SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 5
Descargar para leer sin conexión
1
BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da
Caverna. 2015.
A TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNA
BRÍGIDO, H1
Platão escreveu no livro "República" há quase 2500 anos, um relato do Mundo
das Ideias em que imaginou uma caverna com três homens que nasceram e cresceram
dentro e no fundo do local e viviam acorrentadas e apenas com uma fresta de luz. As
pessoas não podiam se mover, forçadas a olhar somente para a parede do fundo da
caverna, onde são projetadas sombras do que se passa no mundo exterior pela única
abertura local. Certo dia, um dos homens consegue se libertar das correntes e sai da
caverna. Perde os sentidos com a luz. Após, percebe que o que viam refletidos na
sombra não era verdade. O homem fica vislumbrado com as cores e imagens diferentes
do que havia visto. Descobre um universo gigantesco que é a verdade e retorna para o
interior da caverna sendo ignorado sobre o lado do mundo exterior. Seus companheiros
o matam considerado-o como louco.
Sob influência de Sócrates, Platão faz uma analogia e descreve a busca da
essência das coisas para além do mundo sensível. É utilizada uma linguagem para
demonstração do quanto as pessoas estavam presas a crendices. O personagem da
caverna, ao libertar-se, correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e
querer mostrar um mundo totalmente diferente. Em nossa realidade, é como se o ser
humano acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo, então
surge alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial e tenta mostrar novos
conceitos, totalmente diferentes. É uma metáfora da condição humana perante o mundo,
sobre a importância do conhecimento filosófico e a educação como superação da
ignorância.
O livro relata um diálogo de Sócrates com Glauco e Adimanto, irmãos mais
novos de Platão, com ênfase ao processo de conhecimento, da visão de mundo e a do
filósofo na eterna busca da verdade. Eis o diálogo:
“Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza
relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea,
em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a
infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver
senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz
chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o
fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa
estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os
apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas
maravilhas.
Glauco – Estou vendo.
1
BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da
Caverna. 2015.
Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam
objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra,
madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns
falam e outros seguem em silêncio.
Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.
Sócrates - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles
tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as
sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
Glauco - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
Sócrates - E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Glauco - Sem dúvida.
Sócrates - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que
tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Glauco - É bem possível.
Sócrates - E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos
transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Glauco - Sim, por Zeus!
Sócrates - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos
objetos fabricados?
Glauco - Assim terá de ser.
Sócrates - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados
das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros,
que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a
erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o
deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que
achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas,
mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais
justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força
de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que
via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco - Muito mais verdadeiras.
Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não
desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são
realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
Glauco - Com toda a certeza.
1
BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da
Caverna. 2015.
Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta
rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não
sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz,
poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora
denominamos verdadeiras?
Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.
Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região
superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens
dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios
objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar
mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o
dia, o Sol e sua luz.
Glauco - Sem dúvida.
Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas
ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá
ver e contemplar tal qual é.
Glauco - Concordo.
Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as
estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a
causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.
Sócrates - Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa
e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a
mudança e lamentará os que lá ficaram?
Glauco - Sim, com certeza, Sócrates.
Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para
aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que
melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou
virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que
provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos?
Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e
sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?
Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.
Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo
lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do
Sol?
1
BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da
Caverna. 2015.
Glauco - Por certo que sim.
Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se
libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista
confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão
exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam
que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar
subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o
mataria, se pudesse fazê-lo?
Glauco - Sem nenhuma dúvida.
Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao
que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na
caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região
superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da
alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha ideia, visto que
também tu desejas conhecê-la. Só Zeus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a
minha opinião é esta: no mundo inteligível, a ideia do bem é a última a ser apreendida,
e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo
o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz;
no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é
preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.
Glauco - Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.”
Assim, Platão divide o mundo em duas realidades:
- a sensível (eikasia e pístis), que se percebe pelos sentidos, é a imperfeição.
- a inteligível (o mundo das ideias - diánoia e nóesis), o encontro de toda a verdade
possível para o homem.
Retrata a ideia de que o mundo da verdade não é a caverna em que se vive. Esse
lugar não é a realidade absoluta; é uma ilusão da verdade. As pessoas estão sem
enxergar ou não querem o entendimento, libertar-se das algemas. Não quere o
confronto, enfrentar a libertação na luz. E ao longo do tempo, a descrição nunca deixou
de acompanhar o ser humano. É sempre atual.
O cartunista brasileiro Maurício de Souza retratou o livro de Platão com a obra
“A Sombra da Vida” fotografada e colocada em vídeo. Vale a pena assistir:
https://www.youtube.com/watch?v=XoU4YAhJzLY.
1
BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da
Caverna. 2015.
A indústria cinematográfica também destacou o tema do tipo de realidade em
que se vive. O filme “Matrix” (1999) mostra máquinas que controlam seres humanos
ilustrando a imersão do homem moderno na teia tecnológica. A produção relata a vida
de Neo, adormecido entre milhões de seres humanos, conectado à máquina Matrix que
produz programas de realidade virtual simulando a humanidade do século XX. De uma
cidade de seres humanos livres, Morpheus, o líder, vislumbra Neo como escolhido para
combater as máquinas. Neo é desconectado e encontra-se fraco e nu. Morpheus revela a
verdade sobre a Matrix, sobre o mundo real e sobre o destino da humanidade. Neo quer
se opor as máquinas, libertando mentes humanas.
Platão e o filme Matrix mostram o desafio em sair do mundo do imaginário em
busca da verdade. O mundo em que se vive não difere do filósofo e do cineasta. A vida
sensível está relacionada ao imaginário, aos programas de televisão, jogos eletrônicos,
redes sociais etc retirando as pessoas do meio real na imposição do conceito de
perfeição. As atrações ativam o consumismo exagerado, a necessidade de ter dinheiro
para satisfazer o belo.
As pessoas estão acorrentadas acreditando serem imagens do mundo real
levando à alienação. A evolução da tecnologia, ainda que muito importante, como
automóveis, informática, utensílios diversos etc, margina o homem da realidade e o
afasta do convívio pessoal com o mau uso dos meios de comunicação (televisão,
celular, redes sociais que inclui o WhatsApp) levando-o à violência, o uso de drogas, à
corrupção, ao desrespeito aos direitos humanos.
É preciso resgatar, como mundo ideal, o valor da família, dos amigos, da
honestidade, da justiça e do amor.
BIBLIOGRAFIA
PLATÃO. A República. O Mito da Caverna. Livro VII. 6° ed. Ed. Atena, 1956.
SOUZA, Maurício. Mito da Caverna - versão - Platão por Maurício de Souza. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=XoU4YAhJzLY. Acesso em 03 mar 2015.
WACHOWSKI, Lana. MATRIX. EUA, 1999.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Atendimento ao Cliente e Vendas em Empresas Fitness
Atendimento ao Cliente e Vendas em Empresas Fitness Atendimento ao Cliente e Vendas em Empresas Fitness
Atendimento ao Cliente e Vendas em Empresas Fitness Thiago Villaça
 
Gestão da mudança
Gestão da mudançaGestão da mudança
Gestão da mudançaLeila Oliva
 
O que aprendi com "o jeito Disney de encantar os clientes"
O que aprendi com  "o jeito Disney de encantar os clientes"O que aprendi com  "o jeito Disney de encantar os clientes"
O que aprendi com "o jeito Disney de encantar os clientes"Mariana Ribeiro Prado
 
134103997 a-arte-de-encantar-o-cliente-ppt
134103997 a-arte-de-encantar-o-cliente-ppt134103997 a-arte-de-encantar-o-cliente-ppt
134103997 a-arte-de-encantar-o-cliente-pptGisela Estácio
 
O jeito Disney de encantar clientes
O jeito Disney de encantar clientesO jeito Disney de encantar clientes
O jeito Disney de encantar clientesluzcarpin
 
Missão, Visão e Valores da Disney [Infográfico]
Missão, Visão e Valores da Disney [Infográfico]Missão, Visão e Valores da Disney [Infográfico]
Missão, Visão e Valores da Disney [Infográfico]Cleber Paiva
 
Atendimento ao publico
Atendimento ao publicoAtendimento ao publico
Atendimento ao publicoEmpreendedora
 
Palestra Experiência do Cliente
Palestra Experiência do ClientePalestra Experiência do Cliente
Palestra Experiência do ClienteMarcus Pimenta
 
Scm Gerenciamento cadeia de suprimentos
Scm Gerenciamento cadeia de suprimentos Scm Gerenciamento cadeia de suprimentos
Scm Gerenciamento cadeia de suprimentos Alejandra Flechas
 
Qualidade no Atendimento
Qualidade no AtendimentoQualidade no Atendimento
Qualidade no AtendimentoNyedson Barbosa
 
Excelência no atendimento ao cliente
Excelência no atendimento ao clienteExcelência no atendimento ao cliente
Excelência no atendimento ao clienteDaiane Costa
 
Técnicas de Vendas
Técnicas de VendasTécnicas de Vendas
Técnicas de Vendaselbaiano
 
Ficha de trabalho nº7 mod2 - cv- os princípios da receção de mercadorias
Ficha de trabalho nº7   mod2 - cv- os princípios da receção de mercadoriasFicha de trabalho nº7   mod2 - cv- os princípios da receção de mercadorias
Ficha de trabalho nº7 mod2 - cv- os princípios da receção de mercadoriasLeonor Alves
 
Comunicação eficaz e excelência no atendimento
Comunicação eficaz e excelência no atendimentoComunicação eficaz e excelência no atendimento
Comunicação eficaz e excelência no atendimentoSidnei Miranda
 

La actualidad más candente (20)

Atendimento ao Cliente e Vendas em Empresas Fitness
Atendimento ao Cliente e Vendas em Empresas Fitness Atendimento ao Cliente e Vendas em Empresas Fitness
Atendimento ao Cliente e Vendas em Empresas Fitness
 
Gestão da mudança
Gestão da mudançaGestão da mudança
Gestão da mudança
 
Pos Vendas
Pos VendasPos Vendas
Pos Vendas
 
O que aprendi com "o jeito Disney de encantar os clientes"
O que aprendi com  "o jeito Disney de encantar os clientes"O que aprendi com  "o jeito Disney de encantar os clientes"
O que aprendi com "o jeito Disney de encantar os clientes"
 
Palestra Sobre Mudança - Mudança Consciente
Palestra Sobre Mudança - Mudança ConscientePalestra Sobre Mudança - Mudança Consciente
Palestra Sobre Mudança - Mudança Consciente
 
134103997 a-arte-de-encantar-o-cliente-ppt
134103997 a-arte-de-encantar-o-cliente-ppt134103997 a-arte-de-encantar-o-cliente-ppt
134103997 a-arte-de-encantar-o-cliente-ppt
 
O jeito Disney de encantar clientes
O jeito Disney de encantar clientesO jeito Disney de encantar clientes
O jeito Disney de encantar clientes
 
Plano de Marketing
Plano de MarketingPlano de Marketing
Plano de Marketing
 
Missão, Visão e Valores da Disney [Infográfico]
Missão, Visão e Valores da Disney [Infográfico]Missão, Visão e Valores da Disney [Infográfico]
Missão, Visão e Valores da Disney [Infográfico]
 
Atendimento ao publico
Atendimento ao publicoAtendimento ao publico
Atendimento ao publico
 
Palestra motivacional
Palestra motivacionalPalestra motivacional
Palestra motivacional
 
Palestra Experiência do Cliente
Palestra Experiência do ClientePalestra Experiência do Cliente
Palestra Experiência do Cliente
 
Scm Gerenciamento cadeia de suprimentos
Scm Gerenciamento cadeia de suprimentos Scm Gerenciamento cadeia de suprimentos
Scm Gerenciamento cadeia de suprimentos
 
Atendimento e vendas
Atendimento e vendasAtendimento e vendas
Atendimento e vendas
 
Qualidade no Atendimento
Qualidade no AtendimentoQualidade no Atendimento
Qualidade no Atendimento
 
Excelência no atendimento ao cliente
Excelência no atendimento ao clienteExcelência no atendimento ao cliente
Excelência no atendimento ao cliente
 
Aula 2 - Imagem pessoal e profissional
Aula 2 - Imagem pessoal e profissionalAula 2 - Imagem pessoal e profissional
Aula 2 - Imagem pessoal e profissional
 
Técnicas de Vendas
Técnicas de VendasTécnicas de Vendas
Técnicas de Vendas
 
Ficha de trabalho nº7 mod2 - cv- os princípios da receção de mercadorias
Ficha de trabalho nº7   mod2 - cv- os princípios da receção de mercadoriasFicha de trabalho nº7   mod2 - cv- os princípios da receção de mercadorias
Ficha de trabalho nº7 mod2 - cv- os princípios da receção de mercadorias
 
Comunicação eficaz e excelência no atendimento
Comunicação eficaz e excelência no atendimentoComunicação eficaz e excelência no atendimento
Comunicação eficaz e excelência no atendimento
 

Destacado

O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADE
O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADEO MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADE
O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADEHelena Brígido
 
Alegoria da Caverna 8
Alegoria da Caverna 8Alegoria da Caverna 8
Alegoria da Caverna 8Filosofia
 
Recursos Tecnológicos
Recursos TecnológicosRecursos Tecnológicos
Recursos Tecnológicoslitho
 
O uso das tics na educação de crianças
O uso das tics na educação de criançasO uso das tics na educação de crianças
O uso das tics na educação de criançasglaujau
 
Uso das Tics em uma escola do campo do Mato Grosso
Uso das Tics em uma escola do campo do Mato GrossoUso das Tics em uma escola do campo do Mato Grosso
Uso das Tics em uma escola do campo do Mato GrossoElismar Carneiro Pereira
 
8 recursos tecnologicos
8 recursos tecnologicos8 recursos tecnologicos
8 recursos tecnologicosvanecuevs
 
Recursos Tecnológicos
Recursos TecnológicosRecursos Tecnológicos
Recursos Tecnológicoslitho
 
Projeto Recursos Tecnológicos
Projeto Recursos TecnológicosProjeto Recursos Tecnológicos
Projeto Recursos Tecnológicosagmp16
 
Sistemas de Informação e Recursos Tecnológicos
Sistemas de Informação e Recursos TecnológicosSistemas de Informação e Recursos Tecnológicos
Sistemas de Informação e Recursos TecnológicosCarla Ferreira
 
A utilização do Recursos Tecnólgicos na Prática Educativa
A utilização do Recursos Tecnólgicos na Prática EducativaA utilização do Recursos Tecnólgicos na Prática Educativa
A utilização do Recursos Tecnólgicos na Prática EducativaElisangela
 
Contexto histórico das TICs
Contexto histórico das TICsContexto histórico das TICs
Contexto histórico das TICsjoaocarvalhoprof
 
O avanço da tecnologia
O avanço da tecnologiaO avanço da tecnologia
O avanço da tecnologiaAndre Amaral
 
A utilizacao da multimidia em sala de aula
A utilizacao da multimidia em sala de aulaA utilizacao da multimidia em sala de aula
A utilizacao da multimidia em sala de aulalucacorrea1
 
Evolução das TICs e o crescimento das mídias sociais
Evolução das TICs e o crescimento das mídias sociaisEvolução das TICs e o crescimento das mídias sociais
Evolução das TICs e o crescimento das mídias sociaisGabriel Bemfica
 
Uso de recursos tecnológicos na educação
Uso de recursos tecnológicos na educaçãoUso de recursos tecnológicos na educação
Uso de recursos tecnológicos na educaçãoPatty Santana
 
Evolução das novas tecnologias
Evolução das novas tecnologiasEvolução das novas tecnologias
Evolução das novas tecnologiasinfortic
 
Recursos multimídia na sala de aula
Recursos multimídia na sala de aulaRecursos multimídia na sala de aula
Recursos multimídia na sala de aulatecnologiasemsala
 

Destacado (20)

O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADE
O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADEO MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADE
O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADE
 
Alegoria da Caverna 8
Alegoria da Caverna 8Alegoria da Caverna 8
Alegoria da Caverna 8
 
Recursos Tecnológicos
Recursos TecnológicosRecursos Tecnológicos
Recursos Tecnológicos
 
O uso das tics na educação de crianças
O uso das tics na educação de criançasO uso das tics na educação de crianças
O uso das tics na educação de crianças
 
Uso das Tics em uma escola do campo do Mato Grosso
Uso das Tics em uma escola do campo do Mato GrossoUso das Tics em uma escola do campo do Mato Grosso
Uso das Tics em uma escola do campo do Mato Grosso
 
8 recursos tecnologicos
8 recursos tecnologicos8 recursos tecnologicos
8 recursos tecnologicos
 
Recursos Tecnológicos
Recursos TecnológicosRecursos Tecnológicos
Recursos Tecnológicos
 
Projeto Recursos Tecnológicos
Projeto Recursos TecnológicosProjeto Recursos Tecnológicos
Projeto Recursos Tecnológicos
 
Recursos tecnológicos
Recursos tecnológicos Recursos tecnológicos
Recursos tecnológicos
 
Sistemas de Informação e Recursos Tecnológicos
Sistemas de Informação e Recursos TecnológicosSistemas de Informação e Recursos Tecnológicos
Sistemas de Informação e Recursos Tecnológicos
 
Recursos tecnologicos
Recursos tecnologicosRecursos tecnologicos
Recursos tecnologicos
 
A utilização do Recursos Tecnólgicos na Prática Educativa
A utilização do Recursos Tecnólgicos na Prática EducativaA utilização do Recursos Tecnólgicos na Prática Educativa
A utilização do Recursos Tecnólgicos na Prática Educativa
 
Contexto histórico das TICs
Contexto histórico das TICsContexto histórico das TICs
Contexto histórico das TICs
 
O avanço da tecnologia
O avanço da tecnologiaO avanço da tecnologia
O avanço da tecnologia
 
A utilizacao da multimidia em sala de aula
A utilizacao da multimidia em sala de aulaA utilizacao da multimidia em sala de aula
A utilizacao da multimidia em sala de aula
 
Evolução das TICs e o crescimento das mídias sociais
Evolução das TICs e o crescimento das mídias sociaisEvolução das TICs e o crescimento das mídias sociais
Evolução das TICs e o crescimento das mídias sociais
 
Uso de recursos tecnológicos na educação
Uso de recursos tecnológicos na educaçãoUso de recursos tecnológicos na educação
Uso de recursos tecnológicos na educação
 
Evolução das novas tecnologias
Evolução das novas tecnologiasEvolução das novas tecnologias
Evolução das novas tecnologias
 
Recursos multimídia na sala de aula
Recursos multimídia na sala de aulaRecursos multimídia na sala de aula
Recursos multimídia na sala de aula
 
A Alegoria Da Caverna 2008 09
A Alegoria Da Caverna 2008 09A Alegoria Da Caverna 2008 09
A Alegoria Da Caverna 2008 09
 

Similar a A TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNA

O mito da caverna
O mito da cavernaO mito da caverna
O mito da cavernaDea Conti
 
Texto alegoria da caverna
Texto alegoria da cavernaTexto alegoria da caverna
Texto alegoria da cavernaPedro Almeida
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63Valter Gomes
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaArpus Supra
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaAlinne Sousa
 
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...Antonio Inácio Ferraz
 
A Educação nos Mitos de Platão.ppt
A Educação nos Mitos de Platão.pptA Educação nos Mitos de Platão.ppt
A Educação nos Mitos de Platão.pptNertan Dias
 
A Educação nos Mitos de Platão.ppt
A Educação nos Mitos de Platão.pptA Educação nos Mitos de Platão.ppt
A Educação nos Mitos de Platão.pptNertan Dias
 
mito da carvena-CERTO.pdf
mito da carvena-CERTO.pdfmito da carvena-CERTO.pdf
mito da carvena-CERTO.pdfmalviana1
 
Sobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Sobre a "Alegora da Caverna", de PlatãoSobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Sobre a "Alegora da Caverna", de PlatãoTaitson Leal dos Santos
 
Síntese - O mito da caverna
Síntese - O mito da cavernaSíntese - O mito da caverna
Síntese - O mito da cavernaMatheus Alves
 
O mito da caverna
O mito da cavernaO mito da caverna
O mito da cavernadriminas
 

Similar a A TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNA (20)

O mito da caverna
O mito da cavernaO mito da caverna
O mito da caverna
 
Alegoria da caverna
Alegoria da cavernaAlegoria da caverna
Alegoria da caverna
 
Alegoria da caverna
Alegoria da cavernaAlegoria da caverna
Alegoria da caverna
 
Texto alegoria da caverna
Texto alegoria da cavernaTexto alegoria da caverna
Texto alegoria da caverna
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_caverna
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_caverna
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_caverna
 
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...
 
A Educação nos Mitos de Platão.ppt
A Educação nos Mitos de Platão.pptA Educação nos Mitos de Platão.ppt
A Educação nos Mitos de Platão.ppt
 
A Educação nos Mitos de Platão.ppt
A Educação nos Mitos de Platão.pptA Educação nos Mitos de Platão.ppt
A Educação nos Mitos de Platão.ppt
 
Filosofia Aula Ii
Filosofia Aula IiFilosofia Aula Ii
Filosofia Aula Ii
 
mito da carvena-CERTO.pdf
mito da carvena-CERTO.pdfmito da carvena-CERTO.pdf
mito da carvena-CERTO.pdf
 
Mito da Caverna
Mito da CavernaMito da Caverna
Mito da Caverna
 
Sobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Sobre a "Alegora da Caverna", de PlatãoSobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Sobre a "Alegora da Caverna", de Platão
 
Alegoria da caverna
Alegoria da cavernaAlegoria da caverna
Alegoria da caverna
 
20 o-mito-da-caverna
20 o-mito-da-caverna20 o-mito-da-caverna
20 o-mito-da-caverna
 
Platâo
PlatâoPlatâo
Platâo
 
Síntese - O mito da caverna
Síntese - O mito da cavernaSíntese - O mito da caverna
Síntese - O mito da caverna
 
O mito da caverna
O mito da cavernaO mito da caverna
O mito da caverna
 

Más de brigidoh

Vilipendio e internet
Vilipendio e internetVilipendio e internet
Vilipendio e internetbrigidoh
 
VILIPÊNDIO E INTERNET
VILIPÊNDIO E INTERNETVILIPÊNDIO E INTERNET
VILIPÊNDIO E INTERNETbrigidoh
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTALPRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTALbrigidoh
 
Direito Civil - Contratos - Elementos Essenciais e Características
Direito Civil - Contratos - Elementos Essenciais e CaracterísticasDireito Civil - Contratos - Elementos Essenciais e Características
Direito Civil - Contratos - Elementos Essenciais e Característicasbrigidoh
 
A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 81 E A CONTRIBUIÇÃO PARA O COMBATE AO TRABALHO ESC...
A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 81 E A CONTRIBUIÇÃO PARA O COMBATE AO TRABALHO ESC...A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 81 E A CONTRIBUIÇÃO PARA O COMBATE AO TRABALHO ESC...
A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 81 E A CONTRIBUIÇÃO PARA O COMBATE AO TRABALHO ESC...brigidoh
 
Direito do Trabalho - Apostila Acadêmica
Direito do Trabalho - Apostila AcadêmicaDireito do Trabalho - Apostila Acadêmica
Direito do Trabalho - Apostila Acadêmicabrigidoh
 
Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Introdução ao Estudo do Direito (IED)Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Introdução ao Estudo do Direito (IED)brigidoh
 
Contrato de Prestação de Serviços - DIREITO CIVIL
Contrato de Prestação de Serviços - DIREITO CIVILContrato de Prestação de Serviços - DIREITO CIVIL
Contrato de Prestação de Serviços - DIREITO CIVILbrigidoh
 
Tutela Antecipada Direito Processual Civil Seminario Prof Fabio Moreira
Tutela Antecipada Direito Processual Civil Seminario Prof Fabio MoreiraTutela Antecipada Direito Processual Civil Seminario Prof Fabio Moreira
Tutela Antecipada Direito Processual Civil Seminario Prof Fabio Moreirabrigidoh
 

Más de brigidoh (9)

Vilipendio e internet
Vilipendio e internetVilipendio e internet
Vilipendio e internet
 
VILIPÊNDIO E INTERNET
VILIPÊNDIO E INTERNETVILIPÊNDIO E INTERNET
VILIPÊNDIO E INTERNET
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTALPRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
 
Direito Civil - Contratos - Elementos Essenciais e Características
Direito Civil - Contratos - Elementos Essenciais e CaracterísticasDireito Civil - Contratos - Elementos Essenciais e Características
Direito Civil - Contratos - Elementos Essenciais e Características
 
A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 81 E A CONTRIBUIÇÃO PARA O COMBATE AO TRABALHO ESC...
A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 81 E A CONTRIBUIÇÃO PARA O COMBATE AO TRABALHO ESC...A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 81 E A CONTRIBUIÇÃO PARA O COMBATE AO TRABALHO ESC...
A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 81 E A CONTRIBUIÇÃO PARA O COMBATE AO TRABALHO ESC...
 
Direito do Trabalho - Apostila Acadêmica
Direito do Trabalho - Apostila AcadêmicaDireito do Trabalho - Apostila Acadêmica
Direito do Trabalho - Apostila Acadêmica
 
Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Introdução ao Estudo do Direito (IED)Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Introdução ao Estudo do Direito (IED)
 
Contrato de Prestação de Serviços - DIREITO CIVIL
Contrato de Prestação de Serviços - DIREITO CIVILContrato de Prestação de Serviços - DIREITO CIVIL
Contrato de Prestação de Serviços - DIREITO CIVIL
 
Tutela Antecipada Direito Processual Civil Seminario Prof Fabio Moreira
Tutela Antecipada Direito Processual Civil Seminario Prof Fabio MoreiraTutela Antecipada Direito Processual Civil Seminario Prof Fabio Moreira
Tutela Antecipada Direito Processual Civil Seminario Prof Fabio Moreira
 

A TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNA

  • 1. 1 BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da Caverna. 2015. A TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNA BRÍGIDO, H1 Platão escreveu no livro "República" há quase 2500 anos, um relato do Mundo das Ideias em que imaginou uma caverna com três homens que nasceram e cresceram dentro e no fundo do local e viviam acorrentadas e apenas com uma fresta de luz. As pessoas não podiam se mover, forçadas a olhar somente para a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras do que se passa no mundo exterior pela única abertura local. Certo dia, um dos homens consegue se libertar das correntes e sai da caverna. Perde os sentidos com a luz. Após, percebe que o que viam refletidos na sombra não era verdade. O homem fica vislumbrado com as cores e imagens diferentes do que havia visto. Descobre um universo gigantesco que é a verdade e retorna para o interior da caverna sendo ignorado sobre o lado do mundo exterior. Seus companheiros o matam considerado-o como louco. Sob influência de Sócrates, Platão faz uma analogia e descreve a busca da essência das coisas para além do mundo sensível. É utilizada uma linguagem para demonstração do quanto as pessoas estavam presas a crendices. O personagem da caverna, ao libertar-se, correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. Em nossa realidade, é como se o ser humano acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo, então surge alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial e tenta mostrar novos conceitos, totalmente diferentes. É uma metáfora da condição humana perante o mundo, sobre a importância do conhecimento filosófico e a educação como superação da ignorância. O livro relata um diálogo de Sócrates com Glauco e Adimanto, irmãos mais novos de Platão, com ênfase ao processo de conhecimento, da visão de mundo e a do filósofo na eterna busca da verdade. Eis o diálogo: “Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas. Glauco – Estou vendo.
  • 2. 1 BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da Caverna. 2015. Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio. Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros. Sócrates - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte? Glauco - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida? Sócrates - E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo? Glauco - Sem dúvida. Sócrates - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam? Glauco - É bem possível. Sócrates - E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles? Glauco - Sim, por Zeus! Sócrates - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados? Glauco - Assim terá de ser. Sócrates - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora? Glauco - Muito mais verdadeiras. Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram? Glauco - Com toda a certeza.
  • 3. 1 BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da Caverna. 2015. Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras? Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início. Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz. Glauco - Sem dúvida. Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é. Glauco - Concordo. Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna. Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão. Sócrates - Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram? Glauco - Sim, com certeza, Sócrates. Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia? Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira. Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
  • 4. 1 BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da Caverna. 2015. Glauco - Por certo que sim. Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo? Glauco - Sem nenhuma dúvida. Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha ideia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Zeus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a ideia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública. Glauco - Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.” Assim, Platão divide o mundo em duas realidades: - a sensível (eikasia e pístis), que se percebe pelos sentidos, é a imperfeição. - a inteligível (o mundo das ideias - diánoia e nóesis), o encontro de toda a verdade possível para o homem. Retrata a ideia de que o mundo da verdade não é a caverna em que se vive. Esse lugar não é a realidade absoluta; é uma ilusão da verdade. As pessoas estão sem enxergar ou não querem o entendimento, libertar-se das algemas. Não quere o confronto, enfrentar a libertação na luz. E ao longo do tempo, a descrição nunca deixou de acompanhar o ser humano. É sempre atual. O cartunista brasileiro Maurício de Souza retratou o livro de Platão com a obra “A Sombra da Vida” fotografada e colocada em vídeo. Vale a pena assistir: https://www.youtube.com/watch?v=XoU4YAhJzLY.
  • 5. 1 BRIGIDO, H. Docente da Universidade Federal do Pará. A tecnologia e a Alegoria da Caverna. 2015. A indústria cinematográfica também destacou o tema do tipo de realidade em que se vive. O filme “Matrix” (1999) mostra máquinas que controlam seres humanos ilustrando a imersão do homem moderno na teia tecnológica. A produção relata a vida de Neo, adormecido entre milhões de seres humanos, conectado à máquina Matrix que produz programas de realidade virtual simulando a humanidade do século XX. De uma cidade de seres humanos livres, Morpheus, o líder, vislumbra Neo como escolhido para combater as máquinas. Neo é desconectado e encontra-se fraco e nu. Morpheus revela a verdade sobre a Matrix, sobre o mundo real e sobre o destino da humanidade. Neo quer se opor as máquinas, libertando mentes humanas. Platão e o filme Matrix mostram o desafio em sair do mundo do imaginário em busca da verdade. O mundo em que se vive não difere do filósofo e do cineasta. A vida sensível está relacionada ao imaginário, aos programas de televisão, jogos eletrônicos, redes sociais etc retirando as pessoas do meio real na imposição do conceito de perfeição. As atrações ativam o consumismo exagerado, a necessidade de ter dinheiro para satisfazer o belo. As pessoas estão acorrentadas acreditando serem imagens do mundo real levando à alienação. A evolução da tecnologia, ainda que muito importante, como automóveis, informática, utensílios diversos etc, margina o homem da realidade e o afasta do convívio pessoal com o mau uso dos meios de comunicação (televisão, celular, redes sociais que inclui o WhatsApp) levando-o à violência, o uso de drogas, à corrupção, ao desrespeito aos direitos humanos. É preciso resgatar, como mundo ideal, o valor da família, dos amigos, da honestidade, da justiça e do amor. BIBLIOGRAFIA PLATÃO. A República. O Mito da Caverna. Livro VII. 6° ed. Ed. Atena, 1956. SOUZA, Maurício. Mito da Caverna - versão - Platão por Maurício de Souza. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XoU4YAhJzLY. Acesso em 03 mar 2015. WACHOWSKI, Lana. MATRIX. EUA, 1999.