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                                  INTRODUÇÃO


      O presente TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) traz como temática: Olha
a Roda do Palmeira Mirim que chegou aqui agora: os significados de cultura
popular,segundo as crianças e adolescentes integrantes da roda. Nesta pesquisa
foram analisados os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão
à cultura popular, que visão elas tem desta manifestação cultural e como a
vivenciam, viabilizando todo contexto histórico da Roda do Palmeira em Senhor do
Bonfim, desde o inicio aos dias atuais.


      Este trabalho torna-se de extrema importância, pois percebemos que a
população bonfinense não tem dado o devido valor, muitas vezes procuram valorizar
outras culturas de lugares distantes da nossa realidade. É visível nas apresentações
em praça pública, pois a grande parte dos aplausos são de turistas que visitam a
cidade de Senhor do Bonfim na época de São João.


      A sociedade atual traz consigo uma extensa camada de informações devido o
ritmo acelerado dos meios tecnológicos, fazendo com que a humanidade deixe de
lado certos costumes culturais. Portanto faz-se necessário que as pessoas
repassem, e socializem para as novas gerações saberes praticados pelos mais
velhos.


      Poderíamos dizer que o fruto desta pesquisa nos dá uma compreensão maior
da realidade de parte da cultura bonfinense, visto que a temática escolhida foi
influenciada pela convivência, lembranças e exemplos da avó Mocinha e dos
conhecimentos adquiridos ao longo do curso de Pedagogia. Durante o percurso da
pesquisa nos firmamos a trabalhar com os significados que as próprias integrantes
da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular onde foi identificado que os
sujeitos pesquisados dão à sua manifestação diversos conceitos.


      Partindo desse intuito, trazemos em nossa pesquisa o objetivo de analisarmos
os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular,
12



ressaltando a pouca valorização dos bonfinenses com esta linda e brilhante
manifestação cultural.


      Nosso trabalho percorrerá caminhos que certamente nos proporcionarão
reflexões acerca desses fatos citados acima, objetivando encontrar respostas que
possivelmente fomentarão discussões significativas a nossa inquietação.


      No capítulo I, damos ênfase aos avanços e ranços da cultura popular ao
longo da história do nosso país, enfocando as suas contribuições para a cultura
como um todo.


      No capítulo II, traçamos uma discussão embasada nos conceitos chaves com
o apoio dos teóricos que deram subsídio aos nossos argumentos. Mostrando a garra
dos familiares de D. Mocinha que formam a comissão organizadora e das
integrantes da Roda do Palmeira Mirim em prosseguir expandindo esta grande
manifestação cultural bonfinense.


      No capítulo III, apresentamos nossos sujeitos, lócus de pesquisa e os
instrumentos metodológicos que nos ajudaram na realização deste trabalho.


      No capítulo IV, focalizamos a análise e a interpretação de dados que foram
realizadas, com o uso de instrumentos de coleta de dados como observação
participante, questionário fechado e entrevista semi-estruturada onde foi possível
identificarmos os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a
cultura popular.


      Nas considerações finais demonstramos nossa inquietação sobre a Roda do
Palmeira Mirim, como cultura popular bonfinense, pois acreditamos que este
trabalho venha a ser relevante nas discussões culturais, visando contribuições para
futuras mudanças no ramo cultural.
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                                    CAPITULO I


1.PROBLEMÁTICA: UMA RÁPIDA VIAGEM NA HISTÓRIA CULTURAL


      Em tempos atuais, o estudo sobre a cultura brasileira tem sido muito debatido
nos meios sociais, políticos e educacionais tendo em vista que as culturas são
produzidas por diversos povos ao longo das suas histórias, na construção de suas
formas de subsistência, na maneira como organizam a vida social e política e como
interagem entre eles. Para bem embasar este pensamento vale citar Freire (1979)
ao dizer que:


                     O homem enche de cultura os espaços geográficos e históricos. Cultura é
                     tudo o que é criado pelo homem. Tanto uma poesia como uma frase de
                     saudação. A cultura consiste em recriar e não em repetir. O homem pode
                     fazê-lo porque tem uma consciência capaz de captar o mundo e transformá-
                     lo (p.30-31).


      De acordo com alguns teóricos a cultura brasileira é um conjunto de culturas,
que sintetizem as diversas etnias que formam o povo brasileiro. Por essa razão, não
existe uma cultura brasileira homogênea, e sim um mosaico de diferentes vertentes
culturais que formam juntas, a cultura do Brasil.

      Como é sabido, além dos portugueses, outros grupos étnicos como os
indígenas, os africanos, os italianos e os alemães influenciaram a constituição da
cultura brasileira. A música, a dança, as tradições, as festas, os rituais e religiões
brasileiras não surgiram ao acaso, muito pelo contrário, surgiram da contribuição de
inúmeros povos.


      Nesse enfoque, cabe um destaque maior à contribuição cultural dos africanos
devido à origem da dança Roda do Palmeira, uma dança popular e folclórica que faz
parte da cultura regional da cidade de Senhor do Bonfim, no Estado da Bahia,
dançada nos festejos juninos. Assim diz Favero (1983):
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                     Desde a descoberta do Brasil que começa a se estabelecer sobre nós uma
                     relação de dominação cultural. O homem nativo foi confundido com a
                     própria paisagem geográfica e, como tal, foi também dominado.
                     Estabelecendo uma relação de dominação, o dominador impôs uma cultura
                     importada da metrópole, sufocando desse modo, os valores culturais do
                     homem nativo e abafando á sua capacidade criadora de uma cultura
                     autêntica e livre. Negando-lhe as suas expressões culturais, o descobridor
                     reduziu o homem nativo a um objeto da cultura. (p.84)


      Diante da busca da valorização cultural de movimentos populares que se
formaram em defesa do ser humano como agente social e produtor de cultura, é
importante ressaltar que grupos elitizados se organizam em sentido inverso e em
nome de um sistema altamente capitalista, calçado em interesses político-
econômicos, se valem do poder monetário e tecnológico para destruir a identidade
cultural de povos que, ao perder a cidadania, não tem alternativa senão refugiar-se
numa cultura diferente. Canclini (1983) fala que:

                     Os sistemas socias, para subsistirem, devem reproduzir e reformular as
                     suas condições de produção. Toda formação social reproduz a força de
                     trabalho através do salário, a qualificação desta força de trabalho através da
                     educação, e por último, reproduz constantemente a adaptação do
                     trabalhador à ordem social através de uma política cultural-ideológica que
                     orienta toda sua vida, no trabalho, na família, no lazer, de modo que todas
                     suas condutas e relações mantenham um sentido que seja compatível com
                     a organização social dominante. (p.34)


      Dessa forma, a cultura popular brasileira tem sido desvalorizada em sua
riqueza cultural, como alvo de pejorativos por parte da elite brasileira que sempre se
quis européia e branca, tentando transformar a cultura popular em cultura de massa,
resultando na perda da identidade de diversos grupos. Assim argumenta Carneiro
(1993):


                      A identidade é, antes de tudo, resultado de um processo histórico-cultural.
                     Nascemos com uma definição biológica, ou seja, homens ou mulheres. Ou
                     nascemos com uma definição racial: brancos ou negros. E sobre essas
                     definições sexuais e raciais se construirá uma identidade social para esses
                     diferentes indivíduos (p.3).


      Na expectativa de reverter esta situação, os movimentos sociais apostaram
na educação como meio de interação e afirmação das identidades, denunciando o
racismo, a discriminação e a desconsideração de que existem diferentes identidades
culturais. Novamente citamos Favero (1983):
15



                     O movimento de cultura popular apresenta-se como um processo de
                     elaboração e formação de uma autêntica e livre cultura nacional e, por esse
                     motivo, uma luta constante de integração do homem brasileiro no processo
                     histórico, em busca da libertação econômica, social, política e cultural do
                     nosso povo. É, portanto um movimento, ao mesmo tempo, de elaboração e
                     libertação. (p.85)


      É notório dizer que estamos em uma sociedade, que se diz a todo o
momento, ser democrática e multicultural, mas que ainda percebemos muitos
preconceitos e ranços com a cultura popular, muitas vezes porque essas
manifestações surgem de dentro das classes populares médias baixas. Vale
ressaltar o que diz Rose (1970):

                     Os preconceitos fazem parte de uma tradição cultural que se transmite, por
                     assim dizer, espontaneamente: as crianças adquirem-nos pelo contato com
                     seus professores, colegas, mestres da escola dominical (religiosa), sobre
                     tudo com seus pais. Entre esses últimos alguns não querem que suas
                     crianças tenham preconceitos; outros, pelo contrário, inculcam-nos nelas,
                     porque eles próprios foram educados na convicção de que é conveniente e
                     natural tê-los. Eles o fazem agindo de uma certa maneira, exprimindo certas
                     aversões, opondo-se a certas relações, formulando certos comentários,
                     deixando entender que é ridículo ou vergonhoso fazer isto ou aquilo, etc.
                     (p.180).


       Acrescenta-se ainda a esta discussão, os estereótipos relacionados aos
sujeitos pertencentes a cultura popular, por não terem oportunidade/acesso a
educação formal, não sendo este um fator primordial para as suas criações, pois
mesmo sem escolarização esses componentes conseguem criar versos, melodias,
canções e , desmistificando o mito de que não sabem e não são capazes de
contribuir qualitativamente com a diversidade cultural.


      Como descreve Lins (2007):

                     Não existe cultura impopular, ou pertencente a uma única casta ou
                     estamento. Por mais que se equipare o termo popular ao seu viés plebeu ou
                     vulgar, não subsiste cultura sem adesão de uma parcela significativa do
                     meio social. Isto porque o próprio pensar impregnado de fatores e
                     substâncias histórico-socias, as quais operam na formação cultural e
                     implicam aceitação tácita de costumes e valores que permeiam as
                     populações politicamente organizadas (s/p).


Visto que as transformações sociais influenciam nas modificações culturais,
precisamos estar atentos para não deixar que dominem e transformem nossa
cultura, que é tão rica e relevante para nossas tradições. HALL (2002) comenta que
16



a pós-modernidade está influenciando as identidades à entrarem em mudanças,
devido as transformações sociais e culturais, já que a formação do “EU” de cada ser
humano não acontece isoladamente, e quando o sujeito reconstrói sua identidade
ele perde parte do seu “EU” de origem.

      Para que essa aculturação não ocorra de forma tão devastadora, Silva (2008)
alerta que:


                    Enfim, é preciso recusar a hierarquização das expressões culturais e sua
                    articulação em culturas subalternas e culturas dominantes. É necessário
                    uma ou outra visão do processo cultural em um todo (...) recusar a
                    subalternidade da cultura popular, recuperar sua importância fundamental
                    concebê-la a ocupar um lugar privilegiado de onde se pode pensar e ver
                    criticamente, perspectiva analítica capaz de pensar em profundidades os
                    principais nós e estrangulamentos da história do e da cultura brasileira em
                    geral. A partir da cultura popular é possível pensar um outro país, uma ou
                    várias alternativas de Brasil. Isto porque a cultura popular brasileira é um
                    estoque inesgotável de conhecimento, sabedorias, tecnologias, maneiras de
                    fazer, pensar e ver nossas relações sociais e nessa exata medida, um lugar
                    em que mais do que simplesmente criticar o modelo genocida e alto
                    destrutivo de desenvolvimento, é possível resistir a ele com outras
                    propostas de sentido do viver e de humanidade (p. 9).



      Neste sentido, destacamos a desvalorização cultural por parte da sociedade
bonfinense no que diz respeito às manifestações culturais do seu município,
percebemos isso muito bem durante os festejos juninos, época em que a Secretaria
Municipal de Educação e Cultura abre espaço para essas apresentações, uma delas
é a Roda do Palmeira, os bonfinenses dão pouca importância para esta
manifestação. Muitas vezes o privilégio que recebem vem dos turistas que visitam a
cidade nesse período. Além disso, as escolas não trabalham esta cultura dentro de
seu espaço, abrindo leque para outras manifestações que não fazem parte da
realidade dos alunos. Assim Grignom (1995) argumenta:

                     Pode-se dizer que a escola tende espontaneamente ao monoculturalismo.
                     Por meio da transmissão, que continua sendo socialmente muito desigual,
                     dos saberes de alcance ou pretensão universal, reduz a autonomia das
                     culturas populares e converte a cultura dominante em cultura de referência,
                     em cultura padrão (p 182).


      No intuito de reverter esse modo de pensar, ver e agir; é imprescindível
considerarmos a Roda como uma cultura séria, por resgatar cantigas de rodas
antigas e versos, à procura de nossas raízes, nossa identidade cultural. Percebemos
17



que a participação das crianças na Roda do Palmeira Mirim é de fundamental
importância como resgate e preservação, trazendo de volta a magia dos festejos
juninos, desviando em parte sua atenção dos meios de comunicação, vivências que
minimizam seus valores culturais. Diante disso, nossa questão de pesquisa é: quais
os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão à cultura popular?

       O nosso objetivo de pesquisa é: identificar e analisar os significados que as
integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular.

       Esse trabalho torna-se relevante, pois traz uma reflexão em relação à cultura
popular bonfinense, principalmente a Roda do Palmeira, pois a cultura em si é o
espelho da sociedade, desvenda valores, costumes e ajuda a enxergar o presente e
o jogo de interesse das classes dominantes. Portanto, se faz necessário uma
discussão maior para o chamamento da sociedade, em particular a bonfinense, para
a valorização cultural.
18



                                        CAPITULO II


2. QUADRO TEÓRICO: DE MÃOS DADAS COM OS CONCEITOS CHAVES


      Diante da problemática que tem como objetivo: analisar os significados que as
integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão à cultura popular, confrontando nossos
argumentos com alguns teóricos para um melhor aprofundamento dos conceitos
chave: Significados, Roda do Palmeira Mirim, Cultura Popular.


2.1 SIGNIFICADOS


      Quando falamos de significados temos em mente, a idéia que um povo dá a
determinada coisa. Portanto lembramos a concepção que tem Trivinos (1987) para
esta palavra, pois este nos faz compreender que esse termo através da linguagem
verbal possa vir a manifestar reações e atuações do sujeito, na realidade ao qual
este faz parte, pois os significados trazem à tona a interpretação que o ser humano
tem do contexto ao qual faz parte.


       Ferreira (2001) apresenta (significado) do latim significatus como tudo aquilo
que é expresso através de uma língua, ou seja, a compreensão de tudo que existe
no universo. Portanto essa é uma palavra essencial quando direcionamos nosso
trabalho de pesquisa à cultura popular.


      Neste mesmo sentido diz Costa (2001):


                     Significar alguém ou alguma coisa é assumir diante dessa pessoa ou objeto
                     atitude de não-diferença, atribuindo-lhe determinado valor para nossa
                     existência. Quando assumimos, diante de qualquer que seja uma atitude de
                     indiferença, isso significa que aquilo não tem para nós valor algum.
                     Quando,contrário, significamos algo, essa significação poderá ser positiva
                     (valor) ou negativa (contra-valor ou anti-valor) (p.12)


      Vale ressaltar que muitas pessoas vivenciam a cultura popular, porém se
negam assumir. O termo significado facilita o entendimento das expressões, dos
valores, das manifestações entre outros elementos que faz parte do universo da
cultura popular, ou seja, o entendimento de um povo, a idéia que eles tem de cultura
19



popular, como eles demonstram essa identidade cultural. Segundo Burke (2003) “o
significado que o indivíduo possui em relação a alguma coisa tem a mesma
assimilação das estruturas que formam seu universo mental por isso um objeto pode
ter vários significados, pois cada ser humano tem sua maneira de ver tal coisa”.
(p.31)


         O discurso de BurKe (1989) leva nos a compreender os vários significados
que o homem dá a cultura popular, principalmente as pessoas de outras classes
sociais.


         Portanto vale refletir sobre a fala de Oliveira (2004) que afirma que:


                        È no significado que se encontra a unidade das duas funções básicas da
                        linguagem: o intercâmbio social e o pensamento generalizante. São os
                        significados que vão propiciar a mediação simbólica entre o individuo e o
                        mundo real, constituindo-se no filtro através do qual o individuo é capaz de
                        compreender o mundo e agir sobre ele (p.81).


         Deste modo cada ser humano vivencia a cultura popular da maneira que o
compreende, pois o significado que um dá é diferente do outro. Assim diz Bruner
(2001) “por mais que o indivíduo pareça operar por conta própria ao realizar sua
obra de significado, ninguém pode fazê-lo sem auxílio dos sistemas simbólicos da
cultura” (p.16).


         Sempre vai existir significados e posicionamentos opostos em relação a
cultura popular. Muitos levam os conceitos do povo como verdades e outros como
falsas. Esse é um dos motivos por tentarmos compreender o que representa Roda
do Palmeira para esse povo a qual vivencia.


2.2 RODA DO PALMEIRA


         Como o próprio nome anuncia a Roda do Palmeira é uma dança com
formação em círculo, onde todos dançam e cantam, de mãos dadas, girando para
esquerda e direita.
20



      A grande magia das danças de Roda é transmitido através das mãos, fazendo
com que a energia flua entre os participantes. Segundo Câmara Cascudo (1988):


                     Brincadeiras-de-roda (...) dançadas ou cantadas apresentando melodias e
                     coreografias simples. Grande parte delas se apresentam com os
                     participantes se colocando em roda e de mãos dadas, mas existem também
                     variações, como os brinquedos-de-roda assentada, de fileira, de marcha, de
                     palmas, de pegar, de esconder, incluindo também as chamadas para
                     brinquedos e as cantigas para selecionar jogadores. As rodas infantis que
                     se apresentam no Brasil - e que são o foco deste trabalho - têm origem
                     portuguesa, francesa e espanhola. Porém com a força do cantar e ouvir
                     abrasileiraram-se muitos destes cantos, sendo eles hoje tão nossos como
                     se aqui nascidos ( s/p).


      Falar em Roda do Palmeira é sem dúvida fazer reverência, alegria e tradição,
herança cultural deixada por Antônia Ferreira dos Santos Andrade, conhecida por
D. Mocinha, que não mediu esforços ao longo de sua existência para nos dar
momentos de animação, conhecimento e emoção.

      O talento de D.Mocinha surgiu quando ainda era criança, incentivada pelos
pais Euclides Ferreira dos Santos (marchante) e Maria Isabel Ferreira dos Santos
(do lar) que eram criadores de blocos carnavalescos que brilhavam nas ruas
bonfinenses. Ela ficava a brincar guizados com suas irmãs e colegas da vizinhança,
o tempo foi passando e Antônia ficando moça, foi nesse momento que recebeu este
apelido (Mocinha) começou a se interessar pelos blocos carnavalescos ajudando
seus pais a produzirem as fantasias. Tempos depois, com a idade avançada de seu
pai, passa assumir a organização do bloco para não deixar morrer a tradição.


      D. Mocinha tinha uma grande vontade de realizar algo no mês de junho, então
se utilizou de suas lembranças de infância, principalmente das brincadeiras de roda,
dando início a partir deste momento à grande roda. Para que tornasse algo perfeito,
os membros junto a ela debruçaram-se a muitos ensaios e dedicação, tendo como
instrumentos musicais sanfona, triângulo, banjo, zabumba em uma sede que se
chamava Palmeiras cujo o seu companheiro Manoel Andrade era o presidente da
referida instituição, local onde os funcionários da antiga REFER atualmente FCA
(Ferrovia Centro Atlântica) reuniam-se para jogar baralho, dominó dentre outros,
tornando assim mais viável o acesso de D. Mocinha e os integrantes à reuniões e
ensaios na sede do Palmeira.
21



      Foi daí que a roda passou a ser chamada Roda do Palmeira. D. Mocinha
junto com sua irmã e demais membros, subiram pela primeira vez em um palco
bonfinense em junho de 1969, onde foi um momento de muita satisfação e prestígio
dando brilho ao São João de Senhor do Bonfim. Naquele tempo havia concursos
entre rodas com premiação e entregas de troféus para os primeiros colocados, e a
Roda do Palmeira abrilhantava esses momentos ganhando alguns troféus. Vale
ressaltar que no começo os integrantes eram casais, sem ser necessariamente
marido e mulher. Eram primos, amigos, vizinhos dentre outros. Logo após o término
da apresentação, todos se dirigiam a casa de Mocinha, onde acontecia o forró até o
dia clarear, com diversas comidas típicas.


      A partir daí, a Roda do Palmeira começa a ocupar o espaço na cultura
popular bonfinense, levando seu brilho a vários festejos juninos como o de Juazeiro,
Poços dentre outras localidades, destacamos também a transmissão da Roda do
Palmeira diretamente para o Domingão do Faustão representando Senhor Bonfim a
nível nacional. A partir daí muitas pessoas começaram a ter o desejo de também
participar e com isso o grupo foi se multiplicando, formando grupos de jovens e de
senhoras. Segundo relatos a Roda das Moças teve sua ultima apresentação oficial
no ano de 1993. Permanecendo assim somente a roda das senhoras.


      Sabemos que o destino é quem decide os caminhos trilhados pelos seres
humanos. E o de D. Mocinha chega ao fim no dia 06 de novembro de 2003, com seu
falecimento deixando saudades entre familiares e membros da Roda. A vontade de
fazer a Roda do Palmeira brilhar era tão forte que D. Mocinha antes de morrer fez
um dos últimos pedidos: não deixar a roda acabar.


2.2.1 RODA DO PALMEIRA MIRIM


      Cumprindo o desejo da percussora maior, seus familiares e os membros da
roda sobre a coordenação de uma de suas filhas, Risomar Ferreira Andrade (aluna
de Pedagogia 2009.1 da UNEB), organizando e mantendo a tradição passando a
apresentar a Roda do Palmeira em dois grupos a roda das senhoras e a roda de
crianças/ adolescentes (Roda do Palmeira Mirim) que foi criada no ano de 2004 pelo
seguinte motivo os integrantes são filhos(as) e netos(os) das senhoras que
22



participam da Roda do Palmeira, assistindo os ensaios e as apresentações os
mesmos sentiam vontade de participar diretamente dessa manifestação cultural.
Então Risomar Ferreira Andrade enquanto coordenadora do grupo decidiu criar a
Roda do Palmeira Mirim, que em seu primeiro ano de apresentação subiu ao palco
com 25 integrantes de ambos os sexos realizando este grande projeto. Com o
passar dos anos a participação masculina foi desparecendo e a partir do terceiro ano
de apresentação a Roda do Palmeira Mirim contou apenas com a presença
feminina.


         Atualmente conta com 18 meninas (crianças e adolescentes) visto que a mais
nova do grupo tem apenas 1 ano e 8 meses. Sobre esse ponto Melo (1985) vem
esclarecer que: “brincando de roda a criança exercita naturalmente seu corpo
desenvolve raciocínio e memória, estimula o gosto pelo canto. Poesia, música e
dança unem-se em uma síntese de elementos imprescindíveis a educação global”.
( s/p)


         A Roda do Palmeira, em suas duas versões, já atraiu inúmeros turistas ao
antigo espaço do São João bonfinense à Praça Nova do Congresso ,e atualmente
no Parque da Cidade mas percebemos que a população não tem dado o devido
valor a esta cultura popular genuinamente bonfinense.


2.3 CULTURA POPULAR


         Quando nos referimos à cultura, estamos fazendo referência a vários
elementos entre eles a música, a dança, cantigas de roda etc. Enfim, os
antropólogos definem o termo “cultura” como a atividade de cada ser humano por
meio de atribuição de valores culturais. Assim afirma Burke (1989):


                      O termo cultura (...) hoje contudo seguindo o exemplo dos antropólogos, os
                      historiadores e outros usam o termo “cultura” muito mais amplamente, para
                      referir-se a quase tudo que pode ser aprendido em uma dada sociedade,
                      como comer, beber, andar, falar, silenciar e assim por diante (p.25).


         Apesar de todos os avanços que têm acontecido na sociedade brasileira,
ainda não se tem uma cultura definida dentro do nosso país. Visto que não existe
23



ninguém sem cultura, pois é dentro dela que o homem se desenvolve socialmente,
criando e recriando seu meio cultural de maneira diferenciada, ou seja, cada povo
tem seu modo de viver sua cultura. Santos (1994) argumenta que:


                      Cultura está muito associada a estudo, a educação, formação escolar. Por
                      vezes se fala de cultura para se referir unicamente as manifestações
                      artísticas como teatro, música, pintura, a escultura. Outras vezes, ao se falar
                      na cultura de nossa época ela é quase que identificada com os meios de
                      comunicação de massa tais como rádio, o cinema, a televisão. Ou então
                      cultura diz respeito as festas e cerimônias tradicionais, às lendas e crenças
                      de um povo ou seu modo de se vestir, à sua comida, e seu idioma. A lista
                      pode ser ampliada. (p.22)


        Ao falarmos em cultura, não estamos citando apenas danças, músicas, mas
também valores e crenças que fazem parte do universo de uma população. Rios
(2008) diz que “cultura é, na verdade, tudo que resulta da interferência dos homens
no mundo que os cerca e do qual fazem parte” (p.32).


        A sociedade brasileira tem uma variedade cultural, mas o nosso delineamento
direciona apenas a cultura popular que apesar de estar presente em todas as
épocas é a mais que sofre preconceitos por estar ligada às manifestações
populares. Mas é importante deixar claro que ela vai, além disso, como argumenta
Freire (2003) em uma de suas obras que a cultura popular brasileira deve ser
considerada um conjunto de criações, expressões e significados de valores desse
povo.


        Nesta mesma linha de pensamento, citamos a fala de Wolfogang (2007):


                      As classes pobres sobrevivem à margem da informação, da educação, e do
                      erudismo. Em virtude disso as classes pobres buscam em seus passados
                      agregados as migalhas que advêm do alto para criarem uma forma de
                      cultura que atenda as suas necessidades. Devido à carência no tocante à
                      educação, por mais que se tente aperfeiçoar ou ultrapassar essa
                      problemática real, a cultura criada pelas massas pobres muitas das vezes
                      rica em sentido, lógica em razão, sofrem um decréscimo quanto ao seu
                      conteúdo quando se predispõe ou é colocada, ou descrita e salvaguardada,
                      no papel (s/p).


           No entanto, a cultura popular recebeu um destaque maior em meados dos
   anos 60, norteada principalmente pelos argumentos de Freire (1979) que
   colocava em prática uma educação com base no conhecimento popular, e foi a
24



   partir daí que surgiram questionamentos sobre a participação das classes menos
   favorecidas na construção da cultura brasileira. Assim diz Brandão (2002):


                    Cultura popular, como cultura dinâmica, presente no meio rural e urbano,
                    que junta tradição e atualidade sempre em transformação, um encontro
                    entre tempos e espaços, com essência de brasilidade, juntando o local com
                    o global, o velho e o novo, completando um com o poder do outro (p.29.


       Atualmente a cultura popular se apresenta de uma forma superficial por
questões sócio-economicas, mas apesar disso se encontra de forma vívida nas
ações dos indivíduos, adicionadas aos seus saberes.Segundo Demo (2005):


                     Ao contrário da chamada "cultura" de massa, a cultura popular tem suas
                    raízes nas tradições, nos princípios, nos costumes, no modo de ser daquele
                    povo. Desta forma, cada povo produz, por exemplo, uma arte peculiar,
                    reflexos de suas específicas qualidades, necessariamente diversa das artes
                    de outros povos. Assim por exemplo ouve uma verdadeira arquitetura
                    colonial brasileira muito diferente da arte de escultores de outros povos
                    (p.93).


      Todos os povos tem sua própria cultura, acreditamos que é impossível existir
alguém na Terra sem algum aspecto cultural. Ela pode apresentar-se de maneira
diferenciada, porém jamais inexistente. Assim diz Rios (2008): “todos os homens são
cultos, na medida em que participam de algum modo da criação cultural,
estabelecem certas normas para sua ação, partilham valores e crenças” (p.33).


      Muitas vezes a cultura popular perde sua essência, seu valor por que é
confundida como algo folclórico, apesar de surgirem das classes populares uma
coisa é bem diferente da outra. Assim diz Wolfogang (2007):


                    A cultura popular, o folclore, muitas das vezes submetido à aguerrida
                    intervenção das camadas dominantes, não tem dado o prestígio e o
                    merecimento que o singelo operário, pescador, trabalhador, artesão
                    popular, justo ele, o trabalhador incógnito que procura extravasar o cansaço
                    de sua vida produtiva laboral dentro das manifestações folclóricas culturais
                    populares (s/p).


Ressaltamos a grande importância da cultura popular dentro da sociedade, pois ela
vai muito além do que muitos imaginam, ultrapassa o conceito simplista das classes
dominantes, visto que está ligada a tudo que o povo produz retratando o
conhecimento original e coletivo de um povo.
25



                                      CAPITULO III


3. METODOLOGIA: PASSOS DA CONSTRUÇÃO

       A metodologia, como diz Minayo (2003), faz parte de um conjunto de técnicas
que possibilita a construção de um patamar de realidades, ajudando na busca
incessante de respostas por parte de um investigador.


       Sabemos que através dos processos metodológicos, o pesquisador pode
chegar onde se deseja, nesse caso o resultado de sua inquietação. Os métodos
quando utilizados de formas adequadas facilitam todo andamento da pesquisa.
Como enfatiza Gil (1991) dizendo que: “pode se definir pesquisa como o
procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas
aos problemas que são propostos” (p.19).


       Nesta mesma linha de pensamento Pilit e Hungler (1995) argumenta sobre a
importância dos instrumentos de pesquisa dizendo que: “por meio de métodos
científicos é que os pesquisadores lutam para a solução de problemas, para dar
sentido à experiência humana, para compreender as regularidades dos fenômenos e
para prever circunstâncias futuras” (s/p).


       A palavra pesquisa tem um sentido muito amplo porque um pesquisador pode
encontrar vários significados diante de um fato, necessita de um amplo estudo da
realidade existente para que seja descoberto o foco de interesse. Assim confirma
Galli (2006):


                      A palavra pesquisa pode denotar desde a simples busca de informações,
                      localização de textos, eventos, fatos, dados, locais ate o uso de sofisticação
                      metodológica e uso de ponta para abrir caminhos novos no conhecimento
                      existente, e mesmo criação de novos métodos de investigação e estruturas
                      de abordagem do real (p.26)


       A pesquisa não é um trabalho que pode ser realizado de qualquer maneira,
precisa ser feito minuciosamente, com cuidado, pois é a partir dos resultados que
surgem as intervenções.
26



3.1 TIPO DE PESQUISA


       A pesquisa realizada foi do tipo qualitativa, pois adentrou o universo em
trabalhos de pesquisa de campo atrelada a significados, portanto é algo que não se
pode quantificar e sim descrever dados obtidos com os sujeitos. Assim afirma
Minayo (1995):


                      A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se
                      preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
                      quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,
                      aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
                      mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não
                      podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (p.21-22)


           Segundo Bodgan e Biklen (1998), a pesquisa qualitativa pretende trazer
resultados que possam demonstrar o comportamento humano:


                       ... melhor compreender o comportamento e a experiência humana. Eles
                       procuram entender o processo pelo qual as pessoas constroem
                       significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam
                       observações empíricas porque é com os eventos concretos do
                       comportamento humano que os investigadores podem pensar mais clara e
                       profundamente sobre a condição humana. (p.18)



       Para Triviños (1987), “pesquisa qualitativa, pesquisa de campo ou
naturalística, porque o investigador atua no meio onde se desenrola a existência
mesmo bem diferente das dimensões e características de um laboratório” (p.121).


       A pesquisa qualitativa facilita a compreensão do pesquisador quanto a sua
inquietação, pois traz uma preocupação com o meio social. Assim diz Pádua (1997):
“... as pesquisas qualitativas tem se preocupado com o significado dos fenômenos
sociais,    levando   em   consideração       as    motivações,      as    crenças,     valores,
representações sociais, que permeiam rede de relações sociais” (p.31)


       Neste sentido, percebemos que a pesquisa qualitativa responde questões
particulares principalmente ligadas a significados, pois o pesquisador tenta dar
sentido e também fazer interpretação dos dados adquiridos através de falas, gestos
entre outros fatores que aparece no decorrer do processo.
27



3.2 LÓCUS DE PESQUISA


     Esta pesquisa foi desenvolvida na sede provisória da Roda do Palmeira que
funciona na rua Pero Vaz Nº 77,bairro Alto da Maravilha em Senhor do Bonfim/BA.


3.3 SUJEITOS DE PESQUISA


      São 12 integrantes da Roda do Palmeira Mirim todas residentes em Senhor
do Bonfim. Portanto foram escolhidas por conhecerem a história desta manifestação
cultural tão bonita e antiga nas terras bonfinenses.


3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS


      Para desenvolver uma pesquisa é necessário utilizar instrumentos que sirvam
de base na construção do trabalho e principalmente na obtenção dos resultados.
Portanto, essas ferramentas são de suma importância para compreendermos o
objetivo da nossa pesquisa. Utilizamos a Observação participante e Entrevista semi-
estruturada para obter dados fundamentais, respondendo a nossa inquietação.


3.4.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE


      O primeiro instrumento utilizado foi a observação participante. Sendo também
parte dessas integrantes tornou-se fácil o trabalho observatório e instigador dessa
pesquisa. Neste sentido afirma Ludke e André (1986):


                     O observador como participante é um papel em que a identidade do
                     pesquisador e os objetivos do estudo são revelados ao grupo pesquisado
                     desde o início. Nessa posição, o pesquisador pode ter acesso a uma gama
                     variada de informações, até mesmo confidenciais, pedindo cooperação ao
                     grupo (p.29).


      A observação participante tem um valor significante, pois é nesses momentos
que surgem os diálogos informais, momentos em que o pesquisador precisa atento a
todos os detalhes porque durante o processo esse processo que surge dados
importantes para pesquisa. Assim confirma Michalizyn (2005):
28



                      A observação participante possibilita ao pesquisador a vivência,
                      participando intensamente do cotidiano dos grupos em estudo, observando
                      todas as manifestações presentes na cultura material do grupo, bem como
                      as reações psicológicas de SUS membros, seu sistema de valores e seus
                      mecanismos de adaptação (p. 35).



       Durante todo processo o pesquisador mantém-se ligado ao cotidiano dos
sujeitos   buscando    informações      mantendo      contato    direto    para    facilitar   o
desenvolvimento do trabalho.


3.4.2 QUESTIONÁRIO FECHADO


       Para conhecer os sujeitos precisarmos de alguns dados para traçar o perfil de
cada um para facilitar a interpretação dos dados, então veio a necessidade de
utilizar o questionário fechado que nos possibilitou um conhecimento maior sobre
cada um fornecendo assim melhores detalhes para pesquisa. Assim ressaltamos o
posicionamento de Marconi e Lakatos (1996) em relação a esse instrumento:


                      Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma
                      série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito sem a
                      presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao
                      informante, pelo correio ou por um portador depois de preenchido, o
                      pesquisado, devolve-o do mesmo modo. (p.88)


       O questionário fechado é um dos instrumentos que dá mais espaço e opção
de resposta o sujeito, pois respondendo em casa sozinho ele tem mais tempo para
pensar sobre o que responder.


       Segundo Barros (2000) o questionário não está restrito a uma única
quantidade de questão, o pesquisador deve usar o número de questão que julgar
necessário ao seu foco de pesquisa desde que não deixe o sujeito pesquisado
exaustivo, pois pode acabar atrapalhando o objetivo que deseja ser alcançado.


3.4.3 ENTREVISTA SEMI- ESTRUTURADA


       Também utilizamos a Entrevista semi-estruturada instrumento de extrema
importância, pois nos possibilitou na compreensão de alguns dados que não foram
29



identificados durante a observação participante. Sendo que dá uma ênfase maior na
valorização das falas dos sujeitos. Vale citar as idéias de Triviños (1987):


                      Podemos entender por entrevista semi-estruturada em geral, aquela que
                      parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses,
                      que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de
                      interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se
                      recebem as respostas do informante (p.146)



      A entrevista possibilita diagnósticos de inquietações sociais, permitem
respostas claras, é neste momento que o entrevistado coloca em evidências as
informações que obtém consigo. Ressaltamos Marconi e Lakatos (1996):


                      A entrevista é o encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas
                      obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
                      conversão de natureza profissional. É um procedimento utilizado na
                      investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou
                      no tratamento de um problema social (p.84).



      O trabalho que tem a entrevista semi-estruturada como elemento de base
possui um melhor fundamento, pois o sujeito fala, demonstra gestos entre outros
detalhes que influenciam nos resultados.


3.5 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA


      A primeira etapa da pesquisa, ou seja, a observação foi realizada entre os
meses de Maio e Junho de 2011 momentos em que os integrantes reuniam-se na
casa de uma das filhas de D. Mocinha, percussora dessa tradição, onde realizaram
ensaios para a apresentação no Parque da Cidade.


      Durante esses momentos de observação, foi possível perceber a dedicação e
a alegria dessas integrantes para continuarem levando em frente essa cultura
popular. As integrantes da Roda do Palmeira Mirim tratam-se como membros da
mesma família, firmam através dessa tradição laços de união e amizade. Vale
destacar que a primeira parte desse trabalho foi fácil, por fazer parte dessa tradição.
30



       No segundo momento trabalhamos com os questionários fechado, não foi
difícil porque distribuímos nas casas de cada um dos sujeitos e voltamos a recolher
4 dias depois, portanto elas tiveram um bom tempo para refletir sobre as questões
que direcionamos naquele papel.


       A etapa mais complicada foi a ultima (entrevista semi-estruturada), as
meninas tiveram uma grande resistência em participar das entrevistas. Pois tivemos
que usar um gravador para captar as falas para que depois pudéssemos transcrever
na integra. Esse pequeno instrumento causou um grande entrave nas entrevistadas.
Tornando assim nosso trabalho mais difícil. Cabe citar que nosso árduo, porém
gratificante.
31



                                             CAPÍTULO IV


4. ANALISANDO OS DADOS E OS RESULTADOS DA PESQUISA


      Neste capítulo apresentaremos dados coletados acompanhados dos seus
respectivos resultados que forma obtidos através dos instrumentos metodológicos
que utilizamos no decorrer da pesquisa que foram de grande serventia para
chegarmos aos resultados.


      Nossa trabalho buscou resposta possíveis para nossas inquietações, sendo
que a mesmo          deixa lacunas para futuras indagações. Visto que não tivemos
intenção de encontrar única resposta.


      Foi nas vivências dentro da Roda do Palmeira, junto as senhoras, que nos
influenciaram        a     tentar        compreendermos    os       significados   que     as
crianças/adolescentes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular. Portanto,
procuramos trabalhar com os seguintes instrumentos de coleta de dados:
observação participante, questionário fechado e entrevista semi-estruturada.


4.1 O PERFIL DOS SUJEITOS


      Trazemos abaixo a análise do questionário fechado que nos possibilitaram
traçar o perfil das integrantes da Roda do Palmeira Mirim onde foi possível conhecer
os sujeitos da pesquisa e seus aspectos sócios culturais. Dentre as informações
adquiridas damos ênfase nos tópicos seguintes.


4.1.1 GÊNERO


Analisamos que em relação ao gênero 100% do sexo feminino. Ressaltamos que
nos dois primeiros anos de apresentação a Roda do Palmeira Mirim contava com a
participação    de       ambos      os    sexos,   mas   com    o   passar   do    tempo   as
crianças/adolescentes do sexo masculino foram perdendo a vontade de participar
desta manifestação cultural deixando todo espaço para participação feminina.
32



Vejam o seguinte gráfico:




                                                   Sexo feminino




  Figura 1: Dados do questionário fechado



4.1.2 IDADE: FAIXA ETÁRIA




                  17%
                               33%          10 ANOS DE IDADE
         17%
                                            11 ANOS DE IDADE
                                  8%        12 ANOS DE IDADE
                   25%
                                            13 ANOS DE IDADE
                                            15 ANOS DE IDADE




Figura 2: Dados do questionário fechado



       A faixa etária de idade dos sujeitos pesquisados varia de 10 a 15 anos.
Escolhemos essa mostra com essa faixa etária por entendermos que os mesmos já
possui um domínio de leitura e escrita o que facilitaria o desenvolvimento de nossa
pesquisa. Entretanto a Roda do Palmeira Mirim conta com a participação de
membros com idades que variam de 1ano e 8 meses a 15 anos.


4.1.3 ESCOLARIDADE
33



      Em relação a escolaridade 100% afirmam freqüentar instituição de ensino.
Visto que 83% são provenientes de instituição pública e 17% de instituição privada.




                17%                       Provenientes de
                                          instituição pública
                       83%
                                          Provenientes de
                                          instituição privada




Figura 3: Dados do questionário fechado



      Focalizamos que os sujeitos provenientes de instituição pública advém de
famílias carentes que tem renda familiar até um salário mínimo tornando assim
inviável o acesso a escola particular. No entanto os demais possui uma renda até
dois salários mínimos.


4.1.4 TEMPO DE PARTICIPAÇÃO




               8%
                                          A mais de 3 anos de
                                          participação
                      92%
                                          2 anos de participação




Figura4: Dados do questionário fechado



      Constatamos que 92% dos sujeitos participam da Roda do Palmeira Mirim a
mais de 3 anos e 8% a dois anos contribuindo com esta manifestação cultural. E
assim os mais experientes compartilham ensinamentos adquiridos com os iniciantes.
34



4.1.5 INFLUÊNCIA FAMILIAR




                 8%

                                          Foram influenciadas
                      92%
                                          Não sofreram influência




 Figura4: Dados do questionário fechado

       Percebemos que 92% das integrantes da Roda do Palmeira Mirim têm
parentesco com alguma das senhoras da Roda do Palmeira. Entretanto, a maioria
declarou ter sofrido influência familiar para participar desta manifestação cultural.
Pois sempre acompanhavam as reuniões e ensaios, assim despertaram também o
desejo de fazer parte desta tradição. Pois estas senhoras mesmo sendo semi-
analfabetas conseguem criar versos e cantigas que deslumbra turistas bonfinenses,
transparecendo emoções, bravuras entre outros, deixando exemplos de vida para as
novas gerações, contrariando aqueles que acreditam que as pessoas que não foram
alfabetizadas não tem cultura.


       Jovchelovitch (2001) argumenta sua opinião sobre a visão que algumas
pessoas das classes dominantes tem em relação aqueles que não foram
alfabetizados:


                        A boa cultura exige que se limpe as inteligências e falsas opiniões que
                        comprometem tudo o que nelas venham a ser plantada. É preciso “arar”
                        nossas inteligências, habituando-as a pensar. Pois apenas estudar não
                        significa adquirir cultura: há analfabetos mais “cultos” do que muitos
                        eruditos. Finalmente será chegado o momento de “plantar”, ordenadamente
                        verdades úteis em nossa mente (p.42)


       Neste mesmo sentido, salienta Ortiz (1992):
35



                       Para alguns burgueses as classes populares não possui nenhuma cultura e
                       se caracterizam pela falta de civilização. A escola e o serviço militar seriam
                       mecanismos de promoção da cultura urbana. Por outro lado, os folcloristas
                       coferem aos camponeses idealizados uma tradição em vias de extinção,
                       ligando a cultura popular ao passado, em cheque com a civilização, sendo
                       eliminada ou confinada aos museus (p.64-65)


        Portanto, essas senhoras têm grandes saberes culturais e procuram através
da Roda passar também as crianças.


4.2 ANÁLISE DA ENTREVISTA SEMI- ESTRUTURADA


        Procuramos mostrar aqui a análise da entrevista semi-estruturada fazendo um
enlace com a observação participante expondo os significados que as integrantes da
Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular.
        Ressaltamos que as falas obtidas no decorrer das entrevistas foram de
grande valia para finalização desta pesquisa, as quais serão apresentadas nas
categorias a seguir.


        Sendo assim, o nosso trabalho surge a partir dos dados coletados com os
sujeitos que serão chamados de (P1, P2... P12) onde o P significa pessoa e o
número a ordem que foram entrevistadas.


4.2.1   SIGNIFICADO        DE     CULTURA         POPULAR          COMO        MANIFESTAÇÃO
CULTURAL


        Trazemos os resultados atribuídos pelas integrantes da Roda do Palmeira
Mirim a manifestação cultural.


Quando questionamos no momento da entrevista sobre o que é Roda do Palmeira
Mirim apenas uma das entrevistadas defendeu o conceito de Roda do Palmeira
como manifestação cultural.


                       - É uma Manifestação cultural. (P3)


        Através desse discurso ficaram evidenciados fatos que podem ser vistos
como contradição do entendimento que elas têm sobre o que é realmente uma
36



manifestação cultural, ou seja, compreendem por outros viés. Já que anteriormente
no questionário fechado todas afirmavam que a Roda do Palmeira era uma
manifestação cultural. Segundo Murray (2008):


                      No país da ginga, do drible de corpo, do molejo do samba, dos passos
                      codificados do terreiro e da malícia do golpe de capoeira, podemos afirmar
                      que as nossas festas populares são o símbolo máximo de nossa identidade
                      nacional e espelho coreógrafo da alma do povo. (...) celebrando em forma
                      de procissão, de romaria, de roda, de bloco ou de desfile, nossas festas
                      traduzem nossa diversidade multicultural (p. 97-98)


      Por isso ao perguntamos qual era o significado da Roda do Palmeira Mirim na
vida delas, apenas 8,3% respondeu que considerava uma manifestação cultural.
Vejamos a resposta a seguir:


                      Significa uma manifestação cultural. (P4)


      Enfocamos que manifestação cultural é afirmação de suas crenças, costumes
dentre outros elementos que caracterizam sua tradição, ou seja, sua identidade
cultural. Assim afirma Gabriel (2008):


                      A identidade cultural se relaciona a aspectos de nossas identidades que
                      surge “do pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguíticas, religiosas e,
                      sobretudo nacionais. Alguns estudiosos afirmam que, de alguma maneira,
                      pensamos nesta identidade como parte de nossa natureza essencial, que
                      nos faz sentir indivíduos de uma sociedade, grupo, estado ou nação (p.76)


      Assim, as integrantes da Roda do Palmeira Mirim assimilam os valores dentro
desta manifestação cultural espelhando-se nos ensinamentos passados pelos mais
velhos e vão construindo as suas identidades culturais.


      A Roda do Palmeira Mirim como manifestação cultural tem sido uma
expressiva na cultura bonfinense, é típica e tradicional, apesar de está perdendo o
espaço para as danças mais modernas preserva nas cantigas, danças e versos de
roda a história e cultura de nossa terra.


4.2.2 CULTURA POPULAR SIGNIFICADA COMO TRADIÇÃO
37



      As entrevistadas demonstraram ter outras concepções sobre a Roda do
Palmeira Mirim, pois visualizam principalmente como tradição. Portanto veremos a
seguir alguns relatos referente a 91,7% dos sujeitos:


                     - Uma dança, uma tradição. (P1)
                     - Uma tradição bonfinense. (P12)


      Para os sujeitos a Roda como elemento da cultura popular já simboliza uma
tradição, pois é o sustentáculo da cultura bonfinense. Segundo Wosien (2000): “Esta
tradição em sua grande multiplicidade, permite, ainda hoje, uma oferta inesgotável
para os esforços na vida religiosa e na prática pedagógica e terapêutica, de
encontrar as bases de uma comunhão plena de sentidos” (p.8)


      Diante disso, Vianna (2008) vem explicar que: “Entende-se por cultura os
sistemas de significados, os valores, crenças, práticas e costumes; ética, estética,
conhecimentos e técnicas, modo de viver e visões do mundo que orientam e dão
sentido (p.119)


      A partir dessa fala de Vianna acreditamos que a cultura popular para essas
integrantes não tem um único significado e sim vários, porque cada uma tem uma
maneira de ver os momentos vivenciados dentro desta.


4.2.3 CULTURA POPULAR COMO ALGO CELEBRATÓRIO


      Ao analisarmos os argumentos dos sujeitos percebemos que a Roda do
Palmeira vai além de uma mera demonstração no São João, pois trás consigo
vários elementos, entre eles a alegria e a felicidade, para 75% dos sujeitos são os
sentimentos mais presente quando sobem ao palco.


                     Eu se sinto feliz. (P6)
                     Muito feliz. (P5)
                     Muito alegre. (P4)


      Segundo algumas dessas integrantes da Roda do Palmeira Mirim, participar
desses momentos torna-se muito significativo porém como se fosse um show, pois
38



cantam, dançam, se divertem, compartilham emoções com as outras companheiras.
Para Gullar (1983):


                      Cultura é sem dúvida, um conceito de extensão miseravelmente vasto. A
                      rigor, quer dizer tudo que não é exclusivamente natureza e passa a
                      significar praticamente tudo no mundo como o de hoje penetrado por todas
                      as partes pela ação criadora do trabalho humano (p.37)


      A fala de Gullar leva nos entender que a grande extensão do conceito de
cultura dá oportunidades para que as pessoas criem vários significados,
principalmente quando se refere à cultura popular.


      Portanto, para atrair o olhar de toda população bonfinense e visitantes
presentes no espaço (Parque da cidade) durante os festejos juninos se inspiram nos
versos e cantigas criados por D. Mocinha que para elas é exemplo de dedicação,
pois conseguiu através de sua garra transformar a Roda do Palmeira em uma
grande manifestação cultural genuinamente bonfinense.


      Para Almeida (2004):


                      A cultura produz e também reproduz, faz nascer, renascer o conhecimento,
                      as sabedorias, mostra novamente o antigo, demonstra o novo, o saber-fazer
                      dos homens, É sempre contemporânea do presente, até mesmo quando
                      expõe o velho, a cultura que já foi. Ela se expõe, ao mesmo tempo, para
                      produção e consumo, independente de faixa etária, formação, pré-
                      requisitos. Deixa-se ver, ouvir, falar, comer, mexer, usar por consumidores
                      de diferentes idades culturais e gosto (p.13-14)


      Nos discursos das meninas da Roda do Palmeira Mirim percebemos o
orgulho que elas têm por fazer parte desse grupo.Portanto a maioria argumenta
que entram na Roda do Palmeira Mirim com objetivo de transmitir uma manifestação
de alegria e felicidade para todos aqueles que param para prestigiar e aplaudir as
suas apresentações. Vejam algumas explanações dessas integrantes.


                      Eu, convidar as pessoas para sentir a felicidade na roda (P7).



Diante disso, ressaltamos que a Roda do Palmeira Mirim não têm como objetivo
maior adquirir lucros e sim proporcionar a sociedade bonfinense momentos de
39



diversão. Pois as integrantes tem como intuito fazer com que as pessoas sintam as
mesmas sensações que elas sentem quando estão dançando na Roda.


4.2.4 CULTURA POPULAR COMO PROMOTORA DO DESENVOLVIMENTO
SÓCIO – ECONÔMICO


      Visualizamos também que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim vêem a
Cultura popular como um item significativo para o desenvolvimento sócio econômico
de Senhor do Bonfim, pois durante o mês de junho a Roda do Palmeira Mirim dentre
outras manifestações culturais atrai para senhor do Bonfim muitos apreciadores da
verdadeira cultura popular que acabam injetando na cidade recursos financeiros, a
exemplo de hotéis, restaurantes, bares dentre outros. Veja a seguir o que disse uma
das entrevistadas.


                     -Contribui com o desenvolvimento de Senhor do Bonfim. (P6)




      Salientamos que apesar dá cultura popular fortalecer o desenvolvimento
sócio-econômico da cidade de Senhor do Bonfim durante os festejos juninos, no
decorrer do ano permanece esquecida pela população bonfinense. Além do que não
recebe um apoio financeiro suficiente por parte do governo municipal que
possibilitaria a esta manifestação um maior reconhecimento par que possa trazer um
maior número de visitantes a nossa cidade. Para isso faz-se necessário ampliar o
número de apresentações culturais durante o ano, atraindo assim, mais recursos.


                     Espero que seja mais reconhecida e beneficiada financeiramente pela
                     prefeitura de Senhor do Bonfim, para que essa roda não acabe. (P3)


       Diante disso citamos Chartier (1995) que diz o seguinte:


                     Inútil querer identificar a cultura popular a partir da distribuição
                     supostamente especifica de certos objetos ou modelos culturais. O que
                     importa de fato, tanto quanto sua repartição, sempre mais complexa do que
                     parece, é sua apropriação pelos grupos ou indivíduos. Não se pode mais
                     aceitar acriticamente uma sociologia da distribuição que supõe
                     implicitamente que a hierarquia das classes ou grupos corresponde uma
                     hierarquia paralela das produções e dos hábitos culturais (p.184)
40



      Chauí (1986) deixa claro na sua fala que muitas vezes a Cultura Popular não
consegue ampliar seu leque de riquezas e sabedoria devido o envolvimento da
classe dominante que na maioria das vezes acabam estragando seu verdadeiro
sentido:


                     Quando se fala em cultura popular, não enquanto manifestação dos
                     explorados, mas enquanto cultura dominada, tende-se a mostrá-la como
                     invadida, aniquilada pela cultura de massa e pela indústria cultural,
                     envolvida pelos valores dos dominantes, pauperizada intelectualmente
                     pelas restrições impostas pela elite, manipulada folcloricamente
                     nacionalista, demagógica e exploradora, em suma, como impotente face a
                     dominação (p.63)



      Também é notório que a cultura popular tem sido aniquilada dentro de
sociedade devido a cultura industrial que tem chegado com grande avanço a nossa
cidade trazendo consigo novos elementos culturais de outros povos, fazendo com
que jovens, adolescentes e crianças percam o foco cultural do seu berço de origem.



      Porém sabemos que se a cultura popular não for devidamente valorizada
corre o risco de tornar-se recordações do passado bonfinense. Podemos constatar
através de histórias dos antepassados, muitas coisas que faziam parte da cultura
brasileira e foram abolidas e esquecidas.
41



                          CONSIDERAÇÕES FINAIS


      Este trabalho que teve por objetivo analisar os significados que as integrantes
da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular. Nos possibilitou trazer algumas
considerações acerca dos dados coletados no decorrer da pesquisa. Por isso
procuramos aqui mostrar nossas reflexões considerando todo processo histórico da
Roda do Palmeira. E a partir desse reflexionamento procuramos mostrar toda
desvalorização da sociedade com esta manifestação cultural.


      Ao longo dos anos, D. Mocinha procurou através de sua garra expandir a
Roda do Palmeira para todos bonfinenses e turistas que visitavam a cidade no mês
de junho. Primeiramente apresentava-se com casais e depois ergueu a tradição com
as senhoras. As lutas de D. Mocinha não foram poucas para levar essa tradição
adiante, criava cantigas, versos, virava a madrugada confeccionando roupas dentre
outros apetrechos para abrilhantar as noites do São João bonfinense.


      Durante os momentos de observação e entrevista percebemos nas falas e
gestos quais eram os significados das mesmas sobre cultura popular. Para a maioria
das entrevistadas, a Roda não é uma cultura popular e sim uma tradição de alegria
criada por D. Mocinha e que elas querem levar adiante. Também visualizamos que a
população bonfinense não tem dado o devido valor que a Roda do Palmeira merece,
a quantidade de sujeitos está diminuindo e a omissão de apoio e patrocínio pelas
autoridades locais dificulta o crescimento desta manifestação cultural.


      Ao analisarmos os entraves diante desta manifestação, percebemos algo
significante, a garra que eles trazem consigo para confirmar e reafirmar que
pretende manter o ritmo animado e contagiante levando adiante passando para as
futuras gerações os conhecimentos culturais que surgiram a partir de uma menina
chamada “mocinha”, transmitindo os valores que ela proporcionou a todos até o dia
de sua morte.


      Diante da análise concluída não podemos dizer que as componentes da Roda
do Palmeira Mirim tem um significado único de cultura popular, mas sim diversos
42



significados, pois a Roda do Palmeira Mirim inserida dentro da cultura popular
possui uma diversidade de elementos como a dança, as cantigas, os versos dentre
outros que fazem com que as integrantes signifiquem por outras linhas de
pensamentos.


       Percebemos que as integrantes da Roda do Palmeira conhecem a história
dessa tradição, tem orgulho de fazer parte desta e procuram levar adiante para que
não venha ter fim.


       Vale ressaltar a Roda do Palmeira como uma cultura popular genuinamente
bonfinense, pois ela não tem vínculos com outras manifestações, surgiu em Senhor
do Bonfim e continua aqui. É uma manifestação linda que contagia muitos turistas
apesar de não ser tão valorizada pelo povo desta cidade.


       Sabemos que esse trabalho deixou lacunas que possivelmente serão
preenchidas por outras pesquisas futuras, mas acreditamos que possa contribuir
com a valorização da cultura popular bonfinense. O nosso povo procura fechar os
olhos diante das coisas bonitas criadas por nossos antepassados, mas as
integrantes da Roda do Palmeira Mirim estão persistindo e levando adiante. Então
leva nos a crer que esse trabalho será um reforço na expansão desta manifestação
cultural
43



                               REFERÊNCIAS

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A Roda do Palmeira Mirim: significados culturais segundo as integrantes

  • 1. 11 INTRODUÇÃO O presente TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) traz como temática: Olha a Roda do Palmeira Mirim que chegou aqui agora: os significados de cultura popular,segundo as crianças e adolescentes integrantes da roda. Nesta pesquisa foram analisados os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão à cultura popular, que visão elas tem desta manifestação cultural e como a vivenciam, viabilizando todo contexto histórico da Roda do Palmeira em Senhor do Bonfim, desde o inicio aos dias atuais. Este trabalho torna-se de extrema importância, pois percebemos que a população bonfinense não tem dado o devido valor, muitas vezes procuram valorizar outras culturas de lugares distantes da nossa realidade. É visível nas apresentações em praça pública, pois a grande parte dos aplausos são de turistas que visitam a cidade de Senhor do Bonfim na época de São João. A sociedade atual traz consigo uma extensa camada de informações devido o ritmo acelerado dos meios tecnológicos, fazendo com que a humanidade deixe de lado certos costumes culturais. Portanto faz-se necessário que as pessoas repassem, e socializem para as novas gerações saberes praticados pelos mais velhos. Poderíamos dizer que o fruto desta pesquisa nos dá uma compreensão maior da realidade de parte da cultura bonfinense, visto que a temática escolhida foi influenciada pela convivência, lembranças e exemplos da avó Mocinha e dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso de Pedagogia. Durante o percurso da pesquisa nos firmamos a trabalhar com os significados que as próprias integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular onde foi identificado que os sujeitos pesquisados dão à sua manifestação diversos conceitos. Partindo desse intuito, trazemos em nossa pesquisa o objetivo de analisarmos os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular,
  • 2. 12 ressaltando a pouca valorização dos bonfinenses com esta linda e brilhante manifestação cultural. Nosso trabalho percorrerá caminhos que certamente nos proporcionarão reflexões acerca desses fatos citados acima, objetivando encontrar respostas que possivelmente fomentarão discussões significativas a nossa inquietação. No capítulo I, damos ênfase aos avanços e ranços da cultura popular ao longo da história do nosso país, enfocando as suas contribuições para a cultura como um todo. No capítulo II, traçamos uma discussão embasada nos conceitos chaves com o apoio dos teóricos que deram subsídio aos nossos argumentos. Mostrando a garra dos familiares de D. Mocinha que formam a comissão organizadora e das integrantes da Roda do Palmeira Mirim em prosseguir expandindo esta grande manifestação cultural bonfinense. No capítulo III, apresentamos nossos sujeitos, lócus de pesquisa e os instrumentos metodológicos que nos ajudaram na realização deste trabalho. No capítulo IV, focalizamos a análise e a interpretação de dados que foram realizadas, com o uso de instrumentos de coleta de dados como observação participante, questionário fechado e entrevista semi-estruturada onde foi possível identificarmos os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular. Nas considerações finais demonstramos nossa inquietação sobre a Roda do Palmeira Mirim, como cultura popular bonfinense, pois acreditamos que este trabalho venha a ser relevante nas discussões culturais, visando contribuições para futuras mudanças no ramo cultural.
  • 3. 13 CAPITULO I 1.PROBLEMÁTICA: UMA RÁPIDA VIAGEM NA HISTÓRIA CULTURAL Em tempos atuais, o estudo sobre a cultura brasileira tem sido muito debatido nos meios sociais, políticos e educacionais tendo em vista que as culturas são produzidas por diversos povos ao longo das suas histórias, na construção de suas formas de subsistência, na maneira como organizam a vida social e política e como interagem entre eles. Para bem embasar este pensamento vale citar Freire (1979) ao dizer que: O homem enche de cultura os espaços geográficos e históricos. Cultura é tudo o que é criado pelo homem. Tanto uma poesia como uma frase de saudação. A cultura consiste em recriar e não em repetir. O homem pode fazê-lo porque tem uma consciência capaz de captar o mundo e transformá- lo (p.30-31). De acordo com alguns teóricos a cultura brasileira é um conjunto de culturas, que sintetizem as diversas etnias que formam o povo brasileiro. Por essa razão, não existe uma cultura brasileira homogênea, e sim um mosaico de diferentes vertentes culturais que formam juntas, a cultura do Brasil. Como é sabido, além dos portugueses, outros grupos étnicos como os indígenas, os africanos, os italianos e os alemães influenciaram a constituição da cultura brasileira. A música, a dança, as tradições, as festas, os rituais e religiões brasileiras não surgiram ao acaso, muito pelo contrário, surgiram da contribuição de inúmeros povos. Nesse enfoque, cabe um destaque maior à contribuição cultural dos africanos devido à origem da dança Roda do Palmeira, uma dança popular e folclórica que faz parte da cultura regional da cidade de Senhor do Bonfim, no Estado da Bahia, dançada nos festejos juninos. Assim diz Favero (1983):
  • 4. 14 Desde a descoberta do Brasil que começa a se estabelecer sobre nós uma relação de dominação cultural. O homem nativo foi confundido com a própria paisagem geográfica e, como tal, foi também dominado. Estabelecendo uma relação de dominação, o dominador impôs uma cultura importada da metrópole, sufocando desse modo, os valores culturais do homem nativo e abafando á sua capacidade criadora de uma cultura autêntica e livre. Negando-lhe as suas expressões culturais, o descobridor reduziu o homem nativo a um objeto da cultura. (p.84) Diante da busca da valorização cultural de movimentos populares que se formaram em defesa do ser humano como agente social e produtor de cultura, é importante ressaltar que grupos elitizados se organizam em sentido inverso e em nome de um sistema altamente capitalista, calçado em interesses político- econômicos, se valem do poder monetário e tecnológico para destruir a identidade cultural de povos que, ao perder a cidadania, não tem alternativa senão refugiar-se numa cultura diferente. Canclini (1983) fala que: Os sistemas socias, para subsistirem, devem reproduzir e reformular as suas condições de produção. Toda formação social reproduz a força de trabalho através do salário, a qualificação desta força de trabalho através da educação, e por último, reproduz constantemente a adaptação do trabalhador à ordem social através de uma política cultural-ideológica que orienta toda sua vida, no trabalho, na família, no lazer, de modo que todas suas condutas e relações mantenham um sentido que seja compatível com a organização social dominante. (p.34) Dessa forma, a cultura popular brasileira tem sido desvalorizada em sua riqueza cultural, como alvo de pejorativos por parte da elite brasileira que sempre se quis européia e branca, tentando transformar a cultura popular em cultura de massa, resultando na perda da identidade de diversos grupos. Assim argumenta Carneiro (1993): A identidade é, antes de tudo, resultado de um processo histórico-cultural. Nascemos com uma definição biológica, ou seja, homens ou mulheres. Ou nascemos com uma definição racial: brancos ou negros. E sobre essas definições sexuais e raciais se construirá uma identidade social para esses diferentes indivíduos (p.3). Na expectativa de reverter esta situação, os movimentos sociais apostaram na educação como meio de interação e afirmação das identidades, denunciando o racismo, a discriminação e a desconsideração de que existem diferentes identidades culturais. Novamente citamos Favero (1983):
  • 5. 15 O movimento de cultura popular apresenta-se como um processo de elaboração e formação de uma autêntica e livre cultura nacional e, por esse motivo, uma luta constante de integração do homem brasileiro no processo histórico, em busca da libertação econômica, social, política e cultural do nosso povo. É, portanto um movimento, ao mesmo tempo, de elaboração e libertação. (p.85) É notório dizer que estamos em uma sociedade, que se diz a todo o momento, ser democrática e multicultural, mas que ainda percebemos muitos preconceitos e ranços com a cultura popular, muitas vezes porque essas manifestações surgem de dentro das classes populares médias baixas. Vale ressaltar o que diz Rose (1970): Os preconceitos fazem parte de uma tradição cultural que se transmite, por assim dizer, espontaneamente: as crianças adquirem-nos pelo contato com seus professores, colegas, mestres da escola dominical (religiosa), sobre tudo com seus pais. Entre esses últimos alguns não querem que suas crianças tenham preconceitos; outros, pelo contrário, inculcam-nos nelas, porque eles próprios foram educados na convicção de que é conveniente e natural tê-los. Eles o fazem agindo de uma certa maneira, exprimindo certas aversões, opondo-se a certas relações, formulando certos comentários, deixando entender que é ridículo ou vergonhoso fazer isto ou aquilo, etc. (p.180). Acrescenta-se ainda a esta discussão, os estereótipos relacionados aos sujeitos pertencentes a cultura popular, por não terem oportunidade/acesso a educação formal, não sendo este um fator primordial para as suas criações, pois mesmo sem escolarização esses componentes conseguem criar versos, melodias, canções e , desmistificando o mito de que não sabem e não são capazes de contribuir qualitativamente com a diversidade cultural. Como descreve Lins (2007): Não existe cultura impopular, ou pertencente a uma única casta ou estamento. Por mais que se equipare o termo popular ao seu viés plebeu ou vulgar, não subsiste cultura sem adesão de uma parcela significativa do meio social. Isto porque o próprio pensar impregnado de fatores e substâncias histórico-socias, as quais operam na formação cultural e implicam aceitação tácita de costumes e valores que permeiam as populações politicamente organizadas (s/p). Visto que as transformações sociais influenciam nas modificações culturais, precisamos estar atentos para não deixar que dominem e transformem nossa cultura, que é tão rica e relevante para nossas tradições. HALL (2002) comenta que
  • 6. 16 a pós-modernidade está influenciando as identidades à entrarem em mudanças, devido as transformações sociais e culturais, já que a formação do “EU” de cada ser humano não acontece isoladamente, e quando o sujeito reconstrói sua identidade ele perde parte do seu “EU” de origem. Para que essa aculturação não ocorra de forma tão devastadora, Silva (2008) alerta que: Enfim, é preciso recusar a hierarquização das expressões culturais e sua articulação em culturas subalternas e culturas dominantes. É necessário uma ou outra visão do processo cultural em um todo (...) recusar a subalternidade da cultura popular, recuperar sua importância fundamental concebê-la a ocupar um lugar privilegiado de onde se pode pensar e ver criticamente, perspectiva analítica capaz de pensar em profundidades os principais nós e estrangulamentos da história do e da cultura brasileira em geral. A partir da cultura popular é possível pensar um outro país, uma ou várias alternativas de Brasil. Isto porque a cultura popular brasileira é um estoque inesgotável de conhecimento, sabedorias, tecnologias, maneiras de fazer, pensar e ver nossas relações sociais e nessa exata medida, um lugar em que mais do que simplesmente criticar o modelo genocida e alto destrutivo de desenvolvimento, é possível resistir a ele com outras propostas de sentido do viver e de humanidade (p. 9). Neste sentido, destacamos a desvalorização cultural por parte da sociedade bonfinense no que diz respeito às manifestações culturais do seu município, percebemos isso muito bem durante os festejos juninos, época em que a Secretaria Municipal de Educação e Cultura abre espaço para essas apresentações, uma delas é a Roda do Palmeira, os bonfinenses dão pouca importância para esta manifestação. Muitas vezes o privilégio que recebem vem dos turistas que visitam a cidade nesse período. Além disso, as escolas não trabalham esta cultura dentro de seu espaço, abrindo leque para outras manifestações que não fazem parte da realidade dos alunos. Assim Grignom (1995) argumenta: Pode-se dizer que a escola tende espontaneamente ao monoculturalismo. Por meio da transmissão, que continua sendo socialmente muito desigual, dos saberes de alcance ou pretensão universal, reduz a autonomia das culturas populares e converte a cultura dominante em cultura de referência, em cultura padrão (p 182). No intuito de reverter esse modo de pensar, ver e agir; é imprescindível considerarmos a Roda como uma cultura séria, por resgatar cantigas de rodas antigas e versos, à procura de nossas raízes, nossa identidade cultural. Percebemos
  • 7. 17 que a participação das crianças na Roda do Palmeira Mirim é de fundamental importância como resgate e preservação, trazendo de volta a magia dos festejos juninos, desviando em parte sua atenção dos meios de comunicação, vivências que minimizam seus valores culturais. Diante disso, nossa questão de pesquisa é: quais os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão à cultura popular? O nosso objetivo de pesquisa é: identificar e analisar os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular. Esse trabalho torna-se relevante, pois traz uma reflexão em relação à cultura popular bonfinense, principalmente a Roda do Palmeira, pois a cultura em si é o espelho da sociedade, desvenda valores, costumes e ajuda a enxergar o presente e o jogo de interesse das classes dominantes. Portanto, se faz necessário uma discussão maior para o chamamento da sociedade, em particular a bonfinense, para a valorização cultural.
  • 8. 18 CAPITULO II 2. QUADRO TEÓRICO: DE MÃOS DADAS COM OS CONCEITOS CHAVES Diante da problemática que tem como objetivo: analisar os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão à cultura popular, confrontando nossos argumentos com alguns teóricos para um melhor aprofundamento dos conceitos chave: Significados, Roda do Palmeira Mirim, Cultura Popular. 2.1 SIGNIFICADOS Quando falamos de significados temos em mente, a idéia que um povo dá a determinada coisa. Portanto lembramos a concepção que tem Trivinos (1987) para esta palavra, pois este nos faz compreender que esse termo através da linguagem verbal possa vir a manifestar reações e atuações do sujeito, na realidade ao qual este faz parte, pois os significados trazem à tona a interpretação que o ser humano tem do contexto ao qual faz parte. Ferreira (2001) apresenta (significado) do latim significatus como tudo aquilo que é expresso através de uma língua, ou seja, a compreensão de tudo que existe no universo. Portanto essa é uma palavra essencial quando direcionamos nosso trabalho de pesquisa à cultura popular. Neste mesmo sentido diz Costa (2001): Significar alguém ou alguma coisa é assumir diante dessa pessoa ou objeto atitude de não-diferença, atribuindo-lhe determinado valor para nossa existência. Quando assumimos, diante de qualquer que seja uma atitude de indiferença, isso significa que aquilo não tem para nós valor algum. Quando,contrário, significamos algo, essa significação poderá ser positiva (valor) ou negativa (contra-valor ou anti-valor) (p.12) Vale ressaltar que muitas pessoas vivenciam a cultura popular, porém se negam assumir. O termo significado facilita o entendimento das expressões, dos valores, das manifestações entre outros elementos que faz parte do universo da cultura popular, ou seja, o entendimento de um povo, a idéia que eles tem de cultura
  • 9. 19 popular, como eles demonstram essa identidade cultural. Segundo Burke (2003) “o significado que o indivíduo possui em relação a alguma coisa tem a mesma assimilação das estruturas que formam seu universo mental por isso um objeto pode ter vários significados, pois cada ser humano tem sua maneira de ver tal coisa”. (p.31) O discurso de BurKe (1989) leva nos a compreender os vários significados que o homem dá a cultura popular, principalmente as pessoas de outras classes sociais. Portanto vale refletir sobre a fala de Oliveira (2004) que afirma que: È no significado que se encontra a unidade das duas funções básicas da linguagem: o intercâmbio social e o pensamento generalizante. São os significados que vão propiciar a mediação simbólica entre o individuo e o mundo real, constituindo-se no filtro através do qual o individuo é capaz de compreender o mundo e agir sobre ele (p.81). Deste modo cada ser humano vivencia a cultura popular da maneira que o compreende, pois o significado que um dá é diferente do outro. Assim diz Bruner (2001) “por mais que o indivíduo pareça operar por conta própria ao realizar sua obra de significado, ninguém pode fazê-lo sem auxílio dos sistemas simbólicos da cultura” (p.16). Sempre vai existir significados e posicionamentos opostos em relação a cultura popular. Muitos levam os conceitos do povo como verdades e outros como falsas. Esse é um dos motivos por tentarmos compreender o que representa Roda do Palmeira para esse povo a qual vivencia. 2.2 RODA DO PALMEIRA Como o próprio nome anuncia a Roda do Palmeira é uma dança com formação em círculo, onde todos dançam e cantam, de mãos dadas, girando para esquerda e direita.
  • 10. 20 A grande magia das danças de Roda é transmitido através das mãos, fazendo com que a energia flua entre os participantes. Segundo Câmara Cascudo (1988): Brincadeiras-de-roda (...) dançadas ou cantadas apresentando melodias e coreografias simples. Grande parte delas se apresentam com os participantes se colocando em roda e de mãos dadas, mas existem também variações, como os brinquedos-de-roda assentada, de fileira, de marcha, de palmas, de pegar, de esconder, incluindo também as chamadas para brinquedos e as cantigas para selecionar jogadores. As rodas infantis que se apresentam no Brasil - e que são o foco deste trabalho - têm origem portuguesa, francesa e espanhola. Porém com a força do cantar e ouvir abrasileiraram-se muitos destes cantos, sendo eles hoje tão nossos como se aqui nascidos ( s/p). Falar em Roda do Palmeira é sem dúvida fazer reverência, alegria e tradição, herança cultural deixada por Antônia Ferreira dos Santos Andrade, conhecida por D. Mocinha, que não mediu esforços ao longo de sua existência para nos dar momentos de animação, conhecimento e emoção. O talento de D.Mocinha surgiu quando ainda era criança, incentivada pelos pais Euclides Ferreira dos Santos (marchante) e Maria Isabel Ferreira dos Santos (do lar) que eram criadores de blocos carnavalescos que brilhavam nas ruas bonfinenses. Ela ficava a brincar guizados com suas irmãs e colegas da vizinhança, o tempo foi passando e Antônia ficando moça, foi nesse momento que recebeu este apelido (Mocinha) começou a se interessar pelos blocos carnavalescos ajudando seus pais a produzirem as fantasias. Tempos depois, com a idade avançada de seu pai, passa assumir a organização do bloco para não deixar morrer a tradição. D. Mocinha tinha uma grande vontade de realizar algo no mês de junho, então se utilizou de suas lembranças de infância, principalmente das brincadeiras de roda, dando início a partir deste momento à grande roda. Para que tornasse algo perfeito, os membros junto a ela debruçaram-se a muitos ensaios e dedicação, tendo como instrumentos musicais sanfona, triângulo, banjo, zabumba em uma sede que se chamava Palmeiras cujo o seu companheiro Manoel Andrade era o presidente da referida instituição, local onde os funcionários da antiga REFER atualmente FCA (Ferrovia Centro Atlântica) reuniam-se para jogar baralho, dominó dentre outros, tornando assim mais viável o acesso de D. Mocinha e os integrantes à reuniões e ensaios na sede do Palmeira.
  • 11. 21 Foi daí que a roda passou a ser chamada Roda do Palmeira. D. Mocinha junto com sua irmã e demais membros, subiram pela primeira vez em um palco bonfinense em junho de 1969, onde foi um momento de muita satisfação e prestígio dando brilho ao São João de Senhor do Bonfim. Naquele tempo havia concursos entre rodas com premiação e entregas de troféus para os primeiros colocados, e a Roda do Palmeira abrilhantava esses momentos ganhando alguns troféus. Vale ressaltar que no começo os integrantes eram casais, sem ser necessariamente marido e mulher. Eram primos, amigos, vizinhos dentre outros. Logo após o término da apresentação, todos se dirigiam a casa de Mocinha, onde acontecia o forró até o dia clarear, com diversas comidas típicas. A partir daí, a Roda do Palmeira começa a ocupar o espaço na cultura popular bonfinense, levando seu brilho a vários festejos juninos como o de Juazeiro, Poços dentre outras localidades, destacamos também a transmissão da Roda do Palmeira diretamente para o Domingão do Faustão representando Senhor Bonfim a nível nacional. A partir daí muitas pessoas começaram a ter o desejo de também participar e com isso o grupo foi se multiplicando, formando grupos de jovens e de senhoras. Segundo relatos a Roda das Moças teve sua ultima apresentação oficial no ano de 1993. Permanecendo assim somente a roda das senhoras. Sabemos que o destino é quem decide os caminhos trilhados pelos seres humanos. E o de D. Mocinha chega ao fim no dia 06 de novembro de 2003, com seu falecimento deixando saudades entre familiares e membros da Roda. A vontade de fazer a Roda do Palmeira brilhar era tão forte que D. Mocinha antes de morrer fez um dos últimos pedidos: não deixar a roda acabar. 2.2.1 RODA DO PALMEIRA MIRIM Cumprindo o desejo da percussora maior, seus familiares e os membros da roda sobre a coordenação de uma de suas filhas, Risomar Ferreira Andrade (aluna de Pedagogia 2009.1 da UNEB), organizando e mantendo a tradição passando a apresentar a Roda do Palmeira em dois grupos a roda das senhoras e a roda de crianças/ adolescentes (Roda do Palmeira Mirim) que foi criada no ano de 2004 pelo seguinte motivo os integrantes são filhos(as) e netos(os) das senhoras que
  • 12. 22 participam da Roda do Palmeira, assistindo os ensaios e as apresentações os mesmos sentiam vontade de participar diretamente dessa manifestação cultural. Então Risomar Ferreira Andrade enquanto coordenadora do grupo decidiu criar a Roda do Palmeira Mirim, que em seu primeiro ano de apresentação subiu ao palco com 25 integrantes de ambos os sexos realizando este grande projeto. Com o passar dos anos a participação masculina foi desparecendo e a partir do terceiro ano de apresentação a Roda do Palmeira Mirim contou apenas com a presença feminina. Atualmente conta com 18 meninas (crianças e adolescentes) visto que a mais nova do grupo tem apenas 1 ano e 8 meses. Sobre esse ponto Melo (1985) vem esclarecer que: “brincando de roda a criança exercita naturalmente seu corpo desenvolve raciocínio e memória, estimula o gosto pelo canto. Poesia, música e dança unem-se em uma síntese de elementos imprescindíveis a educação global”. ( s/p) A Roda do Palmeira, em suas duas versões, já atraiu inúmeros turistas ao antigo espaço do São João bonfinense à Praça Nova do Congresso ,e atualmente no Parque da Cidade mas percebemos que a população não tem dado o devido valor a esta cultura popular genuinamente bonfinense. 2.3 CULTURA POPULAR Quando nos referimos à cultura, estamos fazendo referência a vários elementos entre eles a música, a dança, cantigas de roda etc. Enfim, os antropólogos definem o termo “cultura” como a atividade de cada ser humano por meio de atribuição de valores culturais. Assim afirma Burke (1989): O termo cultura (...) hoje contudo seguindo o exemplo dos antropólogos, os historiadores e outros usam o termo “cultura” muito mais amplamente, para referir-se a quase tudo que pode ser aprendido em uma dada sociedade, como comer, beber, andar, falar, silenciar e assim por diante (p.25). Apesar de todos os avanços que têm acontecido na sociedade brasileira, ainda não se tem uma cultura definida dentro do nosso país. Visto que não existe
  • 13. 23 ninguém sem cultura, pois é dentro dela que o homem se desenvolve socialmente, criando e recriando seu meio cultural de maneira diferenciada, ou seja, cada povo tem seu modo de viver sua cultura. Santos (1994) argumenta que: Cultura está muito associada a estudo, a educação, formação escolar. Por vezes se fala de cultura para se referir unicamente as manifestações artísticas como teatro, música, pintura, a escultura. Outras vezes, ao se falar na cultura de nossa época ela é quase que identificada com os meios de comunicação de massa tais como rádio, o cinema, a televisão. Ou então cultura diz respeito as festas e cerimônias tradicionais, às lendas e crenças de um povo ou seu modo de se vestir, à sua comida, e seu idioma. A lista pode ser ampliada. (p.22) Ao falarmos em cultura, não estamos citando apenas danças, músicas, mas também valores e crenças que fazem parte do universo de uma população. Rios (2008) diz que “cultura é, na verdade, tudo que resulta da interferência dos homens no mundo que os cerca e do qual fazem parte” (p.32). A sociedade brasileira tem uma variedade cultural, mas o nosso delineamento direciona apenas a cultura popular que apesar de estar presente em todas as épocas é a mais que sofre preconceitos por estar ligada às manifestações populares. Mas é importante deixar claro que ela vai, além disso, como argumenta Freire (2003) em uma de suas obras que a cultura popular brasileira deve ser considerada um conjunto de criações, expressões e significados de valores desse povo. Nesta mesma linha de pensamento, citamos a fala de Wolfogang (2007): As classes pobres sobrevivem à margem da informação, da educação, e do erudismo. Em virtude disso as classes pobres buscam em seus passados agregados as migalhas que advêm do alto para criarem uma forma de cultura que atenda as suas necessidades. Devido à carência no tocante à educação, por mais que se tente aperfeiçoar ou ultrapassar essa problemática real, a cultura criada pelas massas pobres muitas das vezes rica em sentido, lógica em razão, sofrem um decréscimo quanto ao seu conteúdo quando se predispõe ou é colocada, ou descrita e salvaguardada, no papel (s/p). No entanto, a cultura popular recebeu um destaque maior em meados dos anos 60, norteada principalmente pelos argumentos de Freire (1979) que colocava em prática uma educação com base no conhecimento popular, e foi a
  • 14. 24 partir daí que surgiram questionamentos sobre a participação das classes menos favorecidas na construção da cultura brasileira. Assim diz Brandão (2002): Cultura popular, como cultura dinâmica, presente no meio rural e urbano, que junta tradição e atualidade sempre em transformação, um encontro entre tempos e espaços, com essência de brasilidade, juntando o local com o global, o velho e o novo, completando um com o poder do outro (p.29. Atualmente a cultura popular se apresenta de uma forma superficial por questões sócio-economicas, mas apesar disso se encontra de forma vívida nas ações dos indivíduos, adicionadas aos seus saberes.Segundo Demo (2005): Ao contrário da chamada "cultura" de massa, a cultura popular tem suas raízes nas tradições, nos princípios, nos costumes, no modo de ser daquele povo. Desta forma, cada povo produz, por exemplo, uma arte peculiar, reflexos de suas específicas qualidades, necessariamente diversa das artes de outros povos. Assim por exemplo ouve uma verdadeira arquitetura colonial brasileira muito diferente da arte de escultores de outros povos (p.93). Todos os povos tem sua própria cultura, acreditamos que é impossível existir alguém na Terra sem algum aspecto cultural. Ela pode apresentar-se de maneira diferenciada, porém jamais inexistente. Assim diz Rios (2008): “todos os homens são cultos, na medida em que participam de algum modo da criação cultural, estabelecem certas normas para sua ação, partilham valores e crenças” (p.33). Muitas vezes a cultura popular perde sua essência, seu valor por que é confundida como algo folclórico, apesar de surgirem das classes populares uma coisa é bem diferente da outra. Assim diz Wolfogang (2007): A cultura popular, o folclore, muitas das vezes submetido à aguerrida intervenção das camadas dominantes, não tem dado o prestígio e o merecimento que o singelo operário, pescador, trabalhador, artesão popular, justo ele, o trabalhador incógnito que procura extravasar o cansaço de sua vida produtiva laboral dentro das manifestações folclóricas culturais populares (s/p). Ressaltamos a grande importância da cultura popular dentro da sociedade, pois ela vai muito além do que muitos imaginam, ultrapassa o conceito simplista das classes dominantes, visto que está ligada a tudo que o povo produz retratando o conhecimento original e coletivo de um povo.
  • 15. 25 CAPITULO III 3. METODOLOGIA: PASSOS DA CONSTRUÇÃO A metodologia, como diz Minayo (2003), faz parte de um conjunto de técnicas que possibilita a construção de um patamar de realidades, ajudando na busca incessante de respostas por parte de um investigador. Sabemos que através dos processos metodológicos, o pesquisador pode chegar onde se deseja, nesse caso o resultado de sua inquietação. Os métodos quando utilizados de formas adequadas facilitam todo andamento da pesquisa. Como enfatiza Gil (1991) dizendo que: “pode se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos” (p.19). Nesta mesma linha de pensamento Pilit e Hungler (1995) argumenta sobre a importância dos instrumentos de pesquisa dizendo que: “por meio de métodos científicos é que os pesquisadores lutam para a solução de problemas, para dar sentido à experiência humana, para compreender as regularidades dos fenômenos e para prever circunstâncias futuras” (s/p). A palavra pesquisa tem um sentido muito amplo porque um pesquisador pode encontrar vários significados diante de um fato, necessita de um amplo estudo da realidade existente para que seja descoberto o foco de interesse. Assim confirma Galli (2006): A palavra pesquisa pode denotar desde a simples busca de informações, localização de textos, eventos, fatos, dados, locais ate o uso de sofisticação metodológica e uso de ponta para abrir caminhos novos no conhecimento existente, e mesmo criação de novos métodos de investigação e estruturas de abordagem do real (p.26) A pesquisa não é um trabalho que pode ser realizado de qualquer maneira, precisa ser feito minuciosamente, com cuidado, pois é a partir dos resultados que surgem as intervenções.
  • 16. 26 3.1 TIPO DE PESQUISA A pesquisa realizada foi do tipo qualitativa, pois adentrou o universo em trabalhos de pesquisa de campo atrelada a significados, portanto é algo que não se pode quantificar e sim descrever dados obtidos com os sujeitos. Assim afirma Minayo (1995): A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (p.21-22) Segundo Bodgan e Biklen (1998), a pesquisa qualitativa pretende trazer resultados que possam demonstrar o comportamento humano: ... melhor compreender o comportamento e a experiência humana. Eles procuram entender o processo pelo qual as pessoas constroem significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam observações empíricas porque é com os eventos concretos do comportamento humano que os investigadores podem pensar mais clara e profundamente sobre a condição humana. (p.18) Para Triviños (1987), “pesquisa qualitativa, pesquisa de campo ou naturalística, porque o investigador atua no meio onde se desenrola a existência mesmo bem diferente das dimensões e características de um laboratório” (p.121). A pesquisa qualitativa facilita a compreensão do pesquisador quanto a sua inquietação, pois traz uma preocupação com o meio social. Assim diz Pádua (1997): “... as pesquisas qualitativas tem se preocupado com o significado dos fenômenos sociais, levando em consideração as motivações, as crenças, valores, representações sociais, que permeiam rede de relações sociais” (p.31) Neste sentido, percebemos que a pesquisa qualitativa responde questões particulares principalmente ligadas a significados, pois o pesquisador tenta dar sentido e também fazer interpretação dos dados adquiridos através de falas, gestos entre outros fatores que aparece no decorrer do processo.
  • 17. 27 3.2 LÓCUS DE PESQUISA Esta pesquisa foi desenvolvida na sede provisória da Roda do Palmeira que funciona na rua Pero Vaz Nº 77,bairro Alto da Maravilha em Senhor do Bonfim/BA. 3.3 SUJEITOS DE PESQUISA São 12 integrantes da Roda do Palmeira Mirim todas residentes em Senhor do Bonfim. Portanto foram escolhidas por conhecerem a história desta manifestação cultural tão bonita e antiga nas terras bonfinenses. 3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Para desenvolver uma pesquisa é necessário utilizar instrumentos que sirvam de base na construção do trabalho e principalmente na obtenção dos resultados. Portanto, essas ferramentas são de suma importância para compreendermos o objetivo da nossa pesquisa. Utilizamos a Observação participante e Entrevista semi- estruturada para obter dados fundamentais, respondendo a nossa inquietação. 3.4.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE O primeiro instrumento utilizado foi a observação participante. Sendo também parte dessas integrantes tornou-se fácil o trabalho observatório e instigador dessa pesquisa. Neste sentido afirma Ludke e André (1986): O observador como participante é um papel em que a identidade do pesquisador e os objetivos do estudo são revelados ao grupo pesquisado desde o início. Nessa posição, o pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações, até mesmo confidenciais, pedindo cooperação ao grupo (p.29). A observação participante tem um valor significante, pois é nesses momentos que surgem os diálogos informais, momentos em que o pesquisador precisa atento a todos os detalhes porque durante o processo esse processo que surge dados importantes para pesquisa. Assim confirma Michalizyn (2005):
  • 18. 28 A observação participante possibilita ao pesquisador a vivência, participando intensamente do cotidiano dos grupos em estudo, observando todas as manifestações presentes na cultura material do grupo, bem como as reações psicológicas de SUS membros, seu sistema de valores e seus mecanismos de adaptação (p. 35). Durante todo processo o pesquisador mantém-se ligado ao cotidiano dos sujeitos buscando informações mantendo contato direto para facilitar o desenvolvimento do trabalho. 3.4.2 QUESTIONÁRIO FECHADO Para conhecer os sujeitos precisarmos de alguns dados para traçar o perfil de cada um para facilitar a interpretação dos dados, então veio a necessidade de utilizar o questionário fechado que nos possibilitou um conhecimento maior sobre cada um fornecendo assim melhores detalhes para pesquisa. Assim ressaltamos o posicionamento de Marconi e Lakatos (1996) em relação a esse instrumento: Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador depois de preenchido, o pesquisado, devolve-o do mesmo modo. (p.88) O questionário fechado é um dos instrumentos que dá mais espaço e opção de resposta o sujeito, pois respondendo em casa sozinho ele tem mais tempo para pensar sobre o que responder. Segundo Barros (2000) o questionário não está restrito a uma única quantidade de questão, o pesquisador deve usar o número de questão que julgar necessário ao seu foco de pesquisa desde que não deixe o sujeito pesquisado exaustivo, pois pode acabar atrapalhando o objetivo que deseja ser alcançado. 3.4.3 ENTREVISTA SEMI- ESTRUTURADA Também utilizamos a Entrevista semi-estruturada instrumento de extrema importância, pois nos possibilitou na compreensão de alguns dados que não foram
  • 19. 29 identificados durante a observação participante. Sendo que dá uma ênfase maior na valorização das falas dos sujeitos. Vale citar as idéias de Triviños (1987): Podemos entender por entrevista semi-estruturada em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (p.146) A entrevista possibilita diagnósticos de inquietações sociais, permitem respostas claras, é neste momento que o entrevistado coloca em evidências as informações que obtém consigo. Ressaltamos Marconi e Lakatos (1996): A entrevista é o encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversão de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social (p.84). O trabalho que tem a entrevista semi-estruturada como elemento de base possui um melhor fundamento, pois o sujeito fala, demonstra gestos entre outros detalhes que influenciam nos resultados. 3.5 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA A primeira etapa da pesquisa, ou seja, a observação foi realizada entre os meses de Maio e Junho de 2011 momentos em que os integrantes reuniam-se na casa de uma das filhas de D. Mocinha, percussora dessa tradição, onde realizaram ensaios para a apresentação no Parque da Cidade. Durante esses momentos de observação, foi possível perceber a dedicação e a alegria dessas integrantes para continuarem levando em frente essa cultura popular. As integrantes da Roda do Palmeira Mirim tratam-se como membros da mesma família, firmam através dessa tradição laços de união e amizade. Vale destacar que a primeira parte desse trabalho foi fácil, por fazer parte dessa tradição.
  • 20. 30 No segundo momento trabalhamos com os questionários fechado, não foi difícil porque distribuímos nas casas de cada um dos sujeitos e voltamos a recolher 4 dias depois, portanto elas tiveram um bom tempo para refletir sobre as questões que direcionamos naquele papel. A etapa mais complicada foi a ultima (entrevista semi-estruturada), as meninas tiveram uma grande resistência em participar das entrevistas. Pois tivemos que usar um gravador para captar as falas para que depois pudéssemos transcrever na integra. Esse pequeno instrumento causou um grande entrave nas entrevistadas. Tornando assim nosso trabalho mais difícil. Cabe citar que nosso árduo, porém gratificante.
  • 21. 31 CAPÍTULO IV 4. ANALISANDO OS DADOS E OS RESULTADOS DA PESQUISA Neste capítulo apresentaremos dados coletados acompanhados dos seus respectivos resultados que forma obtidos através dos instrumentos metodológicos que utilizamos no decorrer da pesquisa que foram de grande serventia para chegarmos aos resultados. Nossa trabalho buscou resposta possíveis para nossas inquietações, sendo que a mesmo deixa lacunas para futuras indagações. Visto que não tivemos intenção de encontrar única resposta. Foi nas vivências dentro da Roda do Palmeira, junto as senhoras, que nos influenciaram a tentar compreendermos os significados que as crianças/adolescentes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular. Portanto, procuramos trabalhar com os seguintes instrumentos de coleta de dados: observação participante, questionário fechado e entrevista semi-estruturada. 4.1 O PERFIL DOS SUJEITOS Trazemos abaixo a análise do questionário fechado que nos possibilitaram traçar o perfil das integrantes da Roda do Palmeira Mirim onde foi possível conhecer os sujeitos da pesquisa e seus aspectos sócios culturais. Dentre as informações adquiridas damos ênfase nos tópicos seguintes. 4.1.1 GÊNERO Analisamos que em relação ao gênero 100% do sexo feminino. Ressaltamos que nos dois primeiros anos de apresentação a Roda do Palmeira Mirim contava com a participação de ambos os sexos, mas com o passar do tempo as crianças/adolescentes do sexo masculino foram perdendo a vontade de participar desta manifestação cultural deixando todo espaço para participação feminina.
  • 22. 32 Vejam o seguinte gráfico: Sexo feminino Figura 1: Dados do questionário fechado 4.1.2 IDADE: FAIXA ETÁRIA 17% 33% 10 ANOS DE IDADE 17% 11 ANOS DE IDADE 8% 12 ANOS DE IDADE 25% 13 ANOS DE IDADE 15 ANOS DE IDADE Figura 2: Dados do questionário fechado A faixa etária de idade dos sujeitos pesquisados varia de 10 a 15 anos. Escolhemos essa mostra com essa faixa etária por entendermos que os mesmos já possui um domínio de leitura e escrita o que facilitaria o desenvolvimento de nossa pesquisa. Entretanto a Roda do Palmeira Mirim conta com a participação de membros com idades que variam de 1ano e 8 meses a 15 anos. 4.1.3 ESCOLARIDADE
  • 23. 33 Em relação a escolaridade 100% afirmam freqüentar instituição de ensino. Visto que 83% são provenientes de instituição pública e 17% de instituição privada. 17% Provenientes de instituição pública 83% Provenientes de instituição privada Figura 3: Dados do questionário fechado Focalizamos que os sujeitos provenientes de instituição pública advém de famílias carentes que tem renda familiar até um salário mínimo tornando assim inviável o acesso a escola particular. No entanto os demais possui uma renda até dois salários mínimos. 4.1.4 TEMPO DE PARTICIPAÇÃO 8% A mais de 3 anos de participação 92% 2 anos de participação Figura4: Dados do questionário fechado Constatamos que 92% dos sujeitos participam da Roda do Palmeira Mirim a mais de 3 anos e 8% a dois anos contribuindo com esta manifestação cultural. E assim os mais experientes compartilham ensinamentos adquiridos com os iniciantes.
  • 24. 34 4.1.5 INFLUÊNCIA FAMILIAR 8% Foram influenciadas 92% Não sofreram influência Figura4: Dados do questionário fechado Percebemos que 92% das integrantes da Roda do Palmeira Mirim têm parentesco com alguma das senhoras da Roda do Palmeira. Entretanto, a maioria declarou ter sofrido influência familiar para participar desta manifestação cultural. Pois sempre acompanhavam as reuniões e ensaios, assim despertaram também o desejo de fazer parte desta tradição. Pois estas senhoras mesmo sendo semi- analfabetas conseguem criar versos e cantigas que deslumbra turistas bonfinenses, transparecendo emoções, bravuras entre outros, deixando exemplos de vida para as novas gerações, contrariando aqueles que acreditam que as pessoas que não foram alfabetizadas não tem cultura. Jovchelovitch (2001) argumenta sua opinião sobre a visão que algumas pessoas das classes dominantes tem em relação aqueles que não foram alfabetizados: A boa cultura exige que se limpe as inteligências e falsas opiniões que comprometem tudo o que nelas venham a ser plantada. É preciso “arar” nossas inteligências, habituando-as a pensar. Pois apenas estudar não significa adquirir cultura: há analfabetos mais “cultos” do que muitos eruditos. Finalmente será chegado o momento de “plantar”, ordenadamente verdades úteis em nossa mente (p.42) Neste mesmo sentido, salienta Ortiz (1992):
  • 25. 35 Para alguns burgueses as classes populares não possui nenhuma cultura e se caracterizam pela falta de civilização. A escola e o serviço militar seriam mecanismos de promoção da cultura urbana. Por outro lado, os folcloristas coferem aos camponeses idealizados uma tradição em vias de extinção, ligando a cultura popular ao passado, em cheque com a civilização, sendo eliminada ou confinada aos museus (p.64-65) Portanto, essas senhoras têm grandes saberes culturais e procuram através da Roda passar também as crianças. 4.2 ANÁLISE DA ENTREVISTA SEMI- ESTRUTURADA Procuramos mostrar aqui a análise da entrevista semi-estruturada fazendo um enlace com a observação participante expondo os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular. Ressaltamos que as falas obtidas no decorrer das entrevistas foram de grande valia para finalização desta pesquisa, as quais serão apresentadas nas categorias a seguir. Sendo assim, o nosso trabalho surge a partir dos dados coletados com os sujeitos que serão chamados de (P1, P2... P12) onde o P significa pessoa e o número a ordem que foram entrevistadas. 4.2.1 SIGNIFICADO DE CULTURA POPULAR COMO MANIFESTAÇÃO CULTURAL Trazemos os resultados atribuídos pelas integrantes da Roda do Palmeira Mirim a manifestação cultural. Quando questionamos no momento da entrevista sobre o que é Roda do Palmeira Mirim apenas uma das entrevistadas defendeu o conceito de Roda do Palmeira como manifestação cultural. - É uma Manifestação cultural. (P3) Através desse discurso ficaram evidenciados fatos que podem ser vistos como contradição do entendimento que elas têm sobre o que é realmente uma
  • 26. 36 manifestação cultural, ou seja, compreendem por outros viés. Já que anteriormente no questionário fechado todas afirmavam que a Roda do Palmeira era uma manifestação cultural. Segundo Murray (2008): No país da ginga, do drible de corpo, do molejo do samba, dos passos codificados do terreiro e da malícia do golpe de capoeira, podemos afirmar que as nossas festas populares são o símbolo máximo de nossa identidade nacional e espelho coreógrafo da alma do povo. (...) celebrando em forma de procissão, de romaria, de roda, de bloco ou de desfile, nossas festas traduzem nossa diversidade multicultural (p. 97-98) Por isso ao perguntamos qual era o significado da Roda do Palmeira Mirim na vida delas, apenas 8,3% respondeu que considerava uma manifestação cultural. Vejamos a resposta a seguir: Significa uma manifestação cultural. (P4) Enfocamos que manifestação cultural é afirmação de suas crenças, costumes dentre outros elementos que caracterizam sua tradição, ou seja, sua identidade cultural. Assim afirma Gabriel (2008): A identidade cultural se relaciona a aspectos de nossas identidades que surge “do pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguíticas, religiosas e, sobretudo nacionais. Alguns estudiosos afirmam que, de alguma maneira, pensamos nesta identidade como parte de nossa natureza essencial, que nos faz sentir indivíduos de uma sociedade, grupo, estado ou nação (p.76) Assim, as integrantes da Roda do Palmeira Mirim assimilam os valores dentro desta manifestação cultural espelhando-se nos ensinamentos passados pelos mais velhos e vão construindo as suas identidades culturais. A Roda do Palmeira Mirim como manifestação cultural tem sido uma expressiva na cultura bonfinense, é típica e tradicional, apesar de está perdendo o espaço para as danças mais modernas preserva nas cantigas, danças e versos de roda a história e cultura de nossa terra. 4.2.2 CULTURA POPULAR SIGNIFICADA COMO TRADIÇÃO
  • 27. 37 As entrevistadas demonstraram ter outras concepções sobre a Roda do Palmeira Mirim, pois visualizam principalmente como tradição. Portanto veremos a seguir alguns relatos referente a 91,7% dos sujeitos: - Uma dança, uma tradição. (P1) - Uma tradição bonfinense. (P12) Para os sujeitos a Roda como elemento da cultura popular já simboliza uma tradição, pois é o sustentáculo da cultura bonfinense. Segundo Wosien (2000): “Esta tradição em sua grande multiplicidade, permite, ainda hoje, uma oferta inesgotável para os esforços na vida religiosa e na prática pedagógica e terapêutica, de encontrar as bases de uma comunhão plena de sentidos” (p.8) Diante disso, Vianna (2008) vem explicar que: “Entende-se por cultura os sistemas de significados, os valores, crenças, práticas e costumes; ética, estética, conhecimentos e técnicas, modo de viver e visões do mundo que orientam e dão sentido (p.119) A partir dessa fala de Vianna acreditamos que a cultura popular para essas integrantes não tem um único significado e sim vários, porque cada uma tem uma maneira de ver os momentos vivenciados dentro desta. 4.2.3 CULTURA POPULAR COMO ALGO CELEBRATÓRIO Ao analisarmos os argumentos dos sujeitos percebemos que a Roda do Palmeira vai além de uma mera demonstração no São João, pois trás consigo vários elementos, entre eles a alegria e a felicidade, para 75% dos sujeitos são os sentimentos mais presente quando sobem ao palco. Eu se sinto feliz. (P6) Muito feliz. (P5) Muito alegre. (P4) Segundo algumas dessas integrantes da Roda do Palmeira Mirim, participar desses momentos torna-se muito significativo porém como se fosse um show, pois
  • 28. 38 cantam, dançam, se divertem, compartilham emoções com as outras companheiras. Para Gullar (1983): Cultura é sem dúvida, um conceito de extensão miseravelmente vasto. A rigor, quer dizer tudo que não é exclusivamente natureza e passa a significar praticamente tudo no mundo como o de hoje penetrado por todas as partes pela ação criadora do trabalho humano (p.37) A fala de Gullar leva nos entender que a grande extensão do conceito de cultura dá oportunidades para que as pessoas criem vários significados, principalmente quando se refere à cultura popular. Portanto, para atrair o olhar de toda população bonfinense e visitantes presentes no espaço (Parque da cidade) durante os festejos juninos se inspiram nos versos e cantigas criados por D. Mocinha que para elas é exemplo de dedicação, pois conseguiu através de sua garra transformar a Roda do Palmeira em uma grande manifestação cultural genuinamente bonfinense. Para Almeida (2004): A cultura produz e também reproduz, faz nascer, renascer o conhecimento, as sabedorias, mostra novamente o antigo, demonstra o novo, o saber-fazer dos homens, É sempre contemporânea do presente, até mesmo quando expõe o velho, a cultura que já foi. Ela se expõe, ao mesmo tempo, para produção e consumo, independente de faixa etária, formação, pré- requisitos. Deixa-se ver, ouvir, falar, comer, mexer, usar por consumidores de diferentes idades culturais e gosto (p.13-14) Nos discursos das meninas da Roda do Palmeira Mirim percebemos o orgulho que elas têm por fazer parte desse grupo.Portanto a maioria argumenta que entram na Roda do Palmeira Mirim com objetivo de transmitir uma manifestação de alegria e felicidade para todos aqueles que param para prestigiar e aplaudir as suas apresentações. Vejam algumas explanações dessas integrantes. Eu, convidar as pessoas para sentir a felicidade na roda (P7). Diante disso, ressaltamos que a Roda do Palmeira Mirim não têm como objetivo maior adquirir lucros e sim proporcionar a sociedade bonfinense momentos de
  • 29. 39 diversão. Pois as integrantes tem como intuito fazer com que as pessoas sintam as mesmas sensações que elas sentem quando estão dançando na Roda. 4.2.4 CULTURA POPULAR COMO PROMOTORA DO DESENVOLVIMENTO SÓCIO – ECONÔMICO Visualizamos também que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim vêem a Cultura popular como um item significativo para o desenvolvimento sócio econômico de Senhor do Bonfim, pois durante o mês de junho a Roda do Palmeira Mirim dentre outras manifestações culturais atrai para senhor do Bonfim muitos apreciadores da verdadeira cultura popular que acabam injetando na cidade recursos financeiros, a exemplo de hotéis, restaurantes, bares dentre outros. Veja a seguir o que disse uma das entrevistadas. -Contribui com o desenvolvimento de Senhor do Bonfim. (P6) Salientamos que apesar dá cultura popular fortalecer o desenvolvimento sócio-econômico da cidade de Senhor do Bonfim durante os festejos juninos, no decorrer do ano permanece esquecida pela população bonfinense. Além do que não recebe um apoio financeiro suficiente por parte do governo municipal que possibilitaria a esta manifestação um maior reconhecimento par que possa trazer um maior número de visitantes a nossa cidade. Para isso faz-se necessário ampliar o número de apresentações culturais durante o ano, atraindo assim, mais recursos. Espero que seja mais reconhecida e beneficiada financeiramente pela prefeitura de Senhor do Bonfim, para que essa roda não acabe. (P3) Diante disso citamos Chartier (1995) que diz o seguinte: Inútil querer identificar a cultura popular a partir da distribuição supostamente especifica de certos objetos ou modelos culturais. O que importa de fato, tanto quanto sua repartição, sempre mais complexa do que parece, é sua apropriação pelos grupos ou indivíduos. Não se pode mais aceitar acriticamente uma sociologia da distribuição que supõe implicitamente que a hierarquia das classes ou grupos corresponde uma hierarquia paralela das produções e dos hábitos culturais (p.184)
  • 30. 40 Chauí (1986) deixa claro na sua fala que muitas vezes a Cultura Popular não consegue ampliar seu leque de riquezas e sabedoria devido o envolvimento da classe dominante que na maioria das vezes acabam estragando seu verdadeiro sentido: Quando se fala em cultura popular, não enquanto manifestação dos explorados, mas enquanto cultura dominada, tende-se a mostrá-la como invadida, aniquilada pela cultura de massa e pela indústria cultural, envolvida pelos valores dos dominantes, pauperizada intelectualmente pelas restrições impostas pela elite, manipulada folcloricamente nacionalista, demagógica e exploradora, em suma, como impotente face a dominação (p.63) Também é notório que a cultura popular tem sido aniquilada dentro de sociedade devido a cultura industrial que tem chegado com grande avanço a nossa cidade trazendo consigo novos elementos culturais de outros povos, fazendo com que jovens, adolescentes e crianças percam o foco cultural do seu berço de origem. Porém sabemos que se a cultura popular não for devidamente valorizada corre o risco de tornar-se recordações do passado bonfinense. Podemos constatar através de histórias dos antepassados, muitas coisas que faziam parte da cultura brasileira e foram abolidas e esquecidas.
  • 31. 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho que teve por objetivo analisar os significados que as integrantes da Roda do Palmeira Mirim dão a cultura popular. Nos possibilitou trazer algumas considerações acerca dos dados coletados no decorrer da pesquisa. Por isso procuramos aqui mostrar nossas reflexões considerando todo processo histórico da Roda do Palmeira. E a partir desse reflexionamento procuramos mostrar toda desvalorização da sociedade com esta manifestação cultural. Ao longo dos anos, D. Mocinha procurou através de sua garra expandir a Roda do Palmeira para todos bonfinenses e turistas que visitavam a cidade no mês de junho. Primeiramente apresentava-se com casais e depois ergueu a tradição com as senhoras. As lutas de D. Mocinha não foram poucas para levar essa tradição adiante, criava cantigas, versos, virava a madrugada confeccionando roupas dentre outros apetrechos para abrilhantar as noites do São João bonfinense. Durante os momentos de observação e entrevista percebemos nas falas e gestos quais eram os significados das mesmas sobre cultura popular. Para a maioria das entrevistadas, a Roda não é uma cultura popular e sim uma tradição de alegria criada por D. Mocinha e que elas querem levar adiante. Também visualizamos que a população bonfinense não tem dado o devido valor que a Roda do Palmeira merece, a quantidade de sujeitos está diminuindo e a omissão de apoio e patrocínio pelas autoridades locais dificulta o crescimento desta manifestação cultural. Ao analisarmos os entraves diante desta manifestação, percebemos algo significante, a garra que eles trazem consigo para confirmar e reafirmar que pretende manter o ritmo animado e contagiante levando adiante passando para as futuras gerações os conhecimentos culturais que surgiram a partir de uma menina chamada “mocinha”, transmitindo os valores que ela proporcionou a todos até o dia de sua morte. Diante da análise concluída não podemos dizer que as componentes da Roda do Palmeira Mirim tem um significado único de cultura popular, mas sim diversos
  • 32. 42 significados, pois a Roda do Palmeira Mirim inserida dentro da cultura popular possui uma diversidade de elementos como a dança, as cantigas, os versos dentre outros que fazem com que as integrantes signifiquem por outras linhas de pensamentos. Percebemos que as integrantes da Roda do Palmeira conhecem a história dessa tradição, tem orgulho de fazer parte desta e procuram levar adiante para que não venha ter fim. Vale ressaltar a Roda do Palmeira como uma cultura popular genuinamente bonfinense, pois ela não tem vínculos com outras manifestações, surgiu em Senhor do Bonfim e continua aqui. É uma manifestação linda que contagia muitos turistas apesar de não ser tão valorizada pelo povo desta cidade. Sabemos que esse trabalho deixou lacunas que possivelmente serão preenchidas por outras pesquisas futuras, mas acreditamos que possa contribuir com a valorização da cultura popular bonfinense. O nosso povo procura fechar os olhos diante das coisas bonitas criadas por nossos antepassados, mas as integrantes da Roda do Palmeira Mirim estão persistindo e levando adiante. Então leva nos a crer que esse trabalho será um reforço na expansão desta manifestação cultural
  • 33. 43 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Milton José de. Imagens e sons; A nova cultura oral. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2004. BARROS, Aidil Jesus da Silveira. Fundamentos de metodologia. 2.ed. São Paulo: Markon Books, 2000. BOGDAN, R. e BIKLEN, S. Investigação qualitative em educação: uma introdução á teoria e aos métodos. Porto editora, 1982. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação como cultura. Campinas, SP: Mercado das letras, 2002. BRUNER, Jeromes de. A cultura da educação. Porto alegre: Artmed, 2001. BURKE, Tomas Joseph. O professor revolucionário: dá pré escola a universidade. Petróolis, RJ: Vozes, 2003. BURKE, Peter. Cultura popular na idade moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. CANCLINI, Nestor Garcia. As culturas populares no capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1982. CARNEIRO, S._______. “Identidade feminina”. In: Mulher negra. Cadernos Geledés nº 4, São Paulo, 1993. CASCUDO, Luiz da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. (2v). Rio de Janeiro, Edições de ouro, 1969. CHARTIER, Roge. Cultura popular: revisitando um conceito historiográfico. In: Estudos históricos, vol.08, nº 16. Rio de Janeiro, 1995. CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia. O discurso competente e outras falas. 6.ed. São Paulo: Cortez, 1993.
  • 34. 44 COSTA, Antônio Gomes da. O professor como educador: um resgate necessário e urgente. Salvador: Fundação Luis Eduardo Magalhães, 2001. DEMO, Pedro. Éticas multiculturais sobre convivência humana possível. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. FAVERO, Osmar. (Org). Cultura popular e Educação popular. Memória dos anos 60. Rio de Janeiro: Edição Geral, 1983. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mine Aurélio, século XXI. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 24.ed. Rio de Janeiro, 1979. FREIRE, Beatriz Muniz. O que é, o que é: folclore e cultura popular. In: Boletin. Salto para o futuro: cultura popular e educação. Rio de Janeiro: TV escola, Fevereiro, 2003. GABRIEL, Eleonora. Linguagens Artísticas da Cultura Popular. In: Cultura Popular e Educação. Salto para o Futuro. Brasília: Salto para o Futuro/ TV Escola/ SEED/ MEC, 2008. GALLI, Bernadete A. Pesquisa em Educação: considerações sobre alguns pontos- chaves. Revista diálogo educacional/ Pontifíca Universidade Católica do Paraná. V.6, n.19 (set/dez 2006). Curitiba: Chapagenat, 2000. 172p Gil, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de Pesquisa. 3ª Ed. _ São Paulo: Atlas,1991. GRIGNON. Claude. Cultura Dominante, cultura escolar e multiculturalismo popular. IN: SILVA. Tomaz Tadeu. Alienígenas na Sala de Aula. 3º edição. Petrópolis RJ: Vozes 1995. Cap. 8 p.178-189. GULLAR, Ferreira. Cultura posta em questão. Rio de Janeiro. ED Civilização brasileira, 1983. HALL, Stuart. As identidades Culturais na Pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
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