projeto de Lei 2673/2007, pela Comissão de Desenvolvimento Econômico 
na Câmara dos Deputados, em Brasília, em fevereiro de 2014, foi mais uma etapa 
vencida nas batalhas travadas pelos sindicatos de trabalhadores em telecomunicações 
Arquivo Imprensa Sinttel-Rio 
Deputados Jorge Bittar, federal (PT-RJ), e Gilberto Palmares, estadual (PT-RJ), em audiência pública no Sinttel-Rio 
Rosa Leal 
Em particular, do Sinttel 
Rio, da Fenattel e de dois 
parlamentares que têm se 
desdobrado para que a ativi-dade 
de teleatendimento seja 
regulamentada: Jorge Bittar 
e Gilberto Palmares, respec-tivamente 
deputado federal 
e estadual do Rio de Janeiro. 
Ambos ouviram a categoria 
e, junto com o Sinttel, formu-laram 
a proposta de projeto 
que foi vitoriosa. 
O PL está agora na Comis-são 
de Constituição e Justi-ça. 
Depois disso irá direto 
para o Senado, onde Bittar e 
Gilberto já anteciparam que 
continuarão acompanhando 
sua apreciação, mantendo a 
luta para que o projeto seja 
aprovado. 
Nesses sete anos foram mui-tas 
idas e vindas. Reuniões no 
Rio de Janeiro, em Brasília, 
mobilização dos trabalhado-res 
em nível nacional. Abaixo 
assinado com milhares de as-sinaturas 
entregues ao presi-dente 
da Câmara, cobrando a 
aprovação do PL 2673. Reu-niões 
nas comissões temáticas 
do Congresso. Participação 
em audiências e consultas. 
Um trabalho árduo e frutífero 
porque conseguimos conven-cer 
todas as comissões pelas 
quais tramitou o projeto de 
que ele é importante para os 
trabalhadores em telecomu-nicações 
e também para a 
sociedade. Para os trabalha-dores, 
porque coloca regras 
claras em relação à jornada 
e às condições de trabalho. 
Para a sociedade porque, com 
regras claras, será possível 
obter uma maior qualidade do 
serviço prestado. 
O setor de teleatendimento 
é um dos que mais cresce no 
país. Estima-se que hoje te-nha 
mais de um milhão de tra-balhadores, 
a maior parte no 
Rio e em São Paulo.
13 
O serviço de telatendimen-to, 
por si só, é profundamente 
estressante e leva muitos em-pregados, 
a maioria jovens na 
faixa etária de 18 a 29 anos, 
a contraírem doenças ocupa-cionais 
como síndromes do pâ-nico, 
de Burnout, problemas 
auditivos, de voz e LER. 
As empresas, por sua vez, 
pioram a situação não respei-tando 
o Anexo II da NR 17 
e submetem os trabalhadores 
a condições desumanas, com 
O que 
diz o PL 
2673/2007 
De acordo com o proje-to, 
a jornada normal de 
trabalho não poderá ser 
superior a 6 horas, e a 
carga horária semanal 
não poderá ultrapassar 
36 horas. No caso de 
trabalho em tempo par-cial, 
o limite da jorna-da 
será de 4 horas, e a 
carga semanal será de 
no máximo 24 horas. O 
texto aprovado também 
exige que, a cada período 
de 50 minutos, o traba-lhador 
de telemarketing 
e teleatendimento te-nha 
um intervalo de 10 
minutos para descanso. 
Esses intervalos deverão 
ocorrer fora do posto de 
trabalho. 
O PL também proíbe 
a prorrogação da jorna-da, 
exceto em casos de 
força maior, necessidade 
imperiosa ou conclusão 
de serviços inadiáveis. 
Outra determinação é 
que o trabalho seja orga-nizado 
de forma a evitar 
atividades aos sábados, 
domingos e feriados. Se 
não for possível, haverá 
compensação por meio 
de pelo menos um repou-so 
semanal remunerado 
coincidente com um sá-bado 
e domingo a cada 
mês. Ainda de acordo 
com o PL, mesmo o tra-balhador 
em tempo par-cial 
não poderá receber 
menos do que o salário 
mínimo. 
jornadas abusivas de mais de 
6 horas. Não bastasse isso, a 
maioria delas controla até o 
tempo de ida dos trabalhado-res 
ao banheiro e não respeita 
as pausas legais. 
Para pôr fim a estas prá-ticas 
é urgente a aprovação, 
agora no Senado, dessa lei 
que tem o apoio intenso dos 
sindicatos e da federação dos 
trabalhadores em telecomuni-cações. 
Parabéns a todos que 
lutam e lutaram. 
UM ABAIXO-ASSINADO com milhares de assinaturas colhidas em todo o país, 
cobrando agilidade e a aprovação do PL 2673, foi entregue ao presidente da 
Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) dia 02/04/2014
14 artigo 
Mais banda larga, mais futuro 
A discussão sobre um novo modelo para as telecomunicações no Brasil tem sido uma das 
principais bandeiras do Instituto Telecom. E a base deste novo modelo é a banda larga, 
essencial para o desenvolvimento econômico, social, cultural e político do país.Ou seja, 
não se trata de uma discussão apenas de infraestrutura, mas do que desejamos para o 
nosso país nos próximos 40, 50 anos. 
Instituto Telecom 
Em 2003, o governo federal 
lançou o Programa Nacio-nal 
de Universalização do 
Acesso e Uso da Energia Elé-trica 
(Luz para Todos) visando 
o provimento do acesso à ener-gia 
elétrica à totalidade da 
população do meio rural bra-sileiro, 
num contexto que 80% 
da exclusão elétrica estava no 
meio rural. Não era apenas um 
programa de infraestrutura. 
Mas uma forma de garantir 
desenvolvimento social e eco-nômico 
em comunidades de 
baixa renda, contribuindo para 
a redução da pobreza e para 
o aumento da renda familiar. 
Depois do “Luz Para Todos” 
está na hora do ”Banda Larga 
Para Todos”. 
A banda larga no Brasil é 
cara, concentrada e lenta. 
Apenas 35% dos domicílios 
têm banda larga, localizados 
principalmente no Sul, Sudes-te 
e Centro-Oeste. É um servi-ço 
cinco vezes mais caro que 
no Japão; 2,7 vezes que na 
Rússia e 2,5 vezes mais caro 
que no México. A criação de 
um Plano Nacional de Banda 
Larga é essencial para o país. 
O Plano Nacional de Banda 
Larga (PNBL) foi oficialmente 
criado pelo decreto nº 7.175, 
em 12 de maio de 2010. A 
Telebras, antiga holding das 
empresas estatais de telefonia 
brasileira, foi reestruturada e 
reativada pelo governo para se 
tornar a operadora do back-bone 
da rede pública nacional 
que será usada pelo PNBL. 
O que se espera do governo, 
contudo, é que ele entenda que 
a banda larga é tão necessária 
quanto a saúde, educação e se-gurança 
pública e implemente 
todos os esforços para que este 
serviço de interesse coletivo 
chegue a todos os cidadãos. 
Daí a necessidade da banda 
larga ser prestada em regime 
misto: público e privado. 
As concessões para as em-presas 
que estão monopolizan-do 
o serviço de banda larga 
foram, justamente, feitas pelo 
Estado. A Telebras pode ser 
uma solução para esse mono-pólio, 
atuando como um ins-trumento 
de regulação do mer-cado. 
Mas, não se pode achar 
que sozinha a estatal tenha 
condições de se arriscar a levar 
a internet às regiões de difícil 
acesso. Ela não tem estrutura 
para isso e vai continuar de-pendendo 
de outros agentes do 
mercado para levar a última 
milha até o usuário final. 
Claro que este é um bom co-meço. 
No entanto, ainda per-manece 
uma questão política: 
por que a Telebras tem que 
levar a banda larga para os 
mais pobres e as concessioná-rias 
atenderem apenas a par-cela 
mais rica da população? 
Não podemos correr o risco 
de a Telebras acabar virando 
uma banda larga para pobre 
e as concessionárias virarem 
banda larga para rico. 
A sociedade civil tem que ser 
ouvida. As decisões da Confe-rência 
Nacional das Comu-nicações 
(Confecom) não po-dem 
ser esquecidas. O Fórum 
Brasil Conectado, criado para 
discutir os vários aspectos do 
Plano Nacional de Banda Lar-ga 
(política industrial, pesqui-sa, 
conteúdo, infraestrutura) 
deve ser reconvocado. 
O PNBL tem que contem-plar 
a participação do Esta-do, 
intervindo e defendendo o 
interesse público. Mas, deve 
ter em seu planejamento um 
projeto integrado com os go-vernos 
estaduais e municipais, 
operadoras fixas, de cabo, 
de celular e os provedores de 
acesso. Um plano nacional 
que deve assistir o país, do 
Oiapoque ao Chuí. Um plano 
que pense na diversidade de 
empresas, com suas tecno-logias 
distintas, capazes de 
alcançar diferentes tipos de 
lugares e condições de rendas.
humor?
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Interativa Sinttel - A sonegação da Globo

  • 1.
  • 2. INTERATIVA Publicação do Departamento de Imprensa do Sinttel-Rio DIRETOR: Marcello Miranda EDIÇÃO: Socorro Andrade TEXTOS: Socorro Andrade e Simone Kabarite COLABORAÇÃO: Rosa Leal REVISÃO: Socorro Andrade e Simone Kabarite CAPA, PROGRAMAÇÃO VISUAL E ILUSTRAÇÕES: Alexandre Bersot EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: L&B Comunicação Ltda 3.000 EXEMPLARES - Distribuição gratuita - Permitida a reprodução desde que citada a fonte. 2014 Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro Rua Morais e Silva, 94 - Maracanã Rio de Janeiro - RJ - 20271-030 (21) 2204-9300 - www.sinttelrio.org.br Filiado à CUT e à Fenattel expediente editorial O que está em jogo nestas eleições? À revelia do que acontece em todo o mundo democrático e, ancorada numa falsa imparcialidade, a mídia brasileira diz não tomar partido nas eleições presidenciais de 5 de outubro, mas assume oposição frontal à presidente Dilma, candidata à reeleição. Ao contrário da mídia, defendemos o voto na Presidente Dilma e na sua reeleição. E fazemos isso porque respeitamos nossos leitores, porque temos opinião e, principalmente, por não termos dúvida de que isso é o melhor para o país. Em 2002, quando Lula assumiu o seu primeiro mandato, o salário mínimo era R$ 200,00, e hoje é R$ 724,00. Nesse mesmo período, 36 milhões de brasileiros saíram da faixa de extrema pobreza e pela primeira vez em 50 anos, a elevação de renda dos brasileiros vem acompanhada da queda significativa da desigualdade social. Essas mudanças nós não vemos no noticiário. Diariamente as suas manchetes são requentadas, dando ideia de novos escândalos, enquanto que os crimes de corrupção envolvendo os tucanos, como carregamento de 400 quilos de cocaína e o desvio de dinheiro público para construção de um aeroporto em propriedade particular, são minimizados pela mídia nacional. A quem a mídia pensa que engana? Não é segredo para ninguém que a velha mídia brasileira, especialmente os segmentos mais conservadores e retrógrados, representados pelos Jornais Folha de São Paulo, O Globo, o Estadão, a Veja e a Rede Globo, veículos que não apenas apoiaram o golpe militar, mas se beneficiaram e foram financiados por ele, estiveram desde sempre alinhados ao poder vigente. Essa ligação estreita e promíscua da mídia com o poder deixou de existir há 12 anos, quando Lula assumiu o governo. É importante lembrar que as emissoras de tv são concessões públicas e seus contratos são renovados automaticamente sem qualquer discussão com a sociedade. A TV Globo foi um presente da ditadura para Roberto Marinho, seu fiel aliado. Essas concessões terão de ser revistas, cedo ou tarde, e nenhum outro governo, a não ser o da presidenta Dilma terá a coragem e o dever de fazer isso. O que está em jogo nas eleições desse ano, não é só a reeleição da presidente Dilma, é sim, se a gente avança ou retrocede. As posições são claras: a candidata Dilma é o avanço para que esse governo consiga fazer as mudanças necessárias que ainda precisam ser feitas. A DIRETORIA
  • 3. A existência de oligopólios midiáticos fere a Constituição Embora seja um direito fundamental assegurado pela Constituição Federal de 1988, nos artigos 220 a 224, não podemos afirmar que vivemos plenamente a liberdade de expressão e de imprensa, com o restabelecimento da democracia no país. entrevista O fato de os meios de co-municação comunicação mais poderosas sido cada vez mais comum no Brasil es-tarem do mundo. Dentre elas, está no campo da radiodifusão: a concentrados nas a brasileira Globo Comunica-ções subconcessão, arrendamen-to mãos dos grandes barões da e Participação S.A, na e alienação para terceiros. mídia contradiz os artigos de-dicados 25° posição, que apresentou Recentemente, a CNT passou ao tema e à proibição a receita de US$ 6,71 bilhões a destinar 22 horas, cerca de de monopólio e oligopólio. em 2013. A família Marinho, 92% de sua grade, para a pro-gramação Passados 26 anos, desde a proprietária do grande con-glomerado da Igreja Universal promulgação da Carta Magna de comunicação do Reino de Deus. Esse tipo de 1988, a falta de políticas das Organizações Globo, figu-ra de arrendamento viola a lei públicas que garantam a re-gulamentação ao lado de outras seis famí-lias nº 8666/83, que regula licita-ções destes artigos, - Abravanel (SBT), Saad e contratos de concessão torna cada vez mais urgente (Band), Macedo (Record), pública. a efetivação de uma legisla-ção Frias (Folha), Mesquita (Es-tadão) Além disso, a emissora de-mitiu específica que coloque os e Civita (grupo Abril)- 100 funcionários, de-terminando limites necessários aos meios que dominam os meios de co-municação a extinção do de comunicação e preserve a no país. departamento de jornalismo diversidade do povo brasileiro. do canal no Rio. Analisando Recente estudo do Insti-tuto CNT RIO SEM JORNALISMO a partir dos princípios cons-titucionais, de Meios e Políticas de São inúmeras as violações um veículo de Comunicação da Alemanha praticadas pelo empresaria-do radiodifusão que não produz classificou as 50 empresas de do setor, uma delas tem jornalismo perde a legitimi- 3
  • 4. 4 dade se não cumpre o seu pa-pel social com a população, já que as emissoras de radiodi-fusão são concessões públicas outorgadas pela União com a finalidade de prestar serviço publico à sociedade. Ao longo de décadas, diver-sas ações foram realizadas , uma delas no segundo manda-to do governo Lula, quando foi realizada a I Conferência Na-cional de Comunicação (Con-fecom), em 2009. Na ocasião, foram definidas 633 propos-tas de políticas de comunica-ção, debatidas com mais de 20 mil participantes da socie-dade civil. Destas propostas apro-vadas, surgiu a Plataforma para o Marco Regulatório das Comunicações, e a campanha “Para expressar a liberda-de!”, lançada pelo Forum Nacional pela Democratiza-ção da Comunicação - FNDC - com o objetivo de ampliar o entendimento e a conscienti-zação da população sobre o tema. A campanha resultou no Projeto de Lei de Inicia-tiva Popular - PLIP - Lei da Mídia Democrática, que tem como objetivo a regulação democrática sobre a atual estrutura do sistema de co-municação. Com o PLIP, pela Simone Kabarite INTERATIVA - Frente Am-pla pela Liberdade de Ex-pressão e Direito à Comu-nicação do Rio de Janeiro - Fale Rio - é o comitê local do FNDC. Quais são as suas principais atividades e seus projetos de atuação? Guilhon - O Canal da Cida-dania é uma das várias cam-panhas que desenvolvemos, é a possibilidade de termos, pela primeira vez, uma tv co-munitária digital aberta, com a participação da socieda-de civil organizada. O Canal da Cidadania, na realidade, terá mais quatro subcanais/ programações, duas destas são destinadas à socieda-de civil organizada. Nós do FNDC vimos estimulando en-tidades da sociedade civil, os movimentos sociais de todo o Brasil a se organizarem pra disputar a gestão destes ca-nais, nos municípios que soli-citaram o Canal, a partir dos seus Conselhos Municipais de Comunicação. primeira vez o Brasil avança na tentativa de criar um ins-trumento efetivo para imple-mentação do marco regulató-rio da comunicação. PARA EXPRESSAR A LIBERDADE A campanha “Para ex-pressar a liberdade”é uma iniciativa de centenas de en-tidades da sociedade civil que ao longo de muitos anos se organizam em torno da pauta da democratização da comunicação, lançada em 2012 e liderada pelo FNDC. Foram definidos os 20 pontos da campanha, que têm como INTERATIVA - E como fun-cionam os Conselhos Muni-cipais de Comunicação? Guilhon - A legislação que trata do Canal da Cidada-nia prevê a formação de um Conselho, composto pelo po-der público e pela socieda-de civil, para cada município que solicitar a concessão do canal. Como é uma tese que defendemos, uma das nossas lutas, elaboramos um projeto com artigos e conceitos sobre como deve ser a atuação deste Conselho, que deve garantir o FNDC cobra compromisso com a regulação das comunicações Em entrevista à Revista Interativa, o diretor da Associação das Rádios Públicas do Brasil - Arpub, e representante da entidade na Forum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Orlando Guilhon (foto), expõe as lutas e as dificuldades para garantir a regulamentação dos artigos 220 a 224 da Constituição que tratam da comunicação. Simone Kabarite
  • 5. 5 principal foco buscar apoio da sociedade para o PLIP. Para colocar o Projeto de Lei em debate no Congres-so Nacional são necessárias 1 milhão e 300 mil assinatu-ras. Neste caso, não é permi-tida assinaturas via internet, o que dificulta a agilidade do processo. No site (www.para-expressaraliberdade. org.br), é possível baixar os arquivos e ter acesso a informações da Campanha e do PLIP. CARTA AOS PRESIDENCIÁVEIS O PLIP ganha um reforço de peso para a mobilização e apoio popular, graças ao apoio da campanha do Ple-biscito por uma Constituinte Exclusiva do Sistema Políti-co, que incorporou a Campa-nha aos comitês de organiza-ção, distribuídos em diversas regiões do Brasil, que já es-tão empenhados em divulgar e colher assinaturas, no perí-odo de 1 a 7 de setembro. A expectativa é que com a incorporação das lutas, a campanha e o PLIP ganhem representatividade política na sociedade e, assim, au-mente a pressão junto ao poder público. Representan-tes do FNDC redigiram uma carta compromisso, que está sendo encaminhada aos can-didatos à presidência da Re-pública, a fim de comprome-ter as candidaturas com a pauta da democratização das comunicações. São inúmeros os desafios para o setor, resta ao can-didato eleito mostrar se está sintonizado com os novos ventos e anseios da socieda-de. Se em sua nova gestão a Presidente Dilma incorporar as mudanças e a renovação das comunicações tão ur-gentes na sociedade, terá marcado definitivamente seu nome na historia da demo-cracia do Brasil. caráter democrático e a re-presentatividade da sociedade civil organizada INTERATIVA - Os candida-tos nas eleições majoritárias e proporcionais do Rio estão sendo consultados pelo Fale Rio sobre o tema? Existe al-guma plataforma de debate com os candidatos? Guilhon - O momento é pro-picio para a articulação com candidatos e partidos que pri-vilegiam programas e propos-tas de projetos de lei sobre o tema. Temos uma plataforma estadual pela democratização da comunicação, que reúne questões como: fortalecimen-to das rádios comunitárias, o Canal da Cidadania, as mí-dias alternativas e o fomento à produção audiovisual inde-pendente. Como tradicional-mente fazem os representan-tes das diversas categorias - saúde, educação, meio am-biente -, nós do FNDC fize-mos uma carta compromisso, que está sendo encaminhada aos candidatos ao governo do estado e à presidência da República. A ideia é compro-meter as candidaturas com a pauta para as comunicações, por meio do desenvolvimento de políticas públicas. É uma forma de cobrarmos medidas dos candidatos eleitos que se comprometeram com a pro-posta. INTERATIVA - O Conse-lho de Comunicação Social foi uma luta do FNDC e, infelizmente, teve uma tra-jetória pouco democrática e efetiva, em função de in-teresses conservadores. O que o FNDC está fazendo para mudar essa atuação do CCS? Guilhon - O último mandato acabou em agosto e estamos lutando por uma nova elei-ção, pra evitar o desastre que foi ficar seis anos desativa-do (de 2006 a 2012), sendo que voltou a funcionar sem consulta da sociedade civil quanto à nomeação da dire-toria e dos cargos. Das 13 vagas, cinco devem ser reser-vadas para representantes da sociedade civil organizada, mas estavam sendo ocupa-das por empresários do setor, que já possuem quatro vagas no Conselho! Pra defender estes direitos, fizemos uma plataforma, selecionamos 10 candidatos pra disputar essas vagas, e estamos percorrendo os gabinetes das lideranças partidárias para apresentar nossa proposta e garantir o apoio para que a gestão seja mais republicana e democrá-tica que a última. Também solicitamos uma audiência com o presidente do senado, Renan Calheiros, para pedir agilidade na escolha da nova gestão para que não haja um hiato entre as gestões, como aconteceu anteriormente.
  • 6. 6 INTERATIVA - Além dos interesses econômicos e po-líticos dos empresários do setor, quais são os entraves que dificultam os avanços do Brasil na democratização da comunicação? Guilhon - Além destes cita-dos, a promiscuidade entre o Congresso Nacional e o em-presariado das comunicações. Muitas vezes, os próprios par-lamentares são os donos dos meios de comunicação ou colo-cam algum ‘laranja’. É quase que pedir para a raposa vigiar o galinheiro. No Brasil, os ar-tigos de 220 a 224 da Consti-tuição são dedicados ao tema, porém até hoje não foram regu-lamentados. Se conseguirmos a regulamentação, já será um grande avanço para a democra-cia da comunicação no país. INTERATIVA - O atual go-verno federal mostrou-se re-ceptivo ao projeto do marco regulatório, mas a questão não avançou. Qual é a ex-pectativa em relação ao fu-turo Governo? Guilhon - Na verdade, o se-gundo mandato do governo Lula deu alguns sinais positi-vos, inclusive, com a própria realizacão da I Confecom e a criação da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação). Havia uma promessa de rea-lização de um grande debate público sobre o marco regula-tório, inclusive, uma consulta pública, o jornalista Franklin Martins, ex-ministro do gover-no Lula, elaborou um antepro-jeto para ser tocado pelo atual ministro Paulo Bernardo, mas o mesmo nunca veio à tona. O que significa que a pressão dos radiodifusores e empresários das telecomunicações impede que o projeto saia do lugar. A direita é conservadora e os meios de comunicação priva-dos estão nas mãos desta di-reita, que bate na tecla de que regulação significa censura e o fim da liberdade de expres-são. Por isso nossa campanha chama-se Para Expressar a Liberdade, que é a tentativa de retomar essa bandeira para o nosso lado. Por isso, defende-mos a mais ampla liberdade de expressão, que é a possibilida-de de ter todas as vozes, todas as cores e todos serem livres pra defenderem suas ideias. MANIFESTAÇÃO EM DEFESA da democratização da mídia Regular não é censura! Regular as comunicações é garantir a participação da po-pulação e o compromisso com a cidadania. Controle social não é mecanismo de censura, ao contrário, reflete um alto grau de democracia. Países com democracia avançada con-tam com mecanismos de regulação para garantir direitos e inclusão de ideias da população. Segundo Orlando Guilhon, do FNDC, em países como os EUA, a Argentina, a França e a Grã-Bretanha o tema é tratado com seriedade, graças aos instrumentos que atuam como reguladores concretos, que fiscalizam o cumprimento da legislação. “No caso de violação, as empresas devem arcar com o rigor na aplica-ção da lei, que pode ser pagamento de multas elevadas ou perda da concessão”, afirma. O argumento de que regular é censura é fortemente utili-zado pelos donos dos meios de comunicação, a fim de fazer a sociedade crer que seria um mecanismo para cercear a liberdade de expressão e de imprensa. Porém, essa falsa neutralidade é uma forma de manter o discurso único da mídia hegemônica e seus interesses econômicos e políticos, isentando os empresários de qualquer responsabilidade so-bre o que publicam.
  • 7. 7 A reforma das telecomunicações A Câmara dos Deputados do México acaba de aprovar no último dia 8 de julho, por maioria absoluta, uma ampla reforma das leis de telecomunicações no país, que já havia passado pelo Senado, e que visa aumentar a competição e dar maiores condições de diversificação da comunicação aos seus cidadãos. Clube de Engenharia Como conseqüência, os gru-pos monopolistas na ra-diodifusão, Televisa, e nas telecomunicações, América Movil/ Telmex, serão direta-mente afetados e deverão ter que se reestruturar e se des-fazer de ativos, para diminuir seu poder no mercado mexi-cano. Da mesma forma, na Argentina, após uma batalha judicial intensa por cerca de quatro anos, a Suprema Corte declarou a constitucionalidade da Ley de Medios, que substi-tuiu todo um conjunto de leis implantadas na era da dita-dura militar, e vem obrigando o grupo monopolista Clarin a devolver concessões de rádio e televisão. Também o Uruguai, o Equador e a Venezuela tive-ram recentemente aprovadas leis semelhantes. A preocupação com mono-pólios e oligopólios em comu-nicações é particularmente relevante devido à facilidade de acesso à audiência e a sua possível manipulação comer-cial, política e institucional, por fontes de informação comprometidas. Praticamen-te todos os países do mundo, entre eles, EUA, Inglaterra, e Comunidade Européia, têm implementado alguma forma de evitar que órgãos de co-municação possam deter po-der de mercado significativo, para criar a possibilidade de maior diversidade, plurali-dade de escolha e, paralela-mente, fomentar a cultura e a produção local. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, em seu ar-tigo 220, parágrafo 5, diz textualmente: “Os meios de comunicação social não po-dem, direta ou indiretamen-te, ser objeto de monopólio ou oligopólios”. Esse artigo continua até hoje sem uma regulamentação que o torne aplicável na prática, obvia-mente por pressão daqueles interessados na manutenção do status quo. Por ocasião da Conferência Nacional de Co-municações, instituída pelo governo em 2009, acreditou- -se que as recomendações dali emanadas poderiam sig-nificar um sopro de renova-ção de nossas leis, mas não foi isso que aconteceu. MARCO CIVIL Nossa sociedade já demons-trou maturidade suficiente ao discutir e aprovar recen-temente o Marco Civil da In-ternet, em que todos cederam e ganharam com uma lei mo-derna, cuja discussão permeou democraticamente os diversos segmentos da população e das casas legislativas. Uma reto-mada do caminho desse deba-te para as telecomunicações parece viável e necessária. Dentro de nossas característi-cas e realidades, a busca por universalização de serviços, qualidade, menores tarifas, maior incentivo à industria e maior diversidade de informa-ção é uma aspiração legítima da nossa sociedade. Os exemplos de Argentina e México, que enfrentaram todos os argumentos da imo-bilidade e partiram para uma discussão difícil, mas respon-sável, sugerem uma reflexão aos futuros governantes em suas plataformas para as próximas eleições. As tele-comunicações nacionais, que outrora já foram fontes de acertos, atualmente se en-contram em situação crítica. Sua regulamentação é atra-sada, a indústria, a pesquisa e o desenvolvimento encolhe-ram, os serviços têm qualida-de sofrível, as tarifas são al-tas e a balança comercial do setor é negativa. Portanto, toda uma série de iniciativas na linha da modernização do ambiente do setor se faz ne-cessária e os candidatos se-rão instados a se pronunciar a respeito. O Clube de Enge-nharia, como entidade da so-ciedade civil, apoia a abertu-ra de discussão que proponha medidas que venham alavan-car o desenvolvimento do se-tor e dar melhores condições de bem estar e informação ao cidadão. artigo
  • 8. 8 capa Rede Globo comete crime O ditado popular “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” se aplica perfeitamente a Rede Globo. A emissora, acostumada a defender a ética e denunciar os crimes de corrupção, está longe de praticar o que defende. O crime de sonegação fiscal e operações fraudulentas em paraísos fiscais através de empresas ‘laranjas’ é tão grave quanto o de corrupção. E a Globo está sendo in-vestigada por sonegar mais de R$ 1 bilhão. Esse crime vem sendo denunciado desde 2006, mas so-mente em julho de 2013, foram divulgadas as primeiras fo-lhas de um processo de cerca 1.800 páginas, um escândalo nacional. Além de usar os seus noticiários e toda sua pro-gramação, inclusive, as novelas, para distorcer e manipular os fatos, a emissora de Roberto Marinho é investigada pela Polícia Federal. Os responsáveis pela divulgação dessa bomba, no ano pas-sado, foram os blogueiros Miguel do Rosário de “O Cafezi-nho” e Alexandre César Teixeira do “Megacidadania”, que acabam de divulgar a íntegra do processo e quem quiser pode conferir no link: http://www.megacidadania.com.br/ bomba-a-corrupcao-da-tv-globo/. Em entrevista à Revista Interativa (RI), Alexandre César (AC) fala tudo sobre essa investigação. Socorro Andrade RI - Qual o valor da dívida fiscal da Globo em valores atuais? AC - Quero agradecer ao pessoal do Sinttel a chance de poder falar para categoria. Os valores se referem aos direi-tos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. A TV Globo usou de um mecanismo frau-dulento (uma triangulação com empresas ‘laranjas’ nas Ilhas Virgens, no Caribe) para não pagar impostos. A fraude foi detectada pela Receita Fe-deral. Além de haver o crime contra o Fisco, há também o crime contra o sistema finan-ceiro. São dois delitos, um de- lito na área tributária e outro na esfera criminal. Esse delito na área criminal envolve di-retamente o falecido Rober-to Marinho e seus filhos, que teriam assinado de próprio punho as empresas ‘laranjas’ num paraíso fiscal no Caribe. RI - E qual é o valor dessa dívida? AC - Em 2006 este valor estaria em R$ 650 milhões, a atualização de lá pra cá de-pende de uma séria de critérios técnicos, hoje ultrapassa segu-ramente R$ 1 bilhão, eles não mostram a DARF (Documento de Arrecadação Fiscal). Além disso, tem o crime contra o sis-tema financeiro. RI - Como se descobriu essa fraude? AC - Posso dizer que foi uma sorte muito grande nossa de ter tido acesso a essa do-cumentação. Já existia desde 2006, um zum zum no mer-cado de que a Globo devia um valor muito alto à Receita Federal, mas ninguém nunca teve acesso aos documentos. Ficamos sabendo depois, o Portal “Megacidadania” e o Blog “O Cafezinho”, nós dois em parceria, mas principal-mente, “O Cafezinho”, divul-gou as primeiras folhas desse processo da Receita Federal. E por que nós tivemos acesso a isso? Porque um processo gi-gantesco contra a Rede Globo Socorro Andrade ALEXANDRE CÉSAR, do portal Megacidadania
  • 9. 9 de sonegação fiscal cesso ocorreu justo nesse mo-mento e criou-se um prazo ex-traordinário para Rede Globo que, naquele momento estava com as suas finanças estraça-lhadas, estou falando do ano de 2006. Então, é óbvio que para qualquer investigador iniciante, a primeira pergunta que se faz quando se investiga um crime é: a quem beneficia o crime?, para a partir daí fa-zer a investigação. É isso que esperamos que a Policia Fede-ral esteja fazendo. RI - A Rede Globo se diz imparcial em seus noticiá-rios, mas sabemos que ela não é, muito pelo contrário, privilegia descaradamente um determinado segmento. Até que ponto essa parcia-lidade tem a ver com a sua impunidade ao crime de so-negação fiscal? AC - Essa pergunta é mui-to importante nesse momen-to, inclusive, acaba de entrar foi roubado de dentro da Re-ceita por uma funcionária que se encontrava de férias e que foi à Receita, supostamente só para sumir com o proces-so. O processo em questão era esse. A funcionária foi presa, mas teve sua defesa entregue a um grande escritório de ad-vocacia e foi solta mediante habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O fato é que, o proces-so foi roubado e a Receita o reconstituiu. Ninguém sabe em que moldes ela o reconsti-tuiu, mas tudo leva a crer que não foi à luz daquele que estava lá den-tro. Em julho do ano pas-sado, nós di-vulgamos 25 páginas desse processo que foi roubado e que conta com cerca de 1.800 pá-ginas. Essas “Na verdade, os blogueiros são os que mais cobram, só que cobram com coerência, diferentemente da velha mídia empresarial que só faz chantagem em defesa de seus interesses” 25 páginas causaram uma verdadeira hecatombe dentro da Rede Globo, a ponto dela emitir três notas públicas ofi-ciais para tentar se justificar. Nós recebemos essas páginas de uma fonte que não quer se identificar e que nos deu mais 29 páginas do mesmo proces-so em julho deste ano e agora liberou a íntegra do mesmo não apenas para nós, mas para mais 50 jornalistas no Brasil inteiro, para que todos possam levar ao conhecimen-to da socieda-de, fazer suas investigações e comprovar o quanto a Glo-bo é falaciosa quando diz que é isenta e nunca comete nenhum tipo de delito. RI - Ao lon-go de todo esse tempo a Globo chegou a ser punida ou multada por essa sonegação fiscal? AC - Ela foi notificada 776 vezes. Na verdade, quando esse processo foi roubado de dentro da Receita a TV Globo já estava com o DARF pronto no valor de R$ 650 milhões. Não tinha mais jeito, aquilo seria enviado para Ministério Público Federal para fins de apuração penal e a Globo não tinha mais como não pagar essa dívida. O roubo do pro-
  • 10. 10 em cartaz um filme intitulado “O Mercado de Notícias”, do grande cineasta gaúcho Jorge Furtado, diretor de Ilha das Flores. Esse filme trata exata-mente do cerne dessa pergun-ta. Ele entrevistou 13 grandes jornalistas brasileiros, como Geneton de Moraes Neto, Luís Nassif, Bob Fernandes, Jânio de Freitas, Paulo Moreira Lei-te, Raimundo Pereira, dentre outros. O enredo é baseado numa peça teatral do início do século XVI, na época da criação da imprensa onde, te-oricamente, surgiu a figura do jornalista e trata exatamente dessa questão da imparciali-dade. O Bob Fernandes, titu-lar do Portal Terra, que é um dos entrevistados, no seu de-poimento diz mais ou menos o seguinte: que nunca teria sido censurado pelo governo, no en-tanto, já viu várias vezes os do-nos dos veículos de comunica-ção determinarem o que pode ou não ser divulgado e que isso é a pior censura. RI - Não é uma incoerên-cia uma empresa sonegado-ra como a Globo assumir a bandeira da ética? AC - Até agora o povo não sabia disso. A Rede Globo es-tava se utilizando de diversos expedientes para esconder essa informação, só depois do vazamento das primei-ras páginas desse processo é que uma parcela do público começou a ter acesso a essa importante informação e curiosamente a partir daquele momento o percentual de au-diência da TV Globo começa a declinar vertiginosamente. RI - Qual a ligação entre a sonegação e o sistemático bloqueio da Globo à comuni-cação, inclusive, ao Centro Barão de Itararé e ao Sindi-cato dos Jornalistas do Mu-nicípio do Rio de Janeiro? AC - Antes de o público ter acesso a essa informação de crime de sonegação a Globo não dava a menor bola para o trabalho que os blogs faziam, os blogs e os internautas, por-que os blogs sem os internau-tas não são nada. Na ver-dade, o tra-balho da blo-gosfera que é esse grande c omp a r t i - lhamento de informações, só tem valor, quando o in-ternauta se sente conven-cido “Essas 25 páginas causaram uma verdadeira hecatombe dentro da Rede Globo, a ponto dela emitir três notas públicas oficiais para tentar se justificar” de que aquela informação é importante. Se eu colocar alguma matéria no “Mega-cidadania”, “O Cafezinho”, “Conversa Afiada”, do Paulo Henrique Amorim, “Viomun-do”, do Luís Carlos Azenha, no “Escrevinhador”, do Rodrigo Viana e diversos outros, essa matéria, essa informação só é compartilhada e difundida se tiver credibilidade. Vivemos da credibilidade, por isso a segunda entrevista coletiva do presidente Lula com nove blogueiros, na qual Miguel do Rosário, de “O Cafezinho”, estava, causou furor na velha imprensa. Os veículos tradi-cionais ficaram furiosos. Na verdade, os blogueiros são os que mais cobram, só que cobram com coerência, dife-rentemente da velha mídia empresarial que só faz chan-tagem em defesa de seus in-teresses comerciais. RI - Por que a Globo é a principal interessada em im-pedir a aprovação de uma nova legislação para as co-municações no Brasil e jun-to com aos demais grupos midiáticos vinculam isso à censura? AC - A Globo apoiou o gol-pe militar, quis impedir as Di-retas Já. Então, ela tem um histórico de estar alinhada ao poder, ao sta-tus quo vigen-te. Diferente-mente disso, a partir de 2002, quando tomou posse o presidente Lula, a Glo-bo resolveu partir para o ataque direto e isso a gente observa até hoje e o público também consegue perceber a manipulação. Um assunto que envolve o governo atual é motivo de escândalo e sen-sacionalismo, mas quando fatos, até mais graves dizem respeito aos opositores do governo, isso não ocorre. Ao fazer isso ela fere a própria Constituição, artigos 220 a 224, que estabelecem o fim da propriedade cruzada e dos oligopólios. A Globo quer ser a dona daquilo que o povo pode ou não saber e de que forma o povo deve saber. Ela quer impor um pensamento único, ao contrário da blogosfera que consegue fazer o contra-ponto, mostrando documen-tos, artigos, fundamentando e permitindo a sociedade ver as diversas opiniões sobre um mesmo fato. Por isso ela vem perdendo audiência a cada dia e teme a regulamentação.
  • 11. O brasileiro começa a se ver na TV por assinatura Três anos depois de aprovada a nova lei da TV por assinatura, que teve como relator o deputado federal Jorge Bittar, é um sucesso. Os dados da Ancine (Agência Nacional de Cinema) demonstram os avanços alcançados. artigo Rosa Leal a viabilidade econômica dos a bloquear, por exem-plo, Ncanais brasileiros de espaço todas as tentativas de o final de 2013 o Brasil qualificado independentes, regulamentar os artigos 220 contava com 18 milhões especialmente dos canais de a 224 do capítulo V da Cons-tituição (crescimento de 41,7% 12 horas; regionalizar a pro-dução; Federal, que trata da em relação a 2011) de assi-naturas consolidar o direito do Comunicação Social. dos serviços de TV consumidor quanto ao núme-ro Apesar de toda essa pres-são paga. Com este resultado o de reprises; estabelecer contrária, a lei foi apro-vada. Brasil encerrou o ano com uma programação não linear Não é a lei dos sonhos 28,9 assinaturas para cada como espaço para os conteú-dos de nenhum dos setores envol-vidos, grupo de cem domicílios. brasileiros. mas são muitos os seus Considerando a estimativa do Aprovada em setembro de pontos positivos: a inclusão Instituto Brasileiro de Geo-grafia 2011, a Lei 12.485, que criou de mais atores na cadeia de e Estatística (IBGE), o Serviço de Acesso Con-dicionado valor (produção, programa-ção, de 3,2 pessoas por domicílio, (SeAC), não teve empacotamento, distri-buição), os serviços de TV por Assi-natura uma tramitação fácil. Em deixando claro que estavam disponíveis, que pese o processo ao mes-mo quem produz conteúdo não no final do ano de 2013 para tempo rico e polêmico no pode distribuir e vice-versa; 57,6 milhões de brasileiros. qual a sociedade civil, o Po-der o incentivo a várias fontes A arrecadação para investi-mentos Executivo e os represen-tantes de produção de conteúdo na-cional em audiovisual cres-ceu do mercado apresen-taram e independente; várias 17 vezes. suas propostas, a lei plataformas para distribui-ção Houve um aquecimento da foi intensamente combatida dos diversos conteúdos, produção – alta taxa de ocu-pação, por estes últimos, principal-mente, entre outros. A lei também incremento de receitas os radiodifusores e a é importante por estabelecer e salários (os técnicos em ope-ração ABTA (Associação Brasileira um limite de 25% de publici-dade, de câmera fotográfica, de TV por Assinatura). mesmo percentual da de cinema e de televisão, por Refratários a qualquer mu-dança TV aberta. Antes não havia exemplo, tiveram aumento em relação ao que era nenhum limite. real de 51,1% nos salários). E estabelecido, os represen-tantes É importante destacar que a quantidade de horas de con-teúdo do mercado tentaram não é verdade que antes da brasileiro veiculado em passar a ideia de que regu-lamentar Lei não existia regulação. 2012 (14 canais monitorados) significa censurar Existia, sim, só que feita ex-clusivamente mais do que triplicou. conteúdos. pelo mercado. A Ainda há muitos desafios a nova lei trouxe a perspectiva serem superados. E é a pró-pria O ATAQUE DA SKY de um equilíbrio entre o mer-cado Ancine quem reconhe-ce. A SKY chegou a criar um e o Estado. O sucesso da É necessário simplificar site para fazer uma campa-nha Lei 12.485, demonstra que a procedimentos de financia-mento contra a Lei e contra o sociedade está madura, tem à produção; investir relator, deputado Jorge Bit-tar capacidade e exige fazer o na capacitação e ampliação (PT-RJ). Esses mesmos próximo debate: o marco re-gulatório da mão de obra; consolidar segmentos ainda hoje conti-nuam das comunicações. 11
  • 12. 12 teleatendentes PL 2673: sete anos de luta e vitória A aprovação do Projeto de Lei 2673/2007, pela Comissão de Desenvolvimento Econômico na Câmara dos Deputados, em Brasília, em fevereiro de 2014, foi mais uma etapa vencida nas batalhas travadas pelos sindicatos de trabalhadores em telecomunicações Arquivo Imprensa Sinttel-Rio Deputados Jorge Bittar, federal (PT-RJ), e Gilberto Palmares, estadual (PT-RJ), em audiência pública no Sinttel-Rio Rosa Leal Em particular, do Sinttel Rio, da Fenattel e de dois parlamentares que têm se desdobrado para que a ativi-dade de teleatendimento seja regulamentada: Jorge Bittar e Gilberto Palmares, respec-tivamente deputado federal e estadual do Rio de Janeiro. Ambos ouviram a categoria e, junto com o Sinttel, formu-laram a proposta de projeto que foi vitoriosa. O PL está agora na Comis-são de Constituição e Justi-ça. Depois disso irá direto para o Senado, onde Bittar e Gilberto já anteciparam que continuarão acompanhando sua apreciação, mantendo a luta para que o projeto seja aprovado. Nesses sete anos foram mui-tas idas e vindas. Reuniões no Rio de Janeiro, em Brasília, mobilização dos trabalhado-res em nível nacional. Abaixo assinado com milhares de as-sinaturas entregues ao presi-dente da Câmara, cobrando a aprovação do PL 2673. Reu-niões nas comissões temáticas do Congresso. Participação em audiências e consultas. Um trabalho árduo e frutífero porque conseguimos conven-cer todas as comissões pelas quais tramitou o projeto de que ele é importante para os trabalhadores em telecomu-nicações e também para a sociedade. Para os trabalha-dores, porque coloca regras claras em relação à jornada e às condições de trabalho. Para a sociedade porque, com regras claras, será possível obter uma maior qualidade do serviço prestado. O setor de teleatendimento é um dos que mais cresce no país. Estima-se que hoje te-nha mais de um milhão de tra-balhadores, a maior parte no Rio e em São Paulo.
  • 13. 13 O serviço de telatendimen-to, por si só, é profundamente estressante e leva muitos em-pregados, a maioria jovens na faixa etária de 18 a 29 anos, a contraírem doenças ocupa-cionais como síndromes do pâ-nico, de Burnout, problemas auditivos, de voz e LER. As empresas, por sua vez, pioram a situação não respei-tando o Anexo II da NR 17 e submetem os trabalhadores a condições desumanas, com O que diz o PL 2673/2007 De acordo com o proje-to, a jornada normal de trabalho não poderá ser superior a 6 horas, e a carga horária semanal não poderá ultrapassar 36 horas. No caso de trabalho em tempo par-cial, o limite da jorna-da será de 4 horas, e a carga semanal será de no máximo 24 horas. O texto aprovado também exige que, a cada período de 50 minutos, o traba-lhador de telemarketing e teleatendimento te-nha um intervalo de 10 minutos para descanso. Esses intervalos deverão ocorrer fora do posto de trabalho. O PL também proíbe a prorrogação da jorna-da, exceto em casos de força maior, necessidade imperiosa ou conclusão de serviços inadiáveis. Outra determinação é que o trabalho seja orga-nizado de forma a evitar atividades aos sábados, domingos e feriados. Se não for possível, haverá compensação por meio de pelo menos um repou-so semanal remunerado coincidente com um sá-bado e domingo a cada mês. Ainda de acordo com o PL, mesmo o tra-balhador em tempo par-cial não poderá receber menos do que o salário mínimo. jornadas abusivas de mais de 6 horas. Não bastasse isso, a maioria delas controla até o tempo de ida dos trabalhado-res ao banheiro e não respeita as pausas legais. Para pôr fim a estas prá-ticas é urgente a aprovação, agora no Senado, dessa lei que tem o apoio intenso dos sindicatos e da federação dos trabalhadores em telecomuni-cações. Parabéns a todos que lutam e lutaram. UM ABAIXO-ASSINADO com milhares de assinaturas colhidas em todo o país, cobrando agilidade e a aprovação do PL 2673, foi entregue ao presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) dia 02/04/2014
  • 14. 14 artigo Mais banda larga, mais futuro A discussão sobre um novo modelo para as telecomunicações no Brasil tem sido uma das principais bandeiras do Instituto Telecom. E a base deste novo modelo é a banda larga, essencial para o desenvolvimento econômico, social, cultural e político do país.Ou seja, não se trata de uma discussão apenas de infraestrutura, mas do que desejamos para o nosso país nos próximos 40, 50 anos. Instituto Telecom Em 2003, o governo federal lançou o Programa Nacio-nal de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elé-trica (Luz para Todos) visando o provimento do acesso à ener-gia elétrica à totalidade da população do meio rural bra-sileiro, num contexto que 80% da exclusão elétrica estava no meio rural. Não era apenas um programa de infraestrutura. Mas uma forma de garantir desenvolvimento social e eco-nômico em comunidades de baixa renda, contribuindo para a redução da pobreza e para o aumento da renda familiar. Depois do “Luz Para Todos” está na hora do ”Banda Larga Para Todos”. A banda larga no Brasil é cara, concentrada e lenta. Apenas 35% dos domicílios têm banda larga, localizados principalmente no Sul, Sudes-te e Centro-Oeste. É um servi-ço cinco vezes mais caro que no Japão; 2,7 vezes que na Rússia e 2,5 vezes mais caro que no México. A criação de um Plano Nacional de Banda Larga é essencial para o país. O Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) foi oficialmente criado pelo decreto nº 7.175, em 12 de maio de 2010. A Telebras, antiga holding das empresas estatais de telefonia brasileira, foi reestruturada e reativada pelo governo para se tornar a operadora do back-bone da rede pública nacional que será usada pelo PNBL. O que se espera do governo, contudo, é que ele entenda que a banda larga é tão necessária quanto a saúde, educação e se-gurança pública e implemente todos os esforços para que este serviço de interesse coletivo chegue a todos os cidadãos. Daí a necessidade da banda larga ser prestada em regime misto: público e privado. As concessões para as em-presas que estão monopolizan-do o serviço de banda larga foram, justamente, feitas pelo Estado. A Telebras pode ser uma solução para esse mono-pólio, atuando como um ins-trumento de regulação do mer-cado. Mas, não se pode achar que sozinha a estatal tenha condições de se arriscar a levar a internet às regiões de difícil acesso. Ela não tem estrutura para isso e vai continuar de-pendendo de outros agentes do mercado para levar a última milha até o usuário final. Claro que este é um bom co-meço. No entanto, ainda per-manece uma questão política: por que a Telebras tem que levar a banda larga para os mais pobres e as concessioná-rias atenderem apenas a par-cela mais rica da população? Não podemos correr o risco de a Telebras acabar virando uma banda larga para pobre e as concessionárias virarem banda larga para rico. A sociedade civil tem que ser ouvida. As decisões da Confe-rência Nacional das Comu-nicações (Confecom) não po-dem ser esquecidas. O Fórum Brasil Conectado, criado para discutir os vários aspectos do Plano Nacional de Banda Lar-ga (política industrial, pesqui-sa, conteúdo, infraestrutura) deve ser reconvocado. O PNBL tem que contem-plar a participação do Esta-do, intervindo e defendendo o interesse público. Mas, deve ter em seu planejamento um projeto integrado com os go-vernos estaduais e municipais, operadoras fixas, de cabo, de celular e os provedores de acesso. Um plano nacional que deve assistir o país, do Oiapoque ao Chuí. Um plano que pense na diversidade de empresas, com suas tecno-logias distintas, capazes de alcançar diferentes tipos de lugares e condições de rendas.
  • 16. 16