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COIMBRA, CIDADE DE TODOS    Programa de Formação Técnicos de Inserção e inter/ multiculturalidade   21 Junho 2006 Estratégias de Intervenção - treino de estratégias com indivíduos/grupos. Metodologias de Intervenção e Criatividade.   Carlos Jorge
Cultura Cigana ,[object Object],Culturas Ciganas?
A etnicidade cigana  é Homogénea? ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],A sua cultura é heterogenea?
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],Identidade
Significado da identidade ao nível individual ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
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Identidade Cultural: Concepções subjectivistas ,[object Object],[object Object],[object Object]
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Construção da diferença Práticas políticas Ciências História Mecanismo Cognitivo
Construção da diferença   Mecanismo cognitivo O preconceito e o estereotipo operam segundo o principio da economia cognitiva. É através da visão que construímos o nosso conhecimento da diferença. Distinguimos as pessoas pela cor da pele –  gama cromática
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A diversidade entre os ciganos. ...
      os ROM, ou Roma (homem ou marido)     que falam a  língua romani . São divididos em vários subgrupos, com denominações próprias, como os Kalderash, Matchuaia, Lovara, Curara. São predominantes nos  países balcânicos,  mas a partir do Século XIX migraram também para outros países europeus e para as Américas.     os  SINTI       que falam a  língua sintó  e são mais predominam na  Alemanha, Itália e França , onde também são chamados Manouch.   os CALÓ ou CALÉ (preto)   que falam a  língua caló,  os  “ciganos ibéricos ”, que vivem principalmente  em Portugal e na Espanha,  onde são mais conhecidos como Gitanos, mas que no decorrer dos tempos se espalharam também por outros países da Europa e foram deportados ou migraram inclusive para  a América do Sul.  
Origem dos Nomes/grupos Estes grupos e dezenas de subgrupos, cujos nomes muitas vezes derivam de :   1   Profissões       Kalderash = caldeireiros  Ursari = domadores de ursos . 2 procedência geográfica      Moldovaia, Piemontesi 3   Antepassado Comum     Os Maias
  -  As formas de institucionalização :  os seus regulamentos próprios, as suas leis, as suas estruturas hierárquicas, as relações de poder; B -  O sistema de diferenciação  que permite agir sobre as acções dos outros : o estatuto ou privilégio, as competências ou saber-fazer;   C -  As modalidades instrumentais do poder : pelos efeito da palavra, por mecanismos de controle, de vigilância, as regras explicitas ou implícitas;  d  -  Os objectivos perseguidos com o exercício do poder : manutenção de privilégios e pôr em acção a autoridade.   Ao analisar a instituição familiar cigana procuraremos compreender:
M atriz   C ultural Matrimónio/virgindade Luto / Pomana Leis Ciganas / Kris Mahrimé Língua Romanó / Caló Representação da Sociedade “Pailha” Homens de Respeito Respeito pelos Mortos Musica Respeito pelos Territórios Trabalho étnico Família Extensa
Virgindade ,[object Object],[object Object],[object Object]
M atrimónio Diversidade no matrimonio: “ Está Pedido (a)” -  Casamento por iniciativa dos pais, sem consulta dos filhos; - Casamento por iniciativa dos jovens desde que não exista oposição dos pais; - Casamento em que predomina a “fuga”. Ritual aceite pelo grupo. Concilio de Trento – 1563 – 24 ª Sessão Código Cível Portugues “ Inião de Facto” Casamento só “Biológico”? As roupas do pai são rasgadas Fuga(vale como casamento): Gosta de outra pessoa; Já não está virgem etc.
Imposto de Selo 80 Reis Francisco da Silva Figueira, Prior da Pena, ;; i Certifico que no Livro 28 dos baptismos desta freguesia, folhas 219- V está o termo ~ do seguinte:  Aos vinte e quatro de julho do ano de mil oitocentos e sessenta e dois,  pelas onze horas da manhã nesta Igreja Paroquial da Pena, Bairro Alto, e de Lisboa  baptizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de José , que nasceu pelas quatro horas da manhã do dia quatro de Maio ultimo, agencia, digo  filho legitimo de Manoel Maia e de Maria Roza ambos baptizados e recebidos na freguesia dos Anjos desta cidade e moradores nesta freguesia , na Carreira dos Carvalhos, neto paterno de António da Maia e de Maria Josefa e materno de Pedro Rodrigues e Encarnação Garcia.  Foi padrinho o excelentíssimo  Conde d'Anadia,  José Paes, casado, morador na Rua de São João das Bem Casadas, freguesia de Santa Isabel, e madrinha Nossa Senhora e a José (?) José Bongas (?), casado, morador na Freguesia dos Anjos. Declara que o padrinho foi representado por Diogo Henrique Bettencourt, lavrei em duplicado este assento, que depois de ser lido e conferido presentes os padrinhos, comigo assinaram O Prior Joaquim José Baptista Mendes -Diogo Henrique Bettencourt - José Bongas transladado. P~na,  7 de Março 1891 A Data: Lisboa 11 de Março de 1891 Notas: Existem palavras que não percebi. Registo de Baptismo
Luto / Pomana  (ritos funerários) “ Manton” Cabelo Rapado superstição Musica, álcool e participação em divertimentos o luto que une toda a comunidade na dor   o  respeito pelos mortos , e quando a eles se referem dizem sempre:  “  que Deus o tenha ...  ( em  descanso)”   É a pior ofensa que se pode fazer a um cigano é  “renegar os seus mortos ”.
Ritos Fúnebres Lamentos e gritos de dor
Homens de Respeito o enobrecimento dos “homens de respeito” (mais velhos) -  os tios ; Isto não significa que a condução dos destinos das comunidades ciganas esteja nas mãos da gerontocracia a quem se obedece de forma submissa. Não poderemos confundir respeito com submissão.
Mahrimé A impureza inerente a certos momentos da vida sexual – menstruação, partos. Interditos Mas não só...  Papusza  (Boneca) Polónia Uma das maiores poetas e cantoras de todos os tempos. Livros que incluía poemas seus. Depois da publicação do livro foi levada a julgamento e foi declarada Mahrimé. Passou 8 meses no hospital psiquiátrico de Silésia, depois durante 34 anos, até a sua morte em 1987, viveu sozinha e isolada. Cobras, ratos, sapos e outros que se poleiem lambendo-se são considerados mahrimé
Leis Ciganas / Kris A s  “leis ciganas” que imergem do seu direito consuetudinário. A  Kris  é uma assembleia/tribunal que reúne os tios/homens de respeito para dirimir situações de conflitos entre famílias, pessoas etc. DOIS EXEMPLOS: Proibir a emancipação dos indivíduos, em favor da preservação do grupo. O caso de   Papusza Oswaldo Macedo  Brasileiro - médico com 70 anos conta: que quando pretendeu candidatar-se a medicina foi-lhe dito que não poderia porque seria mahrimé. O caso foi levado à Kris. A sua avó defende-o dizendo que ele para fazer cirurgias teria que usar luvas, logo... Não era mahrimé. ...o  kris romani , uma espécie de  tribunal cigano,  sempre apresentado como algo tipicamente “cigano”, quando, na realidade é um elemento cultural apenas dos Kalderash, que o tomaram emprestado da sociedade rural romena, e que não existiria nem entre os ciganos Rom Lovara  e é desconhecido também entre os Sinti e Caló
Língua Romanó / Caló a língua romanó/caló  elemento de união identificador e de pertença (nacional e transnacional);   El Kralis há nicobado la liri de los calés (O rei destruiu a lei dos ciganos) Referem-se a Carlos III que considerou todos os ciganos “Castelhanos Novos” com direitos iguais aos outros. Foi proibido o uso da palavra cigano.   Desde o  Século XVIII  costuma-se atribuir aos ciganos apenas uma única língua, comum a todos, a  língua romani,  parcialmente de origem indiana, embora esta tenha também inúmeras palavras de origem persa, turca, grega, romena e de outros países por onde passaram.    línguas derivadas do Romani   Na realidade,  os ciganos falaam várias línguas ou dialectos que, apesar de  terem   aparentemente uma origem em comum , hoje apresentam profundas variações regionais que tornam uma comunicação cigana internacional na prática impossível línguas derivadas do Latim Algo semelhante à actual comunicação entre franceses, italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros, que todos falam línguas derivadas do Latim: muitas palavras podem ser entendidas por todos, principalmente quando escritas, mas a comunicação verbal na maioria das vezes é difícil, quando não impossível.    Dialectos Algo semelhante à actual comunicação entre franceses, italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros, que todos falam línguas derivadas do Latim: muitas palavras podem ser entendidas por todos, principalmente quando escritas, mas a comunicação verbal na maioria das vezes é difícil, quando não impossível.    Dialectos        
Família Extensa A  família extensa  engloba todos os indivíduos  da mesma linhagem (parentes consanguíneos ou afins). Família Nuclear  (pais e filhos) – em situações de conflito - tem prioridade sobre todos os outros vínculos sociais. a  família extensa  prioritária sobre qualquer outros vínculos sociais.
Música j)      a música  faz parte do núcleo familiar  cigano, do processo de socialização primária da criança cigana, e está inclusa  nas diferentes formas de construção  identitária de que a criança é sujeito e objecto no seio da família cigana. Constrói espaços de sociabilidade. É um modo de vida.
Trabalho étnico quiromancia Cartomancia Kalderash = caldeireiros  Ursari = domadores de ursos  foram escravos. Alquiladores Circo/Dança/musica
Representação da Sociedade  “ Pailha” Este  mosaico de grupos diversificados  não permite tipificar um tipo determinado e único de representação da sociedade “pailha”. As estratégias de adaptação (tem uma tradição de mudança) que tiveram necessidade de desenvolver, fez emergir uma  cultura de resistência  e estratégias  defensivas.  Os ciganos tem sido em cada momento histórico justamente o que é possível ser.
Entendo a cultura como algo que é de difuso, inacabado e em constante movimento O que é a cultura?
em vez   do direito à diferença, a política de homogeneidade cultural impôs o direito à indiferença .  B. S. Santos   O que têm feito as políticas culturais ?
[object Object],Resolução de Conflitos
Génese dos Conflitos entre Grupos Linchamentos, os progroms, os massacres, genecidio étnico, eliminação de judeus, ciganos, religiosos etc. Exterminação Oposição de interesses e competição Frustração -agressão Violência física contra elementos do grupo hostilizado: violência étnica – politica de grupos de cabeças-rapadas, etc. Ataque Físico “ Espírito fechado” Consequenciais na vida dos grupos: são excluídos de bairros, escolas, direitos políticos ou privilégios sociais. Descriminação  As pessoas evitam o contacto com os membros do outro grupo Evitamento Procura de Justiça Social Personalidade autoritária As pessoas verbalizam os seus próprios conceitos entre amigos ou, por vezes, com estranhos  Verbalização Negativa   Outras Razões Tipos de personalidade Tipificação Preconceitos  Negativos
[object Object]
Aspectos quantitativos ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Aspectos de Estatuto ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Aspectos de Papel ,[object Object],[object Object]
Atmosfera Social Envolvente ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Personalidade dos Indivíduos ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Áreas de contacto ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
a procura de uma nova  Epistemologia da Formação Formar-se, não é instruir-se   ; é antes de mais, reflectir, pensar numa experiência vivida [...].  Formar-se é aprender a construir uma distância face à sua própria experiência  de vida, é aprender a contá-la através de palavras, é ser capaz de a conceptualizada.  Formar   é aprender a destrinçar, dentro de nós, o que diz respeito ao  imaginário e o que diz respeito ao real ,  o que é da ordem do  vivido  e o que é da ordem do  concebido  (ou a conceber), o que é do domínio do  pretendido,  isto é do  projecto .   Rémy Hess (1985)
Consciência contextualizada ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Obrigado pela vossa atenção
 

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  • 1. COIMBRA, CIDADE DE TODOS Programa de Formação Técnicos de Inserção e inter/ multiculturalidade 21 Junho 2006 Estratégias de Intervenção - treino de estratégias com indivíduos/grupos. Metodologias de Intervenção e Criatividade. Carlos Jorge
  • 2.
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  • 8.
  • 9.
  • 10.
  • 11. Construção da diferença Práticas políticas Ciências História Mecanismo Cognitivo
  • 12. Construção da diferença Mecanismo cognitivo O preconceito e o estereotipo operam segundo o principio da economia cognitiva. É através da visão que construímos o nosso conhecimento da diferença. Distinguimos as pessoas pela cor da pele – gama cromática
  • 13.
  • 14.
  • 15.
  • 16.
  • 17. A diversidade entre os ciganos. ...
  • 18.       os ROM, ou Roma (homem ou marido)     que falam a língua romani . São divididos em vários subgrupos, com denominações próprias, como os Kalderash, Matchuaia, Lovara, Curara. São predominantes nos países balcânicos, mas a partir do Século XIX migraram também para outros países europeus e para as Américas.     os SINTI       que falam a língua sintó e são mais predominam na Alemanha, Itália e França , onde também são chamados Manouch.   os CALÓ ou CALÉ (preto)   que falam a língua caló, os “ciganos ibéricos ”, que vivem principalmente em Portugal e na Espanha, onde são mais conhecidos como Gitanos, mas que no decorrer dos tempos se espalharam também por outros países da Europa e foram deportados ou migraram inclusive para a América do Sul.  
  • 19. Origem dos Nomes/grupos Estes grupos e dezenas de subgrupos, cujos nomes muitas vezes derivam de :   1   Profissões       Kalderash = caldeireiros Ursari = domadores de ursos . 2 procedência geográfica     Moldovaia, Piemontesi 3   Antepassado Comum     Os Maias
  • 20.   - As formas de institucionalização : os seus regulamentos próprios, as suas leis, as suas estruturas hierárquicas, as relações de poder; B - O sistema de diferenciação que permite agir sobre as acções dos outros : o estatuto ou privilégio, as competências ou saber-fazer;   C - As modalidades instrumentais do poder : pelos efeito da palavra, por mecanismos de controle, de vigilância, as regras explicitas ou implícitas; d - Os objectivos perseguidos com o exercício do poder : manutenção de privilégios e pôr em acção a autoridade.   Ao analisar a instituição familiar cigana procuraremos compreender:
  • 21. M atriz C ultural Matrimónio/virgindade Luto / Pomana Leis Ciganas / Kris Mahrimé Língua Romanó / Caló Representação da Sociedade “Pailha” Homens de Respeito Respeito pelos Mortos Musica Respeito pelos Territórios Trabalho étnico Família Extensa
  • 22.
  • 23. M atrimónio Diversidade no matrimonio: “ Está Pedido (a)” - Casamento por iniciativa dos pais, sem consulta dos filhos; - Casamento por iniciativa dos jovens desde que não exista oposição dos pais; - Casamento em que predomina a “fuga”. Ritual aceite pelo grupo. Concilio de Trento – 1563 – 24 ª Sessão Código Cível Portugues “ Inião de Facto” Casamento só “Biológico”? As roupas do pai são rasgadas Fuga(vale como casamento): Gosta de outra pessoa; Já não está virgem etc.
  • 24. Imposto de Selo 80 Reis Francisco da Silva Figueira, Prior da Pena, ;; i Certifico que no Livro 28 dos baptismos desta freguesia, folhas 219- V está o termo ~ do seguinte: Aos vinte e quatro de julho do ano de mil oitocentos e sessenta e dois, pelas onze horas da manhã nesta Igreja Paroquial da Pena, Bairro Alto, e de Lisboa baptizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de José , que nasceu pelas quatro horas da manhã do dia quatro de Maio ultimo, agencia, digo filho legitimo de Manoel Maia e de Maria Roza ambos baptizados e recebidos na freguesia dos Anjos desta cidade e moradores nesta freguesia , na Carreira dos Carvalhos, neto paterno de António da Maia e de Maria Josefa e materno de Pedro Rodrigues e Encarnação Garcia. Foi padrinho o excelentíssimo Conde d'Anadia, José Paes, casado, morador na Rua de São João das Bem Casadas, freguesia de Santa Isabel, e madrinha Nossa Senhora e a José (?) José Bongas (?), casado, morador na Freguesia dos Anjos. Declara que o padrinho foi representado por Diogo Henrique Bettencourt, lavrei em duplicado este assento, que depois de ser lido e conferido presentes os padrinhos, comigo assinaram O Prior Joaquim José Baptista Mendes -Diogo Henrique Bettencourt - José Bongas transladado. P~na, 7 de Março 1891 A Data: Lisboa 11 de Março de 1891 Notas: Existem palavras que não percebi. Registo de Baptismo
  • 25. Luto / Pomana (ritos funerários) “ Manton” Cabelo Rapado superstição Musica, álcool e participação em divertimentos o luto que une toda a comunidade na dor o respeito pelos mortos , e quando a eles se referem dizem sempre: “ que Deus o tenha ... ( em descanso)” É a pior ofensa que se pode fazer a um cigano é “renegar os seus mortos ”.
  • 26. Ritos Fúnebres Lamentos e gritos de dor
  • 27. Homens de Respeito o enobrecimento dos “homens de respeito” (mais velhos) - os tios ; Isto não significa que a condução dos destinos das comunidades ciganas esteja nas mãos da gerontocracia a quem se obedece de forma submissa. Não poderemos confundir respeito com submissão.
  • 28. Mahrimé A impureza inerente a certos momentos da vida sexual – menstruação, partos. Interditos Mas não só... Papusza (Boneca) Polónia Uma das maiores poetas e cantoras de todos os tempos. Livros que incluía poemas seus. Depois da publicação do livro foi levada a julgamento e foi declarada Mahrimé. Passou 8 meses no hospital psiquiátrico de Silésia, depois durante 34 anos, até a sua morte em 1987, viveu sozinha e isolada. Cobras, ratos, sapos e outros que se poleiem lambendo-se são considerados mahrimé
  • 29. Leis Ciganas / Kris A s “leis ciganas” que imergem do seu direito consuetudinário. A Kris é uma assembleia/tribunal que reúne os tios/homens de respeito para dirimir situações de conflitos entre famílias, pessoas etc. DOIS EXEMPLOS: Proibir a emancipação dos indivíduos, em favor da preservação do grupo. O caso de Papusza Oswaldo Macedo Brasileiro - médico com 70 anos conta: que quando pretendeu candidatar-se a medicina foi-lhe dito que não poderia porque seria mahrimé. O caso foi levado à Kris. A sua avó defende-o dizendo que ele para fazer cirurgias teria que usar luvas, logo... Não era mahrimé. ...o kris romani , uma espécie de tribunal cigano, sempre apresentado como algo tipicamente “cigano”, quando, na realidade é um elemento cultural apenas dos Kalderash, que o tomaram emprestado da sociedade rural romena, e que não existiria nem entre os ciganos Rom Lovara e é desconhecido também entre os Sinti e Caló
  • 30. Língua Romanó / Caló a língua romanó/caló elemento de união identificador e de pertença (nacional e transnacional); El Kralis há nicobado la liri de los calés (O rei destruiu a lei dos ciganos) Referem-se a Carlos III que considerou todos os ciganos “Castelhanos Novos” com direitos iguais aos outros. Foi proibido o uso da palavra cigano.   Desde o Século XVIII costuma-se atribuir aos ciganos apenas uma única língua, comum a todos, a língua romani, parcialmente de origem indiana, embora esta tenha também inúmeras palavras de origem persa, turca, grega, romena e de outros países por onde passaram.   línguas derivadas do Romani   Na realidade, os ciganos falaam várias línguas ou dialectos que, apesar de terem aparentemente uma origem em comum , hoje apresentam profundas variações regionais que tornam uma comunicação cigana internacional na prática impossível línguas derivadas do Latim Algo semelhante à actual comunicação entre franceses, italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros, que todos falam línguas derivadas do Latim: muitas palavras podem ser entendidas por todos, principalmente quando escritas, mas a comunicação verbal na maioria das vezes é difícil, quando não impossível.   Dialectos Algo semelhante à actual comunicação entre franceses, italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros, que todos falam línguas derivadas do Latim: muitas palavras podem ser entendidas por todos, principalmente quando escritas, mas a comunicação verbal na maioria das vezes é difícil, quando não impossível.   Dialectos        
  • 31. Família Extensa A família extensa engloba todos os indivíduos da mesma linhagem (parentes consanguíneos ou afins). Família Nuclear (pais e filhos) – em situações de conflito - tem prioridade sobre todos os outros vínculos sociais. a família extensa prioritária sobre qualquer outros vínculos sociais.
  • 32. Música j)    a música faz parte do núcleo familiar cigano, do processo de socialização primária da criança cigana, e está inclusa nas diferentes formas de construção identitária de que a criança é sujeito e objecto no seio da família cigana. Constrói espaços de sociabilidade. É um modo de vida.
  • 33. Trabalho étnico quiromancia Cartomancia Kalderash = caldeireiros Ursari = domadores de ursos foram escravos. Alquiladores Circo/Dança/musica
  • 34. Representação da Sociedade “ Pailha” Este mosaico de grupos diversificados não permite tipificar um tipo determinado e único de representação da sociedade “pailha”. As estratégias de adaptação (tem uma tradição de mudança) que tiveram necessidade de desenvolver, fez emergir uma cultura de resistência e estratégias defensivas. Os ciganos tem sido em cada momento histórico justamente o que é possível ser.
  • 35. Entendo a cultura como algo que é de difuso, inacabado e em constante movimento O que é a cultura?
  • 36. em vez do direito à diferença, a política de homogeneidade cultural impôs o direito à indiferença . B. S. Santos O que têm feito as políticas culturais ?
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  • 38. Génese dos Conflitos entre Grupos Linchamentos, os progroms, os massacres, genecidio étnico, eliminação de judeus, ciganos, religiosos etc. Exterminação Oposição de interesses e competição Frustração -agressão Violência física contra elementos do grupo hostilizado: violência étnica – politica de grupos de cabeças-rapadas, etc. Ataque Físico “ Espírito fechado” Consequenciais na vida dos grupos: são excluídos de bairros, escolas, direitos políticos ou privilégios sociais. Descriminação As pessoas evitam o contacto com os membros do outro grupo Evitamento Procura de Justiça Social Personalidade autoritária As pessoas verbalizam os seus próprios conceitos entre amigos ou, por vezes, com estranhos Verbalização Negativa Outras Razões Tipos de personalidade Tipificação Preconceitos Negativos
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  • 46. a procura de uma nova Epistemologia da Formação Formar-se, não é instruir-se ; é antes de mais, reflectir, pensar numa experiência vivida [...]. Formar-se é aprender a construir uma distância face à sua própria experiência de vida, é aprender a contá-la através de palavras, é ser capaz de a conceptualizada. Formar é aprender a destrinçar, dentro de nós, o que diz respeito ao imaginário e o que diz respeito ao real , o que é da ordem do vivido e o que é da ordem do concebido (ou a conceber), o que é do domínio do pretendido, isto é do projecto . Rémy Hess (1985)
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  • 48. Obrigado pela vossa atenção
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