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Jornal de Filosofia
         2012
Agrupamento de Escolas
   do Forte da Casa
Caros leitores.
Tal como no ano letivo anterior este Jornal surge no âmbito da realização do pro-
jeto pedagógico do Grupo de Filosofia do Agrupamento de Escolas do Forte da Ca-
sa. Tentamos nele abranger o conteúdo programático da disciplina, principalmente
no âmbito do disciplina de Filosofia. Optámos por um tipo de abordagem diferente,
não tanto como um jornal mas mais como uma coletânea de ensaios elaborados
por alunos sobre temas chave para a disciplina. Por ser nossa intenção mostrar que
a disciplina pode e deve ser oferecida de forma acessível, inteligível, praticável, mes-
mo empolgante. Pretendemos mostrar que a Filosofia não tem que ser um “bicho
de sete cabeças” mas sim um instrumento de abertura de horizontes, de espíritos,
mentalidades, de participação, mas principalmente de abertura para o facto de, por
sermos seres pensantes, de termos capacidade de nos interrogar sobre o MUNDO
que nos rodeia, sobre NÓS e sobre os OUTROS,


Se tu ES, tu RESPIRAS
Se tu respiras, tu FALAS
Se tu falas, tu PERGUNTAS
Se tu perguntas, tu PENSAS
Se tu pensas, tu PROCURAS
Se tu procuras, tu EXPERIMENTAS
Se tu experimentas, tu APRENDES
                                                        Se tu aprendes, tu CRESCES
                                                      E quando cresces, tu DESEJAS
                                                     Se tu desejas, tu ENCONTRAS
                                                       Se tu encontras, tu DUVIDAS
                                                     Se tu duvidas, tu PERGUNTAS
                                                    Se tu perguntas, tu ENTENDES
                                                           Se tu entendes, tu SABES
                                            Se tu sabes, tu QUERES SABER MAIS
                                          E se tu queres saber mais, ESTÁS VIVO...
Afinal, a Filosofia...


Eu antes pensava que filosofia era uma coisa
estúpida por ser ignorante. Ser ignorante não é
não saber fazer contas de matemática ou não
saber resolver a teoria quântica de não sei
quem. Ser ignorante é pensar que sabemos tu-
do, que tudo é assim, que não há volta a dar.
Que o sol é amarelo, mas sei lá eu se o sol é o
sol, se é amarelo, verde ou ás bolinhas ? Nin-
guém me garante. Antes também acreditavam
piamente que o mundo era quadrado, e séculos
depois, uma alma pensadora, disse que não,          …/...
apresentou uma teoria. Tal como os poucos se-       Um ser livre , como eu um dia me espero tor-
res pensantes neste mundo, pois a maior parte é     nar , têm a capacidade de responder, de agir
uma cambada de ignorantes, ele foi livre. Mas       como quer , logicamente é um ser com livre
esta capacidade de ser livre é uma enorme res-      arbítrio, por tomar as suas decisões, tendo em
ponsabilidade .Um ser livre, como Jean Paul Sar-    consideração a sua vontade. Mas não posso de
tre disse , é uma grande responsabilidade, pois     deixar de pensar no que eu não controlo . Tão
um Homem livre carrega o peso do mundo nos          teoria afirmada como determinismo, em que
ombros. A liberdade pode nem sempre ser tão         basicamente, tudo o que acontece têm uma
doce como nós pensamos. Ser livre implica esco-     causa , e por consequentemente um efeito , e
lher, decidir como agir , é errado vermos um ser    tal acontecimento completa o anterior. É basica-
livre como Deus Todo-Poderoso , ser omnipo-         mente uma cadeia viciante. Mas os conceitos
tente , a liberdade não significa poder fazer tu-   não valem nada se não forem aplicados, serão
do , a liberdade dá-nos não a completa capaci-      apenas mais palavras, mas entulho , para encher
dade de decidirmos o que acontece, ou o que         o mundo. Portanto , eu chamo-me Sofia. Não
fazemos, pois há muitas coisas que estão fora do    escolhi que o meu apelido seja Linguiça , não
nosso controlo, mas sim a capacidade , a manei-     escolhi ser Portuguesa, não escolhi ter meio pal-
ra de respondermos , de reagirmos como quere-       mo de testa, não escolhi ter uma falha nos den-
mos, dentro dos nossos limites. Podemos ligar       tes , nem muito menos ter nascido ás nove ho-
isto um pouco ao livre arbítrio.                    ras da manhã de uma fria manhã de dia 18 de
                                            …/...   Fevereiro , isto supera-me. São coisas que não
                                                    controlo, mas que independentemente da mi-
                                                    nha vontade aconteceram. Agora com as tonela-
                                                    das que o mundo me pesa, sou um pouco livre,
                                                    posso reagir perante esses acontecimentos.
“A capacidade de ser livre é uma                    Aceitar a minha falha nos dentes, usar sapatos
                                                    altos para ficar com três quartos de palmo em
  grande responsabilidade…”                         vez de meio . Pedir para não me chamarem Lin-
                                                    guiça e para não ser fria como a manhã de inver-
                                                    no em que nasci. Está tudo á minha disposição ,
                                                    quando tiver a capacidade de ser livre , física e
                                                    emocionalmente, logo vemos o que vou fazer,
                                                    mas quer queira quer não, há coisas que estão
                                                    traçadas.
                                                                                       Sofia Linguiça
Ética e Moral


O que é a Ética? Depois de refletir sobre
o que eu acho do significado da mesma
posso dizer que a Ética é um conjunto de
valores que orientam o comportamento
do Homem em relação aos outros Ho-
mens na sociedade em que vive, garan-
tindo assim o seu bem-estar a nível soci-
al. Para mim a Ética está muito relacio-
nada com a subjetividade de cada um de
nós, porque a Ética está relacionada com
a nossa consciência, por outras palavras
a nossa voz interior. A nossa consciência
é o que nos permite uma análise do Bem
e do Mal, através dos princípios que a
mesma nos dá. Claro que nem sempre
realizamos ações muito corretas como por exemplo um indivíduo que decide roubar uma
loja. Neste caso como o indivíduo não tomou a melhor das decisões, apesar de este pensar
que conseguiu enganar toda a gente, engana-se, pois ele não consegue enganar a sua voz
interior que o irá atormentar por não ter tido uma boa atitude.
O que é a Moral? A Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do Ho-
mem na sociedade, estabelecendo condições de convivência com respeito e liberdade, pois
caso contrário se as mesmas não fossem estabelecidas, cada um de nós faria o que quises-
se.
Assim a Ética e a Moral completam-se uma à outra porque sem a Moral não seria possível a
convivência entre a Ética de cada um de nós sem que as mesmas se sobrepusessem umas
às outras e sem a Ética para além de nós não conseguir-mos distinguir o Bem do Mal não
iríamos ter os nossos próprios princípios, seríamos como marionetas que seguiam as regras
estabelecidas.
Em suma a Ética e a Moral são duas coisas distintas, indispensáveis para a nossa vida, e que
não vivem uma sem a outra. Assim concluo que sem a Moral não seria possível a convivên-
cia, e sem a Ética a nossa vida não teria qualquer liberdade, tornando-se infeliz.


“...Ética...a nossa voz interior…”

“...sem a Ética a nossa vida não teria qualquer liberdade…”
Ética e Moral . O novo bicho de sete cabeças.

Ética e moral. Palavras banais ao início de aula passada. Eu sabia as definições que vêm no dicionário, eu acho
que sou uma grande burra. Sou muito articulada, falo muito mas não sei metade do que digo. São letras que
formam palavras e eu digo-as. É como se eu falasse do amor e não o conhecesse. Falo de ética e nem sei o
que significa. Hesitei bastante ao escrever este texto pois não tinha inicialmente compreendido a conceito na
aula. Estava demasiado aérea. E a filosofia requer muita concentração. Agora estou aqui em diante do meu
portátil a tocar nas teclas e a ver o que sai. Sempre me disseram que eu era uma pessoa muito imoral , ou
pelo menos a minha avó sempre disse, pois eu nunca consegui chegar ás expectativas dela. Fazia sempre o
contrário do que ela me pedia. Quanto mais crescia mais me afastava do caminho que ela quisesse que eu
tomasse, parece que ela tinha já tudo pensado e nisso saio muito a ela. Nestes meus anos de adolescência,
que são vistos como os cruciais para a definição da minha personalidade, eu tenho-me afirmado bastante e
mantido fiel aos meus princípios. O Homem está sempre na procura da linha reta, na “retidão da mente” , no
modo de fazer as coisas da maneira mais certa. De se manter na linha. Apesar de eu me aparentar muito
“alinhada” não é nada disso que parecem achar. Sempre tive opiniões muito vincadas e sempre me mantive
fiel aos meus princípios. Á minha ética. Mas muita gente prefere a porcaria da moral. Se cada um de nós não
acreditasse em ética, nos seus princípios eramos todos um bando de autómatos, sem coração e que faríamos
tudo “by the book”. Eu não quero ser assim. Eu prefiro arranjar dez mil discussões do que ceder a normas, á
moral. Que o diabo leve a moral e a enterre. Eu já arranjei tantos problemas devido a ela. Sou uma pessoa
extremamente imoral para umas coisas, e muito ética para outras. Há coisas que necessitam da moral , ou
melhor, da GRANDE FRASE “ é assim que nos devemos comportar, porque assim é que é certo”. Isso é neces-
sário porque senão o mundo era uma enorme rebaldaria e não havia nenhuma ordem. Mas menospreza-se a
voz interior das pessoas. Calam-na com um monte de regulamentos só porque “assim é que têm que ser “ diz
a minha avó. Diz toda a sociedade. Ainda no outro dia, no Parlamento da Madeira , José Manuel Coelho sen-
tou-se no lugar do Sr. Alberto João Jardim, para demonstrar a falta de comparência deste. Apareceram logo
imensos guardas para o levarem de volta. Ele foi moral, seguiu as normas ? NEM PENSAR. Mas foi ético . Ou-
viu a sua voz interior que dizia para ele protestar. E eu acho que as pessoas querem apagar a ética do mapa
porque há muita coisa que não lhes interessa ouvir. A sociedade quer ficar agrilhoada nas normas. Natural-
mente dizem que as leis são para proteger todos e que agradam a todos. Isso é tão mentira como eu ser boa a
matemática. Estes dois conceitos só se poderão conjugar quando cada um deles se negar a si próprio. Os éti-
cos negarem a sua ética e os moralistas a sua moral. E trocarem de lados. Viverem um dia com pressupostos
diferentes e verem como a sua casmurrice possa afetar os outros seres humanos. Numa vida em sociedade
têm que haver bastante “compromising” temos que saber lidar uns com os outros e o atual regime imposto
quase na maioria dos países é a Democracia. Democracia significa povo ao poder. O povo não está nada no
poder porque não é ouvido. O povo é que sabe o que sofre todos os dias , e sabe que as leis da constituição
não estão de acordo com o que se passa no mundo.
Eu estou bastante emocionada a escrever isto porque se as pessoas tivessem o tempo para se ouvirem umas
ás outras , viveríamos muito melhor. Será legítimo qualquer pessoa deixar de viver como quer porque não é
assim que deve ser? Que eu saiba não estamos enclausurados. Em suma, estes dois conceitos são completa-
mente conciliáveis. Cada um deles simplesmente têm que se negar a si próprio e ver o outro. Pode-se ser mo-
ral e ético . Pode-se ser correto e fiel e si mesmo. O problema disto tudo é que estamos muito acelerados
para perceber isso. Estamos mais ocupados a ver quando sai o novo iPhone. Quando a sociedade quiser tudo
se fará e estes dois conceitos conciliarão se perfeitamente. “ Como devemos agir, como devemos fazer e sim-
plesmente as coisas em que cada um acredita.” Não sei se isto está algo que preste, mas não o conseguia fa-
zer de outro modo. Não seria ético da minha parte. Não consigo escrever textos profundos com palavras ca-
ríssimas porque não sou assim. Eu não escrevo palavras eu escrevo sentimentos. Eu sou ética e simplesmente
estou bem assim. Sabe muito melhor estar fora da linha, do que viver a vida que outros escolheram para mim
e poder ser o que quero. Peço desculpa pela desilusão.



                                                                                                 Sofia Linguíça
“...Vai para a direita, Tiago...”
“...atirar um caderno ao chão …”

                                                                  Ética e Norma Moral
                                          Quantas vezes já quisemos ir contra as regras estabelecidas? Contra aquilo
                                         que é a lei, a dita norma moral? Quantas vezes já nos quisemos comportar de
                                         maneira diferente aquilo que é suposto e se espera de nós? Dar-lhes um gran-
                                         de encontrão e fazermos o que a nossa voz interior diz, a nossa ética? É que,
                                         talvez seja novidade para alguns, mas as leis nem sempre são éticas. As leis
                                         obedecem a preconceitos que a sociedade foi criando ao longo do tempo, limi-
                                         tam o pensar e o fazer, criam muros na nossa vida onde se pode ler em gran-
                                         des letras ‘NÃO PODES FAZER ISTO’. Por exemplo, a norma moral diz-me que
                                         eu não posso atirar um caderno ao chão enquanto estou a ler este texto, não é
                                         de bom tom. É extravagante. A minha ética diz-me para o fazer. Para arriscar.
                                         Ups! Tiago – 1 Norma Moral – 0. A minha ética não se importa com os olhares
                                         que neste momento me estão a lançar das mesas lá de trás. A ética, a minha
                                         ética, é livre. Procura uma liberdade que não se encontra num Código de Direi-
                                         to, é uma liberdade interior que se projeta para o meu exterior. Procura uma
                                         liberdade que me permita ser feliz, que melhore o meu modo de vida, que me
                                         ajude a construir uma escala de valores reais. É aquela voz que me sussurra ao
                                         ouvido “Vai para a direita, Tiago” quando todos os outros vão para a esquerda.
                                         No início, era apenas isso, um sussurro. Agora, que penso sobre tudo o que es-
                                         tá à minha volta mas também naquilo que está dentro de mim, é uma voz cla-
                                         ra, definida e que me orienta.

                                                     “...Pensar. É tão gratuito. Tão vasto…”
                                         Porém, não somos perfeitos, limitamo-nos à nossa simples condição humana e
                                         nem sempre seguimos o que a ética nos diz. Daí nos depararmos com os nos-
                                         sos problemas e situações menos agradáveis que vamos enfrentando ao longo
                                         da vida. Não receio no entanto todos esses desafios que me são colocados, tal
                                         como Sartre disse “O Homem está à altura de tudo o que lhe acontece”. Se eu
  TIAGO!!!...‘NÃO PODES FAZER ISTO’...




                                         pensar, se a Catarina aqui ao meu lado pensar, se nós pensarmos e se o mun-
                                         do pensar, talvez consigamos viver numa sociedade ética, numa dita utopia.
                                         Pensar. É tão gratuito. Tão vasto.
                                          Resta-me apanhar o caderno do chão. A normal moral exige. Por enquanto.


                                         Ti-                                                                  ago Silva




                                                                                          “...não somos perfeitos…”
Ética e norma moral em Filosofia
                                                                                                    Ética e moral, que conceitos tão abstratos esses, com que me deparei no dia de hoje. Ética
                                                                                                    e moral, mas o que afinal é isso de ética e moral? Já utilizei tantas vezes estas miseras pala-
                                                                                                    vras e de repente, no momento em que me perguntam, qual o seu significado?, eu paraliso,
                                                                                                    paraliso não por não ter vontade de falar, mas pelo facto, de ao pensar nestas duas palavri-
                                                                                                    nhas deste modo eu não sei o que elas são. De facto, pergunto-me, o que é que faz com
                                                                                                    que a minha pessoa utilize expressões, sobre as quais desconhece o verdadeiro significado?
                                                                                                    E assim a minha mente ficou presa a essas expressões durante horas, ética, moral, moral,
                                                                                                    ética, porque é que eu não consigo responder? E esta pergunta permaneceu e permane-
“...a moral é o que torna possível a convivência entre as inúmeras diferenças éticas existentes…”




                                                                                                    ceu, tentei ir até ao fundo da questão e procurar respostas para estas novas perguntas e
                                                                                                    perguntas para essas mesmas respostas, questionei-me, juntei ideologias, juntei significa-
                                                                                                    dos e eis que algo começou a fazer sentido. Se a ética é algo esta associada ao “bom”, isto é
                                                                                                    se quando somos generosos, amigáveis, compreensivos, estamos a ser éticos, então supo-
                                                                                                    nho que a ética se relacione com o conjunto de valores que cada ser humano possui. Sendo
                                                                                                    assim, cada um de nós vive mediante as nossas próprias Éticas, sendo que cada individuo
                                                                                                    tem as suas e rege a sua vida de acordo com as mesmas. Posto isto, se a ética na minha ma-
                                                                                                    neira de ver se relaciona com o facto de “algo” ser bom para nós próprios e para toda a so-
                                                                                                    ciedade, então julgo que a moral tenha a ver não com aquilo que nos achamos ser o “bem”
                                                                                                    mas sim com o que nós achamos ser o “justo”. Ou seja, se a ética se relaciona com os valo-
                                                                                                    res de cada um dos membros de uma comunidade então a moral associa-se ao respeito e à
                                                                                                    liberdade dos mesmos. Tornando-se então a moral a ponte que liga as diferenças éticas
                                                                                                    umas às outras, isto é, a moral é o que torna possível a convivência entre as inúmeras dife-
                                                                                                    renças éticas existentes, fazendo com que todas elas se respeitem sem que umas se sobre-
                                                                                                    ponham às outras, sendo que de certo modo a moral prevalecerá sobre a ética. Após ter
                                                                                                    culminado neste ponto, as minhas noções sobre este tema, passaram a fazer muito mais
                                                                                                    sentido, sendo que, pelo meu ver a ética está associada às noções que o ser humano possui
                                                                                                    de carácter, de virtudes, isto é, a ética relaciona-se com as decisões de cada um de nós so-
                                                                                                    bre aquilo que somos e não somos, sobre aquilo que um dia gostaríamos de ser, da manei-
                                                                                                    ra como cada um de nós enfrenta cada situação, seja ela positiva ou negativa, sendo que
                                                                                                    todas as decisões da qual o propósito irá dar um determinado sentido a nossa vida, serão
                                                                                                    então decisões éticas. O que já não acontece exatamente com a moral, uma vez que esta,
                                                                                                    está muito mais associada na minha maneira de ver aquilo que está correto para a socieda-
                                                                                                    de onde nos encontramos, ou seja, a todos os conceitos de justiça, responsabilidade e de
                                                                                                    limites. A moral tem sobretudo a ver com a nossa liberdade sendo que o direito de realiza-
                                                                                                    ção das nossas ações só é permitido até aos limites dos restantes, impedindo-nos de sobre-
                                                                                                    por os nossos limites, violando os limites dos outros indivíduos. Em suma, a conclusão a
                                                                                                    que chego é que ambas as coisas são indispensáveis à nossa existência. Com uma grande
                                                                                                    diferença, que quem age moralmente têm de respeitar a comunidade onde está inserido e
                                                                                                    pode ser contemplado ou crucificado por isso. No entanto quem age eticamente, respeita
                                                                                                    simplesmente os seus valores e as suas ideologias sendo que também pode ser contempla-
                                                                                                    do, mas no entanto não pode ser punido pelas suas ações,
                                                                                                    mesmo sendo estas infelizes. Resumindo a moral é a res-
                                                                                                    ponsável por tornar a nossa convivência com os restantes
                                                                                                    possível, visto que, sem moral a nossa convivência em co-
                                                                                                    munidade seria impossível, no entanto sem a ética, esta
                                                                                                    seria lamentável e desprezível.
? ? ? ? ? ? Ética e Norma Moral ! ! ! ! ! !
A ética é a voz interior, a consciência, que avisa quando algo está certo ou quando algo está errado. É aquela vozinha que nos atormenta se




                                                                                                                                              Eu não sou ninguém se não tiver ética. A ética é a voz inte-
                                                                                                                                              rior, a consciência, que avisa quando algo está certo ou
                                                                                                                                              quando algo está errado. É aquela vozinha que nos atormen-
                                                                                                                                              ta se fazemos algo que ela já nos havia dito que estava er-
                                                                                                                                              rado. Mas também pode fazer com que nos sintamos bem ao
                                                                                                                                              tomarmos decisões corretas. Faz parte da minha subjetivi-
                                                                                                                                              dade. Por exemplo, se eu roubar, a minha consciência vai
                                                                                                                                              acusar-me que a minha ação está errada. Mas se eu roubar
                                                                                                                                              muitas vezes, desrespeitando a minha consciência, ela vai
                                                                                                                                              deixar de me acusar quando eu roubar. Na minha opinião, a
                                                                                                                                              consciência tem de ser respeitada, por que ela é o verdadei-
                                                                                                                                              ro guia da nossa vida.
                                                                                                                                              A norma moral refere-se aos princípios já estabelecidos que
                                                                                                                                              nos “obrigam” a seguir determinados comportamentos. A
                                                                                                                                              ética pode ajudar-nos a discernir as consequências das nor-
                                                                                                                                              mas de moral, mas também pode dizer-nos algo completamente contrário a elas. Por
                                                                                                                                              isso, pode dizer-se que a nossa voz interior nem sempre está totalmente de acordo com
                                                                                                                                              as normas morais. O que nos deixa numa posição um pouco ingrata. A quem devemos
                                                                                                                                              obedecer? Às normas morais ou à consciência? A nossa consciência pode ser influencia-
                                                                                                                                              da pelas nossas convicções ou até pela educação que nos deram, pelo que na minha opi-
                                                                                                                                              nião devíamos tentar estabelecer um equilíbrio. Em determinados assuntos teremos de
                                                                                                                                              respeitar as normas morais para evitar punição, mas em outras ocasiões temos seguir o
                                                                                                                                              que a nossa vozinha interior nos diz. No entanto, é curioso notar que a nossa consciên-
                                                                                                                                              cia dita como certas as ações que envolvem o respeito pelos outros e, acima de tudo,
                                                                                                                                              quando essas ações envolvem as nossas crenças.
                                                                                                                                              As normas morais são iguais para várias pessoas de várias nacionalidades, mas não exis-
                                                                                                                                              te duas pessoas com éticas iguais. A ética é algo individual, que pertence a cada um de
                                                                                                                                              nós. Por isso nem todos concordamos com tudo o que outros fazem, pois o que a nossa
fazemos algo que ela já nos havia dito que estava errado.




                                                                                                                                              voz interior nos diz que está errado, a outros, a sua voz interior pode dizer que está
                                                                                                                                              correto.
                                                                                                                                              Na minha opinião, apesar dos contrastes evidentes entre ética e normas morais, as nor-
                                                                                                                                              mas morais não podiam existir sem a ética, porque se não existisse a consciência, quem
                                                                                                                                              dita essas normas não poderia saber se o que estava a implantar estaria certo ou erra-
                                                                                                                                              do.
                                                                                                                                              Por fim, na minha opinião a ética também está intimamente relacionada com a liberda-
                                                                                                                                              de, porque uma pessoa sem liberdade não pode fazer uso da sua ética para tomar ações
                                                                                                                                              livres, apesar de ela continuar a existir se não houver liberdade. O que se pode dizer é
                                                                                                                                              que ela não seria usada para a tomada de decisões mas apenas para julgar ações de ou-
                                                                                                                                              tros, já que a nossa consciência também nos permite caracterizar as ações de outras
                                                                                                                                              pessoas e julgá-las por essas mesmas ações. Por isso, eu digo que a vida não teria o mí-
                                                                                                                                              nimo sentido sem ética, pois se não tivéssemos um guia próprio dentro de nós, vivería-
                                                                                                                                              mos uma vida completamente vazia, já que não tomaríamos ações baseadas na nossa
                                                                                                                                              própria consciência. A minha consciência pode influenciar, e muito, o tipo de pessoa que
                                                                                                                                              sou, desde que eu siga as suas instruções.

                                                                                                                                                                                                                       Sofia Linguíça
“A consciência assume-se como primeira resposta.”   Ética e Norma Moral.


                                                    Todos os seres humanos possuem em si, uma “vida” no
                                                    seu interior, aquilo que modifica as suas ações. Essa vi-
                                                    da leva-nos a refletir e a consciencializar sobre o bem e
                                                    o mal, o correto e o incorreto,.. Afinal de contas o que é
                                                    esta vida, que nos faz ser diferente de todos os outros
                                                    seres?
                                                     A consciência assume-se como primeira resposta. To-
                                                    das as nossas ações são posteriormente analisadas a par-
                                                    tir da nossa reflecção e condenadas pela nossa consciên-
                                                    cia. Consciência essa que nos dá uma perceção de como
                                                    havemos de agir de uma forma posterior. Por exemplo, o facto de numa bela tarde de sol,
                                                    decidir em vez de brincar no parque ir roubar rebuçados na loja, faz com que por conse-
                                                    guinte a minha consciência me diga que tal Acão foi completamente errada. Com isto, a
                                                    dita consciência poderá penalizar-me de uma forma temporariamente indefinida. Podemos
                                                    de certa forma, aceitar toda essa penalização, mas temos a nossa grande arma, a liberdade.
                                                    Quero com isto dizer que temos liberdade para enfrentar a nossa própria consciência e aí
                                                    entrar numa grande guerra interior, de um lado a consciência e do outro aquilo que o nosso
                                                    coração nos diz. A única consequência de toda esta batalha é o sofrimento, aquilo que nos




                                                                                                                                                 “...temos liberdade para enfrentar a nossa própria consciência…”
                                                    consegue destruir das formas mais cruéis. Quero com isto dizer que a ética está ligada á
                                                    subjetividade de cada individuo.
                                                    Esta grande individualidade da ética é bastante importante para que seja possível a norma
                                                    moral.
                                                    A norma moral é determinada pelo conjunto de leis que faz com que um individuo as siga
                                                    de forma determinada. Ao contrário da ética a norma moral é algo exterior a nós próprios,
                                                    ou seja, algo que não conte-mos dentro de nós e que não detemos o controlo. Trata-se a
                                                    penas e só de uma prescrição, um código a seguir. Também contradizendo a ética, a norma
                                                    moral é algo que engloba a objetividade de cada individuo.
                                                    Apesar da adversidade entre estes dois grandes condutores da vida, existe uma compatibili-
                                                    zação entre elas. O grande exemplo desta afirmação verifica-se na politica, por exemplo,
                                                    ao estado se abrir á opinião pública, de forma a que a ética de cada um interfira na norma
                                                    moral do estado.
                                                    Para mim apenas ambos, estes grandes pilares, são importantes e mostram a sua relevância
                                                    na Acão de cada um de nós, e é óbvio que seria uma impossibilidade viver sem um deles,
                                                    pois estes são o grande motor da Acão humana. Personalizando, para mim seria-me total-
                                                    mente impossível existir sem ética. O que seria de mim se não tivesse a minha grande ami-
                                                    ga, que me alerta para o bem e para o mal? Poderia assim magoar alguém sem ter noção
                                                    que estava completamente a ser cruel (má) ou por outro lado estar a ajudar alguém e não
                                                    ter a perceção que lhe estava a ser boa. Se assim o fosse não me consideraria humana, mas
                                                    sim outro ser inimaginável. Por outro lado as normas morais também me são efetivamente
                                                    necessárias. O viver sem regras, nem que sejam leis próprias é completamente impensável,
                                                    é de certa forma um viver por viver. Com tudo isto quero dizer que a ética e as normas mo-
                                                    rais contribuem completamente para que eu seja um ser racional e não um ser completa-
                                                    mente impossível de visualizar, não só em ter-mos visuais mas também em termos filosófi-
                                                    cos. Simplesmente não seria nada.


                                                                                                                                  Inês André
Ética e normal moral

O que é a ética? A ética está ligada à subjetividade de cada
um de nós, é aquela voz interior com que estamos todos
familiarizados em chamá-la de consciência. Essa consciên-
cia alerta-nos, quando estamos a fazer uma determinada Acão, do que é cor-
reto ou errado. Cada indivíduo possui uma ética distinta de todas as outras,
pois esta baseia-se no tipo de educação que cada um recebeu e o tipo de
ambiente que o rodeia, influenciando, assim, a sua subjetividade. No entan-
to, as normas morais tem características mais distintas.
A norma moral é externa e objetiva, são as leis da sociedade que nos dizem
qual é a maneira correta de todos agirmos, uma espécie de ética globalizada,
ideal para a sociedade. O problema é que como a ética é subjetiva e individu-
al, nem sempre se harmoniza com as normas morais. Alguns indivíduos com
determinadas éticas podem estar de acordo com uma certa norma moral,
mas outros podem estar contra esta mesma. Por exemplo, uma pessoa que
acabou de mentir a um amigo, por razões que são irrelevantes para o caso,
sente-se culpado por o ter feito pois a sua consciência sempre lhe disse que
é errado mentir, mas se o sujeito da mesma Acão fosse um individuo cuja
consciência lhe dissesse que não haveria mal algum em mentir, então esse
individuo não sentiria tanto peso na consciência como o que se sentiu culpa-
do pela Acão. Até mesmo quando existem protestos ou greves contra uma
determinada lei imposta pelo governo, a causa por detrás disso é o facto da
ética dessas pessoas estar contra essas leis, daí as pessoas revoltarem-se.
Em síntese, a ética refere-se à reflexão do porquê de considerarmos válidos
os costumes e as normas das diferentes morais. Faz-nos refletir sobre qual
será a maneira mais correta de vivermos de acordo com a nossa subjetivida-
de. A moralidade remete-nos para o conjunto de normas e de códigos exis-
tentes em cada sociedade, fixando a noção do que será bom ou mau.


“...são as leis da sociedade que nos dizem qual é a maneira correta de todos
      agirmos, uma espécie de ética globalizada, ideal para a sociedade.”

                                                              Catarina Sousa
ÉTICA…(S)….
“...é uma reflexão interior em relação a cada um de nós.”




                                                             Bem, na minha opinião, a ética, trata-se de uma questão indivi-
                                                             dualista, pois é um conjunto de ações que cada pessoa toma considerando as
                                                                                   mesmas como corretas ou incorretas.
                                                               A ética defende o facto de que são as consequências que tornam uma Acão
                                                            moralmente correta ou incorreta, assim as intenções do agente são de um mo-
                                                             do geral desvalorizadas, pois o que se avalia não são propriamente as inten-
                                                               ções do agente, mas sim as consequências de uma mesma Acão tomada.




                                                                                                                                                 “...são as consequências que tornam uma Acão moralmente correta ou incorreta…”
                                                                                É como que adquiríssemos ética por hábito.
                                                               Para mim a ética é uma reflexão interior em relação a cada um de nós, é o
                                                            nosso modo de ser e pensar, o que nos atribui características boas, ou más, ou
                                                                                         especiais, ou egoístas, etc.
                                                               Acho que a ética também pode estar relacionada com a nossa liberdade, de
                                                            escolher entre fazer o certo ou o errado. A nossa liberdade e a nossa ética, são
                                                               elas que orientam o nosso comportamento em relação às outras pessoas.
                                                               Exemplificando, uma pessoa ao passar por nós deixa uma carteira cair no
                                                             chão, eticamente correto seria devolvermos a carteira, eticamente incorreto,
                                                            seria ficarmos simplesmente com a carteira sem dizermos nada á pessoa que a
                                                                                                   perdeu.
                                                              Porém, aspetos eticamente corretos podem ser influenciados por fatores ex-
                                                             teriores a nós, como por exemplo, estarmos num grupo de amigos e os mes-
                                                             mos nos incitarem a não devolver a carteira, podemos até nem devolvê-la, o
                                                            que é moralmente incorreto, por sermos influenciados por esses mesmos ami-
                                                                       gos. Aqui, já se trata um pouco mais de moral que de ética.
                                                              Basicamente, a moral é um conjunto de condutas pré-estabelecidas por uma
                                                              sociedade, que são consideradas assim mesmo como corretas ou incorretas
                                                                    pelo grupo, pela sociedade e já não apenas por um só indivíduo.
                                                                        Esta, a moral, está diretamente relacionada com costumes.
                                                                 Em suma, ética e moral, são dois conceitos para uma mesma realidade.




                                                                                                                                    Inês Lopes
“Sinto o frio que está lá fora nesta noite de Janeiro e ouço o silêncio.”


                                        A Morte Moral

           “A Morte de Ivan Ilitch” de Leo Tolstoy é uma das obras mais admiradas deste
          escritor. Deparei-me com este pequenino livro com não mais de 70 páginas
          numa estante que nem sequer salta à vista. Pensei ser uma leitura leve, uma
          simples história sobre o acontecimento da morte de uma pessoa. Não podia
          estar mais enganado, pois foi provavelmente dos livros que mais me fez pen-
          sar até hoje. Apresenta-nos a história de Ivan começando a narrativa logo com
          a notícia da sua morte, sendo os capítulos seguintes episódios anteriores da
          sua vida até ao momento fatídico da morte. E é precisamente no último excer-
          to do livro que é feita uma observação que me deu um clique, que mais uma
          vez me permite ir um pouco mais além na minha mente. “Ivan fechou os olhos
          para finalmente descansar. A morte tinha acabado”. A minha primeira reação
          foi de espanto mas então comecei a perceber: Ivan já estava morto há muito
          tempo. Não fisicamente, mas moralmente. A sua morte não é propriamente o
          momento em que o seu coração pára, Ivan vivia uma vida falsa e em constante
          negação com o seu eu. E não será uma vida artificial e construída em mentiras
          já uma espécie de morte, a morte moral que referi?
           Fiquei a pensar realmente nos conceitos de vida e de morte. Quantas pessoas
          com que nos cruzamos na rua apenas existem e não vivem? Quantos aniquila-
          ram completamente a sua voz interior, quantos a mataram? Quantos inverte-
          ram a sua escala de valores e já não perseguem aquilo que querem? E quantos
          já nem sequer pensam? Vivemos numa sociedade que está do avesso, e isso
          reflete-se em todos os sectores: na economia, na política, nas relações que
          nos rodeiam. Faz falta filosofia, faz falta pensar sobre quem somos e o que so-
          mos. Ou corremos o risco de já estar mortos e nem saber.
           Eu, Tiago Silva, sinto o teclado por baixo das minhas mãos. Sinto a luz do ecrã
          do computador a iluminar-me. Sinto o frio que está lá fora nesta noite de Ja-
          neiro e ouço o silêncio. Sinto a tempestade de pensamentos que me atravessa
          a mente, sinto a ânsia de saber tudo, de saber o mundo. Eu, Tiago Silva, estou
          vivo.

                                                                               Tiago Silva



                                                        “Eu... estou vivo.”
“Mantenha seus pensamentos positivos, porque
  seus pensamentos tornam-se suas palavras.”

“Mantenha suas palavras positivas, porque suas pa-
        lavras tornam-se suas atitudes.”

“Mantenha suas atitudes positivas, porque suas ati-
        tudes tornam-se seus hábitos.”
“Mantenha seus hábitos positivos, porque seus há-
        bitos tornam-se seus valores.”
“Mantenha seus valores positivos, porque seus va-
       lores … Tornam-se seu destino.”
O que é um valor?
                                                                              Se me perguntassem antes da aula, o que era um valor, o senso comum obrigar-me-ia a
                                                                              dizer que é a importância que damos a uma coisa. Depois de pensar nele do ponto de vista
                                                                              filosófico (começa a ser comum), consegui compreender que é algo muito mais complexo
                                                                              que isso. O valor nasce da interação que nós, seres humanos, estabelecemos com os obje-
“Dar um pouco de nós, emprestá-lo às coisas preenchendo-as de significado.”




                                                                              tos. Desse modo, o valor não vai estar nas próprias coisas, mas sim no que lhes vamos atri-
                                                                              buir, dependendo da situação em que nos encontramos. É ele que ajuda a determinar as
                                                                              nossas decisões, que nos leva a agir duma maneira e não doutra. Como exemplo, escolher a
                                                                              água no deserto em vez de ouro, mas suceder o contrário se estivéssemos numa cidade.
                                                                              Sendo assim, o valor não é algo fixo e inalterável, mas sim algo mutável e que se adapta.
                                                                              Temos de ter em conta que existe sem dúvida uma hierarquia entre eles, valores que consi-
                                                                              deramos mais importantes e que pesam mais na tomada da decisão. No entanto, será o
                                                                              valor algo que nos torna independentes e que podemos escolher? Temos liberdade de hie-
                                                                              rarquizá-los e condicioná-los perante a situação ou será ela que nos condiciona a nós? São
                                                                              algo que vamos adquirindo por experiência própria e apenas dependentes da nossa própria
                                                                              consciência, assimilados por influência humana alheia ou mesmo colocados em nós por um
                                                                              ser superior, Deus?
                                                                              O valor nasce do processo de reflexão, mas não o podemos classificar como algo completa-
                                                                              mente subjetivo, pois não depende só de fatores inteligíveis e do nosso campo mental mas
                                                                              também por muitas condicionantes do nosso mundo físico. No entanto, também não é algo
                                                                              objetivo, pelo exemplo apresentado anteriormente.
                                                                              Então afinal, o que é um valor? Começo por dizer aquilo que não é: Não é apenas uma
                                                                              quantia monetária, ou princípios morais pelos quais nos regemos. O valor é a essência hu-
                                                                              mana, é mais uma vez, aquilo que nos distingue de tudo o resto e nos confere identidade. O
                                                                              valor é aquilo que dá sentido ao mundo, à vida, e pelo qual vale a pena viver. É algo que se
                                                                              encontra em nós, daí a expressão “dar valor”. Dar um pouco de nós, emprestá-lo às coisas
                                                                              preenchendo-as de significado. É a ideia e o conceito no seu estado mais expansivo.
                                                                              No entanto, os valores são, como tudo, suscetíveis de dúvida e crítica, surgindo assim tam-
                                                                              bém a expressão “juízos de valor”. Não nos dizem respeito só a nós, pois sendo algo bas-
                                                                              tante idiossincrático irão provocar diversas reações nos outros. Não querendo de modo al-
                                                                              gum limitá-lo, depois desta dissertação definiria valor tal como Lavelle disse: como a rutura
                                                                              com a indiferença.


                                                                                                                                                                Tiago Silva
O que são os valores?
            Eu antes de começar a falar dos valores propriamente ditos tenho a dizer que
            me sinto confusa, pois com tanta reflexão, já não sei se o que sei é verdade, e
nem sei se o que digo vale alguma coisa e finalmente percebo o significado de “pertencer
a algo maior que eu “, é uma constante inconstante, isto que sinto. Depois de passar 3
dias a debater-me com este minha horrível dúvida, lá articulei, balbuciando uma resposta
fraturada. O valor não era o que eu pensava que era, confirmando a teoria de que eu não
sei nada. Um valor não é eu estar tipo a pensar no preço de um lamborghini, e sinto-me
saturada de passar os meus textos a dizer que é algo muito mais profundo que isso. Mas
é assim que são as coisas e eu não tenho culpa disso, os meus olhos não vêem as coisas a
preto e branco. São desconfiados e sabem que há mais por de trás. Um valor, disse-me a
minha mãe, compadecida, “ é uma grande regra que todos cumprem”. E isso é tão verda-
de como eu estar em Malibu agora. Se todos respeitassem essa grande regra, por exem-
plo, a de cumprir promessas, não havia desilusões. O meu pai sempre me disse que me
levaria ao Porto e eu nunca lá estive, portanto chego á conclusão que não devo basear o
meu texto nisso e que existem desilusões.
Eu penso que os valores sejam influências inconstantes, os valores mudam de um dia pa-
ra o outro, de pessoa para pessoa. Os valores são uma balança grande, com uns grandes
pratos dourados e que inconscientemente estamos sempre a pensar neles. Essa balança
está na nossa cabeça, e pode ser para decisões banais como “ preto ou amarelo” ou co-
mo a “desilusão ou a mentira?”. E é claro que eu vejo que os valores sejam muito corre-
tamente aplicados em situações verdadeiras, em situações que exijam mais de nós, que
tenham repercussões. Que façam barulho e que causem danos. Que façam mudar o meu
conceito sobre qualquer coisa num clique, que me toldem visão, mas que me abram os
olhos. E que todos os valores que a minha santa mãe me incutiu sejam verdadeiros ou
não.
É os interessantes os valores, da conceção de valor, porque num momento o “não min-
tas” que a minha mãe me disse todos os dias passe a ser secundário. Que ela um dia me
proíba de algo que eu pretendo genuinamente, e pode ser algo até elevado ao amor. Eu
aí vou rejeitar o valor que ela me incutiu, vou mentir-lhe, apesar de o odiar e de me sentir
culpada, iria me custar mais ter perdido a minha felicidade. A minha prioridade mudou.
Ou então o exemplo de “ não roubes”. Se alguma vez eu me visse na situação de não ter
capacidade de conseguir sustentar os meus filhos, eu roubaria. A minha prioridade mu-
dou outra vez. Nestes exemplos, só se pode avaliar conhecendo o amor e o desespero, e
quem não os conhecesse, ou até só mesmo eu própria podia avaliar, pois felizmente cada
um de nós é diferente, não vê tudo com os mesmos olhos, não têm as mesmas priorida-
des, não têm as mesmas influências. E isso torna-se algo interessante, nem toda a agente
pensar da mesma maneira senão seríamos todos uns autómatos. Eu não sei se o valor
que tenho é os corretos, se os vou destruir, se os vou preservar. Não sei as escolhas que
vou ter que fazer, e as prioridades estão sempre a mudar. Só posso contar com a minha
capacidade de avaliação, com a minha reflexibilidade recentemente adquirida, com a mi-
nha ignorância, e por fim, com a balança.




                                                   Sofia Linguiça
“...deixando de ser apenas “mais um” no meio de tantos outros, passando a ser “aquele um” entre todos os outros.”
O que são valores em filosofia?
Quando optamos por realizar uma determinada ação no lugar de outra, ou seja, quando
decidimos fazer um determinado “algo”, estamos a realizar uma escolha, escolha essa
que não seria possível de obter caso não tivéssemos realizado uma profunda reflexão an-
teriormente sobre ela mesma. Manifestando então, certas preferências da nossa parte,
de umas em relação às outras. Isto é, acabamos então, por evocar inconscientemente,
certos motivos para justificar as nossas decisões. Motivos, esses que se poderão apoiar
em factos, pois é certo, que existirá uma razão no nosso subconsciente que nos fará optar
por determinada coisa, face a outra, no entanto, essas mesmas escolhas tem sempre de
ter implícitas nelas certos valores. Valores esses que acabaram por justificar ou legitimar
essas nossas mesmas preferências. Ou seja, os valores são critérios segundo os quais va-
lorizamos ou desvalorizamos algo, isto é, os valores são critérios segundo os quais damos
uma determinada importância a uma determinada coisa, face a um determinado momen-
to, necessidade ou situação. Pois os valores são algo que numa determinada situação irá
ter uma diferente importância face a nossa necessidade, de modo que esses mesmos va-
lores são algo que terá uma determinada importância quanto as nossas ações, pois são os
nossos valores pré-concebidos que acabaram por influenciar qualquer uma das nossas
ações. Por muito mínimas que estas sejam, tornando-as preferíveis em relação
outras. Posto isto, julgo que um valor reporte-se pelas relações entre as razões pelas
quais realizamos determinadas ações, justificando-as. Pois na minha humilde opinião os
valores serão considerados de um certo modo aquele “algo” que acaba por “colocar em
movimento”, todos os nossos comportamentos, bem como as condutas das pessoas pe-
rante as suas próprias vidas. Pois ao longo da nossa vida estamos constantemente a reali-
zar juízos de valor e a guiarmo-nos mediante os mesmos. Logo, julgo que, eles, os valores,
acabam por orientar a nossa vida, marcando a nossa própria personalidade, ou seja a ver-
dadeira essência humana, isto é, uma pessoa acaba por de certo modo se definir em fun-
ção dos valores que possui. Cada um dos seres humanos nasce com a capacidade de ser
livre e de procurar, dentro da sua própria mente, e do seu próprio coração aquilo que es-
ta certo ou errado para ele, aquilo que de facto têm importância na sua vida e no que a
rodeia, pois se todos nós somos presenteados com a capacidade de viver livres, porque é
que teimamos em escondermo-nos atrás dos conceitos pré-concebidos da sociedade?
Logo se somos livres e possuímos a capacidade de refletir, possuímos também a capacida-
de de determinar aquele “algo” que de facto têm valor, ou seja temos a capacidade de
criar os nossos próprios valores, e não apenas aceitar aqueles que nos são impostos por
terceiros. E é isto, que de facto marca a diferença, que realmente nos torna diferentes,
fazendo com que nos destaquemos, deixando de ser apenas “mais um” no meio de tantos
outros, passando a ser “aquele um” entre todos os outros.


                                                                             Tânia Amaral
Liberdade

"Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo. Quem é mau é escravo, ainda que seja livre." (Santo Agostinho)
"Liberdade é uma possibilidade de ser melhor, enquanto que escravidão é a certeza de ser pior." (Albert Camus)
"Liberdade é o direito de fazer tudo aquilo que as leis permitem." (Barão de Montesquieu)
"O homem nasceu livre, e em todos os lugares ele está acorrentado." (Jean-Jacques Rousseau)"
A liberdade não tem qualquer valor se não inclui a liberdade de errar." (Mahatma Gandhi)
"Quem pensa segundo a opinião dos outros, está muito longe de ser um homem livre." (Autor desconhecido)
"Aquele a quem você confia seu segredo torna-se senhor de sua liberdade." (François de La Roche Foucauld)
"Depois da ordem e da liberdade, a economia é uma das coisas essenciais a um governo livre. A economia é sempre uma garantia
de paz." (Calvin Coolidge)
"Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela." (Autor desconhecido)
"Tudo que é realmente grande e inspirador é criado pelo indivíduo que pode trabalhar em liberdade." (Albert Einstein)
"Liberdade sem socialismo é privilégio, injustiça; socialismo sem liberdade é escravidão e brutalidade." (Mijaíl Alexándróvich
Bakunin)
"Aqueles que negam liberdade aos outros não a merecem para si mesmos." (Abraham Lincoln)
"A liberdade é a única riqueza, porque do resto somos ao mesmo tempo amos e escravos." (William Hazlitt)
"A verdadeira liberdade consiste somente em fazer o que devemos, sem sermos constrangidos a fazer o que não deve-
mos." (Jonathan Edwards)
"A liberdade diminui à medida que o homem evolui e se torna civilizado." (Salazar)
"Apenas a opressão deve temer o exercício pleno das liberdades." (José Martí)
"A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num
cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão." (Massimo Bontempelli)
"Não devemos acreditar na maioria que diz que apenas as pessoas livres podem ser educadas, mas sim acreditar nos filósofos que
dizem que só as pessoas educadas são livres." (Epiteto)
"O que fica de pé, se cair a liberdade?" (Kipling)
"A liberdade é algo maravilhoso, mas não quando o preço que se paga por ela tem de ser a solidão." (Bertrand Russel)
"O destino dos homens é a liberdade." (Vinícius de Moraes)
"Não há excesso de liberdade se aqueles que são livres são responsáveis. O problema é liberdade sem responsabilidade." (Milton
Friedman)
"A liberdade, quando começa a criar raízes, é uma planta de crescimento rápido." (George Washington)
"A grande meia verdade: liberdade." (William Blake)
"A liberdade é o direito de fazer aquilo que não é prejudicial." (Autor desconhecido)
"Acima de todas as liberdades, dê-me a de saber, de me expressar, de debater com autonomia, de acordo com minha consciên-
cia." (John Milton)
"Liberdade é obediência às leis que a pessoa estabeleceu para si própria." (Jean-Jacques Rousseau)
"Tudo está fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é o direito de transformar-se." (Lauro
de Oliveira Lima)
"Só peço para ser livre. As borboletas são livres." (Charles Dickens)
"Não são livres todos aqueles que fogem das suas cadeias." (Gotthold Ephraim)
"Parecemos tão livres - e estamos tão encadeados..." (Robert Browning)
"A liberdade me ensinou, e muito bem, que nela se concentra todo o prazer possível." (Margarida, rainha de Navarra)
"...Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo." (Luis Fernando Veríssimo)
"Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida." (Che Guevara)
"Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!" (Nicolau Maquiavel)
"É livre quem deixou de ser escravo de si mesmo." (Sêneca)
"O mais livre de todos os homens é aquele que consegue ser livre na própria escravidão." (François Fénelon)
"Aprendendo a pensar por nós mesmos, experimentamos a liberdade." (Luiz Márcio M. Martins)
Determinismo e liberdade
O caso que nos é apresentado é o caso de assassínio. Dois rapazes nomeadamente entre os 18 e 19
anos, Loeb e Leopold ,licenciados, mataram um rapaz de 14 anos. Desmembraram-no. O caso foi
conduzido a tribunal, sendo o seu advogado Clarence Darrow. Darrow defendeu os seus dois clientes
argumentando a favor do determinismo. Ou seja, que tudo o que aconteceu foi predestinado, que
tudo têm uma causa, e que todos os acontecimentos são a continuidade do acontecimento anterior,
portanto aquele pobre rapaz desmembrado foi morto não pela vontade dos seus assassinos, mas
segundo esta teoria porque a sua morta já estava predestinada, e devido a isso Loeb e Leopold não
deveriam ser castigados. Tudo já estava , digamos , “escrito” e estes rapazes foram apenas o meio
para um fim .

O que os levou a cometer esse crime , foi algo tão exterior a eles, algo tão fora do seu controlo como
a cor dos seus olhos, afirma Darrow. Que esse acontecimento foi catapultado por outros, por outras
causas, completamente exteriores ao livre arbítrio destes dois homens. A sua educação, os seus pais,
até a sua descendência. Este acontecimento pode ter sido, deste ponto de vista, catapultado pelo
Tio- avô da prima em segundo grau. Segundo esta teoria, vamos culpar o Tio-avô da prima em
segundo grau.

Mas agora vamos ver isto por outro prisma, segundo a teoria da liberdade, do livre arbítrio. Diz-se
que um ser tem livre arbítrio quando toma as decisões tendo como base a sua vontade, e um ser
com livre arbítrio é notoriamente um ser livre, pois tem a capacidade, digamos, a liberdade de tomar
as suas próprias decisões. A liberdade não é um conceito completamente claro, completamente
definível. E custa-me bastante dizer o que a liberdade é , pois para mim a liberdade não se diz, não se
sabe. A liberdade sente-se. A liberdade não é omnipotência, não é um poder que nos permite fazer
tudo. É um poder, que me pesa nas costas que me permite responder, ter algum raciocínio próprio
de acordo como quero. É o que me permite ser eu, e o eu não existe sem a minha Liberdade. A
pesada liberdade. Estes dois rapazes não foram livres, pois negaram a liberdade a outro. Mataram-
no, tiraram-lhe e vida. O rapaz não pode usufruir de tudo o que existe neste mundo. Ficou nem a
meio, ficou a um quarto.

Mas agora exponho uma contradição. Os rapazes não foram livres, mas tiveram o livre-arbítrio, ou
seja, as suas cabecinhas pensaram, decidiram matar o rapaz. Eles é que decidiram. Não foram
coagidos, ameaçados ou simplesmente a vida deles dependia desse acto bárbaro. Ou se calhar sim,
não sei.

Portanto, faço uma dedução final deste caso após toda a exposição de ambas as teorias. Sim, há
coisas que estão predestinadas, e traçadas, coisas mais abstractas. Como já disse, a cor dos meus
olhos, já estava determinada, já estava escolhida através de múltiplos processos biológicos. Eu não
tive qualquer controlo nisso. Mas qualquer ser racional pensa pela sua cabeça, têm liberdade, têm
livre- arbítrio. Tem a capacidade, dentro do que pode alcançar, de escolher, de fazer , de agir. E
sempre se disse que “devemos ser responsabilizados pelos nossos actos” , assim bem seja, pois eu
não acredito que enquanto estas duas almas estavam a matar o pobre rapaz, enquanto viam a vida a
sair dos seu corpo, o brilho dos olhos a esmorecer, o faziam porque o Tio-avô da prima em segundo
grau, o quis, o decidiu.

E também acho importante frisar, que tanto uma criança rica pode sair um serial killer, como uma
pessoa pobre, um presidente da república. Nós temos a capacidade de escolher, só temos que
querer e simplesmente não arranjar desculpas, não podemos justificar o injustificável com magia.



                                                                                         Sofia Linguíça
Determinismo e Liberdade

 Ser livre é a capacidade para me perder dentro de mim mesmo, para me per-
der nas minhas múltiplas decisões e saber que elas influenciam a minha vida,
que não sou uma marioneta controlada por algo invisível que já está determi-
nado, algo maior que mim mesmo e que não compreendo. É saber que tudo o
que eu faça levará a um resultado lógico (a maior parte das vezes) e que esco-
lhas diferentes levam a caminhos diferentes. Se tenho liberdade, sei que as
opções está nas minhas mãos e que eu é decido aquilo que quero fazer. Que




                                                                                 “E eu escolho ser diferente. Escolho ser livre.”
sou responsável pelos meus atos e que estes nascem da minha vontade. Com
liberdade posso fazer tudo mas nem tudo me irá trazer resultados positivos,
nem tudo me convém.
 Já o determinismo defende que tudo o que fazemos e que nos acontece é o
resultado de ações e acontecimentos anteriores. Desse modo, nada nos perten-
ce e não existe individualidade, pois já está tudo definido à partida, vivemos
com um destino traçado. Pensamos estar a fazer escolhas quando na realidade
não estamos a escolher nada. Praticar boas ou más ações, ficar em casa ou sa-
ir à rua, tirar boa ou má nota nos testes, ser alguém com uma carreira ou um
vagabundo, tudo isso já se encontra definido. Somos como pequenas peças de
dominó, que eventualmente acabam por cair quando as anteriores lhes emba-
tem. Nenhuma decisão que tomemos irá afetar o ciclo da nossa vida, pois es-
tas já estavam previstas. Tomar café ou matar o vizinho será igual, porque
não têm repercussões não expectáveis na nossa vida: já estava destinado. Não
podemos ser culpados pelos nossos próprios atos e se temos de ir para ao sítio
B é lá que iremos eventualmente parar, não importa tentar escapar. Pensando
deste modo, o determinismo é um conceito assustador e massivo pois mostra-
nos que não temos qualquer hipótese de escolha ou planeamento para a nossa
vida, não temos liberdade.
 A verdade é que há certas coisas que não determinamos: onde nascemos, os
nossos pais, o nosso país, os traços do nosso rosto. Mas na minha opinião, é
ingénuo pensar que não temos qualquer poder sobre a nossa vida. Fazer o cer-
to ou o errado não depende de algo predefinido, depende de uma escolha. Ser
alguém bem sucedido na vida ou não depende das decisões que tomamos e do
nosso esforço. Ser uma cópia autómata e igual a todos ou irmos contra a cor-
rente, destacarmo-nos no meio duma multidão, termos a coragem de admitir
que somos diferentes e levantarmo-nos por aquilo em que acreditamos requer
coragem e irreverência. Requer liberdade. E eu escolho ser diferente. Escolho
ser livre.

                                                                  Tiago Silva
do que as que seria suposto eu responder?
                                                                                                    Porque que quando me sento para simplesmente escrever um texto para uma aula, me surgem mais de vinte e nove mil questões
Qual a diferença entre Determinismo e Liberdade?
O determinismo é a hipótese de que tudo acontece como resultado do que aconteceu an-
teriormente. Isto é, todos e cada um dos acontecimentos do universo estão submetidos a
um sistema de causas e efeitos necessários. De modo que, se nós, nos encontramos rodea-
dos de teorias sobre as mais ínfimas coisas que nos circundam, teorias, essas que são de-
terministas. Leva-me a concluir que segundo o determinismo a estrutura do mundo, é de
tal modo óbvia, que todas as ações e acontecimentos podem ser racionalmente previstos
com a maior precisão, ou seja, se possuirmos a capacidade de conhecer por completo o
estado do universo atual, seriamos capazes de determinar todo o futuro. Pondo a generali-
dade do determinismo de lado e focando-me nos exemplos do texto, suscitam-me algumas
dúvidas. Partindo do pressuposto que o nosso destino está traçado e que todas as nossas
ações já estão condicionadas à nascença, de modo que, independentemente de serem es-
tas boas ou más nada as poderá alterar. Aceitando o facto de que nem eu, nem nenhum
ser, possui um qualquer controlo sobre a sua vida e sobre os seus atos, sendo então tão
culpado por um crime, por uma doença, pela sua maneira de falar, de escrever ou simples-
mente por aspetos fisionómicos como o seu sexo, a sua cor de pele, de cabelo ou de olhos.
Não tendo então nenhum de nós responsabilidade moral sobre nenhum acontecimento,
como é possível sermos livres? Se o determinismo implica a negação da liberdade e da res-
ponsabilidade, afirmando que tudo está determinado e que nada poderemos fazer para
alterar o destino que para nós foi traçado, deixando bem assente que as nossas ações são
resultado de algo que não é possível ser controlado por nós, então como é possível explicar
que eu hoje esteja aqui, que eu hoje respire, como é possível explicar que eu neste preciso
momento esteja a ler este texto. Eu poderia não o ler, aliás eu poderia não o ter escrito se-
quer, poderia não me ter dado ao trabalho de refletir sobre estes assuntos e de deixar por
escrito alguns dos pontos da minha reflexão, mas eu fi-lo. Porquê? Porque tive liberdade
para o fazer, poderia o ter escrito de manhã, mas não optei por escreve-lo à noite, porque
gosto mais de escrever à noite. E isto porque? Porque sou livre de o fazer, porque, possuo
a capacidade de liberdade que os seres inteligentes possuem e porque tenho a capacidade
de controlar parte das minhas ações. Depois de horas a escrever e a apagar, letras e mais
letras e já agora, “letras”, o que é isso de “letras”? Porque que a união delas forma pala-
vras? Porque que estas mesmas palavras podem ser tão importantes? Porque que quando
me sento para simplesmente escrever um texto para uma aula, me surgem mais de vinte e
nove mil questões do que as que seria suposto eu responder? Será que isso estava deter-
minado? Será que eu estava determinada a questionar aquilo que outrem já me disse ser o
correto? Ou será que isso é meramente liberdade? A minha liberdade. Liberdade, essa pa-
lavra radiante que me aquece o coração e me faz sentir quase completa. Será? Será que o
facto de eu estar a respirar neste momento indica que sou livre? Será que eu estar aqui,
aqui e agora, sentada com inúmeros olhos postos em mim a ler algo que eu mesma escrevi
faz de mim um ser livre? Eu não estou a intervir na liberdade dos restantes, eu não estou a
                obrigar ninguém a ouvir-me, logo estou a ser livre, certo? Ou será que este
                momento já fora anteriormente determinado? E assim fiquei, assim fiquei
                eu horas a fio, a questionar-me sobre cada segundo que passava, e sobre o
                simples facto de eu estar a ser livre por estar ali a pensar e a digitar letras e
                mais letras, já estaria predestinado? Ou estaria eu exercer a minha liberda-
                de fazendo-o?
                                                                                            …/...
…/...




                                                                                               rior que originou esta minha vontade interminável de escrever e de me questionar sem limites?
                                                                                               Se este momento é então o desfecho de um acontecimento anterior, então qual terá sido o acontecimento ante-
Se este momento é então o desfecho de um acontecimento anterior, então qual terá sido o
acontecimento anterior que originou esta minha vontade interminável de escrever e de me
questionar sem limites? E foi assim, que as diferenças, ou melhor, talvez as semelhanças
entre o determinismo e a liberdade começaram a fazer sentido. Eu não consigo determinar
com qual eu estou mais de acordo ou estou menos. Mas a verdade é que passei grande
parte da minha vida a pensar que o destino era algo que de facto já estaria preestabelecido
e que se algo não aconteceu era porque não tinha de acontecer e eu não poderia fazer na-
da contra isso. Será que isso faz de mim uma determinista? No entanto, se por um lado op-
tei por acreditar em que tudo na vida tem uma razão de ser, e as minhas ações não muda-
riam nada, por outro lado, não parei de agir, não parei de tentar, não parei de sorrir mes-
mo se tudo na minha vida estivesse errado, logo, se eu embora acreditasse no destino,
continuasse a fazer algo para o alterar, ou o tornar benéfico a meu favor, estaria então a
usufruir da minha capacidade de ser livre. E na minha opinião talvez seja aqui que se esta-
belece uma das grandes diferenças entre o determinismo e a liberdade, isto é, se por sua
vez no que toca ao determinismo todos os acontecimentos têm uma causa, e nós, seres
humanos não podemos fazer nada para a alterar ou para modificar aquilo que nos está pre-
destinado no futuro, no que toca à liberdade, tudo isto se contradiz, visto que a liberdade,
é o dom que nos permite escolher entre os milhões de ideologias que nos são impostas pe-
la sociedade, fazendo com que nós, indivíduos, tenhamos as nossas próprias decisões e es-
colhas, não nos deixando submeter a um outro “algo”. Logo, segundo o determinismo a
liberdade é algo que também já está preestabelecido, ou seja, aquilo que nós aceitamos
como liberdade não é nada mais, nada menos do que alguma coisa que já estaria anterior-
mente determinada, mesmo antes de nós mesmos sabermos que seria isso a nossa escolha
final. Já no que toca à liberdade, tudo aquilo que está no nosso futuro depende de nós
mesmos e das decisões e ações momentâneas que estabelecermos, bem como tudo aquilo
que estaria supostamente determinado poderá vir a ser alterado, se nós assim o entender-
mos. Em suma, a conclusão a que me foi permitido chegar é que o determinismo e o libera-
lismo são ambos duas doutrinas muito mais complexas do que aparentam, que se vão con-
tradizendo constantemente uma à outra. Pois se, uma por sua vez afirma que o nosso futu-
ro depende de algo que já fora determinado pelos nossos antepassados e que nada pode-
remos fazer para o alterar, a outra, demonstra-nos que cada um de nós possui a capacida-
de de alterar tudo aquilo que nos rodeia, cabendo-nos então apenas a nós a capacidade de
decidirmos o nosso futuro e de alterar todo o nosso destino, se assim o entendermos.

                                                                              Tânia Amaral
Liberdade ou Livre arbítrio?




                                                                                             “Dão me duas opções. Viver enjaulada nos meus próprios medos ou receios ou simplesmente sair e ser feliz á minha maneira , “
Devo dizer que de longe este é o tema mais difícil com o qual me debati até hoje em filo-
sofia, pois volta a chegar-me aquele grande questão do facto de eu não saber nada e
quando mais me entranho, mas penso mais o sinto em mim. Vejo o livre arbítrio como a
nossa verdadeira capacidade de escolher, de decidir. Talvez um pouco como a expressão
verdadeira da nossa vontade, eu quero isto não aquilo. Eu vou para ali não para acolá. E
nem sempre todas as nossas ações são uma reflexão do livre arbítrio, por vezes temos
que fazer certas coisas que não nos apetecem, que não queremos ou simplesmente so-
mos coagidos ou obrigados a fazê-los, portanto é muito importante não confundir os es-
ses conceitos, reforçando que o livre arbítrio é a nossa vontade no seu estado mais puro.
Dão me duas opções. Viver enjaulada nos meus próprios medos ou receios ou simples-
mente sair e ser feliz á minha maneira, eu escolho ser feliz. Foi a minha vontade, e então
poderei dizer que essa decisão foi uma decisão tomada por livre arbítrio, pois se fosse
coagida e a escolhesse na mesma, a vontade já não era minha, podemos dizer que basica-
mente era eu a tomar a decisão de outra pessoa.
Em termos da liberdade, que é um grande palavrão, eu vejo a como tudo o que consegui-
mos ou podemos alcançar. Os meus pais, o nosso país, impõem uma certa liberdade mas
eu não acho que devemos limitar a definição de liberdade a isso. Há pessoas que são cer-
tamente livres mas continuam enjauladas em si próprias, portanto vejo a liberdade, mas
a liberdade genuína, como algo definido por nós. Acho que um ser só é completamente
livre, não é só quando não está preso ou quando têm a liberdade de fazer tudo o que
quer, um ser é verdadeiramente livre quando têm a liberdade suficiente para pensar so-
bre tudo, sem ter qualquer medo. Mas esta liberdade é algo muito condicionada, daí que
a minha liberdade acabe quando a dos outros começa, pondo a seguinte questão: Serei
eu mesmo livre quando eu estiver a interromper a liberdade dos outros?
Não, Eu sou livre quando tiver a liberdade de pensar sobre tudo e quando conseguir fazer
quase tudo o que posso, e o que me proponho, cruzando esta definição com o livre arbí-
trio, sendo um ser livre notoriamente um que possa tomar as suas próprias decisões ten-
do como base a sua vontade. Portanto se eu negar a liberdade aos outros estou a ser a
ser egoísta, correspondendo á libertinagem e aí estou, de livre vontade a escolher, o mal,
a negar a liberdade aos outros.
Em suma, posso dizer completamente que eu ainda não sou livre, não consigo fazer tudo
o que quero nem tenho a capacidade de pensar sobre tudo, sobre o mundo. Não consigo
ainda refletir como desejo. Também não sou livre ainda por ser muitas vezes egoísta, e
passar a minha liberdade por vezes á frente das dos outros, e com o tempo chegarei lá.


                                                                            Sofia Linguiça




                                               “...eu escolho ser feliz…”
Determinismo e Liberdade
                       “A Questão da Responsabilidade”

Será que somos moralmente responsáveis? Será o determinismo verdadeiro? Será que so-
mos responsabilizados pelo que fazemos se o determinismo for verdadeiro? Estas são al-
gumas perguntas que podemos colocar sobre a responsabilidade e o determinismo, mas há
muitas mais.
Para arranjarmos respostas a estas perguntas temos de saber do que estamos a falar. Por
exemplo, o que é o determinismo?
O Determinismo é um conjunto de acontecimentos segundo o qual eles têm uma causa, por
palavras mais simples, tudo é o resultado/efeito de causas anteriores.
Ficaríamos intrigados se algo acontecesse e não houvesse explicação. É como irmos a um
médico, que nos diz que estamos doentes, mas não nos sabe dizer qual é a nossa doença/o
nosso mal.
Uma pessoa que tem uma perspetiva determinista vê o mundo como um conjunto de cau-
sas e efeitos, tudo o que é causado por acontecimentos anteriores tem os seus efeitos, e é
assim que o estado das coisas atualmente é o resultado do efeito de coisas anteriores.
Um grande exemplo que uma pessoa que acredita no determinismo pode dar, é o atual es-
tado do nosso país. Estamos agora nesta crise devido a acontecimentos anteriores que
“nós” causámos. Se anteriormente vivemos como ricos e eramos pobres, agora as conse-
quências estão a emergir e vamos ter de viver com elas.
Então se acreditarmos que o determinismo é verdadeiro, será que poderemos ser responsa-
bilizados pelo que fazemos? Nós achamos que é possível! Então se as nossas ações têm
efeitos posteriormente, obviamente que somos responsáveis!
Se fizermos uma má ação, como roubar ou matar, poderemos não sofrer logo as conse-
quências mas mais tarde ou mais cedo, vamos ser responsabilizados pelo que fizemos.
Mas o que é a responsabilidade? A responsabilidade é a qualidade/capacidade de respon-
der ou prestar contas pelos seus próprios atos e os seus efeitos. Tem a ver com a liberdade
de escolher o seu caminho, o bem ou o mal, levando cada pessoa a assumir a sua escolha e
agir em todas as suas consequências.
Será que somos sempre responsáveis pelas nossas ações?
Esta é uma questão que tem gerado muita contradição e confusão, pois não podemos resol-
ver este problema através do método das ciências, porque estas perguntas e respostas são
uma conceção da realidade.
Se as pessoas que defendem o determinismo dizem que tudo o que fazemos é determinado
pelo que já aconteceu, de certa forma as nossas ações não são livres. Então como é que
podemos ser responsabilizados se não temos liberdade de fazer as nossas escolhas?
Apenas o libertismo, torna racional a ideia de responsabilidade moral. Imaginemos que
uma pessoa decide roubar um Banco, e ninguém o forçou a tal escolha. De acordo com o
libertismo, só podemos considerar a pessoa moralmente responsável pela sua ação se ela
não foi causada, nem pelos seus próprios motivos, desejos ou objetivos.
Mas como só faz sentido considerarmos uma pessoa moralmente responsável pelas suas
escolhas se resultarem em parte pela sua necessidade ou desejos, então o libertismo está
incorreto?


                                                                                     …/...
…/...


Entrámos num labirinto cheio de perguntas sem resposta!
Mas se uma pessoa está convencida que tem liberdade de escolha ou livre-arbítrio tem um
maior sentido de responsabilidade do que a pessoa que pensa que o determinismo absoluto
governa o mundo e a vida humana. Se realmente existe escolha na altura que temos de to-
mar uma decisão, os Homens têm claramente responsabilidade moral para decidirem entre
inúmeras alternativas e o alibi determinista não tem peso nenhum.
Mas a nossa vida é construída, é uma tarefa.
O que nos distingue dos animais é que podemos pensar, escolher. O poder da mente de
descobrir horizontes, projeta-los permite distinguir o que o homem é e quem é.
Como temos opções de escolha somos considerados livres.
A liberdade é algo com que nascemos e vivemos toda a vida. Não podemos simplesmente
deitá-la fora, nem podemos dizer que não somos livres, porque o somos, só que as conse-
quências da liberdade podem ser duras, às vezes, dependendo das nossas ações.
Como a liberdade é uma atitude, um ato de consciência e todos os homens tem um pouco
de consciência, o homem é livre!
Uma pessoa livre tem de ser responsável. A liberdade e a responsabilidade são como um
casal, um par, são inseparáveis.
Na vida, todos temos vitórias e fracassos. Construímo-la a partir de erros, que podem ser
transformados em lições para a vida. Tal como Eleanor Roosevelt disse acerca da respon-
sabilidade moral: “A filosofia de uma pessoa não é melhor expressa por palavras mas sim
pelas escolhas que a pessoa faz. Ao longo dos tempos, moldamos as nossas vidas e molda-
mo-nos a nós mesmos. O processo nunca termina até morrermos. E, as escolhas que fize-
mos são, no final de contas, a nossa própria responsabilidade."
Estamos sempre a aprender e a formar novas teorias para fazer o mundo girar. Temos de
saciar a nossa fome de conhecimento, pois é este que nos diferencia dos animais e nos tor-
na no que hoje somos.
Todos nós temos a responsabilidade de dar um bocado de nós ao mundo. Temos a liberda-
de de nos poder expressar e com esta liberdade podemos tornar o mundo um sítio melhor
para se viver!

                                                                           Cláudia Alves
                                                                              Ana Vieira
                                                                            Tiago Vieira
Liberdade e Determinismo

Liberdade… Eu sou liberdade, sinto a liberdade, vivo em liberdade, sou e serei eternamente livre.
Estou para sempre condenada a isso, e é algo que jamais me poderão retirar. Nasceu comigo e
será sepultada comigo.
Por mais que me interrogue a mim mesma, não consigo perceber qual o significado de tudo isto,
que simplesmente está presente na pessoa que sou, pois de certa forma é aquilo que me faz ser
diferente de todos os outros. Tudo em retorno de tão fácil palavra faz-me questionar vezes sem
conta, dentro de mim. Desisti por completo de pensar com a cabeça e tive a livre vontade de pen-
sar com o coração. Como é notório até no meu simples pensar a liberdade me influência. Com
tudo isto os “porquês?” dançam sobre mim, afinal de contas, porque tenho a liberdade de ser a
pessoa que sou?, porque tenho a liberdade de agir da forma que ajo?, porque tenho a liberdade
de simplesmente falar quando quero?, … Poderia nunca fazê-lo, poderia achar que tudo isto se
verifica porque tem de ser assim, e assim entregar tudo ao destino. Mas não, não quero ser uma
pessoa que entrega tudo nas mãos de algo indefinido e que assim se torna uma pessoa vazia, de-
sabitada de qualquer oportunidade de ser livre e voar com as suas próprias asas, deixando que
voem por ela.
Afinal de contas eu sou o espalho da minha própria liberdade. Mas como em todos os espelhos as
pequenas imperfeições são notórias, então percebi que nem tudo se resume a liberdade. Não
tenho a liberdade de ter olhos da cor que tenho, de ter a educação que tenho, … Tudo isto deve-
se a causas completamente exteriores a mim mesma, contrariadas pela liberdade. Ou seja, o ter
vontade de comer uma deliciosa maçã vermelha por estar cheia de fome, não depende de mim,
mas sim do determinismo em aspetos externos à ação de comer a maçã (a fome que sinto, para
consequentemente poder continuar viva). Em suma, como tudo no Mundo, tudo é contrariado
por algo. Como verificamos o determinismo adversa a liberdade.
Como pode ser possível, as nossas simples ações resultarem de aspetos totalmente opostos, on-
de a subjetividade de um é contrariada pela objetividade do outro? Somos como ímanes que es-
tamos em total equilíbrio com a adversidade de dois componentes opostos? Somos, afinal de
contas, livres condenados. Condenados ao determinismo e livres com a liberdade.
Finalizando, poderia nunca ter me utilizado como exemplo para explicar tais conceitos, mas quem
melhor que nós próprios para auxiliar em tais problemas que nos afligem. Ou seja o pensar por-
que tais fazem parte de mim e me modificam de uma forma estonteante. Resume-se ao facto de
ter a capacidade de refletir e de se manifestar um equilíbrio entre tais oponentes. Afinal de con-
tas, consegui debruçar-me sobre o impossível: a combinação da liberdade com o determinismo…
simplesmente ser eu própria.

                                                                                       Inês André
Liberdade e Determinismo
         “Eu quero ser livre”. A maioria das pessoas já disse esta frase, mas poucas foram as que
realmente refletiram sobre ela. O conceito de liberdade é um conceito subjetivo e pode ter mui-
tos tipos de resposta. Nunca se chegará a uma definição total de liberdade. Na minha opinião,
uma pessoa é livre quando faz uso da sua capacidade de tomar certas e determinadas decisões,
quando pode fazer as suas próprias escolhas sem ter nenhum tipo de influência externa. A liber-
dade tem a ver com a nossa subjetividade. A liberdade faz parte do próprio conceito de vida hu-
mana, uma vez que sem ela seriamos apenas como marionetas. Uma marioneta apenas realiza o
que a pessoa que a manuseia quer, não tem qualquer vontade própria. Mas nós, felizmente, não
somos assim. Temos vontade própria. Podemos dizer que a liberdade é como um dom que temos
e distingue-nos dos outros seres vivos. No entanto, a liberdade tem condicionantes. Uma dessas
condicionantes é o facto de a nossa liberdade estar intimamente relacionada com a liberdade de
outros. Por exemplo, eu existo apenas porque os meus pais quiseram ter filhos. Os meus pais fize-
ram uso da sua liberdade para me conceberem. De outra maneira, eu não existiria, logo não teria
liberdade. Outro exemplo: Eu só posso usar a minha liberdade para escolher a roupa que devo
vestir, porque outra pessoa tomou a liberdade de produzir aquela roupa. Outra condicionante da
liberdade é o facto de que existem sempre fatores externos que podem comprometer as nossas
ações. Por exemplo, se eu decidir viajar de avião para uma cidade e o avião tiver de fazer uma
aterragem de emergência noutra cidade devido a uma avaria nos motores, não fui livre, pois a
minha ação tomou um rumo que eu não podia prever, que não fazia parte do que eu havia anteri-
ormente planeado e isso fez com que aquilo que correu mal (a avaria nos motores do avião) se
sobrepusesse àquilo que era esperado (chegar ao destino).
         Do outro lado da liberdade está o determinismo. Segundo os deterministas todas as
ações que realizamos têm uma causa exterior a nós, nomeadamente a hereditariedade, o ambi-
ente em que fomos criados e o modo como fomos educados, e que por isso não temos responsa-
bilidade moral ou responsabilidade interior. Por exemplo, se uma pessoa assassina outra, os de-
terministas defendem que ela não é responsável moral e interiormente por essa morte, uma vez
que essa ação já estaria determinada que iria acontecer, devido a fatores externos à subjetivida-
de do agente do crime. Por estas razões os deterministas acreditam não haver compatibilidade
entre a teoria do determinismo e a teoria do libertismo. Mas será que é mesmo assim? Será que
não existe um meio-termo que possa compatibilizar estas teorias? A verdade é que, se pensar-
mos bem, não somos totalmente livres, porque se o fossemos seriamos totalmente independen-
tes de tudo o que nos rodeia, mas também não faz sentido dizer que todas as nossas ações são
determinadas, uma vez que se assim o fossem seriamos robôs, ou como já disse anteriormente,
marionetas. Por isso, na minha humilde opinião, nem o libertismo nem o determinismo estão
completamente errados, pois há ações que realizamos de forma livre e espontânea, mas também
existem ações que somos coagidos a realizar, por isso talvez faça algum sentido conjugarmos os
conceitos das duas teorias.
         As ações livres são apenas influenciadas pelo nosso interior subjetivo, ou seja, são influ-
enciadas pelos nossos valores, pelo nosso conceito do que é bom ou mau e também pela nossa
personalidade. Essas ações partem unicamente de nós. Todavia, as ações que somos coagidos ou
obrigados a realizar partem de fatores externos à nossa subjetividade. Não partem unicamente
de nós.
         Pode dizer-se que o determinismo moderado é uma maneira encontrada para compatibi-
lizar as duas teorias (libertismo e determinismo), um meio-termo entre elas, uma vez que defen-
de que as nossas ações podem ser causadas, mas ainda assim serem livres, ou seja, as nossas
ações que tiverem causas internas são livres, mas as ações com causas externas são determina-
das.
         Por estas razões, o determinismo moderado pode ser a teoria
mais credível para explicar o comportamento humano.


             “...Eu quero ser livre…”.
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  • 2. Caros leitores. Tal como no ano letivo anterior este Jornal surge no âmbito da realização do pro- jeto pedagógico do Grupo de Filosofia do Agrupamento de Escolas do Forte da Ca- sa. Tentamos nele abranger o conteúdo programático da disciplina, principalmente no âmbito do disciplina de Filosofia. Optámos por um tipo de abordagem diferente, não tanto como um jornal mas mais como uma coletânea de ensaios elaborados por alunos sobre temas chave para a disciplina. Por ser nossa intenção mostrar que a disciplina pode e deve ser oferecida de forma acessível, inteligível, praticável, mes- mo empolgante. Pretendemos mostrar que a Filosofia não tem que ser um “bicho de sete cabeças” mas sim um instrumento de abertura de horizontes, de espíritos, mentalidades, de participação, mas principalmente de abertura para o facto de, por sermos seres pensantes, de termos capacidade de nos interrogar sobre o MUNDO que nos rodeia, sobre NÓS e sobre os OUTROS, Se tu ES, tu RESPIRAS Se tu respiras, tu FALAS Se tu falas, tu PERGUNTAS Se tu perguntas, tu PENSAS Se tu pensas, tu PROCURAS Se tu procuras, tu EXPERIMENTAS Se tu experimentas, tu APRENDES Se tu aprendes, tu CRESCES E quando cresces, tu DESEJAS Se tu desejas, tu ENCONTRAS Se tu encontras, tu DUVIDAS Se tu duvidas, tu PERGUNTAS Se tu perguntas, tu ENTENDES Se tu entendes, tu SABES Se tu sabes, tu QUERES SABER MAIS E se tu queres saber mais, ESTÁS VIVO...
  • 3.
  • 4. Afinal, a Filosofia... Eu antes pensava que filosofia era uma coisa estúpida por ser ignorante. Ser ignorante não é não saber fazer contas de matemática ou não saber resolver a teoria quântica de não sei quem. Ser ignorante é pensar que sabemos tu- do, que tudo é assim, que não há volta a dar. Que o sol é amarelo, mas sei lá eu se o sol é o sol, se é amarelo, verde ou ás bolinhas ? Nin- guém me garante. Antes também acreditavam piamente que o mundo era quadrado, e séculos depois, uma alma pensadora, disse que não, …/... apresentou uma teoria. Tal como os poucos se- Um ser livre , como eu um dia me espero tor- res pensantes neste mundo, pois a maior parte é nar , têm a capacidade de responder, de agir uma cambada de ignorantes, ele foi livre. Mas como quer , logicamente é um ser com livre esta capacidade de ser livre é uma enorme res- arbítrio, por tomar as suas decisões, tendo em ponsabilidade .Um ser livre, como Jean Paul Sar- consideração a sua vontade. Mas não posso de tre disse , é uma grande responsabilidade, pois deixar de pensar no que eu não controlo . Tão um Homem livre carrega o peso do mundo nos teoria afirmada como determinismo, em que ombros. A liberdade pode nem sempre ser tão basicamente, tudo o que acontece têm uma doce como nós pensamos. Ser livre implica esco- causa , e por consequentemente um efeito , e lher, decidir como agir , é errado vermos um ser tal acontecimento completa o anterior. É basica- livre como Deus Todo-Poderoso , ser omnipo- mente uma cadeia viciante. Mas os conceitos tente , a liberdade não significa poder fazer tu- não valem nada se não forem aplicados, serão do , a liberdade dá-nos não a completa capaci- apenas mais palavras, mas entulho , para encher dade de decidirmos o que acontece, ou o que o mundo. Portanto , eu chamo-me Sofia. Não fazemos, pois há muitas coisas que estão fora do escolhi que o meu apelido seja Linguiça , não nosso controlo, mas sim a capacidade , a manei- escolhi ser Portuguesa, não escolhi ter meio pal- ra de respondermos , de reagirmos como quere- mo de testa, não escolhi ter uma falha nos den- mos, dentro dos nossos limites. Podemos ligar tes , nem muito menos ter nascido ás nove ho- isto um pouco ao livre arbítrio. ras da manhã de uma fria manhã de dia 18 de …/... Fevereiro , isto supera-me. São coisas que não controlo, mas que independentemente da mi- nha vontade aconteceram. Agora com as tonela- das que o mundo me pesa, sou um pouco livre, posso reagir perante esses acontecimentos. “A capacidade de ser livre é uma Aceitar a minha falha nos dentes, usar sapatos altos para ficar com três quartos de palmo em grande responsabilidade…” vez de meio . Pedir para não me chamarem Lin- guiça e para não ser fria como a manhã de inver- no em que nasci. Está tudo á minha disposição , quando tiver a capacidade de ser livre , física e emocionalmente, logo vemos o que vou fazer, mas quer queira quer não, há coisas que estão traçadas. Sofia Linguiça
  • 5.
  • 6. Ética e Moral O que é a Ética? Depois de refletir sobre o que eu acho do significado da mesma posso dizer que a Ética é um conjunto de valores que orientam o comportamento do Homem em relação aos outros Ho- mens na sociedade em que vive, garan- tindo assim o seu bem-estar a nível soci- al. Para mim a Ética está muito relacio- nada com a subjetividade de cada um de nós, porque a Ética está relacionada com a nossa consciência, por outras palavras a nossa voz interior. A nossa consciência é o que nos permite uma análise do Bem e do Mal, através dos princípios que a mesma nos dá. Claro que nem sempre realizamos ações muito corretas como por exemplo um indivíduo que decide roubar uma loja. Neste caso como o indivíduo não tomou a melhor das decisões, apesar de este pensar que conseguiu enganar toda a gente, engana-se, pois ele não consegue enganar a sua voz interior que o irá atormentar por não ter tido uma boa atitude. O que é a Moral? A Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do Ho- mem na sociedade, estabelecendo condições de convivência com respeito e liberdade, pois caso contrário se as mesmas não fossem estabelecidas, cada um de nós faria o que quises- se. Assim a Ética e a Moral completam-se uma à outra porque sem a Moral não seria possível a convivência entre a Ética de cada um de nós sem que as mesmas se sobrepusessem umas às outras e sem a Ética para além de nós não conseguir-mos distinguir o Bem do Mal não iríamos ter os nossos próprios princípios, seríamos como marionetas que seguiam as regras estabelecidas. Em suma a Ética e a Moral são duas coisas distintas, indispensáveis para a nossa vida, e que não vivem uma sem a outra. Assim concluo que sem a Moral não seria possível a convivên- cia, e sem a Ética a nossa vida não teria qualquer liberdade, tornando-se infeliz. “...Ética...a nossa voz interior…” “...sem a Ética a nossa vida não teria qualquer liberdade…”
  • 7. Ética e Moral . O novo bicho de sete cabeças. Ética e moral. Palavras banais ao início de aula passada. Eu sabia as definições que vêm no dicionário, eu acho que sou uma grande burra. Sou muito articulada, falo muito mas não sei metade do que digo. São letras que formam palavras e eu digo-as. É como se eu falasse do amor e não o conhecesse. Falo de ética e nem sei o que significa. Hesitei bastante ao escrever este texto pois não tinha inicialmente compreendido a conceito na aula. Estava demasiado aérea. E a filosofia requer muita concentração. Agora estou aqui em diante do meu portátil a tocar nas teclas e a ver o que sai. Sempre me disseram que eu era uma pessoa muito imoral , ou pelo menos a minha avó sempre disse, pois eu nunca consegui chegar ás expectativas dela. Fazia sempre o contrário do que ela me pedia. Quanto mais crescia mais me afastava do caminho que ela quisesse que eu tomasse, parece que ela tinha já tudo pensado e nisso saio muito a ela. Nestes meus anos de adolescência, que são vistos como os cruciais para a definição da minha personalidade, eu tenho-me afirmado bastante e mantido fiel aos meus princípios. O Homem está sempre na procura da linha reta, na “retidão da mente” , no modo de fazer as coisas da maneira mais certa. De se manter na linha. Apesar de eu me aparentar muito “alinhada” não é nada disso que parecem achar. Sempre tive opiniões muito vincadas e sempre me mantive fiel aos meus princípios. Á minha ética. Mas muita gente prefere a porcaria da moral. Se cada um de nós não acreditasse em ética, nos seus princípios eramos todos um bando de autómatos, sem coração e que faríamos tudo “by the book”. Eu não quero ser assim. Eu prefiro arranjar dez mil discussões do que ceder a normas, á moral. Que o diabo leve a moral e a enterre. Eu já arranjei tantos problemas devido a ela. Sou uma pessoa extremamente imoral para umas coisas, e muito ética para outras. Há coisas que necessitam da moral , ou melhor, da GRANDE FRASE “ é assim que nos devemos comportar, porque assim é que é certo”. Isso é neces- sário porque senão o mundo era uma enorme rebaldaria e não havia nenhuma ordem. Mas menospreza-se a voz interior das pessoas. Calam-na com um monte de regulamentos só porque “assim é que têm que ser “ diz a minha avó. Diz toda a sociedade. Ainda no outro dia, no Parlamento da Madeira , José Manuel Coelho sen- tou-se no lugar do Sr. Alberto João Jardim, para demonstrar a falta de comparência deste. Apareceram logo imensos guardas para o levarem de volta. Ele foi moral, seguiu as normas ? NEM PENSAR. Mas foi ético . Ou- viu a sua voz interior que dizia para ele protestar. E eu acho que as pessoas querem apagar a ética do mapa porque há muita coisa que não lhes interessa ouvir. A sociedade quer ficar agrilhoada nas normas. Natural- mente dizem que as leis são para proteger todos e que agradam a todos. Isso é tão mentira como eu ser boa a matemática. Estes dois conceitos só se poderão conjugar quando cada um deles se negar a si próprio. Os éti- cos negarem a sua ética e os moralistas a sua moral. E trocarem de lados. Viverem um dia com pressupostos diferentes e verem como a sua casmurrice possa afetar os outros seres humanos. Numa vida em sociedade têm que haver bastante “compromising” temos que saber lidar uns com os outros e o atual regime imposto quase na maioria dos países é a Democracia. Democracia significa povo ao poder. O povo não está nada no poder porque não é ouvido. O povo é que sabe o que sofre todos os dias , e sabe que as leis da constituição não estão de acordo com o que se passa no mundo. Eu estou bastante emocionada a escrever isto porque se as pessoas tivessem o tempo para se ouvirem umas ás outras , viveríamos muito melhor. Será legítimo qualquer pessoa deixar de viver como quer porque não é assim que deve ser? Que eu saiba não estamos enclausurados. Em suma, estes dois conceitos são completa- mente conciliáveis. Cada um deles simplesmente têm que se negar a si próprio e ver o outro. Pode-se ser mo- ral e ético . Pode-se ser correto e fiel e si mesmo. O problema disto tudo é que estamos muito acelerados para perceber isso. Estamos mais ocupados a ver quando sai o novo iPhone. Quando a sociedade quiser tudo se fará e estes dois conceitos conciliarão se perfeitamente. “ Como devemos agir, como devemos fazer e sim- plesmente as coisas em que cada um acredita.” Não sei se isto está algo que preste, mas não o conseguia fa- zer de outro modo. Não seria ético da minha parte. Não consigo escrever textos profundos com palavras ca- ríssimas porque não sou assim. Eu não escrevo palavras eu escrevo sentimentos. Eu sou ética e simplesmente estou bem assim. Sabe muito melhor estar fora da linha, do que viver a vida que outros escolheram para mim e poder ser o que quero. Peço desculpa pela desilusão. Sofia Linguíça
  • 8. “...Vai para a direita, Tiago...” “...atirar um caderno ao chão …” Ética e Norma Moral Quantas vezes já quisemos ir contra as regras estabelecidas? Contra aquilo que é a lei, a dita norma moral? Quantas vezes já nos quisemos comportar de maneira diferente aquilo que é suposto e se espera de nós? Dar-lhes um gran- de encontrão e fazermos o que a nossa voz interior diz, a nossa ética? É que, talvez seja novidade para alguns, mas as leis nem sempre são éticas. As leis obedecem a preconceitos que a sociedade foi criando ao longo do tempo, limi- tam o pensar e o fazer, criam muros na nossa vida onde se pode ler em gran- des letras ‘NÃO PODES FAZER ISTO’. Por exemplo, a norma moral diz-me que eu não posso atirar um caderno ao chão enquanto estou a ler este texto, não é de bom tom. É extravagante. A minha ética diz-me para o fazer. Para arriscar. Ups! Tiago – 1 Norma Moral – 0. A minha ética não se importa com os olhares que neste momento me estão a lançar das mesas lá de trás. A ética, a minha ética, é livre. Procura uma liberdade que não se encontra num Código de Direi- to, é uma liberdade interior que se projeta para o meu exterior. Procura uma liberdade que me permita ser feliz, que melhore o meu modo de vida, que me ajude a construir uma escala de valores reais. É aquela voz que me sussurra ao ouvido “Vai para a direita, Tiago” quando todos os outros vão para a esquerda. No início, era apenas isso, um sussurro. Agora, que penso sobre tudo o que es- tá à minha volta mas também naquilo que está dentro de mim, é uma voz cla- ra, definida e que me orienta. “...Pensar. É tão gratuito. Tão vasto…” Porém, não somos perfeitos, limitamo-nos à nossa simples condição humana e nem sempre seguimos o que a ética nos diz. Daí nos depararmos com os nos- sos problemas e situações menos agradáveis que vamos enfrentando ao longo da vida. Não receio no entanto todos esses desafios que me são colocados, tal como Sartre disse “O Homem está à altura de tudo o que lhe acontece”. Se eu TIAGO!!!...‘NÃO PODES FAZER ISTO’... pensar, se a Catarina aqui ao meu lado pensar, se nós pensarmos e se o mun- do pensar, talvez consigamos viver numa sociedade ética, numa dita utopia. Pensar. É tão gratuito. Tão vasto. Resta-me apanhar o caderno do chão. A normal moral exige. Por enquanto. Ti- ago Silva “...não somos perfeitos…”
  • 9. Ética e norma moral em Filosofia Ética e moral, que conceitos tão abstratos esses, com que me deparei no dia de hoje. Ética e moral, mas o que afinal é isso de ética e moral? Já utilizei tantas vezes estas miseras pala- vras e de repente, no momento em que me perguntam, qual o seu significado?, eu paraliso, paraliso não por não ter vontade de falar, mas pelo facto, de ao pensar nestas duas palavri- nhas deste modo eu não sei o que elas são. De facto, pergunto-me, o que é que faz com que a minha pessoa utilize expressões, sobre as quais desconhece o verdadeiro significado? E assim a minha mente ficou presa a essas expressões durante horas, ética, moral, moral, ética, porque é que eu não consigo responder? E esta pergunta permaneceu e permane- “...a moral é o que torna possível a convivência entre as inúmeras diferenças éticas existentes…” ceu, tentei ir até ao fundo da questão e procurar respostas para estas novas perguntas e perguntas para essas mesmas respostas, questionei-me, juntei ideologias, juntei significa- dos e eis que algo começou a fazer sentido. Se a ética é algo esta associada ao “bom”, isto é se quando somos generosos, amigáveis, compreensivos, estamos a ser éticos, então supo- nho que a ética se relacione com o conjunto de valores que cada ser humano possui. Sendo assim, cada um de nós vive mediante as nossas próprias Éticas, sendo que cada individuo tem as suas e rege a sua vida de acordo com as mesmas. Posto isto, se a ética na minha ma- neira de ver se relaciona com o facto de “algo” ser bom para nós próprios e para toda a so- ciedade, então julgo que a moral tenha a ver não com aquilo que nos achamos ser o “bem” mas sim com o que nós achamos ser o “justo”. Ou seja, se a ética se relaciona com os valo- res de cada um dos membros de uma comunidade então a moral associa-se ao respeito e à liberdade dos mesmos. Tornando-se então a moral a ponte que liga as diferenças éticas umas às outras, isto é, a moral é o que torna possível a convivência entre as inúmeras dife- renças éticas existentes, fazendo com que todas elas se respeitem sem que umas se sobre- ponham às outras, sendo que de certo modo a moral prevalecerá sobre a ética. Após ter culminado neste ponto, as minhas noções sobre este tema, passaram a fazer muito mais sentido, sendo que, pelo meu ver a ética está associada às noções que o ser humano possui de carácter, de virtudes, isto é, a ética relaciona-se com as decisões de cada um de nós so- bre aquilo que somos e não somos, sobre aquilo que um dia gostaríamos de ser, da manei- ra como cada um de nós enfrenta cada situação, seja ela positiva ou negativa, sendo que todas as decisões da qual o propósito irá dar um determinado sentido a nossa vida, serão então decisões éticas. O que já não acontece exatamente com a moral, uma vez que esta, está muito mais associada na minha maneira de ver aquilo que está correto para a socieda- de onde nos encontramos, ou seja, a todos os conceitos de justiça, responsabilidade e de limites. A moral tem sobretudo a ver com a nossa liberdade sendo que o direito de realiza- ção das nossas ações só é permitido até aos limites dos restantes, impedindo-nos de sobre- por os nossos limites, violando os limites dos outros indivíduos. Em suma, a conclusão a que chego é que ambas as coisas são indispensáveis à nossa existência. Com uma grande diferença, que quem age moralmente têm de respeitar a comunidade onde está inserido e pode ser contemplado ou crucificado por isso. No entanto quem age eticamente, respeita simplesmente os seus valores e as suas ideologias sendo que também pode ser contempla- do, mas no entanto não pode ser punido pelas suas ações, mesmo sendo estas infelizes. Resumindo a moral é a res- ponsável por tornar a nossa convivência com os restantes possível, visto que, sem moral a nossa convivência em co- munidade seria impossível, no entanto sem a ética, esta seria lamentável e desprezível.
  • 10. ? ? ? ? ? ? Ética e Norma Moral ! ! ! ! ! ! A ética é a voz interior, a consciência, que avisa quando algo está certo ou quando algo está errado. É aquela vozinha que nos atormenta se Eu não sou ninguém se não tiver ética. A ética é a voz inte- rior, a consciência, que avisa quando algo está certo ou quando algo está errado. É aquela vozinha que nos atormen- ta se fazemos algo que ela já nos havia dito que estava er- rado. Mas também pode fazer com que nos sintamos bem ao tomarmos decisões corretas. Faz parte da minha subjetivi- dade. Por exemplo, se eu roubar, a minha consciência vai acusar-me que a minha ação está errada. Mas se eu roubar muitas vezes, desrespeitando a minha consciência, ela vai deixar de me acusar quando eu roubar. Na minha opinião, a consciência tem de ser respeitada, por que ela é o verdadei- ro guia da nossa vida. A norma moral refere-se aos princípios já estabelecidos que nos “obrigam” a seguir determinados comportamentos. A ética pode ajudar-nos a discernir as consequências das nor- mas de moral, mas também pode dizer-nos algo completamente contrário a elas. Por isso, pode dizer-se que a nossa voz interior nem sempre está totalmente de acordo com as normas morais. O que nos deixa numa posição um pouco ingrata. A quem devemos obedecer? Às normas morais ou à consciência? A nossa consciência pode ser influencia- da pelas nossas convicções ou até pela educação que nos deram, pelo que na minha opi- nião devíamos tentar estabelecer um equilíbrio. Em determinados assuntos teremos de respeitar as normas morais para evitar punição, mas em outras ocasiões temos seguir o que a nossa vozinha interior nos diz. No entanto, é curioso notar que a nossa consciên- cia dita como certas as ações que envolvem o respeito pelos outros e, acima de tudo, quando essas ações envolvem as nossas crenças. As normas morais são iguais para várias pessoas de várias nacionalidades, mas não exis- te duas pessoas com éticas iguais. A ética é algo individual, que pertence a cada um de nós. Por isso nem todos concordamos com tudo o que outros fazem, pois o que a nossa fazemos algo que ela já nos havia dito que estava errado. voz interior nos diz que está errado, a outros, a sua voz interior pode dizer que está correto. Na minha opinião, apesar dos contrastes evidentes entre ética e normas morais, as nor- mas morais não podiam existir sem a ética, porque se não existisse a consciência, quem dita essas normas não poderia saber se o que estava a implantar estaria certo ou erra- do. Por fim, na minha opinião a ética também está intimamente relacionada com a liberda- de, porque uma pessoa sem liberdade não pode fazer uso da sua ética para tomar ações livres, apesar de ela continuar a existir se não houver liberdade. O que se pode dizer é que ela não seria usada para a tomada de decisões mas apenas para julgar ações de ou- tros, já que a nossa consciência também nos permite caracterizar as ações de outras pessoas e julgá-las por essas mesmas ações. Por isso, eu digo que a vida não teria o mí- nimo sentido sem ética, pois se não tivéssemos um guia próprio dentro de nós, vivería- mos uma vida completamente vazia, já que não tomaríamos ações baseadas na nossa própria consciência. A minha consciência pode influenciar, e muito, o tipo de pessoa que sou, desde que eu siga as suas instruções. Sofia Linguíça
  • 11. “A consciência assume-se como primeira resposta.” Ética e Norma Moral. Todos os seres humanos possuem em si, uma “vida” no seu interior, aquilo que modifica as suas ações. Essa vi- da leva-nos a refletir e a consciencializar sobre o bem e o mal, o correto e o incorreto,.. Afinal de contas o que é esta vida, que nos faz ser diferente de todos os outros seres? A consciência assume-se como primeira resposta. To- das as nossas ações são posteriormente analisadas a par- tir da nossa reflecção e condenadas pela nossa consciên- cia. Consciência essa que nos dá uma perceção de como havemos de agir de uma forma posterior. Por exemplo, o facto de numa bela tarde de sol, decidir em vez de brincar no parque ir roubar rebuçados na loja, faz com que por conse- guinte a minha consciência me diga que tal Acão foi completamente errada. Com isto, a dita consciência poderá penalizar-me de uma forma temporariamente indefinida. Podemos de certa forma, aceitar toda essa penalização, mas temos a nossa grande arma, a liberdade. Quero com isto dizer que temos liberdade para enfrentar a nossa própria consciência e aí entrar numa grande guerra interior, de um lado a consciência e do outro aquilo que o nosso coração nos diz. A única consequência de toda esta batalha é o sofrimento, aquilo que nos “...temos liberdade para enfrentar a nossa própria consciência…” consegue destruir das formas mais cruéis. Quero com isto dizer que a ética está ligada á subjetividade de cada individuo. Esta grande individualidade da ética é bastante importante para que seja possível a norma moral. A norma moral é determinada pelo conjunto de leis que faz com que um individuo as siga de forma determinada. Ao contrário da ética a norma moral é algo exterior a nós próprios, ou seja, algo que não conte-mos dentro de nós e que não detemos o controlo. Trata-se a penas e só de uma prescrição, um código a seguir. Também contradizendo a ética, a norma moral é algo que engloba a objetividade de cada individuo. Apesar da adversidade entre estes dois grandes condutores da vida, existe uma compatibili- zação entre elas. O grande exemplo desta afirmação verifica-se na politica, por exemplo, ao estado se abrir á opinião pública, de forma a que a ética de cada um interfira na norma moral do estado. Para mim apenas ambos, estes grandes pilares, são importantes e mostram a sua relevância na Acão de cada um de nós, e é óbvio que seria uma impossibilidade viver sem um deles, pois estes são o grande motor da Acão humana. Personalizando, para mim seria-me total- mente impossível existir sem ética. O que seria de mim se não tivesse a minha grande ami- ga, que me alerta para o bem e para o mal? Poderia assim magoar alguém sem ter noção que estava completamente a ser cruel (má) ou por outro lado estar a ajudar alguém e não ter a perceção que lhe estava a ser boa. Se assim o fosse não me consideraria humana, mas sim outro ser inimaginável. Por outro lado as normas morais também me são efetivamente necessárias. O viver sem regras, nem que sejam leis próprias é completamente impensável, é de certa forma um viver por viver. Com tudo isto quero dizer que a ética e as normas mo- rais contribuem completamente para que eu seja um ser racional e não um ser completa- mente impossível de visualizar, não só em ter-mos visuais mas também em termos filosófi- cos. Simplesmente não seria nada. Inês André
  • 12. Ética e normal moral O que é a ética? A ética está ligada à subjetividade de cada um de nós, é aquela voz interior com que estamos todos familiarizados em chamá-la de consciência. Essa consciên- cia alerta-nos, quando estamos a fazer uma determinada Acão, do que é cor- reto ou errado. Cada indivíduo possui uma ética distinta de todas as outras, pois esta baseia-se no tipo de educação que cada um recebeu e o tipo de ambiente que o rodeia, influenciando, assim, a sua subjetividade. No entan- to, as normas morais tem características mais distintas. A norma moral é externa e objetiva, são as leis da sociedade que nos dizem qual é a maneira correta de todos agirmos, uma espécie de ética globalizada, ideal para a sociedade. O problema é que como a ética é subjetiva e individu- al, nem sempre se harmoniza com as normas morais. Alguns indivíduos com determinadas éticas podem estar de acordo com uma certa norma moral, mas outros podem estar contra esta mesma. Por exemplo, uma pessoa que acabou de mentir a um amigo, por razões que são irrelevantes para o caso, sente-se culpado por o ter feito pois a sua consciência sempre lhe disse que é errado mentir, mas se o sujeito da mesma Acão fosse um individuo cuja consciência lhe dissesse que não haveria mal algum em mentir, então esse individuo não sentiria tanto peso na consciência como o que se sentiu culpa- do pela Acão. Até mesmo quando existem protestos ou greves contra uma determinada lei imposta pelo governo, a causa por detrás disso é o facto da ética dessas pessoas estar contra essas leis, daí as pessoas revoltarem-se. Em síntese, a ética refere-se à reflexão do porquê de considerarmos válidos os costumes e as normas das diferentes morais. Faz-nos refletir sobre qual será a maneira mais correta de vivermos de acordo com a nossa subjetivida- de. A moralidade remete-nos para o conjunto de normas e de códigos exis- tentes em cada sociedade, fixando a noção do que será bom ou mau. “...são as leis da sociedade que nos dizem qual é a maneira correta de todos agirmos, uma espécie de ética globalizada, ideal para a sociedade.” Catarina Sousa
  • 13. ÉTICA…(S)…. “...é uma reflexão interior em relação a cada um de nós.” Bem, na minha opinião, a ética, trata-se de uma questão indivi- dualista, pois é um conjunto de ações que cada pessoa toma considerando as mesmas como corretas ou incorretas. A ética defende o facto de que são as consequências que tornam uma Acão moralmente correta ou incorreta, assim as intenções do agente são de um mo- do geral desvalorizadas, pois o que se avalia não são propriamente as inten- ções do agente, mas sim as consequências de uma mesma Acão tomada. “...são as consequências que tornam uma Acão moralmente correta ou incorreta…” É como que adquiríssemos ética por hábito. Para mim a ética é uma reflexão interior em relação a cada um de nós, é o nosso modo de ser e pensar, o que nos atribui características boas, ou más, ou especiais, ou egoístas, etc. Acho que a ética também pode estar relacionada com a nossa liberdade, de escolher entre fazer o certo ou o errado. A nossa liberdade e a nossa ética, são elas que orientam o nosso comportamento em relação às outras pessoas. Exemplificando, uma pessoa ao passar por nós deixa uma carteira cair no chão, eticamente correto seria devolvermos a carteira, eticamente incorreto, seria ficarmos simplesmente com a carteira sem dizermos nada á pessoa que a perdeu. Porém, aspetos eticamente corretos podem ser influenciados por fatores ex- teriores a nós, como por exemplo, estarmos num grupo de amigos e os mes- mos nos incitarem a não devolver a carteira, podemos até nem devolvê-la, o que é moralmente incorreto, por sermos influenciados por esses mesmos ami- gos. Aqui, já se trata um pouco mais de moral que de ética. Basicamente, a moral é um conjunto de condutas pré-estabelecidas por uma sociedade, que são consideradas assim mesmo como corretas ou incorretas pelo grupo, pela sociedade e já não apenas por um só indivíduo. Esta, a moral, está diretamente relacionada com costumes. Em suma, ética e moral, são dois conceitos para uma mesma realidade. Inês Lopes
  • 14. “Sinto o frio que está lá fora nesta noite de Janeiro e ouço o silêncio.” A Morte Moral “A Morte de Ivan Ilitch” de Leo Tolstoy é uma das obras mais admiradas deste escritor. Deparei-me com este pequenino livro com não mais de 70 páginas numa estante que nem sequer salta à vista. Pensei ser uma leitura leve, uma simples história sobre o acontecimento da morte de uma pessoa. Não podia estar mais enganado, pois foi provavelmente dos livros que mais me fez pen- sar até hoje. Apresenta-nos a história de Ivan começando a narrativa logo com a notícia da sua morte, sendo os capítulos seguintes episódios anteriores da sua vida até ao momento fatídico da morte. E é precisamente no último excer- to do livro que é feita uma observação que me deu um clique, que mais uma vez me permite ir um pouco mais além na minha mente. “Ivan fechou os olhos para finalmente descansar. A morte tinha acabado”. A minha primeira reação foi de espanto mas então comecei a perceber: Ivan já estava morto há muito tempo. Não fisicamente, mas moralmente. A sua morte não é propriamente o momento em que o seu coração pára, Ivan vivia uma vida falsa e em constante negação com o seu eu. E não será uma vida artificial e construída em mentiras já uma espécie de morte, a morte moral que referi? Fiquei a pensar realmente nos conceitos de vida e de morte. Quantas pessoas com que nos cruzamos na rua apenas existem e não vivem? Quantos aniquila- ram completamente a sua voz interior, quantos a mataram? Quantos inverte- ram a sua escala de valores e já não perseguem aquilo que querem? E quantos já nem sequer pensam? Vivemos numa sociedade que está do avesso, e isso reflete-se em todos os sectores: na economia, na política, nas relações que nos rodeiam. Faz falta filosofia, faz falta pensar sobre quem somos e o que so- mos. Ou corremos o risco de já estar mortos e nem saber. Eu, Tiago Silva, sinto o teclado por baixo das minhas mãos. Sinto a luz do ecrã do computador a iluminar-me. Sinto o frio que está lá fora nesta noite de Ja- neiro e ouço o silêncio. Sinto a tempestade de pensamentos que me atravessa a mente, sinto a ânsia de saber tudo, de saber o mundo. Eu, Tiago Silva, estou vivo. Tiago Silva “Eu... estou vivo.”
  • 15. “Mantenha seus pensamentos positivos, porque seus pensamentos tornam-se suas palavras.” “Mantenha suas palavras positivas, porque suas pa- lavras tornam-se suas atitudes.” “Mantenha suas atitudes positivas, porque suas ati- tudes tornam-se seus hábitos.” “Mantenha seus hábitos positivos, porque seus há- bitos tornam-se seus valores.” “Mantenha seus valores positivos, porque seus va- lores … Tornam-se seu destino.”
  • 16. O que é um valor? Se me perguntassem antes da aula, o que era um valor, o senso comum obrigar-me-ia a dizer que é a importância que damos a uma coisa. Depois de pensar nele do ponto de vista filosófico (começa a ser comum), consegui compreender que é algo muito mais complexo que isso. O valor nasce da interação que nós, seres humanos, estabelecemos com os obje- “Dar um pouco de nós, emprestá-lo às coisas preenchendo-as de significado.” tos. Desse modo, o valor não vai estar nas próprias coisas, mas sim no que lhes vamos atri- buir, dependendo da situação em que nos encontramos. É ele que ajuda a determinar as nossas decisões, que nos leva a agir duma maneira e não doutra. Como exemplo, escolher a água no deserto em vez de ouro, mas suceder o contrário se estivéssemos numa cidade. Sendo assim, o valor não é algo fixo e inalterável, mas sim algo mutável e que se adapta. Temos de ter em conta que existe sem dúvida uma hierarquia entre eles, valores que consi- deramos mais importantes e que pesam mais na tomada da decisão. No entanto, será o valor algo que nos torna independentes e que podemos escolher? Temos liberdade de hie- rarquizá-los e condicioná-los perante a situação ou será ela que nos condiciona a nós? São algo que vamos adquirindo por experiência própria e apenas dependentes da nossa própria consciência, assimilados por influência humana alheia ou mesmo colocados em nós por um ser superior, Deus? O valor nasce do processo de reflexão, mas não o podemos classificar como algo completa- mente subjetivo, pois não depende só de fatores inteligíveis e do nosso campo mental mas também por muitas condicionantes do nosso mundo físico. No entanto, também não é algo objetivo, pelo exemplo apresentado anteriormente. Então afinal, o que é um valor? Começo por dizer aquilo que não é: Não é apenas uma quantia monetária, ou princípios morais pelos quais nos regemos. O valor é a essência hu- mana, é mais uma vez, aquilo que nos distingue de tudo o resto e nos confere identidade. O valor é aquilo que dá sentido ao mundo, à vida, e pelo qual vale a pena viver. É algo que se encontra em nós, daí a expressão “dar valor”. Dar um pouco de nós, emprestá-lo às coisas preenchendo-as de significado. É a ideia e o conceito no seu estado mais expansivo. No entanto, os valores são, como tudo, suscetíveis de dúvida e crítica, surgindo assim tam- bém a expressão “juízos de valor”. Não nos dizem respeito só a nós, pois sendo algo bas- tante idiossincrático irão provocar diversas reações nos outros. Não querendo de modo al- gum limitá-lo, depois desta dissertação definiria valor tal como Lavelle disse: como a rutura com a indiferença. Tiago Silva
  • 17. O que são os valores? Eu antes de começar a falar dos valores propriamente ditos tenho a dizer que me sinto confusa, pois com tanta reflexão, já não sei se o que sei é verdade, e nem sei se o que digo vale alguma coisa e finalmente percebo o significado de “pertencer a algo maior que eu “, é uma constante inconstante, isto que sinto. Depois de passar 3 dias a debater-me com este minha horrível dúvida, lá articulei, balbuciando uma resposta fraturada. O valor não era o que eu pensava que era, confirmando a teoria de que eu não sei nada. Um valor não é eu estar tipo a pensar no preço de um lamborghini, e sinto-me saturada de passar os meus textos a dizer que é algo muito mais profundo que isso. Mas é assim que são as coisas e eu não tenho culpa disso, os meus olhos não vêem as coisas a preto e branco. São desconfiados e sabem que há mais por de trás. Um valor, disse-me a minha mãe, compadecida, “ é uma grande regra que todos cumprem”. E isso é tão verda- de como eu estar em Malibu agora. Se todos respeitassem essa grande regra, por exem- plo, a de cumprir promessas, não havia desilusões. O meu pai sempre me disse que me levaria ao Porto e eu nunca lá estive, portanto chego á conclusão que não devo basear o meu texto nisso e que existem desilusões. Eu penso que os valores sejam influências inconstantes, os valores mudam de um dia pa- ra o outro, de pessoa para pessoa. Os valores são uma balança grande, com uns grandes pratos dourados e que inconscientemente estamos sempre a pensar neles. Essa balança está na nossa cabeça, e pode ser para decisões banais como “ preto ou amarelo” ou co- mo a “desilusão ou a mentira?”. E é claro que eu vejo que os valores sejam muito corre- tamente aplicados em situações verdadeiras, em situações que exijam mais de nós, que tenham repercussões. Que façam barulho e que causem danos. Que façam mudar o meu conceito sobre qualquer coisa num clique, que me toldem visão, mas que me abram os olhos. E que todos os valores que a minha santa mãe me incutiu sejam verdadeiros ou não. É os interessantes os valores, da conceção de valor, porque num momento o “não min- tas” que a minha mãe me disse todos os dias passe a ser secundário. Que ela um dia me proíba de algo que eu pretendo genuinamente, e pode ser algo até elevado ao amor. Eu aí vou rejeitar o valor que ela me incutiu, vou mentir-lhe, apesar de o odiar e de me sentir culpada, iria me custar mais ter perdido a minha felicidade. A minha prioridade mudou. Ou então o exemplo de “ não roubes”. Se alguma vez eu me visse na situação de não ter capacidade de conseguir sustentar os meus filhos, eu roubaria. A minha prioridade mu- dou outra vez. Nestes exemplos, só se pode avaliar conhecendo o amor e o desespero, e quem não os conhecesse, ou até só mesmo eu própria podia avaliar, pois felizmente cada um de nós é diferente, não vê tudo com os mesmos olhos, não têm as mesmas priorida- des, não têm as mesmas influências. E isso torna-se algo interessante, nem toda a agente pensar da mesma maneira senão seríamos todos uns autómatos. Eu não sei se o valor que tenho é os corretos, se os vou destruir, se os vou preservar. Não sei as escolhas que vou ter que fazer, e as prioridades estão sempre a mudar. Só posso contar com a minha capacidade de avaliação, com a minha reflexibilidade recentemente adquirida, com a mi- nha ignorância, e por fim, com a balança. Sofia Linguiça
  • 18. “...deixando de ser apenas “mais um” no meio de tantos outros, passando a ser “aquele um” entre todos os outros.” O que são valores em filosofia? Quando optamos por realizar uma determinada ação no lugar de outra, ou seja, quando decidimos fazer um determinado “algo”, estamos a realizar uma escolha, escolha essa que não seria possível de obter caso não tivéssemos realizado uma profunda reflexão an- teriormente sobre ela mesma. Manifestando então, certas preferências da nossa parte, de umas em relação às outras. Isto é, acabamos então, por evocar inconscientemente, certos motivos para justificar as nossas decisões. Motivos, esses que se poderão apoiar em factos, pois é certo, que existirá uma razão no nosso subconsciente que nos fará optar por determinada coisa, face a outra, no entanto, essas mesmas escolhas tem sempre de ter implícitas nelas certos valores. Valores esses que acabaram por justificar ou legitimar essas nossas mesmas preferências. Ou seja, os valores são critérios segundo os quais va- lorizamos ou desvalorizamos algo, isto é, os valores são critérios segundo os quais damos uma determinada importância a uma determinada coisa, face a um determinado momen- to, necessidade ou situação. Pois os valores são algo que numa determinada situação irá ter uma diferente importância face a nossa necessidade, de modo que esses mesmos va- lores são algo que terá uma determinada importância quanto as nossas ações, pois são os nossos valores pré-concebidos que acabaram por influenciar qualquer uma das nossas ações. Por muito mínimas que estas sejam, tornando-as preferíveis em relação outras. Posto isto, julgo que um valor reporte-se pelas relações entre as razões pelas quais realizamos determinadas ações, justificando-as. Pois na minha humilde opinião os valores serão considerados de um certo modo aquele “algo” que acaba por “colocar em movimento”, todos os nossos comportamentos, bem como as condutas das pessoas pe- rante as suas próprias vidas. Pois ao longo da nossa vida estamos constantemente a reali- zar juízos de valor e a guiarmo-nos mediante os mesmos. Logo, julgo que, eles, os valores, acabam por orientar a nossa vida, marcando a nossa própria personalidade, ou seja a ver- dadeira essência humana, isto é, uma pessoa acaba por de certo modo se definir em fun- ção dos valores que possui. Cada um dos seres humanos nasce com a capacidade de ser livre e de procurar, dentro da sua própria mente, e do seu próprio coração aquilo que es- ta certo ou errado para ele, aquilo que de facto têm importância na sua vida e no que a rodeia, pois se todos nós somos presenteados com a capacidade de viver livres, porque é que teimamos em escondermo-nos atrás dos conceitos pré-concebidos da sociedade? Logo se somos livres e possuímos a capacidade de refletir, possuímos também a capacida- de de determinar aquele “algo” que de facto têm valor, ou seja temos a capacidade de criar os nossos próprios valores, e não apenas aceitar aqueles que nos são impostos por terceiros. E é isto, que de facto marca a diferença, que realmente nos torna diferentes, fazendo com que nos destaquemos, deixando de ser apenas “mais um” no meio de tantos outros, passando a ser “aquele um” entre todos os outros. Tânia Amaral
  • 19. Liberdade "Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo. Quem é mau é escravo, ainda que seja livre." (Santo Agostinho) "Liberdade é uma possibilidade de ser melhor, enquanto que escravidão é a certeza de ser pior." (Albert Camus) "Liberdade é o direito de fazer tudo aquilo que as leis permitem." (Barão de Montesquieu) "O homem nasceu livre, e em todos os lugares ele está acorrentado." (Jean-Jacques Rousseau)" A liberdade não tem qualquer valor se não inclui a liberdade de errar." (Mahatma Gandhi) "Quem pensa segundo a opinião dos outros, está muito longe de ser um homem livre." (Autor desconhecido) "Aquele a quem você confia seu segredo torna-se senhor de sua liberdade." (François de La Roche Foucauld) "Depois da ordem e da liberdade, a economia é uma das coisas essenciais a um governo livre. A economia é sempre uma garantia de paz." (Calvin Coolidge) "Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela." (Autor desconhecido) "Tudo que é realmente grande e inspirador é criado pelo indivíduo que pode trabalhar em liberdade." (Albert Einstein) "Liberdade sem socialismo é privilégio, injustiça; socialismo sem liberdade é escravidão e brutalidade." (Mijaíl Alexándróvich Bakunin) "Aqueles que negam liberdade aos outros não a merecem para si mesmos." (Abraham Lincoln) "A liberdade é a única riqueza, porque do resto somos ao mesmo tempo amos e escravos." (William Hazlitt) "A verdadeira liberdade consiste somente em fazer o que devemos, sem sermos constrangidos a fazer o que não deve- mos." (Jonathan Edwards) "A liberdade diminui à medida que o homem evolui e se torna civilizado." (Salazar) "Apenas a opressão deve temer o exercício pleno das liberdades." (José Martí) "A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão." (Massimo Bontempelli) "Não devemos acreditar na maioria que diz que apenas as pessoas livres podem ser educadas, mas sim acreditar nos filósofos que dizem que só as pessoas educadas são livres." (Epiteto) "O que fica de pé, se cair a liberdade?" (Kipling) "A liberdade é algo maravilhoso, mas não quando o preço que se paga por ela tem de ser a solidão." (Bertrand Russel) "O destino dos homens é a liberdade." (Vinícius de Moraes) "Não há excesso de liberdade se aqueles que são livres são responsáveis. O problema é liberdade sem responsabilidade." (Milton Friedman) "A liberdade, quando começa a criar raízes, é uma planta de crescimento rápido." (George Washington) "A grande meia verdade: liberdade." (William Blake) "A liberdade é o direito de fazer aquilo que não é prejudicial." (Autor desconhecido) "Acima de todas as liberdades, dê-me a de saber, de me expressar, de debater com autonomia, de acordo com minha consciên- cia." (John Milton) "Liberdade é obediência às leis que a pessoa estabeleceu para si própria." (Jean-Jacques Rousseau) "Tudo está fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é o direito de transformar-se." (Lauro de Oliveira Lima) "Só peço para ser livre. As borboletas são livres." (Charles Dickens) "Não são livres todos aqueles que fogem das suas cadeias." (Gotthold Ephraim) "Parecemos tão livres - e estamos tão encadeados..." (Robert Browning) "A liberdade me ensinou, e muito bem, que nela se concentra todo o prazer possível." (Margarida, rainha de Navarra) "...Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo." (Luis Fernando Veríssimo) "Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida." (Che Guevara) "Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!" (Nicolau Maquiavel) "É livre quem deixou de ser escravo de si mesmo." (Sêneca) "O mais livre de todos os homens é aquele que consegue ser livre na própria escravidão." (François Fénelon) "Aprendendo a pensar por nós mesmos, experimentamos a liberdade." (Luiz Márcio M. Martins)
  • 20. Determinismo e liberdade O caso que nos é apresentado é o caso de assassínio. Dois rapazes nomeadamente entre os 18 e 19 anos, Loeb e Leopold ,licenciados, mataram um rapaz de 14 anos. Desmembraram-no. O caso foi conduzido a tribunal, sendo o seu advogado Clarence Darrow. Darrow defendeu os seus dois clientes argumentando a favor do determinismo. Ou seja, que tudo o que aconteceu foi predestinado, que tudo têm uma causa, e que todos os acontecimentos são a continuidade do acontecimento anterior, portanto aquele pobre rapaz desmembrado foi morto não pela vontade dos seus assassinos, mas segundo esta teoria porque a sua morta já estava predestinada, e devido a isso Loeb e Leopold não deveriam ser castigados. Tudo já estava , digamos , “escrito” e estes rapazes foram apenas o meio para um fim . O que os levou a cometer esse crime , foi algo tão exterior a eles, algo tão fora do seu controlo como a cor dos seus olhos, afirma Darrow. Que esse acontecimento foi catapultado por outros, por outras causas, completamente exteriores ao livre arbítrio destes dois homens. A sua educação, os seus pais, até a sua descendência. Este acontecimento pode ter sido, deste ponto de vista, catapultado pelo Tio- avô da prima em segundo grau. Segundo esta teoria, vamos culpar o Tio-avô da prima em segundo grau. Mas agora vamos ver isto por outro prisma, segundo a teoria da liberdade, do livre arbítrio. Diz-se que um ser tem livre arbítrio quando toma as decisões tendo como base a sua vontade, e um ser com livre arbítrio é notoriamente um ser livre, pois tem a capacidade, digamos, a liberdade de tomar as suas próprias decisões. A liberdade não é um conceito completamente claro, completamente definível. E custa-me bastante dizer o que a liberdade é , pois para mim a liberdade não se diz, não se sabe. A liberdade sente-se. A liberdade não é omnipotência, não é um poder que nos permite fazer tudo. É um poder, que me pesa nas costas que me permite responder, ter algum raciocínio próprio de acordo como quero. É o que me permite ser eu, e o eu não existe sem a minha Liberdade. A pesada liberdade. Estes dois rapazes não foram livres, pois negaram a liberdade a outro. Mataram- no, tiraram-lhe e vida. O rapaz não pode usufruir de tudo o que existe neste mundo. Ficou nem a meio, ficou a um quarto. Mas agora exponho uma contradição. Os rapazes não foram livres, mas tiveram o livre-arbítrio, ou seja, as suas cabecinhas pensaram, decidiram matar o rapaz. Eles é que decidiram. Não foram coagidos, ameaçados ou simplesmente a vida deles dependia desse acto bárbaro. Ou se calhar sim, não sei. Portanto, faço uma dedução final deste caso após toda a exposição de ambas as teorias. Sim, há coisas que estão predestinadas, e traçadas, coisas mais abstractas. Como já disse, a cor dos meus olhos, já estava determinada, já estava escolhida através de múltiplos processos biológicos. Eu não tive qualquer controlo nisso. Mas qualquer ser racional pensa pela sua cabeça, têm liberdade, têm livre- arbítrio. Tem a capacidade, dentro do que pode alcançar, de escolher, de fazer , de agir. E sempre se disse que “devemos ser responsabilizados pelos nossos actos” , assim bem seja, pois eu não acredito que enquanto estas duas almas estavam a matar o pobre rapaz, enquanto viam a vida a sair dos seu corpo, o brilho dos olhos a esmorecer, o faziam porque o Tio-avô da prima em segundo grau, o quis, o decidiu. E também acho importante frisar, que tanto uma criança rica pode sair um serial killer, como uma pessoa pobre, um presidente da república. Nós temos a capacidade de escolher, só temos que querer e simplesmente não arranjar desculpas, não podemos justificar o injustificável com magia. Sofia Linguíça
  • 21. Determinismo e Liberdade Ser livre é a capacidade para me perder dentro de mim mesmo, para me per- der nas minhas múltiplas decisões e saber que elas influenciam a minha vida, que não sou uma marioneta controlada por algo invisível que já está determi- nado, algo maior que mim mesmo e que não compreendo. É saber que tudo o que eu faça levará a um resultado lógico (a maior parte das vezes) e que esco- lhas diferentes levam a caminhos diferentes. Se tenho liberdade, sei que as opções está nas minhas mãos e que eu é decido aquilo que quero fazer. Que “E eu escolho ser diferente. Escolho ser livre.” sou responsável pelos meus atos e que estes nascem da minha vontade. Com liberdade posso fazer tudo mas nem tudo me irá trazer resultados positivos, nem tudo me convém. Já o determinismo defende que tudo o que fazemos e que nos acontece é o resultado de ações e acontecimentos anteriores. Desse modo, nada nos perten- ce e não existe individualidade, pois já está tudo definido à partida, vivemos com um destino traçado. Pensamos estar a fazer escolhas quando na realidade não estamos a escolher nada. Praticar boas ou más ações, ficar em casa ou sa- ir à rua, tirar boa ou má nota nos testes, ser alguém com uma carreira ou um vagabundo, tudo isso já se encontra definido. Somos como pequenas peças de dominó, que eventualmente acabam por cair quando as anteriores lhes emba- tem. Nenhuma decisão que tomemos irá afetar o ciclo da nossa vida, pois es- tas já estavam previstas. Tomar café ou matar o vizinho será igual, porque não têm repercussões não expectáveis na nossa vida: já estava destinado. Não podemos ser culpados pelos nossos próprios atos e se temos de ir para ao sítio B é lá que iremos eventualmente parar, não importa tentar escapar. Pensando deste modo, o determinismo é um conceito assustador e massivo pois mostra- nos que não temos qualquer hipótese de escolha ou planeamento para a nossa vida, não temos liberdade. A verdade é que há certas coisas que não determinamos: onde nascemos, os nossos pais, o nosso país, os traços do nosso rosto. Mas na minha opinião, é ingénuo pensar que não temos qualquer poder sobre a nossa vida. Fazer o cer- to ou o errado não depende de algo predefinido, depende de uma escolha. Ser alguém bem sucedido na vida ou não depende das decisões que tomamos e do nosso esforço. Ser uma cópia autómata e igual a todos ou irmos contra a cor- rente, destacarmo-nos no meio duma multidão, termos a coragem de admitir que somos diferentes e levantarmo-nos por aquilo em que acreditamos requer coragem e irreverência. Requer liberdade. E eu escolho ser diferente. Escolho ser livre. Tiago Silva
  • 22. do que as que seria suposto eu responder? Porque que quando me sento para simplesmente escrever um texto para uma aula, me surgem mais de vinte e nove mil questões Qual a diferença entre Determinismo e Liberdade? O determinismo é a hipótese de que tudo acontece como resultado do que aconteceu an- teriormente. Isto é, todos e cada um dos acontecimentos do universo estão submetidos a um sistema de causas e efeitos necessários. De modo que, se nós, nos encontramos rodea- dos de teorias sobre as mais ínfimas coisas que nos circundam, teorias, essas que são de- terministas. Leva-me a concluir que segundo o determinismo a estrutura do mundo, é de tal modo óbvia, que todas as ações e acontecimentos podem ser racionalmente previstos com a maior precisão, ou seja, se possuirmos a capacidade de conhecer por completo o estado do universo atual, seriamos capazes de determinar todo o futuro. Pondo a generali- dade do determinismo de lado e focando-me nos exemplos do texto, suscitam-me algumas dúvidas. Partindo do pressuposto que o nosso destino está traçado e que todas as nossas ações já estão condicionadas à nascença, de modo que, independentemente de serem es- tas boas ou más nada as poderá alterar. Aceitando o facto de que nem eu, nem nenhum ser, possui um qualquer controlo sobre a sua vida e sobre os seus atos, sendo então tão culpado por um crime, por uma doença, pela sua maneira de falar, de escrever ou simples- mente por aspetos fisionómicos como o seu sexo, a sua cor de pele, de cabelo ou de olhos. Não tendo então nenhum de nós responsabilidade moral sobre nenhum acontecimento, como é possível sermos livres? Se o determinismo implica a negação da liberdade e da res- ponsabilidade, afirmando que tudo está determinado e que nada poderemos fazer para alterar o destino que para nós foi traçado, deixando bem assente que as nossas ações são resultado de algo que não é possível ser controlado por nós, então como é possível explicar que eu hoje esteja aqui, que eu hoje respire, como é possível explicar que eu neste preciso momento esteja a ler este texto. Eu poderia não o ler, aliás eu poderia não o ter escrito se- quer, poderia não me ter dado ao trabalho de refletir sobre estes assuntos e de deixar por escrito alguns dos pontos da minha reflexão, mas eu fi-lo. Porquê? Porque tive liberdade para o fazer, poderia o ter escrito de manhã, mas não optei por escreve-lo à noite, porque gosto mais de escrever à noite. E isto porque? Porque sou livre de o fazer, porque, possuo a capacidade de liberdade que os seres inteligentes possuem e porque tenho a capacidade de controlar parte das minhas ações. Depois de horas a escrever e a apagar, letras e mais letras e já agora, “letras”, o que é isso de “letras”? Porque que a união delas forma pala- vras? Porque que estas mesmas palavras podem ser tão importantes? Porque que quando me sento para simplesmente escrever um texto para uma aula, me surgem mais de vinte e nove mil questões do que as que seria suposto eu responder? Será que isso estava deter- minado? Será que eu estava determinada a questionar aquilo que outrem já me disse ser o correto? Ou será que isso é meramente liberdade? A minha liberdade. Liberdade, essa pa- lavra radiante que me aquece o coração e me faz sentir quase completa. Será? Será que o facto de eu estar a respirar neste momento indica que sou livre? Será que eu estar aqui, aqui e agora, sentada com inúmeros olhos postos em mim a ler algo que eu mesma escrevi faz de mim um ser livre? Eu não estou a intervir na liberdade dos restantes, eu não estou a obrigar ninguém a ouvir-me, logo estou a ser livre, certo? Ou será que este momento já fora anteriormente determinado? E assim fiquei, assim fiquei eu horas a fio, a questionar-me sobre cada segundo que passava, e sobre o simples facto de eu estar a ser livre por estar ali a pensar e a digitar letras e mais letras, já estaria predestinado? Ou estaria eu exercer a minha liberda- de fazendo-o? …/...
  • 23. …/... rior que originou esta minha vontade interminável de escrever e de me questionar sem limites? Se este momento é então o desfecho de um acontecimento anterior, então qual terá sido o acontecimento ante- Se este momento é então o desfecho de um acontecimento anterior, então qual terá sido o acontecimento anterior que originou esta minha vontade interminável de escrever e de me questionar sem limites? E foi assim, que as diferenças, ou melhor, talvez as semelhanças entre o determinismo e a liberdade começaram a fazer sentido. Eu não consigo determinar com qual eu estou mais de acordo ou estou menos. Mas a verdade é que passei grande parte da minha vida a pensar que o destino era algo que de facto já estaria preestabelecido e que se algo não aconteceu era porque não tinha de acontecer e eu não poderia fazer na- da contra isso. Será que isso faz de mim uma determinista? No entanto, se por um lado op- tei por acreditar em que tudo na vida tem uma razão de ser, e as minhas ações não muda- riam nada, por outro lado, não parei de agir, não parei de tentar, não parei de sorrir mes- mo se tudo na minha vida estivesse errado, logo, se eu embora acreditasse no destino, continuasse a fazer algo para o alterar, ou o tornar benéfico a meu favor, estaria então a usufruir da minha capacidade de ser livre. E na minha opinião talvez seja aqui que se esta- belece uma das grandes diferenças entre o determinismo e a liberdade, isto é, se por sua vez no que toca ao determinismo todos os acontecimentos têm uma causa, e nós, seres humanos não podemos fazer nada para a alterar ou para modificar aquilo que nos está pre- destinado no futuro, no que toca à liberdade, tudo isto se contradiz, visto que a liberdade, é o dom que nos permite escolher entre os milhões de ideologias que nos são impostas pe- la sociedade, fazendo com que nós, indivíduos, tenhamos as nossas próprias decisões e es- colhas, não nos deixando submeter a um outro “algo”. Logo, segundo o determinismo a liberdade é algo que também já está preestabelecido, ou seja, aquilo que nós aceitamos como liberdade não é nada mais, nada menos do que alguma coisa que já estaria anterior- mente determinada, mesmo antes de nós mesmos sabermos que seria isso a nossa escolha final. Já no que toca à liberdade, tudo aquilo que está no nosso futuro depende de nós mesmos e das decisões e ações momentâneas que estabelecermos, bem como tudo aquilo que estaria supostamente determinado poderá vir a ser alterado, se nós assim o entender- mos. Em suma, a conclusão a que me foi permitido chegar é que o determinismo e o libera- lismo são ambos duas doutrinas muito mais complexas do que aparentam, que se vão con- tradizendo constantemente uma à outra. Pois se, uma por sua vez afirma que o nosso futu- ro depende de algo que já fora determinado pelos nossos antepassados e que nada pode- remos fazer para o alterar, a outra, demonstra-nos que cada um de nós possui a capacida- de de alterar tudo aquilo que nos rodeia, cabendo-nos então apenas a nós a capacidade de decidirmos o nosso futuro e de alterar todo o nosso destino, se assim o entendermos. Tânia Amaral
  • 24. Liberdade ou Livre arbítrio? “Dão me duas opções. Viver enjaulada nos meus próprios medos ou receios ou simplesmente sair e ser feliz á minha maneira , “ Devo dizer que de longe este é o tema mais difícil com o qual me debati até hoje em filo- sofia, pois volta a chegar-me aquele grande questão do facto de eu não saber nada e quando mais me entranho, mas penso mais o sinto em mim. Vejo o livre arbítrio como a nossa verdadeira capacidade de escolher, de decidir. Talvez um pouco como a expressão verdadeira da nossa vontade, eu quero isto não aquilo. Eu vou para ali não para acolá. E nem sempre todas as nossas ações são uma reflexão do livre arbítrio, por vezes temos que fazer certas coisas que não nos apetecem, que não queremos ou simplesmente so- mos coagidos ou obrigados a fazê-los, portanto é muito importante não confundir os es- ses conceitos, reforçando que o livre arbítrio é a nossa vontade no seu estado mais puro. Dão me duas opções. Viver enjaulada nos meus próprios medos ou receios ou simples- mente sair e ser feliz á minha maneira, eu escolho ser feliz. Foi a minha vontade, e então poderei dizer que essa decisão foi uma decisão tomada por livre arbítrio, pois se fosse coagida e a escolhesse na mesma, a vontade já não era minha, podemos dizer que basica- mente era eu a tomar a decisão de outra pessoa. Em termos da liberdade, que é um grande palavrão, eu vejo a como tudo o que consegui- mos ou podemos alcançar. Os meus pais, o nosso país, impõem uma certa liberdade mas eu não acho que devemos limitar a definição de liberdade a isso. Há pessoas que são cer- tamente livres mas continuam enjauladas em si próprias, portanto vejo a liberdade, mas a liberdade genuína, como algo definido por nós. Acho que um ser só é completamente livre, não é só quando não está preso ou quando têm a liberdade de fazer tudo o que quer, um ser é verdadeiramente livre quando têm a liberdade suficiente para pensar so- bre tudo, sem ter qualquer medo. Mas esta liberdade é algo muito condicionada, daí que a minha liberdade acabe quando a dos outros começa, pondo a seguinte questão: Serei eu mesmo livre quando eu estiver a interromper a liberdade dos outros? Não, Eu sou livre quando tiver a liberdade de pensar sobre tudo e quando conseguir fazer quase tudo o que posso, e o que me proponho, cruzando esta definição com o livre arbí- trio, sendo um ser livre notoriamente um que possa tomar as suas próprias decisões ten- do como base a sua vontade. Portanto se eu negar a liberdade aos outros estou a ser a ser egoísta, correspondendo á libertinagem e aí estou, de livre vontade a escolher, o mal, a negar a liberdade aos outros. Em suma, posso dizer completamente que eu ainda não sou livre, não consigo fazer tudo o que quero nem tenho a capacidade de pensar sobre tudo, sobre o mundo. Não consigo ainda refletir como desejo. Também não sou livre ainda por ser muitas vezes egoísta, e passar a minha liberdade por vezes á frente das dos outros, e com o tempo chegarei lá. Sofia Linguiça “...eu escolho ser feliz…”
  • 25. Determinismo e Liberdade “A Questão da Responsabilidade” Será que somos moralmente responsáveis? Será o determinismo verdadeiro? Será que so- mos responsabilizados pelo que fazemos se o determinismo for verdadeiro? Estas são al- gumas perguntas que podemos colocar sobre a responsabilidade e o determinismo, mas há muitas mais. Para arranjarmos respostas a estas perguntas temos de saber do que estamos a falar. Por exemplo, o que é o determinismo? O Determinismo é um conjunto de acontecimentos segundo o qual eles têm uma causa, por palavras mais simples, tudo é o resultado/efeito de causas anteriores. Ficaríamos intrigados se algo acontecesse e não houvesse explicação. É como irmos a um médico, que nos diz que estamos doentes, mas não nos sabe dizer qual é a nossa doença/o nosso mal. Uma pessoa que tem uma perspetiva determinista vê o mundo como um conjunto de cau- sas e efeitos, tudo o que é causado por acontecimentos anteriores tem os seus efeitos, e é assim que o estado das coisas atualmente é o resultado do efeito de coisas anteriores. Um grande exemplo que uma pessoa que acredita no determinismo pode dar, é o atual es- tado do nosso país. Estamos agora nesta crise devido a acontecimentos anteriores que “nós” causámos. Se anteriormente vivemos como ricos e eramos pobres, agora as conse- quências estão a emergir e vamos ter de viver com elas. Então se acreditarmos que o determinismo é verdadeiro, será que poderemos ser responsa- bilizados pelo que fazemos? Nós achamos que é possível! Então se as nossas ações têm efeitos posteriormente, obviamente que somos responsáveis! Se fizermos uma má ação, como roubar ou matar, poderemos não sofrer logo as conse- quências mas mais tarde ou mais cedo, vamos ser responsabilizados pelo que fizemos. Mas o que é a responsabilidade? A responsabilidade é a qualidade/capacidade de respon- der ou prestar contas pelos seus próprios atos e os seus efeitos. Tem a ver com a liberdade de escolher o seu caminho, o bem ou o mal, levando cada pessoa a assumir a sua escolha e agir em todas as suas consequências. Será que somos sempre responsáveis pelas nossas ações? Esta é uma questão que tem gerado muita contradição e confusão, pois não podemos resol- ver este problema através do método das ciências, porque estas perguntas e respostas são uma conceção da realidade. Se as pessoas que defendem o determinismo dizem que tudo o que fazemos é determinado pelo que já aconteceu, de certa forma as nossas ações não são livres. Então como é que podemos ser responsabilizados se não temos liberdade de fazer as nossas escolhas? Apenas o libertismo, torna racional a ideia de responsabilidade moral. Imaginemos que uma pessoa decide roubar um Banco, e ninguém o forçou a tal escolha. De acordo com o libertismo, só podemos considerar a pessoa moralmente responsável pela sua ação se ela não foi causada, nem pelos seus próprios motivos, desejos ou objetivos. Mas como só faz sentido considerarmos uma pessoa moralmente responsável pelas suas escolhas se resultarem em parte pela sua necessidade ou desejos, então o libertismo está incorreto? …/...
  • 26. …/... Entrámos num labirinto cheio de perguntas sem resposta! Mas se uma pessoa está convencida que tem liberdade de escolha ou livre-arbítrio tem um maior sentido de responsabilidade do que a pessoa que pensa que o determinismo absoluto governa o mundo e a vida humana. Se realmente existe escolha na altura que temos de to- mar uma decisão, os Homens têm claramente responsabilidade moral para decidirem entre inúmeras alternativas e o alibi determinista não tem peso nenhum. Mas a nossa vida é construída, é uma tarefa. O que nos distingue dos animais é que podemos pensar, escolher. O poder da mente de descobrir horizontes, projeta-los permite distinguir o que o homem é e quem é. Como temos opções de escolha somos considerados livres. A liberdade é algo com que nascemos e vivemos toda a vida. Não podemos simplesmente deitá-la fora, nem podemos dizer que não somos livres, porque o somos, só que as conse- quências da liberdade podem ser duras, às vezes, dependendo das nossas ações. Como a liberdade é uma atitude, um ato de consciência e todos os homens tem um pouco de consciência, o homem é livre! Uma pessoa livre tem de ser responsável. A liberdade e a responsabilidade são como um casal, um par, são inseparáveis. Na vida, todos temos vitórias e fracassos. Construímo-la a partir de erros, que podem ser transformados em lições para a vida. Tal como Eleanor Roosevelt disse acerca da respon- sabilidade moral: “A filosofia de uma pessoa não é melhor expressa por palavras mas sim pelas escolhas que a pessoa faz. Ao longo dos tempos, moldamos as nossas vidas e molda- mo-nos a nós mesmos. O processo nunca termina até morrermos. E, as escolhas que fize- mos são, no final de contas, a nossa própria responsabilidade." Estamos sempre a aprender e a formar novas teorias para fazer o mundo girar. Temos de saciar a nossa fome de conhecimento, pois é este que nos diferencia dos animais e nos tor- na no que hoje somos. Todos nós temos a responsabilidade de dar um bocado de nós ao mundo. Temos a liberda- de de nos poder expressar e com esta liberdade podemos tornar o mundo um sítio melhor para se viver! Cláudia Alves Ana Vieira Tiago Vieira
  • 27. Liberdade e Determinismo Liberdade… Eu sou liberdade, sinto a liberdade, vivo em liberdade, sou e serei eternamente livre. Estou para sempre condenada a isso, e é algo que jamais me poderão retirar. Nasceu comigo e será sepultada comigo. Por mais que me interrogue a mim mesma, não consigo perceber qual o significado de tudo isto, que simplesmente está presente na pessoa que sou, pois de certa forma é aquilo que me faz ser diferente de todos os outros. Tudo em retorno de tão fácil palavra faz-me questionar vezes sem conta, dentro de mim. Desisti por completo de pensar com a cabeça e tive a livre vontade de pen- sar com o coração. Como é notório até no meu simples pensar a liberdade me influência. Com tudo isto os “porquês?” dançam sobre mim, afinal de contas, porque tenho a liberdade de ser a pessoa que sou?, porque tenho a liberdade de agir da forma que ajo?, porque tenho a liberdade de simplesmente falar quando quero?, … Poderia nunca fazê-lo, poderia achar que tudo isto se verifica porque tem de ser assim, e assim entregar tudo ao destino. Mas não, não quero ser uma pessoa que entrega tudo nas mãos de algo indefinido e que assim se torna uma pessoa vazia, de- sabitada de qualquer oportunidade de ser livre e voar com as suas próprias asas, deixando que voem por ela. Afinal de contas eu sou o espalho da minha própria liberdade. Mas como em todos os espelhos as pequenas imperfeições são notórias, então percebi que nem tudo se resume a liberdade. Não tenho a liberdade de ter olhos da cor que tenho, de ter a educação que tenho, … Tudo isto deve- se a causas completamente exteriores a mim mesma, contrariadas pela liberdade. Ou seja, o ter vontade de comer uma deliciosa maçã vermelha por estar cheia de fome, não depende de mim, mas sim do determinismo em aspetos externos à ação de comer a maçã (a fome que sinto, para consequentemente poder continuar viva). Em suma, como tudo no Mundo, tudo é contrariado por algo. Como verificamos o determinismo adversa a liberdade. Como pode ser possível, as nossas simples ações resultarem de aspetos totalmente opostos, on- de a subjetividade de um é contrariada pela objetividade do outro? Somos como ímanes que es- tamos em total equilíbrio com a adversidade de dois componentes opostos? Somos, afinal de contas, livres condenados. Condenados ao determinismo e livres com a liberdade. Finalizando, poderia nunca ter me utilizado como exemplo para explicar tais conceitos, mas quem melhor que nós próprios para auxiliar em tais problemas que nos afligem. Ou seja o pensar por- que tais fazem parte de mim e me modificam de uma forma estonteante. Resume-se ao facto de ter a capacidade de refletir e de se manifestar um equilíbrio entre tais oponentes. Afinal de con- tas, consegui debruçar-me sobre o impossível: a combinação da liberdade com o determinismo… simplesmente ser eu própria. Inês André
  • 28. Liberdade e Determinismo “Eu quero ser livre”. A maioria das pessoas já disse esta frase, mas poucas foram as que realmente refletiram sobre ela. O conceito de liberdade é um conceito subjetivo e pode ter mui- tos tipos de resposta. Nunca se chegará a uma definição total de liberdade. Na minha opinião, uma pessoa é livre quando faz uso da sua capacidade de tomar certas e determinadas decisões, quando pode fazer as suas próprias escolhas sem ter nenhum tipo de influência externa. A liber- dade tem a ver com a nossa subjetividade. A liberdade faz parte do próprio conceito de vida hu- mana, uma vez que sem ela seriamos apenas como marionetas. Uma marioneta apenas realiza o que a pessoa que a manuseia quer, não tem qualquer vontade própria. Mas nós, felizmente, não somos assim. Temos vontade própria. Podemos dizer que a liberdade é como um dom que temos e distingue-nos dos outros seres vivos. No entanto, a liberdade tem condicionantes. Uma dessas condicionantes é o facto de a nossa liberdade estar intimamente relacionada com a liberdade de outros. Por exemplo, eu existo apenas porque os meus pais quiseram ter filhos. Os meus pais fize- ram uso da sua liberdade para me conceberem. De outra maneira, eu não existiria, logo não teria liberdade. Outro exemplo: Eu só posso usar a minha liberdade para escolher a roupa que devo vestir, porque outra pessoa tomou a liberdade de produzir aquela roupa. Outra condicionante da liberdade é o facto de que existem sempre fatores externos que podem comprometer as nossas ações. Por exemplo, se eu decidir viajar de avião para uma cidade e o avião tiver de fazer uma aterragem de emergência noutra cidade devido a uma avaria nos motores, não fui livre, pois a minha ação tomou um rumo que eu não podia prever, que não fazia parte do que eu havia anteri- ormente planeado e isso fez com que aquilo que correu mal (a avaria nos motores do avião) se sobrepusesse àquilo que era esperado (chegar ao destino). Do outro lado da liberdade está o determinismo. Segundo os deterministas todas as ações que realizamos têm uma causa exterior a nós, nomeadamente a hereditariedade, o ambi- ente em que fomos criados e o modo como fomos educados, e que por isso não temos responsa- bilidade moral ou responsabilidade interior. Por exemplo, se uma pessoa assassina outra, os de- terministas defendem que ela não é responsável moral e interiormente por essa morte, uma vez que essa ação já estaria determinada que iria acontecer, devido a fatores externos à subjetivida- de do agente do crime. Por estas razões os deterministas acreditam não haver compatibilidade entre a teoria do determinismo e a teoria do libertismo. Mas será que é mesmo assim? Será que não existe um meio-termo que possa compatibilizar estas teorias? A verdade é que, se pensar- mos bem, não somos totalmente livres, porque se o fossemos seriamos totalmente independen- tes de tudo o que nos rodeia, mas também não faz sentido dizer que todas as nossas ações são determinadas, uma vez que se assim o fossem seriamos robôs, ou como já disse anteriormente, marionetas. Por isso, na minha humilde opinião, nem o libertismo nem o determinismo estão completamente errados, pois há ações que realizamos de forma livre e espontânea, mas também existem ações que somos coagidos a realizar, por isso talvez faça algum sentido conjugarmos os conceitos das duas teorias. As ações livres são apenas influenciadas pelo nosso interior subjetivo, ou seja, são influ- enciadas pelos nossos valores, pelo nosso conceito do que é bom ou mau e também pela nossa personalidade. Essas ações partem unicamente de nós. Todavia, as ações que somos coagidos ou obrigados a realizar partem de fatores externos à nossa subjetividade. Não partem unicamente de nós. Pode dizer-se que o determinismo moderado é uma maneira encontrada para compatibi- lizar as duas teorias (libertismo e determinismo), um meio-termo entre elas, uma vez que defen- de que as nossas ações podem ser causadas, mas ainda assim serem livres, ou seja, as nossas ações que tiverem causas internas são livres, mas as ações com causas externas são determina- das. Por estas razões, o determinismo moderado pode ser a teoria mais credível para explicar o comportamento humano. “...Eu quero ser livre…”.