2. Pré-Modernismo1902-1922
O Pré-Modernismo foi um período de intensa
movimentação literária que marcou a transição entre
o Simbolismo e o Modernismo e foi caracterizado
pelas produções desde início do século até a Semana
de Arte Moderna, em 1922.
Para muitos estudiosos, esse período não deve
ser considerado uma escola literária, uma vez que
apresenta inúmeras produções artísticas e
literárias distintas; em outras palavras um
sincretismo estético, com presença de
características neo-realistas, neo-parnasianas e
neo-simbolistas.
3. Valores
❖Há um desejo de redescoberta do
Brasil - do Brasil doente,
pobre, ignorado e esquecido;
❖Há uma tentativa de
reinterpretação social do
atraso e da miséria.
Canudos: seguidores de Conselheiro
4. Areformadascidades
❖Deslocamento de muitas famílias
pobres para os grandes centros;
❖Favelas criadas para abrigar ex-
escravos e migrantes do interior;
❖ Importação de mão de obra europeia;
❖ Antagonismo entre regiões
urbanizadas, desenvolvidas e vastas
áreas pobres.
5. COntextoHistórico
1879-1920 - O Ciclo da Borracha (Amazônia);
1889-1930 - República do Café com Leite;
1896-1897 - Revolução de Canudos (Bahia);
1900 - O Ciclo do Cangaço (NE)
1904 - Revolta da Vacina (Rio de Janeiro);
1910 - Revolta da Chibata (Rio de Janeiro);
1911-1915 - O Misticismo de Padre Cícero (Ceará);
1914 - 1918 - 1ª Guerra Mundial;
1917 - Paralisações - greves operárias (São Paulo).
6. Características
❖ Exposição da realidade social brasileira;
❖ Regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste
com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com
Monteiro Lobato; o Espírito do Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca
com Lima Barreto;
❖ Marginalidade das personagens: o sertanejo, o caipira, o mulato
❖ Temas: uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais
contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção.
GRUPO PASSADISTA
X
GRUPO RENOVADOR
7. GraçaAranha(1868-1931)
José Pereira da Graça Aranha foi um escritor e diplomata
maranhense. Um dos fundadores da Academia Brasileira de
Letras e um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de
1922.
Sua obra que merece destaque é "Canaã" publicada em 1902
cuja obra aborda a migração alemã no estado do espírito
Santo. Outras obras que merecem destaque: Malazarte (1914),
A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).
9. Canaã(1902)
Canaã conta a história de Milkau e Lentz, dois jovens imigrantes alemães que se
estabelecem em Porto do Cachoeiro, ES. Amigos e antagônicos ao mesmo tempo, Milkau é a
integração e a paz, admirando o Novo Mundo, Lentz é a conquista e a guerra, pensando no
dia que a Alemanha invadirá e conquistará aquela terra.
Ainda assim, ambos se unem e trabalham juntos na terra e prosperam. Mais tarde
aparece Maria, filha de imigrantes pobres, que é abandonada ao léu quando morre seu
protetor e lhe abandona o amante, que pensava ser seu futuro marido.
Vagando, tomada como louca e prostituta, é rejeitada até na igreja antes de ser salva
por Milkau, quem conheceu uma vez em uma festa e vai morar numa fazenda. Lá continua a ser
maltratada até que um dia seu filho é morto por porcos e ela é acusada de infanticídio. Na
cadeia Milkau passa a visitá-la enquanto ela é repudiada pela cidade inteira. Por fim a
salva com uma fuga no meio da noite.
A história em si é apenas pano de fundo para as discussões ideológicas entre Milkau e
Lentz, somando-se a isto retratos da imigração alemã e da corrupta administração
brasileira da época (notavelmente no capítulo VI).
10. EuclidesdaCunha(1866-1909)
Euclides Rodrigues da Cunha foi um escritor, poeta,
ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo, geógrafo, poeta e
engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia Brasileira
de Letras de 1903 a 1906.
Publicou "Os Sertões: Campanha de Canudos" em 1902, obra
regionalista, dividida em três partes: A Terra, o Homem, A Luta;
retrata a vida do sertanejo e a Guerra de Canudos (1896-1897) no
interior da Bahia.
11. EuclidesdaCunha(1866-1909)
❖ Intérprete do Brasil
❖ Visão determinista - homem é fruto do
ambiente
❖ Tratado Científico - características do
solo
❖ Denúncia/ Panfleto
❖ Análise sociológica
❖ Rebuscamento
12. OsSertões(1902)A Terra é uma descrição detalhada feita pelo cientista Euclides da Cunha, mostrando todas
as características do lugar, o clima, as secas, a terra, enfim.
O Homem é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo Euclides da Cunha, que mostra o
habitante do lugar, sua relação com o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento,
crença e costume; mas depois se fixa na figura de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos.
Apresenta seu caráter, seu passado e relatos de como era a vida e os costumes de Canudos,
como relatados por visitantes e habitantes capturados. Estas duas partes são
essencialmente descritivas, pois na verdade “armam o palco” e “introduzem os personagens”
para a verdadeira história, a Guerra de Canudos, relatada na terceira parte,
A Luta é uma descrição feita pelo jornalista e ser humano Euclides da Cunha, relatando as
quatro expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da
fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra. Retratando
minuciosamente movimento de tropas, o autor constantemente se prende à individualidade das
ações e mostra casos isolados marcantes que demonstram bem o absurdo de um massacre que
começou por um motivo tolo – Antônio Conselheiro reclamando um estoque de madeira não
entregue – escalou para um conflito onde havia paranóia nacional pois suspeitava-se que os
“monarquistas” de Canudos, liderados pelo “famigerado e bárbaro Bom Jesus Conselheiro”
tinham apoio externo. No final, foi apenas um massacre violento onde estavam todos errados
e o lado mais fraco resistiu até o fim com seus derradeiros defensores – um velho, dois
adultos e uma criança.
14. MonteiroLobato(1882-1948)
José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor,
editor, ensaísta e tradutor brasileiro. Um dos mais
influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou
muito conhecido por suas obras infantis de caráter
educativo como, por exemplo, a sério de livros do Sítio do
Picapau Amarelo.
Em 1918 publica "Urupês" uma coletânea regionalista de
contos e crônicas. Já em 1919 publica "Cidades Mortas"
livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.
16. Urupês
Na maioria dos contos da obra Urupês se encontra histórias de um realismo fantástico,
envolvidas por assassinatos, suicídios, necrofilia, traições, além de questões políticas,
tais como a luta por poder das pequenas cidades, aqui chamadas por Lobato de Itaoca, entre
coronéis fazendeiros, voto de cabresto etc.
O que mais chama a atenção na obra é a dura crítica que o autor faz ao sertanejo
preguiçoso, cachaceiro e analfabeto. Mas, também há situações que alcançam uma comicidade
trágica como em “O engraçado arrependo; O comprador de fazendas e Pollice verso.
Nos últimos textos da obra, considerados artigos-contos, Lobato faz críticas ao
nomadismo do sertanejo, às práticas devastadoras da natureza (queimada, derrubada de
árvores, desmatamento) e culpa esse homem por não ter a consciência de preservação da
natureza.
17. LimaBarreto(1881-1922)
Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima
Barreto, foi um escritor e jornalista brasileiro. Autor de uma
obra critica veiculada aos temas sociais, o escritor rompe com o
nacionalista ufanista e faz críticas ao positivismo.
Sua obra que merece destaque é o "Triste Fim de Policarpo
Quaresma" escrito numa linguagem coloquial, o autor faz crítica à
sociedade urbana da época, em que critica a sociedade urbana da
época.
19. TristeFimdePolicarpoQuaresma
O protagonista é o major Policarpo Quaresma, subsecretário no Arsenal de Guerra, que
ama incondicionalmente sua pátria – o Brasil. Esse amor à pátria (nacionalismo) faz com
que ele estude violão, um instrumento marginalizado no fim do século XIX, a língua tupi-
guarani, o folclore e os usos e costumes dos silvícolas. Desses interesses ele se
interessa tanto pelos estudos do tupi que manda à Câmara um requerimento recomendando a
língua indígena como idioma oficial do Brasil. Logo mais, escreve em tupi um ofício que
provoca grande confusão e por tudo isso é considerado louco, assim, internado em um
manicômio. Ao ser considerado melhor, é solto e compra um sítio – “Sossego” – onde
residirá com sua irmã Adelaide e o criado Anastácio.
20. TristeFimdePolicarpoQuaresma
Com o tempo seus ideais nacionalistas voltam e ele começa a plantar em suas terras,
acreditando estar na agricultura a chance do país ser a primeira nação do mundo, e
enfrenta ervas daninhas e formigas, do mesmo modo que as intrigas políticas.
Com a Revolta Armada, Floriano Peixoto integra Quaresma como major ao batalhão
Cruzeiro do Sul. Quase no fim da revolta é designado a carcereiro dos presos políticos na
ilha das Enxadas. Em determinada noite, o Itamarati envia alguém para retirar vários
presos e fuzila-los. Esse fato deixou Quaresma revoltado, portanto escreve uma violenta
carta ao marechal Floriano Peixoto. Então é preso como traidor e condenado à morte, sem
julgamento. Apenas Ricardo Coração dos Outros tenta salvar Policarpo, ficando ele à espera
do destino.
22. AugustodosAnjos(1884-1914)
Augusto dos Anjos foi um poeta brasileiro pré-modernista
que viveu de 1884 a 1914. Sua obra “Eu e Outras Poesias”, foi
publicada dois anos antes de sua morte.
Suas poesias trazem marcantes sentimentos de pessimismo e
desânimo, além de inclinação para a morte. Com relação à
estrutura, pode-se dizer que suas poesias apresentam rigor na
forma e rico conteúdo metafórico.
Morreu ainda jovem (em 1914) devido a uma enfermidade
pulmonar, deixando para trás suas carreiras de promotor público
(formou-se em Direito em 1906) e de professor, além de sua
única e marcante obra.
24. VersosÍntimos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera*.
Sómente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil** que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
*Quimera: sonho, fantasia, ilusão.
**Vil: reles, ordinário, desprezível, infame.
25. CoelhoNetto(1864-1934)
Henrique Maximiano Coelho Netto era filho do português Antônio da Fonseca Coelho
e da índia Ana Silvestre. Aos seis anos foi, com a família, morar no Rio de Janeiro.
Ainda jovem entrou na Faculdade de Medicina, mas não permaneceu por muito tempo,
por não se adaptar à frieza da morte e da anatomia.
Então com 18 anos, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, de onde
saiu por se desentender com um professor, transferindo-se para a Faculdade de Direito
do Recife, mas as lutas abolicionistas e republicanas não o deixaram concluir o ensino
superior.
Seu livro de estréia foi Rapsódias, de 1891, quando passou a desenvolver uma
intensa carreira literária. Escritor fértil, sua obra consta de 130 livros, entre os
quais estão romances, contos, crônicas, fábulas, teatro e memórias. Algumas mais
representativas: "A Capital Federal" (1893); "Rei Negro" (1914); "Mano" (1924); "Fogo-
Fátuo" (1929).
Sua linguagem rebuscada, estilo opulento e luxuriante (Brito Broca), causou
repulsa, especialmente nos modernistas, que dele debochavam: "O mal foi eu ter medido
o meu avanço sobre o cabresto metrificado e nacionalista de duas remotas alimárias -
Bilac e Coelho Neto...", diz Oswald de Andrade, no prefácio de Serafim Ponte Grande.