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VOLUME ÚNICO
ENSINO MÉDIO
E SUAS TECNOLOGIAS
PROJETOS INTEGRADORES
VITOR MACHADO
CIÊNCIAS DA NATUREZA
CIÊNCIAS
DA
NATUREZA
E
SUAS
TECNOLOGIAS
PROJETOS
INTEGRADORES
VOLUME
ÚNICO
0062P21507130IL
9 7 8 8 5 3 4
F A 2 4 2 3 1
2 4 2 3 1 8
ISBN 978-85-342-4231-8
Capa_Ciencias_Natureza_final.indd 1-3
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1a
edição
São Paulo – 2020
VITOR MACHADO
Licenciado em Física no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
de São Paulo (IFSP). Mestre em Ensino de Ciências, modalidade,
ensino de Física pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel
em Ciências e Humanidades pela Universidade Federal do ABC. Bacharel
em Filosofia pela Universidade Federal do ABC. Doutorando em Educação
pela Faculdade de Educação da USP (Feusp). Professor de Física de Educação
Básica da rede pública.
E SUAS TECNOLOGIAS
PROJETOS INTEGRADORES
CIÊNCIAS DA NATUREZA
ENSINO MÉDIO
VOLUME ÚNICO
MANUAL DO PROFESSOR
P21_CN_iniciais_001-009.indd 1
P21_CN_iniciais_001-009.indd 1 14/12/2020 17:42
14/12/2020 17:42
Integralis - Ciências da Natureza e suas tecnologias
Projeto Integradores – Volume Único – Ensino Médio
© IBEP, 2020
Diretor superintendente Jorge Yunes
Diretora editorial Célia de Assis
Editores Célia de Assis, Mizue Jyo e Adriane Gozzo
Assesssoria pedagógica Valdeci Loch Valentim
Assessoria na área de Linguagens Juliana Vegas Chinaglia
Revisão Denise Santos e Kátia Cardoso
Iconografia Victoria Lopes
Ilustrações Acervo da Editora, Bruno Badain/Sui Sui/Manga Mecânica,
		
Cícero Soares e Koiti Yoshida
Secretaria editorial e produção gráfica Elza Fujihara
Assistente de produção gráfica Marcelo Ribeiro
Estagiária Verena Fiesenig
Projeto gráfico e capa Aline Benitez
Imagem de capa Way Home Studio/Shutterstock
Diagramação Formato Comunicação
1ª edição – São Paulo – 2020
Todos os direitos reservados
Av.Alexandre Mackenzie, 619 - Jaguaré
São Paulo - SP - 05322-000 - Brasil - Tel.: (11) 2799-7799
www.editoraibep.com.br editoras@ibep-nacional.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
20-63069 CDD: 500
CDU: 5:37.017
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M135i
Machado, Vitor
Integralis : ciências da natureza e suas tecnologias : projetos integradores :
ensino médio, volume único / Vitor Machado. - 1. ed. - Barueri [SP]: IBEP, 2020.
: il. ; 28 cm. (Integralis)
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-342-4231-8 (estudante)
ISBN 978-85-342-4232-5 (manual do professor)
1. Ciências (Ensino médio) - Estudo e ensino. 2. Educação - Finalidades e
objetivos. I. Título. II. Série.
Leandra Felix da Cruz Candido - Bibliotecária - CRB-7/6135
18/02/2020 21/02/2020
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Apresentação
Prezado estudante, prezada estudante, tudo bem?
Sabe o que você vai encontrar assim que começar a estudar com esse
livro? Muitas coisas e entre elas, pesquisar coisas na escola, fora dela, visitar
pessoas, conhecer a geografia e os rios da região, inventar engenhocas e criar
concepções artísticas de suas expressões. Criar geradores de energia elétrica
a partir de aparelhos de academia, registrar obras e ajudar pessoas a terem
suas obras reconhecidas, mediar situações conflituosas. Argumentar, criar,
testar, refazer, inventar são apenas algumas das coisas que te esperam nessas
páginas. Percebeu que a maioria das coisas que listamos acima é diferente de
ler um conteúdo ou fazer um exercício sobre algo?
Sim, esse é o espírito desse livro, que é diferente de outros que você está
acostumado. Pois esse é um livro de Projetos Integradores! E o que isso sig-
nifica? Significa que aqui você precisará colocar a mão na massa, sair de sala,
conversar com pessoas, levantar dados, analisar hipóteses, construir expe-
rimentos, conceber criações, organizar exposições e uma série de missões,
tarefas e atividade que precisam culminar em um produto final. Realizar um
projeto é conhecer as coisas reais e na prática, mexendo com elas, vendo onde
e como os conhecimentos se aplicam e como eles podem ser úteis para nós e
para a nossa comunidade.
Um livro de Projetos Integradores de Ciências Naturais e suas Tecnologias
é um guia de ações, de reflexões, de argumentações, de experimentações, de
tomada e análise de dados, de autoria e de construção coletiva. Acreditamos
que esse caminho rico e divertido é uma forma muito interessante para a
aprendizagem de conhecimentos, competências e habilidades que são essen-
ciais para o seu presente e o seu futuro.
Este livro é composto de seis projetos integradores. Seis missões que pre-
cisam ser realizadas, seis produtos finais que serão construídos ao longo de
muitas aulas, com calma, no seu tempo, com ajuda da turma, dos professores
e das muitas pessoas que construíram este livro.
Portanto, prepare-se para uma experiência nova e desafiadora de aprender!
Vamos lá então!
O autor
		
PNLD_CN_iniciais_P3.indd 3 08/03/2020 21:03:54
A obra é composta de seis Projetos Integradores, que estão
estruturados em um tema gerador de relevância no contexto
sociocultural atual, uma pergunta desafiadora e um produto final. Os
projetos se desenvolvem por meio de oito etapas. Nelas vocês irão
desenvolver diversas atividades em torno do tema gerador para analisar
e refletir sobre a questão desafiadora e os percursos que farão para
culminar no produto final. Esse produto será compartilhado com a
comunidade em um evento de apresentação.
Veja como são as etapas e o que elas propõem de ações e atividades.
Competências e
habilidades
Conheça seu livro
Abertura
Na abertura de cada projeto
você identifica o tema que
o projeto aborda, além de
iniciar a discussão sobre
ele, trocando ideias com
seus colegas sobre o que já
conhece do assunto.
Ficha de estudo
Na ficha de estudo são
descritas as competências
gerais, específicas e
habilidades da Base
Nacional Comum Curricular
(BNCC) que serão
desenvolvidas durante o
projeto. Toma conhecimento
também dos objetivos e
justificativas do projeto e o
que é proposto para cada
uma das etapas.
PNLD_CN_iniciais_P3.indd 4 12/03/2020 15:09:49
O desenvolvimento de cada projeto está estruturado
em oito etapas.
Pesquisa de informações
Aqui é proposta a pesquisa
de conhecimentos e conceitos
disponíveis em materiais
impressos e digitais, aplicação
de entrevistas aos profissionais
e especialistas no assunto
para a coleta de dados que
subsidiem os percursos para a
elaboração do produto final
Trabalho de campo
É uma etapa para ser
realizada fora da sala de aula,
com o objetivo de mapear
o contexto, os lugares, a
realidade em torno da qual o
projeto será desenvolvido.
Problemas e ações
Uma situação-problema é
apresentada para ser analisada
e discutida. A partir dessa
análise surge a questão
desafiadora que irá possibilitar
a proposta do produto final que
será desenvolvido no projeto
Conceitos e conteúdos
relevantes
Etapa que permite olhar a
situação-problema a partir
de conceitos e conteúdos já
estabelecidos com o propósito
de subsidiar as decisões e
definições para a execução o
produto final.
Apresentação e
divulgação
É o momento de compartilhar
o produto final para dar
retorno e se conectar com a
comunidade.
Elaboração do produto
final
Nesta etapa cada
estudante realiza as
tarefas estabelecidas no
planejamento da produção
para elaborar o produto final.
Planejamento da
produção
É o momento de planejar e
organizar o processo que será
realizado para a elaboração
do produto final, com a
definição de tarefas de cada
um e os prazos.
Análise do resultado
Nesta etapa é feita a
avaliação do projeto, tanto
do produto final sob o ponto
de vista do seu processo
de desenvolvimento,
da receptividade da
comunidade. É também uma
etapa de autoavaliação.
PNLD_CN_iniciais_P3.indd 5 08/03/2020 21:04:01
Discussão aberta
Momentos de discutir
coletivamente posições,
opiniões e especulações
sobre algo relativo ao
projeto. Visam ouvir os
estudantes em suas
opiniões e vivências.
Construindo
argumentações
Momento de discutir e
debater questões, utilizando
argumentos, a fim de tomar
decisões e compreender
melhor diferentes aspectos
da realização do produto.
Examinando
Interpretação e análise de
imagem, texto, música,
experimento, a fim de extrair
algum tipo de conclusão.
Em geral traz atividades
individuais de análise, que
podem posteriormente ser
compartilhados e discutidos.
Dentro de cada etapa aparecem recursos com ativa participação dos
estudantes. Eles podem ser identificados nas seções:
PNLD_CN_iniciais_P3.indd 6 08/03/2020 21:04:04
Ìcones
Oralidade
Em grupo
A missão!
Boxe único em cada
projeto, enuncia qual é o
produto final a ser pensado,
discutido e realizado.
Andamento da
produção
Em diferentes etapas de
desenvolvimento do projeto,
discussões e relações com
o produto final são refeitas.
Restabelece a conexão com
o produto a ser construído.
Glossário
Para palavras, termos e
conceitos que talvez não
sejam do conhecimento dos
estudantes.
Para conferir
Sugestões de livros,
texto, filmes e materiais
complementares aos
estudantes.
Há ainda boxes complementares como:
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Sumário
CONFLITOS E MEDIAÇÕES.................................10
Projeto Integrador 1
Tema: Mediação de conflitos
Ficha de estudo......................................................................12
PROBLEMAS E AÇÕES........................................................14
Tirinha: Os cientistas.............................................................15
Charge: Igualdade de gênero.................................................15
Meninos × meninas...............................................................16
Texto: Escola pede“kit médico”aos meninos e“cozinha”
às meninas e polemiza......................................................16
CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES..................18
Texto: O aluno fez um comentário discriminatório. E
agora?......................................................................................18
Texto:Ainda há muito espaço para mulheres e meninas na
ciência e tecnologia.............................................................. 20
Texto: Estereótipos e discriminação impedem meninas de
realizar seu potencial, diz ONU em dia mundial.................21
O círculo de paz....................................................................23
Círculo restaurativo..............................................................23
Dinâmica do círculo restaurativo................................... 24
PESQUISA DE INFORMAÇÕES........................................25
Fazendo um círculo para discutir preconceito sobre
mulheres nas ciências............................................................25
Abertura do círculo........................................................25
Primeira rodada...............................................................25
Segunda rodada...............................................................25
Terceira rodada............................................................ 33
Rodada de encerramento............................................... 34
TRABALHO DE CAMPO.................................................. 34
Quais são os conflitos mais recorrentes na escola?.......... 34
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO.................................35
ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL...........................36
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO................................36
ANÁLISE DO RESULTADO................................................37
Referências.............................................................................37
CIÊNCIA, FATO E DESINFORMAÇÃO..............38
Projeto Integrador 2
Tema: Midiaeducação
Ficha de estudo....................................................................40
PROBLEMAS E AÇÕES...................................................... 42
Texto: Conheça o primeiro livro escrito por uma
inteligência artificial............................................................. 42
Texto: Inteligência artificial aprende a escrever fake news
para combater fake news....................................................... 43
Texto: Notícias falsas na ciência...........................................46
CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES.................49
Texto: Cuidado com a fábrica de mentiras..........................49
O papel da lógica...................................................................51
E o que isso tem a ver com notícias?...................................51
Os gráficos............................................................................53
Fake news...............................................................................56
PESQUISA DE INFORMAÇÕES.........................................61
Análise de site de divulgação de notícias de conteúdo
científico.................................................................................61
TRABALHO DE CAMPO...................................................62
Levantamento de dados........................................................63
Roteiro de pesquisa.........................................................63
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO.................................64
ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL...........................66
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO................................66
ANÁLISE DO RESULTADO................................................67
Referências.............................................................................67
TRANSFORMAÇÕES DE ENERGIA PARA
CUIDAR DO PLANETA........................................ 68
Projeto Integrador 3
Tema: STEAM
Ficha de estudo.................................................................... 70
PROBLEMAS E AÇÕES.......................................................72
Índice de Desenvolvimento Humano e o consumo de
energia elétrica......................................................................75
Tecnologias e alternativas energéticas para o dia a dia.......76
Texto: Correntes oceânicas podem gerar energia
continuamente......................................................................78
Matriz de energia e impactos ambientais........................... 80
Texto:Alunos do CE criam mochila que gera energia com
movimento do corpo...........................................................82
CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES.................85
Como é feito um gerador?..................................................86
Matriz hidrelétrica...........................................................88
Dínamos......................................................................... 90
PESQUISA DE INFORMAÇÕES.........................................91
Sugestão de roteiro de entrevista........................................92
TRABALHO DE CAMPO...................................................93
Estudo de meio.....................................................................94
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO.................................96
ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL...........................98
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO................................99
PNLD_CN_iniciais_P3.indd 8 08/03/2020 21:04:08
ANÁLISE DO RESULTADO..............................................100
Referências............................................................................ 101
ÁGUA: POLUIÇÕES E RE-AÇÕES ...................102
Projeto Integrador 4
Tema: Meio ambiente
Ficha de estudo...................................................................104
PROBLEMAS E AÇÕES..................................................... 106
De onde vem a água?.......................................................... 106
Disponibilidade da água................................................ 107
Texto:Avenidas de Belo Horizonte escondem 25%
dos córregos urbanos......................................................111
CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES.................112
Águas e poluição..................................................................112
Água limpa ou poluída?.......................................................115
Ecossistema de um lago..................................................116
O“curso”da poluição: rompimento da barragem de
Mariana...........................................................................118
Rejeitos da mineração.....................................................118
Atividades humanas × contaminantes na água..................121
PESQUISA DE INFORMAÇÕES...................................... 123
Rio Doce e a aldeia indígena Krenak................................. 123
Preservação e despoluição das águas................................. 124
Texto: Quilombolas e Povos Tradicionais: Os guardiões das
águas e defensores da vida..................................................126
Texto: Despoluição de águas ainda é desafio para o Brasil;
conheça os principais projetos...........................................128
TRABALHO DE CAMPO..................................................129
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO............................... 130
ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL...........................131
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO.............................. 132
ANÁLISE DO RESULTADO.............................................. 133
Referências........................................................................... 133
PROPRIEDADE INTELECTUAL E DIREITOS....134
Projeto Integrador 5
Tema: Protagonismo juvenil
Ficha de estudo....................................................................136
PROBLEMAS E AÇÕES......................................................138
Paradoxo Mpemba...............................................................138
Texto: Saberes tradicionais sobre as plantas......................140
A“polêmica”da descoberta do avião................................ 142
Texto: Santos Dumont ou Irmãos Wright: 14-Bis reacende
polêmica........................................................................ 142
CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES............... 146
Quando a autoria não é devidamente reconhecida......... 146
Texto: Como registrar uma patente ou propriedade
intelectual no Brasil?..................................................... 147
PESQUISA DE INFORMAÇÕES...................................... 150
TRABALHO DE CAMPO..................................................152
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO................................153
Bricolagem............................................................................153
Texto: Projeto identifica os“reis da gambiarra”em favelas
cariocas................................................................................ 154
ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL..........................157
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO...............................158
ANÁLISE DO RESULTADO...............................................158
Referências............................................................................159
VIDA E LONGEVIDADE.....................................160
Projeto Integrador 6
Tema: Saúde
Ficha de estudo....................................................................162
PROBLEMAS E AÇÕES..................................................... 164
Texto:A morte no vácuo................................................... 164
CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES................168
Texto: Motorista bêbado que mata no trânsito comete
crime doloso, decide STF....................................................168
O metabolismo do etanol.................................................. 170
Sinapses afetadas..................................................................172
Texto: Os efeitos da bebida alcoólica no cérebro...........173
Texto: Droga antienvelhecimento que mata células idosas
passa em primeiro teste humano...................................173
Texto: Com mercado promissor, biotecnologia engloba
profissões do futuro......................................................176
PESQUISA DE INFORMAÇÕES.......................................177
Texto: Mau humor pode ser hereditário........................... 180
TRABALHO DE CAMPO...................................................181
Texto: Preconceito contra idosos pode ser combatido
com educação................................................................182
Levantamento de dados.......................................................183
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO................................185
ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL..........................187
APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO...............................188
ANÁLISE DO RESULTADO...............................................189
Referências............................................................................189
Base Nacional Comum Curricular..................................... 190
Referências gerais.................................................................196
PNLD_CN_iniciais_P3.indd 9 08/03/2020 21:04:08
RESO
LUÇÃO
C
O
N
F
L
I
T
O
PROJETO
INTEGRADOR
1
P21_CN_miolo_proj1_pf2.indd 10 12/03/2020 15:10:04
Decifrem este “enigma”:
“Pai e filho sofrem um acidente terrível de carro. Alguém chama a
ambulância, mas o pai não resiste e morre no local. O filho é socorrido
e levado ao hospital às pressas. Ao chegar ao hospital, a pessoa mais
competente do centro cirúrgico vê o menino e diz: ‘Não posso operar
este menino! Ele é meu filho!’.”
Na internet é comum vermos vídeos de pessoas muito confusas com
esse falso enigma. “Como assim? Mas o pai do menino não morreu?” Há
quem diga que a pessoa no hospital é o padrasto; outras simplesmente
não conseguem chegar a uma solução. E a mais óbvia de todas é que “a
pessoa mais competente do centro cirúrgico é a mãe do menino”.
Esse problema trata de uma questão muito importante de um pre-
conceito estrutural em relação às mulheres com atuação em várias
áreas, inclusive na ciência.
Pense rápido e responda:
• Se alguém lhe pedir um nome de cientista, que nomes
vêm à sua cabeça?
• Quantas dessas pessoas são mulheres? E prêmios Nobel?
• Quantas vezes você já ouviu a frase: “Mulheres não se dão
bem com ciências exatas?” ou “Física não é para mulheres”.
• Queoutrospreconceitosvocêsabequeexistemnasociedade?
Converse sobre este tema para ouvir as respostas de todos.
Mais orientações no MP.
FRANCOIS
POIRIER/SHUTTERSTOCK
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
Conflitos
e mediações
Os conflitos fazem parte
das relações humanas,
entretanto alguns deles
podem ter origem em
preconceitos e ideias
enraizadas na sociedade
e precisam ser desfeitos a
partir de atitudes de
respeito para com o outro. As respostas às questões são pessoais e têm o objetivo de desperar a reflexão dos
estudantes sobre quanto os pensamentos machistas estão incutidos na sociedade por
questões culturais.
P21_CN_miolo_proj1_010-037.indd 11 10/29/20 3:15 PM
Projeto 1
CONFLITOS E MEDIAÇÕES
Tema Integrador
Mediação de conflitos
Competências e habilidades
da BNCC trabalhadas neste
projeto*
Competências gerais
1, 3, 4, 7, 8, 9 e 10.
Competência específica de
Ciências da natureza e suas
tecnologias
2.
habilidade específica de Ciências
da natureza e suas tecnologias
EM13Cnt207.
Competências específicas de
Linguagens e suas tecnologias
2 e 3.
habilidades específicas de
Linguagens e suas tecnologias
EM13Lgg202, EM13Lgg204,
EM13Lgg304, EM13LP34.
Competência específica de
Ciências humanas e Sociais
Aplicadas e suas tecnologias
5.
habilidade específica de Ciências
humanas e Sociais Aplicadas e
suas tecnologias
EM13ChS502.
*no final do livro, você encontra o texto
das competências e habilidades da
BnCC mencionadas nesta ficha.
Elas também estão disponíveis em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.
br/abase/#medio>. Acesso em: 19 jan.
2020.
FiCha de
estudo
objetivos a serem desenvolvidos
• Perceber os preconceitos e os conflitos existentes na escola a fim
de combatê-los.
• reconhecer a contribuição de importantes mulheres para as Ciên-
cias da natureza e suas tecnologias e os conceitos científicos a
elas associados.
• refletir sobre a discriminação de gênero nas áreas científica e tec-
nológica.
• Conhecer e participar de maneira colaborativa e autorreflexiva de
círculos de Justiça restaurativa.
• desenvolver ações práticas contra a discriminação e os conflitos
a ela associados.
justiFiCativa da pertinência dos objetivos
Conflitos fazem parte da natureza do ser humano – isso é um fato.
isso significa que temos de aprender a conviver com eles em todas as
esferas da vida em que se apresentam. A escola também é um lugar
de convívio com as diferenças e, portanto, onde o conflito faz parte de
seu funcionamento. Mas é possível mediá-lo, de modo a buscar o bem-
-estar tanto pessoal como coletivo.
É justamente essa temática que serve de mote para este projeto: a
mediação de conflitos sob uma perspectiva cidadã, em nome de uma
cultura de paz e respeito a si mesmo e às pessoas com as quais se
convive, sem discriminação de qualquer tipo.
etaPas do projeto
• Problemas e ações
nesta etapa, charges e situações cotidianas exemplificam as
dificuldades que as mulheres podem encontrar quando o assunto
é ciências e ser cientista. Essa discussão serve de introdução para
os conflitos que aparecem na escola por diversas motivações. A
pergunta “Que atitudes podemos adotar ao nos depararmos com
situações conflitantes na comunidade escolar?” será o ponto de
partida para a missão de construir um espaço e estabelecer
uma dinâmica apropriada para mediar conflitos na escola.
12
12
P21_CN_BOOK.indb 12 10/03/2020 12:45:17
• ConCeitos e Conteúdos relevantes
A diferença entre preconceito, discriminação, racismo e bullying é apresentada no sentido de que se
possa compreender as causas de origem dos conflitos na escola. Posteriormente, será discutida a
questão de homens, mulheres e suas profissões mais escolhidas com exemplos de como as mulheres
muitas vezes são vítimas de preconceito estrutural na sociedade em relação às escolhas profissionais.
Por fim, conhecerão quais são as técnicas de mediação de conflitos já consagradas na literatura
especializada, como o círculo de paz.
• Pesquisa de inFormações
nesta etapa, a maneira de realizar a pesquisa será inovadora. Como foram desenvolvidas as técnicas
de mediação de conflitos na etapa anterior e se trata de um processo que exige prática, aqui será
feita uma vivência de um círculo de mediação de conflitos que terá como tema “preconceitos sobre
mulheres
nas ciências”. E essa vivência vai expor, na prática, formas de mediar conflitos escolares.
• trabalho de CamPo
Como a missão é construir um espaço e estabelecer uma dinâmica apropriada para mediar conflitos
na escola, é preciso fazer um levantamento de dados sobre quais são os conflitos mais comuns no
ambiente escolar. Esse trabalho de campo fornecerá um quadro de quais conflitos devem ser mediados
prioritariamente.
• Planejamento da Produção
Aqui, vocês vão argumentar e definir, por meio de dados, evidências e pesquisas, quais serão as etapas
do círculo de paz pensadas para mediar o conflito mais recorrente na escola. Além disso, definirão
o melhor espaço e quais são os recursos para acolher esses círculos. isto é, organizar e adaptar um
espaço adequado para a realização de círculos, assim como estruturar um roteiro para a condução e
para a realização de um círculo de mediação de conflitos na escola.
• elaboração do Produto Final
É o momento de efetivamente colocar a “mão na massa” e executar o que foi planejado na etapa
anterior. isto é, a realização de um círculo de mediação de conflitos com pessoas da escola e conflitos
identificados no trabalho de campo.
• aPresentação e divulgação
Esse é o momento de comentar os resultados dessas experiências para a comunidade. Como vocês se
organizaram, como o círculo aconteceu e como os conflitos estão sendo encarados agora na escola.
• análise do resultado
Conforme os critérios estabelecidos no planejamento da ação, é hora de verificar como a ação
se desenrolou em virtude dos objetivos: por exemplo, se colaborou para a minimização de conflitos na escola.
13
13
P21_CN_BOOK.indb 13 10/03/2020 12:45:17
A presença das mulheres nas ciências é assunto dos mais importantes a serem discutidos. Mas, mais
importante do que isso, é o que fazemos quando estamos diante de posições preconceituosas. Sobretudo
quando as pessoas que falam não sabem que estão pronunciando frases discriminatórias. E, no nosso dia
a dia, muitas dessas frases podem ser ouvidas. Muitas vezes é na escola que esse tipo de conflito pode
se manifestar.
Conflitos existem em todos os lugares. A escola, um espaço de convivência social, também está sujeita a eles.
Luciana
Whitaker/Pulsar
Imagens
Os estudantes passam a maior parte do tempo na escola e é nela que convivem e interagem com o
maior número de pessoas. Assim, é natural que nessa convivência surjam conflitos dos mais variados
tipos que, em geral, têm base em preconceitos, valores e crenças.
Mas é possível viver sem conflitos?
A resposta é “não”. Afinal, os conflitos fazem parte da natureza do ser humano, uma vez que vivemos e
convivemos com uma diversidade de pessoas, cada qual com suas particularidades. No entanto, é possível
mediar esses conflitos, de modo que se possa viver em paz e harmonia, respeitando uns aos outros.
Este projeto vai retratar exatamente isso: a mediação de conflitos na comunidade escolar. Vamos começar?
Antes, porém, responda a algumas questões.
• O que você entende por conflito?
• Já vivenciou alguma situação conflitante? Qual? Conte essa experiência.
• Você concorda que é impossível viver sem conflitos? Justifique?
• Acha importante a mediação de conflitos? Por quê?
Problemas e ações
Mais orientações no MP.
Todas as respostas são pessoais, com base nos conhecimentos
prévios dos estudantes sobre a temática e em suas experiências
de vida.
14
14
P21_CN_BOOK.indb 14 10/03/2020 12:45:19
Analise as duas tirinhas a seguir.
GARCIA, João. Os cientistas. Com Ciência, 10 fev. 2017. Disponível em: <http://www.comciencia.br/tag/charge/>.
Acesso em: 7 fev. 2020.
Jão
BECK, Alexandre. Armandinho. Disponível em: <https://foconoenem.com/wp-content/uploads/2015/09/charge-igualdade-de-
g%C3%AAnero.png>. Acesso em: 7 fev. 2020.
Alexandre
Beck
15
15
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Junte-se a mais três colegas e respondam:
• O que as duas tirinhas têm em comum?
• De que maneira o conteúdo dessas tirinhas se relaciona com a vida na comuni-
dade escolar?
• Vocês já se viram em situações parecidas? Como se sentiram?
Registrem as respostas no caderno ou em folha avulsa. Elas servirão de base para discussão com a
turma toda.
Mais orientações no MP.
O que há em comum entre as tirinhas é que ambas tratam de dimensões do machismo. Uma no caso de trabalho científico e outra com
a manifestação do aparteamento, quando as pessoas são interrompidas em suas falas pela outra parte.
Examinando
É comum as pessoas associarem a palavra conflito a brigas, discussões. Mas não existem conflitos bons
ou ruins; os conflitos existem pela nossa condição humana diversa. Cada pessoa tem uma história, uma
formação, uma forma de ver e perceber o mundo. Como não existem pessoas iguais, surgem os conflitos.
Uma ideia, uma opinião, um ponto de vista diferente são o bastante para gerar um conflito. Por isso, en-
xergar os conflitos como algo normal da diversidade humana é essencial para percebermos essa diversidade
e aprendermos a respeitar uns aos outros. Também é essencial que, com o respeito, situações conflitantes
sejam expostas, de modo que seja possível mediá-las, chegando-se ao meio-termo para as partes envolvi-
das, mesmo quando as ações partem de quem, em tese, deveria não cometê-las.
Vejam o exemplo a seguir.
Meninos × meninas
Escola pede ‘kit médico’ aos meninos e ‘cozinha’ às meninas e polemiza
Após gerar revolta, a escola excluiu os
pedidos da lista de material escolar
A escola [...], pediu na lista de material escolar para a
volta às aulas de 2020, ‘kit médico’ para os meninos e
‘kit cozinha’ às meninas e gerou polêmica. Uma publica-
ção no Facebook, em que o autor se diz tio de uma aluna
da escola, com print dos pedidos viralizou na web.
A escola pediu “kits profissão”, em que aos meninos foi
solicitado kits médico, mecânico e bombeiro e às meninas
teriam que levar kits salão e cozinha. Além disso, na lista,
a escola pediu bola e carro de brinquedo apenas aos meni-
nos, enquanto para as meninas a escola pediu uma boneca.
Disponível em: <https://catracalivre.com.br/cidadania/escola-pede-kit-medico-aos-meninos-e-cozinha-as-meninas-e-
polemiza/>. Acesso em: 7 fev. 2020.
9. MATERIAL LÚDICO (BRINCAR O FAZ DE CONTA)
• 1 (um) brinquedo educativo na faixa etária da criança (o bom
brinquedo é aquele que atende às necessidades e possibil-
idades de cada fase). E, claro, não dá para se descuidar da
segurança. Como os pequenos levam tudo à boca, evite peças
miúdas e modelos frágeis;
• 1 (um) adereço para baú de fantasia (varinha, chapéu, capa,
asa de borboleta, máscara de personagens infantis), 1 (um)
fantoche, 1 (uma) cabeça de bichinho;
• 1 (um) carro de brinquedo (RESISTENTE E GRANDE) para
meninos e 1 (uma) boneca para meninas;
• 1 (um) animal de borracha (grande) para se familiarizar com
o mundo animal;
• 1 (um) kit profissão (médico, mecânico, bombeiro) para os
MENINOS;
• 1 (um) kit profissão (salão, cozinha) para as MENINAS (Peças
grandes).
• 1 (um) instrumento musical para aulas de musicalização (NÃO
PODE SER BRINQUEDO).
Reprodução/FacebookEscola
pede
‘kit
médico’
aos
meninos
e
‘cozinha’
às
meninas
e
polemiza.
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Construindo argumentações
• Caso acontecesse a situação descrita, e uma menina, por exemplo, quisesse brin-
car com o kit do menino, o que vocês fariam?
• Se vocês tivessem que argumentar com a direção da escola sobre o conflito gerado por
essa orientação, como vocês organizariam seus argumentos para mostrar que isso pode ser
problemático para várias pessoas?
Mais orientações no MP.
Respostas pessoais.
Como sabemos que é impossível viver sem conflitos, veja qual é a questão que vai nortear este projeto,
ou seja, a nossa questão desafiadora:
Quais atitudes podemos adotar ao nos
depararmos com situações conflitantes
na comunidade escolar? Mais orientações no MP.
discussão aberta
Junte-se a mais dois colegas e discutam as formas de agir pessoal e coletivamente
em relação aos conflitos, sobretudo quando estão em jogo situações discriminatórias.
Registrem no caderno ou em uma folha avulsa o pensamento de vocês, para que a
temática possa ser discutida, posteriormente, com toda a turma.
O caminho pelo qual chegarem ao ponto central da discussão são as situações
que envolvem a discriminação contra as mulheres nas ciências. Esse caminho,
obviamente, não se limita a essa questão, mas permite aos estudantes
perceberem algo de difícil compreensão para a maioria das pessoas: o fato
de haver preconceito e discriminação, mesmo não intencional, em muitas de
nossas falas e atitudes.
a missão
Até o fim deste projeto, toda a turma precisa construir um espaço e estabelecer uma dinâ-
mica apropriada para mediar conflitos na escola.
isso significa duas ações essenciais:
• Adaptar um espaço na escola que possa receber círculos de discussão.
• Elaborar um roteiro de passos e atividades voltado à mediação de conflitos em grupos grandes.
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Inicialmente vamos discutir alguns aspectos do projeto. Não se preocupem agora se as ideias são
mais ou menos elaboradas – é só o começo da produção do projeto. Em trios, discutam:
• Quais seriam os espaços adequados para a realização da mediação de conflitos? Uma sala de
aula? O pátio? A quadra de esportes? Um lugar mais arejado?
• Quais seriam as formas de lidar com conflitos na escola?
Registrem as respostas no caderno ou em uma folha avulsa.
Mais orientações no MP.
Andamento da produção
Como vimos na análise das tirinhas, muitas vezes as situações de conflitos aparecem por preconceitos
que as pessoas trazem consigo e muitas vezes desconhecem. Como o nome sugere, preconceito é um juí-
zo baseado em estereótipos acerca de indivíduos que pertençam a determinado grupo. Considerar orientais
“naturalmente” preparados para as ciências exatas é um preconceito. Esses preconceitos possuem origem
cultural na formação das pessoas. Como afirma a pedagoga Nilma Limo Gomes: “O preconceito como atitu-
de não é inato. Ele é aprendido socialmente. Nenhuma criança nasce preconceituosa. Ela aprende a sê-lo”.
E, se pode aprender, pode desaprender.
Muitas vezes, entretanto, o preconceito que é algo do universo das ideias e concepções pode se trans-
formar em discriminação. O ato discriminatório reflete o mundo real, uma ação que resulta no tratamento
diferente de pessoas. Ações que podem ser de exclusão, restrição ou preferência impedem o tratamento
ou acesso igualitário a direitos e oportunidades. A discriminação causa muitos danos às pessoas discrimi-
nadas, pois elas agridem, ofendem, humilham e violentam seres humanos com base em preconceitos. Um
ato discriminatório deriva de um preconceito. Mas pessoas podem não discriminar ninguém e ainda assim
estarem repletas de preconceitos.
O bullying e o racismo são formas diferentes de discriminação. O bullying está muito associado a ati-
tudes conscientes de pessoas perversas ligadas a características físicas, traumas e condições dos outros.
Já a discriminação racial é estrutural – pessoas podem nem perceber que estão cometendo atos racistas. O
racismo está muito além de pessoas perversas, ele está nos valores disseminados na mídia, nos livros, nos
comportamentos, no mercado de trabalho etc. O racismo está profundamente arraigado na cultura brasileira
e não pode ser entendido nem misturado com o bullying. Ambos são discriminações que violentam e humi-
lham as pessoas, mas um está na história da formação do Brasil e outro é uma atitude de pessoas perversas.
Veja o texto a seguir sobre isso.
O aluno fez um comentário discriminatório. E agora?
Em uma quadra de esportes da escola, os alunos jogam futebol quando um grita para o outro: “macaco!”. [...] Na
Escola [...], esse episódio desencadeou uma série de ações para combater a discriminação na escola. A primeira
delas, conversar.
O jogo foi interrompido e todas as crianças sentaram em roda, conta o professor [...]: “o menino ofendido con-
tou como se sentia ao ouvir isso, chorou e foi ouvido. Falamos dos sentimentos que isso gerou nele, e também
Conceitos e conteúdos relevantes
Mais orientações no MP.
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o que o garoto que ofendeu estava sentindo quando falou, de onde veio esse comentário e o que ele significa”.
[...]
O professor explica que essas são algumas das questões que levantam, sempre que algo semelhante ocorre,
para tentar entender e resolver a situação. “Tentamos pensar juntos, com os envolvidos ou a turma toda, o que
aconteceu para que chegassem a esse ponto, de onde vieram essas percepções e comentários, e sempre que ne-
cessário recorremos às famílias”, diz.
Raízes do preconceito
Para Eugenia Portela de Siqueira Marques, docente da faculdade de Educação da Universidade Federal da Gran-
de Dourados, muitas vezes, os preconceitos são reflexos de comportamentos e falas que as crianças testemu-
nham em suas próprias famílias e outros ambientes de convívio.
“Para combater a discriminação, seja ela por raça, gênero, sexualidade, origem, o que for, não pode haver silen-
ciamento [...]. Também não podemos deixar que essas violências sejam vistas como meras brincadeiras [...]”
[...]
[...] Das crianças, partiu a vontade de criar um grupo de mediação de conflitos, liderado por elas mesmas e com
o apoio dos educadores.
Esse grupo cria regras sobre como cuidar das pessoas para que elas não pratiquem e nem aceitem sofrer discri-
minações e bullying na escola ou fora dela. Para isso, fazem intervenções, projeções de filmes, sugerem textos,
visitam lugares, chamam pessoas e já até fizeram intervenções com familiares.
O professor[...] relembra certa vez em que duas meninas conduziram uma conversa com o pai de um garoto que
estava fazendo bullying com outro menino. Sentaram todos juntos, explicaram e refletiram sobre o que estava
acontecendo e por que aquilo precisava parar. O pai, ao se deparar com a perspectiva das próprias crianças,
abriu-se e entendeu a situação.
“O diálogo entre as crianças funciona porque eles estão na mesma situação e passam por isso o tempo todo” [...].
“Nós, adultos, temos a tendência de dar sermão, falar de um jeito excessivamente elaborado, que não chega para
as crianças de uma maneira tão direta quanto outra criança conversando com ela”.
[...]
MATUOKA, Ingrid. O aluno fez um comentário discriminatório. E agora? Centro de Referência Integral, 26 fev. 2018.
Disponível em: <https://educacaointegral.org.br/reportagens/meu-aluno-fez-um-comentario-discriminatorio-e-agora/>.
Acesso em: 7 fev. 2020.
• Você concorda com a afirmação “... muitas vezes, os preconceitos são reflexos
de comportamentos e falas que as crianças testemunham nas próprias famílias e
outros ambientes de convívio”?
• Você já se reconheceu nessa situação? Cite um exemplo.
Mais orientações no MP.
Respostas pessoais.
Examinando
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E quando se trata de pensar
que mulheres não são boas
para as ciências?
É provável que você já tenha ouvido falar que Matemática e Ciências da Natureza e suas Tecnologias não
são para mulheres; que elas preferem as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Pois bem, essas falas revelam
um tipo de preconceito, ainda comum hoje em dia, sobretudo no meio acadêmico e na comunidade escolar.
Leia a seguir o artigo sobre uma pesquisa realizada na Unicamp a respeito dessa situação.
Ainda há muito espaço para mulheres e meninas na ciência e tecnologia
[...]
Na Unicamp, as mulheres já são a maioria en-
tre os inscritos no vestibular (56%) de 2018,
mas entre os matriculados elas compõem 40%
dos 69 cursos da Unicamp, participação que
tem se mantido relativamente estável nos últi-
mos 20 anos, de acordo com dados da Comvest.
Na pós-graduação, porém, elas praticamente se
igualam (49,6%) entre os matriculados de to-
das as áreas, embora nas ciências exatas e da
terra e engenharia, não ultrapassem o teto dos
30% (veja gráfico), segundo o Anuário da Pós-
-graduação da Unicamp. A menor participação
se dá nas ciências da computação (15,7%),
matemática e estatística (28,5%), engenharias
elétrica (21,1%) e mecânica (22,8%), e na física
(31,6%).
Em tempos de imediatismo há uma sensação
de que os avanços deveriam ser mais rápidos.
É preciso reconhecer que houve avanços impor-
tantes nos últimos vinte anos, quando apenas
5,7% dos matriculados em pós-graduação em
engenharia mecânica eram mulheres, 6,6% na
engenharia elétrica.
Há pouco mais de 50 anos, quando a universidade tinha um ano, em 1967, a lista de aprovados no primeiro
curso de engenharia da Unicamp, incluía 4,7% de alunas entre as 126 vagas da Faculdade de Engenharia Indus-
trial. No ano passado a engenharia elétrica matriculou 27,1% de meninas, a química, 25%, a mecânica, 11,3% e
de computação, 11,1%.
Os dados da pesquisa revelam que na formação acadêmica posterior à graduação ainda é pequena a
presença feminina em áreas “ditas” masculinas, indicando o quanto esse preconceito está presente na so-
ciedade. Vamos verificar se ele se manifesta na escola.
Vamos analisar essa pesquisa e construir argumentações em torno dela.
Unicamp
Notícias
Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/
noticias/2019/02/11/ainda-ha-muito-espaco-para-mulheres-e-
meninas-na-ciencia-e-tecnologia>.
Acesso em: 20 jan. 2020.
Proporção de alunos matriculados na pós-graduação
stricto sensu por sexo em cada área do conhecimento
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Construindo argumentações
• Quais são as duas principais áreas com maior proporção de homens?
• Quais são as duas principais áreas com maior proporção de mulheres?
Argumente com seu grupo qual é a sua hipótese para que algumas áreas tenham essa
diferença no público. Seja em áreas com menos homens, seja em áreas com menos mulheres.
Ciências exatas e engenharias.
Ciências agrárias e ciências da saúde.
Respostas pessoais. Procure estimular a formulação dos argumentos. Caso os grupos estejam com dificuldade de encontrar
palavras, auxilie nesse sentido, deixando que eles mesmo concluam os argumentos.
infelizmente ainda há muitas pessoas que têm preconceito quando o assunto é conhecimento. gente
que pensa que mulheres devem se dedicar apenas a determinados tipos de atividades, que homens devem
se dedicar a outras. São, como sabemos, preconceitos. E, como vimos, ninguém nasce preconceituoso,
aprende a ser. E se aprende a ser é possível desaprender. Por isso que falar sobre conflitos oriundos de pre-
conceitos na escola é uma missão importante, pois esses preconceitos têm impacto real no comportamento
das pessoas e da sociedade. Veja o texto a seguir.
Estereótipos e discriminação impedem meninas de
realizar seu potencial, diz ONU em dia mundial
Discriminação sistemática, falta de oportunidades de aprendizado e es-
tereótipos sobre o que as meninas devem fazer com seu futuro e sua
carreira são algumas das barreiras que impedem as jovens mulheres de
alcançar uma vida plena.
A avaliação é do secretário-geral da ONU, António Guterres, que pediu
o fim das desigualdades de gênero no Dia Internacional das Meninas.
[...]
“Estereótipos de gênero negativos, associados à educação das meninas
nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática começam
logo na escola primária e têm o efeito devastador de fazê-las duvidar do
seu próprio potencial”, afirmou o chefe das Nações Unidas.
[...]
Atualmente, as mulheres representam apenas 30% de todos os pro-
Para conferir
Em 2018 foi decretada e
sancionada a Lei 13 663 que
incluiu os incisos ix e x no artigo
12 da Lei de diretrizes e Bases
da Educação (Lei 9 394 de 20 de
dezembro de 1996). Chamada de
lei antibullying, os incisos trazem a
seguinte redação:
IX – promover medidas de cons-
cientização, de prevenção e de
combate a todos os tipos de vio-
lência, especialmente a intimida-
ção sistemática (bullying), no âm-
bito das escolas;
X – estabelecer ações destinadas
a promover a cultura de paz nas
escolas. (NR)
fissionais formados em tecnologia da informação e comunicação. No
mundo, as trabalhadoras ocupam menos de 30% das vagas de pesqui-
sa e desenvolvimento.
[...]
A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, disse [...] que “a
educação das meninas precisa ser uma das nossas prioridades por-
que, em grande medida, a paz e a prosperidade do nosso mundo de-
pendem disso”.
[...]
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Azoulay acrescentou que a agência internacional está empenhada em garantir que os países incluam em seus
currículos escolares questões sobre igualdade de gênero, saúde e sexualidade. Com isso, será possível “romper
com os hábitos sociais e representações coletivas que impedem a liberdade das meninas e constituem barreiras
para a sua formação intelectual e integração social e profissional” [...].
Especialistas denunciam cultura patriarcal
Um grupo de especialistas de direitos humanos da ONU alertou que “muitos dos desafios enfrentados pelas
meninas estão enraizados em percepções ultrapassadas e prejudiciais sobre papéis de gênero e sobre o que é o
comportamento ‘apropriado’ para jovens mulheres, influenciados fortemente pela cultural patriarcal”.
[...]
“As meninas enfrentam uma dupla discriminação que busca silenciá-las e retratá-las como fracas e impotentes,
mas as meninas em todo o mundo são fortes, corajosas, inteligentes e capazes. Temos de ouvir o que elas têm a
dizer, lhes dar oportunidades para ter sucesso e temos de respeitar, proteger e realizar seus direitos humanos”,
concluiu a declaração.
[...]
ESTEREÓTIPOS e discriminação impedem meninas de realizar seu potencial, diz ONU em dia mundial. Nações Unidas, 11 out.
2018. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/estereotipos-e-discriminacao-impedem-meninas-de-realizar-seu-potencial-diz-
onu-em-dia-mundial/>. Acesso em: 7 fev. 2020.
Discutir conflitos não é algo aleatório e tampouco deve ser realizado de maneira descuidada, apressada,
sem um ambiente que permita e estimule uma entrega para falar abertamente sobre situações conflitantes.
Existem técnicas já amplamente testadas e comprovadas no universo da psicologia que ajudam a solu-
cionar conflitos em sala de aula. Uma delas é conhecida como “Justiça Restaurativa”, que é uma forma de
atingir uma “cultura de paz” no convívio. “Justiça Restaurativa” e “cultura de paz” são termos que já existem
no campo da mediação de conflitos. Mas vamos pesquisar um pouco sobre isso.
Formem grupos. Vocês vão fazer uma pesquisa sobre especialistas que trabalham
com as temáticas a seguir. Cada grupo ficará responsável por pesquisar uma de-
las, em fontes confiáveis.
• Cultura de paz na escola.
• Justiça Restaurativa na escola.
• Mediação de conflitos na escola.
• Combate ao bullying e à discriminação na escola.
Selecionem e tragam impresso os textos dos especialistas para que possam servir de discussão entre
toda a turma. O objetivo é fazer um mapeamento dessas ações.Mais orientações no MP.
Examinando
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O círculo de paz
De acordo com a cartilha Justiça Restaurativa no ambiente escolar, do Ministério Público do Rio de Ja-
neiro, a ideia de Justiça Restaurativa e suas práticas são milenares entre povos originários das Américas, da
Oceania e da África. Esses povos entendem-se interconectados e interdependentes, formando um todo vivo.
Quando um membro da comunidade sofre
um dano, todos são afetados e responsáveis por
restabelecer a ordem. Como responsáveis pela
ofensa e pela reparação, engajam-se no processo.
O círculo é uma representação comum muito encontrada quando visitamos ou vemos algo sobre po-
vos originários e indígenas. Seja para dançar, para contar histórias ou para debater, o círculo é uma forma
na qual todos podem se ver, por
exemplo, toda comunidade em
volta de uma fogueira.
A técnica dos círculos em uma
cultura de paz tem como objeti-
vo criar um espaço seguro (o que
é falado no círculo não sai de lá)
para discutir abertamente proble-
mas difíceis ou dolorosos para
uma ou mais pessoas. Existem
também círculos voltados para
aumentar o vocabulário em sala
de aula, círculos para as pessoas
se conhecerem, círculos para
compartilhar reflexões. Essa téc-
nica permite que todos reconhe-
çam as variadas situações gera-
doras do conflito e, porventura, as
dores implicadas nele, de forma
que possam se colocar uns no lugar dos outros, pensando em soluções para resolver essas situações. Nes-
se sentido, todos são iguais e têm iguais capacidades de oferecer caminhos.
Participar de um círculo exige estar com o coração aberto para sentir e perceber os próprios problemas,
imperfeições e qualidades com humildade e paciência, além de escuta atenta e profunda a respeito dos
problemas dos outros, reconhecendo que todos merecem ser respeitados.
Fazer um círculo de paz não é apenas dispor móveis, cadeiras ou se sentar no chão formando um círculo.
Há uma série de coisas que precisam ser pensadas.
Círculo restaurativo
A seguir, você vai conhecer alguns aspectos importantes que devem ser considerados quando da realiza-
ção de um círculo restaurativo.
A missão agora será levar em conta essas informações, para identificar na escola o melhor lugar para realizar o
círculo e fazer desse um espaço especial, ampliando o que foi discutido por vocês no final da etapa Problemas e ações.
Círculo de construção de paz para trabalhar sentimentos e afetos por toda a
turma. Escola Padre Pedro Copetti, Faxinal do Soturno, RS.
Prefeitura
Municipal
de
faxinal
do
soturno
Mais orientações no MP.
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Dinâmica do círculo restaurativo
Antes da realização do círculo, é necessário estabelecer alguns combinados. Combinados são acertos
iniciais para o andamento do círculo. Por exemplo:
• não olhar o celular durante o círculo;
• sempre olhar para quem está falando;
• tudo que for dito no círculo não pode ser comentado fora dele;
• estipular o tempo de duração do círculo, entre outros.
Estudantes de uma escola municipal de Cuiabá (MT) participam de círculos de construção de paz.
Coordenadoria
de
Comunicação
do
TJMT
Nos círculos, existe o papel do guardião do tempo. É ele o responsável por controlar o tempo de
duração do círculo, predefinido nos combinados. Muitas vezes, uma pessoa acaba falando demais, sem
perceber que as outras também precisam falar. Sabe-se da necessidade da fala, mas tem-se que ter
noção do respeito ao próximo. Nesses casos, o guardião pode, de maneira delicada e respeitosa, inter-
romper a fala de um integrante e dizer, por exemplo: “Vamos nos atentar ao tempo, porque os outros
colegas também precisam falar?”.
Depois dos combinados, há uma cerimônia de abertura, na qual é importante que todos estejam cons-
cientes de que aquele momento em que estão reunidos é especial; um momento em que todos precisam
se despir das “máscaras” e ser transparentes, de modo que possam se conectar com os colegas e se con-
centrar em ouvi-los(as). Por isso, é essencial que o espaço escolhido para formar o círculo seja agradável,
silencioso, sem foco de distração.
Um círculo de discussão e resolução de conflito exige espaço adequado. Como se trata de um lugar no
qual as pessoas precisam pensar, falar, considerar o conhecimento que têm de si mesmas, esse espaço
precisa ser reconhecido pelos estudantes como acolhedor.
Também é comum que os círculos tenham uma peça no centro, onde se possa colocar objetos, símbolos
ou tarefas dos participantes. Para que as pessoas falem e sejam ouvidas com atenção e respeito, existe o ob-
Mais orientações no MP.
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jeto da palavra. Essencial para círculos, esse objeto cria uma regra de atenção e respeito absoluto por quem
está falando. Apenas as pessoas de posse do objeto podem falar e aos demais cabe ouvir e respeitar o que
está sendo dito. O portador do objeto pode falar sem interrupções, exceção ao guardião do tempo. É muito
importante falar sem ser interrompido, porque assim se consegue expressar por completo o que está sentindo.
Ao término, há uma cerimônia de fechamento, em que é preciso reconhecer o esforço de todas as
pessoas que falaram. Muitas vezes, essas pessoas estão expressando sentimentos profundos e traumas e
precisam de acolhimento.
Como foi dito, ações para a Justiça Restaurativa, por meio da realização de círculos de paz, são estra-
tégias consagradas na literatura especializada em conflitos. Mas é difícil saber o que é uma dinâmica de
círculo de paz sem ter vivenciado essa experiência. Assim, a seguir, adaptamos uma dinâmica de círculo de
paz já existente para a situação de identidades e preconceitos sobre mulheres na ciência. Essa é, portanto,
uma pesquisa diferente, pois, por meio da prática da realização real de um círculo de paz poderemos depois
extrair elementos para criar as nossas próprias estratégias.
Fazendo um círculo para discutir preconceito sobre mulheres nas ciências
A situação de conflito será a forma como cada um se percebe versus o modo como as outras pessoas
nos veem. Por ora, o círculo será feito na própria sala de aula. Depois, a experiência mostrará se outros es-
paços são mais viáveis. Vamos lá!
Abertura do círculo
A sala toda deve formar um círculo. Providencie uma caixa de papelão em que caibam várias folhas de
papel. Essa caixa será a peça central. Nas laterais da caixa, escreva a palavra “cientista”.
Agora, um objeto será escolhido para representar o fazer científico. Pode ser um termômetro, um erlen-
meyer, uma lupa, enfim, algo simbólico e típico das ciências. Para abrir o círculo, a classe toda deve ler o
texto a seguir.
Primeira rodada
Uma vez no círculo, escrevam, em uma folha pequena de papel, a primeira palavra que vem à mente
quando se pensa na palavra “cientista”. Agora, um por um, respondam às questões:
1. Por que você escolheu essa palavra para caracterizar “cientista”?
2. Você acha que a palavra que escolheu deve mesmo ser colocada na caixa “cientista”? Justifique.
Apenas as palavras ou características fortemente ligadas aos/às cientistas devem ficar dentro da caixa.
As outras ficarão fora da caixa, em volta dela.
Cumprida essa etapa, vamos para a segunda rodada.
Segunda rodada
Em seguida, todos vão ler a minibiografia e os fazeres científicos de cinco cientistas. A missão é escolher
uma das cientistas com a qual cada estudante mais se identifica.
Pesquisa de informações
Mais orientações no MP.
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Acervo
pessoal
Acervo
pessoal
Acervo
pessoal
IFRN
Nobel
Prize/Generalstabens
Litografiska
Anstalt
Stockholm
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1
4
5
Suzana Herculano-Houzel
Vera Rubin
Barbara McClintock
Marie Curie Natália Mota
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Marie Curie (1867-1934)
Observe esta foto da Conferência de Solvay, realizada em 1927, onde se reuniam os maiores cientistas
do século XX, desde 1911.
O que há de incomum nesta foto?
Levando em conta a quantidade de pessoas retratadas na foto, só há uma mulher: Marie Curie, única cien-
tista no mundo a ser laureada com dois prêmios Nobel, em duas áreas distintas: Química e Física.
Marie Curie está entre as personalidades mais importantes da história da ciência. Marie Skłodowska
Curie nasceu em Varsóvia, onde estudou até os 24 anos, indo posteriormente para Paris, onde se formou
professora de Física e de Matemática. Ao fazer o doutoramento na Universidade de Sorbonne, Marie es-
tudou em parceria com o marido, Pierre Curie (1859-1906), cientista ainda pouco conhecido na época.
Em 1896, o físico francês Henri Becquerel (1852-1908) descobriu um fenômeno novo e publicou seus estudos
a esse respeito. Ele percebeu que várias substâncias que continham urânio emitiam alguns raios invisíveis, capa-
zes de atravessar folhas de papel e serem registrados
por papéis fotográficos. Isso ocorreu de forma aciden-
tal, quando o material ficou exposto próximo à folha de
papel fotográfico. Ao deixar a amostra de urânio perto
de uma cruz de malta e, em outra gaveta, o papel foto-
gráfico, Becquerel verificou que os raios atravessavam
alguns materiais, mas não outros.
Pouca importância foi dada a essa verificação,
mas Marie Curie foi estudar o fenômeno, também
porque muitos outros materiais causavam certo es-
curecimento no papel fotográfico. Utilizando uma in-
venção do marido, que permitia mensurar se havia
ou não passagem de corrente elétrica no ar, Marie
pode chegar a três conclusões importantes: 1a
) ou-
tros materiais que marcavam o papel fotográfico,
quando submetidos a essa montagem, não permi-
tiam passagem de corrente; 2a
) a radiação emitida por diversas amostras de misturas contendo urânio era
cada vez maior, quanto maior fosse o percentual de urânio; 3a
) essas radiações apresentavam cargas elétri-
cas, pois apenas cargas podem gerar corrente elétrica.
1
Conferência de Solvay de 1927, realizada em Bruxelas, na Bélgica.
Princeton
Plasma
Physics
Laboratory
Imagem do papel fotográfico exposto à radiação de urânio,
onde é possível ver a sombra da cruz de malta.
Department
of
Physics
Stanford
University
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Ao realizar testes e defender a ideia de que esse tipo de radiação estava relacionado à estrutura atômica,
o casal Curie inaugurava uma nova área de estudo: a radiatividade. Pelo “reconhecimento aos extraordinários
resultados obtidos por suas investigações conjuntas sobre os fenômenos da radiação, descoberta por Henri
Becquerel”, Marie e Pierre Curie e Becquerel foram contemplados com o Prêmio Nobel de Física em 1903.
Como continuidade da pesquisa, Marie testou uma série de outros materiais que tinham essa propriedade
e constatou que uma das amostras disponíveis apresentava capacidade radiativa muito superior à do urânio.
Ao realizar uma série de separações de mistura, concluiu tratar-se de um novo elemento químico, batizado
de polônio – e o mesmo veio a acontecer com o rádio.
A essa altura, Pierre Curie já havia falecido e Marie assumira seu posto como professora na Universidade
de Sorbonne. Em 1911, foi laureada com o Prêmio Nobel pela segunda vez, pela descoberta dos elementos
rádio e polônio, agora em Química.
A abertura desse novo campo permitiu a uma série de pesquisadores produzir o conhecimento que te-
mos hoje sobre o fenômeno radiativo.
Natália Mota (1985-)
Você sabia que os padrões de uma pessoa falando podem ajudar no diagnóstico de esquizofrenia?
Pois é isso que um grupo de estudo liderado pela neurocientista cearense Natália Mota descobriu. E mais:
foram desenvolvidos programações computacionais e algoritmos capazes de identificar e reconhecer na
fala determinados padrões. Veja o infográfico a seguir.
ESQUEMA DOS PADRÕES DE FALA PARA DIAGNOSTICAR DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS,
COM BASE EM ALGORITMOS QUE IDENTIFICAM A CONECTIVIDADE ENTRE AS PALAVRAS.
Pessoas sem distúrbios, chamadas controle,
apresentam padrões de conectividade na fala, com
variações que mostram diferenças individuais.
Pessoas com mania são prolixas e vão
e voltam ao mesmo assunto.
Pessoas com esquizofrenia têm falas mais
concisas, mas ainda saem do assunto.
• Palavras dentro de um mesmo assunto.
• Palavras sem ligação com o assunto.
→Representam a sequência entre as palavras.
Formato
Para saber mais sobre vida e obra de Marie Curie, veja o site: MARIE CURIE e a radioatividade.
Disponível em: <http://www.ghtc.usp.br/Biografias/Curie/Curie3.htm>. Acesso em: 7 fev. 2020.
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FIORAVANTI, C. As linguagens da psicose. Pesquisa Fapesp, abr. 2012. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/­
as-linguagens-da-psicose/>. Acesso em: 22 out. 2020.
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Em uma entrevista recente, Natália conta um pouco da trajetória e dos desafios dessa jornada e mostra
como é sempre complicado o jeito que as pessoas encaram as mulheres. Diz ela: “Eu produzia um artigo e as
pessoas diziam que tinha sido o Sidarta [marido dela]. Produzia outro e diziam que tinha sido outro cientista
homem. Produzia mais outro e outro e nada de reconhecimento. Achavam que eu estava sempre auxiliando
um homem. Meu nome estava lá, mas as pessoas achavam que eu não deveria estar como autora”.
[...]
Aos 35, com graduação, mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natá-
lia se orgulha de nunca ter saído do Nordeste para estudar. Natural de Fortaleza, de onde herdou o bom humor,
e radicada em Natal há 20 anos, foi a única cientista sul-americana indicada ao Prêmio Nature Research Award
de 2019, voltado para mulheres cientistas que inspiram outras mulheres.
[...]
O reconhecimento veio por causa do projeto que desenvolve desde 2016, em que, a partir de um programa de
computador, consegue reduzir o tempo do diagnóstico de esquizofrenia, que geralmente leva dois anos — o
trabalho contribui para antecipar tratamentos e controlar o distúrbio.
[...]
O único projeto brasileiro reconhecido em 2019 pela revista científica Nature nasceu da ausência. Por ser mem-
bro do laboratório Sono, Sonhos e Memória do Instituto do Cérebro da UFRN, deparou-se com a dificuldade em
encontrar exames que auxiliam o diagnóstico das chamadas desordens mentais.
[...]
Ela conta que conseguiu organizar, por meio do desenvolvimento de um algoritmo computacional, a trajetória
das palavras de pacientes com uma entidade matemática. Realizou os primeiros estudos em pacientes já diag-
nosticados com o distúrbio. Assim, percebeu que pessoas com esquizofrenia fazem discursos menos conecta-
dos, de um jeito em que as frases formadas apresentam um modelo diferente quando comparado com a fala de
quem não possui a patologia.
[...]
Os primeiros protótipos vieram em 2009, quando passou a se dedicar a aprender sobre ferramentas que precisa-
va usar na pesquisa. Em pouco tempo, notou que precisava aprender algumas técnicas, como códigos e progra-
mas de computação, para não depender sempre de outras pessoas. E adotou uma estratégia: a todos os colegas
e profissionais a quem pedia ajuda, solicitava também o passo a passo para garantir autonomia.
[...]
“Somos flor de mandacaru. Dá na caatinga, é lindo, floresce. Tem gente fazendo muito bonito aqui no Nordeste.
A ciência precisa de criatividade e temos uma capacidade criativa imensa no Brasil.”
Disponível em: <https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/causador-natalia-mota/>. Acesso em: 7 fev. 2020.
Barbara McClintock (1902-1992)
Considerada uma das três personalidades mais importantes na área da genética, em uma época em que
a maioria dos estudos sobre genes se dava com moscas drosófilas, Barbara McClintock, botânica estaduni-
dense, realizou estudos dos cromossomos em milhos.
Em 1929, logo após finalizar o doutorado, Barbara trabalhava em uma equipe de pesquisadores em
genética do milho e foi nesse grupo que desenvolveu uma nova técnica de análise: squash (esmagamen-
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to), que consistia em espalhar células em uma lâmina, corá-las e achatá-las com outra lâmina, esmagan-
do-as. Essa técnica permitia a visualização de cromossomos inteiros, o que não era possível com as de-
mais técnicas utilizadas. Observando as células de milho, Barbara descreveu como ocorrem as
transposições genéticas.
Um fenômeno já conhecido
em sua época, o crossing-over,
ainda tinha partes do processo
não totalmente conhecidas. O
crossing-over, ou permutação,
acontece apenas nos processos
de divisão celular conhecidos
como meiose, que ocorre na for-
mação de células germinativas,
ou seja, as do espermatozoide e
do óvulo. Assim, a meiose pre-
cisa manter as informações ge-
néticas de cada sujeito. Quando
ocorre esse processo com cro-
mossomos homólogos (seme-
lhantes na finalidade genética),
pode acontecer de parte de um
cromossomo se ligar a outra de
outro cromossomo – isso é co-
nhecido como permutação, me-
canismo muito importante para
garantir a variabilidade genética
das células que darão origens a
outros seres.
O que Barbara McClintock
observou em uma de suas inú-
meras pesquisas foi a transposi-
ção genética, que mostra como
uma sequência de DNA pode se
replicar em certo gene, outro me-
canismo de variabilidade genéti-
ca, uma vez que a formação da
fita de DNA após esse processo
terá outra leitura. Chamadas de
transposons, essas sequências
de DNA se inserem na estrutura
do cromossomo e conseguem
alterar seu sequenciamento.
O trabalho de McClintock foi
recebido, inicialmente, com ressalvas, só pelo fato de ela ser mulher. Tanto que seu reconhecimento com o
Prêmio Nobel só aconteceu em 1983, mais de 30 anos após sua descoberta.
Representação do fenômeno crossing-over, ou permutação. Imagem fora de
escala, cores fantasia.
Formato
Representação de duplicação da sequência de DNA quando da inserção de um
transposon.
Repetições
terminais
Transposon
Transposase faz cortes
alternados no sítio alvo.
O transposon é inserido no sítio dos cortes.
A replicação preenche os vazios, duplicando as sequências
que flanqueiam o transposon.
DNA alvo
Koiti
Yoshida
Para saber mais sobre a vida e obra de Barbara McClintock, acesse: • DURBANO, João Paulo Di Monaco. As pesquisas de Barbara McClintock
sobre o crossing-over em Zea Mays: 1925-1932. Disponível em: <http://www.abfhib.org/FHB/FHB-10-1/FHB-10-1-04-Joao-Durbano.pdf>.
Acesso em: 7 fev. 2020.
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Vera Rubin (1928-2016)
Vera Rubin foi uma astrônoma estadunidense que tentou ingressar, sem sucesso, em um curso de pós-
-graduação da Universidade de Princeton, que não permitia mulheres no programa de Astronomia até 1975.
Ao mudar de instituição, concluiu os estudos na Universidade Cornell.
Ainda jovem, Rubin argumen-
tou que as galáxias giravam em
torno de um centro. Hoje, esse
fato é bastante conhecido, mas
na época suas ideias foram pou-
co aceitas, demorando mais de
20 anos para serem consideradas
corretas. Contudo, a principal con-
tribuição de Rubin para a ciência
foi a observação de que a veloci-
dade com que as estrelas orbitam
em torno dos centros de galáxias
espirais permanece alta mesmo
nas partes mais afastadas desse
centro. Isso representava um pro-
blema, porque a lei da gravitação
universal de Newton dizia que a
força de atração gravitacional entre
corpos com massa perdia rapida-
mente a intensidade à medida que
se afastava do centro. Ou seja, era
esperado que corpos próximos
ao centro girassem mais rápido, e
corpos distantes, mais devagar.
Essa imagem ilustrativa mostra
o tamanho da diferença. Espera-
va-se uma velocidade de rotação
de acordo com a curva vermelha,
ou seja, que decaísse conforme a
força gravitacional diminuísse.
A única explicação possível
para o fenômeno era que a massa
das galáxias deveria se estender de
forma não visível, além das estrelas
e das nuvens de gás mais distantes. Essa massa misteriosa é atualmente conhecida como matéria escura.
A matéria escura, que não emite nem absorve luz, representa 85% da massa/densidade do Universo.
Como leigos, não sabemos o correto, mas a maioria dos astrofísicos pensa que essa matéria deve ser um
novo tipo de partícula, diferente dos bárions familiares (como prótons e nêutrons) em estrelas, planetas e
seres humanos. A natureza da matéria escura é um dos grandes mistérios ainda não resolvidos da ciência.
Rubin fez sua descoberta trabalhando em estreita colaboração com o colega Kent Ford (1931-), que
construiu um espectrógrafo óptico sofisticado, necessário para essas medições precisas. Em 1970, ambos
publicaram sua primeira curva de rotação para a galáxia de Andrômeda.
Além de astrônoma respeitada, Vera Rubin foi ativista e defensora de mulheres na ciência.
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Esquema representativo da descoberta de Vera Rubin, no qual a velocidade de
rotação do centro para as pontas da galáxia é muito diferente entre o estimado
teoricamente e o medido experimentalmente.
50000 100000
100
200
Velocidade Rotacional
(km/s)
Distância do Centro (em anos luz)
medido
calculado
Shutterstock/Editoria
de
arte
Imagem representativa e artística da região na qual a matéria normal atua (parte
rosada) e da região na qual há matéria escura (parte azulada).
NASA,
ESA,
J.
Merten,
D.
Coe
Para saber mais sobre Vera Rubin e a matéria escura, acesse: XIMENES, Samuel Jorge Carvalho. Matéria escura no Ensino Médio.
Dissertação de Mestrado. Disponível em: <https://www.if.ufrj.br/~pef/producao_academica/dissertacoes/2016_Samuel_Ximenes/
dissertacao_Samuel_Ximenes.pdf>.Acesso em: 7 fev. 2020. 31
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Suzana Herculano-Houzel (1972-)
Suzana Herculano-Houzel é uma neurocientista brasileira, nascida no Rio de Janeiro, que hoje trabalha
nos Estados Unidos. Ela inovou a metodologia de contagem de neurônios do cérebro revelando segredos
até então desconhecidos pelos estudos de neurociência. Com pouquíssimo orçamento e muita criatividade,
conseguiu desvendar um mistério sobre o cérebro de animais e a inteligência. Por muito tempo, acreditou-
-se que a inteligência humana e suas habilidades estavam ligadas à imensa quantidade de neurônios que
os seres humanos têm em comparação com qualquer outra espécie do planeta. Mas Suzane derrubou essa
tese, revolucionando a neurociência mundial. Leia um trecho de reportagem em que ela narra, pessoalmente,
essa epopeia.
[...] descobri que os 100 bilhões de neurônios, número suspeitamente redondo, eram apenas uma estimativa de
ordem de grandeza, e não resultado de medidas reais. Como em um jogo de telefone sem fio, estimativas citadas
erroneamente logo se transformavam em fatos. Revirando a literatura, espantei-me em ver que não conhecía-
mos o mais básico sobre o cérebro humano: de quantos neurônios ele é feito e como esse número se compara
com o cérebro de outros animais. Afinal, se neurônios são a unidade básica de processamento de informação no
cérebro, talvez a razão para nossa capacidade cognitiva inigualável fosse um número também incomparável de
neurônios, sobretudo no córtex cerebral, parte mais externa do cérebro e sítio do raciocínio, do planejamento,
da compreensão das intenções alheias. Mas esses dados não existiam: já estávamos no século XXI, a neurociên-
cia era capaz de manipular moléculas no cérebro e revelar suas conexões – mas ainda não tínhamos os dados
mais fundamentais a respeito da quantidade de neurônios nos cérebros.
[...]
E depois havia um problema óbvio, mas convenientemente deixado de lado. Se o córtex se dobra (sabe-se lá
como) conforme ele ganha neurônios, então um córtex mais dobrado deve ter mais neurônios do que outro
menos dobrado. E se a espécie humana é a mais cognitivamente capaz, ela deveria ser também a que possui
mais neurônios no córtex e, portanto, o córtex mais dobrado. Mas não é. [...] Se o córtex humano não é o
mais dobrado de todos, como poderia ser o córtex que tem mais neurônios?
A razão do paradoxo era simples: não sabíamos o básico sobre o cérebro. Nem sobre o cérebro humano, nem
sobre outros, mais simples, como o de ratos e camundongos. Achávamos que sabíamos que cérebros maiores e
mais dobrados sempre têm mais neurônios – mas na verdade não tínhamos nenhuma informação a respeito.
Seria necessário voltar ao início e descobrir de quantos neurônios cérebros diferentes são feitos.
O método tradicional para contar células diretamente em fatias finíssimas de cérebros era ótimo para estrutu-
ras simples, mas não prestaria para cérebros inteiros, altamente heterogêneos em sua distribuição de células.
A solução que inventei foi dissolver, literalmente, essa heterogeneidade: destruir a estrutura das células, pre-
servando a dos núcleos celulares, de modo a transformar o cérebro em uma sopa de núcleos livres. Como cada
célula tem somente um núcleo, contar núcleos seria semelhante a contar células – mas muito mais prático,
rápido e sem erros, porque basta agitar a sopa para tornar a distribuição de núcleos perfeitamente homogênea.
Assim, basta contar umas quatro amostras da sopa ao microscópio e, em coisa de quinze minutos, é possível
saber quantas células aquele cérebro, ou parte do cérebro, possuía antes de ser transformado em sopa. Funciona
lindamente, e é um processo tão rápido que em dez anos já determinamos a composição celular do cérebro de
mais de 100 espécies. O mais importante, contudo, e decisivo para tornar a empreitada viável é outro aspecto
desse método: ele é barato.
[...]
[...] Agora sabemos que cérebros de mamíferos não são todos feitos da mesma maneira, versões maiores
ou menores uns dos outros. Dois cérebros de mesmo tamanho, como de um chimpanzé e de uma vaca,
não têm necessariamente o mesmo número de neurônios (o do chimpanzé tem cerca de cinco vezes mais
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neurônios, o que faz sentido dado seu comportamento mais rico e flexível). Cérebros enormes não têm
necessariamente mais neurônios do que cérebros menores: o córtex cerebral do elefante, duas vezes maior
do que o nosso, é feito de apenas um terço do número de neurônios encontrados em nosso córtex – 16
bilhões de neurônios no nosso, nem mesmo 6 bilhões no deles. O cérebro humano não é extraordinário,
ao menos não no sentido literal de ser fora do comum, uma exceção às regras: ele é apenas um cérebro de
primata grande, cujo custo calórico elevado é na verdade apenas o que seria esperado, proporcional ao seu
grande número de neurônios.
[...]
[...] Quem mais perto chega dos nossos 16 bilhões são gorilas e orangotangos, com cerca de 9 bilhões, depois
chimpanzés e elefantes, com cerca de 6 bilhões. Pelas nossas estimativas, mesmo as baleias não devem passar
deste último número. Girafas, porcos e macacos possuem entre 1 e 2 bilhões de neurônios corticais; a grande
maioria dos mamíferos fica bem abaixo de 1 bilhão. Como nossa espécie chegou ao maior cérebro primata com
esse número de neurônios que nenhum outro animal possui foi por muito tempo um mistério da evolução para
o qual nosso trabalho também apontou a saída: a invenção da cozinha por nossos antepassados, cerca de 1,5
milhão de anos atrás. Com uma dieta crua, precisaríamos passar mais de nove horas por dia nos alimentando
a fim de conseguir as calorias necessárias para manter vivos tantos neurônios. Ao usar o fogo, começamos a
digerir o alimento – a quebrar suas moléculas – antes mesmo de ingeri-lo, aumentando a eficácia do processo e a
quantidade de energia absorvida a cada bocado. Passando do cru ao cozido, subitamente se tornou possível não
só manter energeticamente um cérebro com cada vez mais neurônios como ainda ter tempo livre para usá-lo.
[...]
HERCULANO-HOUZEL, Suzana. Ciência e centavos. Folha de S.Paulo, ago. 2015. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/
materia/ciencia-e-centavos/>. Acesso em: 7 fev. 2020.
Muito bem, conhecemos o trabalho de cinco brilhantes cientistas!
Agora, escolha aquela com a qual mais se identificou e liste os argumentos que influenciaram nessa es-
colha. Abrindo o círculo novamente:
• apresente aos colegas a imagem da pessoa escolhida e exponha os argumentos da escolha.
• da minibiografia, procure uma característica da pessoa, não necessariamente atribuídas a cientistas.
• anote em um papel a nova palavra que caracteriza a personalidade escolhida, e explique o porquê da
escolha dessa palavra. Em seguida, coloque esse papel dentro da caixa.
Terceira rodada
Agora é hora de inverter a pergunta. Um por um, vá ao centro, pegue um papel fora da caixa, aquelas
que na primeira rodada não se encaixaram com a característica de um cientista, e pergunte para a turma:
“Poderá haver um cientista com esta característica: ________ (o que está escrito no papel)?”
A resposta parece óbvia! Cientistas são seres humanos e, consequentemente, podem apresentar todas
as características inerentes a todos os seres humanos. Vamos encontrar na história cientistas ricos, pobres,
humildes, arrogantes, racistas, humanistas, defensores dos direitos humanos, que maltratam animais, aban-
donaram seus trabalhos, enfrentaram a tirania, entre outros. Enfim, ciência é um empreendimento humano,
feito por seres humanos.
O que ocorre é que, por muito tempo, as mulheres foram relegadas a ficar em casa, sem direito a estudo
ou ao voto. Mesmo com o passar dos anos, esse processo ainda permanece, criando “caixas” nas quais
homens e mulheres precisam se encaixar.
Ao término, espera-se que todas as palavras estejam dentro da caixa de cientistas, pois, sendo uma
atividade humana, a ciência é feita de seres humanos que podem ter toda característica humana possível.
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Rodada de encerramento
Depois de todo caminho percorrido até aqui, é hora de desfazer os estereótipos.
Um por um, você e seus colegas vão ao centro do círculo e cortar um pedaço da caixa de papelão. Por que
isso? Esse corte simboliza que qualquer pessoa pode ser cientista se quiser.
Assim, quando você for ao centro, cite uma característica SUA, que o define, da seguinte forma:
• “Eu gosto de cozinhar e se eu quiser eu posso ser cientista!”
ou
• “Eu gosto de mecânica de carros, ajudo meu pai na oficina e, se eu quiser, eu posso ser cientista!”
Ao dizer essas palavras, rasgue um pedaço da caixa, pois, ao rasgá-lo, você também está se desfazendo dos
estereótipos que as pessoas pensam sobre ser cientista. Para finalizar, compartilhe com a turma o que achou sobre
o círculo de paz e o que aprendeu com a história dos cientistas, sempre respeitando os turnos de fala dos colegas.
Agora que foi vivenciado um círculo de paz, é possível pensar em
outros tipos de conflitos que acontecem no ambiente escolar. Mas,
para isso, é preciso ir a campo a fim de descobrir quais são os con-
flitos mais comuns na escola. Será a partir desse levantamento que
vocês vão definir quais conflitos serão trabalhados.
Quais são os conflitos mais recorrentes na
escola?
Para responder a essa questão, é preciso consultar a comunidade
escolar – professores, coordenadores, diretor, estudantes de todas as
turmas, funcionários em geral. Para isso, formem grupos, organizem
perguntas e dividam tarefas para entrevistar todo o conjunto escolar e
levantar esses dados. Veja um exemplo de organização
Grupo 1: entrevistar professores.
Grupo 2: entrevistar demais funcionários da escola
Grupo 3: entrevistar turmas A e B
Grupo 4: entrevistar turmas C e D
Grupo 5: entrevistar turmas E e F.
Grupo 6: entrevistar turmas G e H
O questionário é bastante simples. Pergunte, por exemplo:
• Quais são as situações mais comuns de conflitos na escola?
• Essas situações de conflito envolvem que ações ou temas?
• As situações de conflito estão ligadas a eventos como horário de
entrada e saída, hora do intervalo, dias de muito calor, dias com
chuva, aula vaga etc.?
Após realizar esse levantamento com a comunidade escolar, é hora
de voltar para a sala e discutir as respostas fornecidas, para, em con-
Para conferir
Ministério
Público
do
estado
do
rio
de
janeiro
A justiça restaurativa no ambiente
escolar. Instaurando o Novo
Paradigma.
Cartilha publicada pelo Ministério
Público do Estado do Rio de
Janeiro. Grupo de Mediação
e Resolução de Conflitos. 2016.
O documento apresenta a prática
dos círculos restaurativos como
forma de minimizar os conflitos
e estabelecer um novo
paradigma de convivência
no ambiente escolar.
Disponível em: <https://
www.mprj.mp.br/
documents/20184/69946/
cartilha_justica_restaurativa.pdf>.
Acesso em: 7 fev. 2020.
Trabalho de campo
Mais orientações no MP.
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junto com o ponto de vista de todos, chegar a um consenso sobre as situações conflituosas mais recorrentes
na escola.
Pode ser que vocês encontrem conflitos que não estão relacionados a nenhum evento associado ao fun-
cionamento da escola, pois muitas situações são provenientes do espaço extraescolar. Por outro lado, pode
haver situações que se agravam em determinadas condições e isso deve ser avaliado por vocês para definir as
situações mais conflituosas recorrentes da escola.
Sabe-se da importância dos círculos de Justiça Restaurativa na mediação de conflitos na escola. Já
foi feito um mapeamento da escola em busca de um lugar que pudesse acolher essa prática, sempre que
necessário. Também foi vivenciado um círculo de paz com a discussão sobre as mulheres nas ciências e
identificamos quais são os conflitos mais recorrentes na escola.
Em uma escola estadual de São Paulo, estudantes do 1o
ano do Ensino Médio construíram um círculo com módulos de
paletes de madeira customizados. Acervo
pessoal
Agora, é importante organizar as ações, mas antes é preciso debater duas questões essenciais ao
projeto e oferecer argumentos para elas. Do ponto de vista prático temos duas ações para coordenar:
1. Qual será e como será o espaço de realização do círculo?
A realização de um círculo exige um espaço físico silenciosos arejado, que acomode um número gran-
de de pessoas. Eventualmente esse espaço na escola precisará ser adaptado para receber da melhor
maneira um círculo de paz.
O círculo não precisa necessariamente ser construído, mas, se houver material para adaptar algum
espaço da escola, será muito bom.
2. Considerando o conflito principal da escola, é preciso elaborar um ROTEIRO de como discutir esse
assunto a fim de mediar o conflito. Isso significa dizer:
Planejamento da produção
Mais orientações no MP.
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• Qual será o objeto da palavra?
• Como será a abertura?
• Quais pessoas conduzirão o círculo?
• Quais acordos faremos ao realizar esse círculo?
• Como será a primeira rodada? E a segunda?
• Como será o encerramento?
• Quem ficará responsável por cada tarefa?
• Quais serão os prazos e modos de realização das tarefas?
O que tinha para ser decidido já foi decidido. Agora é mão na massa!
De acordo com as tarefas, vamos colocar em prática o que precisa ser
feito: mexer nas carteiras, adaptar o lugar onde o círculo será realizado,
produzir o passo a passo, imprimir imagens etc.
Vamos seguir adiante?
Um longo caminho foi percorrido até aqui e chegamos ao resulta-
do final. No entanto, apenas a sensação de dever cumprido não
basta; é necessário que os conflitos sejam resolvidos, mini-
mizados ou mediados. É fundamental também que todos
os integrantes da comunidade escolar tenham conheci-
mento do trabalho realizado, de suas intenções e objetivos.
Discutam e elaborem formas de apresentar à comunidade
escolar a natureza do projeto realizado, o papel do círculo
construído e como deve ser usado. Podem ser feitas apre-
sentações orais, seminários e comunicações em mesas-
-redondas, em um evento que tenha como objetivo apresentar e discutir a técnica do
círculo de paz. O evento pode ser divulgado com cartazes para serem afixados na escola. Outra
possibilidade é a criação de reportagens multimidiáticas, podcasts ou vlogs sobre o círculo de paz, a
serem compartilhados nas redes sociais e site da escola ou da turma.
Mais orientações no MP.
Elaboração do produto final
Materiais necessários
• Cronômetro (tem no aparelho de
telefone celular).
• Folhas de papel sulfite.
• Tesoura.
• 1 mesa (de tampo circular ou
retangular).
• 1 caixa grande de papelão.
• 1 objeto para representar o fazer
científico: lupa ou termômetro,
por exemplo.
Mais orientações no MP.
Problemas e desafios práticos são comuns nessa fase. Por isso, é essencial você
acompanhar de perto a realização das atividades e tarefas dos estudantes.
Apresentação e divulgação
Mais orientações no MP.
NOTÍCIAS
Bruno
Badain
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O último círculo do projeto não é um círculo de Justiça Restaurativa. É um círculo de análise e avaliação
de ações.
Mais uma vez, tomem posse do objeto de fala, para que toda a turma possa dizer o que acharam da ação
realizada, como se sentiram e como as pessoas reagiram a eventuais comentários realizados. As questões
a seguir podem ajudar a guiar as falas.
Sobre o projeto como um todo
1. Em sua opinião, como ficou o produto final? Responda “bom”, “regular” ou “péssimo” e justifique sua
resposta.
2. Quais foram os principais desafios e dificuldades enfrentados neste projeto? Como lidou com eles?
3. Você sente que, do ponto de vista da relação e do respeito com os colegas, algo mudou de antes para
depois do projeto?
4. Em sua opinião, como outras pessoas que não participaram do círculo de paz avaliaram o projeto? Cite
exemplos, se houver.
5. Considerando tudo o que foi feito, o que você mudaria ou melhoraria neste projeto? Por quê?
Sobre você individualmente
1. Quais foram os conhecimentos que adquiriu ou aperfeiçoou com a realização deste projeto?
2. Como foi sua participação para o resultado do produto final?
3.	Hoje, você se sente mais apto a realizar outro projeto depois dessa experiência? Por quê?
Referências
BOYES-WATSON, Carolyn; PRANIS, Kay. No coração da esperança: guia de práticas circulares – o uso de
círculos de construção da paz para desenvolver a inteligência emocional, promover a cura e construir relacio-
namentos saudáveis. Trad. Fátima De Bastiani. Porto Alegre: Escola Superior da Magistratura da Ajuris/Asso-
ciação dos Juízes do Rio Grande do Sul/Projeto Justiça para o século 21, 2011.
Nesse livro, são apresentados diversos exemplos de círculos de Justiça Restaurativa de diferentes temas e
formatos para auxiliar os estudantes a terem ideias para a formação desses círculos.
DISKIN, Lia; ROIZMAN, Laura Gorresio. Paz, como se faz? Semeando cultura de paz nas escolas. UNESCO-
DOC Digital Library. Disponível em: <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000130851>. Acesso em: 8
fev. 2020.
Cartilha sobre diferentes estratégias da cultura de paz nas escolas e o que é necessário realizar para buscar
essa cultura.
Análise do resultado
Esse tipo de ação não tem constatação imediata. Muitas vezes, determinados aprendizados e vivências levam tempo para reverberar. É
por essa razão que o círculo de opiniões dos estudantes é mais importante que a análise objetiva da realização, embora possam existir
elementos palpáveis do que deu certo ou errado no percurso e possam ser comentados.
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PROJETO
2
INTEGRADOR
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Em um oceano de
informações, opiniões
e notícias é preciso
identificar o que é
verdadeiro e o que é falso.
Ciência, fato
No mundo em que vivemos, onde vários tipos de informação são
veiculados com muita rapidez, vindos dos mais variados meios de co-
municação, nem sempre é tarefa fácil e rápida constatar a veracidade
dessas informações.
Todos os dias, por intermédio de redes sociais, e-mails e aplicativos
de mensagem instantânea, somos bombardeados com notícias de toda
natureza, com manchetes atraentes e assuntos em voga na mídia. Mas
será que podemos confiar cegamente em tudo o que chega até nós?
Pense rápido e responda:
• Você já recebeu alguma notícia e ficou em dúvida se era
verdadeira ou falsa?
• Quando recebe alguma notícia, antes de compartilhá-la
com amigos e familiares, você costuma verificar se ela
é verdadeira ou falsa?
• Você acha que o compartilhamento de notícias falsas
pode prejudicar as pessoas?
• Quais são as estratégias que você utiliza para verificar
se uma notícia é verdadeira ou falsa?
Conte suas experiências aos colegas e ouça os relatos de-
les, para que todos possam conhecer casos reais sobre a
disseminação de notícias, sobretudo das chamadas fake
news, termo em inglês que significa “notícias falsas”.
Mais orientações no MP.
Respostas pessoais.
Georgejmclittle/Shutterstock
Midiaeducação
e desinformação
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Projeto 2
CIÊNCIA, FATO E
DESINFORMAÇÃO
Tema Integrador
Midiaeducação
Competências e habilidades
da BNCC trabalhadas neste
projeto*
competências gerais
1, 2, 4, 5, 6, 7.
competências específicas de
ciências da Natureza e suas
Tecnologias
2 e 3.
habilidades específicas de ciências
da Natureza e suas Tecnologias
eM13cNT207, eM13cNT303.
competências específicas de
linguagens e suas Tecnologias
1, 3 e 7.
habilidades específicas de
linguagens e suas Tecnologias
eM13lGG703, eM13lP31,
eM13lP34, eM13lP39,
eM13lP40.
*No final do livro, você encontra o texto
das competências e habilidades da
BNcc mencionadas nesta ficha.
elas também estão disponíveis em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.
br/abase/#medio>. Acesso em: 19 jan.
2020.
fiCha De
estuDo
objetivos a serem desenvolvidos
• uso da lógica e do raciocínio para avaliar notícias.
• compreensão da representação gráfica de dados para
avaliar notícias.
• criação de critérios de avaliação de notícias para atestar
sua veracidade.
• compreensão das necessidades da comunidade para ava-
liar quais notícias cientificas são importantes para ela.
• Auxiliar a comunidade a detectar fake news utilizando argu-
mentos factíveis, dados e informações confiáveis.
• Desenvolver uma mídia de divulgação de conteúdo científi-
co de relevância para a comunidade.
justifiCativa da pertinência dos objetivos
o tema fake news é antigo, afinal, sempre foram inventadas notícias
falsas, mas com o advento da internet e a disseminação das redes
sociais tornou-se cada vez mais relevante para nossa sociedade, pois
agora seu compartilhamento é facilitado. exemplos de notícias falsas
em meio a campanhas e processos eleitorais podem gerar desconfian-
ça até mesmo em democracias mais sólidas. o mundo todo está en-
frentando esse problema, por isso é importante e necessário que todos
nós também o enfrentemos, e não só em nível geral, mas como algo
que atinge, inclusive, as ciências da Natureza e suas Tecnologias. Ape-
nas a título de exemplificação, em 2019, fake news sobre distribuição
de bananas com o vírus da Aids, aparelhos de raios X que causam cân-
cer, inutilidade das vacinas e contestação sobre o aquecimento global
rondaram as redes sociais. ou seja, os temas ligados às ciências da
Natureza e suas Tecnologias são igualmente vítimas de notícias falsas.
Por isso, é muito importante discutir sobre isso, porque muitas ferra-
mentas utilizadas pelas ciências, sobretudo pelas ciências da Natureza
e suas Tecnologias, para produzir, divulgar e verificar seus estudos,
podem nos ajudar a reconhecer notícias falsas.
No Brasil, entretanto, parece que isso é mais grave. em 2018, um ano
de muita discussão sobre fake news, uma pesquisa do instituto ipsos re-
velou que o Brasil era o primeiro da lista em quantidade de pessoas que
“acreditaram em notícias falsas e depois viram que eram mentira” – 62%
da população se encaixava nessa categoria, ou seja, duas em cada três
pessoas acreditaram em fake news. Nesse mesmo ano, na itália, esse
número foi de 29% – uma em cada três pessoas acreditou em fake news.
Se esses números mudaram muito ou pouco de 2018 até hoje é
algo que deve ser discutido. Porém, mais importante do que isso é per-
ceber que esse tema e essa prática precisam ser enfrentados urgen-
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temente. Neste projeto, você será convidado a planejar, desenvolver e construir um canal de mídia que terá
como objetivo apresentar orientações às pessoas de sua comunidade sobre como identificar notícias falsas
que circulam por redes sociais, e-mails e aplicativos de mensagem instantânea. Além disso, você também
poderá publicar, nesse canal, notícias de cunho científico relevantes para essa comunidade.
etaPas do projeto
• Problemas e ações
Diversos exemplos contemporâneos relacionados ao tema fake News são apresentados a fim de
chegar à questão problematizada: “como atestar a veracidade de uma notícia ou informação?”.
levando o tema fake news para o campo científico, vocês serão convidados a discutir notícias falsas
relacionadas à ciência a fim de construir o produto final deste projeto: um canal de mídia com a
finalidade de ensinar às pessoas da comunidade a distinguirem informações falsas ou sensacionalistas
das verídicas e selecionar e divulgar notícias de cunho científico relevantes para a comunidade.
• ConCeitos e ConteúDos relevantes
Nesse momento, tanto o raciocínio lógico como a representação gráfica, ferramentas comuns das
ciências, serão apresentados com exemplos de como a manipulação pode ensejar notícias falsas,
sensacionalistas ou superficiais. com isso, vocês também conhecerão quais os principais tipos de fake
News, a noção de pós-verdade e quais os elementos que textos confiáveis devem ter.
• Pesquisa De informações
No caso deste projeto, vocês analisarão a estrutura de sites de divulgação científica para compreender
quais os elementos textuais, estéticos e estruturais que a divulgação científica normalmente usa e,
assim, ter mais elementos para a construção do canal de mídia do projeto.
• trabalho De CamPo
Vocês vão investigar quais são os tipos de notícias de caráter científico mais compartilhadas por pessoas
próximas. esse levantamento tem o intuito de oferecer um quadro dos temas com mais apelo na comunidade
e assim ajudar vocês a selecionar, futuramente, as notícias mais relevantes para essa comunidade.
• Planejamento Da ProDução
Nessa etapa, é hora de definir o plano de trabalho e dividir as tarefas para a produção do canal de mídia.
Para isso, são oferecidas sugestões para que vocês, cooperativamente, possam planejar o produto.
• elaboração Do ProDuto final
essa é a etapa na qual vocês efetivamente vão produzir o canal de mídia escolhido e ensinar a
comunidade a identificar notícias falsas, sensacionalistas ou superficiais.
• aPresentação e DivulGação
o canal de mídia será apresentado à comunidade e como forma de divulgação para outros públicos.
Durante a apresentação, também serão colhidos comentários, sugestões e/ou críticas ao canal, por
parte da comunidade, a fim de melhorá-lo.
• análise Do resultaDo
Após a apresentação do canal vocês serão convidados a refletir sobre o próprio processo de
aprendizagem e sobre as possibilidades de melhoria do canal de mídia.
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  • 1. VOLUME ÚNICO ENSINO MÉDIO E SUAS TECNOLOGIAS PROJETOS INTEGRADORES VITOR MACHADO CIÊNCIAS DA NATUREZA CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS PROJETOS INTEGRADORES VOLUME ÚNICO 0062P21507130IL 9 7 8 8 5 3 4 F A 2 4 2 3 1 2 4 2 3 1 8 ISBN 978-85-342-4231-8 Capa_Ciencias_Natureza_final.indd 1-3 Capa_Ciencias_Natureza_final.indd 1-3 16/07/2021 15:53 16/07/2021 15:53
  • 3. 1a edição São Paulo – 2020 VITOR MACHADO Licenciado em Física no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP). Mestre em Ensino de Ciências, modalidade, ensino de Física pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Ciências e Humanidades pela Universidade Federal do ABC. Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do ABC. Doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da USP (Feusp). Professor de Física de Educação Básica da rede pública. E SUAS TECNOLOGIAS PROJETOS INTEGRADORES CIÊNCIAS DA NATUREZA ENSINO MÉDIO VOLUME ÚNICO MANUAL DO PROFESSOR P21_CN_iniciais_001-009.indd 1 P21_CN_iniciais_001-009.indd 1 14/12/2020 17:42 14/12/2020 17:42
  • 4. Integralis - Ciências da Natureza e suas tecnologias Projeto Integradores – Volume Único – Ensino Médio © IBEP, 2020 Diretor superintendente Jorge Yunes Diretora editorial Célia de Assis Editores Célia de Assis, Mizue Jyo e Adriane Gozzo Assesssoria pedagógica Valdeci Loch Valentim Assessoria na área de Linguagens Juliana Vegas Chinaglia Revisão Denise Santos e Kátia Cardoso Iconografia Victoria Lopes Ilustrações Acervo da Editora, Bruno Badain/Sui Sui/Manga Mecânica, Cícero Soares e Koiti Yoshida Secretaria editorial e produção gráfica Elza Fujihara Assistente de produção gráfica Marcelo Ribeiro Estagiária Verena Fiesenig Projeto gráfico e capa Aline Benitez Imagem de capa Way Home Studio/Shutterstock Diagramação Formato Comunicação 1ª edição – São Paulo – 2020 Todos os direitos reservados Av.Alexandre Mackenzie, 619 - Jaguaré São Paulo - SP - 05322-000 - Brasil - Tel.: (11) 2799-7799 www.editoraibep.com.br editoras@ibep-nacional.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 20-63069 CDD: 500 CDU: 5:37.017 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M135i Machado, Vitor Integralis : ciências da natureza e suas tecnologias : projetos integradores : ensino médio, volume único / Vitor Machado. - 1. ed. - Barueri [SP]: IBEP, 2020. : il. ; 28 cm. (Integralis) Inclui bibliografia ISBN 978-85-342-4231-8 (estudante) ISBN 978-85-342-4232-5 (manual do professor) 1. Ciências (Ensino médio) - Estudo e ensino. 2. Educação - Finalidades e objetivos. I. Título. II. Série. Leandra Felix da Cruz Candido - Bibliotecária - CRB-7/6135 18/02/2020 21/02/2020 PNLD_CN_iniciais_P3.indd 2 08/03/2020 21:03:54
  • 5. Apresentação Prezado estudante, prezada estudante, tudo bem? Sabe o que você vai encontrar assim que começar a estudar com esse livro? Muitas coisas e entre elas, pesquisar coisas na escola, fora dela, visitar pessoas, conhecer a geografia e os rios da região, inventar engenhocas e criar concepções artísticas de suas expressões. Criar geradores de energia elétrica a partir de aparelhos de academia, registrar obras e ajudar pessoas a terem suas obras reconhecidas, mediar situações conflituosas. Argumentar, criar, testar, refazer, inventar são apenas algumas das coisas que te esperam nessas páginas. Percebeu que a maioria das coisas que listamos acima é diferente de ler um conteúdo ou fazer um exercício sobre algo? Sim, esse é o espírito desse livro, que é diferente de outros que você está acostumado. Pois esse é um livro de Projetos Integradores! E o que isso sig- nifica? Significa que aqui você precisará colocar a mão na massa, sair de sala, conversar com pessoas, levantar dados, analisar hipóteses, construir expe- rimentos, conceber criações, organizar exposições e uma série de missões, tarefas e atividade que precisam culminar em um produto final. Realizar um projeto é conhecer as coisas reais e na prática, mexendo com elas, vendo onde e como os conhecimentos se aplicam e como eles podem ser úteis para nós e para a nossa comunidade. Um livro de Projetos Integradores de Ciências Naturais e suas Tecnologias é um guia de ações, de reflexões, de argumentações, de experimentações, de tomada e análise de dados, de autoria e de construção coletiva. Acreditamos que esse caminho rico e divertido é uma forma muito interessante para a aprendizagem de conhecimentos, competências e habilidades que são essen- ciais para o seu presente e o seu futuro. Este livro é composto de seis projetos integradores. Seis missões que pre- cisam ser realizadas, seis produtos finais que serão construídos ao longo de muitas aulas, com calma, no seu tempo, com ajuda da turma, dos professores e das muitas pessoas que construíram este livro. Portanto, prepare-se para uma experiência nova e desafiadora de aprender! Vamos lá então! O autor PNLD_CN_iniciais_P3.indd 3 08/03/2020 21:03:54
  • 6. A obra é composta de seis Projetos Integradores, que estão estruturados em um tema gerador de relevância no contexto sociocultural atual, uma pergunta desafiadora e um produto final. Os projetos se desenvolvem por meio de oito etapas. Nelas vocês irão desenvolver diversas atividades em torno do tema gerador para analisar e refletir sobre a questão desafiadora e os percursos que farão para culminar no produto final. Esse produto será compartilhado com a comunidade em um evento de apresentação. Veja como são as etapas e o que elas propõem de ações e atividades. Competências e habilidades Conheça seu livro Abertura Na abertura de cada projeto você identifica o tema que o projeto aborda, além de iniciar a discussão sobre ele, trocando ideias com seus colegas sobre o que já conhece do assunto. Ficha de estudo Na ficha de estudo são descritas as competências gerais, específicas e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que serão desenvolvidas durante o projeto. Toma conhecimento também dos objetivos e justificativas do projeto e o que é proposto para cada uma das etapas. PNLD_CN_iniciais_P3.indd 4 12/03/2020 15:09:49
  • 7. O desenvolvimento de cada projeto está estruturado em oito etapas. Pesquisa de informações Aqui é proposta a pesquisa de conhecimentos e conceitos disponíveis em materiais impressos e digitais, aplicação de entrevistas aos profissionais e especialistas no assunto para a coleta de dados que subsidiem os percursos para a elaboração do produto final Trabalho de campo É uma etapa para ser realizada fora da sala de aula, com o objetivo de mapear o contexto, os lugares, a realidade em torno da qual o projeto será desenvolvido. Problemas e ações Uma situação-problema é apresentada para ser analisada e discutida. A partir dessa análise surge a questão desafiadora que irá possibilitar a proposta do produto final que será desenvolvido no projeto Conceitos e conteúdos relevantes Etapa que permite olhar a situação-problema a partir de conceitos e conteúdos já estabelecidos com o propósito de subsidiar as decisões e definições para a execução o produto final. Apresentação e divulgação É o momento de compartilhar o produto final para dar retorno e se conectar com a comunidade. Elaboração do produto final Nesta etapa cada estudante realiza as tarefas estabelecidas no planejamento da produção para elaborar o produto final. Planejamento da produção É o momento de planejar e organizar o processo que será realizado para a elaboração do produto final, com a definição de tarefas de cada um e os prazos. Análise do resultado Nesta etapa é feita a avaliação do projeto, tanto do produto final sob o ponto de vista do seu processo de desenvolvimento, da receptividade da comunidade. É também uma etapa de autoavaliação. PNLD_CN_iniciais_P3.indd 5 08/03/2020 21:04:01
  • 8. Discussão aberta Momentos de discutir coletivamente posições, opiniões e especulações sobre algo relativo ao projeto. Visam ouvir os estudantes em suas opiniões e vivências. Construindo argumentações Momento de discutir e debater questões, utilizando argumentos, a fim de tomar decisões e compreender melhor diferentes aspectos da realização do produto. Examinando Interpretação e análise de imagem, texto, música, experimento, a fim de extrair algum tipo de conclusão. Em geral traz atividades individuais de análise, que podem posteriormente ser compartilhados e discutidos. Dentro de cada etapa aparecem recursos com ativa participação dos estudantes. Eles podem ser identificados nas seções: PNLD_CN_iniciais_P3.indd 6 08/03/2020 21:04:04
  • 9. Ìcones Oralidade Em grupo A missão! Boxe único em cada projeto, enuncia qual é o produto final a ser pensado, discutido e realizado. Andamento da produção Em diferentes etapas de desenvolvimento do projeto, discussões e relações com o produto final são refeitas. Restabelece a conexão com o produto a ser construído. Glossário Para palavras, termos e conceitos que talvez não sejam do conhecimento dos estudantes. Para conferir Sugestões de livros, texto, filmes e materiais complementares aos estudantes. Há ainda boxes complementares como: PNLD_CN_iniciais_P3.indd 7 08/03/2020 21:04:08
  • 10. Sumário CONFLITOS E MEDIAÇÕES.................................10 Projeto Integrador 1 Tema: Mediação de conflitos Ficha de estudo......................................................................12 PROBLEMAS E AÇÕES........................................................14 Tirinha: Os cientistas.............................................................15 Charge: Igualdade de gênero.................................................15 Meninos × meninas...............................................................16 Texto: Escola pede“kit médico”aos meninos e“cozinha” às meninas e polemiza......................................................16 CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES..................18 Texto: O aluno fez um comentário discriminatório. E agora?......................................................................................18 Texto:Ainda há muito espaço para mulheres e meninas na ciência e tecnologia.............................................................. 20 Texto: Estereótipos e discriminação impedem meninas de realizar seu potencial, diz ONU em dia mundial.................21 O círculo de paz....................................................................23 Círculo restaurativo..............................................................23 Dinâmica do círculo restaurativo................................... 24 PESQUISA DE INFORMAÇÕES........................................25 Fazendo um círculo para discutir preconceito sobre mulheres nas ciências............................................................25 Abertura do círculo........................................................25 Primeira rodada...............................................................25 Segunda rodada...............................................................25 Terceira rodada............................................................ 33 Rodada de encerramento............................................... 34 TRABALHO DE CAMPO.................................................. 34 Quais são os conflitos mais recorrentes na escola?.......... 34 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO.................................35 ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL...........................36 APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO................................36 ANÁLISE DO RESULTADO................................................37 Referências.............................................................................37 CIÊNCIA, FATO E DESINFORMAÇÃO..............38 Projeto Integrador 2 Tema: Midiaeducação Ficha de estudo....................................................................40 PROBLEMAS E AÇÕES...................................................... 42 Texto: Conheça o primeiro livro escrito por uma inteligência artificial............................................................. 42 Texto: Inteligência artificial aprende a escrever fake news para combater fake news....................................................... 43 Texto: Notícias falsas na ciência...........................................46 CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES.................49 Texto: Cuidado com a fábrica de mentiras..........................49 O papel da lógica...................................................................51 E o que isso tem a ver com notícias?...................................51 Os gráficos............................................................................53 Fake news...............................................................................56 PESQUISA DE INFORMAÇÕES.........................................61 Análise de site de divulgação de notícias de conteúdo científico.................................................................................61 TRABALHO DE CAMPO...................................................62 Levantamento de dados........................................................63 Roteiro de pesquisa.........................................................63 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO.................................64 ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL...........................66 APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO................................66 ANÁLISE DO RESULTADO................................................67 Referências.............................................................................67 TRANSFORMAÇÕES DE ENERGIA PARA CUIDAR DO PLANETA........................................ 68 Projeto Integrador 3 Tema: STEAM Ficha de estudo.................................................................... 70 PROBLEMAS E AÇÕES.......................................................72 Índice de Desenvolvimento Humano e o consumo de energia elétrica......................................................................75 Tecnologias e alternativas energéticas para o dia a dia.......76 Texto: Correntes oceânicas podem gerar energia continuamente......................................................................78 Matriz de energia e impactos ambientais........................... 80 Texto:Alunos do CE criam mochila que gera energia com movimento do corpo...........................................................82 CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES.................85 Como é feito um gerador?..................................................86 Matriz hidrelétrica...........................................................88 Dínamos......................................................................... 90 PESQUISA DE INFORMAÇÕES.........................................91 Sugestão de roteiro de entrevista........................................92 TRABALHO DE CAMPO...................................................93 Estudo de meio.....................................................................94 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO.................................96 ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL...........................98 APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO................................99 PNLD_CN_iniciais_P3.indd 8 08/03/2020 21:04:08
  • 11. ANÁLISE DO RESULTADO..............................................100 Referências............................................................................ 101 ÁGUA: POLUIÇÕES E RE-AÇÕES ...................102 Projeto Integrador 4 Tema: Meio ambiente Ficha de estudo...................................................................104 PROBLEMAS E AÇÕES..................................................... 106 De onde vem a água?.......................................................... 106 Disponibilidade da água................................................ 107 Texto:Avenidas de Belo Horizonte escondem 25% dos córregos urbanos......................................................111 CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES.................112 Águas e poluição..................................................................112 Água limpa ou poluída?.......................................................115 Ecossistema de um lago..................................................116 O“curso”da poluição: rompimento da barragem de Mariana...........................................................................118 Rejeitos da mineração.....................................................118 Atividades humanas × contaminantes na água..................121 PESQUISA DE INFORMAÇÕES...................................... 123 Rio Doce e a aldeia indígena Krenak................................. 123 Preservação e despoluição das águas................................. 124 Texto: Quilombolas e Povos Tradicionais: Os guardiões das águas e defensores da vida..................................................126 Texto: Despoluição de águas ainda é desafio para o Brasil; conheça os principais projetos...........................................128 TRABALHO DE CAMPO..................................................129 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO............................... 130 ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL...........................131 APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO.............................. 132 ANÁLISE DO RESULTADO.............................................. 133 Referências........................................................................... 133 PROPRIEDADE INTELECTUAL E DIREITOS....134 Projeto Integrador 5 Tema: Protagonismo juvenil Ficha de estudo....................................................................136 PROBLEMAS E AÇÕES......................................................138 Paradoxo Mpemba...............................................................138 Texto: Saberes tradicionais sobre as plantas......................140 A“polêmica”da descoberta do avião................................ 142 Texto: Santos Dumont ou Irmãos Wright: 14-Bis reacende polêmica........................................................................ 142 CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES............... 146 Quando a autoria não é devidamente reconhecida......... 146 Texto: Como registrar uma patente ou propriedade intelectual no Brasil?..................................................... 147 PESQUISA DE INFORMAÇÕES...................................... 150 TRABALHO DE CAMPO..................................................152 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO................................153 Bricolagem............................................................................153 Texto: Projeto identifica os“reis da gambiarra”em favelas cariocas................................................................................ 154 ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL..........................157 APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO...............................158 ANÁLISE DO RESULTADO...............................................158 Referências............................................................................159 VIDA E LONGEVIDADE.....................................160 Projeto Integrador 6 Tema: Saúde Ficha de estudo....................................................................162 PROBLEMAS E AÇÕES..................................................... 164 Texto:A morte no vácuo................................................... 164 CONCEITOS E CONTEÚDOS RELEVANTES................168 Texto: Motorista bêbado que mata no trânsito comete crime doloso, decide STF....................................................168 O metabolismo do etanol.................................................. 170 Sinapses afetadas..................................................................172 Texto: Os efeitos da bebida alcoólica no cérebro...........173 Texto: Droga antienvelhecimento que mata células idosas passa em primeiro teste humano...................................173 Texto: Com mercado promissor, biotecnologia engloba profissões do futuro......................................................176 PESQUISA DE INFORMAÇÕES.......................................177 Texto: Mau humor pode ser hereditário........................... 180 TRABALHO DE CAMPO...................................................181 Texto: Preconceito contra idosos pode ser combatido com educação................................................................182 Levantamento de dados.......................................................183 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO................................185 ELABORAÇÃO DO PRODUTO FINAL..........................187 APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO...............................188 ANÁLISE DO RESULTADO...............................................189 Referências............................................................................189 Base Nacional Comum Curricular..................................... 190 Referências gerais.................................................................196 PNLD_CN_iniciais_P3.indd 9 08/03/2020 21:04:08
  • 13. Decifrem este “enigma”: “Pai e filho sofrem um acidente terrível de carro. Alguém chama a ambulância, mas o pai não resiste e morre no local. O filho é socorrido e levado ao hospital às pressas. Ao chegar ao hospital, a pessoa mais competente do centro cirúrgico vê o menino e diz: ‘Não posso operar este menino! Ele é meu filho!’.” Na internet é comum vermos vídeos de pessoas muito confusas com esse falso enigma. “Como assim? Mas o pai do menino não morreu?” Há quem diga que a pessoa no hospital é o padrasto; outras simplesmente não conseguem chegar a uma solução. E a mais óbvia de todas é que “a pessoa mais competente do centro cirúrgico é a mãe do menino”. Esse problema trata de uma questão muito importante de um pre- conceito estrutural em relação às mulheres com atuação em várias áreas, inclusive na ciência. Pense rápido e responda: • Se alguém lhe pedir um nome de cientista, que nomes vêm à sua cabeça? • Quantas dessas pessoas são mulheres? E prêmios Nobel? • Quantas vezes você já ouviu a frase: “Mulheres não se dão bem com ciências exatas?” ou “Física não é para mulheres”. • Queoutrospreconceitosvocêsabequeexistemnasociedade? Converse sobre este tema para ouvir as respostas de todos. Mais orientações no MP. FRANCOIS POIRIER/SHUTTERSTOCK MEDIAÇÃO DE CONFLITOS Conflitos e mediações Os conflitos fazem parte das relações humanas, entretanto alguns deles podem ter origem em preconceitos e ideias enraizadas na sociedade e precisam ser desfeitos a partir de atitudes de respeito para com o outro. As respostas às questões são pessoais e têm o objetivo de desperar a reflexão dos estudantes sobre quanto os pensamentos machistas estão incutidos na sociedade por questões culturais. P21_CN_miolo_proj1_010-037.indd 11 10/29/20 3:15 PM
  • 14. Projeto 1 CONFLITOS E MEDIAÇÕES Tema Integrador Mediação de conflitos Competências e habilidades da BNCC trabalhadas neste projeto* Competências gerais 1, 3, 4, 7, 8, 9 e 10. Competência específica de Ciências da natureza e suas tecnologias 2. habilidade específica de Ciências da natureza e suas tecnologias EM13Cnt207. Competências específicas de Linguagens e suas tecnologias 2 e 3. habilidades específicas de Linguagens e suas tecnologias EM13Lgg202, EM13Lgg204, EM13Lgg304, EM13LP34. Competência específica de Ciências humanas e Sociais Aplicadas e suas tecnologias 5. habilidade específica de Ciências humanas e Sociais Aplicadas e suas tecnologias EM13ChS502. *no final do livro, você encontra o texto das competências e habilidades da BnCC mencionadas nesta ficha. Elas também estão disponíveis em: <http://basenacionalcomum.mec.gov. br/abase/#medio>. Acesso em: 19 jan. 2020. FiCha de estudo objetivos a serem desenvolvidos • Perceber os preconceitos e os conflitos existentes na escola a fim de combatê-los. • reconhecer a contribuição de importantes mulheres para as Ciên- cias da natureza e suas tecnologias e os conceitos científicos a elas associados. • refletir sobre a discriminação de gênero nas áreas científica e tec- nológica. • Conhecer e participar de maneira colaborativa e autorreflexiva de círculos de Justiça restaurativa. • desenvolver ações práticas contra a discriminação e os conflitos a ela associados. justiFiCativa da pertinência dos objetivos Conflitos fazem parte da natureza do ser humano – isso é um fato. isso significa que temos de aprender a conviver com eles em todas as esferas da vida em que se apresentam. A escola também é um lugar de convívio com as diferenças e, portanto, onde o conflito faz parte de seu funcionamento. Mas é possível mediá-lo, de modo a buscar o bem- -estar tanto pessoal como coletivo. É justamente essa temática que serve de mote para este projeto: a mediação de conflitos sob uma perspectiva cidadã, em nome de uma cultura de paz e respeito a si mesmo e às pessoas com as quais se convive, sem discriminação de qualquer tipo. etaPas do projeto • Problemas e ações nesta etapa, charges e situações cotidianas exemplificam as dificuldades que as mulheres podem encontrar quando o assunto é ciências e ser cientista. Essa discussão serve de introdução para os conflitos que aparecem na escola por diversas motivações. A pergunta “Que atitudes podemos adotar ao nos depararmos com situações conflitantes na comunidade escolar?” será o ponto de partida para a missão de construir um espaço e estabelecer uma dinâmica apropriada para mediar conflitos na escola. 12 12 P21_CN_BOOK.indb 12 10/03/2020 12:45:17
  • 15. • ConCeitos e Conteúdos relevantes A diferença entre preconceito, discriminação, racismo e bullying é apresentada no sentido de que se possa compreender as causas de origem dos conflitos na escola. Posteriormente, será discutida a questão de homens, mulheres e suas profissões mais escolhidas com exemplos de como as mulheres muitas vezes são vítimas de preconceito estrutural na sociedade em relação às escolhas profissionais. Por fim, conhecerão quais são as técnicas de mediação de conflitos já consagradas na literatura especializada, como o círculo de paz. • Pesquisa de inFormações nesta etapa, a maneira de realizar a pesquisa será inovadora. Como foram desenvolvidas as técnicas de mediação de conflitos na etapa anterior e se trata de um processo que exige prática, aqui será feita uma vivência de um círculo de mediação de conflitos que terá como tema “preconceitos sobre mulheres nas ciências”. E essa vivência vai expor, na prática, formas de mediar conflitos escolares. • trabalho de CamPo Como a missão é construir um espaço e estabelecer uma dinâmica apropriada para mediar conflitos na escola, é preciso fazer um levantamento de dados sobre quais são os conflitos mais comuns no ambiente escolar. Esse trabalho de campo fornecerá um quadro de quais conflitos devem ser mediados prioritariamente. • Planejamento da Produção Aqui, vocês vão argumentar e definir, por meio de dados, evidências e pesquisas, quais serão as etapas do círculo de paz pensadas para mediar o conflito mais recorrente na escola. Além disso, definirão o melhor espaço e quais são os recursos para acolher esses círculos. isto é, organizar e adaptar um espaço adequado para a realização de círculos, assim como estruturar um roteiro para a condução e para a realização de um círculo de mediação de conflitos na escola. • elaboração do Produto Final É o momento de efetivamente colocar a “mão na massa” e executar o que foi planejado na etapa anterior. isto é, a realização de um círculo de mediação de conflitos com pessoas da escola e conflitos identificados no trabalho de campo. • aPresentação e divulgação Esse é o momento de comentar os resultados dessas experiências para a comunidade. Como vocês se organizaram, como o círculo aconteceu e como os conflitos estão sendo encarados agora na escola. • análise do resultado Conforme os critérios estabelecidos no planejamento da ação, é hora de verificar como a ação se desenrolou em virtude dos objetivos: por exemplo, se colaborou para a minimização de conflitos na escola. 13 13 P21_CN_BOOK.indb 13 10/03/2020 12:45:17
  • 16. A presença das mulheres nas ciências é assunto dos mais importantes a serem discutidos. Mas, mais importante do que isso, é o que fazemos quando estamos diante de posições preconceituosas. Sobretudo quando as pessoas que falam não sabem que estão pronunciando frases discriminatórias. E, no nosso dia a dia, muitas dessas frases podem ser ouvidas. Muitas vezes é na escola que esse tipo de conflito pode se manifestar. Conflitos existem em todos os lugares. A escola, um espaço de convivência social, também está sujeita a eles. Luciana Whitaker/Pulsar Imagens Os estudantes passam a maior parte do tempo na escola e é nela que convivem e interagem com o maior número de pessoas. Assim, é natural que nessa convivência surjam conflitos dos mais variados tipos que, em geral, têm base em preconceitos, valores e crenças. Mas é possível viver sem conflitos? A resposta é “não”. Afinal, os conflitos fazem parte da natureza do ser humano, uma vez que vivemos e convivemos com uma diversidade de pessoas, cada qual com suas particularidades. No entanto, é possível mediar esses conflitos, de modo que se possa viver em paz e harmonia, respeitando uns aos outros. Este projeto vai retratar exatamente isso: a mediação de conflitos na comunidade escolar. Vamos começar? Antes, porém, responda a algumas questões. • O que você entende por conflito? • Já vivenciou alguma situação conflitante? Qual? Conte essa experiência. • Você concorda que é impossível viver sem conflitos? Justifique? • Acha importante a mediação de conflitos? Por quê? Problemas e ações Mais orientações no MP. Todas as respostas são pessoais, com base nos conhecimentos prévios dos estudantes sobre a temática e em suas experiências de vida. 14 14 P21_CN_BOOK.indb 14 10/03/2020 12:45:19
  • 17. Analise as duas tirinhas a seguir. GARCIA, João. Os cientistas. Com Ciência, 10 fev. 2017. Disponível em: <http://www.comciencia.br/tag/charge/>. Acesso em: 7 fev. 2020. Jão BECK, Alexandre. Armandinho. Disponível em: <https://foconoenem.com/wp-content/uploads/2015/09/charge-igualdade-de- g%C3%AAnero.png>. Acesso em: 7 fev. 2020. Alexandre Beck 15 15 P21_CN_BOOK.indb 15 10/03/2020 12:45:19
  • 18. Junte-se a mais três colegas e respondam: • O que as duas tirinhas têm em comum? • De que maneira o conteúdo dessas tirinhas se relaciona com a vida na comuni- dade escolar? • Vocês já se viram em situações parecidas? Como se sentiram? Registrem as respostas no caderno ou em folha avulsa. Elas servirão de base para discussão com a turma toda. Mais orientações no MP. O que há em comum entre as tirinhas é que ambas tratam de dimensões do machismo. Uma no caso de trabalho científico e outra com a manifestação do aparteamento, quando as pessoas são interrompidas em suas falas pela outra parte. Examinando É comum as pessoas associarem a palavra conflito a brigas, discussões. Mas não existem conflitos bons ou ruins; os conflitos existem pela nossa condição humana diversa. Cada pessoa tem uma história, uma formação, uma forma de ver e perceber o mundo. Como não existem pessoas iguais, surgem os conflitos. Uma ideia, uma opinião, um ponto de vista diferente são o bastante para gerar um conflito. Por isso, en- xergar os conflitos como algo normal da diversidade humana é essencial para percebermos essa diversidade e aprendermos a respeitar uns aos outros. Também é essencial que, com o respeito, situações conflitantes sejam expostas, de modo que seja possível mediá-las, chegando-se ao meio-termo para as partes envolvi- das, mesmo quando as ações partem de quem, em tese, deveria não cometê-las. Vejam o exemplo a seguir. Meninos × meninas Escola pede ‘kit médico’ aos meninos e ‘cozinha’ às meninas e polemiza Após gerar revolta, a escola excluiu os pedidos da lista de material escolar A escola [...], pediu na lista de material escolar para a volta às aulas de 2020, ‘kit médico’ para os meninos e ‘kit cozinha’ às meninas e gerou polêmica. Uma publica- ção no Facebook, em que o autor se diz tio de uma aluna da escola, com print dos pedidos viralizou na web. A escola pediu “kits profissão”, em que aos meninos foi solicitado kits médico, mecânico e bombeiro e às meninas teriam que levar kits salão e cozinha. Além disso, na lista, a escola pediu bola e carro de brinquedo apenas aos meni- nos, enquanto para as meninas a escola pediu uma boneca. Disponível em: <https://catracalivre.com.br/cidadania/escola-pede-kit-medico-aos-meninos-e-cozinha-as-meninas-e- polemiza/>. Acesso em: 7 fev. 2020. 9. MATERIAL LÚDICO (BRINCAR O FAZ DE CONTA) • 1 (um) brinquedo educativo na faixa etária da criança (o bom brinquedo é aquele que atende às necessidades e possibil- idades de cada fase). E, claro, não dá para se descuidar da segurança. Como os pequenos levam tudo à boca, evite peças miúdas e modelos frágeis; • 1 (um) adereço para baú de fantasia (varinha, chapéu, capa, asa de borboleta, máscara de personagens infantis), 1 (um) fantoche, 1 (uma) cabeça de bichinho; • 1 (um) carro de brinquedo (RESISTENTE E GRANDE) para meninos e 1 (uma) boneca para meninas; • 1 (um) animal de borracha (grande) para se familiarizar com o mundo animal; • 1 (um) kit profissão (médico, mecânico, bombeiro) para os MENINOS; • 1 (um) kit profissão (salão, cozinha) para as MENINAS (Peças grandes). • 1 (um) instrumento musical para aulas de musicalização (NÃO PODE SER BRINQUEDO). Reprodução/FacebookEscola pede ‘kit médico’ aos meninos e ‘cozinha’ às meninas e polemiza. 16 16 P21_CN_BOOK.indb 16 10/03/2020 12:45:20
  • 19. Construindo argumentações • Caso acontecesse a situação descrita, e uma menina, por exemplo, quisesse brin- car com o kit do menino, o que vocês fariam? • Se vocês tivessem que argumentar com a direção da escola sobre o conflito gerado por essa orientação, como vocês organizariam seus argumentos para mostrar que isso pode ser problemático para várias pessoas? Mais orientações no MP. Respostas pessoais. Como sabemos que é impossível viver sem conflitos, veja qual é a questão que vai nortear este projeto, ou seja, a nossa questão desafiadora: Quais atitudes podemos adotar ao nos depararmos com situações conflitantes na comunidade escolar? Mais orientações no MP. discussão aberta Junte-se a mais dois colegas e discutam as formas de agir pessoal e coletivamente em relação aos conflitos, sobretudo quando estão em jogo situações discriminatórias. Registrem no caderno ou em uma folha avulsa o pensamento de vocês, para que a temática possa ser discutida, posteriormente, com toda a turma. O caminho pelo qual chegarem ao ponto central da discussão são as situações que envolvem a discriminação contra as mulheres nas ciências. Esse caminho, obviamente, não se limita a essa questão, mas permite aos estudantes perceberem algo de difícil compreensão para a maioria das pessoas: o fato de haver preconceito e discriminação, mesmo não intencional, em muitas de nossas falas e atitudes. a missão Até o fim deste projeto, toda a turma precisa construir um espaço e estabelecer uma dinâ- mica apropriada para mediar conflitos na escola. isso significa duas ações essenciais: • Adaptar um espaço na escola que possa receber círculos de discussão. • Elaborar um roteiro de passos e atividades voltado à mediação de conflitos em grupos grandes. 17 17 P21_CN_BOOK.indb 17 10/03/2020 12:45:20
  • 20. Inicialmente vamos discutir alguns aspectos do projeto. Não se preocupem agora se as ideias são mais ou menos elaboradas – é só o começo da produção do projeto. Em trios, discutam: • Quais seriam os espaços adequados para a realização da mediação de conflitos? Uma sala de aula? O pátio? A quadra de esportes? Um lugar mais arejado? • Quais seriam as formas de lidar com conflitos na escola? Registrem as respostas no caderno ou em uma folha avulsa. Mais orientações no MP. Andamento da produção Como vimos na análise das tirinhas, muitas vezes as situações de conflitos aparecem por preconceitos que as pessoas trazem consigo e muitas vezes desconhecem. Como o nome sugere, preconceito é um juí- zo baseado em estereótipos acerca de indivíduos que pertençam a determinado grupo. Considerar orientais “naturalmente” preparados para as ciências exatas é um preconceito. Esses preconceitos possuem origem cultural na formação das pessoas. Como afirma a pedagoga Nilma Limo Gomes: “O preconceito como atitu- de não é inato. Ele é aprendido socialmente. Nenhuma criança nasce preconceituosa. Ela aprende a sê-lo”. E, se pode aprender, pode desaprender. Muitas vezes, entretanto, o preconceito que é algo do universo das ideias e concepções pode se trans- formar em discriminação. O ato discriminatório reflete o mundo real, uma ação que resulta no tratamento diferente de pessoas. Ações que podem ser de exclusão, restrição ou preferência impedem o tratamento ou acesso igualitário a direitos e oportunidades. A discriminação causa muitos danos às pessoas discrimi- nadas, pois elas agridem, ofendem, humilham e violentam seres humanos com base em preconceitos. Um ato discriminatório deriva de um preconceito. Mas pessoas podem não discriminar ninguém e ainda assim estarem repletas de preconceitos. O bullying e o racismo são formas diferentes de discriminação. O bullying está muito associado a ati- tudes conscientes de pessoas perversas ligadas a características físicas, traumas e condições dos outros. Já a discriminação racial é estrutural – pessoas podem nem perceber que estão cometendo atos racistas. O racismo está muito além de pessoas perversas, ele está nos valores disseminados na mídia, nos livros, nos comportamentos, no mercado de trabalho etc. O racismo está profundamente arraigado na cultura brasileira e não pode ser entendido nem misturado com o bullying. Ambos são discriminações que violentam e humi- lham as pessoas, mas um está na história da formação do Brasil e outro é uma atitude de pessoas perversas. Veja o texto a seguir sobre isso. O aluno fez um comentário discriminatório. E agora? Em uma quadra de esportes da escola, os alunos jogam futebol quando um grita para o outro: “macaco!”. [...] Na Escola [...], esse episódio desencadeou uma série de ações para combater a discriminação na escola. A primeira delas, conversar. O jogo foi interrompido e todas as crianças sentaram em roda, conta o professor [...]: “o menino ofendido con- tou como se sentia ao ouvir isso, chorou e foi ouvido. Falamos dos sentimentos que isso gerou nele, e também Conceitos e conteúdos relevantes Mais orientações no MP. 18 18 P21_CN_BOOK.indb 18 10/03/2020 12:45:20
  • 21. o que o garoto que ofendeu estava sentindo quando falou, de onde veio esse comentário e o que ele significa”. [...] O professor explica que essas são algumas das questões que levantam, sempre que algo semelhante ocorre, para tentar entender e resolver a situação. “Tentamos pensar juntos, com os envolvidos ou a turma toda, o que aconteceu para que chegassem a esse ponto, de onde vieram essas percepções e comentários, e sempre que ne- cessário recorremos às famílias”, diz. Raízes do preconceito Para Eugenia Portela de Siqueira Marques, docente da faculdade de Educação da Universidade Federal da Gran- de Dourados, muitas vezes, os preconceitos são reflexos de comportamentos e falas que as crianças testemu- nham em suas próprias famílias e outros ambientes de convívio. “Para combater a discriminação, seja ela por raça, gênero, sexualidade, origem, o que for, não pode haver silen- ciamento [...]. Também não podemos deixar que essas violências sejam vistas como meras brincadeiras [...]” [...] [...] Das crianças, partiu a vontade de criar um grupo de mediação de conflitos, liderado por elas mesmas e com o apoio dos educadores. Esse grupo cria regras sobre como cuidar das pessoas para que elas não pratiquem e nem aceitem sofrer discri- minações e bullying na escola ou fora dela. Para isso, fazem intervenções, projeções de filmes, sugerem textos, visitam lugares, chamam pessoas e já até fizeram intervenções com familiares. O professor[...] relembra certa vez em que duas meninas conduziram uma conversa com o pai de um garoto que estava fazendo bullying com outro menino. Sentaram todos juntos, explicaram e refletiram sobre o que estava acontecendo e por que aquilo precisava parar. O pai, ao se deparar com a perspectiva das próprias crianças, abriu-se e entendeu a situação. “O diálogo entre as crianças funciona porque eles estão na mesma situação e passam por isso o tempo todo” [...]. “Nós, adultos, temos a tendência de dar sermão, falar de um jeito excessivamente elaborado, que não chega para as crianças de uma maneira tão direta quanto outra criança conversando com ela”. [...] MATUOKA, Ingrid. O aluno fez um comentário discriminatório. E agora? Centro de Referência Integral, 26 fev. 2018. Disponível em: <https://educacaointegral.org.br/reportagens/meu-aluno-fez-um-comentario-discriminatorio-e-agora/>. Acesso em: 7 fev. 2020. • Você concorda com a afirmação “... muitas vezes, os preconceitos são reflexos de comportamentos e falas que as crianças testemunham nas próprias famílias e outros ambientes de convívio”? • Você já se reconheceu nessa situação? Cite um exemplo. Mais orientações no MP. Respostas pessoais. Examinando 19 19 P21_CN_BOOK.indb 19 10/03/2020 12:45:20
  • 22. E quando se trata de pensar que mulheres não são boas para as ciências? É provável que você já tenha ouvido falar que Matemática e Ciências da Natureza e suas Tecnologias não são para mulheres; que elas preferem as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Pois bem, essas falas revelam um tipo de preconceito, ainda comum hoje em dia, sobretudo no meio acadêmico e na comunidade escolar. Leia a seguir o artigo sobre uma pesquisa realizada na Unicamp a respeito dessa situação. Ainda há muito espaço para mulheres e meninas na ciência e tecnologia [...] Na Unicamp, as mulheres já são a maioria en- tre os inscritos no vestibular (56%) de 2018, mas entre os matriculados elas compõem 40% dos 69 cursos da Unicamp, participação que tem se mantido relativamente estável nos últi- mos 20 anos, de acordo com dados da Comvest. Na pós-graduação, porém, elas praticamente se igualam (49,6%) entre os matriculados de to- das as áreas, embora nas ciências exatas e da terra e engenharia, não ultrapassem o teto dos 30% (veja gráfico), segundo o Anuário da Pós- -graduação da Unicamp. A menor participação se dá nas ciências da computação (15,7%), matemática e estatística (28,5%), engenharias elétrica (21,1%) e mecânica (22,8%), e na física (31,6%). Em tempos de imediatismo há uma sensação de que os avanços deveriam ser mais rápidos. É preciso reconhecer que houve avanços impor- tantes nos últimos vinte anos, quando apenas 5,7% dos matriculados em pós-graduação em engenharia mecânica eram mulheres, 6,6% na engenharia elétrica. Há pouco mais de 50 anos, quando a universidade tinha um ano, em 1967, a lista de aprovados no primeiro curso de engenharia da Unicamp, incluía 4,7% de alunas entre as 126 vagas da Faculdade de Engenharia Indus- trial. No ano passado a engenharia elétrica matriculou 27,1% de meninas, a química, 25%, a mecânica, 11,3% e de computação, 11,1%. Os dados da pesquisa revelam que na formação acadêmica posterior à graduação ainda é pequena a presença feminina em áreas “ditas” masculinas, indicando o quanto esse preconceito está presente na so- ciedade. Vamos verificar se ele se manifesta na escola. Vamos analisar essa pesquisa e construir argumentações em torno dela. Unicamp Notícias Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/ noticias/2019/02/11/ainda-ha-muito-espaco-para-mulheres-e- meninas-na-ciencia-e-tecnologia>. Acesso em: 20 jan. 2020. Proporção de alunos matriculados na pós-graduação stricto sensu por sexo em cada área do conhecimento 20 20 P21_CN_BOOK.indb 20 10/03/2020 12:45:20
  • 23. Construindo argumentações • Quais são as duas principais áreas com maior proporção de homens? • Quais são as duas principais áreas com maior proporção de mulheres? Argumente com seu grupo qual é a sua hipótese para que algumas áreas tenham essa diferença no público. Seja em áreas com menos homens, seja em áreas com menos mulheres. Ciências exatas e engenharias. Ciências agrárias e ciências da saúde. Respostas pessoais. Procure estimular a formulação dos argumentos. Caso os grupos estejam com dificuldade de encontrar palavras, auxilie nesse sentido, deixando que eles mesmo concluam os argumentos. infelizmente ainda há muitas pessoas que têm preconceito quando o assunto é conhecimento. gente que pensa que mulheres devem se dedicar apenas a determinados tipos de atividades, que homens devem se dedicar a outras. São, como sabemos, preconceitos. E, como vimos, ninguém nasce preconceituoso, aprende a ser. E se aprende a ser é possível desaprender. Por isso que falar sobre conflitos oriundos de pre- conceitos na escola é uma missão importante, pois esses preconceitos têm impacto real no comportamento das pessoas e da sociedade. Veja o texto a seguir. Estereótipos e discriminação impedem meninas de realizar seu potencial, diz ONU em dia mundial Discriminação sistemática, falta de oportunidades de aprendizado e es- tereótipos sobre o que as meninas devem fazer com seu futuro e sua carreira são algumas das barreiras que impedem as jovens mulheres de alcançar uma vida plena. A avaliação é do secretário-geral da ONU, António Guterres, que pediu o fim das desigualdades de gênero no Dia Internacional das Meninas. [...] “Estereótipos de gênero negativos, associados à educação das meninas nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática começam logo na escola primária e têm o efeito devastador de fazê-las duvidar do seu próprio potencial”, afirmou o chefe das Nações Unidas. [...] Atualmente, as mulheres representam apenas 30% de todos os pro- Para conferir Em 2018 foi decretada e sancionada a Lei 13 663 que incluiu os incisos ix e x no artigo 12 da Lei de diretrizes e Bases da Educação (Lei 9 394 de 20 de dezembro de 1996). Chamada de lei antibullying, os incisos trazem a seguinte redação: IX – promover medidas de cons- cientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de vio- lência, especialmente a intimida- ção sistemática (bullying), no âm- bito das escolas; X – estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas. (NR) fissionais formados em tecnologia da informação e comunicação. No mundo, as trabalhadoras ocupam menos de 30% das vagas de pesqui- sa e desenvolvimento. [...] A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, disse [...] que “a educação das meninas precisa ser uma das nossas prioridades por- que, em grande medida, a paz e a prosperidade do nosso mundo de- pendem disso”. [...] 21 21 P21_CN_BOOK.indb 21 10/03/2020 12:45:21
  • 24. Azoulay acrescentou que a agência internacional está empenhada em garantir que os países incluam em seus currículos escolares questões sobre igualdade de gênero, saúde e sexualidade. Com isso, será possível “romper com os hábitos sociais e representações coletivas que impedem a liberdade das meninas e constituem barreiras para a sua formação intelectual e integração social e profissional” [...]. Especialistas denunciam cultura patriarcal Um grupo de especialistas de direitos humanos da ONU alertou que “muitos dos desafios enfrentados pelas meninas estão enraizados em percepções ultrapassadas e prejudiciais sobre papéis de gênero e sobre o que é o comportamento ‘apropriado’ para jovens mulheres, influenciados fortemente pela cultural patriarcal”. [...] “As meninas enfrentam uma dupla discriminação que busca silenciá-las e retratá-las como fracas e impotentes, mas as meninas em todo o mundo são fortes, corajosas, inteligentes e capazes. Temos de ouvir o que elas têm a dizer, lhes dar oportunidades para ter sucesso e temos de respeitar, proteger e realizar seus direitos humanos”, concluiu a declaração. [...] ESTEREÓTIPOS e discriminação impedem meninas de realizar seu potencial, diz ONU em dia mundial. Nações Unidas, 11 out. 2018. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/estereotipos-e-discriminacao-impedem-meninas-de-realizar-seu-potencial-diz- onu-em-dia-mundial/>. Acesso em: 7 fev. 2020. Discutir conflitos não é algo aleatório e tampouco deve ser realizado de maneira descuidada, apressada, sem um ambiente que permita e estimule uma entrega para falar abertamente sobre situações conflitantes. Existem técnicas já amplamente testadas e comprovadas no universo da psicologia que ajudam a solu- cionar conflitos em sala de aula. Uma delas é conhecida como “Justiça Restaurativa”, que é uma forma de atingir uma “cultura de paz” no convívio. “Justiça Restaurativa” e “cultura de paz” são termos que já existem no campo da mediação de conflitos. Mas vamos pesquisar um pouco sobre isso. Formem grupos. Vocês vão fazer uma pesquisa sobre especialistas que trabalham com as temáticas a seguir. Cada grupo ficará responsável por pesquisar uma de- las, em fontes confiáveis. • Cultura de paz na escola. • Justiça Restaurativa na escola. • Mediação de conflitos na escola. • Combate ao bullying e à discriminação na escola. Selecionem e tragam impresso os textos dos especialistas para que possam servir de discussão entre toda a turma. O objetivo é fazer um mapeamento dessas ações.Mais orientações no MP. Examinando 22 22 P21_CN_BOOK.indb 22 10/03/2020 12:45:21
  • 25. O círculo de paz De acordo com a cartilha Justiça Restaurativa no ambiente escolar, do Ministério Público do Rio de Ja- neiro, a ideia de Justiça Restaurativa e suas práticas são milenares entre povos originários das Américas, da Oceania e da África. Esses povos entendem-se interconectados e interdependentes, formando um todo vivo. Quando um membro da comunidade sofre um dano, todos são afetados e responsáveis por restabelecer a ordem. Como responsáveis pela ofensa e pela reparação, engajam-se no processo. O círculo é uma representação comum muito encontrada quando visitamos ou vemos algo sobre po- vos originários e indígenas. Seja para dançar, para contar histórias ou para debater, o círculo é uma forma na qual todos podem se ver, por exemplo, toda comunidade em volta de uma fogueira. A técnica dos círculos em uma cultura de paz tem como objeti- vo criar um espaço seguro (o que é falado no círculo não sai de lá) para discutir abertamente proble- mas difíceis ou dolorosos para uma ou mais pessoas. Existem também círculos voltados para aumentar o vocabulário em sala de aula, círculos para as pessoas se conhecerem, círculos para compartilhar reflexões. Essa téc- nica permite que todos reconhe- çam as variadas situações gera- doras do conflito e, porventura, as dores implicadas nele, de forma que possam se colocar uns no lugar dos outros, pensando em soluções para resolver essas situações. Nes- se sentido, todos são iguais e têm iguais capacidades de oferecer caminhos. Participar de um círculo exige estar com o coração aberto para sentir e perceber os próprios problemas, imperfeições e qualidades com humildade e paciência, além de escuta atenta e profunda a respeito dos problemas dos outros, reconhecendo que todos merecem ser respeitados. Fazer um círculo de paz não é apenas dispor móveis, cadeiras ou se sentar no chão formando um círculo. Há uma série de coisas que precisam ser pensadas. Círculo restaurativo A seguir, você vai conhecer alguns aspectos importantes que devem ser considerados quando da realiza- ção de um círculo restaurativo. A missão agora será levar em conta essas informações, para identificar na escola o melhor lugar para realizar o círculo e fazer desse um espaço especial, ampliando o que foi discutido por vocês no final da etapa Problemas e ações. Círculo de construção de paz para trabalhar sentimentos e afetos por toda a turma. Escola Padre Pedro Copetti, Faxinal do Soturno, RS. Prefeitura Municipal de faxinal do soturno Mais orientações no MP. 23 23 P21_CN_BOOK.indb 23 10/03/2020 12:45:21
  • 26. Dinâmica do círculo restaurativo Antes da realização do círculo, é necessário estabelecer alguns combinados. Combinados são acertos iniciais para o andamento do círculo. Por exemplo: • não olhar o celular durante o círculo; • sempre olhar para quem está falando; • tudo que for dito no círculo não pode ser comentado fora dele; • estipular o tempo de duração do círculo, entre outros. Estudantes de uma escola municipal de Cuiabá (MT) participam de círculos de construção de paz. Coordenadoria de Comunicação do TJMT Nos círculos, existe o papel do guardião do tempo. É ele o responsável por controlar o tempo de duração do círculo, predefinido nos combinados. Muitas vezes, uma pessoa acaba falando demais, sem perceber que as outras também precisam falar. Sabe-se da necessidade da fala, mas tem-se que ter noção do respeito ao próximo. Nesses casos, o guardião pode, de maneira delicada e respeitosa, inter- romper a fala de um integrante e dizer, por exemplo: “Vamos nos atentar ao tempo, porque os outros colegas também precisam falar?”. Depois dos combinados, há uma cerimônia de abertura, na qual é importante que todos estejam cons- cientes de que aquele momento em que estão reunidos é especial; um momento em que todos precisam se despir das “máscaras” e ser transparentes, de modo que possam se conectar com os colegas e se con- centrar em ouvi-los(as). Por isso, é essencial que o espaço escolhido para formar o círculo seja agradável, silencioso, sem foco de distração. Um círculo de discussão e resolução de conflito exige espaço adequado. Como se trata de um lugar no qual as pessoas precisam pensar, falar, considerar o conhecimento que têm de si mesmas, esse espaço precisa ser reconhecido pelos estudantes como acolhedor. Também é comum que os círculos tenham uma peça no centro, onde se possa colocar objetos, símbolos ou tarefas dos participantes. Para que as pessoas falem e sejam ouvidas com atenção e respeito, existe o ob- Mais orientações no MP. 24 24 P21_CN_BOOK.indb 24 10/03/2020 12:45:21
  • 27. jeto da palavra. Essencial para círculos, esse objeto cria uma regra de atenção e respeito absoluto por quem está falando. Apenas as pessoas de posse do objeto podem falar e aos demais cabe ouvir e respeitar o que está sendo dito. O portador do objeto pode falar sem interrupções, exceção ao guardião do tempo. É muito importante falar sem ser interrompido, porque assim se consegue expressar por completo o que está sentindo. Ao término, há uma cerimônia de fechamento, em que é preciso reconhecer o esforço de todas as pessoas que falaram. Muitas vezes, essas pessoas estão expressando sentimentos profundos e traumas e precisam de acolhimento. Como foi dito, ações para a Justiça Restaurativa, por meio da realização de círculos de paz, são estra- tégias consagradas na literatura especializada em conflitos. Mas é difícil saber o que é uma dinâmica de círculo de paz sem ter vivenciado essa experiência. Assim, a seguir, adaptamos uma dinâmica de círculo de paz já existente para a situação de identidades e preconceitos sobre mulheres na ciência. Essa é, portanto, uma pesquisa diferente, pois, por meio da prática da realização real de um círculo de paz poderemos depois extrair elementos para criar as nossas próprias estratégias. Fazendo um círculo para discutir preconceito sobre mulheres nas ciências A situação de conflito será a forma como cada um se percebe versus o modo como as outras pessoas nos veem. Por ora, o círculo será feito na própria sala de aula. Depois, a experiência mostrará se outros es- paços são mais viáveis. Vamos lá! Abertura do círculo A sala toda deve formar um círculo. Providencie uma caixa de papelão em que caibam várias folhas de papel. Essa caixa será a peça central. Nas laterais da caixa, escreva a palavra “cientista”. Agora, um objeto será escolhido para representar o fazer científico. Pode ser um termômetro, um erlen- meyer, uma lupa, enfim, algo simbólico e típico das ciências. Para abrir o círculo, a classe toda deve ler o texto a seguir. Primeira rodada Uma vez no círculo, escrevam, em uma folha pequena de papel, a primeira palavra que vem à mente quando se pensa na palavra “cientista”. Agora, um por um, respondam às questões: 1. Por que você escolheu essa palavra para caracterizar “cientista”? 2. Você acha que a palavra que escolheu deve mesmo ser colocada na caixa “cientista”? Justifique. Apenas as palavras ou características fortemente ligadas aos/às cientistas devem ficar dentro da caixa. As outras ficarão fora da caixa, em volta dela. Cumprida essa etapa, vamos para a segunda rodada. Segunda rodada Em seguida, todos vão ler a minibiografia e os fazeres científicos de cinco cientistas. A missão é escolher uma das cientistas com a qual cada estudante mais se identifica. Pesquisa de informações Mais orientações no MP. 25 25 P21_CN_BOOK.indb 25 10/03/2020 12:45:21
  • 29. Marie Curie (1867-1934) Observe esta foto da Conferência de Solvay, realizada em 1927, onde se reuniam os maiores cientistas do século XX, desde 1911. O que há de incomum nesta foto? Levando em conta a quantidade de pessoas retratadas na foto, só há uma mulher: Marie Curie, única cien- tista no mundo a ser laureada com dois prêmios Nobel, em duas áreas distintas: Química e Física. Marie Curie está entre as personalidades mais importantes da história da ciência. Marie Skłodowska Curie nasceu em Varsóvia, onde estudou até os 24 anos, indo posteriormente para Paris, onde se formou professora de Física e de Matemática. Ao fazer o doutoramento na Universidade de Sorbonne, Marie es- tudou em parceria com o marido, Pierre Curie (1859-1906), cientista ainda pouco conhecido na época. Em 1896, o físico francês Henri Becquerel (1852-1908) descobriu um fenômeno novo e publicou seus estudos a esse respeito. Ele percebeu que várias substâncias que continham urânio emitiam alguns raios invisíveis, capa- zes de atravessar folhas de papel e serem registrados por papéis fotográficos. Isso ocorreu de forma aciden- tal, quando o material ficou exposto próximo à folha de papel fotográfico. Ao deixar a amostra de urânio perto de uma cruz de malta e, em outra gaveta, o papel foto- gráfico, Becquerel verificou que os raios atravessavam alguns materiais, mas não outros. Pouca importância foi dada a essa verificação, mas Marie Curie foi estudar o fenômeno, também porque muitos outros materiais causavam certo es- curecimento no papel fotográfico. Utilizando uma in- venção do marido, que permitia mensurar se havia ou não passagem de corrente elétrica no ar, Marie pode chegar a três conclusões importantes: 1a ) ou- tros materiais que marcavam o papel fotográfico, quando submetidos a essa montagem, não permi- tiam passagem de corrente; 2a ) a radiação emitida por diversas amostras de misturas contendo urânio era cada vez maior, quanto maior fosse o percentual de urânio; 3a ) essas radiações apresentavam cargas elétri- cas, pois apenas cargas podem gerar corrente elétrica. 1 Conferência de Solvay de 1927, realizada em Bruxelas, na Bélgica. Princeton Plasma Physics Laboratory Imagem do papel fotográfico exposto à radiação de urânio, onde é possível ver a sombra da cruz de malta. Department of Physics Stanford University 27 27 P21_CN_BOOK.indb 27 10/03/2020 12:45:23
  • 30. Ao realizar testes e defender a ideia de que esse tipo de radiação estava relacionado à estrutura atômica, o casal Curie inaugurava uma nova área de estudo: a radiatividade. Pelo “reconhecimento aos extraordinários resultados obtidos por suas investigações conjuntas sobre os fenômenos da radiação, descoberta por Henri Becquerel”, Marie e Pierre Curie e Becquerel foram contemplados com o Prêmio Nobel de Física em 1903. Como continuidade da pesquisa, Marie testou uma série de outros materiais que tinham essa propriedade e constatou que uma das amostras disponíveis apresentava capacidade radiativa muito superior à do urânio. Ao realizar uma série de separações de mistura, concluiu tratar-se de um novo elemento químico, batizado de polônio – e o mesmo veio a acontecer com o rádio. A essa altura, Pierre Curie já havia falecido e Marie assumira seu posto como professora na Universidade de Sorbonne. Em 1911, foi laureada com o Prêmio Nobel pela segunda vez, pela descoberta dos elementos rádio e polônio, agora em Química. A abertura desse novo campo permitiu a uma série de pesquisadores produzir o conhecimento que te- mos hoje sobre o fenômeno radiativo. Natália Mota (1985-) Você sabia que os padrões de uma pessoa falando podem ajudar no diagnóstico de esquizofrenia? Pois é isso que um grupo de estudo liderado pela neurocientista cearense Natália Mota descobriu. E mais: foram desenvolvidos programações computacionais e algoritmos capazes de identificar e reconhecer na fala determinados padrões. Veja o infográfico a seguir. ESQUEMA DOS PADRÕES DE FALA PARA DIAGNOSTICAR DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS, COM BASE EM ALGORITMOS QUE IDENTIFICAM A CONECTIVIDADE ENTRE AS PALAVRAS. Pessoas sem distúrbios, chamadas controle, apresentam padrões de conectividade na fala, com variações que mostram diferenças individuais. Pessoas com mania são prolixas e vão e voltam ao mesmo assunto. Pessoas com esquizofrenia têm falas mais concisas, mas ainda saem do assunto. • Palavras dentro de um mesmo assunto. • Palavras sem ligação com o assunto. →Representam a sequência entre as palavras. Formato Para saber mais sobre vida e obra de Marie Curie, veja o site: MARIE CURIE e a radioatividade. Disponível em: <http://www.ghtc.usp.br/Biografias/Curie/Curie3.htm>. Acesso em: 7 fev. 2020. 2 FIORAVANTI, C. As linguagens da psicose. Pesquisa Fapesp, abr. 2012. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/­ as-linguagens-da-psicose/>. Acesso em: 22 out. 2020. 28 28 P21_CN_miolo_proj1_010-037.indd 28 10/28/20 9:30 PM
  • 31. Em uma entrevista recente, Natália conta um pouco da trajetória e dos desafios dessa jornada e mostra como é sempre complicado o jeito que as pessoas encaram as mulheres. Diz ela: “Eu produzia um artigo e as pessoas diziam que tinha sido o Sidarta [marido dela]. Produzia outro e diziam que tinha sido outro cientista homem. Produzia mais outro e outro e nada de reconhecimento. Achavam que eu estava sempre auxiliando um homem. Meu nome estava lá, mas as pessoas achavam que eu não deveria estar como autora”. [...] Aos 35, com graduação, mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natá- lia se orgulha de nunca ter saído do Nordeste para estudar. Natural de Fortaleza, de onde herdou o bom humor, e radicada em Natal há 20 anos, foi a única cientista sul-americana indicada ao Prêmio Nature Research Award de 2019, voltado para mulheres cientistas que inspiram outras mulheres. [...] O reconhecimento veio por causa do projeto que desenvolve desde 2016, em que, a partir de um programa de computador, consegue reduzir o tempo do diagnóstico de esquizofrenia, que geralmente leva dois anos — o trabalho contribui para antecipar tratamentos e controlar o distúrbio. [...] O único projeto brasileiro reconhecido em 2019 pela revista científica Nature nasceu da ausência. Por ser mem- bro do laboratório Sono, Sonhos e Memória do Instituto do Cérebro da UFRN, deparou-se com a dificuldade em encontrar exames que auxiliam o diagnóstico das chamadas desordens mentais. [...] Ela conta que conseguiu organizar, por meio do desenvolvimento de um algoritmo computacional, a trajetória das palavras de pacientes com uma entidade matemática. Realizou os primeiros estudos em pacientes já diag- nosticados com o distúrbio. Assim, percebeu que pessoas com esquizofrenia fazem discursos menos conecta- dos, de um jeito em que as frases formadas apresentam um modelo diferente quando comparado com a fala de quem não possui a patologia. [...] Os primeiros protótipos vieram em 2009, quando passou a se dedicar a aprender sobre ferramentas que precisa- va usar na pesquisa. Em pouco tempo, notou que precisava aprender algumas técnicas, como códigos e progra- mas de computação, para não depender sempre de outras pessoas. E adotou uma estratégia: a todos os colegas e profissionais a quem pedia ajuda, solicitava também o passo a passo para garantir autonomia. [...] “Somos flor de mandacaru. Dá na caatinga, é lindo, floresce. Tem gente fazendo muito bonito aqui no Nordeste. A ciência precisa de criatividade e temos uma capacidade criativa imensa no Brasil.” Disponível em: <https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/causador-natalia-mota/>. Acesso em: 7 fev. 2020. Barbara McClintock (1902-1992) Considerada uma das três personalidades mais importantes na área da genética, em uma época em que a maioria dos estudos sobre genes se dava com moscas drosófilas, Barbara McClintock, botânica estaduni- dense, realizou estudos dos cromossomos em milhos. Em 1929, logo após finalizar o doutorado, Barbara trabalhava em uma equipe de pesquisadores em genética do milho e foi nesse grupo que desenvolveu uma nova técnica de análise: squash (esmagamen- 3 29 29 P21_CN_BOOK.indb 29 10/03/2020 12:45:23
  • 32. to), que consistia em espalhar células em uma lâmina, corá-las e achatá-las com outra lâmina, esmagan- do-as. Essa técnica permitia a visualização de cromossomos inteiros, o que não era possível com as de- mais técnicas utilizadas. Observando as células de milho, Barbara descreveu como ocorrem as transposições genéticas. Um fenômeno já conhecido em sua época, o crossing-over, ainda tinha partes do processo não totalmente conhecidas. O crossing-over, ou permutação, acontece apenas nos processos de divisão celular conhecidos como meiose, que ocorre na for- mação de células germinativas, ou seja, as do espermatozoide e do óvulo. Assim, a meiose pre- cisa manter as informações ge- néticas de cada sujeito. Quando ocorre esse processo com cro- mossomos homólogos (seme- lhantes na finalidade genética), pode acontecer de parte de um cromossomo se ligar a outra de outro cromossomo – isso é co- nhecido como permutação, me- canismo muito importante para garantir a variabilidade genética das células que darão origens a outros seres. O que Barbara McClintock observou em uma de suas inú- meras pesquisas foi a transposi- ção genética, que mostra como uma sequência de DNA pode se replicar em certo gene, outro me- canismo de variabilidade genéti- ca, uma vez que a formação da fita de DNA após esse processo terá outra leitura. Chamadas de transposons, essas sequências de DNA se inserem na estrutura do cromossomo e conseguem alterar seu sequenciamento. O trabalho de McClintock foi recebido, inicialmente, com ressalvas, só pelo fato de ela ser mulher. Tanto que seu reconhecimento com o Prêmio Nobel só aconteceu em 1983, mais de 30 anos após sua descoberta. Representação do fenômeno crossing-over, ou permutação. Imagem fora de escala, cores fantasia. Formato Representação de duplicação da sequência de DNA quando da inserção de um transposon. Repetições terminais Transposon Transposase faz cortes alternados no sítio alvo. O transposon é inserido no sítio dos cortes. A replicação preenche os vazios, duplicando as sequências que flanqueiam o transposon. DNA alvo Koiti Yoshida Para saber mais sobre a vida e obra de Barbara McClintock, acesse: • DURBANO, João Paulo Di Monaco. As pesquisas de Barbara McClintock sobre o crossing-over em Zea Mays: 1925-1932. Disponível em: <http://www.abfhib.org/FHB/FHB-10-1/FHB-10-1-04-Joao-Durbano.pdf>. Acesso em: 7 fev. 2020. 30 30 P21_CN_BOOK.indb 30 10/03/2020 12:45:23
  • 33. Vera Rubin (1928-2016) Vera Rubin foi uma astrônoma estadunidense que tentou ingressar, sem sucesso, em um curso de pós- -graduação da Universidade de Princeton, que não permitia mulheres no programa de Astronomia até 1975. Ao mudar de instituição, concluiu os estudos na Universidade Cornell. Ainda jovem, Rubin argumen- tou que as galáxias giravam em torno de um centro. Hoje, esse fato é bastante conhecido, mas na época suas ideias foram pou- co aceitas, demorando mais de 20 anos para serem consideradas corretas. Contudo, a principal con- tribuição de Rubin para a ciência foi a observação de que a veloci- dade com que as estrelas orbitam em torno dos centros de galáxias espirais permanece alta mesmo nas partes mais afastadas desse centro. Isso representava um pro- blema, porque a lei da gravitação universal de Newton dizia que a força de atração gravitacional entre corpos com massa perdia rapida- mente a intensidade à medida que se afastava do centro. Ou seja, era esperado que corpos próximos ao centro girassem mais rápido, e corpos distantes, mais devagar. Essa imagem ilustrativa mostra o tamanho da diferença. Espera- va-se uma velocidade de rotação de acordo com a curva vermelha, ou seja, que decaísse conforme a força gravitacional diminuísse. A única explicação possível para o fenômeno era que a massa das galáxias deveria se estender de forma não visível, além das estrelas e das nuvens de gás mais distantes. Essa massa misteriosa é atualmente conhecida como matéria escura. A matéria escura, que não emite nem absorve luz, representa 85% da massa/densidade do Universo. Como leigos, não sabemos o correto, mas a maioria dos astrofísicos pensa que essa matéria deve ser um novo tipo de partícula, diferente dos bárions familiares (como prótons e nêutrons) em estrelas, planetas e seres humanos. A natureza da matéria escura é um dos grandes mistérios ainda não resolvidos da ciência. Rubin fez sua descoberta trabalhando em estreita colaboração com o colega Kent Ford (1931-), que construiu um espectrógrafo óptico sofisticado, necessário para essas medições precisas. Em 1970, ambos publicaram sua primeira curva de rotação para a galáxia de Andrômeda. Além de astrônoma respeitada, Vera Rubin foi ativista e defensora de mulheres na ciência. 4 Esquema representativo da descoberta de Vera Rubin, no qual a velocidade de rotação do centro para as pontas da galáxia é muito diferente entre o estimado teoricamente e o medido experimentalmente. 50000 100000 100 200 Velocidade Rotacional (km/s) Distância do Centro (em anos luz) medido calculado Shutterstock/Editoria de arte Imagem representativa e artística da região na qual a matéria normal atua (parte rosada) e da região na qual há matéria escura (parte azulada). NASA, ESA, J. Merten, D. Coe Para saber mais sobre Vera Rubin e a matéria escura, acesse: XIMENES, Samuel Jorge Carvalho. Matéria escura no Ensino Médio. Dissertação de Mestrado. Disponível em: <https://www.if.ufrj.br/~pef/producao_academica/dissertacoes/2016_Samuel_Ximenes/ dissertacao_Samuel_Ximenes.pdf>.Acesso em: 7 fev. 2020. 31 31 P21_CN_BOOK.indb 31 10/03/2020 12:45:25
  • 34. Suzana Herculano-Houzel (1972-) Suzana Herculano-Houzel é uma neurocientista brasileira, nascida no Rio de Janeiro, que hoje trabalha nos Estados Unidos. Ela inovou a metodologia de contagem de neurônios do cérebro revelando segredos até então desconhecidos pelos estudos de neurociência. Com pouquíssimo orçamento e muita criatividade, conseguiu desvendar um mistério sobre o cérebro de animais e a inteligência. Por muito tempo, acreditou- -se que a inteligência humana e suas habilidades estavam ligadas à imensa quantidade de neurônios que os seres humanos têm em comparação com qualquer outra espécie do planeta. Mas Suzane derrubou essa tese, revolucionando a neurociência mundial. Leia um trecho de reportagem em que ela narra, pessoalmente, essa epopeia. [...] descobri que os 100 bilhões de neurônios, número suspeitamente redondo, eram apenas uma estimativa de ordem de grandeza, e não resultado de medidas reais. Como em um jogo de telefone sem fio, estimativas citadas erroneamente logo se transformavam em fatos. Revirando a literatura, espantei-me em ver que não conhecía- mos o mais básico sobre o cérebro humano: de quantos neurônios ele é feito e como esse número se compara com o cérebro de outros animais. Afinal, se neurônios são a unidade básica de processamento de informação no cérebro, talvez a razão para nossa capacidade cognitiva inigualável fosse um número também incomparável de neurônios, sobretudo no córtex cerebral, parte mais externa do cérebro e sítio do raciocínio, do planejamento, da compreensão das intenções alheias. Mas esses dados não existiam: já estávamos no século XXI, a neurociên- cia era capaz de manipular moléculas no cérebro e revelar suas conexões – mas ainda não tínhamos os dados mais fundamentais a respeito da quantidade de neurônios nos cérebros. [...] E depois havia um problema óbvio, mas convenientemente deixado de lado. Se o córtex se dobra (sabe-se lá como) conforme ele ganha neurônios, então um córtex mais dobrado deve ter mais neurônios do que outro menos dobrado. E se a espécie humana é a mais cognitivamente capaz, ela deveria ser também a que possui mais neurônios no córtex e, portanto, o córtex mais dobrado. Mas não é. [...] Se o córtex humano não é o mais dobrado de todos, como poderia ser o córtex que tem mais neurônios? A razão do paradoxo era simples: não sabíamos o básico sobre o cérebro. Nem sobre o cérebro humano, nem sobre outros, mais simples, como o de ratos e camundongos. Achávamos que sabíamos que cérebros maiores e mais dobrados sempre têm mais neurônios – mas na verdade não tínhamos nenhuma informação a respeito. Seria necessário voltar ao início e descobrir de quantos neurônios cérebros diferentes são feitos. O método tradicional para contar células diretamente em fatias finíssimas de cérebros era ótimo para estrutu- ras simples, mas não prestaria para cérebros inteiros, altamente heterogêneos em sua distribuição de células. A solução que inventei foi dissolver, literalmente, essa heterogeneidade: destruir a estrutura das células, pre- servando a dos núcleos celulares, de modo a transformar o cérebro em uma sopa de núcleos livres. Como cada célula tem somente um núcleo, contar núcleos seria semelhante a contar células – mas muito mais prático, rápido e sem erros, porque basta agitar a sopa para tornar a distribuição de núcleos perfeitamente homogênea. Assim, basta contar umas quatro amostras da sopa ao microscópio e, em coisa de quinze minutos, é possível saber quantas células aquele cérebro, ou parte do cérebro, possuía antes de ser transformado em sopa. Funciona lindamente, e é um processo tão rápido que em dez anos já determinamos a composição celular do cérebro de mais de 100 espécies. O mais importante, contudo, e decisivo para tornar a empreitada viável é outro aspecto desse método: ele é barato. [...] [...] Agora sabemos que cérebros de mamíferos não são todos feitos da mesma maneira, versões maiores ou menores uns dos outros. Dois cérebros de mesmo tamanho, como de um chimpanzé e de uma vaca, não têm necessariamente o mesmo número de neurônios (o do chimpanzé tem cerca de cinco vezes mais 5 32 32 P21_CN_BOOK.indb 32 10/03/2020 12:45:25
  • 35. neurônios, o que faz sentido dado seu comportamento mais rico e flexível). Cérebros enormes não têm necessariamente mais neurônios do que cérebros menores: o córtex cerebral do elefante, duas vezes maior do que o nosso, é feito de apenas um terço do número de neurônios encontrados em nosso córtex – 16 bilhões de neurônios no nosso, nem mesmo 6 bilhões no deles. O cérebro humano não é extraordinário, ao menos não no sentido literal de ser fora do comum, uma exceção às regras: ele é apenas um cérebro de primata grande, cujo custo calórico elevado é na verdade apenas o que seria esperado, proporcional ao seu grande número de neurônios. [...] [...] Quem mais perto chega dos nossos 16 bilhões são gorilas e orangotangos, com cerca de 9 bilhões, depois chimpanzés e elefantes, com cerca de 6 bilhões. Pelas nossas estimativas, mesmo as baleias não devem passar deste último número. Girafas, porcos e macacos possuem entre 1 e 2 bilhões de neurônios corticais; a grande maioria dos mamíferos fica bem abaixo de 1 bilhão. Como nossa espécie chegou ao maior cérebro primata com esse número de neurônios que nenhum outro animal possui foi por muito tempo um mistério da evolução para o qual nosso trabalho também apontou a saída: a invenção da cozinha por nossos antepassados, cerca de 1,5 milhão de anos atrás. Com uma dieta crua, precisaríamos passar mais de nove horas por dia nos alimentando a fim de conseguir as calorias necessárias para manter vivos tantos neurônios. Ao usar o fogo, começamos a digerir o alimento – a quebrar suas moléculas – antes mesmo de ingeri-lo, aumentando a eficácia do processo e a quantidade de energia absorvida a cada bocado. Passando do cru ao cozido, subitamente se tornou possível não só manter energeticamente um cérebro com cada vez mais neurônios como ainda ter tempo livre para usá-lo. [...] HERCULANO-HOUZEL, Suzana. Ciência e centavos. Folha de S.Paulo, ago. 2015. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/ materia/ciencia-e-centavos/>. Acesso em: 7 fev. 2020. Muito bem, conhecemos o trabalho de cinco brilhantes cientistas! Agora, escolha aquela com a qual mais se identificou e liste os argumentos que influenciaram nessa es- colha. Abrindo o círculo novamente: • apresente aos colegas a imagem da pessoa escolhida e exponha os argumentos da escolha. • da minibiografia, procure uma característica da pessoa, não necessariamente atribuídas a cientistas. • anote em um papel a nova palavra que caracteriza a personalidade escolhida, e explique o porquê da escolha dessa palavra. Em seguida, coloque esse papel dentro da caixa. Terceira rodada Agora é hora de inverter a pergunta. Um por um, vá ao centro, pegue um papel fora da caixa, aquelas que na primeira rodada não se encaixaram com a característica de um cientista, e pergunte para a turma: “Poderá haver um cientista com esta característica: ________ (o que está escrito no papel)?” A resposta parece óbvia! Cientistas são seres humanos e, consequentemente, podem apresentar todas as características inerentes a todos os seres humanos. Vamos encontrar na história cientistas ricos, pobres, humildes, arrogantes, racistas, humanistas, defensores dos direitos humanos, que maltratam animais, aban- donaram seus trabalhos, enfrentaram a tirania, entre outros. Enfim, ciência é um empreendimento humano, feito por seres humanos. O que ocorre é que, por muito tempo, as mulheres foram relegadas a ficar em casa, sem direito a estudo ou ao voto. Mesmo com o passar dos anos, esse processo ainda permanece, criando “caixas” nas quais homens e mulheres precisam se encaixar. Ao término, espera-se que todas as palavras estejam dentro da caixa de cientistas, pois, sendo uma atividade humana, a ciência é feita de seres humanos que podem ter toda característica humana possível. 33 33 P21_CN_BOOK.indb 33 10/03/2020 12:45:25
  • 36. Rodada de encerramento Depois de todo caminho percorrido até aqui, é hora de desfazer os estereótipos. Um por um, você e seus colegas vão ao centro do círculo e cortar um pedaço da caixa de papelão. Por que isso? Esse corte simboliza que qualquer pessoa pode ser cientista se quiser. Assim, quando você for ao centro, cite uma característica SUA, que o define, da seguinte forma: • “Eu gosto de cozinhar e se eu quiser eu posso ser cientista!” ou • “Eu gosto de mecânica de carros, ajudo meu pai na oficina e, se eu quiser, eu posso ser cientista!” Ao dizer essas palavras, rasgue um pedaço da caixa, pois, ao rasgá-lo, você também está se desfazendo dos estereótipos que as pessoas pensam sobre ser cientista. Para finalizar, compartilhe com a turma o que achou sobre o círculo de paz e o que aprendeu com a história dos cientistas, sempre respeitando os turnos de fala dos colegas. Agora que foi vivenciado um círculo de paz, é possível pensar em outros tipos de conflitos que acontecem no ambiente escolar. Mas, para isso, é preciso ir a campo a fim de descobrir quais são os con- flitos mais comuns na escola. Será a partir desse levantamento que vocês vão definir quais conflitos serão trabalhados. Quais são os conflitos mais recorrentes na escola? Para responder a essa questão, é preciso consultar a comunidade escolar – professores, coordenadores, diretor, estudantes de todas as turmas, funcionários em geral. Para isso, formem grupos, organizem perguntas e dividam tarefas para entrevistar todo o conjunto escolar e levantar esses dados. Veja um exemplo de organização Grupo 1: entrevistar professores. Grupo 2: entrevistar demais funcionários da escola Grupo 3: entrevistar turmas A e B Grupo 4: entrevistar turmas C e D Grupo 5: entrevistar turmas E e F. Grupo 6: entrevistar turmas G e H O questionário é bastante simples. Pergunte, por exemplo: • Quais são as situações mais comuns de conflitos na escola? • Essas situações de conflito envolvem que ações ou temas? • As situações de conflito estão ligadas a eventos como horário de entrada e saída, hora do intervalo, dias de muito calor, dias com chuva, aula vaga etc.? Após realizar esse levantamento com a comunidade escolar, é hora de voltar para a sala e discutir as respostas fornecidas, para, em con- Para conferir Ministério Público do estado do rio de janeiro A justiça restaurativa no ambiente escolar. Instaurando o Novo Paradigma. Cartilha publicada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Grupo de Mediação e Resolução de Conflitos. 2016. O documento apresenta a prática dos círculos restaurativos como forma de minimizar os conflitos e estabelecer um novo paradigma de convivência no ambiente escolar. Disponível em: <https:// www.mprj.mp.br/ documents/20184/69946/ cartilha_justica_restaurativa.pdf>. Acesso em: 7 fev. 2020. Trabalho de campo Mais orientações no MP. 34 34 P21_CN_BOOK.indb 34 10/03/2020 12:45:26
  • 37. junto com o ponto de vista de todos, chegar a um consenso sobre as situações conflituosas mais recorrentes na escola. Pode ser que vocês encontrem conflitos que não estão relacionados a nenhum evento associado ao fun- cionamento da escola, pois muitas situações são provenientes do espaço extraescolar. Por outro lado, pode haver situações que se agravam em determinadas condições e isso deve ser avaliado por vocês para definir as situações mais conflituosas recorrentes da escola. Sabe-se da importância dos círculos de Justiça Restaurativa na mediação de conflitos na escola. Já foi feito um mapeamento da escola em busca de um lugar que pudesse acolher essa prática, sempre que necessário. Também foi vivenciado um círculo de paz com a discussão sobre as mulheres nas ciências e identificamos quais são os conflitos mais recorrentes na escola. Em uma escola estadual de São Paulo, estudantes do 1o ano do Ensino Médio construíram um círculo com módulos de paletes de madeira customizados. Acervo pessoal Agora, é importante organizar as ações, mas antes é preciso debater duas questões essenciais ao projeto e oferecer argumentos para elas. Do ponto de vista prático temos duas ações para coordenar: 1. Qual será e como será o espaço de realização do círculo? A realização de um círculo exige um espaço físico silenciosos arejado, que acomode um número gran- de de pessoas. Eventualmente esse espaço na escola precisará ser adaptado para receber da melhor maneira um círculo de paz. O círculo não precisa necessariamente ser construído, mas, se houver material para adaptar algum espaço da escola, será muito bom. 2. Considerando o conflito principal da escola, é preciso elaborar um ROTEIRO de como discutir esse assunto a fim de mediar o conflito. Isso significa dizer: Planejamento da produção Mais orientações no MP. 35 35 P21_CN_BOOK.indb 35 10/03/2020 12:45:27
  • 38. • Qual será o objeto da palavra? • Como será a abertura? • Quais pessoas conduzirão o círculo? • Quais acordos faremos ao realizar esse círculo? • Como será a primeira rodada? E a segunda? • Como será o encerramento? • Quem ficará responsável por cada tarefa? • Quais serão os prazos e modos de realização das tarefas? O que tinha para ser decidido já foi decidido. Agora é mão na massa! De acordo com as tarefas, vamos colocar em prática o que precisa ser feito: mexer nas carteiras, adaptar o lugar onde o círculo será realizado, produzir o passo a passo, imprimir imagens etc. Vamos seguir adiante? Um longo caminho foi percorrido até aqui e chegamos ao resulta- do final. No entanto, apenas a sensação de dever cumprido não basta; é necessário que os conflitos sejam resolvidos, mini- mizados ou mediados. É fundamental também que todos os integrantes da comunidade escolar tenham conheci- mento do trabalho realizado, de suas intenções e objetivos. Discutam e elaborem formas de apresentar à comunidade escolar a natureza do projeto realizado, o papel do círculo construído e como deve ser usado. Podem ser feitas apre- sentações orais, seminários e comunicações em mesas- -redondas, em um evento que tenha como objetivo apresentar e discutir a técnica do círculo de paz. O evento pode ser divulgado com cartazes para serem afixados na escola. Outra possibilidade é a criação de reportagens multimidiáticas, podcasts ou vlogs sobre o círculo de paz, a serem compartilhados nas redes sociais e site da escola ou da turma. Mais orientações no MP. Elaboração do produto final Materiais necessários • Cronômetro (tem no aparelho de telefone celular). • Folhas de papel sulfite. • Tesoura. • 1 mesa (de tampo circular ou retangular). • 1 caixa grande de papelão. • 1 objeto para representar o fazer científico: lupa ou termômetro, por exemplo. Mais orientações no MP. Problemas e desafios práticos são comuns nessa fase. Por isso, é essencial você acompanhar de perto a realização das atividades e tarefas dos estudantes. Apresentação e divulgação Mais orientações no MP. NOTÍCIAS Bruno Badain 36 36 P21_CN_BOOK.indb 36 10/03/2020 12:45:27
  • 39. O último círculo do projeto não é um círculo de Justiça Restaurativa. É um círculo de análise e avaliação de ações. Mais uma vez, tomem posse do objeto de fala, para que toda a turma possa dizer o que acharam da ação realizada, como se sentiram e como as pessoas reagiram a eventuais comentários realizados. As questões a seguir podem ajudar a guiar as falas. Sobre o projeto como um todo 1. Em sua opinião, como ficou o produto final? Responda “bom”, “regular” ou “péssimo” e justifique sua resposta. 2. Quais foram os principais desafios e dificuldades enfrentados neste projeto? Como lidou com eles? 3. Você sente que, do ponto de vista da relação e do respeito com os colegas, algo mudou de antes para depois do projeto? 4. Em sua opinião, como outras pessoas que não participaram do círculo de paz avaliaram o projeto? Cite exemplos, se houver. 5. Considerando tudo o que foi feito, o que você mudaria ou melhoraria neste projeto? Por quê? Sobre você individualmente 1. Quais foram os conhecimentos que adquiriu ou aperfeiçoou com a realização deste projeto? 2. Como foi sua participação para o resultado do produto final? 3. Hoje, você se sente mais apto a realizar outro projeto depois dessa experiência? Por quê? Referências BOYES-WATSON, Carolyn; PRANIS, Kay. No coração da esperança: guia de práticas circulares – o uso de círculos de construção da paz para desenvolver a inteligência emocional, promover a cura e construir relacio- namentos saudáveis. Trad. Fátima De Bastiani. Porto Alegre: Escola Superior da Magistratura da Ajuris/Asso- ciação dos Juízes do Rio Grande do Sul/Projeto Justiça para o século 21, 2011. Nesse livro, são apresentados diversos exemplos de círculos de Justiça Restaurativa de diferentes temas e formatos para auxiliar os estudantes a terem ideias para a formação desses círculos. DISKIN, Lia; ROIZMAN, Laura Gorresio. Paz, como se faz? Semeando cultura de paz nas escolas. UNESCO- DOC Digital Library. Disponível em: <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000130851>. Acesso em: 8 fev. 2020. Cartilha sobre diferentes estratégias da cultura de paz nas escolas e o que é necessário realizar para buscar essa cultura. Análise do resultado Esse tipo de ação não tem constatação imediata. Muitas vezes, determinados aprendizados e vivências levam tempo para reverberar. É por essa razão que o círculo de opiniões dos estudantes é mais importante que a análise objetiva da realização, embora possam existir elementos palpáveis do que deu certo ou errado no percurso e possam ser comentados. 37 37 P21_CN_BOOK.indb 37 10/03/2020 12:45:27
  • 41. Em um oceano de informações, opiniões e notícias é preciso identificar o que é verdadeiro e o que é falso. Ciência, fato No mundo em que vivemos, onde vários tipos de informação são veiculados com muita rapidez, vindos dos mais variados meios de co- municação, nem sempre é tarefa fácil e rápida constatar a veracidade dessas informações. Todos os dias, por intermédio de redes sociais, e-mails e aplicativos de mensagem instantânea, somos bombardeados com notícias de toda natureza, com manchetes atraentes e assuntos em voga na mídia. Mas será que podemos confiar cegamente em tudo o que chega até nós? Pense rápido e responda: • Você já recebeu alguma notícia e ficou em dúvida se era verdadeira ou falsa? • Quando recebe alguma notícia, antes de compartilhá-la com amigos e familiares, você costuma verificar se ela é verdadeira ou falsa? • Você acha que o compartilhamento de notícias falsas pode prejudicar as pessoas? • Quais são as estratégias que você utiliza para verificar se uma notícia é verdadeira ou falsa? Conte suas experiências aos colegas e ouça os relatos de- les, para que todos possam conhecer casos reais sobre a disseminação de notícias, sobretudo das chamadas fake news, termo em inglês que significa “notícias falsas”. Mais orientações no MP. Respostas pessoais. Georgejmclittle/Shutterstock Midiaeducação e desinformação P21_CN_BOOK.indb 39 10/03/2020 12:45:34
  • 42. Projeto 2 CIÊNCIA, FATO E DESINFORMAÇÃO Tema Integrador Midiaeducação Competências e habilidades da BNCC trabalhadas neste projeto* competências gerais 1, 2, 4, 5, 6, 7. competências específicas de ciências da Natureza e suas Tecnologias 2 e 3. habilidades específicas de ciências da Natureza e suas Tecnologias eM13cNT207, eM13cNT303. competências específicas de linguagens e suas Tecnologias 1, 3 e 7. habilidades específicas de linguagens e suas Tecnologias eM13lGG703, eM13lP31, eM13lP34, eM13lP39, eM13lP40. *No final do livro, você encontra o texto das competências e habilidades da BNcc mencionadas nesta ficha. elas também estão disponíveis em: <http://basenacionalcomum.mec.gov. br/abase/#medio>. Acesso em: 19 jan. 2020. fiCha De estuDo objetivos a serem desenvolvidos • uso da lógica e do raciocínio para avaliar notícias. • compreensão da representação gráfica de dados para avaliar notícias. • criação de critérios de avaliação de notícias para atestar sua veracidade. • compreensão das necessidades da comunidade para ava- liar quais notícias cientificas são importantes para ela. • Auxiliar a comunidade a detectar fake news utilizando argu- mentos factíveis, dados e informações confiáveis. • Desenvolver uma mídia de divulgação de conteúdo científi- co de relevância para a comunidade. justifiCativa da pertinência dos objetivos o tema fake news é antigo, afinal, sempre foram inventadas notícias falsas, mas com o advento da internet e a disseminação das redes sociais tornou-se cada vez mais relevante para nossa sociedade, pois agora seu compartilhamento é facilitado. exemplos de notícias falsas em meio a campanhas e processos eleitorais podem gerar desconfian- ça até mesmo em democracias mais sólidas. o mundo todo está en- frentando esse problema, por isso é importante e necessário que todos nós também o enfrentemos, e não só em nível geral, mas como algo que atinge, inclusive, as ciências da Natureza e suas Tecnologias. Ape- nas a título de exemplificação, em 2019, fake news sobre distribuição de bananas com o vírus da Aids, aparelhos de raios X que causam cân- cer, inutilidade das vacinas e contestação sobre o aquecimento global rondaram as redes sociais. ou seja, os temas ligados às ciências da Natureza e suas Tecnologias são igualmente vítimas de notícias falsas. Por isso, é muito importante discutir sobre isso, porque muitas ferra- mentas utilizadas pelas ciências, sobretudo pelas ciências da Natureza e suas Tecnologias, para produzir, divulgar e verificar seus estudos, podem nos ajudar a reconhecer notícias falsas. No Brasil, entretanto, parece que isso é mais grave. em 2018, um ano de muita discussão sobre fake news, uma pesquisa do instituto ipsos re- velou que o Brasil era o primeiro da lista em quantidade de pessoas que “acreditaram em notícias falsas e depois viram que eram mentira” – 62% da população se encaixava nessa categoria, ou seja, duas em cada três pessoas acreditaram em fake news. Nesse mesmo ano, na itália, esse número foi de 29% – uma em cada três pessoas acreditou em fake news. Se esses números mudaram muito ou pouco de 2018 até hoje é algo que deve ser discutido. Porém, mais importante do que isso é per- ceber que esse tema e essa prática precisam ser enfrentados urgen- 40 40 P21_CN_BOOK.indb 40 10/03/2020 12:45:34
  • 43. temente. Neste projeto, você será convidado a planejar, desenvolver e construir um canal de mídia que terá como objetivo apresentar orientações às pessoas de sua comunidade sobre como identificar notícias falsas que circulam por redes sociais, e-mails e aplicativos de mensagem instantânea. Além disso, você também poderá publicar, nesse canal, notícias de cunho científico relevantes para essa comunidade. etaPas do projeto • Problemas e ações Diversos exemplos contemporâneos relacionados ao tema fake News são apresentados a fim de chegar à questão problematizada: “como atestar a veracidade de uma notícia ou informação?”. levando o tema fake news para o campo científico, vocês serão convidados a discutir notícias falsas relacionadas à ciência a fim de construir o produto final deste projeto: um canal de mídia com a finalidade de ensinar às pessoas da comunidade a distinguirem informações falsas ou sensacionalistas das verídicas e selecionar e divulgar notícias de cunho científico relevantes para a comunidade. • ConCeitos e ConteúDos relevantes Nesse momento, tanto o raciocínio lógico como a representação gráfica, ferramentas comuns das ciências, serão apresentados com exemplos de como a manipulação pode ensejar notícias falsas, sensacionalistas ou superficiais. com isso, vocês também conhecerão quais os principais tipos de fake News, a noção de pós-verdade e quais os elementos que textos confiáveis devem ter. • Pesquisa De informações No caso deste projeto, vocês analisarão a estrutura de sites de divulgação científica para compreender quais os elementos textuais, estéticos e estruturais que a divulgação científica normalmente usa e, assim, ter mais elementos para a construção do canal de mídia do projeto. • trabalho De CamPo Vocês vão investigar quais são os tipos de notícias de caráter científico mais compartilhadas por pessoas próximas. esse levantamento tem o intuito de oferecer um quadro dos temas com mais apelo na comunidade e assim ajudar vocês a selecionar, futuramente, as notícias mais relevantes para essa comunidade. • Planejamento Da ProDução Nessa etapa, é hora de definir o plano de trabalho e dividir as tarefas para a produção do canal de mídia. Para isso, são oferecidas sugestões para que vocês, cooperativamente, possam planejar o produto. • elaboração Do ProDuto final essa é a etapa na qual vocês efetivamente vão produzir o canal de mídia escolhido e ensinar a comunidade a identificar notícias falsas, sensacionalistas ou superficiais. • aPresentação e DivulGação o canal de mídia será apresentado à comunidade e como forma de divulgação para outros públicos. Durante a apresentação, também serão colhidos comentários, sugestões e/ou críticas ao canal, por parte da comunidade, a fim de melhorá-lo. • análise Do resultaDo Após a apresentação do canal vocês serão convidados a refletir sobre o próprio processo de aprendizagem e sobre as possibilidades de melhoria do canal de mídia. 41 41 P21_CN_BOOK.indb 41 10/03/2020 12:45:35