1) A função f(x) = 8x - x^2 é uma parábola voltada para baixo com vértice em (4,16). Seu domínio é R e imagem é (-∞,16]. É crescente em (-∞,4) e decrescente em (4,+∞).
2) A função f(x) = |3-x| é modular com vértice em (3,0). Seu domínio é R e imagem é [0,+∞). É decrescente em (-∞,3) e crescente em (3,+∞).
1. FUNÇÕES, SUAS PROPRIEDADES E
GRÁFICO
Prof. Dr. Carlos Campani
Identificar as seguintes funções e investigar analiticamente suas proprie-
dades: domı́nio; imagem; paridade; periodicidade; interseções com os eixos
coordenados; intervalos de monotonia; e extremos. No caso das funções mo-
dulares, determinar o vértice. No caso das funções quadráticas, apresentar a
forma canônica de parábola e determinar vértice e eixo de simetria. Baseado
nestas propriedades deduzidas, construir um esboço do gráfico da função.
1. f(x) = 8x − x2
Função quadrática ou função do 2º grau.
f(x) = −(x2
− 8x) = −(x2
− 8x + 16) + 16 = −(x − 4)2
+ 16
Como não há restrição nenhuma na aplicação de qualquer número real x
na expressão 8x − x2
, dom(f) = R.
Uma vez que −(x − 4)2
≤ 0 para todo R, −(x − 4)2
+ 16 ≤ 16, então
img(f) ⊆ (−∞, 16]. Consideremos y = −(x − 4)2
+ 16 para y ≤ 16. Então,
x = 4 ±
√
16 − y e existe pelo menos um x ∈ R para todo y ≤ 16. Assim,
img(f) = (−∞, 16]. O valor 16 é o máximo absoluto da função e ocorre em
x = 4.
Da forma canônica podemos afirmar que (xv, yv) = (4, 16) e o eixo de
simetria é x = xv = 4. Como a = −1 < 0, a concavidade da parábola é
voltada para baixo.
1
2. Considerar:
f(x2) − f(x1) = 8x2 − x2
2 − (8x1 − x2
1) = 8(x2 − x1) − (x2
2 − x2
1) =
8(x2 − x1) − (x2 + x1)(x2 − x1) = (x2 − x1)(8 − x2 − x1)
• Intervalo (−∞, 4), ou seja, x1 < x2 < 4:
x2 − x1 > 0
8 − x2 − x1 > 0
Logo, f(x2) − f(x1) > 0 e f(x2) > f(x1). (−∞, 4) é intervalo de
crescimento estrito.
• Intervalo (4, +∞), ou seja, 4 < x1 < x2:
x2 − x1 > 0
8 − x2 − x1 < 0
Logo, f(x2) − f(x1) < 0 e f(x2) < f(x1). (4, +∞) é intervalo de
decrescimento estrito.
Interseções com os eixos coordenados:
f(0) = 8.0 − 02
= 0
8x − x2
= 0 ⇒ x(8 − x) = 0 ⇒ x0
= 0 e x00
= 8
Concluimos que existem interseções com o eixo x em (0, 0) e (8, 0). Com
o eixo y e (0, 0).
A função não é par nem ı́mpar, basta ver que:
f(−x) = 8(−x) − (−x)2
= −8x − x2
Que é diferente tanto de f(x) quanto de −f(x).
A função não é periódica pois
f(x) = f(x + t) ⇒ 8x − x2
= 8(x + t) − (x + t)2
⇒
8x − x2
= 8x + 8t − (x2
+ 2tx + t2
) ⇒ t2
+ 2tx − 8t = 0 ⇒ t(t + 2x − 8) = 0
Então, t = 0 ou t = −2x + 8, que não satisfazem a condição de periodi-
cidade que exige t 6= 0 e t constante (independente de x).
2
4. 2. f(x) = |3 − x|
Função modular.
Não existe nenhuma restrição para avaliação da expressão |3 − x|, assim
dom(f) = R.
Sabemos que |t| ≥ 0, então img(f) ⊆ [0, +∞). Abrindo o módulo:
f(x) =
3 − x para x ≤ 3
x − 3 para x 3
No intervalo x 3, f(x) = x − 3 é crescente estritamente (como provare-
mos a seguir), sem valor máximo, e não tem valor mı́nimo, pelo intervalo ser
aberto. No intervalo x ≤ 3, f(x) = 3 − x é decrescente estritamente (como
provaremos a seguir), e portanto tem como valor mı́nimo f(3) = 3 − 3 = 0,
mas não tem valor máximo. Consideremos y = 3 − x no intervalo x ≤ 3,
então x = 3 − y e existe sempre um x ≤ 3 para todo y ≥ 0. Assim,
img(f) = [0, +∞). Disto concluı́mos que o vértice de f é (3, 0).
• Consideremos o intervalo (−∞, 3), com x1 x2 3:
f(x2) − f(x1) = 3 − x2 − (3 − x1) = x1 − x2 0
f(x2) f(x1)
Intervalo é decrescente estritamente.
• Consideremos o intervalo (3, +∞), com 3 x1 x2:
f(x2) − f(x1) = x2 − 3 − (x1 − 3) = x2 − x1 0
f(x2) f(x1)
Intervalo é crescente estritamente.
Consideremos f(−1) = |3 − (−1)| = 4 e f(1) = |3 − 1| = 2. Assim,
f(−1) 6= f(1) e f(−1) 6= −f(1) e a função não é par nem ı́mpar.
4
8. 4. f(x) =
√
4 − x2
Função raiz.
4 − x2
≥ 0 ⇒ x2
≤ 4 ⇒ −2 ≤ x ≤ 2
dom(f) = [−2, 2]
A função é crescente no intervalo [−2, 0] e decrescente no intervalo [0, 2],
como iremos provar a seguir. O maior valor de f(x) =
√
4 − x2, no intervalo
[−2, 0], ocorre em x = 0, f(0) = 2, e o menor valor ocorre em x = −2,
f(−2) = 0. O maior valor da função no intervalo [0, 2] ocorre em x = 0 e o
menor valor em x = 2, f(2) = 0.
Assim, img(f) ⊆ [0, 2]. Consideremos y =
√
4 − x2 para y ∈ [0, 2]. Entao
x = ±
p
4 − y2. Logo, existe sempre pelo menos um x no intervalo [−2, 2]
para todo 0 ≤ y ≤ 2. Então, img(f) = [0, 2].
A seguir analisaremos os intervalos de monotonia da função:
• Intervalo (−2, 0), ou seja −2 x1 x2 0:
f(x2) − f(x1) =
q
4 − x2
2 −
q
4 − x2
1 =
q
4 − x2
2 −
q
4 − x2
1
p
4 − x2
2 +
p
4 − x2
1
p
4 − x2
2 +
p
4 − x2
1
=
4 − x2
2 − 4 + x2
1
p
4 − x2
2 +
p
4 − x2
1
=
(x2 + x1)(x1 − x2)
p
4 − x2
2 +
p
4 − x2
1
Como
p
4 − x2
2 +
p
4 − x2
1 0, x2 + x1 0 e x1 − x2 0, então
f(x2) − f(x1) 0 e o intervalo é de crescimento estrito.
• Intervalo (0, 2), ou seja 0 x1 x2 2:
Neste caso,
p
4 − x2
2 +
p
4 − x2
1 0, x2 + x1 0 e x1 − x2 0, então
f(x2) − f(x1) 0 e o intervalo é de decrescimento estrito.
Forma alternativa de determinar os intervalos crescentes e decrescentes:
f(x2) − f(x1) =
q
4 − x2
2 −
q
4 − x2
1
8
9. Devemos comparar
p
4 − x2
2 e
p
4 − x2
1. Sabemos que se a2
b2
então
a b, para a, b ≥ 0. Então, podemos comparar simplesmente 4−x2
2 e 4−x2
1,
já que
√
t ≥ 0.
4 − x2
2 − (4 − x2
1) = x2
1 − x2
2 = (x1 + x2)(x1 − x2)
• Intervalo −2 x1 x2 0: f(x2) − f(x1) 0 e o intervalo é de
crescimento estrito.
• Intervalo 0 x1 x2 2: f(x2) − f(x1) 0 e o intervalo é de
decrescimento estrito.
Agora devemos determinar os extremos da função. O valor mı́nimo da
função pode ser determinado considerando que −2 e 2 estão no domı́nio de f
e f(−2) = f(2) = 0 é o menor valor da imagem da função. O valor máximo
pode ser determinado considerando que f(0) = 2 e 2 está na imagem da
função e é o maior valor da imagem.
A função não é periódica pois seu domı́nio é limitado.
A função é par pois:
f(−x) =
p
4 − (−x)2 =
√
4 − x2 = f(x), para x ∈ dom(f)
9
10. 5. f(x) = (2 − x)3
Função polinomial de grau 3.
Uma vez que não há restrições para os valores reais que possam ser apli-
cados na expressão (2 − x)3
, dom(f) = R.
Consideremos y = (2−x)3
e x = 2− 3
√
y. Assim, existe sempre um x ∈ R
para cada y ∈ R e img(f) = R.
f(0) = (2 − 0)3
= 8 ⇒ interseção com o eixo y em (0, 8)
f(x) = 0 ⇒ (2 − x)3
= 0 ⇒ x = 2 ⇒ interseção com o eixo x em (2, 0)
f(−1) = 27 e f(1) = 1
Logo, a função não é par nem ı́mpar.
Como a função é decrescente estritamente em todo o conjunto R (como
mostraremos a seguir), ela não é periódica e não possui extremos.
Consideremos x2 x1 e
f(x2) − f(x1) = (2 − x2)3
− (2 − x1)3
=
(2 − x2 − (2 − x1))[(2 − x2)2
+ (2 − x2)(2 − x1) + (2 − x1)2
] =
(x1 − x2)[(2 − x2)2
+ (2 − x2)(2 − x1) + (2 − x1)2
] =
(x1 − x2)[{(2 − x2) + (2 − x1)/2}2
+ 3(2 − x1)2
/4]
Observe que na última linha usamos a propriedade
a2
+ ab + b2
= (a + b/2)2
+ 3b2
/4
Sabemos que x1 − x2 0 e os termos dentro do colchete são sempre
positivos pois são quadrados. Então f(x2) f(x1) e a função é decrescente
estritamente em todo o seu domı́nio.
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