1. Aula 3: Epidemiologia e
Prevenção: História
Natural da Doença.
Professora: Daniela Aquino
2.
3. De uma forma simplista “saúde” pode ser
definida como “ausência de doença” e
“doença” como falta ou perturbação da
saúde.
Encontramos ainda conceitos mais
elaborados:
• “Saúde é um completo estado de bem-estar
físico, mental e social, e não meramente
ausência de doença” (OMS).
• “Saúde é o estado do indivíduo cujas funções
orgânicas, físicas e mentais se acham em
situação normal” (Dicionário Aurélio).
4. • “Saúde é o resultado do equilíbrio
dinâmico entre o indivíduo e o seu meio
ambiente”.
• A Saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantindo mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução
do risco da doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e
recuperação (Constituição Federal, 1988).
5. • Na prática a informação sobre a falta
de saúde é a mais utilizada. É mais
frequente encontrarmos referências
a coeficientes de mortalidade e
morbidade, e raramente a
coeficientes de bem estar físico,
mental ou social.
6. Processo Saúde-Doença
Modo pelo qual ocorre, na coletividade, o
processo biológico de desgaste, e
conseqüentemente reprodução
(desencadeamento), destacando como
momentos particulares a presença de um
funcionamento biológico diferente, com
consequências para o desenvolvimento
regular de um evento→ doença.
7. HISTÓRIA NATURAL DA
DOENÇA
• Conjunto de processos interativos
compreendendo as inter-relações do
agente, do susceptível e do meio ambiente
que afetam o processo global e seu
desenvolvimento, desde as primeiras
forças que criam o estímulo patológico no
meio ambiente, passando pela resposta do
homem ao estímulo, até às alterações que
levam a um defeito, invalidez, recuperação
ou morte.
9. Desenvolve-se em dois períodos:
• Período Epidemiológico: meio
ambiente destinado à ocorrência das
pré-condições da doença;
• Período Patológico: modificações que
se passam no organismo vivo
(bioquímicas, histológicas,
fisiológicas, etc).
10. A História Natural da Doença aponta
diferentes métodos de prevenção
controle, servindo de base para
compreensão de situações reais
específicas, tornando operacionais
medidas de prevenção.
os
e
a
e
as
11. A doença não se desenvolve de modo
uniforme no organismo, podendo
apresentar variações de um caso para
outro:
1.Evolução aguda (rapidamente fatal): ex.:
raiva e exposição a altas doses de
radiação;
2. Evolução aguda (clinicamente evidente e
com rápida recuperação na maioria dos
casos): ex.: muitas doenças infecciosas;
12. 3. Caso de evolução sem sinais clínicos
(salvo se submetido a exames
laboratoriais): ex.: infecções subclínicas;
4. Evolução crônica (letal após longo
período): ex.: problemas cardiovasculares
degenerativos;
5. Evolução crônica (períodos assintomáticos
entremeados de exacerbações clínicas):
ex.: afecções psiquiátricas e
dermatológicas.
13. Concepções da História
Natural da Doença
• A partir de observações referentes à
demanda espontânea de pacientes
que procuram um serviço
especializado (assistência médica).
Ex.: Evolução da febre reumática
descrita através de pesquisas
realizadas em centros especializados.
14. • Busca ativa de pacientes na
comunidade, através de inquéritos
populacionais, permite entender as
fases de patologia propriamente dita
e a fase pré-patológica (grupos de
risco e casos subclínicos).
Ex.: Evolução da forma
indeterminada da Doença de Chagas
e a incidência de doença
coronariana.
15. Fases da História Natural da
Doença
• Fase Inicial: ainda não há doença propriamente
dita, no sentido clássico de fase patológica, mas já
existem condições que favorecem o seu
aparecimento.
• Fase Patológica Pré-clínica: a doença ainda
está no estágio de ausência de sintomatologia,
embora o organismo já apresente alterações
patológicas. Vai desde o início do processo
patológico até o aparecimento de sintomas ou
sinais da doença. O seu curso pode ser subclínico
e evoluir para a cura, ou progredir para defeitos
permanentes, cronicidade ou morte.
16. Fase Clínica: a doença se encontra em estágio
adiantado, podendo a manifestação ser leve,
mediana, grave, de evolução aguda ou crônica.
OBS: A assistência prestada a muitas doenças,
traduz apenas a “ponta do iceberg”,
correspondente à demanda espontânea por
serviços de saúde. As informações estatísticas
produzidas pelos registros de estabelecimentos
de saúde referem-se a parte visível deste iceberg
e, por esta razão, fornecem um perfil de
morbidade que nem sempre coincide exatamente
com o padrão de doenças incidentes na
comunidade.
17.
18. • Fase de Incapacidade Residual: a
doença não progrediu até a morte ou
não houve cura completa, deixando
muitas vezes, sequelas.
19. Etiologia e Prevenção de uma
doença
• São aspectos muitos relacionados, o
melhor conhecimento da etiologia
indica melhores caminhos para
concretizar a prevenção.
20. Prevenção
• Medidas Preventivas: são aquelas utilizadas para
evitar as doenças ou suas consequências, quer
ocorram sob forma esporádica, quer de modo
endêmico ou epidêmico.
Ex.: cloração da água de abastecimento público,
pasteurização do leite, controle de vetores,
imunização dos suscetíveis, educação em saúde
da população, etc.
A prevenção tem também um sentido mais amplo,
o de evitar o aparecimento do estágio seguinte da
história natural da doença.
21. As medidas preventivas são
classificadas em:
• Inespecíficas: medidas amplas que
promovem o bem-estar das pessoas.
• Específicas: medidas restritas, que
incluem técnicas próprias para lidar
com cada dano à saúde em
particular.
22. Classificação de Leavell e Clark
• Prevenção Primária: ação aplicada em fase prépatogênica, ou seja, no início biológico da doença
dirigida para a manutenção da saúde.
Promoção da Saúde (nível 1): moradia
adequada, escolas, lazer, alimentação
adequada, educação, emprego, saneamento,
etc.
Proteção Específica (nível 2): imunização,
higiene pessoal e do lar, saúde ocupacional,
aconselhamento genético, proteção contra
acidentes, controle de vetores, exames prénatal.
23. • Prevenção Secundária: atenção voltada para o
período patológico, enquanto a doença ainda está
progredindo, seja em fase subclínica, seja de
evolução clinicamente aparente, visando à
prevenção da evolução do processo patológico.
Diagnóstico Precoce (nível 3): aplicação de
inquéritos na comunidade, exames periódicos
individuais para constatação de casos,
isolamento para evitar a propagação da
doença, tratamento para evitar a progressão
da doença, intervenções médicas e cirúrgicas.
Limitação do dano (nível 4): evitar futuras
complicações, sequelas, acesso facilitado a
serviços de saúde, tratamento médico e
cirúrgico adequado e hospitalização necessária.
24. • Prevenção Terciária: atenção voltada à
prevenção da incapacidade através de
medidas de reabilitação para atenuação da
invalidez, cujas consequências
proporcionaram sequelas (poliomielite,
AVC, etc.).
Reabilitação (nível 5): fisioterapia,
terapia ocupacional, educação do
público para aceitação do deficiente e
emprego para o reabilitado.
25.
26.
27. • Medidas Universais:dieta balanceada,
exercícios regulares, higiene dental.
• Medidas Seletivas: aconselhadas a grupos
específicos da população, identificados por
faixa etária, sexo, ocupação ou outra
característica.
• Medidas Individualizadas: aplicadas
unicamente na presença de uma condição
que coloca o indivíduo em alto risco para o
desenvolvimento futuro da doença. Ex.:
controle da hipertensão e da
hipercolesterolemia.
28. Modelos empregados no
processo saúde-doença
• Cadeia de Eventos: modelo simples
linear relacionado à saúde e à
doença aplicado em várias situações.
Não representa toda a realidade do
processo saúde-doença.
29. • Modelos Ecológicos
a)Tríade ecológica: muito empregado em
doenças infecciosas mostrando relações
recíprocas entre agente, hospedeiro e
meio ambiente para esclarecer fatores
causais.
30. • OBS: Não se deve colocar em
igualdade de importância os
elementos da tríade, pois raramente
corresponde a realidade (nem
sempre se conhece o agente
específico).
31. b)Dupla ecológica: permite determinar o
processo saúde-doença com base no
hospedeiro e no meio ambiente, os quais
costumam apresentar subdivisões de
fatores envolvidos.
32. • Rede de Causas: também chamado modelo da
“rede”, “emaranhado”, “teia” ou “trama” de
causas, é muito utilizado para representar a
natureza multicausal dos agravos à saúde. Ex.:
má nutrição primária.
33. • Múltiplos efeitos: envolve situações mais
complexa acarretando mais de um efeito. Por
exemplo, verifica-se que classe social, idade
avançada e fumo estão associados com muitos
efeitos.
34. • Abordagem sistêmica da saúde: todo sistema é
formado por vários elementos que estão
ordenados de maneira racional funcionando
estruturalmente. Esses sistemas mantêm entre si
alguma forma de relação, cabendo ao observador
isolar um sistema dos demais para investigar as
suas relações internas e externas.
35. • Etiologia Social da Doença: algumas
causas não são encontradas na
biologia do ser humano, mas em
eventos biopsicossociais.