2. Uma nova arte brasileira
O modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana de Arte
Moderna, realizada em São Paulo, no ano de 1922, considerada um divisor
de águas na história da cultura brasileira. O evento - organizado por um
grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da
Independência - declara o rompimento com o tradicionalismo cultural
associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o
simbolismo e a arte acadêmica. A defesa de um novo ponto de vista
estético e o compromisso com a independência cultural do país fazem do
modernismo sinônimo de "estilo novo", diretamente associado à produção
realizada sob a influência de 1922.
3. Lasar Segall
De família judia, Lasar Segall desde cedo manifestou interesse pelo desenho.
Iniciou seus estudos em 1905, quando entrou para a Academia de Desenho de
Vilna, sua cidade natal. No ano seguinte, mudou-se para Berlim, passando a
estudar na Academia Imperial de Berlim, durante cinco anos. Mudou-se, a seguir,
para Dresden, estudando na Academia de Belas Artes.
Segall mudou-se para o Brasil em 1923, dedicando-se, além da pintura, às artes
decorativas. Criou a decoração do Baile Futurista, no Automóvel Clube de São
Paulo, e os murais para o Pavilhão de Arte Moderna de Olívia Guedes Penteado.
Já separado de sua primeira esposa, casou-se em 1925 com Jenny Klabin, com
quem teve os filhos Maurício e Oscar. Nessa época, passou a viver com a família
em Paris, onde se dedicou também à escultura. Suas obras nessa fase remetem à
atmosfera familiar e de intimidade.
Em 1932, Segall retornou ao Brasil, instalando-se em São Paulo na casa projetada
pelo arquiteto Gregori Warchavchik, seu cunhado. Essa casa abriga, atualmente, o
Museu Lasar Segall.
4. Sua produção na década de 1930 incluiu uma série de paisagens de Campos do
Jordão e retratos da pintora Luci Citti Ferreira. Em 1938, Segall realizou os figurinos
para o balé "Sonho de uma Noite de Verão", encenado no Teatro Municipal de São
Paulo.
Uma retrospectiva de sua obra no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de
Janeiro, foi realizada em 1943. Nesse mesmo ano, foi publicado um álbum com
textos de Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Jorge de Lima.
Em 1951, Segall realizou uma exposição no Museu de Arte de São Paulo. Três
anos depois, criou os figurinos e cenários do balé "O Mandarim Maravilhoso".
O Museu Nacional de Arte Moderna preparou uma grande retrospectiva de sua obra
em 1957, em Paris. Lasar Segall morreu nesse mesmo ano, de problemas
cardíacos, em sua casa, aos 66 anos.
5. Anita Malfatti
Anita Malfatti era filha de Bety Malfatti (norte-americana de origem alemã) e pai
italiano. Estudou pintura em escolas de arte na Alemanha e nos Estados Unidos
(estudou na Independent School of Art em Nova Iorque). Em sua passagem pela
Alemanha, em 1910, entrou em contato com o expressionismo, que a influenciou
muito. Já nos Estados Unidos teve contato com o movimento modernista.
Em 1917, Anita Malfatti realizou uma exposição artística muito polêmica, por ser
inovadora, e ao mesmo tempo revolucionária. As obras de Anita, que retratavam
principalmente os personagens marginalizados dos centros urbanos, causou
desaprovação nos integrantes das classes sociais mais conservadoras.
Em 1922, junto com seu amigo Mario de Andrade, participou da Semana de Arte
Moderna. Ela fazia parte do Grupo dos Cinco, integrado por Malfatti, Mario de
Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia.
Entre os anos de 1923 e 1928 foi morar em Paris. Retornou à São Paulo em 1928 e
passou a lecionar desenho na Universidade Mackenzie até o ano de 1933. Em
1942, tornou-se presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Entre
1933 e 1953, passou a lecionar desenho nas dependências de sua casa.
7. Di Cavalcanti
-Di Cavalcanti nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1897.
- Desde jovem demonstrou grande interesse pela pintura. Com onze anos de
idade teve aulas de pintura com o artista Gaspar Puga Garcia.
- Seu primeiro trabalho como caricaturista foi para a revista Fon-Fon, no ano de
1914.
- Participou do Primeiro Salão de Humoristas em 1916.
- Mudou para a cidade de São Paulo em 1917.
- Em 1917, fez a primeira exposição individual para a revista "A Cigarra".
Em 1955, publicou um livro de memórias com o título de Viagem de minha vida.
- Recebeu o primeiro prêmio, em 1956, na Mostra de Arte Sacra (Itália).
- Em 1958, pintou a Via-Sacra para a catedral de Brasília.
- Em 1971, ocorreu a retrospectiva da obra de Di Cavalcanti no Museu de
Arte Moderna de São Paulo.
- Morreu em 26 de outubro de 1976 na cidade do Rio de Janeiro.
9. Vicente do Rego Monteiro
Pintor e poeta pernambucano (19/12/1899-1970). Artista atuante na primeira
metade do século, mistura influências pré-colombianas com modernas. Nasce no
Recife e estuda desenho, pintura e escultura em Paris, de 1911 a 1914. Faz sua
primeira exposição no Salão dos Independentes, francês, em 1913.
Em 1917 volta ao Brasil e participa do concurso para o Monumento aos Heróis de
1817, no Recife, e expõe suas pinturas. Entre 1920 e 1921 realiza mostras em São
Paulo e no Rio de Janeiro.
Durante a Semana de Arte Moderna de 1922 apresenta oito telas de inspiração
futurista e cubista, nas quais mescla a cultura primitiva com a tradição
pernambucana, o barroco, arte marajoara e arte da Escola de Paris.
Recebe o primeiro prêmio do Salão de Pintura do Estado de Pernambuco em
1943. Entre 1948 e 1952 participa do 1º Congresso Internacional de Poesia, em
Paris. De 1957 a 1966 leciona pintura na Escola de Belas-Artes da Universidade
Federal de Pernambuco. Por seu livro de poemas Broussais - Le Charité recebe,
em 1960, o Prêmio Guilhaume Apollinaire, em Paris. Morre no Recife
11. Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, no dia 01 de Setembro de 1886 e faleceu
aos 86 anos no dia 17 de janeiro de 1973, conheça um pouco sobre a vida desta
artista brasileira em uma pequena biografia resumida, Tarsila foi uma das mulheres
mais influentes no Brasil nos anos vinte foi pintora e desenhista sendo uma das
figuras mais importantes do movimento modernista de arte no país, deixou
centenas de obras que até os dias de hoje são admiradas por todos que sabem
apreciar e reconhecer seu trabalho.
12.
13. Victor Brecheret
Victor Brecheret foi um escultor ítalo-brasileiro, considerado um dos mais
importantes do país. É responsável pela introdução do modernismo na escultura
brasileira. Sua figura ficou marcada pela boina que costumava vestir, ressaltando
uma imagem tradicional do “artista”.
“Pouco depois, Menotti del Picchia e Oswald de Andrade descobriram Brecheret no
seu exílio do Palácio das Industrias. E fazíamos verdadeiras ‘rêveries’ em frente da
simbólica exasperada e das estilizações decorativas do ‘gênio’. Porque Brecheret
era para nós no mínimo um gênio. Era o mínimo com que podíamos nos contentar,
tais os entusiasmos a que ele nos sacudia.” O depoimento do escritor Mario de
Andrade nos dá uma dimensão da grandeza humana de Brecheret, um dos maiores
escultores do Brasil.
Brecheret se destaca nos anos 20 e 30 como artista da Escola de Paris e nas
décadas de 40 e 50 no cenário artístico de São Paulo, com monumentos públicos,
funerários e decorativos de fachadas na cidade, como o “Monumento às Bandeiras”,
hoje um dos símbolos da cidade.
16. Cândido Portinari
Cândido Portinari foi um dos pintores brasileiros mais
famosos. Este grande artista nasceu na cidade de
Brodowski (interior do estado de São Paulo), em 29 de
dezembro de 1903. Destacou-se também nas áreas de
poesia e política.
Durante sua trajetória, ele estudou na Escola de Belas-Artes
do Rio de Janeiro; visitou muitos países, entre eles, a
Espanha, a França e a Itália, onde finalizou seus estudos.
No ano de 1935 ele recebeu uma premiação em Nova
Iorque por sua obra "Café". Deste momento em diante, sua
obra passou a ser mundialmente conhecida.
Dentre suas obras, destacam-se: "A Primeira Missa no Brasil",
"São Francisco de Assis" e Tiradentes". Seus retratos mais
famosos são: seu auto-retrato, o retrato de sua mãe e o do
famoso escritor brasileiro Mário de Andrade.
No dia seis de fevereiro de 1962, o Brasil perdeu um de seus
maiores artistas plásticos e aquele que, com sua obra de arte,
muito contribuiu para que o Brasil fosse reconhecido entre
outros países. A morte de Cândido Portinari teve como causa
aparente uma intoxicação causada por elementos químicos
presentes em certas tintas.
18. Cícero Dias
Cícero Dias nasceu em 1907, no Engenho de
Jundya, em Escada, um pequeno município
distante 53 quilômetros de Recife. Passou curta
temporada no Rio de Janeiro estudando pintura.
Em 1927 realizou sua primeira exposição
individual no Rio de Janeiro e, em 1928,
abandona a Escola de Belas Artes e dedica-se
exclusivamente à pintura. Em 1937, executa o
cenário do “ballet” de Serge Lifar e Villa Lobos,
expõe em coletiva de modernos em Nova Iorque e
viaja a Paris, onde se fixa definitivamente. Seguiu
para Paris em 1937, onde reside até hoje. Em
Paris, tornou-se amigo de Picasso, do poeta Paul
Éluard, e entrou em contato com o surrealismo.
Em 1943 participa do Salão de Arte Moderna
Durante a ocupação da França é feito prisioneiro
dos alemães. de Lisboa, obtendo premiação e, em 1945,
volta a Paris, ligando-se ao grupo dos
abstratos. Nesse ano, expõe e, Londres, na
Unesco em Paris e em Amsterdam. O ano de
1948 marca uma atividade mais intensa no
Brasil, interessando-se sobretudo por murais.
Em 1949, comparece à Exposição de Arte
Mural, em Avignon, na França. Em 1950
participa da Bienal de Veneza. Em 1965 a
Bienal de Veneza realiza exposição
retrospectiva de quarenta anos de pintura.
Em 1970, realiza individuais no Recife, Rio
19.
20. Bruno Giorgi
Escultor e pintor. Bruno Giorgi (Mococa SP 1905 - Rio de Janeiro RJ 1993)
Em 1911 muda-se com a família para Roma. No início da década de 20 estuda
desenho e escultura. Após cumprir quatro anos de pena por conspiração contra o
regime fascista, é extraditado para o Brasil em 1935. Em Paris, em 1937, freqüenta
as academias La Grande Chaumière e Ranson e conhece Aristide Maillol, que
passa a orientá-lo. Convive com Henry Moore, Marino Marini e Charles Despiau.
Em São Paulo,em 1939, trabalha com os artistas do Grupo Santa Helena e
participa da Família Artística Paulista. Em 1943, a convite do ministro Gustavo
Capanema, vai a trabalho para o Rio de Janeiro e monta seu ateliê na Praia
Vermelha, onde passa a dar aulas, entre outros, para Francisco Stockinger. Os
monumentos públicos de sua autoria que mais se destacam: Monumento à
Juventude Brasileira, 1947, nos jardins do Ministério da Educação e Saúde, atual
Palácio da Cultura, no Rio de Janeiro; Candangos, 1960, na Praça Três Poderes, e
Meteoro, 1967, no lago do edifício do Ministério das Relações Exteriores, em
Brasília; Integração, 1989, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
21.
22. Francisco Rebolo Gonzales
Francisco Rebolo
Gonzales
O menino caminhava pelas ruas esburacadas do velho bairro do Morumbi, onde
morava, numa chácara, em companhia de seus pais, imigrantes espanhóis que
vieram ao Brasil em busca de um futuro melhor, mas viviam aqui a mesma miséria
que deixaram do outro lado do Atlântico.
A preocupação tomava conta de sua mente, mas não a ponto de desorientá-lo.
Na noite anterior, surpreendera os pais numa conversa sombria em que tentavam
buscar uma solução para a crise financeira que, a esta altura, chegara a um ponto
em que não havia dinheiro nem mais para atender as necessidades básicas da
família.
Sentindo-se já um adulto, do alto de seus doze anos, o guri saiu de casa, sem
avisar os pais e foi a busca de trabalho, qualquer coisa que os ajudasse a sair
dessa situação aflitiva.
Nisto, passou por ele uma carroça, levando uma carga de tijolos e seus olhos
brilharam:
23. «Vou seguir esta carroça. Onde ela parar, com certeza haverá trabalho.»
Com efeito, pouco mais adiante, o veículo parou diante de uma construção quase
terminada, já em fase de acabamento.
«Que é que você sabe fazer?» perguntou-lhe o empreiteiro.
«Tudo!», respondeu ele com resolução.
Dava para perceber, à primeira vista que,
exceto a boa vontade, a resposta era um
exagero sem limites, mas o homem notou nele
uma disposição que o impressionou. Deu-lhe
uma lata de tinta e um pincel, experimentando
sua habilidade na pintura de portas e
venezianas.
Foi a primeira obra de Francisco Rebolo Gonzales, que mais tarde viria a tornar-se um
referencial importante da pintura brasileira, um dos criadores do Grupo Santa Helena e
incentivador de vários outros nomes, como Alfredo Volpi e Mário Zanini.
24.
25. Alfredo volpi
Volpi nasceu em Lucca, na Itália, em 1896.
Filho de imigrantes, chegou ao Brasil com pouco mais de um ano de idade. Foi
decorador de paredes. Aos 16 anos pintava frisos, florões e painéis. Sempre
valorizou o trabalho artesanal, construindo suas próprias telas, pincéis. As tintas
eram feitas com pigmentos naturais, usando a técnica de têmpera.
Foi um autodidata. Sua evolução foi natural, tendo chegado à abstração por
caminhos próprios, trabalhando e dedicando-se a essa descoberta. Nunca acreditou
em inspiração.
Alfredo Volpi não participou dos movimentos modernistas da década de 20,
apoiados pela elite brasileira. Manteve-se à parte desses grupos. Não teve acesso
aos mestres europeus, como era comum na época.