SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 10
“EU NUNCA GUARDEI 
REBANHOS” 
Análise do poema de Alberto Caeiro
Introdução: 
ste é o primeiro poema do heterónimo, Alberto Caeiro, 
de Fernando Pessoa. 
o primeiro de 49 poemas que constituem “O 
Guardador de Rebanhos” e que segundo Fernando 
Pessoa este poema foi escrito quase todo o dia 8 de 
março de 1914, “o dia triunfal” da sua vida. 
sse dia triunfal fora então o dia em que surgiram os três heterónimos de 
Fernando Pessoa
Caeiro surge-nos neste poema como o poeta 
da objetividade do imediatismo das 
sensações: v.7-8. 
Aqui o poeta deseja que os seus versos levem 
os leitores a imaginá-lo como uma coisa 
natural, como uma árvore, por exemplo, à 
sombra da qual se sentavam, quando 
crianças, cansados de brincar. Também 
podemos entender a ideia de Eu sou um 
quadro da paisagem, eu faço parte da 
paisagem. 
•v9-10 alguém com estas características não 
era susceptível que ficasse triste porque a 
tristeza constitui uma modelação do estado 
de espírito. 
•Este problema da tristeza é resolvido com a 
explicação do “pôr-de-sol”: só é contente ou 
triste perante os olhos de quem o observa, 
“para a nossa imaginação.” 
Toda a paz da Natureza sem gente 
Vem sentar-se a meu lado. 
Mas eu fico triste como um pôr-de-sol 
Para a nossa imaginação, 
Quando esfria no fundo da planície 
E se sente a noite entrada 
Como uma borboleta pela janela.
o entanto imaginação é uma coisa que ele não tem, 
porque tudo o que ele diz é do domínio do concreto, 
então ele automaticamente está a excluir-se desta 
tristeza. A tristeza do sujeito poético é causada pelo 
fim do dia, no momento do por do sol, quando a noite 
cai sobre a natureza, o sujeito poético terá mais 
dificuldade em ver o que se passa à sua volta e em 
Caeiro, a visão é primordial. 
Ainda no verso 9, a conjunção adversativa “mas” 
chama a atenção para o facto de ser contraditória a 
tristeza que o sujeito poético vai confessar, pois se ele 
tem à sua volta tudo aquilo que deseja, como poderá 
sentir-se triste?
2ªestrofe 
a 2ª estrofe a tristeza é 
identificada com sossego, o que 
funciona como uma espécie de 
negação da tristeza 
anteriormente expressa, pois 
refere-a como positiva ao 
identificá-la com sossego. 
ssa tristeza é tranquila, porque 
tem em si a naturalidade das 
coisas simples, e está aqui em 
evidência a aceitação do real tal 
como ele se apresenta, sem 
contestação nem interferência do 
pensamento. 
Mas a minha tristeza é sossego 
Porque é natural e justa 
E é o que deve estar na alma 
Quando já pensa que existe 
E as mãos colhem flores sem dar por 
isso.
3ª e 4ª estrofes 
as estrofes 3 e 4 o sujeito poético defende que a 
recusa do ato de pensar é a via para alcançar a 
paz e a felicidade. 
uando afirma ter “pena de saber que”(v.22) os 
seus “pensamentos são contentes”(v.22), o 
sujeito poético esta a colocar o acento tónico no 
verbo “saber”(conhecimento que é trazido 
através do ato pensar). “Se não o 
soubesse”(v.23), seria completamente feliz, 
assim é paradoxalmente “contente” e “triste” e 
a tristeza advém-lhe da consciência de saber. 
ssistimos à presença de um oximoro (é uma 
figura de estilo que harmoniza dois conceitos 
opostos numa só expressão, formando assim 
um terceiro conceito que dependerá da 
interpretação do leitor) contido no verso 24 
“contentes e tristes”. 
ambém vemos a presença de um pleonasmo 
(redundância da expressão, enfatizando-a) no 
v.25 “alegres e contentes”. 
Como um ruído de chocalhos 
Para além da curva da estrada, 
Os meus pensamentos são contentes. 
Só tenho pena de saber que eles são 
contentes, 
Porque, se o não soubesse, 
Em vez de serem contentes e tristes, 
Seriam alegres e contentes. 
Pensar incomoda como andar à chuva 
Quando o vento cresce e parece que 
chove mais.
4ª estrofe 
odemos ver uma comparação expressa no 
verso 26 “pensar incomoda como andar à 
chuva”. 
aeiro apresenta-se como anti-metafísico, 
negando o valor ao pensamento v.21-25 o 
pensamento tem mesmo um valor 
negativo: se não pensasse os seus versos 
não teriam nada de tristeza, seriam apenas 
“alegres e contentes”. “Pensar incomoda 
como andar à chuva” e foi este incómodo 
de pensar que Fernando Pessoa nunca 
conseguiu evitar. 
Pensar incomoda como andar à 
chuva 
Quando o vento cresce e parece 
que chove mais.
Em síntese: 
•O poeta compara-se a um pastor que anda pelos campos a 
guardar rebanhos, neste caso, os seus rebanhos são os seus 
pensamentos. 
•O sujeito poético identifica-se bastante com a natureza, 
pois ele afirma que anda ao ritmo das estações, compara os 
seus estados de espírito com momentos de natureza. 
•Alberto Caeiro afirma-se um poeta que exprime o desejo de 
abolir a consciência, isto é, o vício de pensar, lamentando o 
facto de ter consciência dos seus pensamentos, enunciando 
repetitivamente o ato de ver, além de outras sensações.
Em síntese: 
•O poeta compara-se a um pastor que anda pelos campos a 
guardar rebanhos, neste caso, os seus rebanhos são os seus 
pensamentos. 
•O sujeito poético identifica-se bastante com a natureza, 
pois ele afirma que anda ao ritmo das estações, compara os 
seus estados de espírito com momentos de natureza. 
•Alberto Caeiro afirma-se um poeta que exprime o desejo de 
abolir a consciência, isto é, o vício de pensar, lamentando o 
facto de ter consciência dos seus pensamentos, enunciando 
repetitivamente o ato de ver, além de outras sensações.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo
Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/NeopaganismoRicardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo
Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo
Telma Carvalho
 
O heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto CaeiroO heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto Caeiro
guest155834
 
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
FilipaFonseca
 

La actualidad más candente (20)

Resumos de Português: Heterónimos De Fernando Pessoa
Resumos de Português: Heterónimos De Fernando PessoaResumos de Português: Heterónimos De Fernando Pessoa
Resumos de Português: Heterónimos De Fernando Pessoa
 
"Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade""Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade"
 
áLvaro de campos
áLvaro de camposáLvaro de campos
áLvaro de campos
 
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
 
Cesário Verde - "Ao Gás"
Cesário Verde - "Ao Gás"Cesário Verde - "Ao Gás"
Cesário Verde - "Ao Gás"
 
Características de Álvaro de Campos
Características de Álvaro de CamposCaracterísticas de Álvaro de Campos
Características de Álvaro de Campos
 
Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo
Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/NeopaganismoRicardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo
Ricardo Reis- Classicismo e Paganismo/Neopaganismo
 
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhos
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhosAlberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhos
Alberto Caeiro - poema I do guardador de rebanhos
 
Nevoeiro
Nevoeiro   Nevoeiro
Nevoeiro
 
O heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto CaeiroO heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto Caeiro
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
 
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
 
Ceifeira
CeifeiraCeifeira
Ceifeira
 
Ricardo Reis
Ricardo ReisRicardo Reis
Ricardo Reis
 
Estrutura mensagem
Estrutura mensagemEstrutura mensagem
Estrutura mensagem
 
OCEANO NOX_Análise.ppsx
OCEANO NOX_Análise.ppsxOCEANO NOX_Análise.ppsx
OCEANO NOX_Análise.ppsx
 
"Quinto Império" - Mensagem de Fernando Pessoa
"Quinto Império" - Mensagem de Fernando Pessoa"Quinto Império" - Mensagem de Fernando Pessoa
"Quinto Império" - Mensagem de Fernando Pessoa
 
Álvaro de Campos
Álvaro de CamposÁlvaro de Campos
Álvaro de Campos
 
Fernando Pessoa Nostalgia da infancia
Fernando Pessoa Nostalgia da infanciaFernando Pessoa Nostalgia da infancia
Fernando Pessoa Nostalgia da infancia
 
Cesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoCesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-Sistematização
 

Destacado

Fernando Pessoa e seus heterónimos
Fernando Pessoa e seus heterónimosFernando Pessoa e seus heterónimos
Fernando Pessoa e seus heterónimos
guest40b640
 
Ricardo Reis em Fernando
Ricardo Reis em FernandoRicardo Reis em Fernando
Ricardo Reis em Fernando
nunesmaril
 
Análise do poema viajar Perder Países
Análise do poema viajar Perder PaísesAnálise do poema viajar Perder Países
Análise do poema viajar Perder Países
Ricardo Santos
 
A classe dos adjetivos
A classe dos adjetivosA classe dos adjetivos
A classe dos adjetivos
gifamiliar
 
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaAnálise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Margarida Rodrigues
 

Destacado (16)

Alberto Caeiro
Alberto CaeiroAlberto Caeiro
Alberto Caeiro
 
Poemas Completos de Alberto Caeiro - Fernando Pessoa
Poemas Completos de Alberto Caeiro - Fernando PessoaPoemas Completos de Alberto Caeiro - Fernando Pessoa
Poemas Completos de Alberto Caeiro - Fernando Pessoa
 
Fernando Pessoa e seus heterónimos
Fernando Pessoa e seus heterónimosFernando Pessoa e seus heterónimos
Fernando Pessoa e seus heterónimos
 
Ricardo reis
Ricardo reisRicardo reis
Ricardo reis
 
"Segue o teu destino" - Ricardo Reis
"Segue o teu destino" - Ricardo Reis"Segue o teu destino" - Ricardo Reis
"Segue o teu destino" - Ricardo Reis
 
Ricardo Reis em Fernando
Ricardo Reis em FernandoRicardo Reis em Fernando
Ricardo Reis em Fernando
 
Análise do poema viajar Perder Países
Análise do poema viajar Perder PaísesAnálise do poema viajar Perder Países
Análise do poema viajar Perder Países
 
Poesia
PoesiaPoesia
Poesia
 
Principais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto CaeiroPrincipais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto Caeiro
 
ÁLvaro de campos
ÁLvaro de camposÁLvaro de campos
ÁLvaro de campos
 
O guardador de rebanhos
O guardador de rebanhosO guardador de rebanhos
O guardador de rebanhos
 
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/PoéticoFernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético
 
Poemas de Alberto Caeiro
Poemas de Alberto CaeiroPoemas de Alberto Caeiro
Poemas de Alberto Caeiro
 
A classe dos adjetivos
A classe dos adjetivosA classe dos adjetivos
A classe dos adjetivos
 
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaAnálise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando Pessoa
 
Fernando Pessoa
Fernando PessoaFernando Pessoa
Fernando Pessoa
 

Similar a Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise

Análise ela canta pobre ceifeira alunos
Análise ela canta pobre ceifeira   alunosAnálise ela canta pobre ceifeira   alunos
Análise ela canta pobre ceifeira alunos
Paulo Portelada
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76
luisprista
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 9
Apresentação para décimo segundo ano, aula 9Apresentação para décimo segundo ano, aula 9
Apresentação para décimo segundo ano, aula 9
luisprista
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 2
Apresentação para décimo segundo ano, aula 2Apresentação para décimo segundo ano, aula 2
Apresentação para décimo segundo ano, aula 2
luisprista
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 8-9
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 8-9Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 8-9
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 8-9
luisprista
 
Gato que brincas na rua
Gato que brincas na ruaGato que brincas na rua
Gato que brincas na rua
estado
 
Ensaio man of the crowd
Ensaio man of the crowdEnsaio man of the crowd
Ensaio man of the crowd
Raphael Cruz
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 84-85
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 84-85Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 84-85
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 84-85
luisprista
 
21 de março dia da poesia 2
21 de março dia da poesia 221 de março dia da poesia 2
21 de março dia da poesia 2
auroraoliveira
 

Similar a Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise (20)

Linhas de análise ela canta pobre ceifeira
Linhas de análise ela canta pobre ceifeiraLinhas de análise ela canta pobre ceifeira
Linhas de análise ela canta pobre ceifeira
 
Viajar! Perder Países! Fernando Pessoa
Viajar! Perder Países! Fernando PessoaViajar! Perder Países! Fernando Pessoa
Viajar! Perder Países! Fernando Pessoa
 
Análise ela canta pobre ceifeira alunos
Análise ela canta pobre ceifeira   alunosAnálise ela canta pobre ceifeira   alunos
Análise ela canta pobre ceifeira alunos
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76
 
Síntese programa12º
Síntese programa12ºSíntese programa12º
Síntese programa12º
 
30
3030
30
 
69
6969
69
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 9
Apresentação para décimo segundo ano, aula 9Apresentação para décimo segundo ano, aula 9
Apresentação para décimo segundo ano, aula 9
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 2
Apresentação para décimo segundo ano, aula 2Apresentação para décimo segundo ano, aula 2
Apresentação para décimo segundo ano, aula 2
 
Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 8-9
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 8-9Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 8-9
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 8-9
 
Teste Português.docx
Teste Português.docxTeste Português.docx
Teste Português.docx
 
Gato que brincas na rua
Gato que brincas na ruaGato que brincas na rua
Gato que brincas na rua
 
Fernando Pessoa Heterônimos.pptx
Fernando Pessoa Heterônimos.pptxFernando Pessoa Heterônimos.pptx
Fernando Pessoa Heterônimos.pptx
 
Teste 1
Teste 1Teste 1
Teste 1
 
Teste 1
Teste 1Teste 1
Teste 1
 
Ensaio man of the crowd
Ensaio man of the crowdEnsaio man of the crowd
Ensaio man of the crowd
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 84-85
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 84-85Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 84-85
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 84-85
 
Pessoa ortónimo o enigma do ser
Pessoa ortónimo   o enigma do serPessoa ortónimo   o enigma do ser
Pessoa ortónimo o enigma do ser
 
21 de março dia da poesia 2
21 de março dia da poesia 221 de março dia da poesia 2
21 de março dia da poesia 2
 

Último

Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptArtigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
RogrioGonalves41
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
azulassessoria9
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 

Último (20)

Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdfAPRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptArtigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
 
Conflitos entre: ISRAEL E PALESTINA.pdf
Conflitos entre:  ISRAEL E PALESTINA.pdfConflitos entre:  ISRAEL E PALESTINA.pdf
Conflitos entre: ISRAEL E PALESTINA.pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
classe gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptxclasse gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptx
 
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 

Alberto caeiro eu nunca guardei rebanhos- análise

  • 1. “EU NUNCA GUARDEI REBANHOS” Análise do poema de Alberto Caeiro
  • 2. Introdução: ste é o primeiro poema do heterónimo, Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa. o primeiro de 49 poemas que constituem “O Guardador de Rebanhos” e que segundo Fernando Pessoa este poema foi escrito quase todo o dia 8 de março de 1914, “o dia triunfal” da sua vida. sse dia triunfal fora então o dia em que surgiram os três heterónimos de Fernando Pessoa
  • 3.
  • 4. Caeiro surge-nos neste poema como o poeta da objetividade do imediatismo das sensações: v.7-8. Aqui o poeta deseja que os seus versos levem os leitores a imaginá-lo como uma coisa natural, como uma árvore, por exemplo, à sombra da qual se sentavam, quando crianças, cansados de brincar. Também podemos entender a ideia de Eu sou um quadro da paisagem, eu faço parte da paisagem. •v9-10 alguém com estas características não era susceptível que ficasse triste porque a tristeza constitui uma modelação do estado de espírito. •Este problema da tristeza é resolvido com a explicação do “pôr-de-sol”: só é contente ou triste perante os olhos de quem o observa, “para a nossa imaginação.” Toda a paz da Natureza sem gente Vem sentar-se a meu lado. Mas eu fico triste como um pôr-de-sol Para a nossa imaginação, Quando esfria no fundo da planície E se sente a noite entrada Como uma borboleta pela janela.
  • 5. o entanto imaginação é uma coisa que ele não tem, porque tudo o que ele diz é do domínio do concreto, então ele automaticamente está a excluir-se desta tristeza. A tristeza do sujeito poético é causada pelo fim do dia, no momento do por do sol, quando a noite cai sobre a natureza, o sujeito poético terá mais dificuldade em ver o que se passa à sua volta e em Caeiro, a visão é primordial. Ainda no verso 9, a conjunção adversativa “mas” chama a atenção para o facto de ser contraditória a tristeza que o sujeito poético vai confessar, pois se ele tem à sua volta tudo aquilo que deseja, como poderá sentir-se triste?
  • 6. 2ªestrofe a 2ª estrofe a tristeza é identificada com sossego, o que funciona como uma espécie de negação da tristeza anteriormente expressa, pois refere-a como positiva ao identificá-la com sossego. ssa tristeza é tranquila, porque tem em si a naturalidade das coisas simples, e está aqui em evidência a aceitação do real tal como ele se apresenta, sem contestação nem interferência do pensamento. Mas a minha tristeza é sossego Porque é natural e justa E é o que deve estar na alma Quando já pensa que existe E as mãos colhem flores sem dar por isso.
  • 7. 3ª e 4ª estrofes as estrofes 3 e 4 o sujeito poético defende que a recusa do ato de pensar é a via para alcançar a paz e a felicidade. uando afirma ter “pena de saber que”(v.22) os seus “pensamentos são contentes”(v.22), o sujeito poético esta a colocar o acento tónico no verbo “saber”(conhecimento que é trazido através do ato pensar). “Se não o soubesse”(v.23), seria completamente feliz, assim é paradoxalmente “contente” e “triste” e a tristeza advém-lhe da consciência de saber. ssistimos à presença de um oximoro (é uma figura de estilo que harmoniza dois conceitos opostos numa só expressão, formando assim um terceiro conceito que dependerá da interpretação do leitor) contido no verso 24 “contentes e tristes”. ambém vemos a presença de um pleonasmo (redundância da expressão, enfatizando-a) no v.25 “alegres e contentes”. Como um ruído de chocalhos Para além da curva da estrada, Os meus pensamentos são contentes. Só tenho pena de saber que eles são contentes, Porque, se o não soubesse, Em vez de serem contentes e tristes, Seriam alegres e contentes. Pensar incomoda como andar à chuva Quando o vento cresce e parece que chove mais.
  • 8. 4ª estrofe odemos ver uma comparação expressa no verso 26 “pensar incomoda como andar à chuva”. aeiro apresenta-se como anti-metafísico, negando o valor ao pensamento v.21-25 o pensamento tem mesmo um valor negativo: se não pensasse os seus versos não teriam nada de tristeza, seriam apenas “alegres e contentes”. “Pensar incomoda como andar à chuva” e foi este incómodo de pensar que Fernando Pessoa nunca conseguiu evitar. Pensar incomoda como andar à chuva Quando o vento cresce e parece que chove mais.
  • 9. Em síntese: •O poeta compara-se a um pastor que anda pelos campos a guardar rebanhos, neste caso, os seus rebanhos são os seus pensamentos. •O sujeito poético identifica-se bastante com a natureza, pois ele afirma que anda ao ritmo das estações, compara os seus estados de espírito com momentos de natureza. •Alberto Caeiro afirma-se um poeta que exprime o desejo de abolir a consciência, isto é, o vício de pensar, lamentando o facto de ter consciência dos seus pensamentos, enunciando repetitivamente o ato de ver, além de outras sensações.
  • 10. Em síntese: •O poeta compara-se a um pastor que anda pelos campos a guardar rebanhos, neste caso, os seus rebanhos são os seus pensamentos. •O sujeito poético identifica-se bastante com a natureza, pois ele afirma que anda ao ritmo das estações, compara os seus estados de espírito com momentos de natureza. •Alberto Caeiro afirma-se um poeta que exprime o desejo de abolir a consciência, isto é, o vício de pensar, lamentando o facto de ter consciência dos seus pensamentos, enunciando repetitivamente o ato de ver, além de outras sensações.