O conto descreve uma refeição familiar dominical tensa. O filho mais novo tenta quebrar a rotina ao anunciar que quer compartilhar algo, mas as trevas descem antes que ele possa falar.
1. Leia o conto, de Lya Luft.
Ele tinha decidido, sem nada avisar, sem combinação
nenhuma, que naquela noite haveria o grande
desvendamento.
Ele ia-se revelar, pronunciar a dura verdade, abrir o peito,
rasgar as vestes da postura contida, e abrir as pernas e
parir a si mesmo e suas verdades na cara dos demais.
Eram uma família normal, uma gente cotidiana, que
trabalhava para pagar suas contas, que transava
comedidamente sem maior alegria, mantinha um tipo de
fidelidade devida antes ao cansaço e à resignação que à
lealdade e ao amor.
Pais e filhos, uns casados, outros solteiros, reuniam-se
cada domingo assim, para atenderem ao desejo da mãe,
à ordem do pai, e a à sua própria resignação.
O pai era um homem normal, cumpridor metódico de seus
deveres, prazeres poucos, e ao cabo de tantos anos já
não sabia direito o que eram seus desejos, se tinha
sonhos, se tudo se fundia na realidade tediosa.
A mãe era uma dona de casa também comum, agora
andava vendendo perfumes e cremes para amigas e
vizinhas do bairro - pois as coisas não andavam fáceis.
Os filhos, dois casados, duas solteiras, pouco se viam,
desde de pequenos mais envolvidos com suas atividades
e amizades, considerando a família uma espécie de mal
necessário, até que a deles não era a pior.
Pelo menos na superfície.
Por baixo as águas corriam escuras, turvas as emoções,
raízes de mágoa enredavam-se perturbando o florescer
dos aguapés no alto.
Sentaram-se à mesa, depois de trocarem os
cumprimentos habituais, as brincadeiras de sempre, os
elogios forçados:
-Cada vez mais jovem, mãe!
-Pai, cada vez mais forte, heim?
-Filha, você emagreceu!
-Você foi elogiado pelo patrão, filho!
Um clichê de família.
A comida de sempre, a empregada de sempre, os móveis de
sempre, a vida de sempre. Vontade de fugir, sumir, estar em outra
parte ou em parte nenhuma.
Dever, não afeto; costume, não desejo de partilhar; isolamento, não
cumplicidade.
(Eram ao menos originais?)
A mãe sempre servia a todos da primeira vez, depois era cada um
por si, a mãe brincava - como sempre:
-Depois, ataquem!
A comida igual, todo domingo era galinha e massa e maionese,
sobremesa sorvete que um deles era sempre encarregado de
trazer.
Ao sabor da comida misturava-se o ressaibo dos rancores secretos
crescendo como ervas malignas cobrindo as almas. O pai me batia,
minha mãe não me entendia, meu filho estava bêbado na sua
formatura e eu me sacrifiquei tanto por ele, a mãe enxotou meu
namorado por implicar tanto com ele, nunca entendi o que minha
filha afinal quer da vida, a mãe sempre preferiu a outra, o pai é um
medíocre, a mãe uma atrasada.
(Não eram nada originais.)
De repente o filho mais moço, que ainda não estava resignado, que
ainda esperava, que ainda acreditava, ainda queria transformar
aquele grupo de estranhos frios em família (ali onde mesmo que
não me entendam me amam), estendeu a mão e não era para o
prato, era para pedir atenção, era para desencadear um terremoto,
era para transformar a vida:
-Gente, hoje eu tenho uma coisa pra dizer.
Todos se calaram, as mãos pararam entre prato e boca, de repente
estavam acordados, aqueles olhares, interessados.
-Fala, rapaz, o que foi?
E quando ele ia se levantar largando o guardanapo sobre a mesa,
e abrir a boca e o coração e as entranhas da alma, e chamar e
gritar: vivam, acordem, sejam vocês mesmos, sejam gente, sejam
humanos!!!!! - quando todos perceberam na raiz de seus corações
que a partir desse momento algo ia mudar, tinha de mudar...
...nesse momento as trevas baixaram sobre eles."
Depois de ler o texto, responda as questões.
01. Os personagens envolvidos
nessa história são
(A) O filho mais velho e família.
(B) O filho mais novo e a família
dele.
(C) A mãe, o marido e o filho do
meio.
(D) O patrão, os filhos e a família.
02. Os fatos narrados acontecem
(A) Na casa da avó, na hora da janta,
no domingo.
(B) No restaurante, na hora do
almoço, no sábado.
(C) Na casa do patrão, na hora do
almoço, no domingo.
(D) Na casa dos pais, durante uma
refeição em família, no domingo.
03. Enquanto na crônica as personagens são, em
geral, mostradas de forma superficial, no conto elas
apresentam maior profundidade, por receberem um
tratamento que lhes confere características
psicológicas mais complexas. O conto lido
apresenta uma personagem coletiva. Qual é essa
personagem?
(A) A mãe.
(B) A avó.
(C) A filha.
(D) A família.
04. Há, no conto, expressões que indicam o
tempo em que se desenrolam as ações.
Aponte do trecho abaixo uma dessas
expressões. "A comida igual, todo domingo
era galinha e massa e maionese, sobremesa
sorvete que um deles era sempre encarregado
de trazer."
(A) Todo domingo.
(B) Sempre.
(C) Trazer.
(D) Era sempre.
05. Do mesmo modo que a crônica,
pode ter tanto narrador-observador
quanto narrador-personagem. Que
tipo de narrador o conto "Ao apagar
das Luzes" apresenta?
06. Caracterize psicologicamente o
filho mais moço.
07. O conflito do conto "Ao apagar das
Luzes" é
(A) A insatisfação do filho mais jovem
com a sua família.
(B) A algazarra da família na hora do
almoço.
(C) A satisfação do filho mais velho com
seus pais.
(D) A conversa indesejada com o
patrão.
08. O clímax do conto se dá no momento em que
(A) O filho mais moço levanta a mão, pede atenção e todos se calam
interessados.
(B) A mãe depois de servir a todos senta-se para comer.
(C) O filho foi elogiado pelo patrão.
(D) Um dos filhos ia desabafar, abrir o peito e dizer as verdades para os demais.
09. Que tipo de variedade linguística foi
empregada?
10. Qual é o tempo verbal predominante?
Leia o cartum, de Quino. E depois responda as questões de 1 a 2.
2. 01. O cartum está dividido em três cenas. Na
primeira cena, um homem está caminhando
em direção ao futuro. Observe seus gestos,
sua expressão física e a linha que indica a
trajetória de seus passos. O que eles
significam?
(A) Que ele está confuso, perdido e desolado
em relação ao futuro.
(B) Que ele tem medo e não pretende chegar
ao futuro.
(C) Que ele tem dúvidas, medo e incerteza em
relação ao futuro.
(D) Que ele está pensativo, parado e perdido
em relação ao futuro.
02. Na última cena, um grupo de jovens se
dirige ao futuro. Observe a expressão corporal
deles. O que ela transmite?
(A) Desânimo.
(B) Alegria.
(C) Boa sensação.
(D) esperança.
Leia
Assaltante Nordestino
–Ei, bichin… Isso é um assalto… Arriba os braços e num se bula nem faça muganga…
Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim senão enfio a peixeira no teu bucho e boto teu
fato pra fora! Perdão, meuPadim Ciço, mas é que eu to com uma fome da moléstia…
Assaltante Baiano
– Ô meu rei… (longa pausa) Isso é um assalto… (longa pausa). Levanta os braços, mas não
se avexe não… (longa pausa). Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado…
Vai passando a grana, bem devagarzinho… (longa pausa). Num repara se o berro está sem
bala, mas é pra não ficar muito pesado… Não esquenta, meu irmãozinho (longa pausa). Vou
deixar teus documentos na encruzilhada…
Assaltante Paulista
– Ora, meu… Isso é um assalto, meu… Alevanta os braços, meu… Passa a grana logo,
meu… Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o
ingresso do jogo do Corinthians, meu… Pó, se manda, meu…
03. Assinale a opção que
identifica a variação
linguística presente nos
textos abaixo.
(A) variação social.
(B) variação regional.
(C) variação cultural.
(D) variação padrão.
04. Leia o texto a seguir para responder a questão.
Você pode dar um rolê de bike, lapidar o estilo a bordo de um skate, curtir o sol
tropical, levar sua gata pra surfar. Considerando-se a variedade linguística que se
pretendeu reproduzir nessa frase, é correto afirmar que a expressão proveniente
de variedade diversa é:
a. “dar um rolê de bike”.
b. “lapidar o estilo”.
c. “a bordo de um skate”
d. “curtir o sol tropical”.
05. São várias as diferenças linguísticas das diversas regiões e das diferentes camadas sociais do Brasil. Todas, porém, fazem
parte de nossa realidade e são compreensíveis por seus falantes. Como exemplo disso, podem-se verificar as variantes
linguísticas para as palavras “tangerina” e “mandioca”. Considerando essas informações acerca das variações linguísticas da
língua portuguesa, assinale a opção correta.
(A) As palavras tangerina, mexerica e bergamota são sinônimas, assim como mandioca e macaxeira.
(B) São corretas apenas as formas mandioca e tangerina, uma vez que são palavras mais bem aceitas na língua culta.
(C) O uso da palavra macaxeira não é correto, pois faz parte da língua indígena do nordeste do País.
(D) Quando um falante usa o termo macaxeira, em vez de mandioca, demonstra pertencer a uma classe social baixa.
06. Leia com atenção.
É primavera – rosas e flores brotam, é tempo do amor!
Imagens belas de se ver: sementes germinando, tudo encanta
a gente. Muitas rosas juntas num buquê, para mim e pra você
como presente da natureza! Amor que floresce, que causa
encanto e se transforma em paixão!
Vidas renovadas com rosas, carinho e desejo! Um afago, um
beijo, amor e união.
Esta estação nos inspira, embeleza a vida, refresca a alma!
Esta é a estação mais bela da mãe natureza: linda! Repleta de
flores, une amores, com imensa beleza dos pássaros a
cantar...
Nesse texto, as palavras destacadas pertencem a
diferentes classes gramaticais. Obedecendo à sequência
em que aparecem, assinale a resposta CORRETA:
A - ( ) Verbo no infinitivo, pronome oblíquo, substantivo
coletivo, advérbio de intensidade, adjetivo e verbo.
B -( ) Verbo, adjetivo, advérbio de intensidade,
substantivo coletivo,pronome oblíquo e verbo no
infinitivo.
C -( ) Verbo, verbo no infinitivo, adjetivo, pronome
oblíquo, advérbio de intensidade e substantivo coletivo.
D -( ) Pronome oblíquo, substantivo coletivo, advérbio
de intensidade,adjetivo, verbo e verbo no Infinitivo.
07. Assinale a alternativa em que todas as palavras são ADVÉRBIOS:
3. a. Ali, certamente, crianças, já, rápido, tanto, assim.
b.Muito, estudioso, mal, você, então, agora, pior
c.Melhor, demais, ele, realmente, ainda, perto, longe.
d. Realmente, nunca, talvez, bastante, ali, agora, devagar.
De manhã a minha sombra
com meu papagaio e o meu
macaco
começam a me arremedar.
E quando eu saio
a minha sombra vai comigo
fazendo o que eu faço
seguindo os meus passos.
Depois é meio-dia.
E a minha sombra fica do
tamanhinho
de quando eu era menino
Depois é tardinha.
E a minha sombra tão comprida
brinca de pernas de pau.
Minha sombra, eu só
queria
ter o humor que você tem
Minha sombra, eu só
queria
ter o humor que você tem,
ter a sua meninice,
ser igualzinho a você.
E de noite quando
escrevo,
fazer como você faz,
como eu fazia em criança
ter a sua meninice,
ser igualzinho a você.
Minha sombra
você põe a sua mão
por baixo da minha mão,
vai cobrindo o rascunho
dos meus poemas
sem saber ler e escrever.
08. De acordo com o texto, a sombra imita o
menino
a) de manhã.
b) ao meio-dia.
c) à tardinha.
d) à noite
Observe a charge e responda: as questões 9 e 10.
09. Sobre as expressões “Tô ferrado” e “Simbora tomar um chopp”, assinale a alternativa correta:
a) Elas estão inadequadas, já que o correto é “Estou ferrado” e “Vamos embora tomar um chopp”.
b) Estão adequadas, já que demonstram uma situação informal do uso da língua.
c) Nunca podem aparecer, nem mesmo em uma situação informal do uso da língua.
d) Podem ser utilizadas apenas entre amigos.
10. Sobre o Novo Acordo Ortográfico, assinale a alternativa correta:
a) A partir de 2012, não haverá diferença no vocabulário dos países de Língua Portuguesa.
b) A partir de 2012, a pronúncia das palavras da Língua Portuguesa será a mesma em todo o mundo.
c) A partir de 2012, apenas a grafia de algumas palavras da Língua Portuguesa se uniformizará.
d) A partir de 2012, será mais fácil entender a “fala” de uma pessoa que reside em Portugal.
Leia a tirinha abaixo.
11. Mafalda bateu em sua colega por que
a) ela a ridicularizou.
b) ela lhe provocou.
c) ela tentou lhe convencer.
d) ela não admite ser contrariada