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HAICAIS
Filhotes se aninham
Sob as asas protetoras –
Inverno chegou.
Cida Micossi – SP
Passam pássaros.
Meus sonhos
Não migram.
J. Cardias – RJ
A abelha, tristonha,
- fauna e flora devastadas –
Produz mel amargo.
Leila Miccolis – RJ
Pessoas despertam;
Madrugada após geada.
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Ao cantar do galo
Também a serra vernal
À espera do sol.
Neide Rocha Portugal – PR
Quando eu olhos as rosas
Sinto uma vontade imensa
De abraçar o artista.
Humberto Del Maestro – ES
Rapaz chega em casa
Com a roupa respingada.
Lá fora, a garoa.
Renata Paccola – SP
Na seca total
Resiste um pouquinho mais
Árvore despida.
João Batista serra-Ce
Sanhaço perscruta,
Silente, meu mamoeiro:
Tem mamão devês.
Caminho do mar:
A navalha no meu rosto,
Corta que nem gelo.
Trilha do mosteiro:
O andarilho vai convicto,
Buscar paz de espírito.
Vai de galho em galho,
Pára, olha, me vigia:
Esquilo mineiro...
Cai um temporal
Sobre o calor de domingo:
São águas de março.
Chove em Parati:
Mil peixinhos vêm à tona,
Provar outras águas.
Antonio Cabral Filho - RJ
TROVAS
Felicidade, um evento,
Uma graça fugidia...
Como lufada de vento,
Passa por nós, algum dia!
Fernando Vasconcelos – Pr
Desse jeito, esperneando,
Considero-te a criança,
Que sempre tenta chorando
Quando o que quer não alcança.
João Batista Será – CE
Quando a mão busca outra mão
E sem rodeios perdoa,
Dá-se tão bela união
Que Deus bendiz e abençoa.
Alaor Eduardo Scisínio – RJ
Dê-se ao jovem liberdade
Para sem medo ele ousar.
- É no ardor da mocidade
Que o sonho aprende a voar.
A. A. de Assis - PR
Sigo na rua com frio,
A brisa caminha leve...
A lua, do céu vazio,
Me abraça com mão de neve.
Humberto Del Maestro – ES
Por mais que divague a mente
E o rumo tente alterar,
Meu olhar tão insistente
Te vê em todo lugar...
Jessé Nascimento – RJ
Aquela nuvem que corre,
Lembra, de um velho, os cabelos,
Que cada dia que morre,
Deixa pra traz os desvelos.
Henny Kropf – RJ
Uma lágrima que escorre
Trás mil brilho à própria face,
Se a cada sonho que morre
Há um novo sonho que nasce.
Renata Paccola – SP
Urubu sobre o telhado
E voando abertamente
Ficou muito bem olhado
Pelo suspiro da gente.
Franc Assis Nascimento - Go
Ao brincar com seu cabelo
E puxar o seu vcestido,
Vento sede a um sexy apelo
E revela ter crescido.
Olivaldo Júnior – SP
Com sete a um da Alemanha,
Ao menino a decepção..
Mas o Brasil mais apanha
No quesito educação.
Eliana Ruiz Jimenez - SC
Quando, manhã, bem cedinho,
Abrindo os olhos desperto,
Através do teu carinho
Vejo logo um céu aberto.
Walter Siqueira – RJ
Ano VIII nº58 agosto 2014 Distribuição Gratuita Editor: Antonio Cabral Filho
Rua São Marcelo, 50/202 Rio de Janeiro – RJ Cep 22.780-300 Email: letrastaquarenses@yahoo.com.br
http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC
SALDO ESCASSO
Após devorar
A sagrada esperança
De Agostinho Neto,
Com gosto de suor africano
Explorado em solo brasileiro,
Regada a muito café
E mergulhado em insônia,
Vou passear no quintal
Ver se colho um poema
Ou o sal da escassez.
NOITE
Depois de trabalhar
O dia inteiro
A noite fica exausta
E se dependura
Lá do céu sobre nós
E dorme como os morcegos...
É por isso que acordamos
Chamuscados de escuridão.
METAPOÉTICA
De tanto
Alavancar o poema
Acabei pavimentando
O verso
E instalando a poesia
Sempre no ponto final.
COMPLEXO DE KAFKA
Não fossem os calafrios
Da pobre coitada mãe
Que vivia em panos quentes
Pra manter seu pai
Em banho-maria
Teríamos mais psicanalistas
Tentando livrar as pessoas
Dos estados parasitários
E Kafka transformado
em barata.
LARGO DA BATALHA
Já diz tudo
O nome do local
Que nos lembra
Algo longe
Transido de combates
E ainda agora
Nos seus arredores
Chegam avisos da pólvora:
Seguem escaramuças
Por seu corpo escarpado,
Todo respingado de rubro.
PONTO CEM RÉIS
Não sei quantos reis
Passaram por este ponto
E não sei ainda
Se era sem réis
Caso houvesse pedágio
Transitar livremente.
ENQUETE
O vovô anarquista
Perguntou para o netinho
Se acreditava em Papai Noel:
- Por quê, vai me dar presente?
Inquiriu o garoto, todo serelepe,
Enquanto o avô confabulava
Com seus bigodes:
- Que menino materialista!
ANTI GULLAR
Inútil a luta corporal
Sem poemas concretos
Sobre romances de cordel
A sós dentro da noite veloz
Pra cometer poema sujo
E acender uma luz no chão
Em plena vertigem do dia
Causar crime na flora
E sair por aí fazendo barulhos
Com muitas vozes
E argumentação contra
A morte da arte
Pleno de antologias...
HORA DA RVOLUÇÃO
É hora da revolução!
É hora da revolução!
Não! Não é nenhum
Sinal dos tempos
Nem devido à queda
De algum ditador.
É que eu vi
Um homem no ônibus
Lendo o Manifesto Comunista.
PRÊMIO JUSTO
Corredor polonês
Só para o maldito inventor
Do corredor polonês,
Que eu fui.....
CACETE BAIANO
Depois de apanhar
Até gato morto miar,
Por dizer gracinhas
Para a menina dos olhos
Do paizão ciumento,
Diz que ganhou
O maior cacete baiano.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Eu sei que o boca-a-boca
É a melhor propaganda,
Mas não adianta resmungos
Nem choro pelos cantos.
Só devolvo o beijo
Que te roubei dormindo,
Se vieres tomá-lo
Boca-a-boca...
DEUSES DE PAUPÉRIA
Era uma cidade
Fundada por ATA
E lá estava escrito:
Artigo Único -
Aqui todos somos felizes,
Pela graça dos deuses.
E todos tudo fazem
Para o bem de todos.
§ Único – Revogam-se
as disposições em contrário.
Antonio Cabral Filho – RJ

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  • 1. HAICAIS Filhotes se aninham Sob as asas protetoras – Inverno chegou. Cida Micossi – SP Passam pássaros. Meus sonhos Não migram. J. Cardias – RJ A abelha, tristonha, - fauna e flora devastadas – Produz mel amargo. Leila Miccolis – RJ Pessoas despertam; Madrugada após geada. Inspeção do campo. Manoel F. Menendez – SP Ao cantar do galo Também a serra vernal À espera do sol. Neide Rocha Portugal – PR Quando eu olhos as rosas Sinto uma vontade imensa De abraçar o artista. Humberto Del Maestro – ES Rapaz chega em casa Com a roupa respingada. Lá fora, a garoa. Renata Paccola – SP Na seca total Resiste um pouquinho mais Árvore despida. João Batista serra-Ce Sanhaço perscruta, Silente, meu mamoeiro: Tem mamão devês. Caminho do mar: A navalha no meu rosto, Corta que nem gelo. Trilha do mosteiro: O andarilho vai convicto, Buscar paz de espírito. Vai de galho em galho, Pára, olha, me vigia: Esquilo mineiro... Cai um temporal Sobre o calor de domingo: São águas de março. Chove em Parati: Mil peixinhos vêm à tona, Provar outras águas. Antonio Cabral Filho - RJ TROVAS Felicidade, um evento, Uma graça fugidia... Como lufada de vento, Passa por nós, algum dia! Fernando Vasconcelos – Pr Desse jeito, esperneando, Considero-te a criança, Que sempre tenta chorando Quando o que quer não alcança. João Batista Será – CE Quando a mão busca outra mão E sem rodeios perdoa, Dá-se tão bela união Que Deus bendiz e abençoa. Alaor Eduardo Scisínio – RJ Dê-se ao jovem liberdade Para sem medo ele ousar. - É no ardor da mocidade Que o sonho aprende a voar. A. A. de Assis - PR Sigo na rua com frio, A brisa caminha leve... A lua, do céu vazio, Me abraça com mão de neve. Humberto Del Maestro – ES Por mais que divague a mente E o rumo tente alterar, Meu olhar tão insistente Te vê em todo lugar... Jessé Nascimento – RJ Aquela nuvem que corre, Lembra, de um velho, os cabelos, Que cada dia que morre, Deixa pra traz os desvelos. Henny Kropf – RJ Uma lágrima que escorre Trás mil brilho à própria face, Se a cada sonho que morre Há um novo sonho que nasce. Renata Paccola – SP Urubu sobre o telhado E voando abertamente Ficou muito bem olhado Pelo suspiro da gente. Franc Assis Nascimento - Go Ao brincar com seu cabelo E puxar o seu vcestido, Vento sede a um sexy apelo E revela ter crescido. Olivaldo Júnior – SP Com sete a um da Alemanha, Ao menino a decepção.. Mas o Brasil mais apanha No quesito educação. Eliana Ruiz Jimenez - SC Quando, manhã, bem cedinho, Abrindo os olhos desperto, Através do teu carinho Vejo logo um céu aberto. Walter Siqueira – RJ Ano VIII nº58 agosto 2014 Distribuição Gratuita Editor: Antonio Cabral Filho Rua São Marcelo, 50/202 Rio de Janeiro – RJ Cep 22.780-300 Email: letrastaquarenses@yahoo.com.br http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC
  • 2. SALDO ESCASSO Após devorar A sagrada esperança De Agostinho Neto, Com gosto de suor africano Explorado em solo brasileiro, Regada a muito café E mergulhado em insônia, Vou passear no quintal Ver se colho um poema Ou o sal da escassez. NOITE Depois de trabalhar O dia inteiro A noite fica exausta E se dependura Lá do céu sobre nós E dorme como os morcegos... É por isso que acordamos Chamuscados de escuridão. METAPOÉTICA De tanto Alavancar o poema Acabei pavimentando O verso E instalando a poesia Sempre no ponto final. COMPLEXO DE KAFKA Não fossem os calafrios Da pobre coitada mãe Que vivia em panos quentes Pra manter seu pai Em banho-maria Teríamos mais psicanalistas Tentando livrar as pessoas Dos estados parasitários E Kafka transformado em barata. LARGO DA BATALHA Já diz tudo O nome do local Que nos lembra Algo longe Transido de combates E ainda agora Nos seus arredores Chegam avisos da pólvora: Seguem escaramuças Por seu corpo escarpado, Todo respingado de rubro. PONTO CEM RÉIS Não sei quantos reis Passaram por este ponto E não sei ainda Se era sem réis Caso houvesse pedágio Transitar livremente. ENQUETE O vovô anarquista Perguntou para o netinho Se acreditava em Papai Noel: - Por quê, vai me dar presente? Inquiriu o garoto, todo serelepe, Enquanto o avô confabulava Com seus bigodes: - Que menino materialista! ANTI GULLAR Inútil a luta corporal Sem poemas concretos Sobre romances de cordel A sós dentro da noite veloz Pra cometer poema sujo E acender uma luz no chão Em plena vertigem do dia Causar crime na flora E sair por aí fazendo barulhos Com muitas vozes E argumentação contra A morte da arte Pleno de antologias... HORA DA RVOLUÇÃO É hora da revolução! É hora da revolução! Não! Não é nenhum Sinal dos tempos Nem devido à queda De algum ditador. É que eu vi Um homem no ônibus Lendo o Manifesto Comunista. PRÊMIO JUSTO Corredor polonês Só para o maldito inventor Do corredor polonês, Que eu fui..... CACETE BAIANO Depois de apanhar Até gato morto miar, Por dizer gracinhas Para a menina dos olhos Do paizão ciumento, Diz que ganhou O maior cacete baiano. APROPRIAÇÃO INDÉBITA Eu sei que o boca-a-boca É a melhor propaganda, Mas não adianta resmungos Nem choro pelos cantos. Só devolvo o beijo Que te roubei dormindo, Se vieres tomá-lo Boca-a-boca... DEUSES DE PAUPÉRIA Era uma cidade Fundada por ATA E lá estava escrito: Artigo Único - Aqui todos somos felizes, Pela graça dos deuses. E todos tudo fazem Para o bem de todos. § Único – Revogam-se as disposições em contrário. Antonio Cabral Filho – RJ