O documento discute os temas da liberdade interior, acolhida do passado e do sofrimento. As 3 principais ideias são:
1) A verdadeira liberdade vem da fé, esperança e amor interior fortalecidos, não das circunstâncias externas.
2) Devemos acolher nossas limitações e do outro, em vez de revolta, pois só assim encontraremos paz interior.
3) Aceitar o sofrimento com fé em vez de medo torna o fardo mais leve e nos capacita a ofertar o que nos é
3. Os temas da primeira semana:
O que é liberdade
interior
Liberdade interior e
acolhida do passado
4. O homem conquista sua liberdade
interior na medida exata em que a fé,
a esperança e o amor se fortificam
nele.
O ser humano manifesta uma grande
sede de liberdade porque sua
aspiração mais fundamental é a de
felicidade e ele percebe que não
existe felicidade sem amor nem amor
sem liberdade.
Se é verdade que somente o amor
pode preencher o homem, é também
5. Só existe o amor verdadeiro e,
portanto, feliz entre pessoas que
dispõem livremente delas mesmas
para dar-se uma à outra.
Mas como atingir essa liberdade que
permite o desabrochar do amor?
O homem conquista sua verdadeira
liberdade (que é interior e não exterior)
na medida exata em que se fortificam
nele as virtudes teologais, a saber: a
fé, a esperança e a caridade (amor).
6. O problema da nossa falta de
liberdade e do sentimento de
infelicidade está em nosso
coração.
É nele que está a origem da
nossa falta de liberdade.
Se escolhermos amar sempre, o
amor dará dimensões infinitas à
nossa vida e não nos sentiremos
mais aprisionados.
7. Mesmo nas circunstâncias exteriores
mais desfavoráveis, cada um dispõe
em si mesmo de um espaço de
liberdade que ninguém lhe pode
usurpar, pois é Deus a sua fonte.
Se aprendemos a descobrir em nós
esse espaço interior de liberdade,
muitas coisas, inevitavelmente, nos
farão sofrer, mas nada poderá
verdadeiramente nos oprimir nem nos
paralisar.
8. A verdadeira liberdade
A verdadeira liberdade, aquela liberdade
soberana de quem crê, consiste em que se
disponha em toda circunstância, graças à
assistência do Espírito Santo, a
possibilidade de crer, de esperar e de amar.
Nenhuma circunstância no mundo poderá
jamais me impedir de crer em Deus, de
colocar nele toda a minha confiança, de
amá-lo de todo o meu coração e de amar
meu próximo.
9. Ser livre é também acolher
aquilo que não escolhemos
O ato mais alto e mais fecundo da
liberdade humana reside antes na
acolhida que na dominação.
Somos chamados a nos tornar
verdadeiramente livres, a
“escolher” aquilo que não
desejamos e que, por vezes, não
desejaríamos de forma alguma.
10. Paradoxo
Existe aí uma lei paradoxal da
existência:
Só nos tornamos
verdadeiramente
livres quando
aceitamos não ser
sempre livres!
12. Revolta, resignação, acolhida
Diante daquilo que nos
desagrada em nossa vida, nossa
pessoa, nossa situação, no
outro, daquilo que consideramos
negativo, há três atitudes
possíveis:
revolta, resignação e acolhida
14. Atitude livre: a acolhida
A acolhida leva a uma
disposição interior.
A acolhida faz dizer “sim” a uma
realidade percebida em um
primeiro momento como
negativa.
Há, então, uma perspectiva de
esperança.
15. Acolher não é resignar-se
A diferença decisiva entre a
resignação e a acolhida vem do
fato de que, no consentimento,
mesmo que a realidade objetiva
na qual me encontro continue
idêntica, a atitude do coração é
muito diferente, pois já é habitada
pelas virtudes de fé, de esperança
e de amor.
16. Exemplos:
Dizer sim ao que eu sou apesar dos meus
desafios porque sei que sou amado por
Deus, porque tenho confiança de que, a
partir da minha pobreza, o Senhor é capaz
de fazer coisas maravilhosas.
Posso dizer sim à realidade mais pobre e
decepcionante no plano humano porque
creio que “o amor é tão poderoso em obras
que sabe tirar proveito de tudo, do bem e
do mal que encontra em mim” (Santa
17. Conclusão:
Acolher minha condição é confiar
em Deus está no controle de
minha vida.
Neste ato de acolhimento, há,
então, fé em Deus, confiança nEle
e, portanto, amor, pois confiar é
amar:
Há liberdade.
18. Aceitar o sofrimento
O sofrimento é inerente à história humana.
Como parte inerente a vida, quem recusa
o sofrimento recusa-se a viver.
O sofrimento é uma possibilidade.
O sofrimento não é uma realidade querida
por Deus.
O sofrimento é causado pela a ausência
de um bem.
O medo do sofrimento causa mais dor que
o próprio sofrimento.
19. Não existe viva sem dor e sem combates
É preciso tomar todos os dias,
corajosamente, o jugo da vida real, com
suas dores, desafios, combates,
limitações, a sua cruz no seguimento de
Cristo e seguir, confiante que não falta a
força, a graça do Espírito Santo para
suportá-las.
Não existe nada no mal além do próprio
mal.
As contrariedades nos ajudam a caminhar
diante de Deus e de sua verdade.
20. Recusar o sofrimento nos faz
sofrer ainda mais
Quando não aceitamos um sofrimento,
perdemos a esperança, somos tomados pela
revolta, pelo ressentimento, pelas
inquietações que nos tiram a paz.
Quando temos a graça de acolher o
sofrimento, ele se torna imediatamente
menos doloroso.
Essa aceitação é ato de liberdade interior.
“Um sofrimento vivido na paz não é mais
sofrimento” (Santo Cura d’Ars)
21. Acolher o sofrimento: ato de liberdade!
Ninguém me tira a vida, eu a
dou LIVREMENTE. (ler Jo
10,18)
Somos chamados a não
simplesmente “suportar” o
sofrimento, a contrariedade.
Mas a escolhê-los.
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22. Ofertar o que me é tirado
Nossa liberdade tem sempre este
poder maravilhoso de daquilo que nos
é tirado (vida, saúde, emprego,
relacionamentos, etc) algo que é
ofertado.
Quando ofertamos o que nos é tirado
e nos causa dor, o que o mundo
chama de “destino” torna-se livre
escolha, o constrangimento torna-se
amor, a perda torna-se fecundidade.
23. Posso não mudar o mundo, mas posso
mudar a forma de ver o mundo
O homem não tem poder de mudar tudo ao seu
redor, mas com a Graça de Deus, dispõe da
faculdade de dar um sentido novo a tudo,
mesmo ao que não tem sentido.
Nem sempre temos o domínio sobre o
“desenrolar” de nossa vida, mas sempre somos
os senhores do sentido que nos lhe damos.
Pela nossa liberdade, não há nenhum
acontecimento de nossa vida que não possa
receber um novo significado, um significado
positivo, ser expressão do amor, tornar-se
abandono, confiança, esperança, oferta...
24. Aceitação de si
mesmo
É necessário nos
aceitarmos
plenamente
comosomos.
O mais
importante em
nossa vida não é
o que podemos
ou não fazer;
25. O mais importante é como
podemos deixar Deus agir em
nossa vida, da forma como
somos.
E permitir que esse agir de Deus
nos transforme.
Afinal, um problema, um defeito,
não deixa de existir só porque
você o nega.
26. Você não deixa de ser o que é só
porque nega ser dessa ou daquela
forma.
A negação de si mesmo
retarda a ação do Espírito
Santo.
Uma das condições para permitir a
graça de Deus agir em nós é dizer
“sim” ao que somos e às situações
que encontramos na vida.
27. Muitas vezes a negação de si
mesmo tem como raiz a falta de fé
na misericórdia e no poder de
Deus;
Na falta de esperança, que gera
falta de amor;
Na falta de pobreza interior e no
orgulho: desejo de ser perfeito,
não por temor de Deus, mas por
orgulho e soberba – para ser
admirado, elogiado, “adorado”.
28. Acolher o que somos para mudar
Somos chamados à conversão, à
mudança de vida.
Mas só há conversão se antes
houve acolhida.
É necessário primeiro reconhecer-
se pequeno, reconhecer o
pecado, reconhecer a fraqueza,
para que haja mudança de vida.
29. Aceitação de si mesmo é diferente
de resignação à mediocridade
31. O direito de errar
Deus nos dá o direito de errar
e nos liberta.
Só Deus é perfeito.
Ser perfeito não é uma
obrigação imposta por Deus.
32. Deus conhece minhas fraquezas e não
se escandaliza com elas, nem me
condena.
Ele me AMA, apenas
33. A História de Moisés, o negro
Moisés, o negro, era
etíope e foi escravo de um
funcionário do governo no
Egito, que o demitiu por
roubo e assassinato de
suspeitos. Ele tornou-se o
líder de uma gangue de
bandidos que percorriam o
vale do Nilo, espalhando
terror e violência. Sua
estatura era grande e
imponente.
34. Em certa ocasião, um homem foi apanhado
em um roubo irritou Moisés imensamente.
No dia seguinte, ele nadou através do Nilo
(um ato não insignificante) com uma faca em
sua boca: sua intenção era matar o sujeito.
Quando chegou na casa, o mesmo tinha
fugido (este conhecia algumas das façanhas
anteriores de Moisés). Moisés, então, matou
quatro das suas ovelhas antes de retornar a
faca na boca e nadar de volta. Pouco depois,
agentes da lei começaram a caçá-lo e ele
fugiu, escondendo-se em um mosteiro. A
influência dos monges foi tão grande que ele
35. Mas a história não termina aí.
Alguns anos mais tarde, um grupo de
ladrões queriam roubar o mosteiro onde São
Moisés viva. Ele pegou-os desprevenidos e
sozinho, derrotou todos. Ele arrastou os
homens ensanguentados para o monge-
chefe, e perguntou o que fazer (sabendo
que um monge não mataria). O chefe do
mosteiro mandou perdoá-los e enviá-los de
volta, surpreendendo os ladrões de tal forma
que todos se arrependeram, convertendo-se
e tornando-se monges também!
36. Ele acabou morrendo nas mãos de um
grupo de guerreiros que atacaram o
convento quando tinha 75 anos - mas
não antes de ter conseguido ajudar a
fuga de 70 monges.
Moisés Negro preferiu ficar para trás,
com alguns monges, para lutar contra
os guerreiros.
37. Aceitação do outro
Se nos acolhemos, isso nos capacita
a acolher o outro. Entendemos que
como nós, o outro, tb, tem defeitos e
limitações.
Praticar o bem que gostaria de
receber.
Nem tudo o que achamos que é mal é
realmente mal.
Temos a tendência de chamar de mal
o que não gostamos e de bem o que
39. O pecado do outro não me tira nada
Nada nem ninguém pode me tirar
o amor de Deus.
Nada nem ninguém pode me
privar de crer nesse amor.
Portanto, o mal que o outro
pratica não pode me tirar nada de
essencial, verdadeiro e definitivo
em minha vida
40. Nada te perturbe, nada te espante
Tudo passa, Deus não muda
Venha o que vier/Sim, o seu amor sempre me
sustentará
Eleva ao céu teu pensar
Transpõe as barreiras que há
A paz só encontrarás em Deus
Assim nada te faltará
Recolhe do chão tua cruz
Carrega sem desanimar
Seja o Deus de amor, teu tudo
Não temas, é Deus que te bastará
Oração final
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