SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 25
Descargar para leer sin conexión
BERNARD TSCHUMI
O PRAZER DA ARQUITETURA
BÁRBARA CASTRO
HUMANIDADES 9
Bernard Tshumi
Nasceu em 25 de janeiro de 1994. na Suíça.
Em 1969 graduou em arquitetura.
Bernard Tshumi, por meio de analogias, busca formas de inserir o corpo no espaço, criar
experiências dinâmicas, que por meio de uma contradição busca surpreender e estimular o
espectador. Ao se referir ao espaço com analogia sexual, se mostra o lado irracional.
Tshumi aborda também questões como a função da arquitetura, busca quebrar com os
valores conservadores, ao citar o uso das máscaras na arquitetura é possível compreender
como os elementos arquitetônicos podem nos servir de artifícios, que Tschumi evidencia ser
necessário para despertar a sensualidade, a surpresa, o convite à interação nos espectadores.
Muito se questiona a respeito da arquitetura, seus caminhos e critérios, desde o movimento
moderno. Busca-se entender seus extremos, ordem e desordem, estrutura e caos, ornamento e
pureza, racionalidade e sensualidade. Procurar compreender essa complexidade é o que
possibilitou o desenvolvimento de novas formas de arquitetura.
Adolf Loos (1870 – 1933)
“Quando uma cultura evolui, ela
gradativamente abandona o uso do ornamento
em objetos utilitários"
Antoni Gaudí - La pedrera
Rem Koolhaas
Le Corbusie - Villa Savoye
Lina Bo Bardi – Sesc Pompéia
Zaha hadid – Galaxy Soho
Envolvendo pontos divergentes, em busca de uma nova arquitetura discutia-se de um lado,
a arquitetura como coisa do intelecto, uma disciplina desmaterializada ou conceitual com
suas variações tipológicas e morfológicas; de outro lado, a arquitetura como fato empírico
que se concentra nos sentidos, na experiência do espaço.
Por meio de 11 fragmentos, Bernard Tschumi desconstrói e nos faz repensar a arquitetura.
Sempre considerando que não é um fragmento ou outro, mas o conjunto e suas complexidades
que formam um grande quebra-cabeça, que deve ser considerado na arquitetura.
FRAGMENTO 1
Um duplo prazer
O prazer do espaço:
Possui uma complexa definição, é uma forma de experiência, o momento em que o corpo se
apropria do espaço, o percebe e mapeia através dos sentidos, da percepção e do movimento.
(...) Movimentos tão simples como esticar os braços e as pernas são básicos para que tomemos
consciência do espaço. O espaço é experiênciado quando há lugar para se mover. Ainda mais,
mudando de um lugar para outro a pessoa adquire um sentido de direção. Para frente, para trás
e para os lados são diferenciados pela experiência, isto é, conhecidos subconscientemente no
ato de movimentar-se. O espaço assume uma organização coordenada rudimentar centrada no
eu, que se move e se direciona. Os olhos humanos, por terem superposição bifocal e capacidade
esteroscópica, proporcionam às pessoas um espaço vívido, em três dimensões. A experiência,
contudo é necessária. (Tuan; 1930, p.13)
Um duplo prazer
O prazer da geometria ou o prazer dos conceitos:
Governada pelas proporções, a arquitetura deve guiar-se pela régua e pelo compasso, como se
fosse algo separado da realidade, a arquitetura se desenvolve na mente do arquiteto, com o uso
de elementos que tendem para uma poética dos signos congelados, desvinculados da realidade
e voltados para um prazer mental, gélido e sutil.
Não se pode dizer que o prazer do espaço ou o prazer da geometria, isoladamente, constitua o
prazer da arquitetura, mas esta é acontece pela união de ambas as formas de prazer. A união de
percepção e técnica.
FRAGMENTO 1
Jardins do prazer
Quem souber projetar bem um parque não terá dificuldade alguma para traçar o plano de
construção de uma cidade, em conformidade com a área e a situação dada. Deve haver
regularidade e fantasia, relações e contrastes, e elementos casuais, inesperados, que dão
variedade à cena; grande ordem nos detalhes, confusão, excitação e tumulto no conjunto.
(Abade Laugier 1765)
Laugier propõe que exista união entre os diferentes tipos de prazer da arquitetura, constituindo
por meio dessa complexidade de elementos, algo que seja completo, interativo, instigante.
No caso dos jardins, sua história quase sempre antecipou a história das cidades, a proposta de
contemplação e deleite, desfrutar de um prazer sensorial são conceitos que se opõe à
arquitetura funcional.
Os jardins combinam prazer sensual do espaço com o prazer da razão, de uma forma
completamente inútil.
FRAGMENTO 2
O prazer e a necessidade
A arquitetura apresenta uma forte conexão com a função, interferindo na cultura, sociedade, na
segurança, saúde, comportamento e diversas outras formas.
Entre todas as artes, essas filhas do prazer e da necessidade, com as quais o homem fez uma
parceria a fim de suportar as dores da vida e de transmitir sua memória às futuras gerações, não
se pode negar que a arquitetura ocupa um papel destacado. Considerada unicamente do ponto
de vista da utilidade, a arquitetura é superior a todas as artes. Ela provê a salubridade das
cidades, cuida da saúde das pessoas, protege suas propriedades e trabalha apenas em favor da
segurança, da tranquilidade e do bom ordenamento da vida civil.
FRAGMENTO 3
Metáfora da ordem – cativeiro
Diferentemente da necessidade da pura construção, a desnecessidade da arquitetura é
indissociável de suas teorias, histórias e outros precedentes.
O prazer da arquitetura não está na construção em si, mas também em suas restrições, nos
encaixes, nos detalhes. Em meio a infinitas opções, tramas e formas, encontrar um único
caminho como solução, acreditando ser esta a melhor forma de se fazer algo, o prazer em ser
restringido e continuar oferecendo inúmeras possibilidades.
FRAGMENTO 4
Racionalidade
Optar por uma determinada linguagem ou tipo construtivo, leva-la ao extremo e explorar de
todas as formas possíveis. É uma das formas de racionalidade
FRAGMENTO 5
Erotismo
O prazer máximo da arquitetura está naquele momento impossível em que um ato
arquitetônico, levado ao excesso, revela ao mesmo tempo os vestígios da razão e a experiência
imediata do espaço.
O erotismo ou prazer da arquitetura, não se encontra em específico em sua forma, dimensão ou
puramente seus conceitos, mas no conjunto de todas as coisas. A harmonia entre elementos,
conceitos e a forma de perceber o espaço.
FRAGMENTO 6
Metáfora da sedução – máscara
A arquitetura usa máscaras, no caso elementos arquitetônicos desde fachadas, praças até os
conceitos arquitetônicos tornam-se artifícios de sedução. Os artifícios são formas de seduzir o
espectador, pode evidenciar algo ou ainda convidar a descobrir o que está subjetivo.
A máscara pode exaltar aparências, mas, por sua presença mesma, ela diz que, no fundo, existe
uma outra coisa.
FRAGMENTO 7
Excesso
Ao levar ao extremo, o prazer da arquitetura, a técnica, necessidade, vivência do espaço,
percepção e a máscara. É possível criar uma arquitetura interessante, com conflitos, surpresas,
convidar a descoberta e surpreender o espectador.
Não há dúvidas de que o prazer da arquitetura sobrevém quando ela satisfaz as expectativas
espaciais de alguém e materializa ideias, conceitos ou arquétipos arquitetônicos com
inteligência, imaginação, refinamento, ironia. Mas há um prazer especial que procede dos
conflitos: quando a fruição sensual do espaço entra em conflito com o prazer da ordem.
Não apenas é possível, mas necessário, quebrar com as formas já estabelecidas, por meio de
uma nova linguagem, uso da semiótica e ruptura com antigos sistemas por meio da
compreensão da percepção, não apenas por uma questão de subversão de valores, mas da
necessidade da arquitetura romper com o conservadorismo, propor um ambiente capaz de
interagir, com potencial para despertar o espectador.
FRAGMENTO 8
Arqutetura do prazer
A arquitetura do prazer está onde o conceito e a experiência do espaço coincidem
abruptamente, onde os fragmentos da arquitetura colidem e se fundem em deleite, onde a
cultura da arquitetura é eternamente desconstruída e as regras são transgredidas.
Entende-se que a arquitetura do prazer é onde se pode transgredir regras, reformular conceitos,
entrar em conflito com a memória, com a percepção. Alterar as formas de vivenciar o espaço,
desconstruindo desde a arquitetura, onde há conceitos, o que é palpável até a percepção,
entendimento de espaço, a mente e memória dos espectadores.
FRAGMENTO 9
Anúncios da arquitetura
Não há como produzir arquitetura em um livro. Palavras e desenhos podem somente produzir
espaço no papel, não a experiência do espaço real. O espaço no papel por definição é
imaginário: é uma imagem.
Com todo o potencial da imagem e sua capacidade de representação, também por meio de uso
da tecnologia, ainda assim não é possível apreender todos os aspectos que compõe o espaço
arquitetônico, não apenas por uma questão de conceitos, estudos e experimentos até se obter
um resultado, mas depois de definido só é possível entender o espaço ao vivencia-lo.
o espaço interior, espaço esse que não pode ser representado de nenhuma forma, que não
pode ser conhecido e vivido a não ser por meio de experiência direta, é o protagonista do fato
arquitetônico. (Zevi, 1996, p.18)
FRAGMENTO 10
Desejo/fragmentos
A arquitetura se forma por uma série de fragmentos que compõe a realidade, possuidora da
capacidade de atingir o real, o concreto e também o imaginário, a memória. Conduzindo o
espectador por meio de transições reais e virtuais.
Uma obra de arquitetura não é arquitetural porque seduz, ou porque preenche dada função
utilitária, mas porque põe em ação as operações da sedução e o inconsciente.
FRAGMENTO 11
REFERÊNCIAS
Espaço e Lugar a perspectiva da experiência – Yi Fu Tuan
Saber ver arquitetura – Bruno Zevi

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Introdução à arquitetura racinalista
Introdução à arquitetura racinalistaIntrodução à arquitetura racinalista
Introdução à arquitetura racinalistaViviane Marques
 
Paul Ricoeur - O perdão pode curar
Paul Ricoeur - O perdão pode curarPaul Ricoeur - O perdão pode curar
Paul Ricoeur - O perdão pode curarluvico
 
Colecção públicos Serviços Educativos
Colecção públicos  Serviços EducativosColecção públicos  Serviços Educativos
Colecção públicos Serviços EducativosJoão Lima
 
Pop Art - 9º ano!
Pop Art - 9º ano!Pop Art - 9º ano!
Pop Art - 9º ano!Lu Rebordosa
 
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2denise lugli
 
Arquitectura Contemporânea - para além do Funcionalismo
Arquitectura Contemporânea - para além do FuncionalismoArquitectura Contemporânea - para além do Funcionalismo
Arquitectura Contemporânea - para além do FuncionalismoMichele Pó
 
Relações entre design gráfico e estética
Relações entre design gráfico e estéticaRelações entre design gráfico e estética
Relações entre design gráfico e estéticaCarol Gusmão
 
Conforto acústico
Conforto acústicoConforto acústico
Conforto acústicoleandrounip
 
02 criar é provocar
02 criar é provocar02 criar é provocar
02 criar é provocarVítor Santos
 
Principais Movimentos Artísticos do Séc. XX
Principais Movimentos Artísticos do Séc. XXPrincipais Movimentos Artísticos do Séc. XX
Principais Movimentos Artísticos do Séc. XXCinthya Nascimento
 
As artes na atualidade
As artes na atualidadeAs artes na atualidade
As artes na atualidadeAna Barreiros
 

La actualidad más candente (20)

Introdução à arquitetura racinalista
Introdução à arquitetura racinalistaIntrodução à arquitetura racinalista
Introdução à arquitetura racinalista
 
Cubismo
CubismoCubismo
Cubismo
 
Cubismo
CubismoCubismo
Cubismo
 
Arte urbana do grafite
Arte urbana do grafiteArte urbana do grafite
Arte urbana do grafite
 
Paul Ricoeur - O perdão pode curar
Paul Ricoeur - O perdão pode curarPaul Ricoeur - O perdão pode curar
Paul Ricoeur - O perdão pode curar
 
Aprendendo com Las Vegas
Aprendendo com Las VegasAprendendo com Las Vegas
Aprendendo com Las Vegas
 
A estética do belo
A estética do beloA estética do belo
A estética do belo
 
Colecção públicos Serviços Educativos
Colecção públicos  Serviços EducativosColecção públicos  Serviços Educativos
Colecção públicos Serviços Educativos
 
Pop Art - 9º ano!
Pop Art - 9º ano!Pop Art - 9º ano!
Pop Art - 9º ano!
 
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
Arquitetura moderna e contemporanea parte 2
 
Arquitectura Contemporânea - para além do Funcionalismo
Arquitectura Contemporânea - para além do FuncionalismoArquitectura Contemporânea - para além do Funcionalismo
Arquitectura Contemporânea - para além do Funcionalismo
 
Burle Marx
Burle MarxBurle Marx
Burle Marx
 
Relações entre design gráfico e estética
Relações entre design gráfico e estéticaRelações entre design gráfico e estética
Relações entre design gráfico e estética
 
História da Arte: Cubismo
História da Arte: CubismoHistória da Arte: Cubismo
História da Arte: Cubismo
 
Conforto acústico
Conforto acústicoConforto acústico
Conforto acústico
 
02 criar é provocar
02 criar é provocar02 criar é provocar
02 criar é provocar
 
Principais Movimentos Artísticos do Séc. XX
Principais Movimentos Artísticos do Séc. XXPrincipais Movimentos Artísticos do Séc. XX
Principais Movimentos Artísticos do Séc. XX
 
Forma e função
Forma e funçãoForma e função
Forma e função
 
As artes na atualidade
As artes na atualidadeAs artes na atualidade
As artes na atualidade
 
Fundamentos da arte
Fundamentos da arteFundamentos da arte
Fundamentos da arte
 

Similar a Tschumi e a Arquitetura do Prazer

CONSIDERAÇÕES DE: SEMIÓTICA, ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA E MELHORIAS URBANAS.
CONSIDERAÇÕES DE: SEMIÓTICA, ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA E MELHORIAS URBANAS.CONSIDERAÇÕES DE: SEMIÓTICA, ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA E MELHORIAS URBANAS.
CONSIDERAÇÕES DE: SEMIÓTICA, ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA E MELHORIAS URBANAS.nilton assis
 
3 fil prov. bimestral 2 cham bc 3bi
3 fil    prov. bimestral  2 cham bc 3bi3 fil    prov. bimestral  2 cham bc 3bi
3 fil prov. bimestral 2 cham bc 3biFelipe Serra
 
Construtivismo 02
Construtivismo 02Construtivismo 02
Construtivismo 02Sergio Lins
 
Bacelar linguagem
Bacelar linguagemBacelar linguagem
Bacelar linguagemVenise Melo
 
LINGUAGEM E ARQUITETURA-O PROBLEMA DO CONCEITO
LINGUAGEM E ARQUITETURA-O PROBLEMA DO CONCEITOLINGUAGEM E ARQUITETURA-O PROBLEMA DO CONCEITO
LINGUAGEM E ARQUITETURA-O PROBLEMA DO CONCEITOFbioAbreuGarcia
 
Qto a forma e espaço arquitetonico
Qto a forma e espaço arquitetonicoQto a forma e espaço arquitetonico
Qto a forma e espaço arquitetonicoRodrigo Pessoa
 
Prêmio Arquisur 2012 - Tese de Doutorado Moema Loures
Prêmio Arquisur 2012 - Tese de Doutorado Moema LouresPrêmio Arquisur 2012 - Tese de Doutorado Moema Loures
Prêmio Arquisur 2012 - Tese de Doutorado Moema LouresArto Arquitetura
 
3 fil prov. bimestral bc 3bi
3 fil    prov. bimestral  bc 3bi3 fil    prov. bimestral  bc 3bi
3 fil prov. bimestral bc 3biFelipe Serra
 
Cidade and sociedade
Cidade and sociedadeCidade and sociedade
Cidade and sociedadeVictor Lima
 
Apresentacao seminario neuroarquitetura
Apresentacao seminario neuroarquiteturaApresentacao seminario neuroarquitetura
Apresentacao seminario neuroarquiteturaCláudia Torres
 
Cidade+e+comunicação+audiovisual2
Cidade+e+comunicação+audiovisual2Cidade+e+comunicação+audiovisual2
Cidade+e+comunicação+audiovisual2Edu Rocha
 
História, Arte e Criatividade
História, Arte e CriatividadeHistória, Arte e Criatividade
História, Arte e CriatividadeJoão Lima
 
Estetica (atividade II)
Estetica   (atividade II)Estetica   (atividade II)
Estetica (atividade II)Mary Alvarenga
 

Similar a Tschumi e a Arquitetura do Prazer (20)

CONSIDERAÇÕES DE: SEMIÓTICA, ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA E MELHORIAS URBANAS.
CONSIDERAÇÕES DE: SEMIÓTICA, ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA E MELHORIAS URBANAS.CONSIDERAÇÕES DE: SEMIÓTICA, ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA E MELHORIAS URBANAS.
CONSIDERAÇÕES DE: SEMIÓTICA, ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA E MELHORIAS URBANAS.
 
3 fil prov. bimestral 2 cham bc 3bi
3 fil    prov. bimestral  2 cham bc 3bi3 fil    prov. bimestral  2 cham bc 3bi
3 fil prov. bimestral 2 cham bc 3bi
 
Construtivismo 02
Construtivismo 02Construtivismo 02
Construtivismo 02
 
The Foundation Of Modern Architecture
The Foundation Of Modern ArchitectureThe Foundation Of Modern Architecture
The Foundation Of Modern Architecture
 
Bacelar linguagem
Bacelar linguagemBacelar linguagem
Bacelar linguagem
 
LINGUAGEM E ARQUITETURA-O PROBLEMA DO CONCEITO
LINGUAGEM E ARQUITETURA-O PROBLEMA DO CONCEITOLINGUAGEM E ARQUITETURA-O PROBLEMA DO CONCEITO
LINGUAGEM E ARQUITETURA-O PROBLEMA DO CONCEITO
 
Estética 31
Estética 31Estética 31
Estética 31
 
Camila Refineti
Camila RefinetiCamila Refineti
Camila Refineti
 
Qto a forma e espaço arquitetonico
Qto a forma e espaço arquitetonicoQto a forma e espaço arquitetonico
Qto a forma e espaço arquitetonico
 
Prêmio Arquisur 2012 - Tese de Doutorado Moema Loures
Prêmio Arquisur 2012 - Tese de Doutorado Moema LouresPrêmio Arquisur 2012 - Tese de Doutorado Moema Loures
Prêmio Arquisur 2012 - Tese de Doutorado Moema Loures
 
3 fil prov. bimestral bc 3bi
3 fil    prov. bimestral  bc 3bi3 fil    prov. bimestral  bc 3bi
3 fil prov. bimestral bc 3bi
 
Contracapa e indice
Contracapa e indiceContracapa e indice
Contracapa e indice
 
Arte
ArteArte
Arte
 
Cidade and sociedade
Cidade and sociedadeCidade and sociedade
Cidade and sociedade
 
Apresentacao seminario neuroarquitetura
Apresentacao seminario neuroarquiteturaApresentacao seminario neuroarquitetura
Apresentacao seminario neuroarquitetura
 
Cidade+e+comunicação+audiovisual2
Cidade+e+comunicação+audiovisual2Cidade+e+comunicação+audiovisual2
Cidade+e+comunicação+audiovisual2
 
História, Arte e Criatividade
História, Arte e CriatividadeHistória, Arte e Criatividade
História, Arte e Criatividade
 
Aula conceitos 2011
Aula conceitos   2011Aula conceitos   2011
Aula conceitos 2011
 
Arteconhecimento
ArteconhecimentoArteconhecimento
Arteconhecimento
 
Estetica (atividade II)
Estetica   (atividade II)Estetica   (atividade II)
Estetica (atividade II)
 

Tschumi e a Arquitetura do Prazer

  • 1. BERNARD TSCHUMI O PRAZER DA ARQUITETURA BÁRBARA CASTRO HUMANIDADES 9
  • 2. Bernard Tshumi Nasceu em 25 de janeiro de 1994. na Suíça. Em 1969 graduou em arquitetura.
  • 3. Bernard Tshumi, por meio de analogias, busca formas de inserir o corpo no espaço, criar experiências dinâmicas, que por meio de uma contradição busca surpreender e estimular o espectador. Ao se referir ao espaço com analogia sexual, se mostra o lado irracional. Tshumi aborda também questões como a função da arquitetura, busca quebrar com os valores conservadores, ao citar o uso das máscaras na arquitetura é possível compreender como os elementos arquitetônicos podem nos servir de artifícios, que Tschumi evidencia ser necessário para despertar a sensualidade, a surpresa, o convite à interação nos espectadores.
  • 4. Muito se questiona a respeito da arquitetura, seus caminhos e critérios, desde o movimento moderno. Busca-se entender seus extremos, ordem e desordem, estrutura e caos, ornamento e pureza, racionalidade e sensualidade. Procurar compreender essa complexidade é o que possibilitou o desenvolvimento de novas formas de arquitetura.
  • 5. Adolf Loos (1870 – 1933) “Quando uma cultura evolui, ela gradativamente abandona o uso do ornamento em objetos utilitários"
  • 6. Antoni Gaudí - La pedrera
  • 8. Le Corbusie - Villa Savoye
  • 9. Lina Bo Bardi – Sesc Pompéia
  • 10. Zaha hadid – Galaxy Soho
  • 11. Envolvendo pontos divergentes, em busca de uma nova arquitetura discutia-se de um lado, a arquitetura como coisa do intelecto, uma disciplina desmaterializada ou conceitual com suas variações tipológicas e morfológicas; de outro lado, a arquitetura como fato empírico que se concentra nos sentidos, na experiência do espaço.
  • 12. Por meio de 11 fragmentos, Bernard Tschumi desconstrói e nos faz repensar a arquitetura. Sempre considerando que não é um fragmento ou outro, mas o conjunto e suas complexidades que formam um grande quebra-cabeça, que deve ser considerado na arquitetura.
  • 13. FRAGMENTO 1 Um duplo prazer O prazer do espaço: Possui uma complexa definição, é uma forma de experiência, o momento em que o corpo se apropria do espaço, o percebe e mapeia através dos sentidos, da percepção e do movimento. (...) Movimentos tão simples como esticar os braços e as pernas são básicos para que tomemos consciência do espaço. O espaço é experiênciado quando há lugar para se mover. Ainda mais, mudando de um lugar para outro a pessoa adquire um sentido de direção. Para frente, para trás e para os lados são diferenciados pela experiência, isto é, conhecidos subconscientemente no ato de movimentar-se. O espaço assume uma organização coordenada rudimentar centrada no eu, que se move e se direciona. Os olhos humanos, por terem superposição bifocal e capacidade esteroscópica, proporcionam às pessoas um espaço vívido, em três dimensões. A experiência, contudo é necessária. (Tuan; 1930, p.13)
  • 14. Um duplo prazer O prazer da geometria ou o prazer dos conceitos: Governada pelas proporções, a arquitetura deve guiar-se pela régua e pelo compasso, como se fosse algo separado da realidade, a arquitetura se desenvolve na mente do arquiteto, com o uso de elementos que tendem para uma poética dos signos congelados, desvinculados da realidade e voltados para um prazer mental, gélido e sutil. Não se pode dizer que o prazer do espaço ou o prazer da geometria, isoladamente, constitua o prazer da arquitetura, mas esta é acontece pela união de ambas as formas de prazer. A união de percepção e técnica. FRAGMENTO 1
  • 15. Jardins do prazer Quem souber projetar bem um parque não terá dificuldade alguma para traçar o plano de construção de uma cidade, em conformidade com a área e a situação dada. Deve haver regularidade e fantasia, relações e contrastes, e elementos casuais, inesperados, que dão variedade à cena; grande ordem nos detalhes, confusão, excitação e tumulto no conjunto. (Abade Laugier 1765) Laugier propõe que exista união entre os diferentes tipos de prazer da arquitetura, constituindo por meio dessa complexidade de elementos, algo que seja completo, interativo, instigante. No caso dos jardins, sua história quase sempre antecipou a história das cidades, a proposta de contemplação e deleite, desfrutar de um prazer sensorial são conceitos que se opõe à arquitetura funcional. Os jardins combinam prazer sensual do espaço com o prazer da razão, de uma forma completamente inútil. FRAGMENTO 2
  • 16. O prazer e a necessidade A arquitetura apresenta uma forte conexão com a função, interferindo na cultura, sociedade, na segurança, saúde, comportamento e diversas outras formas. Entre todas as artes, essas filhas do prazer e da necessidade, com as quais o homem fez uma parceria a fim de suportar as dores da vida e de transmitir sua memória às futuras gerações, não se pode negar que a arquitetura ocupa um papel destacado. Considerada unicamente do ponto de vista da utilidade, a arquitetura é superior a todas as artes. Ela provê a salubridade das cidades, cuida da saúde das pessoas, protege suas propriedades e trabalha apenas em favor da segurança, da tranquilidade e do bom ordenamento da vida civil. FRAGMENTO 3
  • 17. Metáfora da ordem – cativeiro Diferentemente da necessidade da pura construção, a desnecessidade da arquitetura é indissociável de suas teorias, histórias e outros precedentes. O prazer da arquitetura não está na construção em si, mas também em suas restrições, nos encaixes, nos detalhes. Em meio a infinitas opções, tramas e formas, encontrar um único caminho como solução, acreditando ser esta a melhor forma de se fazer algo, o prazer em ser restringido e continuar oferecendo inúmeras possibilidades. FRAGMENTO 4
  • 18. Racionalidade Optar por uma determinada linguagem ou tipo construtivo, leva-la ao extremo e explorar de todas as formas possíveis. É uma das formas de racionalidade FRAGMENTO 5
  • 19. Erotismo O prazer máximo da arquitetura está naquele momento impossível em que um ato arquitetônico, levado ao excesso, revela ao mesmo tempo os vestígios da razão e a experiência imediata do espaço. O erotismo ou prazer da arquitetura, não se encontra em específico em sua forma, dimensão ou puramente seus conceitos, mas no conjunto de todas as coisas. A harmonia entre elementos, conceitos e a forma de perceber o espaço. FRAGMENTO 6
  • 20. Metáfora da sedução – máscara A arquitetura usa máscaras, no caso elementos arquitetônicos desde fachadas, praças até os conceitos arquitetônicos tornam-se artifícios de sedução. Os artifícios são formas de seduzir o espectador, pode evidenciar algo ou ainda convidar a descobrir o que está subjetivo. A máscara pode exaltar aparências, mas, por sua presença mesma, ela diz que, no fundo, existe uma outra coisa. FRAGMENTO 7
  • 21. Excesso Ao levar ao extremo, o prazer da arquitetura, a técnica, necessidade, vivência do espaço, percepção e a máscara. É possível criar uma arquitetura interessante, com conflitos, surpresas, convidar a descoberta e surpreender o espectador. Não há dúvidas de que o prazer da arquitetura sobrevém quando ela satisfaz as expectativas espaciais de alguém e materializa ideias, conceitos ou arquétipos arquitetônicos com inteligência, imaginação, refinamento, ironia. Mas há um prazer especial que procede dos conflitos: quando a fruição sensual do espaço entra em conflito com o prazer da ordem. Não apenas é possível, mas necessário, quebrar com as formas já estabelecidas, por meio de uma nova linguagem, uso da semiótica e ruptura com antigos sistemas por meio da compreensão da percepção, não apenas por uma questão de subversão de valores, mas da necessidade da arquitetura romper com o conservadorismo, propor um ambiente capaz de interagir, com potencial para despertar o espectador. FRAGMENTO 8
  • 22. Arqutetura do prazer A arquitetura do prazer está onde o conceito e a experiência do espaço coincidem abruptamente, onde os fragmentos da arquitetura colidem e se fundem em deleite, onde a cultura da arquitetura é eternamente desconstruída e as regras são transgredidas. Entende-se que a arquitetura do prazer é onde se pode transgredir regras, reformular conceitos, entrar em conflito com a memória, com a percepção. Alterar as formas de vivenciar o espaço, desconstruindo desde a arquitetura, onde há conceitos, o que é palpável até a percepção, entendimento de espaço, a mente e memória dos espectadores. FRAGMENTO 9
  • 23. Anúncios da arquitetura Não há como produzir arquitetura em um livro. Palavras e desenhos podem somente produzir espaço no papel, não a experiência do espaço real. O espaço no papel por definição é imaginário: é uma imagem. Com todo o potencial da imagem e sua capacidade de representação, também por meio de uso da tecnologia, ainda assim não é possível apreender todos os aspectos que compõe o espaço arquitetônico, não apenas por uma questão de conceitos, estudos e experimentos até se obter um resultado, mas depois de definido só é possível entender o espaço ao vivencia-lo. o espaço interior, espaço esse que não pode ser representado de nenhuma forma, que não pode ser conhecido e vivido a não ser por meio de experiência direta, é o protagonista do fato arquitetônico. (Zevi, 1996, p.18) FRAGMENTO 10
  • 24. Desejo/fragmentos A arquitetura se forma por uma série de fragmentos que compõe a realidade, possuidora da capacidade de atingir o real, o concreto e também o imaginário, a memória. Conduzindo o espectador por meio de transições reais e virtuais. Uma obra de arquitetura não é arquitetural porque seduz, ou porque preenche dada função utilitária, mas porque põe em ação as operações da sedução e o inconsciente. FRAGMENTO 11
  • 25. REFERÊNCIAS Espaço e Lugar a perspectiva da experiência – Yi Fu Tuan Saber ver arquitetura – Bruno Zevi