SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 7
Descargar para leer sin conexión
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO BRUNO DANTAS,
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU).
Instrumento Jurídico: Representação - Denúncia
JORGE KAJURU REIS DA COSTA NASSER, brasileiro, divorciado,
radialista, atualmente exercendo o cargo eletivo de Senador da República pelo Estado de
Goiás, inscrito no CPF nº 218.405.711- 87, portador da carteira de identidade nº
39.421.421-3 SSP-SP, título de eleitor nº 037777141090 127ª zona seção 162,
encontradiço no Senado Federal Anexo 2 Ala Nilo Coelho, gab 10, Brasília, DF, vem,
por seus advogados infra-assinados, Dr. Rogério Paz Lima, advogado devidamente
inscrito na OAB/GO sob o n. 18.575, e Wagner Ferreira dos Santos Filho, advogado
inscrito na OAB/GO sob o n. 33.807, que recebem as intimações de praxe no escritório
profissional sito no endereço indicado no rodapé da página, endereços eletrônicos
rogerioplima@zipmail.com.br, e wagnerfilho33807@gmail.com, propor perante Vossa
Excelência
REPRESENTAÇÃO
em desfavor de JAIR MESSIAS BOLSONARO, brasileiro, casado,
inscrito no CPF/MF sob o n.º 453178287-91, residente e domiciliado no “Condomínio
Solar de Brasília”, Quadra 02, Conjunto 05, Casa 07, Jardim Botânico, CEP 71680-349,
Brasília/DF;
PEDRO DUARTE GUIMARÃES, ex-presidente da Caixa Econômica
Federal, com objetivo de apurar o prejuízo causado pelas Medidas Provisárias n°
1.106/22 e 1.107/22 sobre o patrimônio da Caixa Econômica Federal, bem como seu
reflexo no FGTS, que foi o garantidor das operações.
Para a quantificação do prejuízo, é necessário que a Corte de Contas
realize uma auditoria financeira e operacional na reserva de liquidez do banco estatal,
bem como no fundo do FGTS.
1 – DOS FATOS
As Medidas Provisórias n° 1.106/22 e 1.107/22 foram dois instrumentos
utilizados por Jair Messias Bolsonaro em sua tentativa de reeleição. Os instrumentos
normativos criaram o Programa de Simplificação do Microcrédito Digital para
Empreendedores (SIM Digital) e o empréstimo consignado para beneficiários do
Auxílio Brasil.
A ideia era destinar mais de R$ 10 bilhões à população mais vulnerável
como forma de angariar votos nas eleições de 2022, pois era esse grupo,
historicamente, esteve sob a influência política de Luiz Inácio Lula da Silva.
Jair Bolsonaro e seus auxiliares, especialmente Pedro Guimarães, com
má-fé e irresponsabilidade, criaram e executaram os dois programas de sociais com
objetivos eleitoreiros. Aliás, em nossa história recente, pós-ditadura militar, o Brasil
ainda não havia experimentado o uso maçivo da Administração Pública Federal em
plena campanha eleitoral.
O programa SIM DIGITAL, criado pela Medida Provisória n° 1.107/22
visava colocar R$ 3 bilhões nas mãos de pessoas naturais e microempreendedores
individuais inscritos em cadastros de proteção ao crédito, popularmente chamados de
negativados.
Essa era uma medida de altíssimo risco, pois o resgate desses recursos
era quase impossível pela falta de garantias. Para colocar a medida em prática, a
Medida Provisória preveu o uso do FGTS como garantidor, ou seja, o dinheiro dos
trabalhadores foi colocado em risco nessa empreitada eleitoral.
A Medida Provisória n°1.106/22 criou outro programa em pleno período
de campanha eleitoral, o empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil.
Trata-se outro programa controverso, pois as pessoas que receberam o benefício são
vulneráveis e enfrentam dificuldade para alcançar suas necessidades básicas.
Obviamente, oferecer empréstimos a elas é uma insanidade.
O próprio Auxílio Brasil visava assegurar a alimentação e não fazia
nenhum sentido oferecer empréstimos aos beneficiários.
No dia 29 de maio de 2023(segunda-feira), uma reportagem veiculada
pelo portal de notícias UOL revelou que as duas manobras eleitoreiras geraram um
“calote bilionário à Caixa Econômica Federal”.
Link de acesso à matéria:
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/05/29/a-caixa-preta-
da-caixa.htm
Um trecho da reportagem está transcrito abaixo:
No início de 2022, Jair Bolsonaro viu ruir sua primeira cartada
na busca pelos votos das pessoas mais pobres. A criação do Auxílio
Brasil não havia gerado o efeito esperado nas pesquisas. O então
presidente decidiu dobrar a aposta. Para isso, recrutou um aliado: a
Caixa Econômica Federal.
Por medida provisória, foram criadas duas linhas de crédito na
Caixa para essa fatia do eleitorado. Até a eleição, o banco estatal
liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas.
Bolsonaro não se reelegeu, e a política de torneira aberta
deixou para trás um calote bilionário nas contas do banco, que só
agora começa a ser conhecido.
O UOL teve acesso a informações que eram mantidas pela
Caixa em segredo. E explica nesta reportagem como um banco estatal
de 162 anos foi usado como arma da campanha de Bolsonaro, se
valendo de manobras inéditas, sem transparência, que expuseram a
instituição a um nível de risco inédito na história recente.
O que aconteceu Em 17 de março de 2022, Bolsonaro e o então
presidente da Caixa, Pedro Guimarães, assinaram duas medidas
provisórias:
 A primeira criava uma linha de microcrédito para pessoas
com nome sujo. Até as eleições, a Caixa emprestou R$ 3
bilhões no programa, chamado de SIM Digital. Mas muito
pouco desse dinheiro retornou. A inadimplência chegou a
80% neste ano, segundo a atual presidente do banco.
Parte do rombo deve ser coberto com verbas do FGTS.
 A outra liberava empréstimos consignados ao Auxílio
Brasil. Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a
Caixa liberou R$ 7,6 bilhões. O programa é criticado por
reduzir o valor do benefício social para pagar o
empréstimo. Mais de 100 mil devedores foram excluídos
do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas do
crédito é incerto.
A aventura eleitoral também custou a queima de reservas da
Caixa. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo
— um indicador de risco — chegou ao menor nível já registrado pelo
banco.
Procurada, a Caixa se negou a compartilhar dados. Por nota,
disse que "observa a legislação vigente em todos os seus processos".
Neste primeiro momento, o banco afirmou ainda que os valores do SIM
Digital apurados pela reportagem estavam errados.
Depois, com a insistência do UOL, a Caixa acrescentou que "o
banco divulga suas informações em linha com as melhores práticas do
mercado". Na nova nota, a assessoria do banco admitiu que os
números levantados pela reportagem estão corretos.
Pedro Guimarães não quis comentar. O UOL também procurou
o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que não respondeu.
Como visto, a reportagem obteve informações que estavam sendo
mantidas em sigilo pela Caixa Econômica Federal. Os dados, no entanto, informam
um prejuízo expressivo atibuído às medidas eleitoreiras supracitadas.
Segundo a apuração, o SIM DIGITAL apresentou inadimplência recorde
ocorrida logo no primeiro mês e não trouxe vantagem a Jair Bolsonaro nas pesquisas.
Diante da inadimplência, o banco utilizou apenas o saldo do fundo
garantidor do FGTS, que era de R$ 3 bilhões. Desse montante, emprestou 86%, algo
em torno de 2,6%.
Em pouco tempo após o fiasco, surgiram denúncias de assédio sexual e
moral que derrubaram Pedro Guimarães da presidência da estatal. Sem Guimarães na
condução e com grande inadimplência, a Caixa suspendeu o Sim Digital. Ocorre que
o prejuízo foi absorvido pelo FGTS, que é dos trabalhadores.
Segundo a matéria, cerca de 80% dos empréstimos estão inadimplentes,
portanto o prejuízo pode ter chegado a R$ 2,4 bilhões.
O empréstimo aos beneficiários do Auxílio Brasil era solicitado pela
pessoa responsável familiar da família beneficiária, por meio de instituições
financeiras habilitadas. A parcela do empréstimo poderia chegar a 40% do valor do
benefício. Ou seja, se o benefício fosse de R$ 600, a parcela descontada chegaria a
R$ 240.
O pagamento será descontado mensalmente, direto no benefício da
família. O parcelamento era de até 24 meses.
O empréstimo foi executado durante a campanha eleitoral e suscitou
discussões jurídicas em todas as esferas. Segundo o Uol, a Caixa liberou R$ 7,6
bilhões até o final do segundo turno. Os prejuízos, todavia, podem ser expressivo,
pois o Governo Federal vem fazendo um pente-fino e cancelando benefícios.
Mais de 104 mil beneficiários, que pegaram os empréstimos, já tiveram o
benefício cortado. A espectativa é que mais pessoas sejam retiradas do programa.
A consequência é lógica, isto é, sem o depósito do benefício, as parcelas
não serão descontadas e a instituição financeira arcará com o prejuízo. Destaca-se
que os grandes bancos optaram em não oferecer essa linha de crédito. A Caixa,
entretanto, assumiu o papel de executor da estratégia eleitoral.
Outros fatos revelados também são preocupantes, pois a Caixa teria
reduzido drasticamente o volume de sua reserva de liquidez no mesmo período em as
manobras eleitoreiras estavam em vigor. Veja-se.
Resultado: rombo na Caixa
Para atender as medidas provisórias de Bolsonaro, a Caixa precisou
reduzir seus ativos de alta liquidez — quantidade de dinheiro mínima
que o Banco Central obriga as instituições bancárias a terem sempre
disponível, para evitar uma quebra.
No final do ano eleitoral, o montante chegou a R$ 162 bilhões — R$ 70
bilhões a menos que no ano anterior. É o volume mais baixo da série
histórica, iniciada em 2017.
As circunstâncias comprovam que a gestão anterior levou a Caixa a um
estado crítico, deixando-a exposta a um colapso de liquidez, visto que é o braço
executor de diversos programas sociais.
2 - CONCLUSÃO
Os fatos trazidos acima apresentam resultados lesivos ao Erário. Estes
são as consquências de um robusto processo de instrumentalização da Administração
Pública voltado para a campanha eleitoral.
A criação e a instrumentalização de programas sociais com o único
objetivo de interferir no pleito é uma infração grave, pois representa abuso do poder
político e econômico, pois teve o objetivo de impactar na disputa entre candidatos.
Para a quantificação do prejuízo, é necessário que a Corte de Contas
realize dus espécies de auditoria, a financeira e operacional, com ênfase na reserva
de liquidez da CAIXA e na aplicação dos recursos do FGTS como garantidor do
SIM DIGITAL.
Outro ponto essencial é análise do nível de risco que o banco estatal foi
exposto durante a manobra eleitoreira, com a quantificação do prejuízo real.
Ademais, os agentes responsáveis precisam ser punidos.
Goiânia, 29 de maio de 2023.
JORGE KAJURU REIS DA COSTA NASSER
SENADOR DA REPÚBLICA PSB/GO
WAGNER FERREIRA DOS SANTOS FILHO
OAB/GO 33.807
ROGÉRIO PAZ LIMA
OAB/GO 18.575

Más contenido relacionado

Similar a Representação Rombo da Caixa - TCU - final.pdf

A falsa tese do mensalão 5
A falsa tese do mensalão 5A falsa tese do mensalão 5
A falsa tese do mensalão 5
megacidadania
 
A falsa tese do mensalão 5
A falsa tese do mensalão 5A falsa tese do mensalão 5
A falsa tese do mensalão 5
megacidadania
 
Afalsatesedomensalo5 130226073034-phpapp02
Afalsatesedomensalo5 130226073034-phpapp02Afalsatesedomensalo5 130226073034-phpapp02
Afalsatesedomensalo5 130226073034-phpapp02
Tom Pereira
 
EDIÇÃO 376 DE 08 DE ABRIL DE 2020
EDIÇÃO 376 DE 08 DE ABRIL DE 2020EDIÇÃO 376 DE 08 DE ABRIL DE 2020
EDIÇÃO 376 DE 08 DE ABRIL DE 2020
Afonso Pena
 
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
fopemimpe
 
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
fopemimpe
 
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
fopemimpe
 
Briefing 20/10
Briefing 20/10Briefing 20/10
Briefing 20/10
Belmmen
 
Jornal 130117102828-phpapp02
Jornal 130117102828-phpapp02 Jornal 130117102828-phpapp02
Jornal 130117102828-phpapp02
Flavio Chaves
 

Similar a Representação Rombo da Caixa - TCU - final.pdf (20)

Revista veja
Revista vejaRevista veja
Revista veja
 
Pronto.com
Pronto.com Pronto.com
Pronto.com
 
A falsa tese do mensalão 5
A falsa tese do mensalão 5A falsa tese do mensalão 5
A falsa tese do mensalão 5
 
A falsa tese do mensalão 5
A falsa tese do mensalão 5A falsa tese do mensalão 5
A falsa tese do mensalão 5
 
Afalsatesedomensalo5 130226073034-phpapp02
Afalsatesedomensalo5 130226073034-phpapp02Afalsatesedomensalo5 130226073034-phpapp02
Afalsatesedomensalo5 130226073034-phpapp02
 
Carta à equipe econômica
Carta à equipe econômicaCarta à equipe econômica
Carta à equipe econômica
 
Marco 3
Marco 3Marco 3
Marco 3
 
EDIÇÃO 376 DE 08 DE ABRIL DE 2020
EDIÇÃO 376 DE 08 DE ABRIL DE 2020EDIÇÃO 376 DE 08 DE ABRIL DE 2020
EDIÇÃO 376 DE 08 DE ABRIL DE 2020
 
Public Affairs - Boletim Mensal | Fevereiro 2018
Public Affairs - Boletim Mensal | Fevereiro 2018Public Affairs - Boletim Mensal | Fevereiro 2018
Public Affairs - Boletim Mensal | Fevereiro 2018
 
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
 
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
 
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
Informativo da secretaria de comércio e serviços 219
 
Boletim de Conjuntura 58 - J S Gabrielli
Boletim de Conjuntura 58 - J S GabrielliBoletim de Conjuntura 58 - J S Gabrielli
Boletim de Conjuntura 58 - J S Gabrielli
 
16 Edição Jornal noticias da Fronteira 27/09/2013
16 Edição Jornal noticias da Fronteira 27/09/201316 Edição Jornal noticias da Fronteira 27/09/2013
16 Edição Jornal noticias da Fronteira 27/09/2013
 
Apagão na Indústria
Apagão na IndústriaApagão na Indústria
Apagão na Indústria
 
Briefing 20/10
Briefing 20/10Briefing 20/10
Briefing 20/10
 
Jornal digital - 3 de janeiro de 2017
Jornal digital - 3 de janeiro de 2017Jornal digital - 3 de janeiro de 2017
Jornal digital - 3 de janeiro de 2017
 
Edição do dia 19
Edição do dia 19Edição do dia 19
Edição do dia 19
 
Jornal digital 27 04-18
Jornal digital 27 04-18Jornal digital 27 04-18
Jornal digital 27 04-18
 
Jornal 130117102828-phpapp02
Jornal 130117102828-phpapp02 Jornal 130117102828-phpapp02
Jornal 130117102828-phpapp02
 

Más de Aquiles Lins

Más de Aquiles Lins (20)

Pesquisa-prefeitura-SP
Pesquisa-prefeitura-SPPesquisa-prefeitura-SP
Pesquisa-prefeitura-SP
 
Acórdão Final - TCU
Acórdão Final - TCUAcórdão Final - TCU
Acórdão Final - TCU
 
Estudo BNDES e Mercado
Estudo BNDES e Mercado Estudo BNDES e Mercado
Estudo BNDES e Mercado
 
Convocação Wellington Macedo
Convocação Wellington MacedoConvocação Wellington Macedo
Convocação Wellington Macedo
 
Sentença (2).pdf
Sentença (2).pdfSentença (2).pdf
Sentença (2).pdf
 
Pesquisa Febraban-Ipespe
Pesquisa Febraban-IpespePesquisa Febraban-Ipespe
Pesquisa Febraban-Ipespe
 
Decisão ministro Cristiano Zanin
Decisão ministro Cristiano Zanin Decisão ministro Cristiano Zanin
Decisão ministro Cristiano Zanin
 
Relatório - subsecretaria - Rogerio Correia - Anderson Torres.pdf
Relatório - subsecretaria - Rogerio Correia - Anderson Torres.pdfRelatório - subsecretaria - Rogerio Correia - Anderson Torres.pdf
Relatório - subsecretaria - Rogerio Correia - Anderson Torres.pdf
 
Despacho Toffoli Tony Garcia
Despacho Toffoli Tony Garcia Despacho Toffoli Tony Garcia
Despacho Toffoli Tony Garcia
 
Sinprev contesta Deyvid Bacelar
Sinprev contesta Deyvid Bacelar Sinprev contesta Deyvid Bacelar
Sinprev contesta Deyvid Bacelar
 
Novo relatório da Reforma Tributária
Novo relatório da Reforma Tributária Novo relatório da Reforma Tributária
Novo relatório da Reforma Tributária
 
Ação cautelar MP-PI contra prefeito de Barro Duro
Ação cautelar MP-PI contra prefeito de Barro DuroAção cautelar MP-PI contra prefeito de Barro Duro
Ação cautelar MP-PI contra prefeito de Barro Duro
 
Lindbergh pede a demissão de Campos Neto
Lindbergh pede a demissão de Campos NetoLindbergh pede a demissão de Campos Neto
Lindbergh pede a demissão de Campos Neto
 
Análise da PF material encontrado com Marco do Val
Análise da PF material encontrado com Marco do ValAnálise da PF material encontrado com Marco do Val
Análise da PF material encontrado com Marco do Val
 
Minuta_ Decisão Liminar - RCL 60201Assinado (1).pdf
Minuta_ Decisão Liminar - RCL 60201Assinado (1).pdfMinuta_ Decisão Liminar - RCL 60201Assinado (1).pdf
Minuta_ Decisão Liminar - RCL 60201Assinado (1).pdf
 
Parecer técnico desmente voz de Eduardo Appio
Parecer técnico desmente voz de Eduardo AppioParecer técnico desmente voz de Eduardo Appio
Parecer técnico desmente voz de Eduardo Appio
 
Painel-CAMINHONEIROS
Painel-CAMINHONEIROSPainel-CAMINHONEIROS
Painel-CAMINHONEIROS
 
Moraes liberta Anderson Torres
Moraes liberta Anderson TorresMoraes liberta Anderson Torres
Moraes liberta Anderson Torres
 
Decisão Operação Venire
Decisão Operação Venire Decisão Operação Venire
Decisão Operação Venire
 
Agrishow cancela abertura
Agrishow cancela abertura Agrishow cancela abertura
Agrishow cancela abertura
 

Representação Rombo da Caixa - TCU - final.pdf

  • 1. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO BRUNO DANTAS, PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU). Instrumento Jurídico: Representação - Denúncia JORGE KAJURU REIS DA COSTA NASSER, brasileiro, divorciado, radialista, atualmente exercendo o cargo eletivo de Senador da República pelo Estado de Goiás, inscrito no CPF nº 218.405.711- 87, portador da carteira de identidade nº 39.421.421-3 SSP-SP, título de eleitor nº 037777141090 127ª zona seção 162, encontradiço no Senado Federal Anexo 2 Ala Nilo Coelho, gab 10, Brasília, DF, vem, por seus advogados infra-assinados, Dr. Rogério Paz Lima, advogado devidamente inscrito na OAB/GO sob o n. 18.575, e Wagner Ferreira dos Santos Filho, advogado inscrito na OAB/GO sob o n. 33.807, que recebem as intimações de praxe no escritório profissional sito no endereço indicado no rodapé da página, endereços eletrônicos rogerioplima@zipmail.com.br, e wagnerfilho33807@gmail.com, propor perante Vossa Excelência REPRESENTAÇÃO em desfavor de JAIR MESSIAS BOLSONARO, brasileiro, casado, inscrito no CPF/MF sob o n.º 453178287-91, residente e domiciliado no “Condomínio Solar de Brasília”, Quadra 02, Conjunto 05, Casa 07, Jardim Botânico, CEP 71680-349, Brasília/DF; PEDRO DUARTE GUIMARÃES, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, com objetivo de apurar o prejuízo causado pelas Medidas Provisárias n° 1.106/22 e 1.107/22 sobre o patrimônio da Caixa Econômica Federal, bem como seu reflexo no FGTS, que foi o garantidor das operações.
  • 2. Para a quantificação do prejuízo, é necessário que a Corte de Contas realize uma auditoria financeira e operacional na reserva de liquidez do banco estatal, bem como no fundo do FGTS. 1 – DOS FATOS As Medidas Provisórias n° 1.106/22 e 1.107/22 foram dois instrumentos utilizados por Jair Messias Bolsonaro em sua tentativa de reeleição. Os instrumentos normativos criaram o Programa de Simplificação do Microcrédito Digital para Empreendedores (SIM Digital) e o empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil. A ideia era destinar mais de R$ 10 bilhões à população mais vulnerável como forma de angariar votos nas eleições de 2022, pois era esse grupo, historicamente, esteve sob a influência política de Luiz Inácio Lula da Silva. Jair Bolsonaro e seus auxiliares, especialmente Pedro Guimarães, com má-fé e irresponsabilidade, criaram e executaram os dois programas de sociais com objetivos eleitoreiros. Aliás, em nossa história recente, pós-ditadura militar, o Brasil ainda não havia experimentado o uso maçivo da Administração Pública Federal em plena campanha eleitoral. O programa SIM DIGITAL, criado pela Medida Provisória n° 1.107/22 visava colocar R$ 3 bilhões nas mãos de pessoas naturais e microempreendedores individuais inscritos em cadastros de proteção ao crédito, popularmente chamados de negativados. Essa era uma medida de altíssimo risco, pois o resgate desses recursos era quase impossível pela falta de garantias. Para colocar a medida em prática, a Medida Provisória preveu o uso do FGTS como garantidor, ou seja, o dinheiro dos trabalhadores foi colocado em risco nessa empreitada eleitoral. A Medida Provisória n°1.106/22 criou outro programa em pleno período de campanha eleitoral, o empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil. Trata-se outro programa controverso, pois as pessoas que receberam o benefício são vulneráveis e enfrentam dificuldade para alcançar suas necessidades básicas. Obviamente, oferecer empréstimos a elas é uma insanidade. O próprio Auxílio Brasil visava assegurar a alimentação e não fazia nenhum sentido oferecer empréstimos aos beneficiários.
  • 3. No dia 29 de maio de 2023(segunda-feira), uma reportagem veiculada pelo portal de notícias UOL revelou que as duas manobras eleitoreiras geraram um “calote bilionário à Caixa Econômica Federal”. Link de acesso à matéria: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/05/29/a-caixa-preta- da-caixa.htm Um trecho da reportagem está transcrito abaixo: No início de 2022, Jair Bolsonaro viu ruir sua primeira cartada na busca pelos votos das pessoas mais pobres. A criação do Auxílio Brasil não havia gerado o efeito esperado nas pesquisas. O então presidente decidiu dobrar a aposta. Para isso, recrutou um aliado: a Caixa Econômica Federal. Por medida provisória, foram criadas duas linhas de crédito na Caixa para essa fatia do eleitorado. Até a eleição, o banco estatal liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas. Bolsonaro não se reelegeu, e a política de torneira aberta deixou para trás um calote bilionário nas contas do banco, que só agora começa a ser conhecido. O UOL teve acesso a informações que eram mantidas pela Caixa em segredo. E explica nesta reportagem como um banco estatal de 162 anos foi usado como arma da campanha de Bolsonaro, se valendo de manobras inéditas, sem transparência, que expuseram a instituição a um nível de risco inédito na história recente. O que aconteceu Em 17 de março de 2022, Bolsonaro e o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, assinaram duas medidas provisórias:  A primeira criava uma linha de microcrédito para pessoas com nome sujo. Até as eleições, a Caixa emprestou R$ 3 bilhões no programa, chamado de SIM Digital. Mas muito pouco desse dinheiro retornou. A inadimplência chegou a 80% neste ano, segundo a atual presidente do banco. Parte do rombo deve ser coberto com verbas do FGTS.  A outra liberava empréstimos consignados ao Auxílio
  • 4. Brasil. Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões. O programa é criticado por reduzir o valor do benefício social para pagar o empréstimo. Mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas do crédito é incerto. A aventura eleitoral também custou a queima de reservas da Caixa. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo — um indicador de risco — chegou ao menor nível já registrado pelo banco. Procurada, a Caixa se negou a compartilhar dados. Por nota, disse que "observa a legislação vigente em todos os seus processos". Neste primeiro momento, o banco afirmou ainda que os valores do SIM Digital apurados pela reportagem estavam errados. Depois, com a insistência do UOL, a Caixa acrescentou que "o banco divulga suas informações em linha com as melhores práticas do mercado". Na nova nota, a assessoria do banco admitiu que os números levantados pela reportagem estão corretos. Pedro Guimarães não quis comentar. O UOL também procurou o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que não respondeu. Como visto, a reportagem obteve informações que estavam sendo mantidas em sigilo pela Caixa Econômica Federal. Os dados, no entanto, informam um prejuízo expressivo atibuído às medidas eleitoreiras supracitadas. Segundo a apuração, o SIM DIGITAL apresentou inadimplência recorde ocorrida logo no primeiro mês e não trouxe vantagem a Jair Bolsonaro nas pesquisas. Diante da inadimplência, o banco utilizou apenas o saldo do fundo garantidor do FGTS, que era de R$ 3 bilhões. Desse montante, emprestou 86%, algo em torno de 2,6%. Em pouco tempo após o fiasco, surgiram denúncias de assédio sexual e moral que derrubaram Pedro Guimarães da presidência da estatal. Sem Guimarães na condução e com grande inadimplência, a Caixa suspendeu o Sim Digital. Ocorre que o prejuízo foi absorvido pelo FGTS, que é dos trabalhadores.
  • 5. Segundo a matéria, cerca de 80% dos empréstimos estão inadimplentes, portanto o prejuízo pode ter chegado a R$ 2,4 bilhões. O empréstimo aos beneficiários do Auxílio Brasil era solicitado pela pessoa responsável familiar da família beneficiária, por meio de instituições financeiras habilitadas. A parcela do empréstimo poderia chegar a 40% do valor do benefício. Ou seja, se o benefício fosse de R$ 600, a parcela descontada chegaria a R$ 240. O pagamento será descontado mensalmente, direto no benefício da família. O parcelamento era de até 24 meses. O empréstimo foi executado durante a campanha eleitoral e suscitou discussões jurídicas em todas as esferas. Segundo o Uol, a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões até o final do segundo turno. Os prejuízos, todavia, podem ser expressivo, pois o Governo Federal vem fazendo um pente-fino e cancelando benefícios. Mais de 104 mil beneficiários, que pegaram os empréstimos, já tiveram o benefício cortado. A espectativa é que mais pessoas sejam retiradas do programa. A consequência é lógica, isto é, sem o depósito do benefício, as parcelas não serão descontadas e a instituição financeira arcará com o prejuízo. Destaca-se que os grandes bancos optaram em não oferecer essa linha de crédito. A Caixa, entretanto, assumiu o papel de executor da estratégia eleitoral. Outros fatos revelados também são preocupantes, pois a Caixa teria reduzido drasticamente o volume de sua reserva de liquidez no mesmo período em as manobras eleitoreiras estavam em vigor. Veja-se. Resultado: rombo na Caixa Para atender as medidas provisórias de Bolsonaro, a Caixa precisou reduzir seus ativos de alta liquidez — quantidade de dinheiro mínima que o Banco Central obriga as instituições bancárias a terem sempre disponível, para evitar uma quebra. No final do ano eleitoral, o montante chegou a R$ 162 bilhões — R$ 70 bilhões a menos que no ano anterior. É o volume mais baixo da série histórica, iniciada em 2017.
  • 6. As circunstâncias comprovam que a gestão anterior levou a Caixa a um estado crítico, deixando-a exposta a um colapso de liquidez, visto que é o braço executor de diversos programas sociais. 2 - CONCLUSÃO Os fatos trazidos acima apresentam resultados lesivos ao Erário. Estes são as consquências de um robusto processo de instrumentalização da Administração Pública voltado para a campanha eleitoral. A criação e a instrumentalização de programas sociais com o único objetivo de interferir no pleito é uma infração grave, pois representa abuso do poder político e econômico, pois teve o objetivo de impactar na disputa entre candidatos.
  • 7. Para a quantificação do prejuízo, é necessário que a Corte de Contas realize dus espécies de auditoria, a financeira e operacional, com ênfase na reserva de liquidez da CAIXA e na aplicação dos recursos do FGTS como garantidor do SIM DIGITAL. Outro ponto essencial é análise do nível de risco que o banco estatal foi exposto durante a manobra eleitoreira, com a quantificação do prejuízo real. Ademais, os agentes responsáveis precisam ser punidos. Goiânia, 29 de maio de 2023. JORGE KAJURU REIS DA COSTA NASSER SENADOR DA REPÚBLICA PSB/GO WAGNER FERREIRA DOS SANTOS FILHO OAB/GO 33.807 ROGÉRIO PAZ LIMA OAB/GO 18.575