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CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Nasceu em 23 de setembro de 1946, na cidade de São
Paulo (SP). Dirigente da VAR-Palmares, cursava o 5º
ano de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em 1968,
integrando a Executiva da União Estadual dos
Estudantes.
Após a decretação do AI–5, passou a atuar na
clandestinidade.

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Sobre o caso
CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Foi preso no dia 21/11/1969, em uma casa no bairro
de Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro, onde residia
com Maria Auxiliadora Lara Barcelos e Antônio
Roberto Espinosa, também integrantes da VARPalmares. Os três foram levados para o Batalhão da
Polícia do Exército e Chael morreu no dia seguinte,
submetido a indescritíveis torturas, como chegou a
ser noticiado pela revista Veja, driblando a rigorosa
censura de imprensa vigente na época. O caso
também foi publicado em veículos internacionais
como o New York Times, Le Monde e The Times.

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Sobre o caso
Jornal The New York Times – 3 de dezembro de 1969

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Circunstâncias da morte e envolvidos
“Quando a primeira notícia da prisão de
Chael foi publicada pelos jornais cariocas,
na edição de domingo, ele já estava morto.
Mas os jornais o davam como vivo,
contavam detalhadamente a prisão, a
resistência até o último tiro e não falavam
em qualquer ferimento leve ou grave.”
Revista Veja - 10 de dezembro de 1969

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Circunstâncias da morte e envolvidos
“Um triste episódio. Estava de plantão no gabinete do
ministro, no Rio, quando recebi comunicação da Vila
Militar, precisamente do Batalhão de Polícia da Vila
Militar, dizendo-me um oficial que ele [Chael] havia
falecido naquela dependência do Exército. Lá
estava, portanto, o cadáver de um estudante paulista que
teria vindo ao Rio agitar. Preso, havia falecido durante o
interrogatório. Perguntei quem era o oficial que o estava
interrogando, disseram-me que se tratava do então
major Ary Pereira de Carvalho, a quem conhecia de
algum tempo. (...) Orientei meu emissário para conduzir o
cadáver para o Hospital do Exército. (...) Ao chegar, o
oficial-de-dia do hospital recusou-se a receber o
cadáver, coisa que até então eu desconhecia. (...) O
subchefe de Polícia [Civil] tomou as providências para que
o corpo fosse recolhido ao Instituto Médico Legal.
Despido, o corpo apresentava muitas equimoses. O oficial
[Murilo Fernando Alexander] me disse: ‘Fiquei
encabulado de ver o número de equimoses, as sevícias
que o cadáver apresentava’.”
Jornal O Estado de São Paulo
24 de fevereiro 1988, p. 7 – caderno Política

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Circunstâncias da morte e envolvidos
CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Circunstâncias da morte e envolvidos
“Causa mortis: contusão abdominal com roturas
dos mesocolon transverso e mesotério com
hemorragia interna.”

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Certidão de Óbito
CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Laudo de necropsia
CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Cadeia de comando nas prisões de Antonio Roberto Espinosa, Chael Charles Schreier
e Maria Auxiliadora Lara Barcelos
CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Depoimentos de Maria Auxiliadora Lara Barcelos
“*a declarante, Antônio Roberto e
Chael] foram presos em casa, na Rua
Aquidabã, no Lins, por uma turma
mista, composta por elementos do
DOPS e da Polícia do Exército. (...)
Chael foi chamado para dirigir-se a
uma sala do lado, onde Chael foi
espancado, ouvindo a declarante os
seus gritos; que depois dessas duas
horas, Antônio Roberto também foi
chamado; que de dez horas da noite
às quatro da manhã, Antônio
Roberto e Chael ficaram
apanhando.”

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Depoimentos de Maria Auxiliadora Lara Barcelos
“...Chael e Roberto saíram da sala onde se encontravam,
visivelmente ensanguentados, inclusive no pênis, na
orelha e ostentando corte na cabeça; que daí foram
transferidos para a Polícia do Exército (...) os três presos
foram colocados numa sala, sem roupas; que
inicialmente chamaram Chael e fizeram-no beijar a
declarante toda e em seguida chamaram Antonio
Roberto para repetir esta prática, empurrando a cabeça
dele sobre os seis da declarante e pedindo, digo,
repetindo que ele a tanto estava habituado; que depois
um indivíduo lhe segurou os seios apertando-os,
enquanto outros torturadores lhe machucavam, inclusive
a palmatória...”

“... Antônio Roberto e Chael foram levados para a sala do
lado (...); que ouvia gritos de Chael...”

“...então chegou o Capitão Lauria e disse que a
declarante não ia apanhar mais...”

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Depoimentos de Maria Auxiliadora Lara Barcelos
CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa
“... que foi preso em 21 de novembro de 69 (...)
com sua companheira MARIA AUXILIADORA
LARA BARCELOS e também CHAEL...”

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa
“... que os presos foram conduzidos a PE da Vila Militar,
onde foram recebidos pelo Cap João Luiz, Capitão Celso
Lauria, Sargento Rossone, Sargento Andrade (...) e pelo 1º
Ten Ailton (...) durante 3 horas mais ou menos os presos
receberam tortura coletiva...”

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa
“...após estas 3 horas de torturas coletivas CHAEL foi
conduzido a uma sala contígua onde havia outra máquina
de choques...”

“...que enquanto o declarante sofria choques ouvia gritos
de CHAEL até que as 2 horas da tarde cessaram os gritos
de CHAEL; que CHAEL havia sido assassinado pelo Cap.
JOSÉ JUIZ, Cap. LAURIA...”

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa
“...que *o declarante+ ficou na PE durante 29 dias
inteiramente nu, numa solitária, sendo obrigado a comer
com as mãos a comida suja e fria que lhe era servida; que
ainda na PE durante vinte dias foi torturado (...) que foi
interrogado pelo Delegado FLEURY (...) e pelo Cap BENONI
DE ARRUDA ALBERNAZ, (...) que depois de 29 dias no Rio
de Janeiro foi transferido para a Operação Bandeirantes
em São Paulo; que lá se repetiram tais cevícias... *sic+”

CASO CHAEL CHARLES SCHREIER
Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa

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  • 4. CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Foi preso no dia 21/11/1969, em uma casa no bairro de Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro, onde residia com Maria Auxiliadora Lara Barcelos e Antônio Roberto Espinosa, também integrantes da VARPalmares. Os três foram levados para o Batalhão da Polícia do Exército e Chael morreu no dia seguinte, submetido a indescritíveis torturas, como chegou a ser noticiado pela revista Veja, driblando a rigorosa censura de imprensa vigente na época. O caso também foi publicado em veículos internacionais como o New York Times, Le Monde e The Times. CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Sobre o caso
  • 5. Jornal The New York Times – 3 de dezembro de 1969 CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Circunstâncias da morte e envolvidos
  • 6. “Quando a primeira notícia da prisão de Chael foi publicada pelos jornais cariocas, na edição de domingo, ele já estava morto. Mas os jornais o davam como vivo, contavam detalhadamente a prisão, a resistência até o último tiro e não falavam em qualquer ferimento leve ou grave.” Revista Veja - 10 de dezembro de 1969 CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Circunstâncias da morte e envolvidos
  • 7. “Um triste episódio. Estava de plantão no gabinete do ministro, no Rio, quando recebi comunicação da Vila Militar, precisamente do Batalhão de Polícia da Vila Militar, dizendo-me um oficial que ele [Chael] havia falecido naquela dependência do Exército. Lá estava, portanto, o cadáver de um estudante paulista que teria vindo ao Rio agitar. Preso, havia falecido durante o interrogatório. Perguntei quem era o oficial que o estava interrogando, disseram-me que se tratava do então major Ary Pereira de Carvalho, a quem conhecia de algum tempo. (...) Orientei meu emissário para conduzir o cadáver para o Hospital do Exército. (...) Ao chegar, o oficial-de-dia do hospital recusou-se a receber o cadáver, coisa que até então eu desconhecia. (...) O subchefe de Polícia [Civil] tomou as providências para que o corpo fosse recolhido ao Instituto Médico Legal. Despido, o corpo apresentava muitas equimoses. O oficial [Murilo Fernando Alexander] me disse: ‘Fiquei encabulado de ver o número de equimoses, as sevícias que o cadáver apresentava’.” Jornal O Estado de São Paulo 24 de fevereiro 1988, p. 7 – caderno Política CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Circunstâncias da morte e envolvidos
  • 8. CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Circunstâncias da morte e envolvidos
  • 9. “Causa mortis: contusão abdominal com roturas dos mesocolon transverso e mesotério com hemorragia interna.” CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Certidão de Óbito
  • 10. CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Laudo de necropsia
  • 11. CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Cadeia de comando nas prisões de Antonio Roberto Espinosa, Chael Charles Schreier e Maria Auxiliadora Lara Barcelos
  • 12. CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Depoimentos de Maria Auxiliadora Lara Barcelos
  • 13. “*a declarante, Antônio Roberto e Chael] foram presos em casa, na Rua Aquidabã, no Lins, por uma turma mista, composta por elementos do DOPS e da Polícia do Exército. (...) Chael foi chamado para dirigir-se a uma sala do lado, onde Chael foi espancado, ouvindo a declarante os seus gritos; que depois dessas duas horas, Antônio Roberto também foi chamado; que de dez horas da noite às quatro da manhã, Antônio Roberto e Chael ficaram apanhando.” CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Depoimentos de Maria Auxiliadora Lara Barcelos
  • 14. “...Chael e Roberto saíram da sala onde se encontravam, visivelmente ensanguentados, inclusive no pênis, na orelha e ostentando corte na cabeça; que daí foram transferidos para a Polícia do Exército (...) os três presos foram colocados numa sala, sem roupas; que inicialmente chamaram Chael e fizeram-no beijar a declarante toda e em seguida chamaram Antonio Roberto para repetir esta prática, empurrando a cabeça dele sobre os seis da declarante e pedindo, digo, repetindo que ele a tanto estava habituado; que depois um indivíduo lhe segurou os seios apertando-os, enquanto outros torturadores lhe machucavam, inclusive a palmatória...” “... Antônio Roberto e Chael foram levados para a sala do lado (...); que ouvia gritos de Chael...” “...então chegou o Capitão Lauria e disse que a declarante não ia apanhar mais...” CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Depoimentos de Maria Auxiliadora Lara Barcelos
  • 15. CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa
  • 16. “... que foi preso em 21 de novembro de 69 (...) com sua companheira MARIA AUXILIADORA LARA BARCELOS e também CHAEL...” CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa
  • 17. “... que os presos foram conduzidos a PE da Vila Militar, onde foram recebidos pelo Cap João Luiz, Capitão Celso Lauria, Sargento Rossone, Sargento Andrade (...) e pelo 1º Ten Ailton (...) durante 3 horas mais ou menos os presos receberam tortura coletiva...” CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa
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  • 19. “...que *o declarante+ ficou na PE durante 29 dias inteiramente nu, numa solitária, sendo obrigado a comer com as mãos a comida suja e fria que lhe era servida; que ainda na PE durante vinte dias foi torturado (...) que foi interrogado pelo Delegado FLEURY (...) e pelo Cap BENONI DE ARRUDA ALBERNAZ, (...) que depois de 29 dias no Rio de Janeiro foi transferido para a Operação Bandeirantes em São Paulo; que lá se repetiram tais cevícias... *sic+” CASO CHAEL CHARLES SCHREIER Depoimentos de Antonio Roberto Espinosa