Santa-Rita Pintor foi um artista português considerado o iniciador do Futurismo em Portugal. Formou-se em Lisboa e viveu em Paris onde conheceu artistas vanguardistas como Picasso e Marinetti, tornando-se um importante introdutor das ideias futuristas em Portugal. Publicou a revista Portugal Futurista em 1917, mas morreu no ano seguinte aos 28 anos, deixando poucas obras devido a ordens da família para destruí-las.
2. Biografia
Pintor português, de nome verdadeiro
Guilherme Augusto Cau da Costa, nascido
em 1890 e falecido em 1918, considerado o
iniciador do Futurismo no nosso país.
3. Formado pela Escola Superior de Belas-
Artes de Lisboa, fixou residência em Paris
em 1910, onde contactou com os círculos
artísticos vanguardistas, passando a
conviver com artistas como Picasso,
Marinetti e Max Jacob.
4. Regressa a Portugal em 1914 e, a par de
Mário de Sá-Carneiro, será um dos
principais introdutores das ideias futuristas
em Portugal, tornando-se no dinamizador
do embrionário movimento futurista
português.
5. Um dos seus objetivos após o regresso era
editar os manifestos de Marinetti, de quem se
dizia mandatado para o efeito (um desejo
nunca realizado); mas pretendia acima de
tudo fazer a sua obra e impor-se socialmente.
6. Em 1917 realiza esse objetivo com a
publicação do primeiro e único número
de Portugal Futurista. Apreendida pela
polícia à porta da tipografia (devido à
alegada obscenidade de alguns artigos), a
revista foi o efeito tardio da "tumultuosa"
apresentação do futurismo.
7. Sem nunca ter exposto em Portugal, com
uma obra praticamente desconhecida do
público, Santa-Rita morre no ano seguinte
vítima de tuberculose, deixando ordens
expressas à família para que todos os
trabalhos de sua autoria fossem destruídos.
8. Obra
São muito poucas as obras que
sobreviveram à ordem de destruição
cumprida pela família de Santa-Rita após a
sua morte. Alguns raros exercícios
académicos, realizados por certo enquanto
aluno de Belas Artes, e duas pinturas de
maior relevo e de datação incerta: Orfeu
nos Infernos, c. 1907 (?); Cabeça, c. 1910.
9. Reproduzida em 1917 na revista Portugal
Futurista, Orfeu nos Infernos é uma obra de
grande violência expressiva e tem
características temáticas e formais invulgares
que a distinguem das práticas artísticas do
seu tempo de estudante de Belas Artes.
10. Cabeça, pelo seu lado, é consensualmente
considerada uma obra central do
modernismo em Portugal. Datada no verso
por mão desconhecida, o ano de execução
permanece incerto, mas deverá localizar-se
entre 1910 e 1912.
Esta obra aproxima-se das máscaras
africanas evocadas por Picasso nas
Demoiselles d’Avignon, ou de outras obras
do mesmo autor datadas de 1909 e 1910,
mas a sua dinâmica compositiva, dominada
por formas curvas e por um forte sentido de
movimento, não será alheia às explorações
dos futuristas .