O documento conta a história de Ulderico Pançudo, dono de uma quinta onde mantinha aves presas para comer no Natal. As aves planejam fugir na noite de Natal, mas Ulderico tenta matá-las mais cedo. Seus primos chegam de surpresa, atrasando seu plano. O sobrinho de Ulderico abre acidentalmente a gaiola e as aves fogem, deixando Ulderico sem comida para o Natal.
1. Sessão de escrita criativa
Orientada pelo jornalista Rui Barbosa Batista
março de 2012
3º Prémio:
A quinta no Natal
Havia uma quinta, situada no meio das altas montanhas, onde vivia o senhor mais gordo, mais
insensível e rude que o mundo alguma vez conhecera. Dava-se pelo nome de Ulderico Pançudo.
Nessa quinta, havia umas aves aprisionadas numa horrível capoeira que, por altura do Natal,
eram mortas. O plano de Ulderico Pançudo era sempre o mesmo: engordava-as ao longo do ano para
que, no Natal, estivessem deliciosas. Nesse ano, as coisas iriam ser diferentes, pois as aves combinaram
um plano de fuga.
Formaram a associação ADD (Aves Desesperadamente Desesperadas) e começaram a ouvir as
críticas e opiniões dos seus membros.
-Queridos amigos e amigas, estamos aqui para encontrar uma solução. Querem ser mortos? -
gritou o presidente da associação.
-Não! -berravam uns.
-Socooooorro! - suplicavam outros.
-Ajudem-nos a sair daqui!-diziam os restantes aterrorizados.
-Então, - continuou o chefe- tenho a solução! Vamos fugir da quinta e deixar o nosso dono e a
sua família a pão e água, na noite de Natal!
-Siiiiiiiiiiim!- concordaram todos contentes.
-Aguardamos pela melhor oportunidade para nos libertarmos de morte certa.-anunciou,
contentíssimo, o presidente.
O que elas ainda não sabiam era que o senhor Ulderico lhes ia preparar uma grande maldade.
No dia 20 de dezembro, por volta das seis horas da manhã, o dono da quinta decidiu fazer uma
surpresa muito desagradável às aves. Dirigiu-se à capoeira, sem fazer barulho, pois, como andava
desconfiado que os galináceos estivessem a tramar alguma, antecipou-se e preparava-se para as matar
naquela manhã.
Ia a caminho da capoeira quando viu chegar um carro. Cheio de curiosidade, aproximou-se e
deparou com os seus primos do Sul que vinham passar o Natal ali a casa.
Naquela altura ficou furioso, porque isto obrigou-o a adiar o seu plano. Recebeu-os um pouco
friamente, mas abriu-lhes a porta de casa e mandou preparar um pequeno almoço antes destes irem
descansar.
Entraram e começaram a conversar:
-Então como foi a viagem?- perguntou Ulderico Pançudo aos primos.
-Foi muito boa! Como está a correr o teu dia, caro primo?
-Está ótimo. Vamos lá comer alguma coisa antes de descansarem.
-Muito obrigado pela tua hospitalidade.
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2. De repente, começou a nevar e como o seu primo mais novo, o Pedro, gostava da neve, foi lá
para fora fazer um boneco de neve.
O rapazito andava tão entusiasmado que, a certa altura, tropeçou na capoeira. Ao olhar para os
habitantes da mesma, achou que tinham um ar triste e revoltado.
Abriu a porta da capoeira, conversou com as aves e estas, entusiasmadas por alguém ter
finalmente aberto a porta da sua casa, saíram logo a correr.
Pedro brincou um bocado com as aves na neve, mas, de súbito, estas voaram disparadas e o
rapazito ficou sozinho. O menino ainda esperou algum tempo, pois pensou que os galináceos só tinham
ido dar uma volta, mas quando deu conta que afinal elas tinham mesmo ido embora, foi contar ao seu
primo o que acontecera.
Ulderico Pançudo nem queria acreditar, ainda correu atrás delas, mas não viu nada, só neve,
nem das pegadas havia qualquer rasto.
Ulderico Pançudo já não tinha nada para comer no dia de Natal e era demasiado tarde para
encontrar alternativa.
O que é que Ulderico Pançudo terá feito para o almoço de Natal?
Bruna Almeida,
nº 3, 6ºF
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