Este documento apresenta uma entrevista com o fotógrafo de rua português Rui Palha. Na entrevista, Rui Palha discute como começou a fazer fotografia de rua aos 14 anos, os desafios que enfrentou como fotógrafo de rua em Portugal, e seu desejo de contar histórias e mostrar a beleza humana através de suas fotografias. Ele também fornece conselhos valiosos para aspirantes a fotógrafos de rua.
6. "A fotografia é uma parte muito importante do meu espaço ...
é descobrir, é para capturar dando vazão ao que o coração sente
e vê em um determinado momento, é estar na rua, experimentando,
a compreensão, aprendizagem e, essencialmente, praticar a liberdade de ser,
de viver, de pensar ... "
7.
8. Ao procurar a biografia de Rui Palha, pouco se encontra sobre o mesmo,
Português que se diz fotografo amador que tem a fotografia na sua vida
desde os 14 anos de idade ficando alguns períodos sem fotografar até 2001
quando desde então se dedica a fotografia de rua e a projeto social.
Fotografo de rua, a mesma de onde vem toda sua inspiração retratando cotidiano de Lisboa,
em regiões menos privilegiadas mostrando populares e seu dia a dia.
Para melhor conhecer Rui Palha e seu trabalho deixo uma entrevista cedida ao site de
Erickimphotography.com onde é possível entender um pouco desse grande Fotografo.
9.
10. 1.
RUI,
VOCÊ
TEM
FOTOGRAFIAS
DE
RUA
EM
PRETO
E
BRANCO
FENOMENAIS.
PODE
NOS
CONTAR
COMO
COMEÇOU
A
FAZER
FOTOGRAFIA
DE
RUA?
Primeiro devo “dizer” que não sou muito bom a expressar os meus sentimentos, nem pensamentos através de palavras.
Prefiro fazer isso através de imagens, mas vou tentar colocar em palavras o que quer saber acerca de mim.
A fotografia é um hobby desde os 14 anos de idade. Tinha a minha própria câmara escura, mas para ser honesto,
desde miúdo só gostava era mesmo de “clicar” nas ruas. Sentia-me sempre maravilhado, hipnotizado mesmo,
com o movimento das pessoas, com as suas expressões, suas reações…
Sentia que era um desafio fantástico o registro de toda aquela animação da vida quotidiana e uma maneira de aprender
sobre o ambiente que me rodeava. No meu “mundo fotográfico” todas as pessoas são únicas e a componente mais
importante de minhas fotografias. Esta frase define o meu modo de estar na fotografia e… na vida:
“A fotografia faz parte integrante do meu espaço… é descobrir, é captar, dando vazão ao que o coração sente e vê num
determinado momento, é estar na rua, experimentando, conhecendo, aprendendo e, essencialmente, praticando a
liberdade de ser, de estar, de viver, de pensar…”.
11.
12. 2.
HÁ
QUANTO
TEMPO
FAZ
FOTOGRAFIA
DE
RUA
E
QUAIS
FORAM
OS
OBSTÁCULOS
OU
DIFICULDADES
QUE
ENCONTROU?
Fotografo desde os 14 anos de idade (como escrevi antes), com interrupções grandes até 2001, desde então,
quase todo o meu tempo é dedicado à fotografia de rua e a projetos sociológicos de longo prazo em bairros
problemáticos de Lisboa. Aqui em Portugal ser fotógrafo de rua não é muito fácil.
Há muitos lugares “proibidos”… o metro, centros comerciais, bairros problemáticos, etc, mas provavelmente,
é o perigo que de alguma forma me atrai, provoca e faz subir a adrenalina.
Às vezes tenho problemas com o pessoal de segurança ou com pessoas que não querem ser fotografadas,
mas tudo pode ser resolvido com frontalidade e uma conversa franca e direta.
De qualquer forma devo dizer que, por vezes, tive alguns problemas com pessoas mais agressivas e que,
depois de algumas palavras (às vezes uma longa conversa), quase se tornam numa espécie de amigos, e desde
aquele momento, acabo por não ter qualquer problema nesse lugar específico, pois sou “eleito” como um “protegido”,
um cúmplice. Tenho muitas experiências memoráveis e histórias durante a minha fase de fotografia de rua,
mas não tenho tempo nem espaço suficiente para contar isso agora.
Acho, ou melhor, tenho a certeza, de que a rua é uma escola, uma grande parte do meu “eu” foi construído com o que
tenho aprendido nas ruas.
13.
14. 3.
O
QUE
DESEJA
TRANSMITIR
ATRAVÉS
DE
SUA
FOTOGRAFIA?
Não sei, mas acho que tento ser um contador de histórias utilizando imagens, transmitindo aos outros
o que “vejo” todos os dias durante as minhas caminhadas “na rua”.
O meu “mundo” fotográfico é Lisboa, 90% das minhas fotos são feitas na minha própria cidade, onde as
pessoas anônimas são os atores principais das minhas fotografias. Tento estabelecer uma ligação profunda
com os seus sentimentos, pensamentos, com a ajuda dos seus gestos, movimentos… Tento sempre mostrar,
entre as cenas da vida real e da vida quotidiana, a beleza que existe sempre dentro das pessoas desconhecidas,
dos meus modelos “de rua”, a beleza da raça humana independentemente da cor, religião e política.
Como sabe eu sou um amador e eu vou ter esse status até o final da minha vida. É a única maneira de fazer o
que eu quero é não o que os outros querem que eu faça.
Toda a gente tem que ter (e sentir) a liberdade de criar, para conseguir refletir o que está dentro de si.
15.
16. 4.
QUANDO
ESTÁ
FORA,
NAS
RUAS
A
FOTOGRAFAR,
O
QUE
O
INSPIRA
A
CAPTURAR
UMA
DETERMINADA
CENA
OU
IMAGEM?
Tantos fatores… o momento em si, a magia da luz, um enquadramento que chama a minha atenção,
uma cena que construí dentro da minha cabeça, o grafismo que as pessoas “desenham” enquanto se movimentam…
Henri Cartier Bresson disse acerca da Fotografia “A cabeça, o “olho” e o coração devem estar no mesmo eixo”.
Para mim esta frase significa, estar sempre “em cima” do momento e registra, o que foi vislumbrado à primeira
vista (ou o que se conseguiu antever antes mesmo do momento acontecer, ou que nos atraiu, sem se perceber bem a razão),
sempre com um sentido composicional o mais coerente possível.
17. Temos de ter a capacidade de antecipar, compreender,
“ver”, “sentir” uma cena de rua numa fração de segundo
e devemos registrar esse momento num enquadramento,
se possível, perfeito. O sentido composicional é fundamental,
não somente o registro do momento.
Para isso dever-se-á ter a cabeça, o “olho”, o coração… e o dedo,
no mesmo eixo. E eu penso que este eixo, esta característica,
é indispensável para ser um “Fotógrafo de Rua” e não, somente,
um vulgar “caçador” de momentos, sem qualquer critério,
“disparando” sobre tudo o que mexe.
18. Muitas vezes, devemos ser invisíveis, fazer parte integrante do cenário,
isto nos permitirá uma grande proximidade a certas situações mais problemáticas.
Outras vezes temos de estabelecer uma ligação muito forte com os “modelos de rua”,
falando com eles, escutando-os, respeitando-os.
Temos que potenciar a nossa capacidade de “olhar” e “ver” os momentos interessantes…
momentos engraçados, momentos diferentes, enquadramentos criativos…
temos que entender a “iluminação” e tentar usá-la da melhor maneira possível.
A fotografia de rua não é uma maneira fácil de fazer fotografia… temos que ser corajosos
e astutos. E ter a capacidade de antecipar o momento antes que ele aconteça.
19.
20. 5.
QUEM
SÃO
ALGUNS
FOTÓGRAFOS
QUE
APRECIA,
E
COMO
ELES
TÊM
AFECTADO
O
SEU
TRABALHO?
Henri Cartier Bresson, de fato, Garry Winogrand e Elliot Erwitt, entre outros,
são a minha “inspiração”. Aprendi muito observando o seu trabalho.
21.
22. 6.
DESCREVA
A
FOTOGRAFIA
DE
RUA
FAVORITA
QUE
FEZ.
QUANDO
E
ONDE
TIROU
A
FOTO,
E
POR
QUE
É
ESPECIAL
PARA
SI?
Para ser honesto, eu não tenho uma fotografia de rua
favorita… estou sempre à procura do “TAL” momento, que
sinto que nunca registrei, mas que irei sempre atrás
“dele”. Mas… todas as minhas fotografias de rua são
importantes para mim, porque têm sempre uma história
humana por trás.
23.
24. 7. QUE TIPO DE CÂMARA E LENTES QUE UTILIZA NA SUA FOTOGRAFIA DE RUA?
COMO UTILIZA O SEU EQUIPAMENTO PARA CAPTURAR AS SUAS SURPREENDENTES IMAGENS?
Eu uso vários tipos de equipamento, dependendo do que eu quero obter como resultado final
e dos locais a que vou. Levo sempre no bolso uma câmara compacta para os “lugares proibidos”,
como metro, grandes centros comerciais e “lugares problemáticos”.
Ultimamente estou a usar uma Leica Dlux 5 e/ou uma Fujfilm X100. Com câmaras SLR/DSLR só
uso lentes de 20mm, 35mm e 50mm. Às vezes, mas poucas vezes, com a minha Nikon D700 uso
uma lente zoom Nikon 14-24 f/2.8.
Concordo completamente e tento sempre seguir a citação de Robert Capa, quando fotografo:
“Se as tuas fotografias não estão suficientemente boas, é porque não estás suficientemente perto”.
25.
26. 8.
NO
FLICKR
TEM
UMA
COMUNIDADE
MARAVILHOSA
DE
OUTROS
FOTÓGRAFOS
QUE
APOIAM
E
COMENTAM
O
SEU
TRABALHO.
COMO
CONSTRUIU
ESSA
COMUNIDADE
TÃO
FORTE?
A internet é muito importante para mim, não só para difundir o meu trabalho.
Eu aprendo muito vendo muitas fotografias de muitos fotógrafos de todo o mundo.
É também uma maneira de ver como o mundo vai “andando”. Provavelmente essa
comunidade que fala pensa da mesma forma que eu... não sei. Acho que deve fazer
a pergunta a todos eles… eu não sei exatamente.
27.
28. 9.
QUE
DICAS
VOCÊ
DARIA
AOS
ASPIRANTES
A
FOTÓGRAFOS
DE
RUA
NA
COMUNIDADE?
Na minha humilde opinião, eu acho que não é possível “ensinar” fotografia de rua,
pelo menos para mim, como sabe (eu sempre disse isso), sou e serei um eterno aprendiz...
cada dia aprendo algo de novo nas ruas, com as pessoas, com a vida.
A maneira que utilizo para aprender “fotografia de rua” é a maneira que todos podem utilizar
para aprender também. Algumas dicas que li em algum lugares, e com as quais concordo:
29. 1. Aproxime-se do assunto, torne-o objeto principal do seu enquadramento.
A fotografia de rua é toda sobre observar as pessoas, as suas ações e justaposições.
Mantenha os olhos abertos, e procure ligações interessantes. É mais provável
conseguir uma fotografia interessante, quando faz parte da cena, reagindo às
emoções e drama, do que estando fora dela.
30. 2. Seja natural com a sua câmara mantendo-a afastada do seu rosto, tanto quanto possível.
Tente evitar parecer um “fotógrafo”.
Como efeito colateral, tentar esconder a câmara e fotografar ás às escondidas pode torná-lo suspeito.
Como disse, seja natural com a câmara.
31. 3. Não leve consigo muito equipamento.
Vai torná-lo menos intrusivo se for capaz de se mover rapidamente.
Antecipar momentos antes que eles aconteçam.
Tenha sua câmara pronta para “disparar” em todos os momentos.
As situações podem mudar rapidamente na rua por isso, se não estiver preparado vai perder
muitas oportunidades.
Aleio de conclusão
Goste das pessoas
Respeite as pessoas
Tenha sempre a capacidade de ouvir as pessoas, elas são verdadeiras lições de vida.
Tente entender as pessoas, os seus pensamentos, movimentos, sentimentos, alma.
Seja destemido e corajoso
Tente estar o mais próximo possível das pessoas que deseja fotografar. Desta forma,
vai conhecer e sentir a sua alma e vice-versa.
32. 10.
OBRIGADO
POR
ESTA
ENTREVISTA
FANTÁSTICA.
TEM
MAIS
ALGUMAS
OBSERVAÇÕES
FINAIS
QUE
GOSTARIA
DE
FALAR?
Gostem do vosso trabalho de rua antes de espalhá-lo por toda parte.
Sejam muito críticos e exigentes convosco.
Desfrutem a vida, as pessoas e a rua.
Desta forma estão a desfrutar de todo o mundo, e é uma maneira de crescer sob todos os aspectos.
33. Veja
mais
do
trabalho
maravilhoso
do
Rui
em:
http://www.ruipalha.com/
http://www.estudio14a.com/ruipalha#!__ruipalha1
http://www.flickr.com/photos/ruipalha/
http://ruipalha.portfolio.artlimited.net/
http://1x.com/artist/5005#!/artist/ruipalha/photos
http://ruipalha.fineart-portugal.com/
https://www.facebook.com/pages/Street-Photography-by-Rui-Palha/159632290717501?v=wall
Entrevista :
Fonte: erickimphotography.com
Todas as fotos são de direitos reservados do autor Rui Palha.
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