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A leitura
Modelos explicativos
do processo de leitura
Barroco, JA (2004) Formar Leitores, Dissertação
A leitura
O processo de leitura é complexo e
envolve fatores que, embora distintos, estão
intimamente ligados, como fatores linguísticos,
fisiológicos e psicológicos.
O processo de leitura inclui ainda a relação
do leitor com o texto e tudo aquilo que
envolve esta relação: o contexto.
A leitura
Até aos finais da década de cinquenta, não
existiam modelos que explicitassem o
processo de leitura.
A partir de meados da década de
setenta, começaram a aparecer vários
modelos que explicavam o mesmo
processo, baseados em estudos que na época
eram realizados.
A leitura
Modelo ascendente - defende que ler é
decodificar grafemas.
Modelo descendente - defende que ler é
compreender.
Modelo interativo - defende a conjugação dos
modelos anteriores.
Modelo Ascendente
A leitura é um processo linear:
parte da identificação das unidades
mais pequenas do
texto, progredindo para unidades
cada vez mais alargadas, ou
seja, parte da letra para a
frase, passando pela sílaba e pela
palavra.
Modelo Ascendente
É um processo hierarquizado no
sentido ascendente, indo das
informações consideradas de nível
inferior (visuais, gráficas e
fonémicas) até às informações de
nível superior (sintáticas e
semânticas).
Modelo Ascendente
Sendo um processo intuitivo, segue as seguintes fases:
fixação do olhar;
representação icónica;
identificação de letras;
relacionação com os conhecimentos lexicais possuídos;
representação fonémica;
registo na memória de curta duração;
passagem para a memória de longa duração
(onde intervêm os conhecimentos sintáticos e semânticos,
que conferem sentido ao que se leu).
Modelo Ascendente
Ler é decodificar grafemas, transformar a
mensagem escrita em mensagem sonora. Esta
operação inclui a consideração de que a leitura se
processa da esquerda para a direita, do alto para
baixo, e respeitando marcas de pontuação.
Aprender a ler consiste em aprender as leis da
decodificação e saber ler é aplicá-las corretamente. O
ponto de partida é o dado exterior e a compreensão
gera-se a partir da análise progressiva do texto escrito.
Modelo Ascendente
Em suma,
atribui-se maior relevância à decifração,
deixando para um plano secundário aspetos
discursivos, pragmáticos, experienciais e
contextuais.
Modelo Descendente
O modelo descendente atribui um papel
extremamente importante à compreensão
partindo do princípio de que ler é
compreender.
Por esse motivo, para os seus defensores,
o processo de leitura consiste no confronto do
leitor com as palavras do texto, conjeturando
e adivinhando.
Modelo Descendente
Kenneth Goodman concebe a leitura como um
jogo psicolinguístico de adivinhação.
Frank Smith entende que a base da
compreensão é a previsão ou antecipação.
Ambos seguem opções construtivistas, pois
explicam a leitura através de um processo
construtivo interno e não de um processo
aditivo exterior.
Modelo Descendente
Kenneth Goodman: “the writer leaves much for
the reader to infer”.
Da interação entre o texto e os seus leitores
resulta uma pluralidade de leituras:
“the writer constructs a text with a meaning
potential that will be used by readers to construct
their own meaning” .
“the readers text involves inferences, references, and
coreferences based on schemata that the reader
brings to the transaction.”
Modelo Descendente
COMPREENSÃO DO TEXTO
resulta da capacidade de o leitor intervir “com os seus
conhecimentos, formação, ideias, sentido crítico, experiência
acumulada, adjuvada pela sua enciclopédia”, sendo a leitura o resultado
de um diálogo entre o leitor e o texto.
A leitura é um processo seletivo. O leitor recorre apenas a uma parte dos índices
linguísticos disponíveis. Ao processar essa informação parcial, formula hipóteses, a
partir dos conhecimentos armazenados na memória de longa duração, que serão
posteriormente confirmadas ou não. O leitor não necessita de percorrer toda a
estrutura de superfície para atribuir sentido ao texto. Deve recorrer à estrutura
profunda do texto, usando a sua capacidade de prever.
Modelo Descendente
LEITOR COMPETENTE:
antecipa relações sintáticas, valores
semânticos, acontecimentos, mesmo antes de completar os
ciclos ótico e percetivo, mas terminando com a sensação de
ter visto cada traço gráfico, ter identificado cada forma e
palavra.
LEITURA EFICIENTE:
resulta da hábil seleção do menor número possível de índices
mais produtivos necessários à formulação de hipóteses. A
capacidade de antecipar o que ainda não se viu é vital na
leitura, assim como a capacidade de antecipar o que ainda
não se ouviu é vital na compreensão oral.
Modelo Descendente
Os estádios superiores determinam o processo de leitura, mais do que os estádios
inferiores, orientados para a decodificação gráfica, pois o processo parte das
previsões do leitor em relação texto e não do texto em si. O leitor possui já algumas
expectativas, formulando hipóteses e fazendo previsões que, no confronto com o
texto, vão ser confirmadas ou infirmadas.
O processo de leitura começa quando se olha para o texto e se fixam partes do
mesmo, recolhendo indicações e tendo em conta o contexto e as expectativas do
leitor; seguidamente, faz-se uma ideia da palavra e da frase, mantendo-a na
memória a curto prazo, comparando o texto presente com o que se esperava,
escolhendo as melhores indicações que se lhe adaptam e, finalmente, passando-a
para o centro de compreensão.
O leitor baseia-se na sua enciclopédia e serve-se do texto para confirmar ou infirmar
as hipóteses levantadas. Adota estratégias de leitura rápida, retirando do texto o
mínimo possível de índices de que necessita para a compreensão e deixando para
segundo plano tudo o que é redundante.
Modelo Interativo
O modelo interativo combina os modelos ascendente (botton-up) e descendente
(top-down).
Todas as fontes de informação atuam simultaneamente, durante a leitura: tanto a
identificação, o reconhecimento de letras, a sua tradução em sons como a
compreensão formulação de hipóteses e conjeturas para descobrir o seu
significado estão intimamente implicados no processo, numa relação de
interdependência.
Todos os estádios são importantes, uma vez que todos eles contribuem para uma
leitura fluente e para a compreensão: quaisquer níveis ou estádios interagem com
quaisquer outros, pois todos concorrem para a eficácia da leitura.
Modelo Interativo
Os modelos anteriores não devem ser
encarados isoladamente, mas antes interligados,
poi sambos se complementam. Se o modelo
ascendente valoriza o texto, e o descendente
enfatiza a compreensão, o modelo interativo
defende que ler consiste não só na capacidade de
decodificar as letras até às frases, mas também
de compreender um texto.
Modelo Interativo
O modelo interativo é aquele que melhor
define o processo de leitura, na medida em
considera importantes tanto as ideias defendidas
pelo modelo ascendente, como pelo modelo
descendente. O modelo interativo apoia-se
exatamente na complementaridade dos outros
dois modelos.

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A leitura

  • 1. A leitura Modelos explicativos do processo de leitura Barroco, JA (2004) Formar Leitores, Dissertação
  • 2. A leitura O processo de leitura é complexo e envolve fatores que, embora distintos, estão intimamente ligados, como fatores linguísticos, fisiológicos e psicológicos. O processo de leitura inclui ainda a relação do leitor com o texto e tudo aquilo que envolve esta relação: o contexto.
  • 3. A leitura Até aos finais da década de cinquenta, não existiam modelos que explicitassem o processo de leitura. A partir de meados da década de setenta, começaram a aparecer vários modelos que explicavam o mesmo processo, baseados em estudos que na época eram realizados.
  • 4. A leitura Modelo ascendente - defende que ler é decodificar grafemas. Modelo descendente - defende que ler é compreender. Modelo interativo - defende a conjugação dos modelos anteriores.
  • 5. Modelo Ascendente A leitura é um processo linear: parte da identificação das unidades mais pequenas do texto, progredindo para unidades cada vez mais alargadas, ou seja, parte da letra para a frase, passando pela sílaba e pela palavra.
  • 6. Modelo Ascendente É um processo hierarquizado no sentido ascendente, indo das informações consideradas de nível inferior (visuais, gráficas e fonémicas) até às informações de nível superior (sintáticas e semânticas).
  • 7. Modelo Ascendente Sendo um processo intuitivo, segue as seguintes fases: fixação do olhar; representação icónica; identificação de letras; relacionação com os conhecimentos lexicais possuídos; representação fonémica; registo na memória de curta duração; passagem para a memória de longa duração (onde intervêm os conhecimentos sintáticos e semânticos, que conferem sentido ao que se leu).
  • 8. Modelo Ascendente Ler é decodificar grafemas, transformar a mensagem escrita em mensagem sonora. Esta operação inclui a consideração de que a leitura se processa da esquerda para a direita, do alto para baixo, e respeitando marcas de pontuação. Aprender a ler consiste em aprender as leis da decodificação e saber ler é aplicá-las corretamente. O ponto de partida é o dado exterior e a compreensão gera-se a partir da análise progressiva do texto escrito.
  • 9. Modelo Ascendente Em suma, atribui-se maior relevância à decifração, deixando para um plano secundário aspetos discursivos, pragmáticos, experienciais e contextuais.
  • 10. Modelo Descendente O modelo descendente atribui um papel extremamente importante à compreensão partindo do princípio de que ler é compreender. Por esse motivo, para os seus defensores, o processo de leitura consiste no confronto do leitor com as palavras do texto, conjeturando e adivinhando.
  • 11. Modelo Descendente Kenneth Goodman concebe a leitura como um jogo psicolinguístico de adivinhação. Frank Smith entende que a base da compreensão é a previsão ou antecipação. Ambos seguem opções construtivistas, pois explicam a leitura através de um processo construtivo interno e não de um processo aditivo exterior.
  • 12. Modelo Descendente Kenneth Goodman: “the writer leaves much for the reader to infer”. Da interação entre o texto e os seus leitores resulta uma pluralidade de leituras: “the writer constructs a text with a meaning potential that will be used by readers to construct their own meaning” . “the readers text involves inferences, references, and coreferences based on schemata that the reader brings to the transaction.”
  • 13. Modelo Descendente COMPREENSÃO DO TEXTO resulta da capacidade de o leitor intervir “com os seus conhecimentos, formação, ideias, sentido crítico, experiência acumulada, adjuvada pela sua enciclopédia”, sendo a leitura o resultado de um diálogo entre o leitor e o texto. A leitura é um processo seletivo. O leitor recorre apenas a uma parte dos índices linguísticos disponíveis. Ao processar essa informação parcial, formula hipóteses, a partir dos conhecimentos armazenados na memória de longa duração, que serão posteriormente confirmadas ou não. O leitor não necessita de percorrer toda a estrutura de superfície para atribuir sentido ao texto. Deve recorrer à estrutura profunda do texto, usando a sua capacidade de prever.
  • 14. Modelo Descendente LEITOR COMPETENTE: antecipa relações sintáticas, valores semânticos, acontecimentos, mesmo antes de completar os ciclos ótico e percetivo, mas terminando com a sensação de ter visto cada traço gráfico, ter identificado cada forma e palavra. LEITURA EFICIENTE: resulta da hábil seleção do menor número possível de índices mais produtivos necessários à formulação de hipóteses. A capacidade de antecipar o que ainda não se viu é vital na leitura, assim como a capacidade de antecipar o que ainda não se ouviu é vital na compreensão oral.
  • 15. Modelo Descendente Os estádios superiores determinam o processo de leitura, mais do que os estádios inferiores, orientados para a decodificação gráfica, pois o processo parte das previsões do leitor em relação texto e não do texto em si. O leitor possui já algumas expectativas, formulando hipóteses e fazendo previsões que, no confronto com o texto, vão ser confirmadas ou infirmadas. O processo de leitura começa quando se olha para o texto e se fixam partes do mesmo, recolhendo indicações e tendo em conta o contexto e as expectativas do leitor; seguidamente, faz-se uma ideia da palavra e da frase, mantendo-a na memória a curto prazo, comparando o texto presente com o que se esperava, escolhendo as melhores indicações que se lhe adaptam e, finalmente, passando-a para o centro de compreensão. O leitor baseia-se na sua enciclopédia e serve-se do texto para confirmar ou infirmar as hipóteses levantadas. Adota estratégias de leitura rápida, retirando do texto o mínimo possível de índices de que necessita para a compreensão e deixando para segundo plano tudo o que é redundante.
  • 16. Modelo Interativo O modelo interativo combina os modelos ascendente (botton-up) e descendente (top-down). Todas as fontes de informação atuam simultaneamente, durante a leitura: tanto a identificação, o reconhecimento de letras, a sua tradução em sons como a compreensão formulação de hipóteses e conjeturas para descobrir o seu significado estão intimamente implicados no processo, numa relação de interdependência. Todos os estádios são importantes, uma vez que todos eles contribuem para uma leitura fluente e para a compreensão: quaisquer níveis ou estádios interagem com quaisquer outros, pois todos concorrem para a eficácia da leitura.
  • 17. Modelo Interativo Os modelos anteriores não devem ser encarados isoladamente, mas antes interligados, poi sambos se complementam. Se o modelo ascendente valoriza o texto, e o descendente enfatiza a compreensão, o modelo interativo defende que ler consiste não só na capacidade de decodificar as letras até às frases, mas também de compreender um texto.
  • 18. Modelo Interativo O modelo interativo é aquele que melhor define o processo de leitura, na medida em considera importantes tanto as ideias defendidas pelo modelo ascendente, como pelo modelo descendente. O modelo interativo apoia-se exatamente na complementaridade dos outros dois modelos.