O documento descreve o filme "And the Band Played On" sobre o início da epidemia de AIDS. O filme mostra como a doença inicialmente atingiu homens gay e o preconceito gerado, as hipóteses iniciais de pesquisa e as dificuldades encontradas devido a falta de cooperação e interesses pessoais de cientistas.
1. E A VIDA CONTINUA
No começo do filme o doutor Don Francis chega à África (1976) e encontra
uma comunidade devastada pela epidemia do Ebola. Nesta cena aparece um
africano que questiona o doutor: “Por que isto acontece? Você é médico! Como não
sabe!”, em seguida uma legenda que diz: “A epidemia do vírus do Ebola foi contida,
não era AIDS, e sim um aviso do que estava por vir.” Ou seja, por pior que tenha
sido a epidemia do Ebola, ela foi controlada, já a AIDS, que é a doença tratada pelo
filme, representaria um perigo ainda maior, mesmo por que é uma “nova doença”;
que trará novos desafios e muitas dificuldades para médicos e pesquisadores. Assim
a premissa do filme relaciona-se com o restante por se tratar do controle da doença
e do desconhecido, que no caso era o que estava por vir.
O filme mostra o nascimento de um problema de pesquisa a partir de um fato:
uma epidemia de uma doença desconhecida. No início os casos foram evidenciados
apenas em homossexuais, sobre isto a cena em que aparece Bill Krauss pedindo ao
partido democrata que “reconheça a comunidade gay também é humana” já nos dá
uma idéia do preconceito que será gerado em torno da doença, que atingiu diversos
homossexuais nos E.U.A (São Francisco, Los Angeles e Nova Iorque). o fato da
doença atingir o sistema imunológico, levando a maioria dos doentes à morte
fundamentou o problema de pesquisa, questionado incessantemente pela equipe do
CCD (Centro de Doenças dos Estados Unidos) em Atlanta, a partir de 1981.
Partindo sempre das questões: “O que achamos, sabemos e podemos provar?”.
As hipóteses iniciais são baseadas em experiências anteriores, e ainda nas
observações do que estava acontecendo, era, portanto, baseado em reflexões e
intuição (o que achamos), mas sem saber com certeza se tal idéia era válida ou não
dentro do campo da ciência, da medicina. Mas, essas hipóteses, essas percepções
fundamentaram estudos profundos da equipe do CCD, inclusive em pesquisas de
campo, questionários, experimentos com sangue, células de pessoas atingidas pela
doença, experiências com ratos, coelhos, na tentativa de provar o que eles haviam
achado ser no primeiro momento. Ocorrem durante todo o filme, pesquisas que
objetivam provar uma intuição.
Em relação ao projeto de pesquisa do mestrado, sobre a questão: “O que
achamos?” penso em todas as hipóteses e/ou inferências pertinentes a assuntos
2. educacionais de maneira geral; Em relação a questão: “O quê sabemos?”
representa parte do “arsenal” teórico (chamamos de “estado da arte”), ou seja, a
literatura produzida pelo assunto que temos maior curiosidade e, por isso, digno de
um aprofundamento; Finalizando com a questão: “O quê podemos provar?” Na
verdade, representa o resultado de todo estudo obtido através de análises empíricas
dos dados colhidos ao longo da pesquisa; compilação de leis gerais estabelecendo
novas abordagens e concepções teóricas e, por fim, descrição dos resultados de
análise.
A proposta do fechamento das saunas parte da hipótese de que a
transmissão da doença ocorre através das relações sexuais (demonstrada através
do exemplo do “doente zero”, o assistente de vôo, que transmitiu a doença ao
relacionar-se sexualmente com outros homens), e um local onde os homossexuais
se encontravam com total liberdade para se relacionarem eram as saunas, por isso,
a equipe do CCD sugeriu o fechamento das mesmas, a fim de evitar uma maior
propagação da doença. - Antes que a sessão começasse o dono de uma das
saunas visitadas disse ao Don Francis que se não fechassem as saunas tanto ele
quanto os médicos teriam “clientes”, ou seja, o dono da sauna continuaria a ter seus
freqüentadores em sua sauna e os médicos teriam pacientes: “ambos teremos
dinheiro” - Mas, por não haver os recursos necessários para as pesquisas, não havia
provas científicas para sustentar as hipóteses. Sendo assim, os homossexuais
acharam que era uma “manobra” do presidente Ronald Reagan para “mantê-los
escondidos no armário”, privando-os de tal liberdade; interessante notar que o
próprio “garoto propaganda do câncer gay” indignou-se com a proposta, e a maioria
dos homossexuais votou contra o fechamento das saunas.
Uma das maiores dificuldades era a falta de informações obre os doadores,
sendo assim, praticamente impossível provar o contagio através da transfusão de
sangue, esta era outra hipótese, pois o especialista em DST averiguou dentre os
casos de contaminação através de transfusão de sangue, os casos, por exemplo, de
um idoso e uma mulher. O banco de sangue recusava-se em fornecer os dados,
pois não queria admitir uma falha destas em seu sistema, pois eles perderiam
credibilidade, e ainda teria que instalar um método para verificar o sangue
contaminado, o que exigia um investimento muito grande, considerado por eles
desnecessário, na relação “custo e benefício”.
3. A postura do doutor Gallo evidencia o interesse maior em quem leva o mérito
da descoberta do retrovírus, do que na contribuição da preservação da vida humana.
Fica claro quando o Dr. Gallo fica revoltado como Don Francis, por ter
enviado amostras para os franceses, e através de outras atitudes, como “roubar” as
amostras enviadas pelos franceses e dizer que eram suas, exigir ser nomeado como
o descobridor do retrovírus, sem levar em conta os demais envolvidos além de cortar
os recursos que supriam o laboratório, dificultando ainda mais as pesquisas. E é
neste sentido, quando situações como estas ocorrem é que o pesquisador falta com
ética, e passa a ser uma pessoa que gananciosa, sem responsabilidade e respeito
pela vida.
Todo o descaso, o preconceito, o jogo de interesses, a falta de ética, de
moral, a ganância tanto por dinheiro quanto por reconhecimento que dificultaram
todo o processo de pesquisa, e conseqüentemente de combate à doença, o que
poderia com certeza ter diminuído o número de mortos justificam a frase do
paciente, pois se a racionalização leva ao desprezo pela vida humana, causa mais
medo a idéia de estar vivo e sofrer as conseqüências desses atos, do que a idéia de
estar morto.
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
4. CURSO DE ENFERMAGEM
DISCIPLINA: MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA
Prof. Ma.: Glenda Ferreira
CAMILA MOREIRA GUIMARÃES DE PARIJÓS
RESENHA:
E A VIDA CONTINUA
BELÉM/PA
2013