SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 92
SENAR – ADMINISTRAÇÃO
                            REGIONAL DO ESTADO DA BAHIA




            Plano de Ações Estratégicas
    para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva
        da Carne Bovina no Estado da Bahia




Coordenadores Sande, L. & Pineda, N. R. Sistema FAEB-SENAR. Salvador. Bahia. 2009.




                                    MARÇO – 2009
DIRETORIA


Presidente - JOãO MARTIns DA sIlvA JúnIOR


Vice-Presidente - GIl MARquEs PORTO


1º Vice-Presidente Administrativo-Financeiro - JOsé MEnDEs FIlhO
2° Vice-Presidente Administrativo- Financeiro - JOsé MIGuEl DE MORAEs


1º Vice-Presidente Desenvolvimento Agropecuário - luIz TARcIsO cORDEIRO PAMPOnET
2° Vice-Presidente Desenvolvimento Agropecuário - cARlOs luís BORGEs




                                                              DIRETORIA
                               Efetivos                                                        suplentes
                   Antônio CArlos CunhA sAntos                                       Virgínio FigueireDo De oliVeirA
                        Wilson PAes CArDoso                                              Aloysio AlVes De souzA
                    guilherme De CAstro mourA                                            VAlter ribeiro mirAnDA
                     neWton Pinheiro AnDrADe                                            bArAChisio lisboA CAsAli
                      nelson mArtins QuADros                                             FernAnDo botelho limA
                    hADson AnDrADe De Pinheiro                                     Antônio mAnoel Freire De CArVAlho
                     JurACy bAtistA De oliVeirA                                         isiDoro lAVigne gesteirA
                      VAnDeVAlDo teixeirA rios                                          osVAlDo bAtistA mACeDo
                             VAnir Kolln                                                    eDson José mAtos
                          iVo teixeirA leite                                              helio mAtiAs DA silVA

                                                           cOnsElhO FIscAl
                               Efetivos                                                        suplentes
                       Demétrio souzA D’ eçA                                        José rAimunDo De souzA PereirA
                        isrAel tAVAres ViAnA                                            moisés mArQues simões
                      márCiA ViAnA DAs Virgens                                     Antonio Alberto ribeiro De AlmeiDA

                                             DElEGADOs REPREsEnTAnTEs JunTO A cnA
                    João mArtins DA silVA Júnior                                    luiz tArCiso CorDeiro PAmPonet
                         José menDes Filho                                           Antônio CArlos CunhA sAntos
SENAR – ADMINISTRAÇÃO
                                              REGIONAL DO ESTADO DA BAHIA




cOnsElhO ADMInIsTRATIvO


Presidente: JOãO MARTIns DA sIlvA JúnIOR


superintendente: MARIO AnTônIO sABInO cOsTA


cOnsElhO ADMInIsTRATIvO
Daniel Klüppel Carrara
orlando sampaio Passos
hadson Andrade de Pinheiro
José Antonio da silva


suPlEnTEs
luis gonzaga moura
Fernando de Figueiredo Pimenta
luiz tarciso Cordeiro Pomponet
Jean Carlos machado da silva




                                                                          cOnsElhO FIscAl
                                                                      MEMBROs TITulAREs
                                                                  Carlos humberto s. de Araújo
                                                                         Demétrio souza D’eça
                                                                           Josefa rita da silva


                                                                                 suPlEnTEs
                                                                                Walter França
                                                                    William dos Anjos Almeida
                                                                         Ailton Queiroz lisboa
EquIPE
                                                  cOORDEnAÇãO
            luIz FREIRE sAnDE                                                    nElsOn PInEDA
gerente de Programas especiais – senAr Ar/bA                                 Consultor / Agropecuarista


                                                 EquPE TécnIcA
    Almir mendes de Carvalho neto - AbAC                                 bárbara letícia s. Cordeiro - FAeb
      Carlos robério s. Araújo - sebrAe                                       Jackson ornelas - seCti
 José márcio Fernandes Carôso - senAr Ar/bA                              lourival Farias de oliveira - seAgri
            luiz Del Corral - siCm                                         manuel leôncio Filho - ADAb
       Patrícia Cerqueira - sePlAn / sei                             rosembergue Valverde - eConsult
         rossine C. Cruz - eConsult                                               tarcísio gerotto - banco do brasil
   yêda maria g. souza - banco do nordeste


                                       EnTREvIsTADOREs PEsquIsA DElPhI
    Alex melo Coelho - moDerPeC / senAr                                     Jonas Alves - senAr Ar/bA
   Kleber Figueiredo - moDerPeC / senAr                                   luciano miranda - senAr Ar/bA
    Pedro Augusto barreto - senAr Ar/bA                             ricardo Porto meireles - senAr Ar/bA
silvio Cardoso de oliveira - moDerPeC / senAr                            Wilson de Wilson - senAr Ar/bA


                                                REvIsãO EDITORIAl
      Cláudia Pineda - Fazenda Paredão                                      Daniela lago - senAr Ar/bA
       Jaqueline érico - senAr Ar/bA                                       renata Vieira Ferreira - uFbA
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................. 07




sumário
          INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 08

          1. METODOLOGIA PROPOSTA................................................................................................................ 10
                     3.1 - Causas que impossibilitaram o atingimento das metas .....................................................11
                     3.2 - Ideias de medidas ......................................................................................................................................11
                     3.3 - Rompimento com a situação atual .................................................................................................11
                     3.4 - Melhoria dos produtos e processos existentes ........................................................................11
                     3.5 - Inovações tecnológicas: produtos e processos ......................................................................12
                     3.6 - Cadeia da carne e análise sistêmica ................................................................................................13
                     3.7 - Como diagnosticar ....................................................................................................................................16


          2. CONJUNTURA MUNDIAL E PECUÁRIA BRASIL ........................................................................ 18
                     4.1 Introdução........................................................................................................................................................18
                     4.2 Quem atende a demanda mundial de carne bovina .............................................................21
                     4.3 Pecuária um negócio cíclico: em 2009 sem definição...........................................................23
                     4.4 Crise e tendência de consumo ............................................................................................................24


          3. PANORAMA DA CADEIA DE CARNE BOVINA NA BAHIA.................................................... 27
                     5.1 A produção ......................................................................................................................................................29
                     5.2 O processamento ........................................................................................................................................39
                     5.3 A distribuição..................................................................................................................................................48


          4. RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS E ORGANIZACIONAIS .......................... 49
                     6.1 Sumário executivo.......................................................................................................................................49
                     6.2 Análise de pontos críticos .......................................................................................................................53
                     6.2.1 Compreensão da cadeia da carne bovina no Estado da Bahia .....................................53
                     6.2.2 Tecnologia...................................................................................................................................................55
                     6.2.3 Sazonalidade de produção ...............................................................................................................61
                     6.2.4. Sistemas de inspeção ...........................................................................................................................63
                     6.2.5 Questões relacionadas com a demanda e o consumidor ..............................................64
                     6.2.6 Questões relacionadas com a falta de crédito para investimento ............................65
                     6.2.7 Questões relacionadas com licenciamento ambiental ....................................................66


          5. RECOMENDAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 68

          6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 75

          ANEXOS................................................................................................................................................................ 78
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                  No ano de 1958, o Serviço de Informação Agrícola do Ministério da Agricultura ela-




                                  APRESENTAÇÃO
                                                  borou uma série de estudos e ensaios, que gerou um Plano de Desenvolvimento
                                                  da Pecuária Baiana. Passados quase trinta anos, em 1985, a Comissão Estadual de
                                                  Fomento à Industrialização da Carne – CEFIC, presidida pela Secretaria da Indústria,
                                                  Comércio e Turismo, elaborou, sob coordenação da Secretaria do Planejamento,
                                                  Ciência e Tecnologia, um Diagnóstico da Pecuária Baiana.

                                                  As duas publicações apontavam como gargalos ao desenvolvimento do segmento
                                                  pecuário o baixo poder aquisitivo da população, as perdas no transporte e na indus-
                                                  trialização, os hábitos alimentares inapropriados, as condições climáticas desfavoráveis,
                                                  o abate clandestino significativo, entre outros.

                                                  Decorridos exatos 50 anos daquele primeiro Plano de Desenvolvimento, levantamen-
                                                  tos realizados no âmbito do Programa de Modernização da Pecuária – MODERPEC
                                                  apontam para um quadro muito semelhante àqueles encontrados nos estudos tanto
                                                  de 1958, como de 1985.

                                                  Diante dessa grave realidade, o Sistema FAEB/SENAR propôs a criação de um Grupo
                                                  Executivo, composto por representantes da Associação Baiana dos Criadores - ABAC,
                                                  Agência Estadual de Defesa Agropecuária - ADAB, Banco do Brasil, Banco do Nordeste
                                                  do Brasil, Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, SEBRAE - BA,
                                                  Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI, Superintendência de Estudos
                                                  Econômicos e Sociais da Bahia - SEI e Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração
                                                  – SICM. Esse grupo elaborou uma proposta de Plano de Ações Estratégicas para o
                                                  Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne Bovina no Estado da Bahia, que tem
                                                  como objetivos apresentar o cenário atual do Agronegócio da Carne, estabelecer os
                                                  pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças do setor e propor os
                                                  ajustes necessários que servirão de subsídios para a adoção de Políticas Públicas.

                                                  Este trabalho não encerra a discussão sobre tão importante segmento. Muito pelo
                                                  contrário. Deve servir como provocador de novas discussões, de ações efetivas
                                                  para realização de Políticas Públicas voltadas para toda a cadeia, definindo me-
                                                  tas, atribuições de cada agente do segmento, impactos esperados e resultados
                                                  a serem alcançados.

                                                  Gostaria, finalmente, de prestar meus agradecimentos a todos os técnicos que tra-
                                                  balharam na elaboração deste Plano Estratégico, fazendo uma menção especial ao
                                                  agropecuarista Nelson Pineda pela valiosa dedicação e contribuição na coordenação
                                                  do Grupo Executivo.

                                                                                                                            João Martins da Silva Junior
                                                                                                                                            Presidente da FAEB



Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |      9
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




                                             A presente proposta foi elaborada por um Grupo Executivo1 constituído por iniciativa




                          INTRODUÇÃO
                                             de Dr. João Martins da Silva Junior, presidente do Sistema FAEB/SENAR, que reuniu
                                             um grupo multidisciplinar de representantes dos ambientes de ordem institucional,
                                             organizacional e científico, e sugere um conjunto de ações visando a inserção da
                                             pecuária baiana, não somente no mercado nacional, mas no mercado mundial como
                                             Estado livre de febre aftosa com vacinação, reconhecido pela OIE.
                                             Nos últimos anos, com o crescimento da pecuária no Estado da Bahia, a necessidade
                                             de transformá-lo em fornecedor do mercado doméstico de carne processada e as
                                             possibilidades abertas ao credenciamento para o mercado exportador, tornaram
                                             necessária, urgente e oportuna a realização de estudos mais amplos, com levanta-
                                             mento das informações disponíveis sobre a cadeia de carne bovina na Bahia que
                                             possibilitem uma análise sistêmica dessa cadeia produtiva.
                                             As organizações públicas e privadas precisam definir rumos para direcionar esforços e
                                             recursos a curto, médio e longo prazo. Essa visão prospectiva não é estática e exigirá
                                             revisões periódicas, conforme as mudanças dos cenários socioeconômicos.
                                             O objetivo principal desse trabalho é fornecer subsídios para a elaboração de um Plano
                                             Estadual de Ações Estratégicas que permita a formulação das políticas públicas quanto
                                             às principais tendências do segmento na Bahia, para a tomada de decisões e o deli-
                                             neamento das possibilidades de atuação, embasando e fortalecendo os instrumentos
                                             de políticas que afetam o sistema agroindustrial da carne bovina do Estado da Bahia.
                                             Os elos dessa cadeia produtiva têm graves problemas de coordenação, decorrentes
                                             da cultura amadora e individualista do produtor rural, da desarticulação da indústria
                                             frigorífica, das particularidades locais das transações, dos limites no cumprimento da
                                             legislação sanitária e na capacidade de intervenção dos órgãos sanitários responsá-
                                             veis, das diferenças tecnológicas, econômicas e sociais entre as diferentes regiões do
                                             Estado e, sobretudo, dos diferentes níveis de profissionalização do setor.
                                             A Bahia deverá superar essas graves dificuldades para aproveitar satisfatoriamente
                                             a situação de perspectiva positiva para o crescimento da demanda mundial e as
                                             boas alternativas para a inserção da carne bovina baiana nos mercados nacional
                                             e internacional.
                                             Alguns fatores têm favorecido a competitividade da indústria baiana de carne bovina,
                                             destacando-se: as vantagens de custos de produção com base em recursos naturais
                                             abundantes; a localização de portos em vias de modernização no Leste da Bahia, que
                                             significam ganhos suplementares de logística em referência a alguns dos grandes
                                             centros consumidores; um eixo de estrada federal que atravessa o Estado; a possibi-
                                             lidade de compra dos resíduos agrícolas no Oeste baiano com fretes menores que
                                             diminuem o custo de confinamentos; e a previsão de construção de ferrovias.


                                             1
                                               [1] Esta publicação foi desenvolvida no âmbito da cooperação técnica promovida pelo sistema FAEB/SENAR em conjunto com repre-
                                             sentantes de: ABAC, ADAB, BB, BNB, MAPA, SEAGRI, SEBRAE, SECTI, SEI, SICM; constituindo um Grupo Executivo com representantes dessas
                                             entidades. [2] É permitida a reprodução, desde que citada a fonte: Federação de Agricultura do Estado da Bahia – Serviço Nacional de
                                             Aprendizagem Rural – Administração Regional Bahia - Plano de Ações Estratégicas para Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne
                                             Bovina no Estado da Bahia. Sistema FAEB-SENAR. Pineda N.; Sande L.; Ornelas J.; Carôso J.; CordeIro B. Salvador – Bahia. 2009




10      |                                                                             Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                  Para a cadeia produtiva usufruir de maneira positiva dessas oportunidades, as
                                                  questões de tecnologia e resolução de problemas sanitários deverão ser melhor
                                                  gerenciadas.
                                                  Deve-se considerar que os consumidores internacionais estão cada vez mais
                                                  preocupados em consumir produtos oriundos de cadeias produtivas que adotam
                                                  práticas socialmente justas, ambientalmente corretas, de bem estar animal e com
                                                  certificação de origem.
                                                  A Bahia poderá vir a ser um importante produtor de carne bovina. Para isso acontecer,
                                                  parte de sua produção deverá ser destinada para o mercado doméstico. Por outro
                                                  lado, existe a possibilidade do Estado se posicionar rapidamente, não só como for-
                                                  necedor nacional, mas também de países em via de desenvolvimento e, em médio
                                                  prazo, para mercados mais lucrativos de países desenvolvidos.
                                                  O sucesso da cadeia produtiva de carne bovina baiana depende de ações de incentivo
                                                  ao crescimento, tanto quantitativo, quanto qualitativo, do produto ofertado, a exemplo
                                                  do produto carne de sol e charque, que poderão ter certificação de origem, dentro
                                                  de padrões com garantia de segurança alimentar. O sistema de produção praticado
                                                  atualmente na pecuária baiana já se beneficia dos conceitos associados à tendência
                                                  de produção a pasto, entretanto, maiores esforços deverão ser dirigidos no sentido
                                                  de mudar a natureza das transações entre os atores da cadeia e desenvolver sistemas
                                                  de controle que inibam a comercialização clandestina da carne bovina.
                                                  O Governo Estadual terá papel central na implementação de estratégias de sus-
                                                  tentação e ampliação da inserção da carne bovina baiana no mercado nacional
                                                  e posteriormente internacional. Sua atuação deve voltar-se para políticas internas
                                                  eficientes (tecnologia, crédito, sanidade, etc). A participação da iniciativa privada
                                                  pode e deve ser mais proativa, no sentido de assumir parte das responsabilidades
                                                  no processo de negociação e implementação das ações decorrentes. A abordagem
                                                  utilizada deve ser de natureza sistêmica, pois qualquer falha nos procedimentos
                                                  adotados por um dos elos/agentes da cadeia pode comprometer a reputação de
                                                  todos e principalmente do produto final.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    11
12   |   Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
1. METODOLOGIA PROPOSTA

                                                  Desde a década de cinquenta a pesquisa de estratégias para o desenvolvimento da
                                                  cadeia produtiva da carne bovina baiana não tem conseguido atingir seus objetivos
                                                  e, menos ainda, oferecer um produto de qualidade capaz de satisfazer o consumidor
                                                  e gerar ganhos econômicos consistentes para os diferentes elos da cadeia. Possivel-
                                                  mente, o sistema de gestão do processo falhou no foco da meta principal: transformar
                                                  as estratégias em realidade e, presumindo que essa foi a intenção, não houve, em
                                                  qualquer hipótese, identificação com um processo dinâmico de motivação do criador,
                                                  incentivo à indústria e informação ao consumidor. Diante do exposto, percebe-se que
                                                  os acontecimentos do ponto de vista de causas, efeitos, consequências e reformu-
                                                  lação do processo deveriam ser revistos, partindo da análise de dados de cada setor
                                                  e dos resultados atingidos, para implantação de um novo modelo de organização e
                                                  de integração das partes envolvidas nessa cadeia produtiva.[4,5]

Figura 1 – Causas e efeitos que determinam a implantação de um novo processo de gestão da cadeia produtiva da carne bovina baiana




Fonte: Falconi, 1996




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                      |   13
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        1.1 CAUSAS QUE IMPOSSIBILITARAM O
            ATINGIMENTO DAS METAS

        •	      Uma primeira análise mostra que a cadeia produtiva de carne bovina baiana
                tem peculiaridades e está comprometida desde a produção de material gené-
                tico até a gôndola do supermercado. Existem não somente ineficiências, como
                também um alto grau de individualismo que se traduz em falta de qualidade
                do produto final, desperdícios e distorções de preços.
        •	      A circulação de carne clandestina é uma triste realidade que pode chegar ao
                fantástico número de 50% do consumo da carne na Bahia.
        •	      “A clandestinidade e o abate informal levam à quase desarticulação do setor
                industrial, havendo poucos líderes com vontade e capacidade de mudar esta
                realidade” (Jank,1996).


        1.2 IDEIAS DE MEDIDAS

        •	      Implantação de um plano estratégico de desenvolvimento cujo objetivo principal
                é a união entre a maior quantidade possível de setores envolvidos.
        •	      Intensificação das alianças em todos os níveis, passando necessariamente por uma
                mudança de mentalidade: o equilíbrio justo entre competição e cooperação.


        1.3 ROMPIMENTO COM A SITUAÇÃO ATUAL

        •	      Promover a reorganização das entidades através de estruturas técnicas e cien-
                tíficas que sejam capazes de transferir tecnologia e ao mesmo tempo gerar
                uma educação contínua e programada de todos os setores.
        •	      Iniciar um processo de valorização e autoestima de todos os setores envolvidos
                onde as soluções sejam planejadas em benefício da cadeia produtiva.


        1.4 MELHORIA DOS PRODUTOS E PROCESSOS
            EXISTENTES

        •	      Investir em processos de extensionismo que divulguem e promovam trans-
                formações.
        •	      Desenvolver parcerias entre os setores de pesquisa, produção e indústria,
                com ações conjuntas, catalisadas pelo ambiente institucional, considerando
                como insumos econômicos o melhoramento genético, as boas práticas de
                produção, a vigilância sanitária, a qualidade total nas indústrias processadoras
                e a segurança alimentar.




14      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                  1.5 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS: NOVOS PRODUTOS
                                                      E PROCESSOS

                                                  •	      Exploração máxima da vantagem competitiva da pecuária baiana baseada em
                                                          sólidos pacotes tecnológicos.
                                                  •	      Conhecimento de que o aumento da produtividade, não passa somente pela
                                                          abertura de novas fronteiras, implantação de novas plantas frigoríficas e de pro-
                                                          cessamento de couro, mas também pela melhoria dos sistemas existentes.
                                                  •	      Implantação de projetos sustentáveis com princípios socioambientais valo-
                                                          rizados através do marketing estratégico da bacia do rio São Francisco e da
                                                          carne baiana.
                                                  •	      Mudanças na imagem da carne baiana passam, inevitavelmente, pela mudança
                                                          da imagem do pecuarista e da indústria processadora na Bahia.
                                                  •	      Desenvolvimento, incremento e adequação sanitária e certificação de origem
                                                          ao sistema de produção de carnes regionais.
                                                  O sucesso de uma estratégia dessa natureza, face à abrangência, dependerá da implan-
                                                  tação do processo de interação contínua e dinâmica, entre os ambientes de ordem ins-
                                                  titucional, organizacional e tecnológico, onde toda ação será consequência da análise
                                                  dos resultados obtidos (Fig.2) e onde cada segmento deverá determinar o seu papel
                                                  dentro da estratégia global com um objetivo único: produzir carne e couro de boa
                                                  qualidade ao menor preço, capaz de permitir a sobrevivência justa e dura-
                                                  doura de toda a cadeia produtiva, onde as margens de lucro sejam menores,
                                                  porém onde a participação em mercados estáveis aumente constantemente.
                                                  Cada elo da cadeia deverá participar com diretrizes definidas a longo prazo em uma
                                                  visão global e traçar as estratégias devidas, definindo metas anuais e medidas táticas
                                                  para alcançá-las. Deve-se executar os planos de ação, verificar os resultados, diagnosti-
                                                  car possíveis problemas continuamente e tomar decisões a partir da reflexão. Até agora
                                                  muitos planos foram traçados, porém fracassaram porque as metas não foram atingidas
                                                  e nada aconteceu. Os primeiros objetivos deverão resolver os problemas crônicos da
                                                  cadeia produtiva em cada um dos setores envolvidos, através de ações corretivas e
                                                  procurando manter a padronização na qualidade do produto. Para tanto, deve-se:
                                                  •	      Analisar as informações geradas por fatos e dados fidedignos;
                                                  •	      Verificar as causas que motivaram as diferenças entre os resultados previstos
                                                          e os atingidos;
                                                  •	      Analisar e romper definitivamente com a inércia do conformismo e do indivi-
                                                          dualismo;
                                                  •	      Aplicar o princípio contínuo da inovação;
                                                  •	      Finalmente, questionar criadores, indústria, comunidade científica, governo e
                                                          sociedade, o porquê de continuar sem atingir a meta mais elementar: produzir
                                                          carne com as exigências mínimas de higiene no Estado da Bahia.



Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    15
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        1.6 CADEIA DA CARNE E ANÁLISE SISTÊMICA

        O enfoque sistêmico do produto Carne Baiana pretende examinar a forma pela
        qual as atividades de produção e distribuição de uma commodity se organizam na
        economia, questionando o modo de se elevar a produtividade de tais atividades
        através de melhores tecnologias, ações organizacionais, institucionais ou políticas
        de coordenação.
        Quando se analisa o que tem sido feito dentro da cadeia produtiva da carne
        bovina baiana, constata-se que a maioria das estratégias de organização realizou-
        se no curto prazo e com caráter estritamente setorial, sem evoluir em conceitos
        da análise sistêmica, que preconiza o mínimo de atritos entre os integrantes da
        cadeia e a maximização do poder de adaptação frente às mudanças mercadoló-
        gicas. A definição do cliente nesta cadeia é complicada em virtude do tamanho,
        onde cada um dos elos é cliente do elo anterior e fornecedor do subsequente.
        Portanto, a soma dos ótimos locais não garante o ótimo total do sistema. Se
        cada um nesta cadeia tenta buscar o seu ótimo local, o atendimento total fica
        difícil ou impossível. Logo, a análise da competitividade de cadeias produtivas
        deve, necessariamente, levar em consideração modelos conceituais e meto-
        dológicos que englobem a análise sistêmica de sua estrutura. Nesse sentido,
        a análise sistêmica de cadeias produtivas permite a melhor identificação e o
        entendimento de fatores que afetam o desempenho global do sistema, ou seja,
        a própria competitividade da cadeia em análise. O enfoque sistêmico deverá ter
        sua atenção voltada ao processo vertical de adição de valores ao produto final
        e à coordenação necessária para que se sincronize e integre de forma eficiente
        a contribuição de cada agente do sistema, garantindo, assim, que o produto
        final, seja de fato, o que foi demandado.
        A reengenharia da cadeia produtiva da carne bovina baiana não é evidente e está
        comprometida pelas condições precárias de exploração, pelo nível tecnológico
        dos pecuaristas, dos proprietários de frigoríficos e de curtumes e pela desinfor-
        mação dos açougueiros e das donas de casa. As exigências dos consumidores
        provocam a reordenação e reeducação do sistema. Dentro deste pensamento, o
        varejo assume uma posição estratégica, pois ele pode decodificar as exigências
        do consumidor e abastecer o resto da cadeia com as informações que irão pro-
        mover as mudanças necessárias para atender aos desejos do consumidor baiano
        em uma primeira análise.




16      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




         Figura 2 – Cadeia produtiva da carne bovina do Estado da Bahia




         Fonte: Adaptado de Cruz & Valverde, 2008



                                                    Na cadeia da carne bovina convivem empresas de diversos portes voltadas para
                                                    mercados locais, regionais, nacional e com condições de credenciamento para o
                                                    mercado internacional.
                                                    O primeiro elo da cadeia produtiva de carnes é composto por fornecedores de insu-
                                                    mos, máquinas e equipamentos. Um primeiro grupo é composto por fornecedores
                                                    de produtos veterinários, forragens e pastagens, grãos, sais minerais e rações. Um
                                                    segundo grupo, vinculado a pesquisa e extensão, é composto por fornecedores de
                                                    sêmen, embriões e animais selecionados. Um outro fornece instalações, máquinas
                                                    e equipamentos. E, finalmente, outro segmento é composto por prestadores de
                                                    serviços diversos, inclusive financeiros.
                                                    O segundo elo é composto por pecuaristas especializados ou não, que podem orga-
                                                    nizar verticalmente as etapas de cria, recria e engorda do gado ou horizontalmente,
                                                    encarregando-se de apenas uma dessas etapas.
                                                    Entre a produção pecuária e a transformação em carne e outros subprodutos estão
                                                    os intermediários, comerciantes que repassam os animais prontos para o abate aos
                                                    frigoríficos e abatedouros fiscalizados ou clandestinos.
                                                    A etapa seguinte é a do processamento industrial, que consiste, de um lado, na pro-
                                                    dução de peles, couros, sabões, embutidos, charques, miúdos e farinhas. Por outro
                                                    lado, há o processamento da desmontagem, corte e refrigeração das carnes. Os
                                                    frigoríficos distribuem a carne no mercado doméstico, onde parte da produção
                                                    segue para a indústria de transformação e outra parte é distribuída no varejo pelos
                                                    açougues e supermercados, através da venda direta ou indireta.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    17
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Até o elo final da cadeia - a distribuição - pode ocorrer mais de uma intermediação de
        atacadistas, entrepostos e revendedores, que farão o produto chegar aos açougues,
        feiras livres, boutiques de carne, restaurantes, supermercados e outras formas de
        varejo, em transações formais ou informais, para venda ao consumidor final.
        A cadeia de carne bovina é pouco coordenada e praticamente não há integração
        vertical. Essa ausência de coordenação tem contribuído para a manutenção de de-
        ficiências organizacionais, além de elevados índices de clandestinidade e existência
        de intermediários oportunistas. A diversidade se configura na grande variedade de
        raças, sistemas de criação, de condições sanitárias de abate e de formas de comer-
        cialização. A desarticulação é estabelecida pela baixa estabilidade nas relações
        entre criadores, frigoríficos, atacadistas e varejistas.
        A coordenação na cadeia de carne bovina no Brasil, praticamente não existe. Ini-
        ciativas isoladas são correntes. O ambiente institucional e organizacional é afetado
        positivamente ou negativamente pelos diversos mecanismos, que visam estabelecer
        formas eficazes de relacionamento dentro da cadeia, bem como promover um
        sistema produtivo capaz de fazer face às ameaças de outras cadeias alimentares,
        principalmente da cadeia de frango.



18      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




     A cadeia de carne bovina é pouco
    coordenada e praticamente não há
     integração vertical. Essa ausência
      de coordenação tem contribuído
     para a manutenção de deficiências
     organizacionais, além de elevados
        índices de clandestinidade e
        existência de intermediários
                oportunistas.

                                                  O fortalecimento dos vínculos entre a produção, a industrialização e a comercialização,
                                                  requer um sistema de regras e leis que resultem em fortalecimento dos agentes
                                                  envolvidos, das relações entre os elos do setor, gerando melhorias na qualidade
                                                  sanitária dos produtos (cortes embalados e desossados) e disponibilizando infor-
                                                  mações sobre os animais (rastreabilidade).
                                                  A desregulamentação dos mercados, a abertura econômica ao exterior, as
                                                  transformações tecnológicas e a estabilidade dos preços, a partir da segunda metade
                                                  dos anos 1990, fizeram com que o sistema agroindustrial de carnes passasse
                                                  por grandes transformações. O progresso na genética animal, o uso das novas tec-
                                                  nologias da informação e a adoção de técnicas de manejo, nutrição e sanidade muito
                                                  contribuíram para a expansão das fronteiras tecnológicas e financeiras da criação,
                                                  do processamento, do empacotamento, da refrigeração e do transporte.
                                                  A concentração do processo de comercialização em grandes redes de varejo implicou
                                                  em novos arranjos entre os componentes da cadeia. Sob a coordenação de
                                                  empresas multinacionais e de grandes redes varejistas (supermercados e hipermer-
                                                  cados), que até então ocupavam a segunda linha dos processos de comercialização
                                                  de distribuição, modificaram-se as escalas de produção em todos os elos da cadeia,
                                                  desde os insumos, passando pela produção pecuária e a logística de transporte.
                                                  As possibilidades de ganhos de escala provocaram mudanças nas estratégias dos
                                                  produtores com capacidade técnica e financeira para crescer rapidamente. Com
                                                  preços competitivos, a cadeia diversificou seu portfólio de produtos disponíveis,
                                                  em termos de cortes, de marcas e de valores agregados.
                                                  Na Bahia, essas mudanças vêm provocando reestruturação em todos os segmentos da
                                                  cadeia produtiva, restringindo o número de pequenos e de médios produtores, que
                                                  não resistem ao acirramento da concorrência e aos paradigmas impostos pelo merca-
                                                  do. Na região metropolitana e nas grandes cidades, o poder do grande varejo ocorre
                                                  em detrimento do pequeno comércio, especialmente dos açougues e dos pontos
                                                  de venda, expulsando-os do centro comercial, levando-os para a periferia e à
                                                  clandestinidade. Os efeitos dessa reestruturação ainda estão em processo e tendem
                                                  a agravar a situação dos pequenos e médios produtores e comerciantes, na medida
                                                  em que aumentam as restrições técnicas e organizacionais à produção de carnes.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    19
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Nesse contexto, o elo mais fraco da cadeia produtiva é o pequeno agropecuarista
        familiar, que não conta com recursos financeiros e tecnológicos para acompanhar
        as exigências de preços e qualidade impostas pelo mercado, mas que sobrevive
        vendendo seu produto ao intermediário que comercializa no mercado clandestino,
        menos exigente.


        1.7 COMO DIAGNOSTICAR

        A utilização de duas técnicas combinadas de forma interativa e sinérgica pode levar
        a diagnosticar de forma clara os pontos de conflito que impediram a integração e o
        desenvolvimento da cadeia produtiva da carne baiana. De uma parte a metodologia
        Delphi, que permite identificar fatores que tenham probabilidade de influenciar
        o futuro, delinear previsões em situações onde não existam dados históricos de
        parâmetro de desempenho ou onde se espera mudanças estruturais no ambiente
        de negócios. Baseia-se no pressuposto de que é possível ordenar um pensamento
        de forma correta quando esse esforço resulta de um conjunto de interpretações e
        visões, em uma perspectiva de que um conjunto de pessoas representativas da cadeia
        produtiva representa melhor a opinião em torno de determinado assunto do que
        uma opinião isolada e que um somatório de informações contribuirá para melhorar
        a qualidade das previsões. É fundamental que as pessoas entrevistadas de cada elo
        da cadeia produtiva tenham conhecimento das características de cada ator e opinem
        através da pesquisa sobre as decisões das políticas públicas,
        De outra parte, a metodologia de Análise Rápida é apropriada na análise de sistemas
        agro-alimentares onde os recursos de tempo e ou financeiros são escassos, impedindo
        a realização de avaliações formais, ou quando o interesse está em obter conhecimento
        amplo, e não aprofundado, sobre o sistema.
        A proposta de trabalho é um enfoque pragmático que se situa entre o contínuo dos
        métodos informais, como conversas não estruturadas e visitas de curta duração, com
        pesquisas bem estruturadas em combinação com levantamentos de mercado e es-
        tatísticas. As vantagens da combinação destas duas metodologias estão associadas
        ao seu baixo custo, à velocidade de execução, a sua capacidade de elucidação do
        sistema e à flexibilidade e eficiência operacional.
        A metodologia de análise rápida permitirá de uma parte:
        •	    Avaliar o desempenho de sistemas e estabelecer informações descritivas e
              qualitativas para a tomada de decisão.
        •	    Compreender as relações de causa e efeito que afetam o comportamento do
              sistema.
        •	    Interpretação dos dados levantados.
        •	    Gerar sugestões e recomendações.




20      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                  A metodologia Delphi permitirá de outra parte estabelecer a base final de reco-
                                                  mendações das políticas públicas e ações das entidades envolvidas no objetivo
                                                  inicial de fomentar os ganhos sistêmicos ao longo da cadeia produtiva e obter
                                                  melhores questionamentos, hipóteses e suposições para a posterior elaboração de
                                                  um estudo formal, fundamentado em análises estatísticas.
                                                  É necessário não perder o foco ao estabelecer continuamente análises Swot (Pontos
                                                  Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças) dos diferentes elos para construir
                                                  soluções viáveis e modulares, aproveitando a estrutura vigente e preservando as pos-
                                                  síveis vantagens competitivas da pecuária baiana, criando marcos regulatórios
                                                  e cenários de viabilidade econômica para o desenvolvimento de todos os agentes
                                                  da cadeia produtiva da carne bovina baiana.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    21
22   |   Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
2. CONJUNTURA MUNDIAL E PECUÁRIA BRASIL
                                                  2.1 INTRODUÇÃO

                                                  O final de 2008 deu-nos uma prévia do que irá acontecer com os preços agrícolas
                                                  no ano de 2009. Depois de meses de alta ininterrupta (julho a novembro), os preços
                                                  mundiais dos produtos no fechamento do ano tinham caído sensivelmente: soja
                                                  entre 37% e 46%. Já o milho, o açúcar e o algodão assimilavam quedas de 38%, 15%
                                                  e 29% respectivamente, no mesmo período. Os preços médios de exportação de
                                                  carnes do Brasil, medidos até outubro de 2008, estavam praticamente estáveis. Os
                                                  da carne bovina não tinham começado a cair, mas os de aves e de suínos tiveram
                                                  a trajetória de alta interrompida, com reduções, de setembro para outubro, de 3%
                                                  e 4% respectivamente. Esse foi somente o começo do ajuste de preços nas carnes.
                                                  No primeiro trimestre de 2009, as pressões de baixa e os sucessivos problemas dos
                                                  frigoríficos estão aumentando as incertezas na atividade pecuária.
                                                  Nesse cenário, vale a pena rever, do ponto de vista da produção e do consumo mun-
                                                  dial do mercado externo e interno, como foram os últimos anos para a carne bovina
                                                  brasileira. A produção mundial de carne bovina no ano 2008 foi de 59,3 milhões de
                                                  toneladas de equivalente de carcaça (USDA, 2008), onde o Brasil teve uma participação
                                                  de 15,3%, sendo o segundo produtor mundial. Ao mesmo tempo o consumo mundial
                                                  foi de 58,5 milhões de equivalente de carcaça, o que mostra um escasso excedente
                                                  de 1,3%. No Brasil, terceiro maior consumidor mundial, o consumo correspondeu a
                                                  12,5% do consumo mundial de carne.

Figura 3 – Produção e consumo mundial de carne bovina em 2008




Fonte: USDA, 2008.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                       |   23
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Em 2008, os preços subiram consideravelmente, pois a oferta esteve reduzida e a
        demanda cresceu muito, puxada por países em desenvolvimento, em especial os
        exportadores de petróleo. Mesmo com o embargo da Comunidade Europeia, Rússia,
        Egito, Venezuela e Irã consumiram 52% das exportações brasileiras. Na comparação
        de janeiro a novembro de 2008, com o mesmo período de 2007, a receita aumentou
        17% e o preço médio da carne bovina in natura exportada foi 47% mais alto. Foi um
        ano extraordinário para o setor exportador de carne bovina, que se capitalizou através
        de uma receita cambial de 5,32 bilhões de dólares e cresceu com fortes investimentos
        por parte do BNDES.
        De forma geral, a produção de carnes nos últimos 10 anos tem obtido um cresci-
        mento sustentado, exceto a carne bovina que começou a sentir o abate de fêmeas
        e as consequências da falta de investimento do setor devido aos preços baixos dos
        últimos anos. A figura 4 mostra um crescimento de 73% de carne bovina, 219% na
        de frango e 130% na de suíno nos últimos 14 anos, sendo que a produção de carne
        bovina diminuiu 4,2% em 2008.
        Figura 4 – Produção brasileira de carnes




        Fonte: ABIEC, ABEF, ABIECS, 2008.


        Como mostra a Figura 5, a exportação das carnes brasileiras bateu todos os recordes
        nos últimos dez anos: carne de frango cresceu 428%, bovina 774%, suína 932% e das
        demais carnes 611%.
        Em 1997, o Brasil exportou 460 milhões de dólares para 86 países. No ano de 2008,
        exportou para 151 países 5,32 bilhões de dólares (AgroStat, Brasil, 2008).




24      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                       Figura 5 – Exportação brasileira de carnes (Toneladas x 1000)




                       Fonte: AgroStat Brasil, 2008.

                                                       O crescimento das exportações de commodities agrícolas brasileiras está diretamen-
                                                       te relacionado com a magnitude da expansão da economia global, que pode ser
                                                       medida pelo incremento do produto interno bruto (PIB) mundial. Nas perspectivas
                                                       de 2009, segundo o relatório do FMI, o mundo poderá crescer 2,2%. Mas as econo-
                                                       mias avançadas deverão ter queda de 0,3% em 2009, puxada, sobretudo, por uma
                                                       recessão de 0,7% nos EUA.
                                                       Os países desenvolvidos apresentavam um crescimento de 1,4% e 2,6% em 2008 e
                                                       2007, respectivamente. No caso dos emergentes, o FMI projeta crescimento de 5,1%
                                                       em 2009, valor menor que os 6,6% esperados para 2008 e os 8,1% observados em
                                                       2007. Dos países que são grandes importadores de produtos do agronegócio brasi-
                                                       leiro, a China cai de 9,7% em 2008 para 8,5% em 2009, a Rússia, de 6,8% para 3,5% e
                                                       o Oriente Médio, de 6,1% para 5,3%. Para não passar em branco, o Brasil deverá ter
                                                       crescimento de 5,2% em 2008 e de 3% em 2009. Atualmente esses números do FMI
                                                       são considerados otimistas na visão de alguns analistas. É o caso do Banco Mundial,
                                                       que projetou expansão de somente 0,9% para o PIB mundial no seu relatório de
                                                       dezembro (Nassar, 2008).
                                                       Os acontecimentos recentes apontam para um possível agravamento da crise que
                                                       poderá resultar em maior desvalorização cambial, com impactos sobre os custos de
                                                       produção e o crédito para produtores e exportadores. Nesse cenário, é fundamental
                                                       a adoção de medidas no sentido de ampliar o crédito disponível, desonerar tributos
                                                       de insumos, fortalecer os sistemas de saúde animal e ampliar a negociação para a
                                                       abertura de novos mercados para a carne brasileira. Mesmo sendo claro que a de-
                                                       manda mundial de carne bovina vai diminuir, ela existirá e precisará ser atendida.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    25
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        2.2 QUEM ATENDE A DEMANDA MUNDIAL DE CARNE BOVINA?

        O Brasil é responsável por, aproximadamente, 13% do abate mundial e 25% da carne
        exportada. Mesmo com uma crise mundial de proporções gigantescas, o consumo
        mundial de carne bovina, segundo a FAO, deverá manter-se ao redor de 65 milhões
        de toneladas, e deve ser sustentado essencialmente pelo aumento de população nos
        países emergentes. Os problemas decorrentes da falta de crédito para os importadores
        mundiais deverão ajustar-se para atender a demanda mundial. Com esse cenário, os
        grandes concorrentes do Brasil têm ainda outras restrições: a forte intervenção do
        governo, a disputa da terra entre e a pecuária e produção de grãos conjuntamente
        com a intensa estiagem na Argentina, o alto custo de produção, principalmente nos
        países que produzem carne à base de grãos e também a concorrência com o milho
        para produção de etanol nos USA, a seca e o alto custo da mão-de-obra na Austrália
        e a falta de estrutura industrial da Índia. A carne brasileira tornou-se mais competitiva
        com a desvalorização cambial, o que não garante totalmente a queda de preço e de
        demanda, mas que será uma nova variável na recomposição dos mercados.
        Figura 6 – Capacidade de suporte e necessidade de abate mundial para atender demanda em 2017




        Fonte: Scot Consultoria, 2008.


        Estudo feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
        (OCDE) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
        (Food and Agriculture Organization - FAO), mostra que o abate mundial de bovinos
        precisará aumentar em 76 milhões de cabeças para atender a demanda em 2017.
        A análise gráfica da Scot Consultoria (2008) na Figura 6, permite visualizar que esse
        aumento no estágio atual de desfrute mundial de 20,4% projetado para 2017, significa
        que o rebanho mundial deverá crescer 26% ultrapassando os 2 bilhões de cabeças.
        Mantendo o crescimento atual de 3%, a única saída será aumentar tecnologia e
        elevar a taxa de desfrute para 25%. Obviamente, vale a pena perguntar quem tem a
        capacidade de ser o fornecedor mundial de carne bovina, após a crise?




26      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                  O aumento de tecnologia na exploração agropecuária poderia significar em passar
                                                  da taxa atual de lotação 0,76 UA/ha para 0,96 UA/ha, o que implicaria um aumento
                                                  de 25% do rebanho nacional, liberando 35 milhões de hectares para a agricultura. Na
                                                  verdade, o sistema de produção de carne a pasto do Brasil é o único capaz de ceder
                                                  áreas para agricultura com intensificação de tecnologia e ao mesmo tempo ver o
                                                  rebanho e a produção aumentarem, o que fica em evidência observando a distribui-
                                                  ção de terras no país como mostra a figura 6.1. O Brasil tem como ocupar ainda mais
                                                  espaços na demanda mundial crescente de grãos, de bioenergia e de carne bovina.
                                                  Figura 6.1 – Distribuição de terras no Brasil para atender a crescente
                                                  demanda de alimentos




                                                  Fonte: Grupo Pensa. Análises e Tendências do Agrobusiness Brasiliero, 2006.




                                                  2.3 PECUÁRIA UM NEGÓCIO CÍCLICO: em 2009 sem definição.

                                                  No momento atual, mesmo dentro da magnitude da crise, o fator estrutural é que a
                                                  demanda permanece. O consumo mundial estará reprimido, a capacidade de pro-
                                                  dução de carne no Brasil não será igual a de 2008. Os preços estão em queda, mas o
                                                  maior problema está no crédito e na expectativa de retração de demanda, criando
                                                  condições para especulações e incertezas, gerando insegurança o que afetará o
                                                  mercado durante o ano de 2009. Em fevereiro, os exportadores brasileiros enviaram
                                                  ao exterior 66.000 toneladas de carne bovina in natura, o que gerou uma receita de
                                                  US$ 185,9 milhões. Respectivamente, estes valores são 16,61% e 10,33% superiores em
                                                  quantidade de carne embarcada e em receita bruta comparado ao mês de janeiro
                                                  deste ano, mas em relação ao mesmo período do ano passado, a receita apresentou
                                                  uma retração de 26,89% e o volume registrou queda de 13,69%. É um sinal tímido,
                                                  mas pode ser um esboço de recuperação.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                           |    27
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Figura 7 – Ciclo pecuário. Preço do boi gordo e do bezerro em R$/@. 2006 – 2008




        Fonte: Scot Consultoria, 2008.


        No Brasil, no período entre 2002 e 2006, o preço da arroba de boi gordo aumentou
        12% e o de bezerro 1%. Entre junho de 2006 e novembro de 2008, a arroba de boi
        gordo nos Estados de São Paulo e Bahia aumentou respectivamente 80% e 81%.
        No mesmo período, os maiores aumentos de preço de bezerro aconteceram nos
        Estados de Mato Grosso do Sul e Bahia, 88% e 95% respectivamente, favorecendo a
        lucratividade da cria.
        Esse sistema cíclico da pecuária sempre tem na base o mesmo efeito: primeiro vem
        o abate e posteriormente a retenção de matrizes. A figura 8 mostra o crescimento do
        abate brasileiro de bois e matrizes entre janeiro de 1997 e janeiro de 2008. O aumento
        do abate foi de 39% para o boi e 169% para vacas.
        Figura 8 – Ciclo pecuário - Brasil – Cabeças abatidas de bois e vacas 1997 – 2008




        Fonte: Scot Consultoria, 2008.


        No ano 1997, essa proporção vaca / boi foi de 36%, já no primeiro trimestre de 2008
        chegou ao patamar de 43%.



28      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                  O ciclo de baixa na pecuária leva a ajustes produtivos intensos, plantéis liquidados
                                                  e retração das áreas de pastagem. A retenção de fêmeas tende a promover um au-
                                                  mento da oferta de bezerros. O bezerro começa a subir e a cair antes do boi. A falta
                                                  de bezerro puxa a alta do boi. Novos investimentos são feitos, sobretudo na cria,
                                                  novos investidores aparecem e se consolida o ciclo de alta até que sobra boi gordo
                                                  na escala de abate dos frigoríficos.
                                                  No primeiro trimestre de 2009, o ciclo apresenta um descompasso entre a cria e a
                                                  cria-engorda. O abate de fêmeas não se estabilizou, o preço do boi gordo tem caído,
                                                  mas a reposição continua com queda bem menor que a esperada. Essa situação
                                                  mostra que a reposição de fêmeas é lenta, que não existe sobra de bezerros e de boi
                                                  magro no pasto. O preço desestimula tanto confinadores quanto investidores de boi
                                                  gordo para 2010. Qualquer variável terá efeitos de baixa ou de alta sobre o mercado:
                                                  dificuldade de frigorífico, flexibilização das exigências da Comunidade Europeia, en-
                                                  tre outras. Uma retomada das compras russas teria efeito de alta imediato. O varejo,
                                                  alicerçado pelo aumento do salário mínimo, apropriou-se dos outrora ganhos dos
                                                  frigoríficos que, na necessidade de compor o caixa, com capacidade ociosa e falta
                                                  de crédito, pressionam a baixa da arroba do boi gordo.
                                                  Esse será o cenário que dominará o ano de 2009, que deveria consolidar o ciclo de
                                                  alta, mas a realidade é que o rebanho bovino brasileiro não está em fase de recom-
                                                  posição. A dificuldade da reposição pode também puxar para cima as cotações da arroba
                                                  de boi, apesar do quadro atual de queda de 5% do abate nacional.


                                                  2.4 CRISE E TENDÊNCIAS DE CONSUMO

                                                  Análise feita pelo FMI em janeiro de 2009 mostra que o mundo ainda pode esperar
                                                  um crescimento de 0,5% do PIB, sendo que nos países desenvolvidos, o PIB deverá
                                                  encolher 2% e os países em desenvolvimento vão crescer 3,3%. Em 2010, graças ao
                                                  esforço mundial, um crescimento mundial de 3% poderá se concretizar, com os países
                                                  desenvolvidos retomando o crescimento em 1,1% e as economias emergentes em
                                                  5%. A demanda, portanto, mesmo em 2009 estruturalmente existe e será retomada
                                                  em 2010. Neste momento, é interessante analisar as tendências de consumo para
                                                  os próximos anos.
                                                  A Figura 9 mostra que a população mundial em 15 anos terá 8,3 bilhões de consu-
                                                  midores, o que significa um crescimento de 62% na demanda de alimentos sendo
                                                  dois terços oriundos do continente africano, da China e da Índia.
                                                  A Figura 10 mostra que países que hoje mantém forte intercâmbio comercial com o
                                                  Brasil tendem a aumentar o consumo de proteínas de origem animal, substituindo
                                                  cereais e amidos por carnes, lácteos, doces, frutas, alimentos processados, elevando
                                                  em 42% o consumo mundial de todas as carnes nos próximos vinte anos.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    29
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Figura 9 – Demanda mundial por alimentos




        Fonte: Bourland, N., Agroanalysis, Vol. 27, nº 03 (Março/2007) in Rodrigues, R., 2009.


        Figura 10 – Consumo per capita de alimentos no mundo (kg/habitante/ano)




        Fonte: ICONE, 2006.


        O desempenho da economia mundial para 2009 e 2010 e o comportamento do co-
        mércio de produtos agroindustriais, no presente momento, permitem concluir que
        a demanda por importação de produtos agrícolas brasileiros não passará incólume
        ao menor crescimento econômico, sobretudo em 2009 (Nassar, 2009). Mas, aumento
        de consumo não se alcança somente com crescimento econômico. O crescimento
        populacional e a migração urbana continuam em ritmo acelerado. A ocidentaliza-
        ção dos hábitos alimentares de asiáticos e africanos continua em um processo de
        sedimentação, levando ao aumento de consumo de carnes. O aumento de preço
        inibe o consumo, mas não muda tendências alimentares de longo prazo, que têm
        um conjunto de outras variáveis a serem consideradas.




30      |                                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                      Existem oportunidades reais para investimentos tanto nas cadeias das carnes, como
                                                      de leite e derivados. O espaço para o Brasil está aberto com evidentes vantagens
                                                      competitivas, que devem nortear ações de políticas públicas nestes momentos de
                                                      incerteza econômica para que o país esteja preparado para a retomada do cresci-
                                                      mento, definindo diretrizes e linhas de ação.
                                                      Em momento de crise de consumo, o fator determinante é preço e o Brasil tem o
                                                      menor custo mundial de produção bovina. No preço pago ao produtor pela indústria
                                                      somente somos superados pela Argentina, que, entretanto, apresenta um custo de
                                                      produção mais elevado. Com a desvalorização do real, a carne brasileira é a mais
                                                      competitiva no mercado internacional como mostram as Figuras 11 e 12.
           Figura 11 – Custo de produção de carne bovina em diferentes países em US$/100 kg de carcaça vendida




           Fonte: CNA, CEPEA in Rodrigues R. 2009.


           Figura 12 – Preços pagos ao produtor de carne bovina em diferentes países




           Fonte: Office de l’Elevage de la Communautée Européenne, 2009.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                               |    31
32   |   Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
3. PANORAMA DA CADEIA DE CARNE
                                                     BOVINA NA BAHIA

                                                  Os aspectos metodológicos que limitam a análise da cadeia da carne bovina em nível
                                                  nacional estão também presentes nesta seção. Em verdade, o exame de uma base
                                                  mais desagregada nas esferas municipal e estadual é dificultado pela insuficiência de
                                                  estatísticas e estudos específicos, principalmente no âmbito do Estado da Bahia.
                                                  De algum modo, pode-se afirmar que os mesmos problemas e os padrões de
                                                  organização que interferem no desenvolvimento da cadeia de carne bovina, tanto
                                                  a montante quanto a jusante, presentes no âmbito nacional, também ocorrem nos
                                                  territórios que compõem o Estado da Bahia. Entretanto, características peculiares
                                                  do desenvolvimento dessa atividade na economia baiana exigem maior aprofun-
                                                  damento da análise, para além da simples constatação dos aspectos apresentados
                                                  na seção anterior.
                                                  Algumas poucas empresas pertencentes ao primeiro elo da cadeia produtiva de
                                                  carnes (fornecedores de produtos veterinários, forragens e pastagens, grãos, sais
                                                  minerais e rações) estão presentes na Bahia de acordo com o Cadastro das Indústrias
                                                  da FIEB. Um segundo grupo, vinculado à pesquisa e extensão rural está presente,
                                                  através da EMBRAPA, EBDA, CEPLAC e outras instituições públicas, privadas e não-
                                                  governamentais, responsáveis por programas de extensão e de fornecimento de
                                                  sêmen, embriões, animais selecionados, etc. Em geral, máquinas e equipamentos
                                                  são originários de outros Estados. E, finalmente, os serviços financeiros, através de
                                                  bancos públicos como o BNB, Banco do Brasil e DESENBAHIA, que operam linhas de
                                                  crédito especiais para a cadeia, além de estabelecimentos bancários do setor privado,
                                                  espalhados em todo o Estado.
                                                  O segundo elo, correspondente aos criadores de gado bovino, está presente em
                                                  todo o Estado, porém com níveis diferenciados de organização e produtividade.
                                                  Algumas regiões possuem tradição na produção de determinados rebanhos,
                                                  outras desenvolveram a atividade de cria nos últimos anos. Alguns territórios
                                                  concentram maiores rebanhos que outros e isso ocorreu de forma diferenciada
                                                  nos últimos anos pós 1990.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                       |   33
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Em pequeno número e com alta capacidade ociosa, estão presentes na Bahia alguns
        frigoríficos, abatedouros e outras empresas responsáveis pelo processamento de
        carnes. Apesar de presentes em diversos Municípios e em alguns casos, possuírem
        alta capacidade de abate e refrigeração, ainda há problemas de coordenação desse
        elo da cadeia com os demais.
        Ao longo da cadeia são diversos os agentes responsáveis pela comercialização
        formalizada ou informal e clandestina dos produtos cárneos. Desde os açougues
        informais, improvisados, barracas em feiras livres, até o mercado formal em boutiques
        de carnes, açougues, restaurantes, hotéis, supermercados, etc.


        3.1 A PRODUÇÃO

        A Bahia possui um rebanho bovino de 10.764.857 cabeças que vem evoluindo nos
        últimos seis anos a uma taxa média de 2,03% ao ano, segundo a Pesquisa da Pecuária
        Municipal do IBGE, (2006). Em 1976, o rebanho era composto por 8.895.288 animais,
        chegando a 12.160.075 em 1992. Todavia, as adversidades climáticas entre os anos
        de 1993 e 1998 provocaram uma queda significativa no estoque, de mais de 2,5
        milhões de cabeças.
        Figura 13 – Evolução do rebanho bovino efetivo de 1974 a 2006




        Fonte: PPM/IBGE, 2006.


        Desconsiderando-se o período atípico representado por problemas climáticos, a taxa
        média de crescimento do rebanho é de 2,03% ao ano, comportamento observado nos
        últimos oito anos (1998-2006). Desse modo, a tendência de crescimento do rebanho
        deve basear-se no comportamento desse período recente. Essa taxa poderá elevar-se
        caso as inovações tecnológicas que vierem a ser introduzidas nos sistemas produtivos
        acelerem a taxa de crescimento do rebanho, aumentando a taxa de fertilidade, a
        precocidade e principalmente, assegurando reservas estratégicas alimentares para
        garantir o ganho de peso e a saúde dos animais nos períodos secos.




34      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                  A ADAB registrou em 2008 um efetivo de 11.071.662 animais, 2,7% a mais do que os
                                                  dados de dois anos atrás, publicados pelo IBGE. Como se trata de uma metodologia
                                                  distinta, não cabe a comparação entre as duas fontes, todavia, projetando-se os dados
                                                  do IBGE para 2008, com base no comportamento dos últimos oito anos (crescimento
                                                  de 2,03% ao ano) é possível se chegar a um efetivo de 11.205.622 animais, dados
                                                  muito próximos aos da ADAB.
                                                  Levantamentos da vacinação contra febre aftosa de novembro de 2008, apresentaram
                                                  uma queda de 6,75% em relação a última vacinação de 2007, com um contingente
                                                  de 10.536.350 cabeças vacinadas. É possível relacionar esta queda com o efetivo
                                                  de animais jovens vendidos para outros Estados, evidenciado o forte entrave na
                                                  produção bovina do Estado, a falta de incentivo na produção para fazer o ciclo
                                                  completo, desde a cria até o abate, desestabilizando o fornecimento de boi gordo
                                                  para os frigoríficos.
                                                  Os dados de vacinação de 2007, mesmo não compondo uma série histórica signifi-
                                                  cativa, estão desagregados por sexo e idade dos animais, o que permite conhecer
                                                  algumas características do rebanho com base numa pesquisa do tipo cross-section.
                                                  Tais características podem ser significativas para um diagnóstico mais acurado e o
                                                  delineamento de políticas públicas de apoio à produção de carne no Estado. Além
                                                  da possibilidade de se agrupar os dados por sexo e idade, é fundamental que os
                                                  mesmos sejam organizados por Território de Identidade.
                                                  A Bahia possui o maior rebanho bovino de todo o Nordeste e sempre ocupou posição
                                                  de destaque no contexto nacional. Desde 1978, entretanto, vem sistematicamente
                                                  reduzindo sua participação. Entre 1974 e 1992 possuía o sexto maior rebanho do
                                                  país, com participação que oscilava entre 8,4% e 7%. A partir dos anos 90, o rebanho
                                                  bovino da Bahia decresceu a uma taxa média anual de aproximadamente 0,83%, o
                                                  que significou perda de 740 mil cabeças. Como resultado desse desempenho, em
                                                  2006 a Bahia ainda possuía o maior rebanho nordestino (aproximadamente, 40%) e
                                                  ocupava, porém, a nona posição entre os maiores rebanhos do país (5,2% do total
                                                  nacional), com mais de 10,7 milhões de cabeças.
                                                  Apesar dessa posição de destaque e mesmo com a vitória sobre a aftosa, a Bahia ainda
                                                  não exporta, não obstante o Estado já contar com unidades frigoríficas atendendo
                                                  às exigências do SIF - Serviço de Inspeção Federal e que poderão ser adequadas,
                                                  com obras complementares, às normas para exportação. Somente o frigorífico
                                                  BERTIN está inscrito na Lista Geral de Exportação do MAPA, sem, entretanto, ter
                                                  viabilizado exportações através da Bahia. Enquanto isso não ocorre, os produtores
                                                  baianos recebem um dos menores preços de arroba de boi do Brasil, embora isso não
                                                  seja revertido para o consumidor, parcela importante e fundamental da cadeia do
                                                  negócio da carne, que sofre com a falta de renda. Dessa forma, parcela significativa
                                                  da população deixa de comer carne diariamente. O cardápio não é imposto pela
                                                  vontade e, sim, pela renda.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    35
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Qualitativamente, os investimentos na bovinocultura baiana nem sempre acom-
        panharam a tendência da pecuária do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Aqui,
        houve relativamente menos investimentos em gestão e modernização tecnológica.
        Permaneceram fortes o baixo índice de empreendimento empresarial e a explora-
        ção extensiva e voltada para a reserva de valor. E isso ficou refletido na decrescente
        participação do Estado no rebanho nacional e nordestino, mostrando que na Bahia
        a pecuária teve pior desempenho.
        Figura 14 – Bahia: Participação (%) no Rebanho Bovino do Nordeste e do Brasil




        Fonte: IBGE, 2006.


        De todo modo, esse desempenho negativo não ocorreu em todos os quadrantes
        do território baiano. Em alguns territórios houve até aumento da produtividade,
        com especialização do produtor e uso de novas tecnologias de modernas práticas
        de gestão da pecuária de corte. Por outro lado, na maioria dos Municípios, a estag-
        nação e manutenção de arcaicas relações de trabalho e manejo inadequado foram
        preponderantes, contribuindo para o baixo desempenho da produtividade média
        estadual durante o período.
        Enquanto, em termos agregados, o efetivo bovino da Bahia decrescia a uma taxa
        anual média de 0,83%, entre 1990 e 2006, em cinco de seus territórios de identidade
        aumentava o rebanho, destacando-se o do Extremo Sul, que cresceu, em média,
        3,9% ao ano no período. Nos demais, houve diminuição do efetivo e essas perdas
        não foram uniformemente distribuídas. Em 1974, o maior rebanho bovino da Bahia
        estava localizado no território de Identidade de Itapetinga e correspondia a 17%
        do efetivo estadual. A posição de liderança permaneceu até o início dos anos 1990,
        quando o crescimento do efetivo localizado no território do Extremo Sul o conduziu
        à liderança. Em 2006, apenas 11 dos 26 territórios de Identidade detinham quase 70%
        de todo o rebanho estadual e o Extremo Sul possuía 16% do efetivo baiano, seguido
        do de Itapetinga (8%), como mostra a Figura 15.




36      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                  Figura 15 – Distribuição do rebanho bovino por número de cabeças




                                  municípios c/

                                  Rebanho bovino superior a 100.000 CAB.

                                  Rebanho bovino superior a 70.000 CAB.

                                  Rebanho bovino superior a 40.000 CAB.



                  Fonte: SEAGRI, 2007 in Bastos, A., 2008.


                                                         A Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária propôs, a partir de 2007, o
                                                         conceito de divisão do Estado em 06 Pólos Pecuários com seus respectivos efetivos
                                                         bovino. Nesse contexto, três Pólos detêm mais de 60% do rebanho bovino, como
                                                         mostra a Figura 16.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                         |    37
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Figura 16 – Distribuição do rebanho bovino por número de cabeças e pólos pecuários




        Fonte: SEAGRI, 2007 in Bastos A., 2008.


        O rebanho bovino não está distribuído de forma homogênea no espaço baiano, ao
        contrário, mesmo que presente em todos os Municípios, está concentrado em um
        número pequeno de territórios com alta densidade bovina e vocação pecuária. Além
        dos territórios do Extremo Sul (16%) e Itapetinga (8%), a Bacia do Rio Grande detém
        7% do efetivo do Estado, o Rio Corrente 6,6% e Vitória da Conquista 6,4%. Esses
        cinco territórios somam 37% do efetivo, enquanto os demais territórios participam,
        individualmente, com 5% ou menos, na composição do rebanho bovino da Bahia. Da
        mesma forma, a divisão do rebanho por sexo e faixas étarias apresenta distribuição
        irregular. A predominância de fêmeas é clara, exceto nos territórios de Itaparica, do
        Recôncavo e de Itapetinga.




38      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                  Figura 17 – Distribuição do rebanho bovino por número de cabeças – Bahia Polos de Produção Pecuária




                                  municípios c/

                                  Rebanho bovino superior a 100.000 CAB.

                                  Rebanho bovino superior a 70.000 CAB.

                                  Rebanho bovino superior a 40.000 CAB.




                  Fonte: SEAGRI, 2007 in Bastos A., 2008.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                        |    39
| Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia




        Figura 18 – Rebanho nos territórios segundo o sexo (machos)




        Fonte: ADADB, 2008.


        Na região Oeste, representada pelos territórios do Rio Grande, Rio Corrente e Velho
        Chico, a proporção de machos está próxima de 30%.
        O efetivo estadual possui uma composição etária avançada. Animais com mais de 36
        meses de idade ainda representam quase 40% do total, enquanto os animais jovens
        com menos de um ano não chegam a 20% do total.
        Os animais mais jovens, com idade inferior a 12 meses representam em média 18,8% do
        total como visto, entretanto, nos territórios onde a pecuária é mais avançada, o estoque
        desses animais se aproxima ou ultrapassa a percentagem de 20% do total, é o caso de
        Itapetinga, Extremo Sul, Recôncavo, Piemonte da Diamantina e Bacia do Rio Grande.
        Os rebanhos com animais mais maduros, de idade acima de 36 meses, por outro
        lado, representam uma proporção significativa do efetivo dos territórios. No Sertão
        do São Francisco, no Velho Chico, na Bacia do Paramirim e no território de Itaparica,
        a proporção desses animais ultrapassa os 40% e às vezes 45% do total do rebanho.
        Figura19 – Rebanho bovino segundo a idade – Bahia, 2007




        Fonte: ADADB, 2008.




40      |                                                                        Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia |




                                                  Figura 20 – Rebanhos com animais mais jovens, menos de um ano de idade – Bahia, 2007




                                                  Fonte: ADADB, 2008.


                                                  Figura 21 – Rebanhos com animais mais maduros, com idade superior a 36 meses – Bahia, 2007




                                                  Fonte: ADADB, 2008.


                                                  Essa expressiva presença de animais maduros em quase todos os territórios se deve
                                                  ao grande número de fêmeas com idade superior a 36 meses. Metade do rebanho
                                                  total é composto por fêmeas com idade acima de 13 meses, mas 30% de todo o
                                                  rebanho é composto por fêmeas com mais de 36 meses de idade.




Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009                                                                           |    41
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia
Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Oficio 13 2013 solicitação de reunião com preseidência da câmara
Oficio 13 2013 solicitação de reunião com preseidência da câmaraOficio 13 2013 solicitação de reunião com preseidência da câmara
Oficio 13 2013 solicitação de reunião com preseidência da câmaraFolha de Pernambuco
 
Instalações para aves
Instalações para avesInstalações para aves
Instalações para avesMarília Gomes
 
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIAAPRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIAINSTITUTO VOZ POPULAR
 
CARTA DE RECOMENDAÇÃO Instituto Crescer
CARTA DE RECOMENDAÇÃO Instituto CrescerCARTA DE RECOMENDAÇÃO Instituto Crescer
CARTA DE RECOMENDAÇÃO Instituto CrescerGustavo Miguelez
 
2º ofício de solicitação de estagiário para consolidação de leis
2º ofício de solicitação de estagiário para consolidação de leis2º ofício de solicitação de estagiário para consolidação de leis
2º ofício de solicitação de estagiário para consolidação de leisHeloisa Cerri
 
Memorando de solicitação
Memorando de solicitaçãoMemorando de solicitação
Memorando de solicitaçãoPesquisa Acaraú
 
Livro de atas e livro de presença
Livro de atas e livro de presençaLivro de atas e livro de presença
Livro de atas e livro de presençaLenildo Araujo
 
Oficio n° 090 2015 Consulta CT Boa Nova
Oficio n° 090 2015 Consulta CT Boa NovaOficio n° 090 2015 Consulta CT Boa Nova
Oficio n° 090 2015 Consulta CT Boa NovaACTEBA
 
Carta de intenção
Carta de intençãoCarta de intenção
Carta de intençãomaxtematica
 
Trabalho completo projeto de intervenção
Trabalho completo projeto de intervençãoTrabalho completo projeto de intervenção
Trabalho completo projeto de intervençãohalinedias
 
Ficha do empregado
Ficha do empregadoFicha do empregado
Ficha do empregadorafaelbj17
 
Modelo pedido de patrocínio
Modelo pedido de patrocínioModelo pedido de patrocínio
Modelo pedido de patrocínioSilas Rocha
 
Oficio da escola
Oficio da escolaOficio da escola
Oficio da escolafasifo
 
Modelo de carta de renuncia
Modelo de carta de renunciaModelo de carta de renuncia
Modelo de carta de renunciaTedinho Lima
 
Como criar e administrar associaçoes de produtores rurais
Como criar e administrar associaçoes de produtores ruraisComo criar e administrar associaçoes de produtores rurais
Como criar e administrar associaçoes de produtores ruraisLenildo Araujo
 
Carta comercial materiais
Carta comercial   materiaisCarta comercial   materiais
Carta comercial materiaisBeatriz Zuza
 
Oficio CRAS dinomar miranda
Oficio CRAS dinomar mirandaOficio CRAS dinomar miranda
Oficio CRAS dinomar mirandaDinomar Miranda
 

La actualidad más candente (20)

Oficio 13 2013 solicitação de reunião com preseidência da câmara
Oficio 13 2013 solicitação de reunião com preseidência da câmaraOficio 13 2013 solicitação de reunião com preseidência da câmara
Oficio 13 2013 solicitação de reunião com preseidência da câmara
 
Instalações para aves
Instalações para avesInstalações para aves
Instalações para aves
 
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIAAPRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
APRESENTAÇÃO O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA
 
CARTA DE RECOMENDAÇÃO Instituto Crescer
CARTA DE RECOMENDAÇÃO Instituto CrescerCARTA DE RECOMENDAÇÃO Instituto Crescer
CARTA DE RECOMENDAÇÃO Instituto Crescer
 
Oficio modelo convite
Oficio modelo   conviteOficio modelo   convite
Oficio modelo convite
 
2º ofício de solicitação de estagiário para consolidação de leis
2º ofício de solicitação de estagiário para consolidação de leis2º ofício de solicitação de estagiário para consolidação de leis
2º ofício de solicitação de estagiário para consolidação de leis
 
Memorando de solicitação
Memorando de solicitaçãoMemorando de solicitação
Memorando de solicitação
 
Oficio
Oficio Oficio
Oficio
 
Livro de atas e livro de presença
Livro de atas e livro de presençaLivro de atas e livro de presença
Livro de atas e livro de presença
 
Oficio n° 090 2015 Consulta CT Boa Nova
Oficio n° 090 2015 Consulta CT Boa NovaOficio n° 090 2015 Consulta CT Boa Nova
Oficio n° 090 2015 Consulta CT Boa Nova
 
Carta de intenção
Carta de intençãoCarta de intenção
Carta de intenção
 
Trabalho completo projeto de intervenção
Trabalho completo projeto de intervençãoTrabalho completo projeto de intervenção
Trabalho completo projeto de intervenção
 
Ficha do empregado
Ficha do empregadoFicha do empregado
Ficha do empregado
 
Modelo pedido de patrocínio
Modelo pedido de patrocínioModelo pedido de patrocínio
Modelo pedido de patrocínio
 
Oficio da escola
Oficio da escolaOficio da escola
Oficio da escola
 
Modelo de carta de renuncia
Modelo de carta de renunciaModelo de carta de renuncia
Modelo de carta de renuncia
 
Modelo de ata
Modelo de ataModelo de ata
Modelo de ata
 
Como criar e administrar associaçoes de produtores rurais
Como criar e administrar associaçoes de produtores ruraisComo criar e administrar associaçoes de produtores rurais
Como criar e administrar associaçoes de produtores rurais
 
Carta comercial materiais
Carta comercial   materiaisCarta comercial   materiais
Carta comercial materiais
 
Oficio CRAS dinomar miranda
Oficio CRAS dinomar mirandaOficio CRAS dinomar miranda
Oficio CRAS dinomar miranda
 

Destacado

Cadeia produtiva da carne bovina c capa
Cadeia produtiva da carne bovina c capaCadeia produtiva da carne bovina c capa
Cadeia produtiva da carne bovina c capaAntonio Marchi
 
Cadeias produtivas apresentação Angelo Prochmann
Cadeias produtivas   apresentação Angelo ProchmannCadeias produtivas   apresentação Angelo Prochmann
Cadeias produtivas apresentação Angelo ProchmannAngelo Prochmann
 
Minasinvest Promovendo O Desenvolvimento Local
Minasinvest Promovendo O Desenvolvimento LocalMinasinvest Promovendo O Desenvolvimento Local
Minasinvest Promovendo O Desenvolvimento Localminasinvest
 
Ponte Itaparica e Sistema Viário Oeste
Ponte Itaparica e Sistema Viário OestePonte Itaparica e Sistema Viário Oeste
Ponte Itaparica e Sistema Viário OesteRomeu Temporal
 
Ponte Itaparica e o Sistema Viário
Ponte Itaparica e o Sistema ViárioPonte Itaparica e o Sistema Viário
Ponte Itaparica e o Sistema ViárioRomeu Temporal
 
InovaçãO Na Cadeia Produtiva Da CachaçA Do Mucuri
InovaçãO Na Cadeia Produtiva Da CachaçA Do MucuriInovaçãO Na Cadeia Produtiva Da CachaçA Do Mucuri
InovaçãO Na Cadeia Produtiva Da CachaçA Do MucuriBruno Dias Bento
 
Agronegócio - Cadeia produtiva da carne - Aula estudo de caso montana
Agronegócio - Cadeia produtiva da carne - Aula estudo de caso montanaAgronegócio - Cadeia produtiva da carne - Aula estudo de caso montana
Agronegócio - Cadeia produtiva da carne - Aula estudo de caso montanasionara14
 
[Palestra] Decio Coutinho: Acordo de Cooperação Técnica CNA/MAPA
[Palestra] Decio Coutinho: Acordo de Cooperação Técnica CNA/MAPA[Palestra] Decio Coutinho: Acordo de Cooperação Técnica CNA/MAPA
[Palestra] Decio Coutinho: Acordo de Cooperação Técnica CNA/MAPAAgroTalento
 
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...Jose_Sergio_Gabrielli
 
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corteCadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corteTiago Maboni Derlan
 
Cadeia produtiva do gás natural
Cadeia produtiva do gás naturalCadeia produtiva do gás natural
Cadeia produtiva do gás naturalHaroldo Fogo
 
Fichas tecnicas promimp
Fichas tecnicas promimpFichas tecnicas promimp
Fichas tecnicas promimpIrene Carvalho
 
Aula de embutidos cópia
Aula de embutidos   cópiaAula de embutidos   cópia
Aula de embutidos cópiaedson1962
 

Destacado (20)

Cadeia produtiva da carne bovina c capa
Cadeia produtiva da carne bovina c capaCadeia produtiva da carne bovina c capa
Cadeia produtiva da carne bovina c capa
 
Carne bovina
Carne bovinaCarne bovina
Carne bovina
 
Cadeias produtivas apresentação Angelo Prochmann
Cadeias produtivas   apresentação Angelo ProchmannCadeias produtivas   apresentação Angelo Prochmann
Cadeias produtivas apresentação Angelo Prochmann
 
Minasinvest Promovendo O Desenvolvimento Local
Minasinvest Promovendo O Desenvolvimento LocalMinasinvest Promovendo O Desenvolvimento Local
Minasinvest Promovendo O Desenvolvimento Local
 
Ponte Itaparica e Sistema Viário Oeste
Ponte Itaparica e Sistema Viário OestePonte Itaparica e Sistema Viário Oeste
Ponte Itaparica e Sistema Viário Oeste
 
Ponte Itaparica e o Sistema Viário
Ponte Itaparica e o Sistema ViárioPonte Itaparica e o Sistema Viário
Ponte Itaparica e o Sistema Viário
 
Proteina Do Futuro
Proteina Do FuturoProteina Do Futuro
Proteina Do Futuro
 
V encuentro marfrig
V encuentro marfrigV encuentro marfrig
V encuentro marfrig
 
InovaçãO Na Cadeia Produtiva Da CachaçA Do Mucuri
InovaçãO Na Cadeia Produtiva Da CachaçA Do MucuriInovaçãO Na Cadeia Produtiva Da CachaçA Do Mucuri
InovaçãO Na Cadeia Produtiva Da CachaçA Do Mucuri
 
Búfalo e o meio ambiente
Búfalo e o meio ambienteBúfalo e o meio ambiente
Búfalo e o meio ambiente
 
Agronegócio - Cadeia produtiva da carne - Aula estudo de caso montana
Agronegócio - Cadeia produtiva da carne - Aula estudo de caso montanaAgronegócio - Cadeia produtiva da carne - Aula estudo de caso montana
Agronegócio - Cadeia produtiva da carne - Aula estudo de caso montana
 
Consumo de carnes
Consumo de carnesConsumo de carnes
Consumo de carnes
 
[Palestra] Decio Coutinho: Acordo de Cooperação Técnica CNA/MAPA
[Palestra] Decio Coutinho: Acordo de Cooperação Técnica CNA/MAPA[Palestra] Decio Coutinho: Acordo de Cooperação Técnica CNA/MAPA
[Palestra] Decio Coutinho: Acordo de Cooperação Técnica CNA/MAPA
 
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macro Área de Influência da Ponte ...
 
PED - Plano Econômico de Desenvolvimento
PED - Plano Econômico de DesenvolvimentoPED - Plano Econômico de Desenvolvimento
PED - Plano Econômico de Desenvolvimento
 
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corteCadeia produtiva da bovinocultura de corte
Cadeia produtiva da bovinocultura de corte
 
Cadeia produtiva do gás natural
Cadeia produtiva do gás naturalCadeia produtiva do gás natural
Cadeia produtiva do gás natural
 
Fichas tecnicas promimp
Fichas tecnicas promimpFichas tecnicas promimp
Fichas tecnicas promimp
 
Carne suina
Carne suinaCarne suina
Carne suina
 
Aula de embutidos cópia
Aula de embutidos   cópiaAula de embutidos   cópia
Aula de embutidos cópia
 

Más de BeefPoint

Relatório Top 50 Beef Point de Confinamentos 2010-2011
Relatório Top 50 Beef Point de Confinamentos 2010-2011Relatório Top 50 Beef Point de Confinamentos 2010-2011
Relatório Top 50 Beef Point de Confinamentos 2010-2011BeefPoint
 
Doença Respiratória Bovina – Uma preocupação mundial
Doença Respiratória Bovina – Uma preocupação mundialDoença Respiratória Bovina – Uma preocupação mundial
Doença Respiratória Bovina – Uma preocupação mundialBeefPoint
 
Marfrig - resultados do 2º trimestre de 2011
Marfrig - resultados do 2º trimestre de 2011Marfrig - resultados do 2º trimestre de 2011
Marfrig - resultados do 2º trimestre de 2011BeefPoint
 
JBS - resultados do 2º trimestre de 2011
JBS - resultados do 2º trimestre de 2011JBS - resultados do 2º trimestre de 2011
JBS - resultados do 2º trimestre de 2011BeefPoint
 
Minerva - Resultados do 2º trimestre de 2011
Minerva - Resultados do 2º trimestre de 2011Minerva - Resultados do 2º trimestre de 2011
Minerva - Resultados do 2º trimestre de 2011BeefPoint
 
A mais invejada da Amazônia
A mais invejada da AmazôniaA mais invejada da Amazônia
A mais invejada da AmazôniaBeefPoint
 
Imea - 2°Levantamento das intenções de confinamento em Mato Grosso
Imea - 2°Levantamento das intenções de confinamento em Mato GrossoImea - 2°Levantamento das intenções de confinamento em Mato Grosso
Imea - 2°Levantamento das intenções de confinamento em Mato GrossoBeefPoint
 
Abiec: resultados das exportações de carne bovina no 1º semestre de 2011
Abiec: resultados das exportações de carne bovina no 1º semestre de 2011 Abiec: resultados das exportações de carne bovina no 1º semestre de 2011
Abiec: resultados das exportações de carne bovina no 1º semestre de 2011 BeefPoint
 
CNA - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011
CNA - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011CNA - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011
CNA - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011BeefPoint
 
BM&FBovespa - Ofício Circular sobre alterações no Indicador e nos Contratos F...
BM&FBovespa - Ofício Circular sobre alterações no Indicador e nos Contratos F...BM&FBovespa - Ofício Circular sobre alterações no Indicador e nos Contratos F...
BM&FBovespa - Ofício Circular sobre alterações no Indicador e nos Contratos F...BeefPoint
 
Mataboi - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
Mataboi - Proposta aos credores do plano de recuperação judicialMataboi - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
Mataboi - Proposta aos credores do plano de recuperação judicialBeefPoint
 
Mataboi Alimentos S.A. - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
Mataboi Alimentos S.A. - Proposta aos credores do plano de recuperação judicialMataboi Alimentos S.A. - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
Mataboi Alimentos S.A. - Proposta aos credores do plano de recuperação judicialBeefPoint
 
CNA - A verdade sobre o desmatamento
CNA - A verdade sobre o desmatamentoCNA - A verdade sobre o desmatamento
CNA - A verdade sobre o desmatamentoBeefPoint
 
CNA - Cartilha da Contribuição Sindical Rural 2011
CNA - Cartilha da Contribuição Sindical Rural 2011CNA - Cartilha da Contribuição Sindical Rural 2011
CNA - Cartilha da Contribuição Sindical Rural 2011BeefPoint
 
Marfrig Alimentos S.A. - Resultados do 1º trimestre de 2011
Marfrig Alimentos S.A. -  Resultados do 1º trimestre de 2011Marfrig Alimentos S.A. -  Resultados do 1º trimestre de 2011
Marfrig Alimentos S.A. - Resultados do 1º trimestre de 2011BeefPoint
 
Zootecnistas
ZootecnistasZootecnistas
ZootecnistasBeefPoint
 
Programação do I curso do EMBRAPA INVERNADA
Programação do I curso do EMBRAPA INVERNADAProgramação do I curso do EMBRAPA INVERNADA
Programação do I curso do EMBRAPA INVERNADABeefPoint
 
JBS - resultados do 1º trimestre de 2011
JBS - resultados do 1º trimestre de 2011JBS - resultados do 1º trimestre de 2011
JBS - resultados do 1º trimestre de 2011BeefPoint
 
ICONE - O Novo Código Florestal e a proteção das APPs e da Reserva Legal
ICONE - O Novo Código Florestal e a proteção das APPs e da Reserva LegalICONE - O Novo Código Florestal e a proteção das APPs e da Reserva Legal
ICONE - O Novo Código Florestal e a proteção das APPs e da Reserva LegalBeefPoint
 
Independência - Edital de Alienação Judicial de Unidades Produtivas Isoladas ...
Independência - Edital de Alienação Judicial de Unidades Produtivas Isoladas ...Independência - Edital de Alienação Judicial de Unidades Produtivas Isoladas ...
Independência - Edital de Alienação Judicial de Unidades Produtivas Isoladas ...BeefPoint
 

Más de BeefPoint (20)

Relatório Top 50 Beef Point de Confinamentos 2010-2011
Relatório Top 50 Beef Point de Confinamentos 2010-2011Relatório Top 50 Beef Point de Confinamentos 2010-2011
Relatório Top 50 Beef Point de Confinamentos 2010-2011
 
Doença Respiratória Bovina – Uma preocupação mundial
Doença Respiratória Bovina – Uma preocupação mundialDoença Respiratória Bovina – Uma preocupação mundial
Doença Respiratória Bovina – Uma preocupação mundial
 
Marfrig - resultados do 2º trimestre de 2011
Marfrig - resultados do 2º trimestre de 2011Marfrig - resultados do 2º trimestre de 2011
Marfrig - resultados do 2º trimestre de 2011
 
JBS - resultados do 2º trimestre de 2011
JBS - resultados do 2º trimestre de 2011JBS - resultados do 2º trimestre de 2011
JBS - resultados do 2º trimestre de 2011
 
Minerva - Resultados do 2º trimestre de 2011
Minerva - Resultados do 2º trimestre de 2011Minerva - Resultados do 2º trimestre de 2011
Minerva - Resultados do 2º trimestre de 2011
 
A mais invejada da Amazônia
A mais invejada da AmazôniaA mais invejada da Amazônia
A mais invejada da Amazônia
 
Imea - 2°Levantamento das intenções de confinamento em Mato Grosso
Imea - 2°Levantamento das intenções de confinamento em Mato GrossoImea - 2°Levantamento das intenções de confinamento em Mato Grosso
Imea - 2°Levantamento das intenções de confinamento em Mato Grosso
 
Abiec: resultados das exportações de carne bovina no 1º semestre de 2011
Abiec: resultados das exportações de carne bovina no 1º semestre de 2011 Abiec: resultados das exportações de carne bovina no 1º semestre de 2011
Abiec: resultados das exportações de carne bovina no 1º semestre de 2011
 
CNA - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011
CNA - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011CNA - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011
CNA - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011
 
BM&FBovespa - Ofício Circular sobre alterações no Indicador e nos Contratos F...
BM&FBovespa - Ofício Circular sobre alterações no Indicador e nos Contratos F...BM&FBovespa - Ofício Circular sobre alterações no Indicador e nos Contratos F...
BM&FBovespa - Ofício Circular sobre alterações no Indicador e nos Contratos F...
 
Mataboi - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
Mataboi - Proposta aos credores do plano de recuperação judicialMataboi - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
Mataboi - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
 
Mataboi Alimentos S.A. - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
Mataboi Alimentos S.A. - Proposta aos credores do plano de recuperação judicialMataboi Alimentos S.A. - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
Mataboi Alimentos S.A. - Proposta aos credores do plano de recuperação judicial
 
CNA - A verdade sobre o desmatamento
CNA - A verdade sobre o desmatamentoCNA - A verdade sobre o desmatamento
CNA - A verdade sobre o desmatamento
 
CNA - Cartilha da Contribuição Sindical Rural 2011
CNA - Cartilha da Contribuição Sindical Rural 2011CNA - Cartilha da Contribuição Sindical Rural 2011
CNA - Cartilha da Contribuição Sindical Rural 2011
 
Marfrig Alimentos S.A. - Resultados do 1º trimestre de 2011
Marfrig Alimentos S.A. -  Resultados do 1º trimestre de 2011Marfrig Alimentos S.A. -  Resultados do 1º trimestre de 2011
Marfrig Alimentos S.A. - Resultados do 1º trimestre de 2011
 
Zootecnistas
ZootecnistasZootecnistas
Zootecnistas
 
Programação do I curso do EMBRAPA INVERNADA
Programação do I curso do EMBRAPA INVERNADAProgramação do I curso do EMBRAPA INVERNADA
Programação do I curso do EMBRAPA INVERNADA
 
JBS - resultados do 1º trimestre de 2011
JBS - resultados do 1º trimestre de 2011JBS - resultados do 1º trimestre de 2011
JBS - resultados do 1º trimestre de 2011
 
ICONE - O Novo Código Florestal e a proteção das APPs e da Reserva Legal
ICONE - O Novo Código Florestal e a proteção das APPs e da Reserva LegalICONE - O Novo Código Florestal e a proteção das APPs e da Reserva Legal
ICONE - O Novo Código Florestal e a proteção das APPs e da Reserva Legal
 
Independência - Edital de Alienação Judicial de Unidades Produtivas Isoladas ...
Independência - Edital de Alienação Judicial de Unidades Produtivas Isoladas ...Independência - Edital de Alienação Judicial de Unidades Produtivas Isoladas ...
Independência - Edital de Alienação Judicial de Unidades Produtivas Isoladas ...
 

Plano estratégico para cadeia da carne bovina na Bahia

  • 1.
  • 2.
  • 3. SENAR – ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DA BAHIA Plano de Ações Estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne Bovina no Estado da Bahia Coordenadores Sande, L. & Pineda, N. R. Sistema FAEB-SENAR. Salvador. Bahia. 2009. MARÇO – 2009
  • 4. DIRETORIA Presidente - JOãO MARTIns DA sIlvA JúnIOR Vice-Presidente - GIl MARquEs PORTO 1º Vice-Presidente Administrativo-Financeiro - JOsé MEnDEs FIlhO 2° Vice-Presidente Administrativo- Financeiro - JOsé MIGuEl DE MORAEs 1º Vice-Presidente Desenvolvimento Agropecuário - luIz TARcIsO cORDEIRO PAMPOnET 2° Vice-Presidente Desenvolvimento Agropecuário - cARlOs luís BORGEs DIRETORIA Efetivos suplentes Antônio CArlos CunhA sAntos Virgínio FigueireDo De oliVeirA Wilson PAes CArDoso Aloysio AlVes De souzA guilherme De CAstro mourA VAlter ribeiro mirAnDA neWton Pinheiro AnDrADe bArAChisio lisboA CAsAli nelson mArtins QuADros FernAnDo botelho limA hADson AnDrADe De Pinheiro Antônio mAnoel Freire De CArVAlho JurACy bAtistA De oliVeirA isiDoro lAVigne gesteirA VAnDeVAlDo teixeirA rios osVAlDo bAtistA mACeDo VAnir Kolln eDson José mAtos iVo teixeirA leite helio mAtiAs DA silVA cOnsElhO FIscAl Efetivos suplentes Demétrio souzA D’ eçA José rAimunDo De souzA PereirA isrAel tAVAres ViAnA moisés mArQues simões márCiA ViAnA DAs Virgens Antonio Alberto ribeiro De AlmeiDA DElEGADOs REPREsEnTAnTEs JunTO A cnA João mArtins DA silVA Júnior luiz tArCiso CorDeiro PAmPonet José menDes Filho Antônio CArlos CunhA sAntos
  • 5. SENAR – ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DA BAHIA cOnsElhO ADMInIsTRATIvO Presidente: JOãO MARTIns DA sIlvA JúnIOR superintendente: MARIO AnTônIO sABInO cOsTA cOnsElhO ADMInIsTRATIvO Daniel Klüppel Carrara orlando sampaio Passos hadson Andrade de Pinheiro José Antonio da silva suPlEnTEs luis gonzaga moura Fernando de Figueiredo Pimenta luiz tarciso Cordeiro Pomponet Jean Carlos machado da silva cOnsElhO FIscAl MEMBROs TITulAREs Carlos humberto s. de Araújo Demétrio souza D’eça Josefa rita da silva suPlEnTEs Walter França William dos Anjos Almeida Ailton Queiroz lisboa
  • 6. EquIPE cOORDEnAÇãO luIz FREIRE sAnDE nElsOn PInEDA gerente de Programas especiais – senAr Ar/bA Consultor / Agropecuarista EquPE TécnIcA Almir mendes de Carvalho neto - AbAC bárbara letícia s. Cordeiro - FAeb Carlos robério s. Araújo - sebrAe Jackson ornelas - seCti José márcio Fernandes Carôso - senAr Ar/bA lourival Farias de oliveira - seAgri luiz Del Corral - siCm manuel leôncio Filho - ADAb Patrícia Cerqueira - sePlAn / sei rosembergue Valverde - eConsult rossine C. Cruz - eConsult tarcísio gerotto - banco do brasil yêda maria g. souza - banco do nordeste EnTREvIsTADOREs PEsquIsA DElPhI Alex melo Coelho - moDerPeC / senAr Jonas Alves - senAr Ar/bA Kleber Figueiredo - moDerPeC / senAr luciano miranda - senAr Ar/bA Pedro Augusto barreto - senAr Ar/bA ricardo Porto meireles - senAr Ar/bA silvio Cardoso de oliveira - moDerPeC / senAr Wilson de Wilson - senAr Ar/bA REvIsãO EDITORIAl Cláudia Pineda - Fazenda Paredão Daniela lago - senAr Ar/bA Jaqueline érico - senAr Ar/bA renata Vieira Ferreira - uFbA
  • 7. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................. 07 sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 08 1. METODOLOGIA PROPOSTA................................................................................................................ 10 3.1 - Causas que impossibilitaram o atingimento das metas .....................................................11 3.2 - Ideias de medidas ......................................................................................................................................11 3.3 - Rompimento com a situação atual .................................................................................................11 3.4 - Melhoria dos produtos e processos existentes ........................................................................11 3.5 - Inovações tecnológicas: produtos e processos ......................................................................12 3.6 - Cadeia da carne e análise sistêmica ................................................................................................13 3.7 - Como diagnosticar ....................................................................................................................................16 2. CONJUNTURA MUNDIAL E PECUÁRIA BRASIL ........................................................................ 18 4.1 Introdução........................................................................................................................................................18 4.2 Quem atende a demanda mundial de carne bovina .............................................................21 4.3 Pecuária um negócio cíclico: em 2009 sem definição...........................................................23 4.4 Crise e tendência de consumo ............................................................................................................24 3. PANORAMA DA CADEIA DE CARNE BOVINA NA BAHIA.................................................... 27 5.1 A produção ......................................................................................................................................................29 5.2 O processamento ........................................................................................................................................39 5.3 A distribuição..................................................................................................................................................48 4. RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS E ORGANIZACIONAIS .......................... 49 6.1 Sumário executivo.......................................................................................................................................49 6.2 Análise de pontos críticos .......................................................................................................................53 6.2.1 Compreensão da cadeia da carne bovina no Estado da Bahia .....................................53 6.2.2 Tecnologia...................................................................................................................................................55 6.2.3 Sazonalidade de produção ...............................................................................................................61 6.2.4. Sistemas de inspeção ...........................................................................................................................63 6.2.5 Questões relacionadas com a demanda e o consumidor ..............................................64 6.2.6 Questões relacionadas com a falta de crédito para investimento ............................65 6.2.7 Questões relacionadas com licenciamento ambiental ....................................................66 5. RECOMENDAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 68 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 75 ANEXOS................................................................................................................................................................ 78
  • 8.
  • 9. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | No ano de 1958, o Serviço de Informação Agrícola do Ministério da Agricultura ela- APRESENTAÇÃO borou uma série de estudos e ensaios, que gerou um Plano de Desenvolvimento da Pecuária Baiana. Passados quase trinta anos, em 1985, a Comissão Estadual de Fomento à Industrialização da Carne – CEFIC, presidida pela Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo, elaborou, sob coordenação da Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia, um Diagnóstico da Pecuária Baiana. As duas publicações apontavam como gargalos ao desenvolvimento do segmento pecuário o baixo poder aquisitivo da população, as perdas no transporte e na indus- trialização, os hábitos alimentares inapropriados, as condições climáticas desfavoráveis, o abate clandestino significativo, entre outros. Decorridos exatos 50 anos daquele primeiro Plano de Desenvolvimento, levantamen- tos realizados no âmbito do Programa de Modernização da Pecuária – MODERPEC apontam para um quadro muito semelhante àqueles encontrados nos estudos tanto de 1958, como de 1985. Diante dessa grave realidade, o Sistema FAEB/SENAR propôs a criação de um Grupo Executivo, composto por representantes da Associação Baiana dos Criadores - ABAC, Agência Estadual de Defesa Agropecuária - ADAB, Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil, Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, SEBRAE - BA, Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI, Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI e Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração – SICM. Esse grupo elaborou uma proposta de Plano de Ações Estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne Bovina no Estado da Bahia, que tem como objetivos apresentar o cenário atual do Agronegócio da Carne, estabelecer os pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças do setor e propor os ajustes necessários que servirão de subsídios para a adoção de Políticas Públicas. Este trabalho não encerra a discussão sobre tão importante segmento. Muito pelo contrário. Deve servir como provocador de novas discussões, de ações efetivas para realização de Políticas Públicas voltadas para toda a cadeia, definindo me- tas, atribuições de cada agente do segmento, impactos esperados e resultados a serem alcançados. Gostaria, finalmente, de prestar meus agradecimentos a todos os técnicos que tra- balharam na elaboração deste Plano Estratégico, fazendo uma menção especial ao agropecuarista Nelson Pineda pela valiosa dedicação e contribuição na coordenação do Grupo Executivo. João Martins da Silva Junior Presidente da FAEB Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 9
  • 10. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia A presente proposta foi elaborada por um Grupo Executivo1 constituído por iniciativa INTRODUÇÃO de Dr. João Martins da Silva Junior, presidente do Sistema FAEB/SENAR, que reuniu um grupo multidisciplinar de representantes dos ambientes de ordem institucional, organizacional e científico, e sugere um conjunto de ações visando a inserção da pecuária baiana, não somente no mercado nacional, mas no mercado mundial como Estado livre de febre aftosa com vacinação, reconhecido pela OIE. Nos últimos anos, com o crescimento da pecuária no Estado da Bahia, a necessidade de transformá-lo em fornecedor do mercado doméstico de carne processada e as possibilidades abertas ao credenciamento para o mercado exportador, tornaram necessária, urgente e oportuna a realização de estudos mais amplos, com levanta- mento das informações disponíveis sobre a cadeia de carne bovina na Bahia que possibilitem uma análise sistêmica dessa cadeia produtiva. As organizações públicas e privadas precisam definir rumos para direcionar esforços e recursos a curto, médio e longo prazo. Essa visão prospectiva não é estática e exigirá revisões periódicas, conforme as mudanças dos cenários socioeconômicos. O objetivo principal desse trabalho é fornecer subsídios para a elaboração de um Plano Estadual de Ações Estratégicas que permita a formulação das políticas públicas quanto às principais tendências do segmento na Bahia, para a tomada de decisões e o deli- neamento das possibilidades de atuação, embasando e fortalecendo os instrumentos de políticas que afetam o sistema agroindustrial da carne bovina do Estado da Bahia. Os elos dessa cadeia produtiva têm graves problemas de coordenação, decorrentes da cultura amadora e individualista do produtor rural, da desarticulação da indústria frigorífica, das particularidades locais das transações, dos limites no cumprimento da legislação sanitária e na capacidade de intervenção dos órgãos sanitários responsá- veis, das diferenças tecnológicas, econômicas e sociais entre as diferentes regiões do Estado e, sobretudo, dos diferentes níveis de profissionalização do setor. A Bahia deverá superar essas graves dificuldades para aproveitar satisfatoriamente a situação de perspectiva positiva para o crescimento da demanda mundial e as boas alternativas para a inserção da carne bovina baiana nos mercados nacional e internacional. Alguns fatores têm favorecido a competitividade da indústria baiana de carne bovina, destacando-se: as vantagens de custos de produção com base em recursos naturais abundantes; a localização de portos em vias de modernização no Leste da Bahia, que significam ganhos suplementares de logística em referência a alguns dos grandes centros consumidores; um eixo de estrada federal que atravessa o Estado; a possibi- lidade de compra dos resíduos agrícolas no Oeste baiano com fretes menores que diminuem o custo de confinamentos; e a previsão de construção de ferrovias. 1 [1] Esta publicação foi desenvolvida no âmbito da cooperação técnica promovida pelo sistema FAEB/SENAR em conjunto com repre- sentantes de: ABAC, ADAB, BB, BNB, MAPA, SEAGRI, SEBRAE, SECTI, SEI, SICM; constituindo um Grupo Executivo com representantes dessas entidades. [2] É permitida a reprodução, desde que citada a fonte: Federação de Agricultura do Estado da Bahia – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional Bahia - Plano de Ações Estratégicas para Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne Bovina no Estado da Bahia. Sistema FAEB-SENAR. Pineda N.; Sande L.; Ornelas J.; Carôso J.; CordeIro B. Salvador – Bahia. 2009 10 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 11. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | Para a cadeia produtiva usufruir de maneira positiva dessas oportunidades, as questões de tecnologia e resolução de problemas sanitários deverão ser melhor gerenciadas. Deve-se considerar que os consumidores internacionais estão cada vez mais preocupados em consumir produtos oriundos de cadeias produtivas que adotam práticas socialmente justas, ambientalmente corretas, de bem estar animal e com certificação de origem. A Bahia poderá vir a ser um importante produtor de carne bovina. Para isso acontecer, parte de sua produção deverá ser destinada para o mercado doméstico. Por outro lado, existe a possibilidade do Estado se posicionar rapidamente, não só como for- necedor nacional, mas também de países em via de desenvolvimento e, em médio prazo, para mercados mais lucrativos de países desenvolvidos. O sucesso da cadeia produtiva de carne bovina baiana depende de ações de incentivo ao crescimento, tanto quantitativo, quanto qualitativo, do produto ofertado, a exemplo do produto carne de sol e charque, que poderão ter certificação de origem, dentro de padrões com garantia de segurança alimentar. O sistema de produção praticado atualmente na pecuária baiana já se beneficia dos conceitos associados à tendência de produção a pasto, entretanto, maiores esforços deverão ser dirigidos no sentido de mudar a natureza das transações entre os atores da cadeia e desenvolver sistemas de controle que inibam a comercialização clandestina da carne bovina. O Governo Estadual terá papel central na implementação de estratégias de sus- tentação e ampliação da inserção da carne bovina baiana no mercado nacional e posteriormente internacional. Sua atuação deve voltar-se para políticas internas eficientes (tecnologia, crédito, sanidade, etc). A participação da iniciativa privada pode e deve ser mais proativa, no sentido de assumir parte das responsabilidades no processo de negociação e implementação das ações decorrentes. A abordagem utilizada deve ser de natureza sistêmica, pois qualquer falha nos procedimentos adotados por um dos elos/agentes da cadeia pode comprometer a reputação de todos e principalmente do produto final. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 11
  • 12. 12 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 13. 1. METODOLOGIA PROPOSTA Desde a década de cinquenta a pesquisa de estratégias para o desenvolvimento da cadeia produtiva da carne bovina baiana não tem conseguido atingir seus objetivos e, menos ainda, oferecer um produto de qualidade capaz de satisfazer o consumidor e gerar ganhos econômicos consistentes para os diferentes elos da cadeia. Possivel- mente, o sistema de gestão do processo falhou no foco da meta principal: transformar as estratégias em realidade e, presumindo que essa foi a intenção, não houve, em qualquer hipótese, identificação com um processo dinâmico de motivação do criador, incentivo à indústria e informação ao consumidor. Diante do exposto, percebe-se que os acontecimentos do ponto de vista de causas, efeitos, consequências e reformu- lação do processo deveriam ser revistos, partindo da análise de dados de cada setor e dos resultados atingidos, para implantação de um novo modelo de organização e de integração das partes envolvidas nessa cadeia produtiva.[4,5] Figura 1 – Causas e efeitos que determinam a implantação de um novo processo de gestão da cadeia produtiva da carne bovina baiana Fonte: Falconi, 1996 Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 13
  • 14. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia 1.1 CAUSAS QUE IMPOSSIBILITARAM O ATINGIMENTO DAS METAS • Uma primeira análise mostra que a cadeia produtiva de carne bovina baiana tem peculiaridades e está comprometida desde a produção de material gené- tico até a gôndola do supermercado. Existem não somente ineficiências, como também um alto grau de individualismo que se traduz em falta de qualidade do produto final, desperdícios e distorções de preços. • A circulação de carne clandestina é uma triste realidade que pode chegar ao fantástico número de 50% do consumo da carne na Bahia. • “A clandestinidade e o abate informal levam à quase desarticulação do setor industrial, havendo poucos líderes com vontade e capacidade de mudar esta realidade” (Jank,1996). 1.2 IDEIAS DE MEDIDAS • Implantação de um plano estratégico de desenvolvimento cujo objetivo principal é a união entre a maior quantidade possível de setores envolvidos. • Intensificação das alianças em todos os níveis, passando necessariamente por uma mudança de mentalidade: o equilíbrio justo entre competição e cooperação. 1.3 ROMPIMENTO COM A SITUAÇÃO ATUAL • Promover a reorganização das entidades através de estruturas técnicas e cien- tíficas que sejam capazes de transferir tecnologia e ao mesmo tempo gerar uma educação contínua e programada de todos os setores. • Iniciar um processo de valorização e autoestima de todos os setores envolvidos onde as soluções sejam planejadas em benefício da cadeia produtiva. 1.4 MELHORIA DOS PRODUTOS E PROCESSOS EXISTENTES • Investir em processos de extensionismo que divulguem e promovam trans- formações. • Desenvolver parcerias entre os setores de pesquisa, produção e indústria, com ações conjuntas, catalisadas pelo ambiente institucional, considerando como insumos econômicos o melhoramento genético, as boas práticas de produção, a vigilância sanitária, a qualidade total nas indústrias processadoras e a segurança alimentar. 14 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 15. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | 1.5 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS: NOVOS PRODUTOS E PROCESSOS • Exploração máxima da vantagem competitiva da pecuária baiana baseada em sólidos pacotes tecnológicos. • Conhecimento de que o aumento da produtividade, não passa somente pela abertura de novas fronteiras, implantação de novas plantas frigoríficas e de pro- cessamento de couro, mas também pela melhoria dos sistemas existentes. • Implantação de projetos sustentáveis com princípios socioambientais valo- rizados através do marketing estratégico da bacia do rio São Francisco e da carne baiana. • Mudanças na imagem da carne baiana passam, inevitavelmente, pela mudança da imagem do pecuarista e da indústria processadora na Bahia. • Desenvolvimento, incremento e adequação sanitária e certificação de origem ao sistema de produção de carnes regionais. O sucesso de uma estratégia dessa natureza, face à abrangência, dependerá da implan- tação do processo de interação contínua e dinâmica, entre os ambientes de ordem ins- titucional, organizacional e tecnológico, onde toda ação será consequência da análise dos resultados obtidos (Fig.2) e onde cada segmento deverá determinar o seu papel dentro da estratégia global com um objetivo único: produzir carne e couro de boa qualidade ao menor preço, capaz de permitir a sobrevivência justa e dura- doura de toda a cadeia produtiva, onde as margens de lucro sejam menores, porém onde a participação em mercados estáveis aumente constantemente. Cada elo da cadeia deverá participar com diretrizes definidas a longo prazo em uma visão global e traçar as estratégias devidas, definindo metas anuais e medidas táticas para alcançá-las. Deve-se executar os planos de ação, verificar os resultados, diagnosti- car possíveis problemas continuamente e tomar decisões a partir da reflexão. Até agora muitos planos foram traçados, porém fracassaram porque as metas não foram atingidas e nada aconteceu. Os primeiros objetivos deverão resolver os problemas crônicos da cadeia produtiva em cada um dos setores envolvidos, através de ações corretivas e procurando manter a padronização na qualidade do produto. Para tanto, deve-se: • Analisar as informações geradas por fatos e dados fidedignos; • Verificar as causas que motivaram as diferenças entre os resultados previstos e os atingidos; • Analisar e romper definitivamente com a inércia do conformismo e do indivi- dualismo; • Aplicar o princípio contínuo da inovação; • Finalmente, questionar criadores, indústria, comunidade científica, governo e sociedade, o porquê de continuar sem atingir a meta mais elementar: produzir carne com as exigências mínimas de higiene no Estado da Bahia. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 15
  • 16. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia 1.6 CADEIA DA CARNE E ANÁLISE SISTÊMICA O enfoque sistêmico do produto Carne Baiana pretende examinar a forma pela qual as atividades de produção e distribuição de uma commodity se organizam na economia, questionando o modo de se elevar a produtividade de tais atividades através de melhores tecnologias, ações organizacionais, institucionais ou políticas de coordenação. Quando se analisa o que tem sido feito dentro da cadeia produtiva da carne bovina baiana, constata-se que a maioria das estratégias de organização realizou- se no curto prazo e com caráter estritamente setorial, sem evoluir em conceitos da análise sistêmica, que preconiza o mínimo de atritos entre os integrantes da cadeia e a maximização do poder de adaptação frente às mudanças mercadoló- gicas. A definição do cliente nesta cadeia é complicada em virtude do tamanho, onde cada um dos elos é cliente do elo anterior e fornecedor do subsequente. Portanto, a soma dos ótimos locais não garante o ótimo total do sistema. Se cada um nesta cadeia tenta buscar o seu ótimo local, o atendimento total fica difícil ou impossível. Logo, a análise da competitividade de cadeias produtivas deve, necessariamente, levar em consideração modelos conceituais e meto- dológicos que englobem a análise sistêmica de sua estrutura. Nesse sentido, a análise sistêmica de cadeias produtivas permite a melhor identificação e o entendimento de fatores que afetam o desempenho global do sistema, ou seja, a própria competitividade da cadeia em análise. O enfoque sistêmico deverá ter sua atenção voltada ao processo vertical de adição de valores ao produto final e à coordenação necessária para que se sincronize e integre de forma eficiente a contribuição de cada agente do sistema, garantindo, assim, que o produto final, seja de fato, o que foi demandado. A reengenharia da cadeia produtiva da carne bovina baiana não é evidente e está comprometida pelas condições precárias de exploração, pelo nível tecnológico dos pecuaristas, dos proprietários de frigoríficos e de curtumes e pela desinfor- mação dos açougueiros e das donas de casa. As exigências dos consumidores provocam a reordenação e reeducação do sistema. Dentro deste pensamento, o varejo assume uma posição estratégica, pois ele pode decodificar as exigências do consumidor e abastecer o resto da cadeia com as informações que irão pro- mover as mudanças necessárias para atender aos desejos do consumidor baiano em uma primeira análise. 16 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 17. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | Figura 2 – Cadeia produtiva da carne bovina do Estado da Bahia Fonte: Adaptado de Cruz & Valverde, 2008 Na cadeia da carne bovina convivem empresas de diversos portes voltadas para mercados locais, regionais, nacional e com condições de credenciamento para o mercado internacional. O primeiro elo da cadeia produtiva de carnes é composto por fornecedores de insu- mos, máquinas e equipamentos. Um primeiro grupo é composto por fornecedores de produtos veterinários, forragens e pastagens, grãos, sais minerais e rações. Um segundo grupo, vinculado a pesquisa e extensão, é composto por fornecedores de sêmen, embriões e animais selecionados. Um outro fornece instalações, máquinas e equipamentos. E, finalmente, outro segmento é composto por prestadores de serviços diversos, inclusive financeiros. O segundo elo é composto por pecuaristas especializados ou não, que podem orga- nizar verticalmente as etapas de cria, recria e engorda do gado ou horizontalmente, encarregando-se de apenas uma dessas etapas. Entre a produção pecuária e a transformação em carne e outros subprodutos estão os intermediários, comerciantes que repassam os animais prontos para o abate aos frigoríficos e abatedouros fiscalizados ou clandestinos. A etapa seguinte é a do processamento industrial, que consiste, de um lado, na pro- dução de peles, couros, sabões, embutidos, charques, miúdos e farinhas. Por outro lado, há o processamento da desmontagem, corte e refrigeração das carnes. Os frigoríficos distribuem a carne no mercado doméstico, onde parte da produção segue para a indústria de transformação e outra parte é distribuída no varejo pelos açougues e supermercados, através da venda direta ou indireta. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 17
  • 18. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Até o elo final da cadeia - a distribuição - pode ocorrer mais de uma intermediação de atacadistas, entrepostos e revendedores, que farão o produto chegar aos açougues, feiras livres, boutiques de carne, restaurantes, supermercados e outras formas de varejo, em transações formais ou informais, para venda ao consumidor final. A cadeia de carne bovina é pouco coordenada e praticamente não há integração vertical. Essa ausência de coordenação tem contribuído para a manutenção de de- ficiências organizacionais, além de elevados índices de clandestinidade e existência de intermediários oportunistas. A diversidade se configura na grande variedade de raças, sistemas de criação, de condições sanitárias de abate e de formas de comer- cialização. A desarticulação é estabelecida pela baixa estabilidade nas relações entre criadores, frigoríficos, atacadistas e varejistas. A coordenação na cadeia de carne bovina no Brasil, praticamente não existe. Ini- ciativas isoladas são correntes. O ambiente institucional e organizacional é afetado positivamente ou negativamente pelos diversos mecanismos, que visam estabelecer formas eficazes de relacionamento dentro da cadeia, bem como promover um sistema produtivo capaz de fazer face às ameaças de outras cadeias alimentares, principalmente da cadeia de frango. 18 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 19. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | A cadeia de carne bovina é pouco coordenada e praticamente não há integração vertical. Essa ausência de coordenação tem contribuído para a manutenção de deficiências organizacionais, além de elevados índices de clandestinidade e existência de intermediários oportunistas. O fortalecimento dos vínculos entre a produção, a industrialização e a comercialização, requer um sistema de regras e leis que resultem em fortalecimento dos agentes envolvidos, das relações entre os elos do setor, gerando melhorias na qualidade sanitária dos produtos (cortes embalados e desossados) e disponibilizando infor- mações sobre os animais (rastreabilidade). A desregulamentação dos mercados, a abertura econômica ao exterior, as transformações tecnológicas e a estabilidade dos preços, a partir da segunda metade dos anos 1990, fizeram com que o sistema agroindustrial de carnes passasse por grandes transformações. O progresso na genética animal, o uso das novas tec- nologias da informação e a adoção de técnicas de manejo, nutrição e sanidade muito contribuíram para a expansão das fronteiras tecnológicas e financeiras da criação, do processamento, do empacotamento, da refrigeração e do transporte. A concentração do processo de comercialização em grandes redes de varejo implicou em novos arranjos entre os componentes da cadeia. Sob a coordenação de empresas multinacionais e de grandes redes varejistas (supermercados e hipermer- cados), que até então ocupavam a segunda linha dos processos de comercialização de distribuição, modificaram-se as escalas de produção em todos os elos da cadeia, desde os insumos, passando pela produção pecuária e a logística de transporte. As possibilidades de ganhos de escala provocaram mudanças nas estratégias dos produtores com capacidade técnica e financeira para crescer rapidamente. Com preços competitivos, a cadeia diversificou seu portfólio de produtos disponíveis, em termos de cortes, de marcas e de valores agregados. Na Bahia, essas mudanças vêm provocando reestruturação em todos os segmentos da cadeia produtiva, restringindo o número de pequenos e de médios produtores, que não resistem ao acirramento da concorrência e aos paradigmas impostos pelo merca- do. Na região metropolitana e nas grandes cidades, o poder do grande varejo ocorre em detrimento do pequeno comércio, especialmente dos açougues e dos pontos de venda, expulsando-os do centro comercial, levando-os para a periferia e à clandestinidade. Os efeitos dessa reestruturação ainda estão em processo e tendem a agravar a situação dos pequenos e médios produtores e comerciantes, na medida em que aumentam as restrições técnicas e organizacionais à produção de carnes. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 19
  • 20. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Nesse contexto, o elo mais fraco da cadeia produtiva é o pequeno agropecuarista familiar, que não conta com recursos financeiros e tecnológicos para acompanhar as exigências de preços e qualidade impostas pelo mercado, mas que sobrevive vendendo seu produto ao intermediário que comercializa no mercado clandestino, menos exigente. 1.7 COMO DIAGNOSTICAR A utilização de duas técnicas combinadas de forma interativa e sinérgica pode levar a diagnosticar de forma clara os pontos de conflito que impediram a integração e o desenvolvimento da cadeia produtiva da carne baiana. De uma parte a metodologia Delphi, que permite identificar fatores que tenham probabilidade de influenciar o futuro, delinear previsões em situações onde não existam dados históricos de parâmetro de desempenho ou onde se espera mudanças estruturais no ambiente de negócios. Baseia-se no pressuposto de que é possível ordenar um pensamento de forma correta quando esse esforço resulta de um conjunto de interpretações e visões, em uma perspectiva de que um conjunto de pessoas representativas da cadeia produtiva representa melhor a opinião em torno de determinado assunto do que uma opinião isolada e que um somatório de informações contribuirá para melhorar a qualidade das previsões. É fundamental que as pessoas entrevistadas de cada elo da cadeia produtiva tenham conhecimento das características de cada ator e opinem através da pesquisa sobre as decisões das políticas públicas, De outra parte, a metodologia de Análise Rápida é apropriada na análise de sistemas agro-alimentares onde os recursos de tempo e ou financeiros são escassos, impedindo a realização de avaliações formais, ou quando o interesse está em obter conhecimento amplo, e não aprofundado, sobre o sistema. A proposta de trabalho é um enfoque pragmático que se situa entre o contínuo dos métodos informais, como conversas não estruturadas e visitas de curta duração, com pesquisas bem estruturadas em combinação com levantamentos de mercado e es- tatísticas. As vantagens da combinação destas duas metodologias estão associadas ao seu baixo custo, à velocidade de execução, a sua capacidade de elucidação do sistema e à flexibilidade e eficiência operacional. A metodologia de análise rápida permitirá de uma parte: • Avaliar o desempenho de sistemas e estabelecer informações descritivas e qualitativas para a tomada de decisão. • Compreender as relações de causa e efeito que afetam o comportamento do sistema. • Interpretação dos dados levantados. • Gerar sugestões e recomendações. 20 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 21. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | A metodologia Delphi permitirá de outra parte estabelecer a base final de reco- mendações das políticas públicas e ações das entidades envolvidas no objetivo inicial de fomentar os ganhos sistêmicos ao longo da cadeia produtiva e obter melhores questionamentos, hipóteses e suposições para a posterior elaboração de um estudo formal, fundamentado em análises estatísticas. É necessário não perder o foco ao estabelecer continuamente análises Swot (Pontos Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças) dos diferentes elos para construir soluções viáveis e modulares, aproveitando a estrutura vigente e preservando as pos- síveis vantagens competitivas da pecuária baiana, criando marcos regulatórios e cenários de viabilidade econômica para o desenvolvimento de todos os agentes da cadeia produtiva da carne bovina baiana. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 21
  • 22. 22 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 23. 2. CONJUNTURA MUNDIAL E PECUÁRIA BRASIL 2.1 INTRODUÇÃO O final de 2008 deu-nos uma prévia do que irá acontecer com os preços agrícolas no ano de 2009. Depois de meses de alta ininterrupta (julho a novembro), os preços mundiais dos produtos no fechamento do ano tinham caído sensivelmente: soja entre 37% e 46%. Já o milho, o açúcar e o algodão assimilavam quedas de 38%, 15% e 29% respectivamente, no mesmo período. Os preços médios de exportação de carnes do Brasil, medidos até outubro de 2008, estavam praticamente estáveis. Os da carne bovina não tinham começado a cair, mas os de aves e de suínos tiveram a trajetória de alta interrompida, com reduções, de setembro para outubro, de 3% e 4% respectivamente. Esse foi somente o começo do ajuste de preços nas carnes. No primeiro trimestre de 2009, as pressões de baixa e os sucessivos problemas dos frigoríficos estão aumentando as incertezas na atividade pecuária. Nesse cenário, vale a pena rever, do ponto de vista da produção e do consumo mun- dial do mercado externo e interno, como foram os últimos anos para a carne bovina brasileira. A produção mundial de carne bovina no ano 2008 foi de 59,3 milhões de toneladas de equivalente de carcaça (USDA, 2008), onde o Brasil teve uma participação de 15,3%, sendo o segundo produtor mundial. Ao mesmo tempo o consumo mundial foi de 58,5 milhões de equivalente de carcaça, o que mostra um escasso excedente de 1,3%. No Brasil, terceiro maior consumidor mundial, o consumo correspondeu a 12,5% do consumo mundial de carne. Figura 3 – Produção e consumo mundial de carne bovina em 2008 Fonte: USDA, 2008. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 23
  • 24. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Em 2008, os preços subiram consideravelmente, pois a oferta esteve reduzida e a demanda cresceu muito, puxada por países em desenvolvimento, em especial os exportadores de petróleo. Mesmo com o embargo da Comunidade Europeia, Rússia, Egito, Venezuela e Irã consumiram 52% das exportações brasileiras. Na comparação de janeiro a novembro de 2008, com o mesmo período de 2007, a receita aumentou 17% e o preço médio da carne bovina in natura exportada foi 47% mais alto. Foi um ano extraordinário para o setor exportador de carne bovina, que se capitalizou através de uma receita cambial de 5,32 bilhões de dólares e cresceu com fortes investimentos por parte do BNDES. De forma geral, a produção de carnes nos últimos 10 anos tem obtido um cresci- mento sustentado, exceto a carne bovina que começou a sentir o abate de fêmeas e as consequências da falta de investimento do setor devido aos preços baixos dos últimos anos. A figura 4 mostra um crescimento de 73% de carne bovina, 219% na de frango e 130% na de suíno nos últimos 14 anos, sendo que a produção de carne bovina diminuiu 4,2% em 2008. Figura 4 – Produção brasileira de carnes Fonte: ABIEC, ABEF, ABIECS, 2008. Como mostra a Figura 5, a exportação das carnes brasileiras bateu todos os recordes nos últimos dez anos: carne de frango cresceu 428%, bovina 774%, suína 932% e das demais carnes 611%. Em 1997, o Brasil exportou 460 milhões de dólares para 86 países. No ano de 2008, exportou para 151 países 5,32 bilhões de dólares (AgroStat, Brasil, 2008). 24 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 25. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | Figura 5 – Exportação brasileira de carnes (Toneladas x 1000) Fonte: AgroStat Brasil, 2008. O crescimento das exportações de commodities agrícolas brasileiras está diretamen- te relacionado com a magnitude da expansão da economia global, que pode ser medida pelo incremento do produto interno bruto (PIB) mundial. Nas perspectivas de 2009, segundo o relatório do FMI, o mundo poderá crescer 2,2%. Mas as econo- mias avançadas deverão ter queda de 0,3% em 2009, puxada, sobretudo, por uma recessão de 0,7% nos EUA. Os países desenvolvidos apresentavam um crescimento de 1,4% e 2,6% em 2008 e 2007, respectivamente. No caso dos emergentes, o FMI projeta crescimento de 5,1% em 2009, valor menor que os 6,6% esperados para 2008 e os 8,1% observados em 2007. Dos países que são grandes importadores de produtos do agronegócio brasi- leiro, a China cai de 9,7% em 2008 para 8,5% em 2009, a Rússia, de 6,8% para 3,5% e o Oriente Médio, de 6,1% para 5,3%. Para não passar em branco, o Brasil deverá ter crescimento de 5,2% em 2008 e de 3% em 2009. Atualmente esses números do FMI são considerados otimistas na visão de alguns analistas. É o caso do Banco Mundial, que projetou expansão de somente 0,9% para o PIB mundial no seu relatório de dezembro (Nassar, 2008). Os acontecimentos recentes apontam para um possível agravamento da crise que poderá resultar em maior desvalorização cambial, com impactos sobre os custos de produção e o crédito para produtores e exportadores. Nesse cenário, é fundamental a adoção de medidas no sentido de ampliar o crédito disponível, desonerar tributos de insumos, fortalecer os sistemas de saúde animal e ampliar a negociação para a abertura de novos mercados para a carne brasileira. Mesmo sendo claro que a de- manda mundial de carne bovina vai diminuir, ela existirá e precisará ser atendida. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 25
  • 26. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia 2.2 QUEM ATENDE A DEMANDA MUNDIAL DE CARNE BOVINA? O Brasil é responsável por, aproximadamente, 13% do abate mundial e 25% da carne exportada. Mesmo com uma crise mundial de proporções gigantescas, o consumo mundial de carne bovina, segundo a FAO, deverá manter-se ao redor de 65 milhões de toneladas, e deve ser sustentado essencialmente pelo aumento de população nos países emergentes. Os problemas decorrentes da falta de crédito para os importadores mundiais deverão ajustar-se para atender a demanda mundial. Com esse cenário, os grandes concorrentes do Brasil têm ainda outras restrições: a forte intervenção do governo, a disputa da terra entre e a pecuária e produção de grãos conjuntamente com a intensa estiagem na Argentina, o alto custo de produção, principalmente nos países que produzem carne à base de grãos e também a concorrência com o milho para produção de etanol nos USA, a seca e o alto custo da mão-de-obra na Austrália e a falta de estrutura industrial da Índia. A carne brasileira tornou-se mais competitiva com a desvalorização cambial, o que não garante totalmente a queda de preço e de demanda, mas que será uma nova variável na recomposição dos mercados. Figura 6 – Capacidade de suporte e necessidade de abate mundial para atender demanda em 2017 Fonte: Scot Consultoria, 2008. Estudo feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization - FAO), mostra que o abate mundial de bovinos precisará aumentar em 76 milhões de cabeças para atender a demanda em 2017. A análise gráfica da Scot Consultoria (2008) na Figura 6, permite visualizar que esse aumento no estágio atual de desfrute mundial de 20,4% projetado para 2017, significa que o rebanho mundial deverá crescer 26% ultrapassando os 2 bilhões de cabeças. Mantendo o crescimento atual de 3%, a única saída será aumentar tecnologia e elevar a taxa de desfrute para 25%. Obviamente, vale a pena perguntar quem tem a capacidade de ser o fornecedor mundial de carne bovina, após a crise? 26 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 27. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | O aumento de tecnologia na exploração agropecuária poderia significar em passar da taxa atual de lotação 0,76 UA/ha para 0,96 UA/ha, o que implicaria um aumento de 25% do rebanho nacional, liberando 35 milhões de hectares para a agricultura. Na verdade, o sistema de produção de carne a pasto do Brasil é o único capaz de ceder áreas para agricultura com intensificação de tecnologia e ao mesmo tempo ver o rebanho e a produção aumentarem, o que fica em evidência observando a distribui- ção de terras no país como mostra a figura 6.1. O Brasil tem como ocupar ainda mais espaços na demanda mundial crescente de grãos, de bioenergia e de carne bovina. Figura 6.1 – Distribuição de terras no Brasil para atender a crescente demanda de alimentos Fonte: Grupo Pensa. Análises e Tendências do Agrobusiness Brasiliero, 2006. 2.3 PECUÁRIA UM NEGÓCIO CÍCLICO: em 2009 sem definição. No momento atual, mesmo dentro da magnitude da crise, o fator estrutural é que a demanda permanece. O consumo mundial estará reprimido, a capacidade de pro- dução de carne no Brasil não será igual a de 2008. Os preços estão em queda, mas o maior problema está no crédito e na expectativa de retração de demanda, criando condições para especulações e incertezas, gerando insegurança o que afetará o mercado durante o ano de 2009. Em fevereiro, os exportadores brasileiros enviaram ao exterior 66.000 toneladas de carne bovina in natura, o que gerou uma receita de US$ 185,9 milhões. Respectivamente, estes valores são 16,61% e 10,33% superiores em quantidade de carne embarcada e em receita bruta comparado ao mês de janeiro deste ano, mas em relação ao mesmo período do ano passado, a receita apresentou uma retração de 26,89% e o volume registrou queda de 13,69%. É um sinal tímido, mas pode ser um esboço de recuperação. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 27
  • 28. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Figura 7 – Ciclo pecuário. Preço do boi gordo e do bezerro em R$/@. 2006 – 2008 Fonte: Scot Consultoria, 2008. No Brasil, no período entre 2002 e 2006, o preço da arroba de boi gordo aumentou 12% e o de bezerro 1%. Entre junho de 2006 e novembro de 2008, a arroba de boi gordo nos Estados de São Paulo e Bahia aumentou respectivamente 80% e 81%. No mesmo período, os maiores aumentos de preço de bezerro aconteceram nos Estados de Mato Grosso do Sul e Bahia, 88% e 95% respectivamente, favorecendo a lucratividade da cria. Esse sistema cíclico da pecuária sempre tem na base o mesmo efeito: primeiro vem o abate e posteriormente a retenção de matrizes. A figura 8 mostra o crescimento do abate brasileiro de bois e matrizes entre janeiro de 1997 e janeiro de 2008. O aumento do abate foi de 39% para o boi e 169% para vacas. Figura 8 – Ciclo pecuário - Brasil – Cabeças abatidas de bois e vacas 1997 – 2008 Fonte: Scot Consultoria, 2008. No ano 1997, essa proporção vaca / boi foi de 36%, já no primeiro trimestre de 2008 chegou ao patamar de 43%. 28 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 29. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | O ciclo de baixa na pecuária leva a ajustes produtivos intensos, plantéis liquidados e retração das áreas de pastagem. A retenção de fêmeas tende a promover um au- mento da oferta de bezerros. O bezerro começa a subir e a cair antes do boi. A falta de bezerro puxa a alta do boi. Novos investimentos são feitos, sobretudo na cria, novos investidores aparecem e se consolida o ciclo de alta até que sobra boi gordo na escala de abate dos frigoríficos. No primeiro trimestre de 2009, o ciclo apresenta um descompasso entre a cria e a cria-engorda. O abate de fêmeas não se estabilizou, o preço do boi gordo tem caído, mas a reposição continua com queda bem menor que a esperada. Essa situação mostra que a reposição de fêmeas é lenta, que não existe sobra de bezerros e de boi magro no pasto. O preço desestimula tanto confinadores quanto investidores de boi gordo para 2010. Qualquer variável terá efeitos de baixa ou de alta sobre o mercado: dificuldade de frigorífico, flexibilização das exigências da Comunidade Europeia, en- tre outras. Uma retomada das compras russas teria efeito de alta imediato. O varejo, alicerçado pelo aumento do salário mínimo, apropriou-se dos outrora ganhos dos frigoríficos que, na necessidade de compor o caixa, com capacidade ociosa e falta de crédito, pressionam a baixa da arroba do boi gordo. Esse será o cenário que dominará o ano de 2009, que deveria consolidar o ciclo de alta, mas a realidade é que o rebanho bovino brasileiro não está em fase de recom- posição. A dificuldade da reposição pode também puxar para cima as cotações da arroba de boi, apesar do quadro atual de queda de 5% do abate nacional. 2.4 CRISE E TENDÊNCIAS DE CONSUMO Análise feita pelo FMI em janeiro de 2009 mostra que o mundo ainda pode esperar um crescimento de 0,5% do PIB, sendo que nos países desenvolvidos, o PIB deverá encolher 2% e os países em desenvolvimento vão crescer 3,3%. Em 2010, graças ao esforço mundial, um crescimento mundial de 3% poderá se concretizar, com os países desenvolvidos retomando o crescimento em 1,1% e as economias emergentes em 5%. A demanda, portanto, mesmo em 2009 estruturalmente existe e será retomada em 2010. Neste momento, é interessante analisar as tendências de consumo para os próximos anos. A Figura 9 mostra que a população mundial em 15 anos terá 8,3 bilhões de consu- midores, o que significa um crescimento de 62% na demanda de alimentos sendo dois terços oriundos do continente africano, da China e da Índia. A Figura 10 mostra que países que hoje mantém forte intercâmbio comercial com o Brasil tendem a aumentar o consumo de proteínas de origem animal, substituindo cereais e amidos por carnes, lácteos, doces, frutas, alimentos processados, elevando em 42% o consumo mundial de todas as carnes nos próximos vinte anos. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 29
  • 30. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Figura 9 – Demanda mundial por alimentos Fonte: Bourland, N., Agroanalysis, Vol. 27, nº 03 (Março/2007) in Rodrigues, R., 2009. Figura 10 – Consumo per capita de alimentos no mundo (kg/habitante/ano) Fonte: ICONE, 2006. O desempenho da economia mundial para 2009 e 2010 e o comportamento do co- mércio de produtos agroindustriais, no presente momento, permitem concluir que a demanda por importação de produtos agrícolas brasileiros não passará incólume ao menor crescimento econômico, sobretudo em 2009 (Nassar, 2009). Mas, aumento de consumo não se alcança somente com crescimento econômico. O crescimento populacional e a migração urbana continuam em ritmo acelerado. A ocidentaliza- ção dos hábitos alimentares de asiáticos e africanos continua em um processo de sedimentação, levando ao aumento de consumo de carnes. O aumento de preço inibe o consumo, mas não muda tendências alimentares de longo prazo, que têm um conjunto de outras variáveis a serem consideradas. 30 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 31. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | Existem oportunidades reais para investimentos tanto nas cadeias das carnes, como de leite e derivados. O espaço para o Brasil está aberto com evidentes vantagens competitivas, que devem nortear ações de políticas públicas nestes momentos de incerteza econômica para que o país esteja preparado para a retomada do cresci- mento, definindo diretrizes e linhas de ação. Em momento de crise de consumo, o fator determinante é preço e o Brasil tem o menor custo mundial de produção bovina. No preço pago ao produtor pela indústria somente somos superados pela Argentina, que, entretanto, apresenta um custo de produção mais elevado. Com a desvalorização do real, a carne brasileira é a mais competitiva no mercado internacional como mostram as Figuras 11 e 12. Figura 11 – Custo de produção de carne bovina em diferentes países em US$/100 kg de carcaça vendida Fonte: CNA, CEPEA in Rodrigues R. 2009. Figura 12 – Preços pagos ao produtor de carne bovina em diferentes países Fonte: Office de l’Elevage de la Communautée Européenne, 2009. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 31
  • 32. 32 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 33. 3. PANORAMA DA CADEIA DE CARNE BOVINA NA BAHIA Os aspectos metodológicos que limitam a análise da cadeia da carne bovina em nível nacional estão também presentes nesta seção. Em verdade, o exame de uma base mais desagregada nas esferas municipal e estadual é dificultado pela insuficiência de estatísticas e estudos específicos, principalmente no âmbito do Estado da Bahia. De algum modo, pode-se afirmar que os mesmos problemas e os padrões de organização que interferem no desenvolvimento da cadeia de carne bovina, tanto a montante quanto a jusante, presentes no âmbito nacional, também ocorrem nos territórios que compõem o Estado da Bahia. Entretanto, características peculiares do desenvolvimento dessa atividade na economia baiana exigem maior aprofun- damento da análise, para além da simples constatação dos aspectos apresentados na seção anterior. Algumas poucas empresas pertencentes ao primeiro elo da cadeia produtiva de carnes (fornecedores de produtos veterinários, forragens e pastagens, grãos, sais minerais e rações) estão presentes na Bahia de acordo com o Cadastro das Indústrias da FIEB. Um segundo grupo, vinculado à pesquisa e extensão rural está presente, através da EMBRAPA, EBDA, CEPLAC e outras instituições públicas, privadas e não- governamentais, responsáveis por programas de extensão e de fornecimento de sêmen, embriões, animais selecionados, etc. Em geral, máquinas e equipamentos são originários de outros Estados. E, finalmente, os serviços financeiros, através de bancos públicos como o BNB, Banco do Brasil e DESENBAHIA, que operam linhas de crédito especiais para a cadeia, além de estabelecimentos bancários do setor privado, espalhados em todo o Estado. O segundo elo, correspondente aos criadores de gado bovino, está presente em todo o Estado, porém com níveis diferenciados de organização e produtividade. Algumas regiões possuem tradição na produção de determinados rebanhos, outras desenvolveram a atividade de cria nos últimos anos. Alguns territórios concentram maiores rebanhos que outros e isso ocorreu de forma diferenciada nos últimos anos pós 1990. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 33
  • 34. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Em pequeno número e com alta capacidade ociosa, estão presentes na Bahia alguns frigoríficos, abatedouros e outras empresas responsáveis pelo processamento de carnes. Apesar de presentes em diversos Municípios e em alguns casos, possuírem alta capacidade de abate e refrigeração, ainda há problemas de coordenação desse elo da cadeia com os demais. Ao longo da cadeia são diversos os agentes responsáveis pela comercialização formalizada ou informal e clandestina dos produtos cárneos. Desde os açougues informais, improvisados, barracas em feiras livres, até o mercado formal em boutiques de carnes, açougues, restaurantes, hotéis, supermercados, etc. 3.1 A PRODUÇÃO A Bahia possui um rebanho bovino de 10.764.857 cabeças que vem evoluindo nos últimos seis anos a uma taxa média de 2,03% ao ano, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE, (2006). Em 1976, o rebanho era composto por 8.895.288 animais, chegando a 12.160.075 em 1992. Todavia, as adversidades climáticas entre os anos de 1993 e 1998 provocaram uma queda significativa no estoque, de mais de 2,5 milhões de cabeças. Figura 13 – Evolução do rebanho bovino efetivo de 1974 a 2006 Fonte: PPM/IBGE, 2006. Desconsiderando-se o período atípico representado por problemas climáticos, a taxa média de crescimento do rebanho é de 2,03% ao ano, comportamento observado nos últimos oito anos (1998-2006). Desse modo, a tendência de crescimento do rebanho deve basear-se no comportamento desse período recente. Essa taxa poderá elevar-se caso as inovações tecnológicas que vierem a ser introduzidas nos sistemas produtivos acelerem a taxa de crescimento do rebanho, aumentando a taxa de fertilidade, a precocidade e principalmente, assegurando reservas estratégicas alimentares para garantir o ganho de peso e a saúde dos animais nos períodos secos. 34 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 35. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | A ADAB registrou em 2008 um efetivo de 11.071.662 animais, 2,7% a mais do que os dados de dois anos atrás, publicados pelo IBGE. Como se trata de uma metodologia distinta, não cabe a comparação entre as duas fontes, todavia, projetando-se os dados do IBGE para 2008, com base no comportamento dos últimos oito anos (crescimento de 2,03% ao ano) é possível se chegar a um efetivo de 11.205.622 animais, dados muito próximos aos da ADAB. Levantamentos da vacinação contra febre aftosa de novembro de 2008, apresentaram uma queda de 6,75% em relação a última vacinação de 2007, com um contingente de 10.536.350 cabeças vacinadas. É possível relacionar esta queda com o efetivo de animais jovens vendidos para outros Estados, evidenciado o forte entrave na produção bovina do Estado, a falta de incentivo na produção para fazer o ciclo completo, desde a cria até o abate, desestabilizando o fornecimento de boi gordo para os frigoríficos. Os dados de vacinação de 2007, mesmo não compondo uma série histórica signifi- cativa, estão desagregados por sexo e idade dos animais, o que permite conhecer algumas características do rebanho com base numa pesquisa do tipo cross-section. Tais características podem ser significativas para um diagnóstico mais acurado e o delineamento de políticas públicas de apoio à produção de carne no Estado. Além da possibilidade de se agrupar os dados por sexo e idade, é fundamental que os mesmos sejam organizados por Território de Identidade. A Bahia possui o maior rebanho bovino de todo o Nordeste e sempre ocupou posição de destaque no contexto nacional. Desde 1978, entretanto, vem sistematicamente reduzindo sua participação. Entre 1974 e 1992 possuía o sexto maior rebanho do país, com participação que oscilava entre 8,4% e 7%. A partir dos anos 90, o rebanho bovino da Bahia decresceu a uma taxa média anual de aproximadamente 0,83%, o que significou perda de 740 mil cabeças. Como resultado desse desempenho, em 2006 a Bahia ainda possuía o maior rebanho nordestino (aproximadamente, 40%) e ocupava, porém, a nona posição entre os maiores rebanhos do país (5,2% do total nacional), com mais de 10,7 milhões de cabeças. Apesar dessa posição de destaque e mesmo com a vitória sobre a aftosa, a Bahia ainda não exporta, não obstante o Estado já contar com unidades frigoríficas atendendo às exigências do SIF - Serviço de Inspeção Federal e que poderão ser adequadas, com obras complementares, às normas para exportação. Somente o frigorífico BERTIN está inscrito na Lista Geral de Exportação do MAPA, sem, entretanto, ter viabilizado exportações através da Bahia. Enquanto isso não ocorre, os produtores baianos recebem um dos menores preços de arroba de boi do Brasil, embora isso não seja revertido para o consumidor, parcela importante e fundamental da cadeia do negócio da carne, que sofre com a falta de renda. Dessa forma, parcela significativa da população deixa de comer carne diariamente. O cardápio não é imposto pela vontade e, sim, pela renda. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 35
  • 36. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Qualitativamente, os investimentos na bovinocultura baiana nem sempre acom- panharam a tendência da pecuária do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Aqui, houve relativamente menos investimentos em gestão e modernização tecnológica. Permaneceram fortes o baixo índice de empreendimento empresarial e a explora- ção extensiva e voltada para a reserva de valor. E isso ficou refletido na decrescente participação do Estado no rebanho nacional e nordestino, mostrando que na Bahia a pecuária teve pior desempenho. Figura 14 – Bahia: Participação (%) no Rebanho Bovino do Nordeste e do Brasil Fonte: IBGE, 2006. De todo modo, esse desempenho negativo não ocorreu em todos os quadrantes do território baiano. Em alguns territórios houve até aumento da produtividade, com especialização do produtor e uso de novas tecnologias de modernas práticas de gestão da pecuária de corte. Por outro lado, na maioria dos Municípios, a estag- nação e manutenção de arcaicas relações de trabalho e manejo inadequado foram preponderantes, contribuindo para o baixo desempenho da produtividade média estadual durante o período. Enquanto, em termos agregados, o efetivo bovino da Bahia decrescia a uma taxa anual média de 0,83%, entre 1990 e 2006, em cinco de seus territórios de identidade aumentava o rebanho, destacando-se o do Extremo Sul, que cresceu, em média, 3,9% ao ano no período. Nos demais, houve diminuição do efetivo e essas perdas não foram uniformemente distribuídas. Em 1974, o maior rebanho bovino da Bahia estava localizado no território de Identidade de Itapetinga e correspondia a 17% do efetivo estadual. A posição de liderança permaneceu até o início dos anos 1990, quando o crescimento do efetivo localizado no território do Extremo Sul o conduziu à liderança. Em 2006, apenas 11 dos 26 territórios de Identidade detinham quase 70% de todo o rebanho estadual e o Extremo Sul possuía 16% do efetivo baiano, seguido do de Itapetinga (8%), como mostra a Figura 15. 36 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 37. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | Figura 15 – Distribuição do rebanho bovino por número de cabeças municípios c/ Rebanho bovino superior a 100.000 CAB. Rebanho bovino superior a 70.000 CAB. Rebanho bovino superior a 40.000 CAB. Fonte: SEAGRI, 2007 in Bastos, A., 2008. A Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária propôs, a partir de 2007, o conceito de divisão do Estado em 06 Pólos Pecuários com seus respectivos efetivos bovino. Nesse contexto, três Pólos detêm mais de 60% do rebanho bovino, como mostra a Figura 16. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 37
  • 38. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Figura 16 – Distribuição do rebanho bovino por número de cabeças e pólos pecuários Fonte: SEAGRI, 2007 in Bastos A., 2008. O rebanho bovino não está distribuído de forma homogênea no espaço baiano, ao contrário, mesmo que presente em todos os Municípios, está concentrado em um número pequeno de territórios com alta densidade bovina e vocação pecuária. Além dos territórios do Extremo Sul (16%) e Itapetinga (8%), a Bacia do Rio Grande detém 7% do efetivo do Estado, o Rio Corrente 6,6% e Vitória da Conquista 6,4%. Esses cinco territórios somam 37% do efetivo, enquanto os demais territórios participam, individualmente, com 5% ou menos, na composição do rebanho bovino da Bahia. Da mesma forma, a divisão do rebanho por sexo e faixas étarias apresenta distribuição irregular. A predominância de fêmeas é clara, exceto nos territórios de Itaparica, do Recôncavo e de Itapetinga. 38 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 39. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | Figura 17 – Distribuição do rebanho bovino por número de cabeças – Bahia Polos de Produção Pecuária municípios c/ Rebanho bovino superior a 100.000 CAB. Rebanho bovino superior a 70.000 CAB. Rebanho bovino superior a 40.000 CAB. Fonte: SEAGRI, 2007 in Bastos A., 2008. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 39
  • 40. | Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia Figura 18 – Rebanho nos territórios segundo o sexo (machos) Fonte: ADADB, 2008. Na região Oeste, representada pelos territórios do Rio Grande, Rio Corrente e Velho Chico, a proporção de machos está próxima de 30%. O efetivo estadual possui uma composição etária avançada. Animais com mais de 36 meses de idade ainda representam quase 40% do total, enquanto os animais jovens com menos de um ano não chegam a 20% do total. Os animais mais jovens, com idade inferior a 12 meses representam em média 18,8% do total como visto, entretanto, nos territórios onde a pecuária é mais avançada, o estoque desses animais se aproxima ou ultrapassa a percentagem de 20% do total, é o caso de Itapetinga, Extremo Sul, Recôncavo, Piemonte da Diamantina e Bacia do Rio Grande. Os rebanhos com animais mais maduros, de idade acima de 36 meses, por outro lado, representam uma proporção significativa do efetivo dos territórios. No Sertão do São Francisco, no Velho Chico, na Bacia do Paramirim e no território de Itaparica, a proporção desses animais ultrapassa os 40% e às vezes 45% do total do rebanho. Figura19 – Rebanho bovino segundo a idade – Bahia, 2007 Fonte: ADADB, 2008. 40 | Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009
  • 41. Plano de Ações estratégicas para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne bovina no estado da bahia | Figura 20 – Rebanhos com animais mais jovens, menos de um ano de idade – Bahia, 2007 Fonte: ADADB, 2008. Figura 21 – Rebanhos com animais mais maduros, com idade superior a 36 meses – Bahia, 2007 Fonte: ADADB, 2008. Essa expressiva presença de animais maduros em quase todos os territórios se deve ao grande número de fêmeas com idade superior a 36 meses. Metade do rebanho total é composto por fêmeas com idade acima de 13 meses, mas 30% de todo o rebanho é composto por fêmeas com mais de 36 meses de idade. Coordenadores sande, l. & Pineda, n. r. sistema FAeb-senAr. salvador. bahia. 2009. março – 2009 | 41