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ANDRÉ DO NASCIMENTO NEVES
PESQUISAR – O QUE É?
1 Desmistificando o conceito
O processo de pesquisa está quase sempre cercado de ritos especiais
Para tanto, estuda-se metodologia, em particular técnicas de pesquisa, que ensinam
como gerar, manusear e consumir dados, em contato com a realidade.
Por fim, isso permite associar-se a pequeno grupo acima da média, que, além de perfazer
a nata acadêmica, também tende a exclusivizar acesso a recursos.
Facilmente acontece que investimentos em pesquisa desse teor não conseguem ir além
de acumular alguns perfis estatísticos, irrelevantes no contexto histórico, o que tem
contribuído para dissociar sempre mais o processo de saber do processo de Mudar.
É comum o professor que apenas ensina,
em especial o de le e 2o graus: estuda uma vez na vida,
amealha certo lote de conhecimentos e, a seguir, transmite
aos alunos, dentro da didática reprodutiva e cada dia mais
desatualizada.
Esta dicotomia
evolui facilmente para a cisão entre teoria e prática: o
pesquisador descobre, pensa, sistematiza, conhece.
a) cultivo do distanciamento útil
b) contradição flagrante entre discurso crítico,
c) na prática a estratégias de controle e desmobilização social;
d) apropriação do saber, que passa sobretudo a manobra de acesso ao poder,
e) favorecimento da alienação acadêmica no sentido de
f) atividades tão especulativas, que nunca se sabe bem para que servem na prática,
Saber está marcadamente ligado a interesses sociais, definidos aqui como
contraposições dialéticas.
Como ator social, o pesquisador é fenômeno político, que, na pesquisa, o traduz
sobretudo pelos interesses que mobilizam os confrontos e pelos interesses aos quais
serve.
Quem ensina carece pesquisar; quem pesquisa carece ensinar.
Na Europa, dificilmente aparece a função de extensão, pela razão simples de que a
atividade primeira da universidade é pesquisar, em sentido produtivo e construtivo,
decidindo-se aí a origem básica do conceito de professor.
Em vista disso, o termo professor é reservado para nível específico de
amadurecimento acadêmico, geralmente o catedrático, o titular, que já teria
demonstrado capacidade de criação científica
A postura européia tem o defeito de elitizar em excesso a pesquisa, se partirmos de que
deve fecundar todos os níveis do saber, mas tem de correto a recusa de desvincular
ensino de pesquisa.
Mas deve caber ainda a sua cotidianização, no espaço político de instrumento de acesso
ao poder, a níveis críticos da consciência social, a domínio tecnológico diante do dado
social e natural, a cultura própria
O conhecimento gerado na academia é diferente do conhecimento comum, mas seria
incompatível soberba não reconhecer neste também “saber”.
Pesquisa é processo que deve aparecer em todo trajeto educativo, como princípio
educativo que é, na base de qualquer proposta emancipatória.
O caminho emancipatório não pode vir de fora, imposto ou doado, mas será
conquista de dentro, construção própria, para o que é mister lançar mão de todos os
instrumentos de apoio: professor, material didático, equipamentos físicos, informação
Por outra, criar não é retirar do nada. Embora seja sempre preferível a criação claramente
inspirada e inovadora, na expectativa cotidiana não é possível fazer regra do
extraordinário.
Educação aparece decaída na condição de instrução, informação, reprodução, quando
deveria aparecer como ambiência de instrumentação criativa, em contexto
emancipatório.
2. Horizontes múltiplos da pesquisa
E comum prendê-la à sua construção empírica.
Todavia, a pesquisa empírica é apenas um horizonte dela, que, se exclusivizado, já denota
desvirtuamento típico do conceito de pesquisa. O
A tendência de reduzir à sua expressão empírica é facilmente compreensível, porque é a mais
manipulável diante da expectativa metodológica dominante
Neste sentido, ciência vive do desafio imorredouro de descobrir realidade que, sempre
de novo, ao mesmo tempo se descobre e se esconde.
Assim, o mínimo que podemos dizer é que há horizontes não-empíricos, que fazem parte da
realidade.
A importância da hermenêutica está precisamente no reconhecimento de que a interpretação
é inevitável. A realidade como tal não depende da interpretação para existir: existe com ou
sem intérprete.
Faz parte, assim, da pesquisa teórica:
a) conhecer a fundo quadros de referência
b) atualizar-se na polêmica teórica,
c) elaborar precisão conceituai,
d) aceitar o desafio criativo de prepor a realidade à fixação
teórica,
e) investir na consciência crítica,
Alguns tópicos da pesquisa metodológica poderiam ser:
a) discussão crítica das metodologias em uso
b) propostas de metodologias alternativas:
c) capacidade de aferir de uma teoria a concepção científica subjacente,
d) capacidade de detectar o fundo ideológico das produções científicas,
e) formação crítica e emancipatória de espaço científico próprio;
f) discussão do lugar da ciência na sociedade,
Por fim, outro horizonte da pesquisa é a prática, por mais que as ciências sociais,
contraditoriamente, possam estranhar tal postura.
Teoria e prática detêm a mesma relevância científica e constituem no fundo um todo só.
3. A pesquisa como descoberta e criação
Em metodologia científica, descobrir e criar não são a mesma coisa.
O positivismo e o estruturalismo demarcam tal postura e, à sombra das ciências naturais,
entendem ciência como descoberta das relações necessárias e dadas na realidade.
Por outra, quando se fala de criar, temos proposta diversa de ciência, desde os extremos
hegelianos e similares que exageram o lugar das condições subjetivas, até o equilíbrio da
dialética histórico-estrutural.
No outro lado, a concepção histórico-estrutural de ciência coloca o objeto construído
como produto e processo científico típico, admitindo que ciência é também criação.
De um lado, temos de assumir que as ciências sociais não são apenas questão de
conhecimento, mas igualmente questão histórico-social.
De outro lado, aponta-se para a característica de uma realidade histórica dinâmica e
complexa, que jamais cabe na cabeça do cientista integralmente.
BIBLIOGRAFIA
Demo, Pedro, Pesquisa : princípio científico c educativo / Pedro Demo. - 12. ed. -
São Paulo : Cortez, 2006. (Biblioteca da educação. Série 1. Escola; v. 14)

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Apresentação1

  • 1. ANDRÉ DO NASCIMENTO NEVES PESQUISAR – O QUE É? 1 Desmistificando o conceito O processo de pesquisa está quase sempre cercado de ritos especiais Para tanto, estuda-se metodologia, em particular técnicas de pesquisa, que ensinam como gerar, manusear e consumir dados, em contato com a realidade. Por fim, isso permite associar-se a pequeno grupo acima da média, que, além de perfazer a nata acadêmica, também tende a exclusivizar acesso a recursos. Facilmente acontece que investimentos em pesquisa desse teor não conseguem ir além de acumular alguns perfis estatísticos, irrelevantes no contexto histórico, o que tem contribuído para dissociar sempre mais o processo de saber do processo de Mudar.
  • 2. É comum o professor que apenas ensina, em especial o de le e 2o graus: estuda uma vez na vida, amealha certo lote de conhecimentos e, a seguir, transmite aos alunos, dentro da didática reprodutiva e cada dia mais desatualizada. Esta dicotomia evolui facilmente para a cisão entre teoria e prática: o pesquisador descobre, pensa, sistematiza, conhece. a) cultivo do distanciamento útil b) contradição flagrante entre discurso crítico, c) na prática a estratégias de controle e desmobilização social; d) apropriação do saber, que passa sobretudo a manobra de acesso ao poder, e) favorecimento da alienação acadêmica no sentido de f) atividades tão especulativas, que nunca se sabe bem para que servem na prática,
  • 3. Saber está marcadamente ligado a interesses sociais, definidos aqui como contraposições dialéticas. Como ator social, o pesquisador é fenômeno político, que, na pesquisa, o traduz sobretudo pelos interesses que mobilizam os confrontos e pelos interesses aos quais serve. Quem ensina carece pesquisar; quem pesquisa carece ensinar. Na Europa, dificilmente aparece a função de extensão, pela razão simples de que a atividade primeira da universidade é pesquisar, em sentido produtivo e construtivo, decidindo-se aí a origem básica do conceito de professor. Em vista disso, o termo professor é reservado para nível específico de amadurecimento acadêmico, geralmente o catedrático, o titular, que já teria demonstrado capacidade de criação científica A postura européia tem o defeito de elitizar em excesso a pesquisa, se partirmos de que deve fecundar todos os níveis do saber, mas tem de correto a recusa de desvincular ensino de pesquisa.
  • 4. Mas deve caber ainda a sua cotidianização, no espaço político de instrumento de acesso ao poder, a níveis críticos da consciência social, a domínio tecnológico diante do dado social e natural, a cultura própria O conhecimento gerado na academia é diferente do conhecimento comum, mas seria incompatível soberba não reconhecer neste também “saber”. Pesquisa é processo que deve aparecer em todo trajeto educativo, como princípio educativo que é, na base de qualquer proposta emancipatória. O caminho emancipatório não pode vir de fora, imposto ou doado, mas será conquista de dentro, construção própria, para o que é mister lançar mão de todos os instrumentos de apoio: professor, material didático, equipamentos físicos, informação Por outra, criar não é retirar do nada. Embora seja sempre preferível a criação claramente inspirada e inovadora, na expectativa cotidiana não é possível fazer regra do extraordinário. Educação aparece decaída na condição de instrução, informação, reprodução, quando deveria aparecer como ambiência de instrumentação criativa, em contexto emancipatório.
  • 5. 2. Horizontes múltiplos da pesquisa E comum prendê-la à sua construção empírica. Todavia, a pesquisa empírica é apenas um horizonte dela, que, se exclusivizado, já denota desvirtuamento típico do conceito de pesquisa. O A tendência de reduzir à sua expressão empírica é facilmente compreensível, porque é a mais manipulável diante da expectativa metodológica dominante Neste sentido, ciência vive do desafio imorredouro de descobrir realidade que, sempre de novo, ao mesmo tempo se descobre e se esconde. Assim, o mínimo que podemos dizer é que há horizontes não-empíricos, que fazem parte da realidade. A importância da hermenêutica está precisamente no reconhecimento de que a interpretação é inevitável. A realidade como tal não depende da interpretação para existir: existe com ou sem intérprete.
  • 6. Faz parte, assim, da pesquisa teórica: a) conhecer a fundo quadros de referência b) atualizar-se na polêmica teórica, c) elaborar precisão conceituai, d) aceitar o desafio criativo de prepor a realidade à fixação teórica, e) investir na consciência crítica, Alguns tópicos da pesquisa metodológica poderiam ser: a) discussão crítica das metodologias em uso b) propostas de metodologias alternativas: c) capacidade de aferir de uma teoria a concepção científica subjacente, d) capacidade de detectar o fundo ideológico das produções científicas, e) formação crítica e emancipatória de espaço científico próprio; f) discussão do lugar da ciência na sociedade,
  • 7. Por fim, outro horizonte da pesquisa é a prática, por mais que as ciências sociais, contraditoriamente, possam estranhar tal postura. Teoria e prática detêm a mesma relevância científica e constituem no fundo um todo só. 3. A pesquisa como descoberta e criação Em metodologia científica, descobrir e criar não são a mesma coisa. O positivismo e o estruturalismo demarcam tal postura e, à sombra das ciências naturais, entendem ciência como descoberta das relações necessárias e dadas na realidade. Por outra, quando se fala de criar, temos proposta diversa de ciência, desde os extremos hegelianos e similares que exageram o lugar das condições subjetivas, até o equilíbrio da dialética histórico-estrutural. No outro lado, a concepção histórico-estrutural de ciência coloca o objeto construído como produto e processo científico típico, admitindo que ciência é também criação. De um lado, temos de assumir que as ciências sociais não são apenas questão de conhecimento, mas igualmente questão histórico-social. De outro lado, aponta-se para a característica de uma realidade histórica dinâmica e complexa, que jamais cabe na cabeça do cientista integralmente.
  • 8. BIBLIOGRAFIA Demo, Pedro, Pesquisa : princípio científico c educativo / Pedro Demo. - 12. ed. - São Paulo : Cortez, 2006. (Biblioteca da educação. Série 1. Escola; v. 14)