1. Nota da Editora
A quinta edição de Cartas para
Madame Austen já chegou!
Espero que gostem!
Madame Austen
Colunista desta edição: Fanny Price!
ABRIL/2013 EDIÇÃO 05
Cartas Para Madame AustenCartas Para Madame AustenCartas Para Madame AustenCartas Para Madame Austen
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Há sempre algo a dizer para consolar uma donzela desesperada
ou uma senhora de respeito!
2. A quinta edição traz um volume com respos-
tas únicas da nossa querida Fanny Price!
Levando em consideração o tempo e a
escolha de palavras que nossa heroina
usou, decidimos publicar apenas duas
cartinhas nessa edição e fazermos uma es-
pecíe de homenagem a Fanny Price!
Muitos leitores não se ideintificam com a
heroina de Mansfield Park por ela ser muito
diferente das outras, principalmente de
Elizabeth Bennet!
As duas têm seu charme e encantos! E por
isso, decidimos colocar Fanny em destaque!
Viva a personagem que também sabe ser
uma mulher muito à frente de seu tempo!
Viva Fanny Price!
Até a próxima!
Madame Austen
Mansfield Park mostra uma heroina muito diferente
das demais!
EDITORIAL
3. Querida Jane,
Preciso de um auxílio. Peço que me mostre
maneiras de viver bravamente. Sei que tuas
heroínas são exemplo, mas é tão difícil colocar
em prática... ajude-me a adotar aquela
audácia e confiança no dia-a-dia, e a não
fechar portas que poderiam me levar a um
lugar melhor. Ajude-me a não virar as costas
a qualquer homem que me olhe docemente
por pensar que seria ele a me virar as costas
mais cedo ou mais tarde. Dê-me um conselho
para esquecer as dores do passado e a força
para abrir-me às novas oportunidades da
vida. Ensina-me a erguer e cabeça e me achar
a mulher linda que somos todas nós. A ter
ânimo para estudar, trabalhar, vencer e
amar. Sempre amar. Conceda-me sua
coragem, querida Jane.
Sua, Anne
Querida Anne,
É certo que a tentação de jamais arriscar é
enorme. Ela inclusive nos provê com uma
excelente justificativa perante nossa sociedade:
a de que somos cuidadosas e precavidas,
meninas de família respeitável o que significa
que sabem dominar seus impulsos e seus
desejos, se é que eles existem. Em parte essas
são atribuições deveras desejadas e significam
que aprendemos que é importante nos
protegermos.
Por outro lado há sempre o sonho, a ilustração
em nossas mentes sobre ter uma vida amorosa
e familiar que responda aos nossos anseios.
Sei que muitas vezes esse sonho parece não
ser facilmente acessível a nós. Mas é um
desejo que me parece ser o seu, e que
consiste em queremos ter algo mais do que
aquilo que é óbvio, do que parece pronto e
seguro.
Pois bem, querida Anne, há que se fazer
algumas pequenas escolhas em todo nosso
percurso, queira a senhorita ou não. Falo aqui
de muitos tipos de escolhas e sim, entre elas,
para qual cavalheiro devemos orientar nossos
olhares, e nossa conversação. Em qual
cavalheiro nos permitimos depositar a
esperança de que brote algo mais do que
amizade.
Cada escolha, minha querida, tem suas
consequências e é de grande auxílio
contemplar a possibilidade destas - ao menos
tanto quanto é possível fazê-lo do lugar onde
estamos, ou seja: antes de escolher. Mas aqui
preciso ser enfática com a senhorita: é de
pouca ajuda se manter submissa diante da
imperiosidade de escolher.
... continua na página seguinte...
ESQUECER AS DORES DO PASSADO
4. Aqui vai a semente de meu acima requisitado
conselho: se a senhorita não escolhe, outros
escolherão pela senhorita. Pois se a senhorita
não toma as rédeas de suas ações, estará de
qualquer forma escolhendo deixar que outros –
ou que o destino - de alguma forma o faça.
Acredite, eu mesma já provei essa opção por
um longo tempo, e deixei que outros
escolhessem por mim. Parecia mais seguro e, a
bem da verdade, eu não tinha muita consciência
de minhas forças para lidar com os resultados.
Até que me dei conta de que se tivesse que
cometer erros, era melhor que cometesse os
meus próprios, e não os erros de outras
pessoas. Afinal, a vida pertence a mim, assim
como pertencem todos os meus sucessos e os
meus equívocos.
Percebo que muitas de nós mulheres evitamos
escolher por nós próprias para nos iludirmos de
que assim estaremos protegidas, estaremos
fugindo do sofrimento. Aqui segue mais uma
marcação um pouco assertiva, mas necessária,
minha querida Anne: muitas de nós deixamos
de escolher porque não queremos assumir a
responsabilidade de um possível erro, e por
conseguinte, do sofrimento que disso decorre. O
sofrimento é a tradução em sentidos de que
somos falíveis e de que não estamos serenas
diante das perguntas e dos confrontamentos
que a vida nos traz.
Parece mais prático deixar o outro nos escolher.
Ou deixar o destino escolher por nós. Porque
assim, a falibilidade pode ser atribuída a eles –
e não a nós mesmas.
Qual a repercussão disso em sua história,
minha querida? Simples: quando a senhorita
escolhe não dar uma chance a um cavalheiro
com bons precedentes e boa apresentação,
pode até estar se livrando de algum sofrimento,
mas também estará deixando de lado a chance
de realizar aquele sonho acima mencionado. A
senhorita pode inclusive atribuir a ele uma falta
de convencimento necessário de suas
intenções, porém poderá também estar
escolhendo amargar por um bom tempo a grande
dúvida sobre o que teria acontecido se não
tivesse arriscado. Afinal de contas: isso também
não é sofrimento?
Deixe-me lhe esclarecer uma coisa. Sofrimento
também é parte da vida... erros também dão a
esta sua substância. E pode parecer paradoxal,
mas na verdade tanto um quanto o outro nos
fazem mais sábias, mais sensíveis, mais
empáticas. Mais capazes de fazer novas – e
melhores – escolhas.
escolhido para nós. Podemos até perder algumas
coisas quando escolhemos, pois essa é a
essência da escolha. Porém uma coisa ganhamos
por certeza: a experiência de que PODEMOS
atuar sobre nossa infelicidade – a certeza de que
essa infelicidade não nos é jamais imposta.
... continua na página seguinte...
… CONTINUAÇÃO
5. Não há solução: não temos como acertar
sempre. Não temos como saber de antemão se
um encontro vai florescer ou não. Em algum
momento teremos que enfrentar nosso
equívocos, e o sofrimento que advém deles.
Entrementes, se somos capazes disso, somos
também capazes de aprender... e quando o
cavalheiro que mais se aproxima do cerne do
que busca o vosso coração finalmente se
aproximar, graças a essa empatia e a essa
sabedoria, a senhorita saberá reconhecê-lo.
Segurança e risco, minha cara Anne, apenas
em suas aparências são antagônicas. Pois ao
escolhermos a segurança, estamos
irremediavelmente correndo um risco de
maiores proporções: o de não nos tornarmos
gratificados com as consequências do que foi
escolhido para nós. Podemos até perder
algumas coisas quando escolhemos, pois essa
é a essência da escolha. Porém uma coisa
ganhamos por certeza: a experiência de que
PODEMOS atuar sobre nossa infelicidade – a
certeza de que essa infelicidade
não nos é jamais imposta.
Compreendo que frequentemente
é mais fácil falar sobre essa
necessidade do que realmente
levar a cabo sua
execução. E me parece que é
exatamente nesse ponto em que
a senhorita se encontra presa.
Todavia, a senhorita não precisa
saltar de imediato dessa
condição amedrontada para um
estado de disponibilidade para o
risco. Vá fazendo primeiro
pequenas escolhas e avançando
com elas conforme for
percebendo o quanto aprende
através delas. Um sorriso, um
flerte casual... mas vá provando, vá conhecendo o
seu próprio jeito de ser, vá conhecendo como seu
coração bate mais rápido no momento em que se
arrisca – e depois como ele aprende e se habitua
com esses pequenos riscos. Até que a senhorita
se veja capaz de ver como é forte o suficiente
para arcar com as consequências não desejadas,
não esperadas e não prazerosas de suas
escolhas... e se veja capaz de, em seguida,
sacudir a poeira da estrada e seguir adiante.
Não espere nada fácil nem automático –
autoconfiança não se adquire com livros ou cartas
de velhas senhoras... se adquire com tempo, com
experiência, com coragem de viver... mas...
acredite, minha querida Anne... vale a pena o
empenho!!
Assinado,
Fanny Price (também conhecida como uma moça
de grande caráter)
… CONTINUAÇÃO
6. Olá querida Madame Austen! Muito obrigada
por responder a minha dúvida anterior, a qual
sua resposta me agradou imensamente. Creio
que aquela não será a única vez que lhe
mandarei uma carta, pois me agrada ver suas
respostas. Desta vez queria dizer que estou
com tanta dúvida para escolher o que quero
seguir...gosto tanto de Astronomia, mas odeio
certas partes de Física e temo não me dar bem
na universidade por não gostar inteiramente
de Física e vou precisar muito para seguir
minha carreira. O que acha sobre isso?
Florence Hubermann
***
Prezada Florence,
escolher uma profissão não deve
ser nada fácil, mesmo para moças
do século XXI! Aqui pelas bandas
de Mansfield Park, jamais ouvimos
falar em cursos avançados, quiçá,
faculdades para moças!
Eu acredito que a especialização
que você escolheu é muito favorável
pois o homem tem observado as
estrelas há vários séculos! Creio
que é e será sempre um mistério
para a humanidade o que temos
acima de nossas cabeças!
Acredito que tenho o conselho certo
para você! Você menciona que tem
uma certa dificuldade em certas
partes da Física e que podem
comprometer seus estudos em astronomia, não é
mesmo? Eu mesma aprendi muito sobre
astrofísica com meu primo e agora marido
Edmund Bertram! Acho que você poderia unir o
útil ao agradável se encontrar um bom rapaz
disposto a lhe ajudar com suas dúvidas e de
quebra, quem sabe não conquista um amigo para
vida toda? Ou até quem sabe, um amor?
Assinado,
Fanny Price (quem estuda sempre alcança)
LONGA HISTÓRIA
7. Cartas Para Madame Austen
Espaço para tirar suas dúvidas, lamentações e Diversão!
A coluna semanal “Cartas para Madame Austen” tem o prazer de ler suas
dúvidas e responder com o maior carinho possível! Sejam todos bem vindos!
Por trás de toda essa brincadeira estão: Lady Eliza, Lady Sophie e Lady Emily.
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