O aluno descreve a comunicação na classe como principalmente unidirecional e repetitiva. No entanto, destaca que alguns professores como Rosemary, Edméa, Dênia, Moran e Marco promoveram uma aprendizagem mais interativa através de conteúdos como desenho didático e avaliação mediada.
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Estudo de caso - Mediação pedagógica e avaliação online
1. Como se dá a comunicação nesta classe?
A comunicação se dá, nas mais das vezes, de forma unidirecional tradicional. O padrão
de entrega do conteúdo parece-me muito repetitivo, sempre iniciando-se com uma breve
exposição pelo Professor responsável pela disciplina, através de pequeno vídeo,
seguindo-se da leitura da apostila, da indicação de leitura complementar e realização
de trabalhos (individuais ou em grupos). Acho que a atuação dos Docentes online
(Tutores) é que têm assegurado o processo de ensino-aprendizagem. Queria sublinhar
a atuação da Docente Rosemary, que mantém nível de excelência em relação aos
demais. Entretanto, importante destacar que não são todos os Docentes online que
levam-nos a um processo pleno de aprendizagem. As melhores experiências de
aprendizagem, até então vivenciadas, foram em relação a atuação das Professoras
Edméa e Dênia e dos Professores Moran e Marco. Eles me despertaram sobre a
importância dos seguintes conteúdos: desenho didático, docência interativa e avaliação
mediada, que entendo sejam, hoje, fundamentais para a construção do ensino online de
qualidade. É por isso que escolhi como tema do meu TCC, dois desses conteúdos,
acerca da docência e da avaliação.
Como se realiza a mediação docente e a avaliação da aprendizagem, tendo em
vista que aqui se prescinde da presença física e do olho no olho determinantes
na educação presencial?
No tocante ao curso, parece-me que estamos, ainda, muito distantes de um modelo de
docência interativa e avaliação mediada. Precisamos ainda superar o modelo de
pedagogia da transmissão, da prova ou exame, pois todas as atenções, parece-me,
estariam voltadas mais para o resultado final e menos para o processo de aprendizagem
e de formação. Vivemos a reprodução do modelo de sala de aula com ritmo monótono
e repetitivo, em que o aluno limita-se a função de receptor de informações e submisso
aos comandos para a execução de demandas pedagógicas e prestação de contas das
suas obrigações como cursista. Prevalece, pois, infelizmente, o modelo informacional
centrado na récita do mestre ou do desenho de conteúdos e de atividades dispostos na
plataforma e-learning para aprendizagem e avaliação.
Como os docentes acompanham os processos de construção do conhecimento
nas interfaces da plataforma de e-learning?
Acho que a postura dos Docentes ainda está muito distante dos processos de
construção do conhecimento, nas diferentes interfaces do AVA. Poucos Docentes
efetivamente se fizeram presentes e conseguiram implementar uma docência interativa,
pois, na maioria das vezes, não conseguimos perceber que o proponente (emissor)
disponibilize o seu conteúdo em rede e não apenas em uma única rota. Tampouco foram
apresentados os diferentes territórios que poderiam ser explorados pelos receptores
(cursistas). Ademais foi muito comum a apresentação de apenas uma história e a
ausência de mais de um conjunto intrincado de percursos abertos a navegações e que
estivessem disponíveis a modificação e cocriação. Acabamos por reproduzir, com muita
frequência, os mesmos debates propostos nos materiais, inexistindo a coautoria do
receptor.
Quais os instrumentos e estratégias de avaliação mais utilizados?
Os instrumentos e as estratégias de avaliação foram muito repetitivos, tornando este
modelo extremamente enfadonho. Os trabalhos sempre na perspectiva de uma
avaliação liberal, baseada numa ação individual (mesmo que estivéssemos em grupos)
e competitiva. Não havia o estímulo a uma atuação mais colaborativa (se ela ocorreu,
2. foi mais por iniciativa dos próprios cursistas). Além disso, é um curso que prima pela
concepção classificatória, baseada em uma postura centralizadora e diretiva do
professor, pautada numa valorização da memorização e uma exigência burocrática
pontual e periódica. Em uma das tarefas, em que os colegas deveriam avaliar-se entre
sim, percebi um comportamento de um colega extremamente impróprio, que
desqualificou a participação do outro. Inclusive registrei a minha irresignação perante a
Coordenação, apontando que havia faltado informar aos alunos que a avaliação entre
os pares deveria privilegiar, em um primeiro momento, o fortalecimento daqueles
elementos positivos trazidos no trabalho e, em segundo momento, o apontamento das
possibilidades de melhorias, sempre de uma forma cordial, educada e positiva. A
Coordenação acabou não dando a devida atenção ao fato, o que me deixou muito
frustrado à época. Acho que estamos distantes de um modelo verdadeiramente
colaborativo e solidário de construção do conhecimento e compartilhamento de
experiências.
Especificamente sobre as “provas presenciais”, quais tem sido suas implicações
efetivas no processo de construção do conhecimento pessoal e coletivo.
Acabei realizando apenas a primeira prova presencial, pois à época da segunda prova,
encontrava-me em Buenos Aires, frequentando as aulas presenciais do Mestrado de
Mediação e Negociação, pois sou Mediador Judiciário do TJRS. Achei as provas
presenciais ainda mais vinculadas ao modelo tradicional, pois deveríamos reproduzir
todos os conceitos e definições estampados nas diferentes apostilas de cada uma das
disciplinas. Não me trouxe qualificação alguma, pois tratava-se de reproduzir todo o
conteúdo entregue pelos emissores. O que mais me trouxe qualificação até, então, foi
a experiência como Docente (Tutor) em um processo de Supervisão online para
Mediadores Judiciais do TJRS. Atuei em uma turma de 50 colegas e participei de
diversas aulas interativas, entregando o conteúdo do programa. Acho que o curso
poderia oportunizar uma experiência prática, mesmo que na condição de observadores
dos docentes online e conteúdistas, em outros cursos online da USP, como forma de
vivenciarmos, na prática, todos os conceitos que são formulados nas disciplinas.
Em quais situações o desenho didático ou desenho educacional de cada
disciplina favoreceu ou prejudicou a docência e a avaliação da aprendizagem?
Acho que estes elementos estão intrinsicamente ligados. Não podemos enaltecer algum
deles e desmerecer o outro. Sem um modelo de desenho didático ou educacional bem
formulado não haveremos de desenvolver uma docência interativa e uma avaliação
mediada. Como já expus anteriormente, foram nas disciplinas das Professoras Edméa
e Dênia e dos Professores Moran e Marco, que verifiquei uma grande articulação entre
estes três elementos (desenho, docência e avaliação). Essa articulação assegurou o
desenvolvimento do conteúdo, sua apropriação e cocriação, bem como um modelo de
avaliação muito mais próxima da concepção de avaliação libertadora, em que há uma
ação coletiva e dialógica, investigativa e reflexiva, propositiva, consciente e cooperativa,
valorizando a compreensão e a consciência crítica de todos os envolvidos.