O documento discute o contexto histórico e social de Paulo e suas cartas, mencionando:
1) A Galácia como província do Império Romano governada por um sistema de patronato.
2) Corinto como importante cidade portuária reconstruída por Júlio César que tinha fama de licenciosidade.
3) Roma como capital e centro do poder imperial, onde a cidadania romana era uma forte identidade.
2. Paulo e o Paulo e o
Império: Lendo Judaísmo:
as Cartas de Considerações e
Paulo em seu Críticas à Nova
Contexto Perspectiva
Sobre Paulo
3. PAULO E O IMPÉRIO:
LENDO AS CARTAS DE
PAULO EM SEU
CONTEXTO
4. CONFERÊNCIA I - PAULO E O IMPÉRIO: LENDO
AS CARTAS DE PAULO EM SEU CONTEXTO
O Evangelho da Salvação A construção de uma
Imperial sociedade alternativa
•O Império Romano e •Romanos 12
as cidades de Roma, •1 Co 11-12
Corinto e a Galácia •Efésios
Patronato, Sacerdotados Evangelho
e Poder contraimperial de Paulo
•O Patronato •Carta aos Gálatas
•O Sacerdotado •Carta aos Coríntios
•O Poder •Carta aos Romanos
6. LIMITES GEOGRÁFICOS DA GALÁCIA
Leste: Capadócia
Norte: Ponto e Bitínia e Montes da Paflagônia
Oeste: Ásia Menor
Sul: Lícia e Panfília (eventualmente unida à Cilícia)
e Montes Tauro
Cidade Principal: Ancira (hoje Ancara, capital da
Turquia)
Rios: Hális, Sangário
7. GALÁCIA
Referências
•Stephen Mitchell, 1993. Anatolia: Land, Men, and Gods in Asia Minor vol. 1: "The
Celts and the Impact of Roman Rule." (Oxford: Clarendon Press) 1993.
•Coşkun, A., "Das Ende der "romfreundlichen Herrschaft" in Galatien und das
Beispiel einer "sanften Provinzialisierung" in Zentralanatolien," in Coşkun, A. (hg),
Freundschaft und Gefolgschaft in den auswärtigen Beziehungen der Römer (2.
Jahrhundert v. Chr. - 1. Jahrhundert n. Chr.), (Frankfurt M. u. a., 2008) (Inklusion,
Exklusion, 9), 133-164.
Nome
•O nome Galácia deriva de Gália; os gauleses (celtas) invadiram não só a Europa
central e ocidental, no quarto e terceiro séculos a.C, como também moveram-se
na direção da Ásia Menor.
Ocupação do território
•Os celtas foram expulsos das ricas cidades da costa ocidental, por Atalo I, de
Pérgamo (séc. III), indo para os elevados platôs do interior e dominaram as tribos
mais numerosas da Frígia e da Capadócia.
8. GALÁCIA
Cidades
•Suas principais cidades eram Távio, Pessino e Ancira (Ancara).
Domínio Romano - Etnarquia
•Durante as guerras civis romanas do primeiro século a.C, o príncipe gálata
Amintas adquiriu um grande domínio que, por favor de Augusto, teve a permissão
de reter.
•O "reino da Galácia" compreendia, além da Galácia propriamente dita, partes da
Frígia, Licaônia, Isauria, Pisídia, Panfília e Cilícia ocidental.
•Em 25 a.C, o reino de Amintas passou para as mãos dos romanos.
Domínio Romano
•A administração de alguns dos territórios que Amintas havia adquirido estava
sujeito a flutuação (em meados dos anos 40, a Cilícia ocidental, com parte da
Licaônia, pertenciam ao reino de Antíoco de Comagene).
•Mas no todo a área do domínio de Amintas compreendia a província romana da
Galácia.
10. CORINTO
Primórdios
• Sua maior fama ocorrera sob Periandro (c. 625-583 a.C), mas depois de sobreviver a muitas
guerras, acabou finalmente como vítima dos romanos.
Destruição pelos romanos
• Por causa do importante papel desempenhado por Corinto na guerra aos romanos, como
cidade participante da Liga da Acaia, o cônsul Múmio incendiou e arrasou a cidade, matou
seus homens e vendeu suas mulheres e crianças como escravos (146 a.C).
Anexação à Macedônia
• A Acaia tornou-se parte da província da Macedônia; a própria Corinto, embora não fosse
abandonada de todo, tornou-se insignificante pelos cem anos seguintes.
Refundação por Júlio César
• Em 44 a.C. ela foi fundada de novo como colônia por Júlio César, que lhe deu o nome de
"Colônia Laus Julia Corinthiensis — Corinto, o Louvor de Júlio―. Em 27 a.C, Augusto separou a
Acaia da Macedônia e fez de Corinto a cidade capital. A nova província foi colocada sob o
governo do senado. Sendo província senatorial, era governada por um procônsul.
11. GALÁCIA
Nova Anexação à Macedônia
•Em 44 d.C. houve o início de novo período de união e separação entre a
Macedônia e a Acaia.
A reputação de Corinto
•A prosperidade voltou e, com ela, a reputação de perversidade, embora se
deva questionar se de fato Corinto era pior do que qualquer outra cidade
portuária do leste do Mediterrâneo.
A propaganda ateniense
•Há uma suspeita de que a má propaganda ateniense tinha algo que ver com
a fama de Corinto quanto à licenciosidade: com frequência os frutos do
comércio sofrem a inveja dos que se dedicam à cultura intelectual.
A tradição latina
•No entanto, não se pode negar que Corinto era uma cidade em que "ninguém
senão os mais fortes conseguem sobreviver" (Horácio, Epístolas 1.17.36).
12. ROMA
Plínio, o velho, dissera de Roma que ela excedera em tamanho
todas as cidades do mundo (História Natural 3.66s.), e teriam
experimentado, nas palavras de Horácio, "a fumaça e a riqueza
e o barulho de Roma", a capital e eixo do império (Odes
3.29.12).
―Sou um cidadão romano‖ – Cícero, discurso contra Verres (Cic.
In Ver. 5.2.147)
A associação entre ser cidadão e ser romano é uma das mais
fortes relações de identidade que se pode notar no mundo
romano.
NICOLET, C. O cidadão e o político. In: GIARDINA, A. O homem romano.
Lisboa: Presença, 1992. p. 22. ―Humildes ou poderosos,
governados por assembleias ou por magistrados eleitos
anualmente e por um senado, ou por um príncipe vitalício (ao
lado do qual, aliás, continuam a existir as antigas instituições),
nenhuma hesitação é possível: cada romano é um cidadão, e
todo aquele que possua ou adquira o ―direito de cidadania‖, a
―cidadania‖ romana, é automaticamente romano‖.
A civilização romana, senhora do Mediterrâneo , tratava os demais povos
por meio de relações clientelares. Seu expansioni smo fundamentava -se
pela sua auto-imagem de civilização superior.
13. O PATRONATO
Dionísio de Halicarnasso, em sua História Antiga de
Roma (Antiquitates Romanae), 2.9
―Rômulo, depois que distinguiu os poderosos dos humildes,
deu leis de acordo com aquilo, e dispôs o que cada grupo
devia fazer. Os patrícios deviam realizar as funções
religiosas, desempenhar os cargos, administrar justiça e
dirigir com ele os assuntos públicos, dedicando-se ao que
concernia à cidade. Os plebeus estavam excluídos de todo o
anterior por serem desprovidos de experiência nestas
ocupações e por não ter tempo para elas por causa de sua
escassez de meios: deviam cultivar a terra, criar gado e
dedicar-se a ofícios lucrativos (...) Aos patrícios entregou os
plebeus como ‗depósito‘, ordenando que cada plebeu
escolhesse aquele que quisesse como patrono (...) Rômulo
prestigiou a relação com um nome adequado, chamando
patronato a esta proteção dos pobres e humildes; deu a uns
e outros funções úteis, fazendo desta mútua dependência
algo benéfico e social.‖
14. a relação
patrono-
cliente é
sempre PATRONATO
assimétrica Te o r i a
SALLER,
Richard.
―Patronage and
f r i e n dhi p i n
relação e a r l y I m p e r i al
pessoal Ro m e : d r aw i n g
the
d i s t i n c t io n . ‖ I n :
WA L L AC E -
troca recíproca de H A D R I LL ,
A n d r ew ( e d . ) .
bens e serviços Patronage in
a n c i e n t s o c i e t y.
London:
Ro u t l ed g e ,
1989. p.49-62
15. os pobres pobres
clientes
bons maus
• ou pobres por • cuja condição • tinham OS
circunstância, refletia uma recursos para
que não índole do participar dos CLIENTES
Te o r i a
tinham espírito. collegia, e
W H I T TA K E R ,
dinheiro mas que podiam Charles. ―O
que não eram votar, ou pobre‖. In:
detentores ofereciam G I A R D IN A ,
A n d r e a ( d i r ). O
das mazelas algum homem
comuns aos benefício aos romano.
outros pobres seus Lisboa:
patronos. Presença,
1992. p.223-
• não fazia 24 6
sentido ser
bom com
quem não
tinha como
retribuir.
16. DEVERES
DE
PATRONOS
E CLIENTES
Officium do Officium
Cliente do
Patrono
•Salutatio •Representar o cliente
•Saudar o patrono •Sportula
•Commendatio •originalmente uma
•Recomendar o patrono cesta com uma refeição
•Suffragatio •uma quantia em
•Votar no parono dinheiro
17. O SACERDOTADO
Religião Romana e Civilidade
• Deuses e homens estavam sempre interagindo na urbs, presentes nos rituais, nos
templos, nos jogos, nos eventos públicos.
O Valor Social das Divindades
• Os deuses são, antes de tudo, protetores que se devem agradar devidamente,
numa relação de troca.
Religiosidade e Patronato
• A relação dos romanos com seus deuses assemelha-se à relação que os homens
devem manter com os reis ou patronos, seguindo o modelo das relações políticas
e sociais então vigentes (VEYNE, 1989, p. 204).
Dimensões da Religião Romana
• A religião romana tinha uma face privada e uma outra pública.
18. RELIGIÃO
PRIVADA
Oferendas Te o r i a
e libações M A RC O S , M .
L ey y r e l i g i ó n
en el Imperio
Cristiano (s. IV
y V). Ilu –
Culto R ev i s t a d e
pelo C i ê nc i a s d e l a s
R e l ig i o n e s ,
pater M a d r i d, A n e j o s
familiae X I , p . 51 - 6 8 ,
2004.
Liberdade
19. RELIGIÃO
PÚBLICA
Direção
do Culto Te o r i a
Cívico: M A RC O S , M .
L ey y r e l i g i ó n
Elites en el Imperio
Cristiano (s. IV
y V). Ilu –
R ev i s t a d e
Dever C i ê nc i a s d e l a s
cívico R e l ig i o n e s ,
(pietas) M a d r i d, A n e j o s
X I , p . 51 - 6 8 ,
2004.
Controle do
Estado
20. OS
Pax Negligentia Pax CLIENTES
deorum deorum romana M A RC O S , M .
L ey y r e l i g i ó n
en el Imperio
• a paz e a • traria derrotas • Ligada ao Cristiano (s. IV
prosperidade militares, Imperador y V). Ilu –
R ev i s t a d e
de Roma epidemias ou • pater C i ê nc i a s d e l a s
dependiam da catástrofes familiae R e l ig i o n e s ,
vigilância dos naturais • pontifex Madrid, Anejos
deuses • Religio versus maximus X I , p . 51 - 6 8 ,
superstitio 2004.
• princeps
21. RELIGIÃO
CÍVICA E
CRISTÃ
Religião Cívica Religião
Cristã
•Obrigações públicas •Obrigações
•Cultos e privadas
celebrações cívicas •Cultos e
celebrações cívicas
alternativas
22. PRESSUPOSTOS
1. Não há na época de Paulo a ideia de ―direita‖ e
―esquerda‖.
2. A separação atual entre religião e política não fazia
sentido no Mundo Antigo.
3. Há ―alusões‖ e ―ecos‖ em Paulo do seu contexto de
enunciação
23. PRESSUPOSTOS
1. O Império Romano estendeu ao mundo os antigos ideais da
República: liberdade e justiça
2. Augusto acabou com a guerra civil, estabeleceu a paz e foi
chamado de ―Salvador‖.
3. Liberdade, justiça e paz eram os temasda propaganda
imperial.
4. O nome dado aos valores positivos trazidos pelo imperador
era ―Evangelho‖.
5. A máquina de guerra romana punia brutalmente rebeliões.
6. O imperador romano era chamado de ―Filho de Deus‖ nas
províncias orientais.
24. •Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus, que apresenteis o
vosso corpo por sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto
Rm 12.1 racional.
ROMANOS
•E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da
vossa mente, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita
Rm 12.2 vontade de Deus.
•Porque assim como num só corpo temos
muitos membros, mas nem todos os
membros têm a mesma função…
Rm 12.4