2. Para Freud, o desenvolvimento humano e
a constituição do aparelho psíquico são
explicados pela evolução da
psicossexualidade.
3. A sexualidade está integrada no nosso
desenvolvimento desde o nascimento,
evoluindo através de estádios, com
predomínio de uma zona erógena, isto é,
de uma região do corpo (epiderme ou
mucosa) que, quando estimulada, dá
prazer.
4. Cada estádio é marcado pelo confronto
entre as pulsões sexuais (Libido, que em
Latim significa desejo, sexualidade) e as
forças que se lhe opõem.
5. A Psicanálise foi a primeira corrente de
psicologia a atribuir aos primeiros anos de
vida uma importância fulcral na
estruturação da personalidade. Dizer que
a criança é o pai do Homem ilustra a
importância da infância.
6. Um dos conceitos mais importantes da
teoria psicanalítica é a existência da
Sexualidade Infantil. Esta sexualidade
envolve todo o corpo, é pré-genital e não
apenas genital e é, nos primeiros anos,
auto-erótica, isto é, a criança satisfaz-se
com o seu próprio corpo.
7. Freud elaborou a sua própria teoria
psicodinâmica de desenvolvimento a partir
de casos adultos que tinha como
pacientes em psicanálise. Como é o caso
do pequeno Hans, sendo o único caso
infantil descrito por Freud e, mesmo este,
foi mediatizado pelo pai, pois era ele que
vinha às consultas.
8. ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO
Freud define e caracteriza cinco estádios de
desenvolvimento psicossexual:
Estádio Oral (0 – 12/18 meses)
Estádio Anal (12/18 meses - 2/3 anos)
Estádio Fálico (2/3 anos – 5/6 anos)
Estádio de Latência (5/6 anos - puberdade)
Estádio Genital (depois da puberdade)
9. ESTÁDIO ORAL 0 – 12/18 meses
O ser humano nasce com Id, isto é, com
um conjunto de pulsões inatas.
O Ego forma-se, no primeiro ano de vida,
de uma parte do Id que começa a ter
características próprias. Estas formam-se
pela consciência das percepções internas
e externas que o bebé vai experienciando.
São particularmente importantes as
percepções visuais, auditivas e
quinestésicas.
10. A zona erógena do bebé, nos primeiros
meses, é constituída pelos lábios e pela
cavidade bucal. A alimentação é uma
grande fonte de satisfação. Quando o
bebé tem fome, está inquieto e chora;
quando é alimentado, fica saciado e feliz.
O mamar dá grande prazer ao bebé. O
chupar o seio é, para os freudianos,
representado como a primeira actividade
sexual.
11. A criança nasce num estado
indiferenciado, sem ter consciência de
que o seu corpo se diferencia da mãe. A
qualidade das relações entre a mãe, (De
notar que se designa por mãe a pessoa
que desenvolve cuidados do tipo
materno.) que o alimenta e cuida, e o
bebé vai reflectir-se na vida futura.
12. O estádio Oral é constituído por um
período em que a criança é muito passiva
e dependente e outro, na época do
desmame, em que a criança é mais activa
e pode mesmo morder o seio ou o
biberão. O desmame corresponde a uma
frustração que vai situar a criança em
relação à realidade do mundo.
13. Quando o bebé tem um ano, o prazer não
lhe advém exclusivamente do seu corpo;
a mãe é muito investida enquanto pessoa.
14. ESTÁDIO ANAL 12/18 MESES 2/3 ANOS
A maturação e o desenvolvimento
psicomotor vão permitir à criança reter ou
expulsar as fezes e a urina, no estádio
anal.
15. A zona erógena, nesta idade, é a região
anal e a mucosa intestinal. podem
provocar também dor, criando assim ta
idade, é a região anal e a mucosa
intestinal. A estimulação desta parte do
corpo dá à criança prazer. Todavia, as
contrações musculares podem provocar
também dor, criando assim uma possível
ambivalência entre estas duas emoções.
16. Este período etário corresponde a uma
fase em que a criança é mais autónoma,
procurando afirmar-se e realizar as suas
vontades.
17. A ambivalência está também presente na
forma como a criança hesita nentre ceder
ou opor-se às regras de higiene que a
mãe exige. As relações interpessoais –
com a mãe e com as outras pessoas –
vão estabelecer-se neste contexto, daí a
importância dada à forma como se educa
a criança a ser asseada.
18. ESTÁDIO FÁLICO 2/3 ANOS – 5/6 ANOS
No estádio fálico, a zona erógena é a
região genital.
19. As crianças estão interessadas em questões do
género: Como nascem os bebés; estão atentas
às diferenças anatómicas entre os sexos, às
relações entre os pais e às relações entre
homens e mulheres; têm brincadeiras onde
explorar estes interesses, como brincar aos
médicos e aos pais e ás mães. Daí alguns
comportamentos exibicionistas e “voyeuristas”
(espreitar) podem surgir nesta idade.
20. Freud deu particular importância a este
estádio por ser durante este período que
as crianças vão vivenciar o Complexo de
Édipo (Édipo, na mitologia grega, sem ter
consciência, mata o pai, Laios, e casa
com a mãe, Jocasta), e por ser no fina
desta etapa que a estrutura da
personalidade está formada com a
existência do superego.
21. O complexo de Édipo é a atracção que o
rapaz tem pela mãe, a quem ele esteve
sempre ligado desde que nasceu, e que
agora é diferentemente sentida. A
sexualidade, que era até esta idade
exclusivamente auto-erótica, vai agora ser
investida nos pais.
22. Ele pode assim falar do desejo de casar
com a mãe, mas, ao descobrir o tipo de
relação que liga os seus progenitores,
sente rivalidade (por vezes com
expressões de agressividade) com o pai,
que considera um intruso.
23. O complexo de Édipo, na rapariga, é uma
triangulação relacional idêntica. Uma
importante diferença é que a rapariga
esteve desde sempre muito ligada à mãe
e, nesta idade , vai investir e seduzir o pai.
É mais difícil rivalizar com a mãe porque
receia perder o seu amor.
24. O complexo edipiano da rapariga
(Complexo de Electra, na mitologia
grega , Electra, filha de Agamémnon,
instigou o irmão a matar a mãe para se
vingar por esta ter morto o pai) e do rapaz
é atravessado por vivências tais como:
receios, angústias, o medo fantasiado da
castração, agressividade e culpabilidade.
25. Alguns destes complexos passam-se de
forma invertida, isto é, a criança investe
sensualmente no progenitor do mesmo
sexo.
O complexo de édipo é ultrapassado pela
renúncia aos desejos sexuais pelos pais e
por um processo de identificação com o
progenitor do mesmo sexo.
26. Freud considera que a forma como se
resolve o complexo edipiano influenciará a
vida afectiva futura.
A terceira instância do aparelho psíquico,
o superego, vai agora constituída. O
superego é uma instância com funções
morais que é constituída pelos pais
introjectados.
27. Estes não são os pais reais, mas os
imaginários, isto é, os idealizados na
infância.
28. ESTÁDIO DE LATÊNCIA 5/6 ANOS PUBERDADE
Após a vivência do complexo de Édipo, e com
um superego já formado, a criança entra numa
fase de latência. Ela vai como que esquecer
alguns acontecimentos e sensações vividos nos
primeiros anos de sexualidade através de um
processo que se designa amnésia infantil.
O estádio de latência por uma diminuição da
actividade sexual, que pode ser total ou parcial.
29. A criança pode, nesta fase, de uma forma
mais calma e com mais disponibilidade
interior, desenvolver competências e fazer
aprendizagens diversas: escolares,
sociais e culturais.
Uma das grandes aprendizagens é a
compreensão dos papéis sexuais, isto é, o
que é ser mulher e ser homem, na
sociedade em que vive.
30. A vergonha, o pudor, o nojo, a
repugnância, são sentimentos que
contribuem para controlar e reter a libido.
A existência do superego vai manifestar-
se em preocupações morais.
31. O ego tem mecanismos,
privilegiadamente inconscientes que
permitem estruturar-se com o nova
organização face ás pulsões do Id . A
introjecção, o recalcamento, a projecção e
a sublimação são, entre outros
mecanismos de defesa do ego.
32. ESTÁDIO GENITAL depois da puberdade
Para a psicanálise, a adolescência vai
reactivar uma sexualidade que esteve
como que adormecida durante o período
da latência. Assim, retomam-se algumas
problemáticas do estádio fálico, como o
complexo de Édipo.
33. A puberdade traz novas pulsões sexuais
genitais. Também o mundo relacional do
adolescente é alargado a pessoas
exteriores à família.
34. O adolescente vai reviver o complexo de
Édipo, e a sua liquidação está ligada a um
processo de autonomização dos
adolescentes é alargado a pessoas
exteriores á família.
35. O adolescente vai reviver o complexo de
Édipo, e a sua liquidação está ligada a um
processo de autonomização dos
adolescentes em relação aos pais
idealizados, como eram sentidos na
infância.
36. O adolescente poderá, assim, fazer
escolhas sexuais fora do mundo familiar,
bem como adaptar-se a um conjunto de
exigências socioculturais.
37. Alguns adolescentes face ás dificuldades
deste período, regridem a fases de
desenvolvimento anteriores, recorrendo
também a mecanismos de defesa do ego
como o ascetismo e a intelectualização.
38. Através do ascetismo, o adolescente nega
o prazer, procura ter um controlo das
pulsões através de uma rigorosa disciplina
e de isolamento.
39. Pela intelectualização ou racionalização, o
jovem procura esconder os aspectos
emocionais do processo adolescente,
interessa-se por actividades do
pensamento, colocando aí toda a sua
energia.
40. Proposta de trabalho
Acabamos de estudar a teoria do
desenvolvimento psicossexual. Comenta
de uma forma pessoal as concepções
mais importantes sugeridas pela
psicanálise sobre a sexualidade.
41. Bibliografia
- Freud, Sigmund. (1974). Psicopatologia
da Vida Quotidiana. Lisboa: Livros do
Brasil.
- Freud, Sigmund. Três Ensaios sobre a
Teoria da Sexualidade. Colecção Vida e
Cultura. Edição Livros do Brasil. Lisboa.