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SOCIEDADE TECNOLÓGICA:
DIÁLOGOS, CRUZAMENTOS
E ENTRECRUZAMENTOS
Maria Aparecida Crissi Knuppel
Luiz Carlos Knuppel Junior (co-autor)
Revisão de Português: Ruth Rieth Leonhardt
Projeto Gráfico: Murilo Holubovski
Elementos gráficos:
Freepik.com
Noun Project/achmad
Noun Project/Desainer Kanan
Noun Project/Gregor Cresnar
Noun Project/iconesia
s
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que quiser pode retornar ao sumário através do botão no topo da tela e
o botão retoma sua leitura retornando para a última página exibida.
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Nos espaços Saiba Mais é possível habilitar QR-codes para manter
os links acessíveis mesmo com o material impresso através do botão .
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Informações adicionais
Sumário
APRESENTAÇÃO	4
I - OS ENLACES E DESENLACES NA SOCIEDADE DA
INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO	
7
II - SOCIEDADE EM REDE E SOCIEDADE 5.0:
TECNOLOGIAS E ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO	
18
III - SOCIEDADE TECNOLÓGICA E EDUCAÇÃO	 29
REFERÊNCIAS	39
4
APRESENTAÇÃO
A temática deste e-book é o contexto das transformações
em curso no mundo contemporâneo, com o objetivo de apontar
os principais teóricos que analisam essas alterações e avaliar os
reflexos na educação.
De que mudanças estamos falando?
As mudanças foram impulsionadas, por um momento ím-
par, ocasionado pela crise sanitária sem precedentes, pelo me-
nos neste século, somado aos avanços da Indústria 4.0, junta-
mente com a perspectiva da Sociedade 5.0 e da Educação 5.0.
Nunca se falou tanto sobre as mudanças no modo de se fa-
zer educação. Há claramente um clamor por diversidade, pela
alteração de uma forma de conhecimento para a outra, em es-
pecial, na educação, pelo uso de atividades remotas chamadas
de interfaces digitais e pela necessidade de se compreender a
educação no coengendramento de espaços físicos e digitais.
É importante que compreendamos que muito antes de che-
gar a esse patamar, as novas tecnologias já impactavam a socieda-
de, com o advento, em especial, da internet. Desde que a ideia de
uma rede capaz de integrar todo o globo, por meio dos computa-
dores, tornou-se possível, muitos teóricos debruçaram-se sobre o
tema para entender como a sociedade lida com essas inovações.
Imagem 1 - Integração digital
Fonte: RawPixel/Freepik.com.
5
Sociedade da Informação, do Conhecimento, em Rede e ou-
tras formas de caracterização da sociedade são teorias impor-
tantes que analisam as interações e as possibilidades do relacio-
namento entre o homem e a tecnologia. Muitas dessas teorias
acertaram em termos de perspectivas em relação às tecnologias,
contudo, outras previsões não passaram de fantasias futurísti-
cas, como as de Hanna Barbera em Jetsons, que, pelo menos,
ainda não se cumpriram.
15 Tecnologias dos Jetsons que JÁ EXISTEM
hoje em dia - Andrei Bedene
As visões de sociedade e desenvolvimento, transformam-se
à medida que novas tecnologias, com outros tipos de interação,
surgem e modificam as relações existentes. E sempre foi assim.
Nas diversas fases da história, modificações ocorreram nas rela-
ções entre o homem e a tecnologia.
Todos sabemos que prever, ou ao menos mensurar, os im-
pactos de novas tecnologias que surgem na sociedade é de ex-
trema importância. Em termos econômicos, talvez essa seja a
pergunta de 1 milhão de dólares, ou até mais, já que o mercado
migra para esse lado e a palavra de ordem, hoje, é inovar. Mas,
tão importante quanto essa questão, é compreender os impac-
tos das novas ferramentas disponibilizadas e das vindouras, em
outras áreas, como a educação, por exemplo, e assim, prospec-
tar possibilidades para ao menos mitigar a visão reducionista so-
bre a tecnologia, que ainda é muito presente. Há que construir
uma sociedade em que a relação entre as pessoas e a tecnolo-
gia seja muito mais fluida, mas ao mesmo tempo, sem deixar
de considerar os processos que de alguma forma, trazem para
a sociedade problemas éticos e formas de manipulação social e
política.
6
O post abaixo traz uma reflexão em relação ao
poder da tecnologia e os usos políticos da rede:
A disrupção digital coloca a democracia em
risco? - O Futuro das Coisas
Vale muito a pena assistir o documentário O di-
lema das redes, que expõe, entre outras coisas impor-
tantes, os meandros da tecnologia persuasiva, o im-
pacto das redes sociais na vida das pessoas e mostra
a complexidade das fake news.
Imagem 2 - O dilema das redes
Fonte: Netflix.
7
CAPÍTULO I
OS ENLACES E DESENLACES NA
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO
CONHECIMENTO
Vocês devem concordar que falar da importância da tecno-
logia e da informação na sociedade é lugar comum. Em tempos
de tanta divergência, um dos poucos consensos na sociedade
atual é que o avanço da tecnologia é um caminho sem volta e os
produtos dele é que moldarão essa e as próximas gerações em
praticamente todas as ações.
Desde que o homem começou a viver em grupos e se relacio-
nar, a transmissão de conhecimentos e de informações foi extre-
mamente necessária, assim como atualmente. A diferença, entre-
tanto, está na capacidade de difusão das informações e no diálogo
em que os seres humanos estabelecem com as tecnologias.
Desde o início da civilização o homem trabalha para aprimo-
rar a comunicabilidade: da linguagem oral para a escrita e che-
gando, atualmente, nos memes e emoctions; da disseminação da
informação por meio da invenção de Johann Gutemberg até os
meios de emissão modernos como rádio, TV e, principalmente,
a Internet.
Sabemos que a evolução na rede de computadores foi tan-
ta, nos últimos anos, que atualmente o homem se contata com,
praticamente, o mundo inteiro com apenas poucos cliques. Com
tanta facilidade, nunca houve tanta informação circulando ao
mesmo tempo e de tantas formas. Neste cenário, um dos gran-
des desafios não está na falta de informação, como já dito, mas
sim, em identificar as verdadeiras e mais relevantes.
O paper O que é falso sobre fake news do jornalista Otavio
Frias Filho, faz uma abordagem histórica sobre o tema e uma
reflexão pertinente sobre a extensa disseminação desta prática
permissiva. Vamos a ele!
8
O que é falso sobre fake news - Otavio Frias
Filho
Todos os temas da sociedade atual estão impregnados com
uma grande quantidade de informações. Eleições já foram de-
finidas por influência delas, os rumos do combate à pandemia
são modificados constantemente pela forma como notícias e re-
ferências são divulgadas e compartilhadas.
Pode-se efetivamente dizer que se vive em uma sociedade
dominada pela informação?
É justamente a expressão Sociedade da Informação que
Manuel Castells (1999) utilizou na década de 1990, para refletir
sobre essa temática e se contrapor às diferenciações dela como
algo novo, mas que, no cenário da época já se caracterizava em
processos complexos.
Por intermédio da tecnologia, redes de capital,
de trabalho, de informação e de mercados co-
nectaram funções, pessoas e locais valiosos ao
redor do mundo, ao mesmo tempo em que des-
conectaram as populações e territórios despro-
vidos de valor e interesse para a dinâmica do
capitalismo global. Seguiram-se exclusão social
e não pertinência econômica de segmentos de
sociedades, de áreas urbanas, de regiões e de
países inteiros, constituindo o que chamo de ‘o
Quarto Mundo’. (CASTELLS, 1999, p. 411).
A geração, processamento e transmissão de in-
formação torna-se a principal fonte de produti-
vidade e poder. (CASTELLS, 1999, p. 21).
9
Doutor em Sociologia pela Uni-
versidade de Paris, é professor nas
áreas de sociologia, comunicação
e planejamento urbano e regional
e pesquisador dos efeitos da infor-
mação sobre a economia, a cultura
e a sociedade em geral. Principal
analista da era da informação e das
sociedades conectadas em rede,
sua obra virou referência obriga-
tória na discussão das transforma-
ções sociais do final do século XX.
É autor de dezenas de livros traduzidos para di-
versos idiomas, com destaque para a trilogia A era da
informação, composta por A sociedade em rede, O po-
der da identidade e Fim de milênio. Seu livro Redes de
indignação e esperança relaciona as novas formas de
comunicação da sociedade em rede, apontando cami-
nhos para que a autonomia comunicacional das telas
se expanda à realidade social como um todo
Fonte: Fronteiras do Pensamento.
Pelos destaques que trouxemos para o texto, observa-se que
no final do século XX, o uso da expressão sociedade da informa-
ção foi relacionado com um novo paradigma técnico econômico.
Entretanto, Castells não foi o primeiro e tampouco o úni-
co a falar sobre a sociedade da informação e do conhecimento.
A expressão foi utilizada por exemplo, por Alain Touraine (1969)
e Daniel Bell (1973), ao refletirem a informação como o motor
das relações de poder na sociedade contemporânea. Em espe-
cial, Bell no livro O advento da sociedade pós-industrial já destaca-
va que o eixo daquela sociedade seria baseado na informação,
numa nova ordem econômica.
MANUEL CASTELLS
Sociólogo
10
O economista Fritz Machlup (1902-1983) também já usava
esse conceito, nos meados da década de 1960, a partir da reali-
dade norte-americana. Este autor referia-se à crescente presen-
ça da informação e dos usos tecnológicos em um novo cenário
histórico e definiu o conceito de indústria do conhecimento, a
infosfera. Mesmo muito criticado, com seus estudos, inicia-se a
divulgação do mito programático da sociedade da informação e
da nova economia.
Outro teórico, Peter Drucker (1909-2005), também foi um
dos primeiros a discorrer sobre uma sociedade pós-industrial
e popularizou a denominação Economia do Conhecimento afir-
mando que “[...] as atividades que ocupam o lugar central das
organizações não são mais aquelas que visam a produzir ou dis-
tribuir objetos, mas aquelas que produzem e distribuem infor-
mação e conhecimento.” (DRUCKER apud LEAL, 2005, p. 110).
Já no século XXI, outros autores, impressionados com as
tecnologias que começam a surgir debatem o tema. Contudo, as
teorias de Manuel Castells, são as mais populares na literatura
da área já que o autor se aprofunda na problematização e exalta
as novas tecnologias de informação e conhecimento (TICs), co-
locando-as como fator determinante da sociedade, já que são
capazes de modificar os paradigmas que persistiam desde a re-
volução industrial.
Para Werthein (2000, p. 71) existe uma grande mudança em
relação ao que se era pensado desde a Revolução Industrial, já
que há uma quebra da relação entre desenvolvimento científico
e econômico quando o fator chave já não está mais na busca e
criação de insumos mais baratos de energia para a melhoria na
sociedade, mas em insumos mais baratos de informação, alavan-
cados pelos avanços nas telecomunicações e microeletrônica.
Essa quebra de paradigma facilitou processos de desregu-
lamentação, privatização e ruptura do modelo de contrato social
entre capital e trabalho, característicos do capitalismo industrial,
mudança importante no sistema econômico, estabelecido desde
o século XIX.
11
Obviamente as mudanças se estendem a outros setores,
entre eles a educação (o que será abordado mais além), saúde,
política e transformação social. São justamente as transforma-
ções e a influências da TICs na sociedade, impulsionadas pela
globalização, que fazem com que alguns autores apontem dife-
renciações entre Sociedade da Informação e do Conhecimento.
Leia o texto A sociedade de informação e seus de-
safios de Jorge Werthein (2000) da Universidade de
Stanford que discorre sobre a necessidade de não ser
ingênuos sobre o que se fala sobre o determinismo e
o evolucionismo do paradigma tecnológico e, ao mes-
mo tempo, indica que questões, apontadas pelo autor
em 2000, já foram superadas e outras permanecem.
A sociedade da informação e seus desafios -
Jorge Werthein
As diferenças entre Sociedade da Informação e do Conheci-
mento de fato existam, mas também é fato de que a existência
de uma é intrínseca à outra porque sociedade, informação e co-
nhecimento são conceitos, perspectivas e pressupostos que se
entrelaçam e se constituem e são de algum modo formas de or-
denamento de um novo modelo de desenvolvimento econômico.
Tome-se como exemplo um indivíduo com acesso à internet e
com ele, a bancos de dados, bibliotecas virtuais, artigos científicos,
páginas de sites e toda a gama de informações advindas de jornais,
revistas, clipping e feeds de notícias do mundo inteiro. Pois bem,
esse indivíduo vive na Sociedade da Informação. Já quando, no uso
desses conteúdos, ele interage com as pessoas, troca informações,
discute, contribui, traz reflexões, produz saberes e colabora com
a construção do conhecimento da rede a que pertence, compõe
a Sociedade do Conhecimento, pois coopera para transformar a
rede, pelo uso do conhecimento e dos informes que obteve.
12
Pelo exemplo acima, percebe-se o entrecruzamento entre
informação, conhecimento e tecnologia, como aspectos que
compõem a sociedade.
Borges (2008) é um dos autores que não vê distinção entre
sociedade da informação e do conhecimento porque são catego-
rias que se entrelaçam.
A Sociedade da Informação e do Conhecimento
é reconhecida pelo uso intenso da informação
e do conhecimento e das tecnologias de infor-
mação e da comunicação, na vida do indivíduo
e da sociedade, em suas diversas atividades
(BORGES, 2008, p. 179).
Para Lévy (2010), a economia que ele denomina economia
do saber, está estruturada na gestão do conhecimento que pres-
supõe que as pessoas interajam mais, sejam mais participativas
e criativas. Portanto, cabe às pessoas relacionar-se com os juízos
de forma colaborativa, criativa e de produção de novos conceitos.
A UNESCO em conferências e relatórios, no início dos anos
2000, adotou a expressão Sociedade do Conhecimento, como se
observa na citação abaixo:
A Sociedade da Informação é a pedra angular
das sociedades do conhecimento. O conceito
de ‘sociedade da informação’, a meu ver, está
relacionado à ideia da ‘inovação tecnológica’,
enquanto o conceito de ‘sociedades do conhe-
cimento’ inclui uma dimensão de transforma-
ção social, cultural, econômica, política e ins-
titucional, assim como uma perspectiva mais
pluralista e de desenvolvimento. O conceito
de ‘sociedades do conhecimento’ é preferível
ao da ‘sociedade da informação’ já que expres-
sa melhor a complexidade e o dinamismo das
mudanças que estão ocorrendo. [...] o conheci-
mento em questão não só é importante para o
crescimento econômico, mas também para for-
talecer e desenvolver todos os setores da socie-
dade (KHAN apud BURCH, 2005, p. 8).
13
Nota-se, já há algumas décadas, a preocupação de entida-
des e agências internacionais, como a UNESCO, com temas re-
lacionados à Sociedade da Informação e do Conhecimento e às
Tecnologias Digitais de Informação e do Conhecimento (TDICs).
Na década de 1990, discutiu-se o tema nas reuniões do G8, em
fóruns da Comunidade Europeia e da Organização para a Coope-
ração e Desenvolvimento Econômico/ OCDE, no Banco Mundial e
nos países desenvolvidos, como Estados Unidos.
Em 2003 e 2005 a Cúpula Mundial da ONU foi nomeada
como Cúpula Mundial sobre Sociedade da Informação/CMSI de-
batendo esses assuntos e se tornando um marco para os temas
da produção do conhecimento e do acesso e uso de tecnologias.
Para Ambrosi, Pimenta e Peugeot (2005) apud Burch (2005) o
que ressaltava naqueles eventos era a preocupação com as desigual-
dades sociais e a exclusão digital de países periféricos. Mas os even-
tos também enfatizavam questões econômicas relacionadas aos im-
pactos das tecnologias da informação no sistema de produção.
Posteriormente novos documentos foram divulgados pela
UNESCO por meio da CMSI, a exemplo da publicação lançada em
2013, cujo título é: Renovando a visão das Sociedades do Conheci-
mento para a paz e o desenvolvimento sustentável.
Neste documento, Mansell e Tremblay (2015) acentuam a
denominação Sociedades da Informação, no plural, para que se
compreenda as diversas formas de organização das sociedades
e enfatizam que as pessoas precisam ser preparadas para adqui-
rir informações, transformá-las em conhecimentos e, atuarem
ativamente nos aspectos econômicos e sociais de seus países.
Tal postura, defendida pela UNESCO, traduz-se na seguinte
premissa:
Defesa do acesso universal à informação para que
as sociedades possam ter paz e desenvolvimento
sustentável.
14
Novamente em 2017, a UNESCO lança um relatório intitu-
lado As pedras angulares para a promoção de sociedades do co-
nhecimento inclusivas, que apresenta uma constatação e faz uma
provocação:
A visão da UNESCO sobre as Sociedades do Co-
nhecimento universais baseia-se em uma In-
ternet livre, aberta e confiável que proporcione
às pessoas a possibilidade não apenas de aces-
sar recursos de informação do mundo inteiro,
mas, também, de contribuir com informação e
conhecimento para comunidades locais e glo-
bais. O que a UNESCO pode fazer para cami-
nhar na direção da realização dessa visão de
Sociedades do Conhecimento viabilizadas pela
Internet, que consiga promover um desenvol-
vimento humano sustentável e mundialmente
inclusiva (UNESCO, 2017, p. 10).
Nesse documento observa-se a defesa por uma internet li-
vre, aberta e confiável que possibilite às pessoas acesso às in-
formações, como forma de garantia do direito dos cidadãos.
Para tal, defende quatro proposições que se caracterizam como
pedras angulares: acesso à informação e ao conhecimento, li-
berdade de expressão, privacidade e normas e comportamen-
tos éticos on-line.
15
Quadro 1 - As quatro pedras angulares e seus componentes e bases
Acesso à informação e ao conhecimento
Ética
• Acesso universal;
• Capacidade de buscar e receber informações on-line, incluindo co-
nhecimentos científicos, indígenas e tradicionais;
• Liberdade de informação e a construção de recursos de conheci-
mento aberto, incluindo Internet aberta, padrões abertos, acesso
aberto, e disponibilidade de dados;
• Preservação do patrimônio digital;
• Respeito à diversidade cultural e linguística, como a promoção do
acesso ao conteúdo local em idiomas acessíveis;
• Educação de qualidade para todos, incluindo a educação ao longo
da vida e o e-learning;
• Difusão da nova AMI e a inclusão social on-line, incluindo a aborda-
gem de desigualdades de habilidades, gênero, idade, raça, etnia e
acessibilidade para pessoas com deficiência;
• Desenvolvimento de conectividade e TIC a preços acessíveis, incluin-
do telefones celulares, Internet e infraestruturas de banda larga.
Liberdade de expressão
• Capacidade de expressar pontos de vista por meio da Internet, da Web e de
mídias digitais relacionadas;
• Direito à liberdade de expressão on-line de acordo com o artigo 19 da Decla-
ração dos Direitos Humanos, incluindo a liberdade de imprensa e a segurança
de jornalistas, usuários de mídia sociais e defensores dos direitos humanos
como pré-condição para a liberdade da mídia, o pluralismo e a independência;
• Políticas que fomentem o intercâmbio aberto de opiniões;
• Multilinguismo;
• Compreensão dos usuários sobre os direitos e responsabilidades da livre ex-
pressão na rede;
• Expressão inclusiva versus restrita;
• Acordos para participação multissetorial, favorecendo a regulação social e a
autorregulação da livre expressão no ciberespaço.
Privacidade
• Práticas e políticas de Internet que respeitem o direito à privacidade;
• Promoção da abertura e transparência que considere a privacidade
pessoal;
• Reconhecimento de que a privacidade e sua proteção são a base da
confiança na Internet e, portanto, para sua maior utilização e aces-
sibilidade;
• Uso de acordos multissetoriais para conciliar a privacidade com ou-
tros direitos humanos, tais como a liberdade de expressão ou o di-
reito ‘à vida, à liberdade e à segurança pessoal’.
A ética enfatiza o domínio das escolhas entre alternativas e inclui a in-
tencionalidade das ações, assim como seus resultados, sejam intencionais ou
não, como resultados da tomada de decisão que impacta o bem-estar de indi-
víduos e da sociedade. O uso da Internet pode ter resultados positivos, mas
ela também pode ser usada de forma equivocada ou com a intenção de violar
normas, por exemplo, para prejudicar outras pessoas.
Essa categoria considera se as normas, regras e procedimentos que afetam o
comportamento on-line estão baseados em princípios éticos ancorados nos direitos
humanos. A ética questiona se as normas estão voltadas à proteção das liberdades
e da dignidade de indivíduos no ciberespaço e se são sensíveis ao avanço da acessi-
bilidade, da abertura, da inclusão e da participação multissetorial na Internet.
Práticas, legislações e políticas relativas à Internet podem ser ancoradas
em considerações éticas conscientes, como a não discriminação com base em
questões de gênero, idade ou deficiência. A ética pode desempenhar o papel
de moldar práticas e políticas emergentes.
Fonte: UNESCO, 2017, p. 18
16
Para aprofundar mais sobre o tema acesse:
As pedras angulares para a promoção de
sociedades do conhecimento inclusivas
Renovando a Visão das Sociedades do Conheci-
mentoparaaPazeoDesenvolvimentoSustentável
A relevância desses temas no cenário mundial explica-se pela
globalização e pelas práticas neoliberais que trouxeram, dentre
outros elementos, o papel das tecnologias digitais que quebra-
ram as barreiras físicas entre países e continentes, permitiram
um novo mundo de negócios sem fronteiras e, com elas surgiram
também desafios, intensos debates, novos conceitos e teorias.
17
Imagem 3 - Referência a globalização
Fonte: pixy.org.
Percebe-se que há uma ideia de dependência mútua asso-
ciada à globalização, o que envolve internacionalização da eco-
nomia, domínio capitalista, entre outros aspectos. A influência
de países mais desenvolvidos sobre países periféricos sofre forte
influxo das tecnologias da informação e da comunicação.
Estas preocupações são destacadas por diversos teóricos
como a de Castells
“[...] o surgimento de um novo sistema eletrô-
nico de comunicação caracterizado pelo seu
alcance global, integração de todos os meios
de comunicação e interatividade potencial está
mudando e mudará para sempre nossa cultu-
ra”. (CASTELLS, 1999, p. 414).
ou a de Ribeiro, ao observar que na globalização
“Uma certa ‘cultura global’ é instalada, [...]. Esta
cultura global revela-se, ao contrário do que se
poderia imaginar, fragmentada e circunscrita a
circuitos, nem sempre abertos”. (1995, p 2.).
Frente aos milhões de dados que chegam por meio de dife-
rentes tecnologias, há a necessidade de que essas informações
se transformem em conhecimento e aplicadas nas mais diversas
áreas, alterando-as.
18
CAPÍTULO II
SOCIEDADE EM REDE E SOCIEDADE
5.0: TECNOLOGIAS E ECOSSISTEMAS
DE INOVAÇÃO
A ideia de um mundo conectado sem barreiras e interligado
em uma espécie de rede trouxe também outro ideal de socieda-
de, a chamada Sociedade em Rede.
A ideia de uma sociedade interligada como uma rede soa
muito familiar nos tempos atuais graças à intensa atividade que
se observa na Web, mas a ideia em relação à Sociedade em Rede
é anterior à popularização da internet e surgiu no início dos anos
1990, pelo que se observa abaixo:
Glossário
Redes são instrumentos apropriados para a eco-
nomia capitalista baseadas na inovação, globalização
e concentração descentralizada; para o trabalho, tra-
balhadores e empresas voltadas para a flexibilidade
e adaptabilidade; para uma cultura de desconstrução
e reconstrução contínuas; para uma política destina-
da ao processamento instantâneo de novos valores e
humores públicos; e para uma organização social que
vise a suplantação do espaço e invalidação do tempo
(CASTELLS, 1999, p. 566).
Esse movimento global descrito por Castells (1999) e ine-
rente à Sociedade do Conhecimento é potencializado a partir
da ampla publicidade e da abrangência da world wide web/www,
das redes sociais e do crescente número de usuários da rede de
computadores.
19
Imagem 4 – Redes Sociais
Fonte: Pexels.com.
Evidencia-se, por meio de Castells na obra a Era da Informa-
ção (2002), os cinco pressupostos da sociedade em rede defen-
didos por ele: a informação, a flexibilização da produção, a lógi-
ca reticular, a difusão e a convergência das tecnologias digitais
de comunicação. Nesta teia social, há uma centralidade do ator
social na interação com as tecnologias e relação com os meios
informacionais, como fundamentais no processo de transforma-
ção social e política, num círculo virtuoso.
Para Di Felice (2013) as redes pensadas por Manuel Castells
são:
[...] expressões de um novo social expandido,
no qual as informações são disseminadas pelos
atores sociais em conflito entre si e cuja ação
encontra sua difusão na mesma estrutura co-
municativa. Na sua visão, a sociedade em rede
caracteriza-se como uma sociedade engloban-
te na qual os atores, suas ações, o poder e as
instituições encontram nas redes sua dissemi-
nação e redefinição social. Em outras palavras,
a sociedade em rede é um sistema social que
possui atores, instituições que comunicam en-
tre si disseminando funções, desejos, esperan-
ças e objetivos exclusivamente humanos (DI
FELICE, 2013, p. 49-50).
20
Nesse mundo, as perspectivas e possibilidades da conecti-
vidade ligadas à internet são muitas. Emergiram também várias
formas de comunicação, de socialização de culturas e saberes.
Essas conexões são clarificadas no seguinte diagrama:
Imagem 5 - Representação de um rizoma
Fonte: Sedestic.blogspot.com.
No desenho, percebe-se o rizoma com as seguintes carac-
terísticas: um princípio norteador (ponto vermelho no centro do
desenho), entendido como o conhecimento, dividindo-se e en-
trelaçando em diversos processos e ações, chegando a diferen-
tes indivíduos e estabelecendo redes interligadas (pontos ver-
melhos rodeados por pontos cinzas).
Essa multiplicidade de processos e indivíduos leva a outras
dimensões, nas quais há a heterogeneidade de modelos e abre
caminhos para sinapses, princípios de conexão e heterogeneida-
de - ligações e pontes para outras estruturas e conhecimentos
(pontos verdes).
Portanto, nas redes, com diferentes pontos de comunicação
há muitos sujeitos e estruturas sociais: indivíduos, empresas, or-
ganizações, dados, espaços, territórios.
21
A sociedade em rede permite que novas práticas,
novas formas de se fazer, novas formas de ler, e
tantas outras novidades se desenvolvam, permi-
tindo que as informações não sejam mais sim-
plesmente produzidas para serem consumidas,
mas os processos agora acontecem de muitos
para muitos. Se antes tinha-se grandes produto-
res que geravam conteúdo que era repassado a
um interlocutor tido como ‘passivo’, hoje esses
processos produtivos se dão de forma cada vez
mais coletiva, participativa, com um mediador
mais participante do que avaliador. Quase ine-
xiste, então, o agente principal, pois todos pas-
sam a produzir informação, conhecimento, e
facilmente expressá-los e compartilhá-los com
seus pares (RICKLI, 2016, p. 108.)
Essas conexões em diferentes níveis ultrapassam os limites
geográficos e atingem o planeta num processo de globalização.
Nesta visão, a ideia de aldeia global é ressignificada, para além
da natureza dos meios de comunicação. Em uma cultura unifi-
cada por meio da tecnologia, a ideia advinda da globalização é
concebida como uma enorme rede ou teia de conexões e de in-
tercomunicações diretas entre as pessoas, em todas as regiões
do globo, independente da distância.
Para muitos estudiosos a empolgação com globalização, no
final do século XX, e a promessa de uma revolução global não se
cumpriu já que o fenômeno, na verdade, serviu para aumentar
ainda mais as desigualdades sociais e ampliar o domínio dos paí-
ses mais fortes economicamente sobre os outros.
Por outro lado, as tecnologias da informação e comunicação
trouxeram uma outra percepção de contato. Ao romper espaços
e territórios físicos dão voz às pessoas que jamais seriam ouvidas.
Outros pontos que geram bastante polêmica são a Indústria 4.0,
a Sociedade 5.0 e o papel da educação, neste cenário. Os debates en-
tre os termos e números remete a um embate que já está no imagi-
nário humano há um bom tempo e faz sucesso no cinema, a relação
entre o homem e a máquina, como no filme Exterminador do futuro.
22
VÍDEO
O Exterminador do Futuro Trailer
Obviamente que não se fala aqui de máquinas dispostas a
exterminar a raça humana, mas tanto os produtos dessa inova-
ção tecnológica quanto o homem disputam o mesmo espaço no
que se refere ao mercado de trabalho.
O conceito de Indústria 4.0 vem de um projeto audacioso
alemão que automatizou todo o processo de fabricação de um
produto, incluindo outra relação homem e máquina, do que de-
corre a quarta revolução industrial.
Figura 1 - EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA
Fonte: Wertambiental.com.br.
23
No caso da Indústria, a base existente de auto-
mação informatizada e uma visão de negócios
voltada à transformação digital faz nascer o
conceito de Indústria 4.0, cujo nome vem de pro-
jeto da indústria alemã, denominado Plattform
Industrie 4.0 (Plataforma Indústria 4.0) lançado
em 2001, na Feria de Hannover (SACOMANO et
al., 2018, p. 28).
Em sua obra, Sacomano (2018) descreve o funcionamento
de uma indústria totalmente automatizada e informatizada, tí-
pica da Quarta Revolução Industrial. Nela, o pedido de alguém
chega pela internet e o sistema o recebe, identifica o cliente e dá
seguimento ao processo classificando tudo o que será necessá-
rio para a produção do bem que ele deseja.
Dentro da linha de produção as máquinas comunicam-se
umas com as outras, identificando problemas, atendendo ne-
cessidades especiais do produto, fazendo alterações, controle de
qualidade e até mesmo dando alertas de manutenção e a pro-
gramando.
Todo esse processo tem como resultado um produto de
qualidade com uma produção mais barata, organizada, rápida
e com menos riscos e falhas. E mais do que isso, a Indústria 4.0
traz vários elementos que estruturam e ao mesmo tempo modi-
ficam as relações sociais, as relações das pessoas com o traba-
lho, com o conhecimento, com o lazer e com todas as formas de
interação social, como se observa na figura a seguir:
24
Figura 2 - Elementos formadores da indústria 4.0
Indústria 4.0
Etiqueta
de RFID
QR code
Realidade
Aumentada
(RA)
Automação
Comunicação
Máquina a
Máquina
(M2M)
Inteligência
Artificial
(AI)
Análise de
Big Data
Computação
em Nuvem
Integração
de Sistemas
Segurança
Cibernética
Internet das Coisas (IoT) Sistemas Ciber Físicos (CPS) Internet de Serviços (IoS)
Elementos de Base ou Fundamentais
Elementos Estruturantes
Elementos Complementares
Realidade
Virtual
(RV)
Manufatura
Aditiva
Fonte: SACOMANO, 2018, p. 39.
25
Na indústria 4.0 o motor é a informação. E ela vem na in-
teração com a rede de computadores e se projeta para o que
se denomina de Web 4.0, que coloca, como tendência, a internet
das coisas, o avanço da inteligência artificial, novas relações de
compra e venda (e-commerce), integração de serviços, entre ou-
tras coisas.
Uma das respostas à Indústria 4.0 veio com a Sociedade 5.0,
um conceito desenvolvido no Japão (2016) que, ao contrário do
ideal alemão, coloca o homem no centro do processo, numa pro-
posta em que o econômico incorpora o social e a tecnologia da
quarta revolução industrial.
A proposição é de que os avanços tecnológicos sejam dire-
cionados em prol da sociedade, para áreas ou questões com pro-
blemática social e que, de alguma forma, ajude a desenvolver a
humanidade e a sociedade
Assim, a sociedade em um futuro próximo con-
solidará valores e desenvolverá serviços que
tornem melhor a vida das pessoas, mais sus-
tentável e adaptável. A previsão é para que a
Sociedade 5.0 ofereça soluções para o envelhe-
cimento, longevidade humana, cura de doen-
ças extremas, previsões e soluções de catástro-
fes, mobilidade personalizada, infraestrutura
e a consolidação das fintechs – o dinheiro será
virtual e até o conceito de ‘riqueza’ vai mudar.
Devolver os movimentos para quem os perdeu
e reduzir a dependência física na mobilidade,
ter drones e robôs como membros da família e
criar uma nova definição para o termo ‘velhice’.
(GUIMARÃES et al. 2019, p. 84).
Com os exemplos, os autores (2019) demonstram que ape-
sar de parecerem antagonistas os ideais da Indústria 4.0 e Socie-
dade 5.0 não se contrapõem. O que na verdade se propõe com
esse conceito é que a Indústria 4.0 seja a produtora e a Socieda-
de 5.0 a usuária dessas tecnologias.
26
Com isso os produtos dessa indústria têm também uma
função social e são primordiais para a sociedade, sem servir ape-
nas de ferramenta comercial capaz de gerar riquezas e aumen-
tar ainda mais as desigualdades sociais.
Saiba mais:
Educação para sociedade 5.0
Um desses produtos que reflete os ideais da Sociedade 5.0
e já é palpável em muitos locais do mundo, inclusive no Brasil,
são as Smart Citys, ou Cidades Inteligentes. Esse conceito de ci-
dade inteligente surgiu praticamente junto com a ideia de So-
ciedade 5.0, no Japão onde tradicionalmente as cidades já são
conectadas, extremamente organizadas e há uma preocupação
grande com questões ambientais e sociais. Só que esse conceito
vai além disso e rapidamente se espalhou por todo o mundo e
chegou no Brasil, em que condomínios e algumas cidades já ten-
tam adotar essas ideias.
O que é uma cidade se não um ecossistema complexo com
pessoas se relacionando com todo o ambiente construído? Pois
bem, é justamente nessa ideia de relação entre o homem, am-
biente e tecnologia que surge um conceito que ganhou muita
força: ecossistemas de inovação.
GLOSSÁRIO
Ecossistemas de inovação são considerados como
ativos que geram competitividade na chamada eco-
nomia do conhecimento e espaços de aprendizagem
coletiva, de intercâmbio de conhecimento, de práticas
produtivas e de geração de sinergia entre diversos
agentes de inovação (SPINOSA; SCHLEMM; REIS, 2015).
27
As 10 melhores smart cities do mundo de
acordo com a Smart Cities Awards UNESCO-
Netexplo 2020
TOP 10
SMART
CITIES
1 A U S T I N ( E U A )
2 D A K A R ( S E N E G A L )
3 E S P O O ( F I N L Â N D I A )
4 M E D E L L Í N ( C O L Ô M B I A )
5 S H E N Z H E N ( C H I N A )
S A N T I A G O ( C H I L E )
S I N G A P U R A
S U R A T ( Í N D I A )
6
7
8
9 T A L L I N ( E S T Ô N I A )
10 V I E N A ( Á U S T R I A )
SMART CITIES
BRASILEIRAS
C
A
M
P
I
N
A
S
SÃO
PAULO
CURITI
BA
A ideia de uma Smart City é justamente usar a tecnologia para trazer melhorias e mais qualidade
de vida para quem ali mora e a sustentabilidade é outro ponto fundamental nesse ecossistema. Em
uma Smart City,por exemplo, as novas tecnologias conectadas umas às outras podem trazer dados
sobre o tráfego de veículos nas ruas da cidade e sugerir aos motoristas novas rotas. Ao mesmo
tempo esse mesmo sistema pode direcionar todo o trânsito e até controlar sinaleiros para
A ideia de uma Smart City é justamente usar
a tecnologia para trazer melhorias e mais
qualidade de vida para quem ali mora e a
sustentabilidade é outro ponto fundamental
nesse ecossistema. Em uma Smart City, por
exemplo, as novas tecnologias conectadas
umas às outras podem trazer dados sobre
o tráfego de veículos nas ruas da cidade
e sugerir aos motoristas novas rotas. Ao
mesmo tempo esse mesmo sistema pode
direcionar todo o trânsito e até controlar
sinaleiros para liberarem espaço para
carros de emergência.
Os mesmos dados de tráfego juntamente
com dados de medidores de poluição podem
mostrar ao poder público quais são os
locais mais críticos com relação à poluição
na cidade. Com isso o poder público pode
pensar em melhorar o tráfego de transporte
coletivo no local para diminuir o número de
carros; construir ciclo faixas para incentivar
o uso de bicicletas; criar espaços onde
carros elétricos possam ser carregados
durante o trajeto; construir parques com
áreas verdes nesse local, entre outras
inúmeras possibilidades que só uma cidade
conectada pode dar.
Lista
disponível
em:
https://via.ufsc.br/smart-cities-awards-2020/
28
Por esta definição entende-se os três elementos que com-
põem o ecossistema: a parte humana com ofertantes, deman-
dantes, estudiosos, investidores, entre outros que estão em um
ambiente com interesses em comum (educação, saúde, econo-
mia, empreendedorismo) e com meios tecnológicos criam rela-
ções de colaboração e inovação que transformam e impactam
todo o ambiente.
Empresas, escolas, universidades e organizações de todo o
mundo incentivam a criação desses ecossistemas nos seus es-
paços. Funciona assim: profissionais ou pessoas de várias áreas
ou com perfis diferentes se reúnem para pensar o que com as
tecnologias atuais (ou até mesmo a criação de outra tecnologia)
para impactar positivamente o ambiente em que eles estão.
Incubadoras e parques tecnológicos, startups são exemplos
de ecossistemas de inovação, alinhados com qualquer área da
esfera pública ou privada. E neste sentido, surge o conceito de
ecossistema de educação na sociedade tecnológica.
29
CAPÍTULO III
SOCIEDADE TECNOLÓGICA E
EDUCAÇÃO
Qual o papel da educação na sociedade tecnológica? Como
os avanços tecnológicos impactaram e impactam os processos
de ensino e de aprendizagem? Como se percebe as redes digi-
tais nos processos educacionais?
As respostas para estas perguntas são diversas,
abertas e complexas.
Pensar na união entre processos tecnológicos, pedagógi-
cos, espacialidade e seres humanos é primordial para o desen-
volvimento da educação em todas as partes do mundo. Afinal,
práticas pedagógicas que não levam em conta estas relações
estão fadadas ao insucesso, sobretudo quando voltadas para o
processo de aprendizagem das novas gerações hiperconectadas,
polegarzinhas com dedos ágeis (SERRES, 2013) que utilizam as
tecnologias móveis para acessar a internet e redes sociais e os
conhecimentos que ali estão.
Ora, vivendo em uma sociedade tão conectada, com a pos-
sibilidade de acesso à internet e redes sociais com uma quan-
tidade de informação maior do que de qualquer biblioteca do
mundo (objetificação do sonho de Ptolomeu I com a Biblioteca
de Alexandria) onde estão essas oportunidades tecnológicas nas
escolas e nas universidades?
Saiba mais
Biblioteca de Alexandria – O que é, história,
incêndio e a nova versão
30
O ano de 2020 e 2021 trouxe desafios incomensuráveis para
a educação. Com as escolas e universidades fechadas, as ativida-
des pedagógicas se tornaram mais abrangentes e, por vezes, mais
difíceis, como as relacionadas ao acesso à internet, à falta de fami-
liaridade dos professores e alunos com plataformas de aprendi-
zagem, entre outros dispositivos, aumentando as desigualdades
educacionais. Mas, ao mesmo tempo, ocorreram oportunidades
por meio da aplicação de processos pedagógicos mais flexíveis.
Há reflexões, que continuarão, no que tange ao futuro da
educação, pois muitas estratégias são alavancadas para pensar
e ressignificar processos educativos em consonância com a rea-
lidade social e com as demandas relacionadas à alta conectivida-
de e à interação pelo meio digital.
Somam-se a isso as mutações disruptivas que promoveram
entre outras coisas, o conceito do Mundo VUCA, volátil, incerto,
complexo e ambíguo, utilizado em várias áreas como gestão em-
presarial, marketing, educação, entre outras, há mais de 40 anos,
para descrever as mudanças econômicas e sociais pós-guerra
fria. Contudo, com a pandemia o acrônimo VUCA mudou para
BANI ou, em português, FANI, formada das iniciais dos adjetivos
frágil, ansioso, não linear e incompreensível.
Figura 3 - Mundo Vuca x Mundo Bani
Fonte: Blog GeekFail.
31
Mesmo com todas as preocupações em relação a estas de-
nominações, o certo é que com a pandemia, o Mundo Bani, mos-
tra que há um processo de mudanças frente a uma nova reali-
dade, pois há muitas coisas incompreensíveis, que perderam a
objetividade e racionalidade, o que conduz à percepção de que
mudou completamente a relação com a vida, com a sociedade,
com o trabalho, com as experiências cotidianas, com uma nova
realidade, sem volta. Modificou-se a forma da interação entre o
físico e o virtual, o modo de ver as tecnologias, entre outros pon-
tos, que afetam a todos e descrevem a situação atual.
Neste cenário, ganhou ainda mais relevância o Manifesto
Onlife - The Onlife Manifesto: Being Human in a Hyperconnected
Era, ou o que se denomina Paradigma Onlife, ou na visão de La-
tour (2016) Cosmograma Onlife.
Tal manifesto organizado pelo pesquisador Luciano Floridi
(2015) reúne contribuições de muitos pesquisadores que anali-
sam os desafios que as tecnologias trazem para as mais diversas
estruturas da vida, em especial, nas políticas públicas e questio-
nam a dualidade on-line e off-line, tendo como questão de fundo:
O que significa ser humano em uma época hiperconectada?
GLOSSÁRIO:
Você está OnLIFE?
Você está on-line ou off-line? A nova conexão pla-
netária e habitar redes, tornam ainda mais evidente
que se essa fronteira ainda não desapareceu, está
se tornando mais difusa, uma vez que estamos em
movimento, muitas vezes simultâneo, num hibridis-
mo de espaços (lugares), momentos (tempo), tecno-
logias, formas de se fazer presente e culturas. Onde
você está? Você está OnLIFE (FLORIDI, 2015), num vi-
ver e conviver conectivo que vai se constituindo em
rede (SCHLEMMER, DI FELICE, SERRA, 2020, s/n).
32
Atrelado a este pensamento e ao habitat em redes, o Ma-
nifesto aponta que as tecnologias não são encaradas como fer-
ramentas porque são forças ambientais e, nesta dimensão, mu-
dam a concepção da realidade e de interação com ela.
Já em 1990, Lévy, apontava a internet como uma inteligência
coletiva, contudo na sociedade tecnológica ela é vista como um
ambiente complexo e dinâmico no qual as pessoas interagem
com diversos programas, trocando informações e conteúdos,
numa relação intrínseca. Neste espaço virtual há o que se deno-
mina ecologias na qual há uma interação e uma interdependên-
cia entre agentes humanos e não humanos (DI FELICE (2017).
Neste cenário, a forma como são vistos os processos de
comunicação trazem uma nova arquitetura comunicativa e in-
formativa, definida por Schlemmer, Moreira e Serra (2020, s/p),
como “[...] o conjunto de mundos de dados que somos: orgâni-
co, inorgânico, animal, vegetal, racional, robótico, algorítmico” e,
assim, esta arquitetura amplia o que se conhece como emissor,
receptor, mensagem, código, canal e referente, para redes com-
plexas e conectivas, num novo modo de produzir informações,
por meio de instigantes e amplas formas de interação.
Conforme Schlemmer; Di Felice, Serra (2020) the internet
everything é um conceito que surge neste engendramento da in-
ternet social (web 2.0), a internet das coisas (IOT) e a internet dos
dados (Big Data), num processo ecossistêmico em que o digital
é uma rede formada por agentes humanos, tecnologias, objetos
etc., que transformam os agentes humanos e não humanos em
redes de dados.
Saiba mais:
The Onlife Manifesto - Being Human in a
Hyperconnected Era
33
Mais uma vez o questionamento: qual o papel da educação
nesta sociedade hiperconectada?
Esta é uma pergunta aberta, com muitas possibilidades de
interpretação e com muitos argumentos e contra-argumentos.
Há a necessidade de se pensar para além de uma pedago-
gia ativa, que traz processos e metodologias ativas, que são im-
portantes, mas que gradativamente se correlacionam às práticas
mais coerentes com este tempo por meio, por exemplo, do con-
ceito de ato conectivo defendido por Di Felice (2017)
[...] produzido nas interações ecossistêmicas
entre humanos e não humanos (atores-redes).
Nessas, não há centralidade, mas rede, que
pela conectividade se interliga a outras redes,
desenhando uma arquitetura ecossistêmica.
Isso nos instiga a pedagogias relacionais, co-
nectivas, em rede, capaz de produzir metodo-
logias e práticas inventivas, intervencionistas,
reticulares e conectivas, num habitar atópico
(SCHLEMMER, DI FELICE, SERRA, 2020, s/n).
A partir dessa premissa percebe-se que, na relação pedagó-
gica, as tecnologias são apenas um meio em favor do homem,
são forças ambientais, são ecossistemas que auxiliam na comu-
nicação entre pessoas e a cultura digital em rede.
Isso porque as tecnologias por si só não refletem proces-
sos de ensino e aprendizagem, mas relacionam-se às práticas,
processos pedagógicos flexíveis e criativos, como oportunidades
para se repensar os currículos, os conteúdos, a forma de organi-
zação de cursos e disciplinas. Os aspectos tecnológicos precisam
estar associados ao ato educativo e também sobrelevar interfa-
ces sociais e políticas.
Estes pressupostos instigam a repensar os processos de en-
sino e de aprendizagem na construção de uma Educação Digital
Onlife, como um novo conceito defendido por Moreira e Schlem-
mer (2020).
34
Saiba mais
Assista o vídeo de Eliane Schlemer que traz sua
trajetória de pesquisadora e de professora e nos colo-
ca como se constitui uma educação onlife.
A Conexão e Educação OnLIFE
Dessa forma, Ensino Presencial Remoto, Educação a Distân-
cia, Educação on-line, entre outras possibilidades, estão permeados
pela educação mediada pelo digital. Contudo, numa educação digi-
tal onlife, a forma de se pensar processos educativos considera os
atos conectivos que engendram a rede entre atores humanos e não
humanos, que pode ser realizado, por exemplo, na educação híbri-
da (não a única forma), na perspectiva da teoria comunicacional.
O Relatório Horizon Report de 2020 já destaca a importância
de ecossistemas de aprendizagem em que ocorre o coengendra-
mento entre o virtual e o físico:
[...] está criando uma mudança transformacio-
nal na maneira como as instituições arquite-
tam seus ecossistemas de aprendizagem para
alunos e instrutores. As instituições estão cada
vez mais exigindo suporte de padrões abertos
em aplicações de tecnologia educacional, o que
permite que as instituições ofereçam uma ex-
periência de aprendizagem mais flexível para
mais alunos, de forma síncrona e assíncrona.
A agilidade fornecida por tal arquitetura pode
proporcionar a alunos e instrutores a oportu-
nidade de ‘pensar fora da caixa’ e reconceituar
suas abordagens para a educação (RELATÓRIO
HORIZON REPORT, 2020, p. 9, tradução nossa).
35
Os relatórios sublinham que, frente às questões sociais, eco-
nômicas e educacionais da contemporaneidade, as pessoas ne-
cessitam e necessitarão de oportunidades de estudos em qual-
quer tempo e local, por meio de práticas pedagógicas inventivas,
diferenciadas, reticulares, conectivas e destacam a urgência de
se avançar em aprendizagem autêntica, aprendizagem colabora-
tiva, entre outros aspectos, aliados a currículos inovadores.
O hibridismo no contexto da educação digital oferece a es-
tudantes, que já fazem uso de tecnologias e das redes sociais em
espaços informais, a participação mais acentuada em ambientes
de aprendizagem colaborativos. Assim, nas atividades síncronas
ou em encontros presenciais consolidam e ampliam determina-
dos projetos de aprendizagem, aproveitando o coengendramen-
to dos espaços geográficos e digitais, por meio da integração
das tecnologias analógicas e digitais, em contextos multimodais
que favoreçam o estudo de culturas plurais.
Nestes contextos, a educação híbrida nunca fez tanto senti-
do como faz agora.
Saiba mais
Em outubro deste ano de 2020, foi lançada a As-
sociação Nacional de Educação Básica Híbrida (ANE-
BHI), com a missão de contribuir com a disseminação
desta estratégia educacional e atuar fortemente na
formação de professores.
Associação Nacional de Educação Básica
Híbrida (ANEBHI)
Portanto, o profissional de educação é instigado a entender
mais este processo de inovação educacional e a ter fluência digi-
tal, o que vai mais além do que o uso e apropriação das tecnolo-
gias digitais, pois esta inovação pressupõe um “[...] processo de
36
acoplamento, de coengendramento entre o humano, diferentes
entidades, incluindo as TD e a lógica das redes, o qual possibilita
transformar significativamente a forma de pensar e fazer educa-
ção, provocando a sua transformação. (SCHLEMMER; MOREIRA;-
SERRA; 2020, s/p).“
GLOSSÁRIO
Fluência digital é a capacidade de alavancar tec-
nologias e plataformas digitais para se comunicar de
forma crítica, projetar com criatividade, tomar de-
cisões informadas e resolver problemas complexos
enquanto se antecipa a novos. Apenas manter os le-
tramentos básicos pelos quais alunos e instrutores
acessam e avaliam as informações não é mais sufi-
ciente para atender às necessidades complexas de
uma sociedade mediada digitalmente (HORIZON RE-
PORT, 2019, p. 14, tradução nossa)
Sabe-se que a Comissão Europeia, em 2012, definiu uma lis-
ta de competências digitais e que se inserem na perspectiva da
fluência digital na formação docente e discente e, recentemen-
te publicou novo documento intitulado Plano de Ação para uma
Educação Digital (2021-2027) em favor de uma educação digital
inclusiva e acessível na Europa. O texto aponta duas prioridades
estratégicas: 1. promover o desenvolvimento de um ecossistema
de educação digital altamente eficaz; 2. reforçar as competên-
cias e aptidões digitais para a transformação digital.
Saiba mais:
Plano de Ação para a Educação Digital (2021-
2027) - Comissão Europeia
37
PARA REFLEXÃO
Até aqui estudou-se diversas formas de pensar
as sociedades e transitou-se no tempo, pelas diferen-
tes fases da indústria e do mercado. Falou-se da socie-
dade em suas nuances, abordou-se os pressupostos
da Indústria 4.0 para destacar as cidades inteligentes,
que se espalham ao redor do mundo e expandem as
teias, cruzando fronteiras por meio da globalização. E
por falar em teias, tratou-se também sobre as redes
sociais tão presentes.
Todo esse caminho foi guiado pela tecnologia
e sua relação com a sociedade. Esse relacionamento
se intensifica cada vez mais em um tom quase que
matrimonial, no qual é quase impossível imaginar a
atual sociedade vivendo sem as tecnologias digitais
que surgiram com a internet. A esse casamento cha-
ma-se, neste contexto, de Sociedade Tecnológica.
Nesta sociedade se inserem os ecossistemas
educacionais, como uma ecologia em rede sem uma
separação entre a tecnologia e as pessoas, com uma
relação que pressupõe diferentes interações e cone-
xões. É um processo educacional que acontece nas
relações entre os seres humanos, o conhecimento, a
tecnologia, os objetos, as coisas, os dados, a realida-
de física e suas características.
Diante desse relacionamento e de todo o con-
texto histórico tratado acima, resta posicionar-se, en-
quanto profissionais da educação, em meio a essa so-
ciedade tecnológica.
continua...
38
O uso indiscriminado das tecnologias e, neste
contexto do meio digital, sem a reflexão necessária,
leva às abordagens tecnicistas e conduzem a educa-
ção a processos de alienação frente à realidade, exa-
tamente o contrário do que se visa que é levar os su-
jeitos à autonomia.
Tão importante quanto compreender o que é
possível e como fazer nesses novos cenários educa-
cionais é entender o que já é feito, sobretudo em uma
época de pandemia, quando os caminhos que envol-
vem o digital evoluíram a uma velocidade espantosa
e o uso de tecnologias tornou-se quase obrigatório
para a continuidade da educação formal, tanto no en-
sino básico quanto no superior.
O certo é que compete à formação de profes-
sores abordar as competências digitais para que os
docentes atuem nos processos de transformações
educacionais. De igual forma, cabe aos discentes
entender as tecnologias em favor da construção de
conceitos.
Desde a Revolução Industrial, o principal mo-
tor das inovações foi a economia. E mais uma vez a
educação é chamada a participar de processos de
inovações que utilizem tecnologias como forças am-
bientais, sem desconsiderar a ética, o cultural, as di-
versidades sociais e o protagonismo dos seres huma-
nos na relação com a tecnologia.
conclusão.
39
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  • 1.
  • 2. SOCIEDADE TECNOLÓGICA: DIÁLOGOS, CRUZAMENTOS E ENTRECRUZAMENTOS Maria Aparecida Crissi Knuppel Luiz Carlos Knuppel Junior (co-autor) Revisão de Português: Ruth Rieth Leonhardt Projeto Gráfico: Murilo Holubovski Elementos gráficos: Freepik.com Noun Project/achmad Noun Project/Desainer Kanan Noun Project/Gregor Cresnar Noun Project/iconesia
  • 3. s É possível navegar pelo arquivo clicando nos títulos do sumário e sempre que quiser pode retornar ao sumário através do botão no topo da tela e o botão retoma sua leitura retornando para a última página exibida. No canto superior há a possibilidade de abrir um campo para suas anotações , lembre-se de salvar o arquivo para que suas notas não sejam perdidas e certifique-se que este menu e demais pop-ups estejam visíveis caso deseje que sejam impressos. Nos espaços Saiba Mais é possível habilitar QR-codes para manter os links acessíveis mesmo com o material impresso através do botão . Este material foi produzido para ser visualizado em telas, podendo perder a fidelidade de cores quando impresso, portanto recomenda-se a impressão em escala de cinza. Informações adicionais Sumário APRESENTAÇÃO 4 I - OS ENLACES E DESENLACES NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO 7 II - SOCIEDADE EM REDE E SOCIEDADE 5.0: TECNOLOGIAS E ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO 18 III - SOCIEDADE TECNOLÓGICA E EDUCAÇÃO 29 REFERÊNCIAS 39
  • 4. 4 APRESENTAÇÃO A temática deste e-book é o contexto das transformações em curso no mundo contemporâneo, com o objetivo de apontar os principais teóricos que analisam essas alterações e avaliar os reflexos na educação. De que mudanças estamos falando? As mudanças foram impulsionadas, por um momento ím- par, ocasionado pela crise sanitária sem precedentes, pelo me- nos neste século, somado aos avanços da Indústria 4.0, junta- mente com a perspectiva da Sociedade 5.0 e da Educação 5.0. Nunca se falou tanto sobre as mudanças no modo de se fa- zer educação. Há claramente um clamor por diversidade, pela alteração de uma forma de conhecimento para a outra, em es- pecial, na educação, pelo uso de atividades remotas chamadas de interfaces digitais e pela necessidade de se compreender a educação no coengendramento de espaços físicos e digitais. É importante que compreendamos que muito antes de che- gar a esse patamar, as novas tecnologias já impactavam a socieda- de, com o advento, em especial, da internet. Desde que a ideia de uma rede capaz de integrar todo o globo, por meio dos computa- dores, tornou-se possível, muitos teóricos debruçaram-se sobre o tema para entender como a sociedade lida com essas inovações. Imagem 1 - Integração digital Fonte: RawPixel/Freepik.com.
  • 5. 5 Sociedade da Informação, do Conhecimento, em Rede e ou- tras formas de caracterização da sociedade são teorias impor- tantes que analisam as interações e as possibilidades do relacio- namento entre o homem e a tecnologia. Muitas dessas teorias acertaram em termos de perspectivas em relação às tecnologias, contudo, outras previsões não passaram de fantasias futurísti- cas, como as de Hanna Barbera em Jetsons, que, pelo menos, ainda não se cumpriram. 15 Tecnologias dos Jetsons que JÁ EXISTEM hoje em dia - Andrei Bedene As visões de sociedade e desenvolvimento, transformam-se à medida que novas tecnologias, com outros tipos de interação, surgem e modificam as relações existentes. E sempre foi assim. Nas diversas fases da história, modificações ocorreram nas rela- ções entre o homem e a tecnologia. Todos sabemos que prever, ou ao menos mensurar, os im- pactos de novas tecnologias que surgem na sociedade é de ex- trema importância. Em termos econômicos, talvez essa seja a pergunta de 1 milhão de dólares, ou até mais, já que o mercado migra para esse lado e a palavra de ordem, hoje, é inovar. Mas, tão importante quanto essa questão, é compreender os impac- tos das novas ferramentas disponibilizadas e das vindouras, em outras áreas, como a educação, por exemplo, e assim, prospec- tar possibilidades para ao menos mitigar a visão reducionista so- bre a tecnologia, que ainda é muito presente. Há que construir uma sociedade em que a relação entre as pessoas e a tecnolo- gia seja muito mais fluida, mas ao mesmo tempo, sem deixar de considerar os processos que de alguma forma, trazem para a sociedade problemas éticos e formas de manipulação social e política.
  • 6. 6 O post abaixo traz uma reflexão em relação ao poder da tecnologia e os usos políticos da rede: A disrupção digital coloca a democracia em risco? - O Futuro das Coisas Vale muito a pena assistir o documentário O di- lema das redes, que expõe, entre outras coisas impor- tantes, os meandros da tecnologia persuasiva, o im- pacto das redes sociais na vida das pessoas e mostra a complexidade das fake news. Imagem 2 - O dilema das redes Fonte: Netflix.
  • 7. 7 CAPÍTULO I OS ENLACES E DESENLACES NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO Vocês devem concordar que falar da importância da tecno- logia e da informação na sociedade é lugar comum. Em tempos de tanta divergência, um dos poucos consensos na sociedade atual é que o avanço da tecnologia é um caminho sem volta e os produtos dele é que moldarão essa e as próximas gerações em praticamente todas as ações. Desde que o homem começou a viver em grupos e se relacio- nar, a transmissão de conhecimentos e de informações foi extre- mamente necessária, assim como atualmente. A diferença, entre- tanto, está na capacidade de difusão das informações e no diálogo em que os seres humanos estabelecem com as tecnologias. Desde o início da civilização o homem trabalha para aprimo- rar a comunicabilidade: da linguagem oral para a escrita e che- gando, atualmente, nos memes e emoctions; da disseminação da informação por meio da invenção de Johann Gutemberg até os meios de emissão modernos como rádio, TV e, principalmente, a Internet. Sabemos que a evolução na rede de computadores foi tan- ta, nos últimos anos, que atualmente o homem se contata com, praticamente, o mundo inteiro com apenas poucos cliques. Com tanta facilidade, nunca houve tanta informação circulando ao mesmo tempo e de tantas formas. Neste cenário, um dos gran- des desafios não está na falta de informação, como já dito, mas sim, em identificar as verdadeiras e mais relevantes. O paper O que é falso sobre fake news do jornalista Otavio Frias Filho, faz uma abordagem histórica sobre o tema e uma reflexão pertinente sobre a extensa disseminação desta prática permissiva. Vamos a ele!
  • 8. 8 O que é falso sobre fake news - Otavio Frias Filho Todos os temas da sociedade atual estão impregnados com uma grande quantidade de informações. Eleições já foram de- finidas por influência delas, os rumos do combate à pandemia são modificados constantemente pela forma como notícias e re- ferências são divulgadas e compartilhadas. Pode-se efetivamente dizer que se vive em uma sociedade dominada pela informação? É justamente a expressão Sociedade da Informação que Manuel Castells (1999) utilizou na década de 1990, para refletir sobre essa temática e se contrapor às diferenciações dela como algo novo, mas que, no cenário da época já se caracterizava em processos complexos. Por intermédio da tecnologia, redes de capital, de trabalho, de informação e de mercados co- nectaram funções, pessoas e locais valiosos ao redor do mundo, ao mesmo tempo em que des- conectaram as populações e territórios despro- vidos de valor e interesse para a dinâmica do capitalismo global. Seguiram-se exclusão social e não pertinência econômica de segmentos de sociedades, de áreas urbanas, de regiões e de países inteiros, constituindo o que chamo de ‘o Quarto Mundo’. (CASTELLS, 1999, p. 411). A geração, processamento e transmissão de in- formação torna-se a principal fonte de produti- vidade e poder. (CASTELLS, 1999, p. 21).
  • 9. 9 Doutor em Sociologia pela Uni- versidade de Paris, é professor nas áreas de sociologia, comunicação e planejamento urbano e regional e pesquisador dos efeitos da infor- mação sobre a economia, a cultura e a sociedade em geral. Principal analista da era da informação e das sociedades conectadas em rede, sua obra virou referência obriga- tória na discussão das transforma- ções sociais do final do século XX. É autor de dezenas de livros traduzidos para di- versos idiomas, com destaque para a trilogia A era da informação, composta por A sociedade em rede, O po- der da identidade e Fim de milênio. Seu livro Redes de indignação e esperança relaciona as novas formas de comunicação da sociedade em rede, apontando cami- nhos para que a autonomia comunicacional das telas se expanda à realidade social como um todo Fonte: Fronteiras do Pensamento. Pelos destaques que trouxemos para o texto, observa-se que no final do século XX, o uso da expressão sociedade da informa- ção foi relacionado com um novo paradigma técnico econômico. Entretanto, Castells não foi o primeiro e tampouco o úni- co a falar sobre a sociedade da informação e do conhecimento. A expressão foi utilizada por exemplo, por Alain Touraine (1969) e Daniel Bell (1973), ao refletirem a informação como o motor das relações de poder na sociedade contemporânea. Em espe- cial, Bell no livro O advento da sociedade pós-industrial já destaca- va que o eixo daquela sociedade seria baseado na informação, numa nova ordem econômica. MANUEL CASTELLS Sociólogo
  • 10. 10 O economista Fritz Machlup (1902-1983) também já usava esse conceito, nos meados da década de 1960, a partir da reali- dade norte-americana. Este autor referia-se à crescente presen- ça da informação e dos usos tecnológicos em um novo cenário histórico e definiu o conceito de indústria do conhecimento, a infosfera. Mesmo muito criticado, com seus estudos, inicia-se a divulgação do mito programático da sociedade da informação e da nova economia. Outro teórico, Peter Drucker (1909-2005), também foi um dos primeiros a discorrer sobre uma sociedade pós-industrial e popularizou a denominação Economia do Conhecimento afir- mando que “[...] as atividades que ocupam o lugar central das organizações não são mais aquelas que visam a produzir ou dis- tribuir objetos, mas aquelas que produzem e distribuem infor- mação e conhecimento.” (DRUCKER apud LEAL, 2005, p. 110). Já no século XXI, outros autores, impressionados com as tecnologias que começam a surgir debatem o tema. Contudo, as teorias de Manuel Castells, são as mais populares na literatura da área já que o autor se aprofunda na problematização e exalta as novas tecnologias de informação e conhecimento (TICs), co- locando-as como fator determinante da sociedade, já que são capazes de modificar os paradigmas que persistiam desde a re- volução industrial. Para Werthein (2000, p. 71) existe uma grande mudança em relação ao que se era pensado desde a Revolução Industrial, já que há uma quebra da relação entre desenvolvimento científico e econômico quando o fator chave já não está mais na busca e criação de insumos mais baratos de energia para a melhoria na sociedade, mas em insumos mais baratos de informação, alavan- cados pelos avanços nas telecomunicações e microeletrônica. Essa quebra de paradigma facilitou processos de desregu- lamentação, privatização e ruptura do modelo de contrato social entre capital e trabalho, característicos do capitalismo industrial, mudança importante no sistema econômico, estabelecido desde o século XIX.
  • 11. 11 Obviamente as mudanças se estendem a outros setores, entre eles a educação (o que será abordado mais além), saúde, política e transformação social. São justamente as transforma- ções e a influências da TICs na sociedade, impulsionadas pela globalização, que fazem com que alguns autores apontem dife- renciações entre Sociedade da Informação e do Conhecimento. Leia o texto A sociedade de informação e seus de- safios de Jorge Werthein (2000) da Universidade de Stanford que discorre sobre a necessidade de não ser ingênuos sobre o que se fala sobre o determinismo e o evolucionismo do paradigma tecnológico e, ao mes- mo tempo, indica que questões, apontadas pelo autor em 2000, já foram superadas e outras permanecem. A sociedade da informação e seus desafios - Jorge Werthein As diferenças entre Sociedade da Informação e do Conheci- mento de fato existam, mas também é fato de que a existência de uma é intrínseca à outra porque sociedade, informação e co- nhecimento são conceitos, perspectivas e pressupostos que se entrelaçam e se constituem e são de algum modo formas de or- denamento de um novo modelo de desenvolvimento econômico. Tome-se como exemplo um indivíduo com acesso à internet e com ele, a bancos de dados, bibliotecas virtuais, artigos científicos, páginas de sites e toda a gama de informações advindas de jornais, revistas, clipping e feeds de notícias do mundo inteiro. Pois bem, esse indivíduo vive na Sociedade da Informação. Já quando, no uso desses conteúdos, ele interage com as pessoas, troca informações, discute, contribui, traz reflexões, produz saberes e colabora com a construção do conhecimento da rede a que pertence, compõe a Sociedade do Conhecimento, pois coopera para transformar a rede, pelo uso do conhecimento e dos informes que obteve.
  • 12. 12 Pelo exemplo acima, percebe-se o entrecruzamento entre informação, conhecimento e tecnologia, como aspectos que compõem a sociedade. Borges (2008) é um dos autores que não vê distinção entre sociedade da informação e do conhecimento porque são catego- rias que se entrelaçam. A Sociedade da Informação e do Conhecimento é reconhecida pelo uso intenso da informação e do conhecimento e das tecnologias de infor- mação e da comunicação, na vida do indivíduo e da sociedade, em suas diversas atividades (BORGES, 2008, p. 179). Para Lévy (2010), a economia que ele denomina economia do saber, está estruturada na gestão do conhecimento que pres- supõe que as pessoas interajam mais, sejam mais participativas e criativas. Portanto, cabe às pessoas relacionar-se com os juízos de forma colaborativa, criativa e de produção de novos conceitos. A UNESCO em conferências e relatórios, no início dos anos 2000, adotou a expressão Sociedade do Conhecimento, como se observa na citação abaixo: A Sociedade da Informação é a pedra angular das sociedades do conhecimento. O conceito de ‘sociedade da informação’, a meu ver, está relacionado à ideia da ‘inovação tecnológica’, enquanto o conceito de ‘sociedades do conhe- cimento’ inclui uma dimensão de transforma- ção social, cultural, econômica, política e ins- titucional, assim como uma perspectiva mais pluralista e de desenvolvimento. O conceito de ‘sociedades do conhecimento’ é preferível ao da ‘sociedade da informação’ já que expres- sa melhor a complexidade e o dinamismo das mudanças que estão ocorrendo. [...] o conheci- mento em questão não só é importante para o crescimento econômico, mas também para for- talecer e desenvolver todos os setores da socie- dade (KHAN apud BURCH, 2005, p. 8).
  • 13. 13 Nota-se, já há algumas décadas, a preocupação de entida- des e agências internacionais, como a UNESCO, com temas re- lacionados à Sociedade da Informação e do Conhecimento e às Tecnologias Digitais de Informação e do Conhecimento (TDICs). Na década de 1990, discutiu-se o tema nas reuniões do G8, em fóruns da Comunidade Europeia e da Organização para a Coope- ração e Desenvolvimento Econômico/ OCDE, no Banco Mundial e nos países desenvolvidos, como Estados Unidos. Em 2003 e 2005 a Cúpula Mundial da ONU foi nomeada como Cúpula Mundial sobre Sociedade da Informação/CMSI de- batendo esses assuntos e se tornando um marco para os temas da produção do conhecimento e do acesso e uso de tecnologias. Para Ambrosi, Pimenta e Peugeot (2005) apud Burch (2005) o que ressaltava naqueles eventos era a preocupação com as desigual- dades sociais e a exclusão digital de países periféricos. Mas os even- tos também enfatizavam questões econômicas relacionadas aos im- pactos das tecnologias da informação no sistema de produção. Posteriormente novos documentos foram divulgados pela UNESCO por meio da CMSI, a exemplo da publicação lançada em 2013, cujo título é: Renovando a visão das Sociedades do Conheci- mento para a paz e o desenvolvimento sustentável. Neste documento, Mansell e Tremblay (2015) acentuam a denominação Sociedades da Informação, no plural, para que se compreenda as diversas formas de organização das sociedades e enfatizam que as pessoas precisam ser preparadas para adqui- rir informações, transformá-las em conhecimentos e, atuarem ativamente nos aspectos econômicos e sociais de seus países. Tal postura, defendida pela UNESCO, traduz-se na seguinte premissa: Defesa do acesso universal à informação para que as sociedades possam ter paz e desenvolvimento sustentável.
  • 14. 14 Novamente em 2017, a UNESCO lança um relatório intitu- lado As pedras angulares para a promoção de sociedades do co- nhecimento inclusivas, que apresenta uma constatação e faz uma provocação: A visão da UNESCO sobre as Sociedades do Co- nhecimento universais baseia-se em uma In- ternet livre, aberta e confiável que proporcione às pessoas a possibilidade não apenas de aces- sar recursos de informação do mundo inteiro, mas, também, de contribuir com informação e conhecimento para comunidades locais e glo- bais. O que a UNESCO pode fazer para cami- nhar na direção da realização dessa visão de Sociedades do Conhecimento viabilizadas pela Internet, que consiga promover um desenvol- vimento humano sustentável e mundialmente inclusiva (UNESCO, 2017, p. 10). Nesse documento observa-se a defesa por uma internet li- vre, aberta e confiável que possibilite às pessoas acesso às in- formações, como forma de garantia do direito dos cidadãos. Para tal, defende quatro proposições que se caracterizam como pedras angulares: acesso à informação e ao conhecimento, li- berdade de expressão, privacidade e normas e comportamen- tos éticos on-line.
  • 15. 15 Quadro 1 - As quatro pedras angulares e seus componentes e bases Acesso à informação e ao conhecimento Ética • Acesso universal; • Capacidade de buscar e receber informações on-line, incluindo co- nhecimentos científicos, indígenas e tradicionais; • Liberdade de informação e a construção de recursos de conheci- mento aberto, incluindo Internet aberta, padrões abertos, acesso aberto, e disponibilidade de dados; • Preservação do patrimônio digital; • Respeito à diversidade cultural e linguística, como a promoção do acesso ao conteúdo local em idiomas acessíveis; • Educação de qualidade para todos, incluindo a educação ao longo da vida e o e-learning; • Difusão da nova AMI e a inclusão social on-line, incluindo a aborda- gem de desigualdades de habilidades, gênero, idade, raça, etnia e acessibilidade para pessoas com deficiência; • Desenvolvimento de conectividade e TIC a preços acessíveis, incluin- do telefones celulares, Internet e infraestruturas de banda larga. Liberdade de expressão • Capacidade de expressar pontos de vista por meio da Internet, da Web e de mídias digitais relacionadas; • Direito à liberdade de expressão on-line de acordo com o artigo 19 da Decla- ração dos Direitos Humanos, incluindo a liberdade de imprensa e a segurança de jornalistas, usuários de mídia sociais e defensores dos direitos humanos como pré-condição para a liberdade da mídia, o pluralismo e a independência; • Políticas que fomentem o intercâmbio aberto de opiniões; • Multilinguismo; • Compreensão dos usuários sobre os direitos e responsabilidades da livre ex- pressão na rede; • Expressão inclusiva versus restrita; • Acordos para participação multissetorial, favorecendo a regulação social e a autorregulação da livre expressão no ciberespaço. Privacidade • Práticas e políticas de Internet que respeitem o direito à privacidade; • Promoção da abertura e transparência que considere a privacidade pessoal; • Reconhecimento de que a privacidade e sua proteção são a base da confiança na Internet e, portanto, para sua maior utilização e aces- sibilidade; • Uso de acordos multissetoriais para conciliar a privacidade com ou- tros direitos humanos, tais como a liberdade de expressão ou o di- reito ‘à vida, à liberdade e à segurança pessoal’. A ética enfatiza o domínio das escolhas entre alternativas e inclui a in- tencionalidade das ações, assim como seus resultados, sejam intencionais ou não, como resultados da tomada de decisão que impacta o bem-estar de indi- víduos e da sociedade. O uso da Internet pode ter resultados positivos, mas ela também pode ser usada de forma equivocada ou com a intenção de violar normas, por exemplo, para prejudicar outras pessoas. Essa categoria considera se as normas, regras e procedimentos que afetam o comportamento on-line estão baseados em princípios éticos ancorados nos direitos humanos. A ética questiona se as normas estão voltadas à proteção das liberdades e da dignidade de indivíduos no ciberespaço e se são sensíveis ao avanço da acessi- bilidade, da abertura, da inclusão e da participação multissetorial na Internet. Práticas, legislações e políticas relativas à Internet podem ser ancoradas em considerações éticas conscientes, como a não discriminação com base em questões de gênero, idade ou deficiência. A ética pode desempenhar o papel de moldar práticas e políticas emergentes. Fonte: UNESCO, 2017, p. 18
  • 16. 16 Para aprofundar mais sobre o tema acesse: As pedras angulares para a promoção de sociedades do conhecimento inclusivas Renovando a Visão das Sociedades do Conheci- mentoparaaPazeoDesenvolvimentoSustentável A relevância desses temas no cenário mundial explica-se pela globalização e pelas práticas neoliberais que trouxeram, dentre outros elementos, o papel das tecnologias digitais que quebra- ram as barreiras físicas entre países e continentes, permitiram um novo mundo de negócios sem fronteiras e, com elas surgiram também desafios, intensos debates, novos conceitos e teorias.
  • 17. 17 Imagem 3 - Referência a globalização Fonte: pixy.org. Percebe-se que há uma ideia de dependência mútua asso- ciada à globalização, o que envolve internacionalização da eco- nomia, domínio capitalista, entre outros aspectos. A influência de países mais desenvolvidos sobre países periféricos sofre forte influxo das tecnologias da informação e da comunicação. Estas preocupações são destacadas por diversos teóricos como a de Castells “[...] o surgimento de um novo sistema eletrô- nico de comunicação caracterizado pelo seu alcance global, integração de todos os meios de comunicação e interatividade potencial está mudando e mudará para sempre nossa cultu- ra”. (CASTELLS, 1999, p. 414). ou a de Ribeiro, ao observar que na globalização “Uma certa ‘cultura global’ é instalada, [...]. Esta cultura global revela-se, ao contrário do que se poderia imaginar, fragmentada e circunscrita a circuitos, nem sempre abertos”. (1995, p 2.). Frente aos milhões de dados que chegam por meio de dife- rentes tecnologias, há a necessidade de que essas informações se transformem em conhecimento e aplicadas nas mais diversas áreas, alterando-as.
  • 18. 18 CAPÍTULO II SOCIEDADE EM REDE E SOCIEDADE 5.0: TECNOLOGIAS E ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO A ideia de um mundo conectado sem barreiras e interligado em uma espécie de rede trouxe também outro ideal de socieda- de, a chamada Sociedade em Rede. A ideia de uma sociedade interligada como uma rede soa muito familiar nos tempos atuais graças à intensa atividade que se observa na Web, mas a ideia em relação à Sociedade em Rede é anterior à popularização da internet e surgiu no início dos anos 1990, pelo que se observa abaixo: Glossário Redes são instrumentos apropriados para a eco- nomia capitalista baseadas na inovação, globalização e concentração descentralizada; para o trabalho, tra- balhadores e empresas voltadas para a flexibilidade e adaptabilidade; para uma cultura de desconstrução e reconstrução contínuas; para uma política destina- da ao processamento instantâneo de novos valores e humores públicos; e para uma organização social que vise a suplantação do espaço e invalidação do tempo (CASTELLS, 1999, p. 566). Esse movimento global descrito por Castells (1999) e ine- rente à Sociedade do Conhecimento é potencializado a partir da ampla publicidade e da abrangência da world wide web/www, das redes sociais e do crescente número de usuários da rede de computadores.
  • 19. 19 Imagem 4 – Redes Sociais Fonte: Pexels.com. Evidencia-se, por meio de Castells na obra a Era da Informa- ção (2002), os cinco pressupostos da sociedade em rede defen- didos por ele: a informação, a flexibilização da produção, a lógi- ca reticular, a difusão e a convergência das tecnologias digitais de comunicação. Nesta teia social, há uma centralidade do ator social na interação com as tecnologias e relação com os meios informacionais, como fundamentais no processo de transforma- ção social e política, num círculo virtuoso. Para Di Felice (2013) as redes pensadas por Manuel Castells são: [...] expressões de um novo social expandido, no qual as informações são disseminadas pelos atores sociais em conflito entre si e cuja ação encontra sua difusão na mesma estrutura co- municativa. Na sua visão, a sociedade em rede caracteriza-se como uma sociedade engloban- te na qual os atores, suas ações, o poder e as instituições encontram nas redes sua dissemi- nação e redefinição social. Em outras palavras, a sociedade em rede é um sistema social que possui atores, instituições que comunicam en- tre si disseminando funções, desejos, esperan- ças e objetivos exclusivamente humanos (DI FELICE, 2013, p. 49-50).
  • 20. 20 Nesse mundo, as perspectivas e possibilidades da conecti- vidade ligadas à internet são muitas. Emergiram também várias formas de comunicação, de socialização de culturas e saberes. Essas conexões são clarificadas no seguinte diagrama: Imagem 5 - Representação de um rizoma Fonte: Sedestic.blogspot.com. No desenho, percebe-se o rizoma com as seguintes carac- terísticas: um princípio norteador (ponto vermelho no centro do desenho), entendido como o conhecimento, dividindo-se e en- trelaçando em diversos processos e ações, chegando a diferen- tes indivíduos e estabelecendo redes interligadas (pontos ver- melhos rodeados por pontos cinzas). Essa multiplicidade de processos e indivíduos leva a outras dimensões, nas quais há a heterogeneidade de modelos e abre caminhos para sinapses, princípios de conexão e heterogeneida- de - ligações e pontes para outras estruturas e conhecimentos (pontos verdes). Portanto, nas redes, com diferentes pontos de comunicação há muitos sujeitos e estruturas sociais: indivíduos, empresas, or- ganizações, dados, espaços, territórios.
  • 21. 21 A sociedade em rede permite que novas práticas, novas formas de se fazer, novas formas de ler, e tantas outras novidades se desenvolvam, permi- tindo que as informações não sejam mais sim- plesmente produzidas para serem consumidas, mas os processos agora acontecem de muitos para muitos. Se antes tinha-se grandes produto- res que geravam conteúdo que era repassado a um interlocutor tido como ‘passivo’, hoje esses processos produtivos se dão de forma cada vez mais coletiva, participativa, com um mediador mais participante do que avaliador. Quase ine- xiste, então, o agente principal, pois todos pas- sam a produzir informação, conhecimento, e facilmente expressá-los e compartilhá-los com seus pares (RICKLI, 2016, p. 108.) Essas conexões em diferentes níveis ultrapassam os limites geográficos e atingem o planeta num processo de globalização. Nesta visão, a ideia de aldeia global é ressignificada, para além da natureza dos meios de comunicação. Em uma cultura unifi- cada por meio da tecnologia, a ideia advinda da globalização é concebida como uma enorme rede ou teia de conexões e de in- tercomunicações diretas entre as pessoas, em todas as regiões do globo, independente da distância. Para muitos estudiosos a empolgação com globalização, no final do século XX, e a promessa de uma revolução global não se cumpriu já que o fenômeno, na verdade, serviu para aumentar ainda mais as desigualdades sociais e ampliar o domínio dos paí- ses mais fortes economicamente sobre os outros. Por outro lado, as tecnologias da informação e comunicação trouxeram uma outra percepção de contato. Ao romper espaços e territórios físicos dão voz às pessoas que jamais seriam ouvidas. Outros pontos que geram bastante polêmica são a Indústria 4.0, a Sociedade 5.0 e o papel da educação, neste cenário. Os debates en- tre os termos e números remete a um embate que já está no imagi- nário humano há um bom tempo e faz sucesso no cinema, a relação entre o homem e a máquina, como no filme Exterminador do futuro.
  • 22. 22 VÍDEO O Exterminador do Futuro Trailer Obviamente que não se fala aqui de máquinas dispostas a exterminar a raça humana, mas tanto os produtos dessa inova- ção tecnológica quanto o homem disputam o mesmo espaço no que se refere ao mercado de trabalho. O conceito de Indústria 4.0 vem de um projeto audacioso alemão que automatizou todo o processo de fabricação de um produto, incluindo outra relação homem e máquina, do que de- corre a quarta revolução industrial. Figura 1 - EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA Fonte: Wertambiental.com.br.
  • 23. 23 No caso da Indústria, a base existente de auto- mação informatizada e uma visão de negócios voltada à transformação digital faz nascer o conceito de Indústria 4.0, cujo nome vem de pro- jeto da indústria alemã, denominado Plattform Industrie 4.0 (Plataforma Indústria 4.0) lançado em 2001, na Feria de Hannover (SACOMANO et al., 2018, p. 28). Em sua obra, Sacomano (2018) descreve o funcionamento de uma indústria totalmente automatizada e informatizada, tí- pica da Quarta Revolução Industrial. Nela, o pedido de alguém chega pela internet e o sistema o recebe, identifica o cliente e dá seguimento ao processo classificando tudo o que será necessá- rio para a produção do bem que ele deseja. Dentro da linha de produção as máquinas comunicam-se umas com as outras, identificando problemas, atendendo ne- cessidades especiais do produto, fazendo alterações, controle de qualidade e até mesmo dando alertas de manutenção e a pro- gramando. Todo esse processo tem como resultado um produto de qualidade com uma produção mais barata, organizada, rápida e com menos riscos e falhas. E mais do que isso, a Indústria 4.0 traz vários elementos que estruturam e ao mesmo tempo modi- ficam as relações sociais, as relações das pessoas com o traba- lho, com o conhecimento, com o lazer e com todas as formas de interação social, como se observa na figura a seguir:
  • 24. 24 Figura 2 - Elementos formadores da indústria 4.0 Indústria 4.0 Etiqueta de RFID QR code Realidade Aumentada (RA) Automação Comunicação Máquina a Máquina (M2M) Inteligência Artificial (AI) Análise de Big Data Computação em Nuvem Integração de Sistemas Segurança Cibernética Internet das Coisas (IoT) Sistemas Ciber Físicos (CPS) Internet de Serviços (IoS) Elementos de Base ou Fundamentais Elementos Estruturantes Elementos Complementares Realidade Virtual (RV) Manufatura Aditiva Fonte: SACOMANO, 2018, p. 39.
  • 25. 25 Na indústria 4.0 o motor é a informação. E ela vem na in- teração com a rede de computadores e se projeta para o que se denomina de Web 4.0, que coloca, como tendência, a internet das coisas, o avanço da inteligência artificial, novas relações de compra e venda (e-commerce), integração de serviços, entre ou- tras coisas. Uma das respostas à Indústria 4.0 veio com a Sociedade 5.0, um conceito desenvolvido no Japão (2016) que, ao contrário do ideal alemão, coloca o homem no centro do processo, numa pro- posta em que o econômico incorpora o social e a tecnologia da quarta revolução industrial. A proposição é de que os avanços tecnológicos sejam dire- cionados em prol da sociedade, para áreas ou questões com pro- blemática social e que, de alguma forma, ajude a desenvolver a humanidade e a sociedade Assim, a sociedade em um futuro próximo con- solidará valores e desenvolverá serviços que tornem melhor a vida das pessoas, mais sus- tentável e adaptável. A previsão é para que a Sociedade 5.0 ofereça soluções para o envelhe- cimento, longevidade humana, cura de doen- ças extremas, previsões e soluções de catástro- fes, mobilidade personalizada, infraestrutura e a consolidação das fintechs – o dinheiro será virtual e até o conceito de ‘riqueza’ vai mudar. Devolver os movimentos para quem os perdeu e reduzir a dependência física na mobilidade, ter drones e robôs como membros da família e criar uma nova definição para o termo ‘velhice’. (GUIMARÃES et al. 2019, p. 84). Com os exemplos, os autores (2019) demonstram que ape- sar de parecerem antagonistas os ideais da Indústria 4.0 e Socie- dade 5.0 não se contrapõem. O que na verdade se propõe com esse conceito é que a Indústria 4.0 seja a produtora e a Socieda- de 5.0 a usuária dessas tecnologias.
  • 26. 26 Com isso os produtos dessa indústria têm também uma função social e são primordiais para a sociedade, sem servir ape- nas de ferramenta comercial capaz de gerar riquezas e aumen- tar ainda mais as desigualdades sociais. Saiba mais: Educação para sociedade 5.0 Um desses produtos que reflete os ideais da Sociedade 5.0 e já é palpável em muitos locais do mundo, inclusive no Brasil, são as Smart Citys, ou Cidades Inteligentes. Esse conceito de ci- dade inteligente surgiu praticamente junto com a ideia de So- ciedade 5.0, no Japão onde tradicionalmente as cidades já são conectadas, extremamente organizadas e há uma preocupação grande com questões ambientais e sociais. Só que esse conceito vai além disso e rapidamente se espalhou por todo o mundo e chegou no Brasil, em que condomínios e algumas cidades já ten- tam adotar essas ideias. O que é uma cidade se não um ecossistema complexo com pessoas se relacionando com todo o ambiente construído? Pois bem, é justamente nessa ideia de relação entre o homem, am- biente e tecnologia que surge um conceito que ganhou muita força: ecossistemas de inovação. GLOSSÁRIO Ecossistemas de inovação são considerados como ativos que geram competitividade na chamada eco- nomia do conhecimento e espaços de aprendizagem coletiva, de intercâmbio de conhecimento, de práticas produtivas e de geração de sinergia entre diversos agentes de inovação (SPINOSA; SCHLEMM; REIS, 2015).
  • 27. 27 As 10 melhores smart cities do mundo de acordo com a Smart Cities Awards UNESCO- Netexplo 2020 TOP 10 SMART CITIES 1 A U S T I N ( E U A ) 2 D A K A R ( S E N E G A L ) 3 E S P O O ( F I N L Â N D I A ) 4 M E D E L L Í N ( C O L Ô M B I A ) 5 S H E N Z H E N ( C H I N A ) S A N T I A G O ( C H I L E ) S I N G A P U R A S U R A T ( Í N D I A ) 6 7 8 9 T A L L I N ( E S T Ô N I A ) 10 V I E N A ( Á U S T R I A ) SMART CITIES BRASILEIRAS C A M P I N A S SÃO PAULO CURITI BA A ideia de uma Smart City é justamente usar a tecnologia para trazer melhorias e mais qualidade de vida para quem ali mora e a sustentabilidade é outro ponto fundamental nesse ecossistema. Em uma Smart City,por exemplo, as novas tecnologias conectadas umas às outras podem trazer dados sobre o tráfego de veículos nas ruas da cidade e sugerir aos motoristas novas rotas. Ao mesmo tempo esse mesmo sistema pode direcionar todo o trânsito e até controlar sinaleiros para A ideia de uma Smart City é justamente usar a tecnologia para trazer melhorias e mais qualidade de vida para quem ali mora e a sustentabilidade é outro ponto fundamental nesse ecossistema. Em uma Smart City, por exemplo, as novas tecnologias conectadas umas às outras podem trazer dados sobre o tráfego de veículos nas ruas da cidade e sugerir aos motoristas novas rotas. Ao mesmo tempo esse mesmo sistema pode direcionar todo o trânsito e até controlar sinaleiros para liberarem espaço para carros de emergência. Os mesmos dados de tráfego juntamente com dados de medidores de poluição podem mostrar ao poder público quais são os locais mais críticos com relação à poluição na cidade. Com isso o poder público pode pensar em melhorar o tráfego de transporte coletivo no local para diminuir o número de carros; construir ciclo faixas para incentivar o uso de bicicletas; criar espaços onde carros elétricos possam ser carregados durante o trajeto; construir parques com áreas verdes nesse local, entre outras inúmeras possibilidades que só uma cidade conectada pode dar. Lista disponível em: https://via.ufsc.br/smart-cities-awards-2020/
  • 28. 28 Por esta definição entende-se os três elementos que com- põem o ecossistema: a parte humana com ofertantes, deman- dantes, estudiosos, investidores, entre outros que estão em um ambiente com interesses em comum (educação, saúde, econo- mia, empreendedorismo) e com meios tecnológicos criam rela- ções de colaboração e inovação que transformam e impactam todo o ambiente. Empresas, escolas, universidades e organizações de todo o mundo incentivam a criação desses ecossistemas nos seus es- paços. Funciona assim: profissionais ou pessoas de várias áreas ou com perfis diferentes se reúnem para pensar o que com as tecnologias atuais (ou até mesmo a criação de outra tecnologia) para impactar positivamente o ambiente em que eles estão. Incubadoras e parques tecnológicos, startups são exemplos de ecossistemas de inovação, alinhados com qualquer área da esfera pública ou privada. E neste sentido, surge o conceito de ecossistema de educação na sociedade tecnológica.
  • 29. 29 CAPÍTULO III SOCIEDADE TECNOLÓGICA E EDUCAÇÃO Qual o papel da educação na sociedade tecnológica? Como os avanços tecnológicos impactaram e impactam os processos de ensino e de aprendizagem? Como se percebe as redes digi- tais nos processos educacionais? As respostas para estas perguntas são diversas, abertas e complexas. Pensar na união entre processos tecnológicos, pedagógi- cos, espacialidade e seres humanos é primordial para o desen- volvimento da educação em todas as partes do mundo. Afinal, práticas pedagógicas que não levam em conta estas relações estão fadadas ao insucesso, sobretudo quando voltadas para o processo de aprendizagem das novas gerações hiperconectadas, polegarzinhas com dedos ágeis (SERRES, 2013) que utilizam as tecnologias móveis para acessar a internet e redes sociais e os conhecimentos que ali estão. Ora, vivendo em uma sociedade tão conectada, com a pos- sibilidade de acesso à internet e redes sociais com uma quan- tidade de informação maior do que de qualquer biblioteca do mundo (objetificação do sonho de Ptolomeu I com a Biblioteca de Alexandria) onde estão essas oportunidades tecnológicas nas escolas e nas universidades? Saiba mais Biblioteca de Alexandria – O que é, história, incêndio e a nova versão
  • 30. 30 O ano de 2020 e 2021 trouxe desafios incomensuráveis para a educação. Com as escolas e universidades fechadas, as ativida- des pedagógicas se tornaram mais abrangentes e, por vezes, mais difíceis, como as relacionadas ao acesso à internet, à falta de fami- liaridade dos professores e alunos com plataformas de aprendi- zagem, entre outros dispositivos, aumentando as desigualdades educacionais. Mas, ao mesmo tempo, ocorreram oportunidades por meio da aplicação de processos pedagógicos mais flexíveis. Há reflexões, que continuarão, no que tange ao futuro da educação, pois muitas estratégias são alavancadas para pensar e ressignificar processos educativos em consonância com a rea- lidade social e com as demandas relacionadas à alta conectivida- de e à interação pelo meio digital. Somam-se a isso as mutações disruptivas que promoveram entre outras coisas, o conceito do Mundo VUCA, volátil, incerto, complexo e ambíguo, utilizado em várias áreas como gestão em- presarial, marketing, educação, entre outras, há mais de 40 anos, para descrever as mudanças econômicas e sociais pós-guerra fria. Contudo, com a pandemia o acrônimo VUCA mudou para BANI ou, em português, FANI, formada das iniciais dos adjetivos frágil, ansioso, não linear e incompreensível. Figura 3 - Mundo Vuca x Mundo Bani Fonte: Blog GeekFail.
  • 31. 31 Mesmo com todas as preocupações em relação a estas de- nominações, o certo é que com a pandemia, o Mundo Bani, mos- tra que há um processo de mudanças frente a uma nova reali- dade, pois há muitas coisas incompreensíveis, que perderam a objetividade e racionalidade, o que conduz à percepção de que mudou completamente a relação com a vida, com a sociedade, com o trabalho, com as experiências cotidianas, com uma nova realidade, sem volta. Modificou-se a forma da interação entre o físico e o virtual, o modo de ver as tecnologias, entre outros pon- tos, que afetam a todos e descrevem a situação atual. Neste cenário, ganhou ainda mais relevância o Manifesto Onlife - The Onlife Manifesto: Being Human in a Hyperconnected Era, ou o que se denomina Paradigma Onlife, ou na visão de La- tour (2016) Cosmograma Onlife. Tal manifesto organizado pelo pesquisador Luciano Floridi (2015) reúne contribuições de muitos pesquisadores que anali- sam os desafios que as tecnologias trazem para as mais diversas estruturas da vida, em especial, nas políticas públicas e questio- nam a dualidade on-line e off-line, tendo como questão de fundo: O que significa ser humano em uma época hiperconectada? GLOSSÁRIO: Você está OnLIFE? Você está on-line ou off-line? A nova conexão pla- netária e habitar redes, tornam ainda mais evidente que se essa fronteira ainda não desapareceu, está se tornando mais difusa, uma vez que estamos em movimento, muitas vezes simultâneo, num hibridis- mo de espaços (lugares), momentos (tempo), tecno- logias, formas de se fazer presente e culturas. Onde você está? Você está OnLIFE (FLORIDI, 2015), num vi- ver e conviver conectivo que vai se constituindo em rede (SCHLEMMER, DI FELICE, SERRA, 2020, s/n).
  • 32. 32 Atrelado a este pensamento e ao habitat em redes, o Ma- nifesto aponta que as tecnologias não são encaradas como fer- ramentas porque são forças ambientais e, nesta dimensão, mu- dam a concepção da realidade e de interação com ela. Já em 1990, Lévy, apontava a internet como uma inteligência coletiva, contudo na sociedade tecnológica ela é vista como um ambiente complexo e dinâmico no qual as pessoas interagem com diversos programas, trocando informações e conteúdos, numa relação intrínseca. Neste espaço virtual há o que se deno- mina ecologias na qual há uma interação e uma interdependên- cia entre agentes humanos e não humanos (DI FELICE (2017). Neste cenário, a forma como são vistos os processos de comunicação trazem uma nova arquitetura comunicativa e in- formativa, definida por Schlemmer, Moreira e Serra (2020, s/p), como “[...] o conjunto de mundos de dados que somos: orgâni- co, inorgânico, animal, vegetal, racional, robótico, algorítmico” e, assim, esta arquitetura amplia o que se conhece como emissor, receptor, mensagem, código, canal e referente, para redes com- plexas e conectivas, num novo modo de produzir informações, por meio de instigantes e amplas formas de interação. Conforme Schlemmer; Di Felice, Serra (2020) the internet everything é um conceito que surge neste engendramento da in- ternet social (web 2.0), a internet das coisas (IOT) e a internet dos dados (Big Data), num processo ecossistêmico em que o digital é uma rede formada por agentes humanos, tecnologias, objetos etc., que transformam os agentes humanos e não humanos em redes de dados. Saiba mais: The Onlife Manifesto - Being Human in a Hyperconnected Era
  • 33. 33 Mais uma vez o questionamento: qual o papel da educação nesta sociedade hiperconectada? Esta é uma pergunta aberta, com muitas possibilidades de interpretação e com muitos argumentos e contra-argumentos. Há a necessidade de se pensar para além de uma pedago- gia ativa, que traz processos e metodologias ativas, que são im- portantes, mas que gradativamente se correlacionam às práticas mais coerentes com este tempo por meio, por exemplo, do con- ceito de ato conectivo defendido por Di Felice (2017) [...] produzido nas interações ecossistêmicas entre humanos e não humanos (atores-redes). Nessas, não há centralidade, mas rede, que pela conectividade se interliga a outras redes, desenhando uma arquitetura ecossistêmica. Isso nos instiga a pedagogias relacionais, co- nectivas, em rede, capaz de produzir metodo- logias e práticas inventivas, intervencionistas, reticulares e conectivas, num habitar atópico (SCHLEMMER, DI FELICE, SERRA, 2020, s/n). A partir dessa premissa percebe-se que, na relação pedagó- gica, as tecnologias são apenas um meio em favor do homem, são forças ambientais, são ecossistemas que auxiliam na comu- nicação entre pessoas e a cultura digital em rede. Isso porque as tecnologias por si só não refletem proces- sos de ensino e aprendizagem, mas relacionam-se às práticas, processos pedagógicos flexíveis e criativos, como oportunidades para se repensar os currículos, os conteúdos, a forma de organi- zação de cursos e disciplinas. Os aspectos tecnológicos precisam estar associados ao ato educativo e também sobrelevar interfa- ces sociais e políticas. Estes pressupostos instigam a repensar os processos de en- sino e de aprendizagem na construção de uma Educação Digital Onlife, como um novo conceito defendido por Moreira e Schlem- mer (2020).
  • 34. 34 Saiba mais Assista o vídeo de Eliane Schlemer que traz sua trajetória de pesquisadora e de professora e nos colo- ca como se constitui uma educação onlife. A Conexão e Educação OnLIFE Dessa forma, Ensino Presencial Remoto, Educação a Distân- cia, Educação on-line, entre outras possibilidades, estão permeados pela educação mediada pelo digital. Contudo, numa educação digi- tal onlife, a forma de se pensar processos educativos considera os atos conectivos que engendram a rede entre atores humanos e não humanos, que pode ser realizado, por exemplo, na educação híbri- da (não a única forma), na perspectiva da teoria comunicacional. O Relatório Horizon Report de 2020 já destaca a importância de ecossistemas de aprendizagem em que ocorre o coengendra- mento entre o virtual e o físico: [...] está criando uma mudança transformacio- nal na maneira como as instituições arquite- tam seus ecossistemas de aprendizagem para alunos e instrutores. As instituições estão cada vez mais exigindo suporte de padrões abertos em aplicações de tecnologia educacional, o que permite que as instituições ofereçam uma ex- periência de aprendizagem mais flexível para mais alunos, de forma síncrona e assíncrona. A agilidade fornecida por tal arquitetura pode proporcionar a alunos e instrutores a oportu- nidade de ‘pensar fora da caixa’ e reconceituar suas abordagens para a educação (RELATÓRIO HORIZON REPORT, 2020, p. 9, tradução nossa).
  • 35. 35 Os relatórios sublinham que, frente às questões sociais, eco- nômicas e educacionais da contemporaneidade, as pessoas ne- cessitam e necessitarão de oportunidades de estudos em qual- quer tempo e local, por meio de práticas pedagógicas inventivas, diferenciadas, reticulares, conectivas e destacam a urgência de se avançar em aprendizagem autêntica, aprendizagem colabora- tiva, entre outros aspectos, aliados a currículos inovadores. O hibridismo no contexto da educação digital oferece a es- tudantes, que já fazem uso de tecnologias e das redes sociais em espaços informais, a participação mais acentuada em ambientes de aprendizagem colaborativos. Assim, nas atividades síncronas ou em encontros presenciais consolidam e ampliam determina- dos projetos de aprendizagem, aproveitando o coengendramen- to dos espaços geográficos e digitais, por meio da integração das tecnologias analógicas e digitais, em contextos multimodais que favoreçam o estudo de culturas plurais. Nestes contextos, a educação híbrida nunca fez tanto senti- do como faz agora. Saiba mais Em outubro deste ano de 2020, foi lançada a As- sociação Nacional de Educação Básica Híbrida (ANE- BHI), com a missão de contribuir com a disseminação desta estratégia educacional e atuar fortemente na formação de professores. Associação Nacional de Educação Básica Híbrida (ANEBHI) Portanto, o profissional de educação é instigado a entender mais este processo de inovação educacional e a ter fluência digi- tal, o que vai mais além do que o uso e apropriação das tecnolo- gias digitais, pois esta inovação pressupõe um “[...] processo de
  • 36. 36 acoplamento, de coengendramento entre o humano, diferentes entidades, incluindo as TD e a lógica das redes, o qual possibilita transformar significativamente a forma de pensar e fazer educa- ção, provocando a sua transformação. (SCHLEMMER; MOREIRA;- SERRA; 2020, s/p).“ GLOSSÁRIO Fluência digital é a capacidade de alavancar tec- nologias e plataformas digitais para se comunicar de forma crítica, projetar com criatividade, tomar de- cisões informadas e resolver problemas complexos enquanto se antecipa a novos. Apenas manter os le- tramentos básicos pelos quais alunos e instrutores acessam e avaliam as informações não é mais sufi- ciente para atender às necessidades complexas de uma sociedade mediada digitalmente (HORIZON RE- PORT, 2019, p. 14, tradução nossa) Sabe-se que a Comissão Europeia, em 2012, definiu uma lis- ta de competências digitais e que se inserem na perspectiva da fluência digital na formação docente e discente e, recentemen- te publicou novo documento intitulado Plano de Ação para uma Educação Digital (2021-2027) em favor de uma educação digital inclusiva e acessível na Europa. O texto aponta duas prioridades estratégicas: 1. promover o desenvolvimento de um ecossistema de educação digital altamente eficaz; 2. reforçar as competên- cias e aptidões digitais para a transformação digital. Saiba mais: Plano de Ação para a Educação Digital (2021- 2027) - Comissão Europeia
  • 37. 37 PARA REFLEXÃO Até aqui estudou-se diversas formas de pensar as sociedades e transitou-se no tempo, pelas diferen- tes fases da indústria e do mercado. Falou-se da socie- dade em suas nuances, abordou-se os pressupostos da Indústria 4.0 para destacar as cidades inteligentes, que se espalham ao redor do mundo e expandem as teias, cruzando fronteiras por meio da globalização. E por falar em teias, tratou-se também sobre as redes sociais tão presentes. Todo esse caminho foi guiado pela tecnologia e sua relação com a sociedade. Esse relacionamento se intensifica cada vez mais em um tom quase que matrimonial, no qual é quase impossível imaginar a atual sociedade vivendo sem as tecnologias digitais que surgiram com a internet. A esse casamento cha- ma-se, neste contexto, de Sociedade Tecnológica. Nesta sociedade se inserem os ecossistemas educacionais, como uma ecologia em rede sem uma separação entre a tecnologia e as pessoas, com uma relação que pressupõe diferentes interações e cone- xões. É um processo educacional que acontece nas relações entre os seres humanos, o conhecimento, a tecnologia, os objetos, as coisas, os dados, a realida- de física e suas características. Diante desse relacionamento e de todo o con- texto histórico tratado acima, resta posicionar-se, en- quanto profissionais da educação, em meio a essa so- ciedade tecnológica. continua...
  • 38. 38 O uso indiscriminado das tecnologias e, neste contexto do meio digital, sem a reflexão necessária, leva às abordagens tecnicistas e conduzem a educa- ção a processos de alienação frente à realidade, exa- tamente o contrário do que se visa que é levar os su- jeitos à autonomia. Tão importante quanto compreender o que é possível e como fazer nesses novos cenários educa- cionais é entender o que já é feito, sobretudo em uma época de pandemia, quando os caminhos que envol- vem o digital evoluíram a uma velocidade espantosa e o uso de tecnologias tornou-se quase obrigatório para a continuidade da educação formal, tanto no en- sino básico quanto no superior. O certo é que compete à formação de profes- sores abordar as competências digitais para que os docentes atuem nos processos de transformações educacionais. De igual forma, cabe aos discentes entender as tecnologias em favor da construção de conceitos. Desde a Revolução Industrial, o principal mo- tor das inovações foi a economia. E mais uma vez a educação é chamada a participar de processos de inovações que utilizem tecnologias como forças am- bientais, sem desconsiderar a ética, o cultural, as di- versidades sociais e o protagonismo dos seres huma- nos na relação com a tecnologia. conclusão.
  • 39. 39 REFERÊNCIAS Ambrosi, A.; Peugeot, V.; Pimenta, D. Desafios das palavras. Enfoques multiculturais sobre as Sociedades da Informação. Caien: C & F Éditions, 2005. BELL, D. O advento da sociedade pós-industrial. São Paulo: Cultrix, 1973. BORGES, M. A. G. A informação e o conhecimento como insumo ao processo de desenvolvimento. Revista Ibero- americana de Ciência da Informação (RICI), Brasília, n. 1, p. 175-196, 2008. BURCH, S. Sociedade da informação/ sociedade do conhecimento. Disponível em https://dcc.ufrj.br/~jonathan/ compsoc/Sally%20Burch.pdf. Acesso em 2 mai. 2021. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. CASTELLS, M. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura, Vol. I, A Sociedade em Rede. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. DI FELICE, M. Ser redes: o formismo digital dos movimentos net-ativistas. Revista Matrizes. São Paulo, Ano 7 – nº 2, p. 49- 71, jul./dez. 2013 DOCUMENTÁRIO: O dilema das redes. Disponível: https:// www.netflix.com/br/title/81254224. Acesso 20 abr. 2021. FRIAS FILHO, O. O que é falso sobre fake news. Disponível em https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/4-Otavio-Frias. pdf. Acesso em 28 abr. 2021. FLORIDI, L. The Onlife Manifesto. Being Human in a Hyperconnected Era. Springer Cham Heidelberg New York Dordrecht London. Open Acess. Disponível em https://link. springer.com/book/10.1007/978-3-319-04093-6. Acesso em 22 abr. 2021.
  • 40. 40 GUIMARÃES,D.C.etal.ProduçãocientíficasobreaSociedade 5.0. International Symposium on Technological Innovation, 2019. Disponível em: http://www.api.org.br/conferences/ index.php/ISTI2019/ISTI2019/paper/viewFile/918/585. Acesso em 25 abr. 2021. LATOUR, B. Cogitamus: seis cartas sobre as humanidades científicas. São Paulo: Editora 34, 2016. LEAL, M. F. Sociedade do conhecimento – Impactos para o futuro. Disponível em: http://www.batebyte.pr.gov.br/ Pagina/Sociedade-do-conhecimento-impactos-para-o- futuro. Acesso em 2 mai. 2021. LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2010. MACHLUP, F. The Production and distribution of knowledge in the United States. 1. ed. New Jersey, Priceton University Press, 1962. MANSELL, R.; TREMBLAY G. UNESCO. Renovando a visão das sociedades do conhecimento para a paz e o desenvolvimento sustentável. Tradução: Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação sob os auspícios da UNESCO. São Paulo, 2015. Disponível em https://cetic.br/media/docs/publicacoes/1/renovando- a-visao-das-sociedades-do-conhecimento-para-a-paz-e-o- desenvolvimento-sustentavel.pdf. Acesso 28 abr. 2021. MOREIRA, A.; SCHLEMMER, E. Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife. Revista UFG. Goiânia, v.20, p. 01-36, 2020. TOURAINE, A. La société post industrielle. Paris: Denoë Utoraine, 1969. RIBEIRO, W. C. A quem interessa a globalização. Revista ADUSP, São Paulo, p. 18-21, 1995.
  • 41. 41 RICKLI,A.D.Convergência,Conexão,Interação,Inteligência Coletiva: reflexões sobre a contemporaneidade e o contexto educacional. In: FRASSON, A. et al. (org.) Formação de professores a distância: fundamentos e práticas. 1. ed. Curitiba, 2016, SACOMANO, J. et al. Indústria 4.0: conceitos e fundamentos. São Paulo: Blucerh, 2018. SERRES, M. Polegarzinha. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. SCHLEMMER, E; DI FELICE, M; SERRA, I.M de S. Educação  OnLIFE: a dimensão ecológica das arquiteturas digitais de aprendizagem. Dossiê – Cultura Digital e educação. Educar em Revista, vol.36. Curitiba, 2020. SPINOSA, L. M.; SCHLEMM, M. M.; REIS, R. Brazilian innovation ecosystems in perspective: some challenges for stakeholders. REBRAE, Curitiba, v. 8, n. 3, p. 386-400, 2015. O Futuro das coisas. Como a disrupção digital coloca a democracia em risco. Disponível em https:// ofuturodascoisas.com/a-disrupcao-digital-coloca-a- democracia-em-risco. Acesso em 2 mai. 2021. UNESCO. As pedras angulares para a promoção de sociedadesdoconhecimentoinclusivas.Publicadoem2017 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 SP, França. Disponível em https://nic.br/media/docs/publicacoes/1/ as-pedras-angulares-para-a-promo%C3%A7%C3%A3o-de- sociedades-do-conhecimento-inclusivas.pdf. Acesso 27 abr. 2021. WERTHEIN, J. A sociedade da informação e seus desafios. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a09v29n2. pdf. Acesso em 21 abr. 2021.