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Arte e História
da arte
WALTER ZANINI

          m longo tempo decorreu para que a USP demonstrasse inte-

U         resse pelo ensino da arte. Os estatutos de 1934 previam uma
          escola específica que, entretanto, permaneceu letra
Décadas depois, em 1972, tomaria forma — finalmente — uma área
                                                                 morta.

prático-teórica, ainda hoje parte do conglomerado de departamentos da
ECA. Mas as tentativas de configurar esse território em toda a sua com-
plexidade — nos projetos de criação de um instituto de arte — encon-
traram sempre muitos obstáculos e não se concretizaram.
      No que concerne propriamente à História da Arte — disciplina de
antiga trajetória nas nações européias, embora não estabelecida em suas
universidades antes das últimas décadas do século XIX — seu ingresso
na USP deu-se através de improvisações, até uma sua relativa consoli-
dação que se deu recentemente.
      Seriam os professores Lévi-Strauss, Roger Bastide e Jean Maügué
a trazer nos anos 30 um impulso introdutório aos estudos da arte junto
aos alunos de suas áreas da FFCL, como a esse respeito se refere a
professora Gilda de Mello e Souza (1).
      Posteriormente, na década de 50, o professor Lourival Gomes
Machado, catedrático de ciência política e estudioso das artes, particu-
larmente do barroco brasileiro, mas com desempenho também na crítica
da arte contemporânea, lecionou a História da Arte na Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da USP, adaptada às finalidades da escola, na
qual, a partir de 1962, seria ministrada junto ao Departamento de His-
tória da Arquitetura e Estética do Projeto, tendo como seu primeiro
docente o artista e professor Flávio Motta.
      Um maior aprofundamento foi alcançado pela disciplina no De-
partamento de História da FFCL, desde o começo da década de 60,
cabendo inicialmente ao professor Yves Bruand, diplomado pela Écolede
Chartes e responsável pelas áreas de Metodologia e Teoria da História e
Paleografia, ministrar aulas em curso optativo. Entre 1962 e 1969, ti-
vemos a responsabilidade da cadeira, assistida por turmas crescentes de
estudantes. Detivemo-nos particularmente nas etapas artísticas entre o
humanismo renascimental e a arte moderna, dando porém atenção a
problemas de método da historiografia artística e a elementos de mu-
seologia. Em 1968, o Departamento de História implantou o primeiro
curso de História da Arte em nível de pós-graduação no país.
      Como conseqüência da reforma universitária, o Departamento de
História perdeu a disciplina (1970), transferida para os organogramas
da ECA. Em compensação, a História da Arte ganhou desenvoltura na
escola recém-fundada, onde se criou o curso de Educação Artística em
1972, sendo de relevar que o mestrado inaugurado no Departamento de
História, foi por sua vez herdado pela ECA nesse ano. Mais adiante, em
1980, surgiria na mesma unidade o doutorado (ainda hoje único na
universidade brasileira). O Departamento de Artes Plásticas tornou-se a
célula de outros cursos de pós-graduação em arte no Brasil.
      Elemento da mais alta importância a considerar no espaço ganho
pelas artes na USP é a introdução de coleções de arte e arqueologia nos
anos 60, na gestão de Ulhôa Cintra. Além do fato em si do que re-
presentam esses acervos relevantes, no que diz respeito ao ensino e à
difusão da arte e dos estudos arqueológicos (instalados na USP na dé-
cada de 60), sua presença tem sido de inestimável valor para cursos das
mais variadas naturezas no decorrer dos últimos 30 anos. O MAC e o
MAE, aos quais se acrescenta o IEB, formam um tripé nesse sentido,
incluindo-se os serviços de orientação pedagógica que prestam no aten-
dimento ao público em geral.

       Discorrendo em termos mais gerais, é necessário lembrar que o
ensino da História da Arte fora instituído no Brasil pela Academia Im-
perial das Belas Artes e ministrado a partir de 1890, mas em limites dos
mais precários, até que se encontrasse melhor estrutura junto à Uni-
versidade do Brasil (1931). O ensino prático-teórico da velha academia
do Rio de Janeiro irradiou-se para outras escolas de belas artes do país,
a começar da Bahia. Com a criação dos cursos de licenciatura em edu-
cação artística (1970), a História da Arte permaneceu dirigida funda-
mentalmente para a formação de artistas. Para os que almejavam maio-
res conhecimentos teóricos e históricos, o que lhes reservava a malha de
ensino era escasso (como acontece ainda hoje). Aos poucos, os profes-
sores credenciados pela formação e obtenção de títulos em universidades
estrangeiras de grande tradição na disciplina (na Sorbonne, do mais alto
nível e do maior rigor antes da reforma do fim dos anos 60) e os que
realizaram mestrado e doutorado no país (desde o decênio de 70) a
partir da USP — constituíram um corpus de Historiadores que hoje
conta com algumas dezenas de indivíduos sobre os quais repousa boa
parte da responsabilidade da pesquisa e do ensino da arte e sua história
no Brasil. Seus trabalhos têm-se voltado geralmente para a arte do en-
torno, em seus diversificados períodos: época colonial, século XIX (da
Missão Artística Francesa a Elíseu Visconti) e Modernidade.
       Em que pese a etapa ganha com a criação da ECA, não se possui
ainda hoje um instituto de arte na USP, aspiração legítima que encontra
o empecilho de outros interesses, e que é uma frustração para todos os
que pensam seriamente no assunto. A História da Arte, disciplina básica
e indispensável dessa área da cultura, não dispõem até hoje de um ba-
charelado ou licenciatura. É matéria exigida para os polivalentes cursos
de educação artística. Figura nos currículos das faculdades de arquite-
tura e urbanismo com objetivos dirigidos à sua especificidade e é matéria
opcional para cursos de filosofia, letras, ciências sociais, comunicações,
entre outros. Prestando serviços a todos, mantém-se no entanto a disci-
plina sem a definição de seu próprio campo de graduação.
       Razoes complexas levaram primeiro à instituição dos cursos de
pós-graduação, para o que concorreu a existência de professores titu-
lados no exterior, ao passo que não se estabeleceu o curso básico. Outros
problemas que continuam afligindo a área resumem-se à falta de bi-
bliotecas importantes e à grande precariedade da documentação icono-
gráfica.
       A História da Arte foi introduzida no Brasil na observância dos
princípios e métodos gerados na ordenação da disciplina na Europa, a
partir de Burckhardt e Morelli, e sua situação, entre os pólos diferen-
ciados do velho mundo e dos Estados Unidos, é ainda a de um domínio
de estudos emergentes que se exerce em contextos humano e histórico
peculiares neste continente. Absolutamente isso significa que o trabalho
em curso, há algumas décadas, não tenha produzido resultados substan-
ciais sobre a arte do próprio meio. Se essa atividade relativa ao território
exigirá muito ainda, a disciplina, por outro lado, deverá evoluir para
estágios que fortaleçam o seu profundo sentido universal. Não deverá
faltar aqui a contribuição da USP.


Nota
 l A Estética rica e a estética pobre dos professores franceses. Discurso, n° 9, São Paulo,
   nov. 1978, p. 9-30.




Walter Zanini é professor do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações
e Artes da USP.

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História da Arte na USP

  • 1. Arte e História da arte WALTER ZANINI m longo tempo decorreu para que a USP demonstrasse inte- U resse pelo ensino da arte. Os estatutos de 1934 previam uma escola específica que, entretanto, permaneceu letra Décadas depois, em 1972, tomaria forma — finalmente — uma área morta. prático-teórica, ainda hoje parte do conglomerado de departamentos da ECA. Mas as tentativas de configurar esse território em toda a sua com- plexidade — nos projetos de criação de um instituto de arte — encon- traram sempre muitos obstáculos e não se concretizaram. No que concerne propriamente à História da Arte — disciplina de antiga trajetória nas nações européias, embora não estabelecida em suas universidades antes das últimas décadas do século XIX — seu ingresso na USP deu-se através de improvisações, até uma sua relativa consoli- dação que se deu recentemente. Seriam os professores Lévi-Strauss, Roger Bastide e Jean Maügué a trazer nos anos 30 um impulso introdutório aos estudos da arte junto aos alunos de suas áreas da FFCL, como a esse respeito se refere a professora Gilda de Mello e Souza (1). Posteriormente, na década de 50, o professor Lourival Gomes Machado, catedrático de ciência política e estudioso das artes, particu- larmente do barroco brasileiro, mas com desempenho também na crítica da arte contemporânea, lecionou a História da Arte na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, adaptada às finalidades da escola, na qual, a partir de 1962, seria ministrada junto ao Departamento de His- tória da Arquitetura e Estética do Projeto, tendo como seu primeiro docente o artista e professor Flávio Motta. Um maior aprofundamento foi alcançado pela disciplina no De- partamento de História da FFCL, desde o começo da década de 60, cabendo inicialmente ao professor Yves Bruand, diplomado pela Écolede Chartes e responsável pelas áreas de Metodologia e Teoria da História e Paleografia, ministrar aulas em curso optativo. Entre 1962 e 1969, ti- vemos a responsabilidade da cadeira, assistida por turmas crescentes de estudantes. Detivemo-nos particularmente nas etapas artísticas entre o
  • 2. humanismo renascimental e a arte moderna, dando porém atenção a problemas de método da historiografia artística e a elementos de mu- seologia. Em 1968, o Departamento de História implantou o primeiro curso de História da Arte em nível de pós-graduação no país. Como conseqüência da reforma universitária, o Departamento de História perdeu a disciplina (1970), transferida para os organogramas da ECA. Em compensação, a História da Arte ganhou desenvoltura na escola recém-fundada, onde se criou o curso de Educação Artística em 1972, sendo de relevar que o mestrado inaugurado no Departamento de História, foi por sua vez herdado pela ECA nesse ano. Mais adiante, em 1980, surgiria na mesma unidade o doutorado (ainda hoje único na universidade brasileira). O Departamento de Artes Plásticas tornou-se a célula de outros cursos de pós-graduação em arte no Brasil. Elemento da mais alta importância a considerar no espaço ganho pelas artes na USP é a introdução de coleções de arte e arqueologia nos anos 60, na gestão de Ulhôa Cintra. Além do fato em si do que re- presentam esses acervos relevantes, no que diz respeito ao ensino e à difusão da arte e dos estudos arqueológicos (instalados na USP na dé- cada de 60), sua presença tem sido de inestimável valor para cursos das mais variadas naturezas no decorrer dos últimos 30 anos. O MAC e o MAE, aos quais se acrescenta o IEB, formam um tripé nesse sentido, incluindo-se os serviços de orientação pedagógica que prestam no aten- dimento ao público em geral. Discorrendo em termos mais gerais, é necessário lembrar que o ensino da História da Arte fora instituído no Brasil pela Academia Im- perial das Belas Artes e ministrado a partir de 1890, mas em limites dos mais precários, até que se encontrasse melhor estrutura junto à Uni- versidade do Brasil (1931). O ensino prático-teórico da velha academia do Rio de Janeiro irradiou-se para outras escolas de belas artes do país, a começar da Bahia. Com a criação dos cursos de licenciatura em edu- cação artística (1970), a História da Arte permaneceu dirigida funda- mentalmente para a formação de artistas. Para os que almejavam maio- res conhecimentos teóricos e históricos, o que lhes reservava a malha de ensino era escasso (como acontece ainda hoje). Aos poucos, os profes- sores credenciados pela formação e obtenção de títulos em universidades estrangeiras de grande tradição na disciplina (na Sorbonne, do mais alto nível e do maior rigor antes da reforma do fim dos anos 60) e os que realizaram mestrado e doutorado no país (desde o decênio de 70) a partir da USP — constituíram um corpus de Historiadores que hoje conta com algumas dezenas de indivíduos sobre os quais repousa boa parte da responsabilidade da pesquisa e do ensino da arte e sua história
  • 3. no Brasil. Seus trabalhos têm-se voltado geralmente para a arte do en- torno, em seus diversificados períodos: época colonial, século XIX (da Missão Artística Francesa a Elíseu Visconti) e Modernidade. Em que pese a etapa ganha com a criação da ECA, não se possui ainda hoje um instituto de arte na USP, aspiração legítima que encontra o empecilho de outros interesses, e que é uma frustração para todos os que pensam seriamente no assunto. A História da Arte, disciplina básica e indispensável dessa área da cultura, não dispõem até hoje de um ba- charelado ou licenciatura. É matéria exigida para os polivalentes cursos de educação artística. Figura nos currículos das faculdades de arquite- tura e urbanismo com objetivos dirigidos à sua especificidade e é matéria opcional para cursos de filosofia, letras, ciências sociais, comunicações, entre outros. Prestando serviços a todos, mantém-se no entanto a disci- plina sem a definição de seu próprio campo de graduação. Razoes complexas levaram primeiro à instituição dos cursos de pós-graduação, para o que concorreu a existência de professores titu- lados no exterior, ao passo que não se estabeleceu o curso básico. Outros problemas que continuam afligindo a área resumem-se à falta de bi- bliotecas importantes e à grande precariedade da documentação icono- gráfica. A História da Arte foi introduzida no Brasil na observância dos princípios e métodos gerados na ordenação da disciplina na Europa, a partir de Burckhardt e Morelli, e sua situação, entre os pólos diferen- ciados do velho mundo e dos Estados Unidos, é ainda a de um domínio de estudos emergentes que se exerce em contextos humano e histórico peculiares neste continente. Absolutamente isso significa que o trabalho em curso, há algumas décadas, não tenha produzido resultados substan- ciais sobre a arte do próprio meio. Se essa atividade relativa ao território exigirá muito ainda, a disciplina, por outro lado, deverá evoluir para estágios que fortaleçam o seu profundo sentido universal. Não deverá faltar aqui a contribuição da USP. Nota l A Estética rica e a estética pobre dos professores franceses. Discurso, n° 9, São Paulo, nov. 1978, p. 9-30. Walter Zanini é professor do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da USP.