1. Jr. Entrevista
EXPERIÊNCIA JUNIOR
vivenciada por milhares de jovens em todo Brasil e contada por oito membros de Empresas Juniores (EJs) de São Paulo
Bianca Mesiano, Luiz Guilherme Melo, Felipe Vogler,
Diretora de RH Diretor de Mercado Presidente
da Insper Jr da Poli Junior da RI USP Jr
Letícia Olivan, Lívia de Luca,
Presidente Gerente de Projetos Paulo Tavares,
da EJ Mackenzie Internos da Diretor de Projetos
Consultoria Insper Jr da Jr FAAP
Augusto Lage,
Laís Braido, Paula Mian, Diretor de Marketing
Presidente Vice Presidente e Relacionamento
da EJ FGV da RI USP Jr da ESPM Jr
Mesmo se tratando de alunos de cursos completa- Jr: Qual foi a maior transformação que ocorreu na sua vida
mente distintos e com visões de mundo variadas, é unanimidade desde que você entrou na Empresa Junior?
entre todos os participantes o papel de “divisor de águas” exercido
pela Experiência Junior, e é exatamente isso que faz com que as
opiniões de todas estas pessoas sejam tão relevantes. Paulo Tavares (Jr FAAP): “Primeira coisa, responsabilidade, sa-
ber que se você tem que fazer alguma coisa, ninguém vai fazer
De forma mais abrangente, eles relatam sobre o por você. Com isso você aprende a levar as coisas mais a sério,
Movimento de Empresas Juniores (MEJ) como um todo, que e acaba se tornando uma pessoa mais madura. Essa pra mim é a
tem por intuito desenvolver aqueles que fazem parte dele. O MEJ maior mudança.”
surgiu na década de 60 na França e se espalhou rapidamente por
todo mundo, chegando ao Brasil no início nos anos 90, e é hoje
o segundo maior movimento de universitários em todo planeta. Letícia Olivan (Mackenzie Consultoria): “Quando eu en-
trei na Jr eu estava no primeiro semestre e tinha acabado de sair
Aproveite para conhecer um pouco mais sobre as do colégio, onde a gente até fazia trabalhos em grupo, mas na
mudanças que a Jr. pode proporcionar aos membros das EJs. EJ, além desse senso de responsabilidade citado pelo Paulo, a
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2. Jr. Entrevista
gente aprende a ter espírito de equipe. Saber lidar com pes- Luiz Guilherme Melo (Poli Jr): “Certa vez eu tive aulas com
soas, saber entender diferentes pontos de vista, escutar opini- um professor que introduziu o conceito de CHAN (Conheci-
ões contrárias às suas, acho que isso também agregou muito.” mento, Habilidade, Atitude e Networking) que tem muito a ver
com Empresa Junior. Com certeza, se você fizer parte de uma EJ,
você vai sair da sua faculdade com muito mais conhecimento e as
Paula Mian (RI USP Jr): “Vou até pegar o gancho porque eu ia empresas vão gostar disso. Habilidade, no sentido de você con-
falar desenvolvimento de potencial de liderança e aprender a ser seguir apresentar diante de uma grande plateia, e não gaguejar e
liderado, que tem muito a ver com espírito de equipe. Quando tudo mais... Atitude, que é a questão da pro atividade, na Jr você
eu entrei eu respeitava muito meu diretor por ele ser um grande aprende muito a buscar mais e ir além, e o Networking, que é
líder e no ano seguinte quando eu me tornei gerente de projetos conhecer pessoas que no futuro, de repente, vão poder te ajudar.
eu pude ver o outro lado e me desenvolvi bastante.” A Empresa Junior é capaz de proporcionar o desenvolvimento
dessas características, que talvez, só com a faculdade, não ocorres-
se essa mudança de perfil e comportamento.”
Laís Braido (EJ FGV): “Fugindo um pouco dessas competências
mais tangíveis, o que acontece é que você cria uma nova forma
de pensar, principalmente ligado ao empreendedorismo. Eu vejo Letícia Olivan (Mackenzie Consultoria): “A principal coisa é
isso muito na EJ FGV, que você entra com uma cabeça muito saber que as EJs não buscam pessoas desenvolvidas, elas buscam
mais acadêmica e teórica, e acaba vendo que na prática não é pessoas que querem se desenvolver, que querem um diferencial. A
bem assim, o que desperta esse lado de empreender, você acaba partir do momento que a pessoa entra, ela já vai ter a noção do que
buscando fugir do senso comum.” é preciso fazer para que essa mudança aconteça, a Jr oferece muitas
oportunidades, depende de cada um saber como aproveitá-las.”
Jr: Até que ponto vocês acham que evoluíram no sentido
acadêmico – apresentações, desenvoltura em sala de aula Felipe Vogler (RI USP Jr): “É importante que os empresários ju-
– por fazer parte da EJ? Vocês acham que isso é o mais niores sejam pessoas que saibam errar. Quando uma pessoa entra
importante ou consideram mais o desenvolvimento pessoal? em uma EJ, ela não tem conhecimento sobre o funcionamento
real de uma empresa, então nós precisamos de pessoas que saibam
errar e, principalmente, que saibam aprender com os erros, que
Lívia de Luca (Insper Jr): “Eu acho que você evolui muito em sejam ágeis o suficiente para transformar esses erros em oportuni-
apresentações em sala de aula depois que você faz parte da Jr. Nos dades. Não tem como uma pessoa entrar em um EJ achando que
projetos você faz apresentações para clientes, que estão investindo sabe tudo ou que tem pouco a aprender, e mesmo aqueles que es-
muito dinheiro e a vida deles está dependendo daquilo, então, tão a muito tempo tem que dar chance para as outras ensinarem
quando você vai apresentar em sala de aula para pessoas que você e aprenderem com suas experiências.”
já conhece, fica muito mais tranquilo. E a teoria também, você já
aprende pensando mais na prática, não só em provas e trabalhos.”
Jr: Em relação à questão do envolvimento, as pessoas fazen-
do aquilo por amor, que ninguém está na EJ por dinheiro ou
Felipe Vogler (RI USP Jr): “Acho que no mundo acadêmico por status, o que vocês acham que acontece dentro da em-
você tende a considerar os desafios grandes demais, com a Em- presa que desperta isso nas pessoas, que faz com que elas,
presa Junior você aprende a racionalizar esses desafios, ser orien- depois que entraram, tenham essa paixão pelo que fazem?
tado a superar e aprender com eles.”
Paulo Tavares (Jr FAAP): “A vontade de trabalhar na EJ não
Letícia Olivan (Mackenzie Consultoria): “É muito relevante vem só de gostar dela, mas também tem a parte pessoal, quanto
também o que a Empresa Junior te ensina em termos acadêmicos, mais projetos você se envolver mais conhecimento você vai agre-
por meio de treinamentos desde como fazer um plano de negó- gar, isso gera um interesse pessoal em um crescimento profissio-
cios até que informações devem ser incluídas em uma apresenta- nal, no ganho de experiência, e você sabe que quanto mais você
ção para que ela fique mais dinâmica”. ficar lá dentro, mais você tem a ganhar. Muito mais que em um
estágio fora, num emprego, na EJ você está ali com as pessoas
Jr: Na visão de vocês, qual o perfil do empresário junior? com a mão na massa mesmo, em questão de experiência não tem
O que ele tem que ter para ser bem sucedido e quais são nenhum lugar igual.”
as características que as pessoas esperam dele? Em que as-
pectos ele difere dos preconceitos que as pessoas tem dele?
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Laís Braido (EJ FGV): “Na EJ FGV nós estamos em processo ciais para o empresário junior no momento de transição
de mudança da missão, visão e valores, e durante as discussões a para o mercado de trabalho?
palavra que surgiu foi IMPACTO, a gente como empresário junior
pode causar impactos sócio econômicos, em nós mesmos e tam-
bém no futuro nos tornando melhores profissionais. A gente pode Bianca Mesiano (Insper Jr): “Devido à experiência na EJ, você fica
se espelhar em um ideal de um mundo maior, seguindo essa linha mais confiante na hora de falar, e na hora da entrevista do processo
do impacto e isso motiva muito as pessoas, não só pelo desenvolvi- seletivo você percebe que tem mais história para contar. Porque na
mento pessoal e profissional, mas por poder fazer a mais, contribuir Empresa Junior você aprende a errar e a se arriscar mais. Porque
para mudanças sustentáveis no ambiente em que atuamos.” numa Empresa Junior, assim como numa Empresa Sênior, tem
muita coisa em jogo, então saber lidar com isso é um diferencial.”
Felipe Vogler (RI USP Jr): “Eu acho também que tem outra
questão, empresários juniores tendem a ver suas carreiras mui- Paula Mian (RI USP Jr): “Além do que a Bianca ressaltou,
to mais a longo prazo, todo mundo que entra numa EJ com o atualmente tenho plena convicção que a Jr faz diferença, tanto
tempo aprende que trabalhar em uma Empresa Junior é um di- na margem do currículo quanto no que realmente me mudou.
ferencial pra vida, agrega do ponto de vista profissional e pessoal Porque uma coisa é por no currículo que fez parte de uma EJ,
também. A pessoa tende a ver que o mundo profissional não é outra é saber o que você fez lá dentro. Então, a diferença é exa-
uma corrida, mas que é composto por degraus, e que mesmo que tamente quando você tem uma experiência concreta para contar
nesse momento não esteja ganhando nada (em termos monetá- em relação a isso num processo seletivo. Outro ponto a mais é a
rios), a questão é onde queremos estar daqui a cinco ou dez anos? segurança, pois todo mundo fica mais seguro depois que passa
Esse é o ponto para qualquer empresário Junior.” pelas dificuldades de um projeto. Hoje eu diria que a melhor
oportunidade que a faculdade pode oferecer para te desenvolver
e preparar é fazer parte de uma EJ.”
Luiz Guilherme Melo (Poli Jr): “Esse amor que as pessoas sen-
tem pela Empresa Junior está diretamente relacionado à retri-
buição, quando você entra na empresa, as pessoas te acolhem e Jr: Como vocês fazem para que os pais dos membros en-
te oferecem oportunidades para se desenvolver. E quando você xerguem valor em seu filho estar participando da Empresa
alcança outros cargos que você passa a querer ver as pessoas que Junior, principalmente para aqueles que não são de São
estão a menos tempo que você na EJ se desenvolvendo igual ou Paulo e muitas vezes não conseguem voltar para casa no
até mais que você, pra mim, é nesse momento que você passa a final de semana?
gostar da sua EJ.”
Letícia Olivan (Mackenzie Consultoria): “Eu acho que o apoio
Jr: A questão de estagiar um pouco mais tarde que aqueles da família é essencial. E quando seus pais vêem você falando com
que não fizeram parte de EJ traz quais benefícios/diferen- aquele entusiasmo e vontade, eles muitas vezes nem sabem o que
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12 ESPM Jr. • Informa
4. Jr. Entrevista
Os juniores Luiz Guilherme Melo, Laís Braido, Letícia Olivan, Paula Mian, Felipe Vogler, Bianca Mesiano, Paulo Tavares e Lívia de Luca
exatamente você faz lá, mas te apóiam e reconhecem por verem Lívia de Luca (Insper Jr): “Nossos professores apóiam bastante a
sua dedicação diária. A minha mãe no começo achava que eu não Junior, principalmente porque alguns deles acompanham os nos-
iria ter tempo para estudar, mas na verdade aos poucos ela foi sos projetos. E gostam muito dos alunos que se disponibilizam a
vendo que era ao contrário, porque, com o tempo você aprende participar da empresa porque sabem que é uma responsabilidade
a gerir o seu tempo, a se organizar e a trazer resultados e quando a mais para o aluno.”
ela percebeu isso, ela começou a me apoiar muito mais. Então,
conforme meus pais foram vendo meu desenvolvimento eu per-
cebia que o orgulho deles em falar que a sua filha fazia parte de Felipe Vogler (RI USP Jr): “No caso do nosso instituto, ele é
uma EJ e crescia também.” pequeno, então naturalmente os professores já são mais próximos
da empresa. Além disso, nós observamos que os professores que
gostam do conceito Jr tendem a estar mais próximos da empresa
Laís Braido (EJ FGV): “Na Junior a gente tem um evento se- e são muito solícitos tanto quando nós contatamos eles para tirar
mestral chamado Family Day, no qual é apresentado dados da dúvidas ou quando os escolhemos para serem o professores orien-
empresa para os pais. Com esse evento muitos pais já começam a tadores de um projeto. Eles enxergam, geralmente, os juniores
enxergar valor no que seus filhos estão fazendo.” como pessoas mais maduras ou como pessoas com quem você
pode conversar de outra maneira, ou seja, os assuntos abordados
são diferentes daqueles que eles conversariam com um aluno que
Letícia Olivan (Mackenzie Consultoria): “Na Junior a gente não participa da Junior. E o interessante é que você notando que
tem a semana de posse, na qual os pais podem ir e ver seus filhos os professores te encaram desta forma, você mesmo começa a se
sendo homenageados e recebendo um cargo com tanta respon- encarar da mesma maneira, tendo boas atitudes e mudando a
sabilidade, além disso, temos informativos quinzenais que são maneira de se portar.”
entregues aos pais com notícias sobre a empresa, destaques das
áreas e dos projetos. E nós acreditamos que é muito gratificante
para um pai ver o nome de seu filho sendo um destaque de um Laís Braido (EJ FGV): “Na GV a gente tem uma cultura de con-
informativo que será entregue a todos os pais.” tato com os professores muito forte, então os professores tendem
a apoiar muito a Jr. Além disso, nós temos o conselho adminis-
trativo, que é formado pela antiga gestão que todo ano organiza
Jr: O que os professores das faculdades de vocês enxergam uma apresentação dos dados da empresa para os professores, com
de valor na experiência Junior? E também com relação ao isso, eles passam a nos valorizar mais.”
pessoal, vocês acreditam que os professores passaram a va-
lorizar mais os seus trabalhos por estarem na Empresa Junior?
Por Augusto Lage, Giovanna Massa,
Laís Fernandes, Laura Scaccheti e Marina Murad
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