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Artigo Original 
Condições de Saúde Auditiva no Trabalho: Investigação 
dos Efeitos Auditivos em Trabalhadores Expostos ao Ruído 
49 
Ocupacional 
Conditions of Auditory Health at Work: Inquiry of The Auditoy Effect in 
Workers Exposed to the Occupationl Noise 
Andréa Cintra Lopes*, Maíra Pietraroia Nelli**, José Roberto Pereira Lauris***, 
Raquel Beltrão Amorim****, Ana Dolores Passarelli Melo*****. 
* Doutor. Professor Doutor. 
** Especialista em Audiologia. Fonoaudióloga Clínica. 
*** Doutor. Professor Associado. 
**** Graduação em Fonoaudiologia. Especializanda em Audiologia. 
***** Mestrado em Fonoaudiologia. Bolsista Fapesp. 
Instituição: Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Odontologia de Bauru / Universidade de São Paulo Instituto de Audição e Comunicação - Alfa. 
Bauru / SP – Brasil. 
Endereço para correspondência: Andréa Cintra Lopes – Professora Doutora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru - Universidade 
de São Paulo – Alameda Dr. Octavio Pinheiro Brisolla, 9-75 – Vila Universitária – Bauru / SP – Brasil - Caixa Postal: 73 – CEP: 17043-101 – Telefone: (+55 14) 
3235-8000 ramal: 8332 – E-mail: aclopes@usp.br 
Artigo recebido em 08 de Julho de 2008. Artigo aprovado em 12 de Março de 2009. 
RESUMO 
Introdução: Fisiologicamente, indivíduos expostos ao ruído, podem desenvolver uma patologia muito comum, a 
perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevada. 
Objetivo: Investigar por meio de um estudo transversal, a prevalência de perda auditiva ocupacional em tra-balhadores 
expostos a níveis de pressão sonora acima de 85 dB NPS. 
Método: Participaram deste estudo 400 prontuários de trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora acima 
de 85 dB NPS, locados em empresas de diferentes segmentos. 
Resultados: Nesta amostra, foram observadas diferenças estatisticamente significante entre os limiares de baixas 
e altas frequências e que o tempo de trabalho influenciou na piora dos limiares nas altas frequências 
bilateralmente. Quanto à lateralidade não foram constatadas diferenças significativas entre as orelhas, 
assim como a ausência da correlação entre zumbido e perda auditiva. 
Conclusões: Um trabalho intensivo de promoção da saúde auditiva e/ou prevenção de perdas auditivas, deve ser 
enfatizado, principalmente para trabalhadores expostos a níveis elevados de ruído ocupacional, além 
da utilização, de forma adequada, de equipamento de proteção auditiva individual. 
Palavras-chave: perda auditiva, audição, ruído, audiometria. 
SUMMARY 
Introduction: Physiologically, the individuals exposed to the noise may develop a very common pathology; the 
occupational noise induced hearing loss. 
Objective: Research the by means of a cross-sectional study, prevalence of occupational hearing loss in workers 
exposed to noise pressure levels over 85 dB NPL. 
Method: 400 records of workers exposed to noise pressure levels above 85 db NPS, working in companies of 
different segments. 
Results: In this sample, statistically significant differences were observed between the low and high frequencies 
thresholds and that the work duration influenced in the worsening of high frequencies thresholds 
bilaterally. As for the laterality no significant differences were confirmed between the ears, as well as 
the absence of correlation between tinnitus and hearing loss. 
Conclusion: An intensive work of auditory health promotion and/or auditory loss prevention must be emphasized, 
especially for workers exposed to high level occupational noises, as well as the appropriate features 
of individual auditory protection equipment. 
Keywords: hearing loss, hearing, noise, noise, audiometry. 
Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., 
São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.
50 
INTRODUÇÃO 
As condições de saúde auditiva no ambiente de 
trabalho tem sido objeto de muitos estudos no campo da 
saúde pública, uma vez que, a exposição a elevados níveis 
de ruído pode provocar danos irreversíveis à audição como 
a Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora 
Elevado (PAINPS). Além da alteração na função auditiva 
devido à exposição ao ruído ocupacional, o ruído e a 
PAINPS compromete a comunicação e a qualidade de vida 
dos trabalhadores. 
O ruído é considerado como o agente físico nocivo 
à saúde mais frequente no ambiente de trabalho, sendo 
caracterizado como o fator de maior prevalência das 
origens de doenças ocupacionais (PADOVANI, NOVA, QUEIRÓS, 
SILVA, 2004) (1). A PAINPS, por sua vez, é a segunda maior 
causa de perda auditva no homem, além de ser a mais 
frequente das doenças ocupacionais (MANUBENS, 2001) (2). 
De acordo com o Ministério do Trabalho (artigo 168 
da Consolidação das Leis do Trabalho, na NR 7) (3) e Portaria 
SSST/MTb nº 5, publicada em 25 de fevereiro de 1997 (4), 
foram estabelecidos diretrizes e parâmetros mínimos para a 
avaliação e o acompanhamento da audição dos trabalhado-res 
expostos a níveis de pressão sonora elevados. Definiram 
a PAINPS como perda auditiva gerada por níveis de pressão 
sonora elevados, com alterações dos limiares auditivos, do 
tipo neurossensorial, decorrente da exposição ao ruído 
ocupacional, apresentando como características principais à 
irreversibilidade e a progressão gradual com o tempo de 
exposição ao risco. GATTO, LERMAN, TEIXEIRA, MAGNI, MORATA 
(2005) (5) defiram a PAINPS como uma patologia cumula-tiva 
e insidiosa, que progride ao longo dos anos de exposição 
ao ruído associado ao ambiente de trabalho. 
Os sinais iniciais da PAINPS mostram o acometimen-to 
dos limiares auditivos em uma ou mais frequências entre 
faixa de 3000 a 6000 Hz. De acordo com HANGER, BARBOSA-BRANCO 
(2004) (6) as frequências mais altas e mais baixas 
poderão levar maior tempo para serem comprometidas. 
Alguns estudos verificaram que a frequência de 
6000 Hz é a mais acometida nas audiometrias sugestivas de 
PAINPS (RUGGIERI, CATTAN, GIARDINI, OLIVEIRA, 1991 (7); 
CORREA FILHO, COSTA, HOEHNE, PEREZ, 2002) (8), enquanto 
outros estudos, referiram que a frequência de 4000 Hz é a 
mais comprometida nos estágios iniciais (KÓS E KÓS, 1998 
(9); ARAÚJO, 2002 (10)). 
Além da perda auditiva, o zumbido é uma queixa 
comum em profissionais que atuam em ambientes ruido-sos, 
com níveis de 85 dB NPS ou maiores, estando presente 
em 4% da casuística do trabalho de ARAÚJO (2002) (10). 
Lopes AC 
DIAS, CORDEIRO, CORRENTE, GONÇALVES (2006) (11) investiga-ram 
a associação da PAINPS e zumbido em 284 trabalhado-res, 
e constataram que a prevalência de zumbido aumenta 
de acordo com a evolução do dano auditivo. 
A prevalência da PAINPS nas indústrias brasileiras 
descrita na literatura é alta. Carcinelli (1988) (12) verifiou 
que 32,7% dos 150 trabalhadores estudados apresentavam 
quadro sugestivo de PAINPS. No estudo longitudinal da 
audição de 80 trabalhadores metalúrgicos durante três 
anos, Fiorini (1994) (13) verificou prevalência final de 
63,75% de PAINPS, e no decorrer dos três anos, 23,75% 
adquiriram a PAINPS. 
Considerando que a PAINPS é uma doença passível 
de prevenção e sua prevalência ainda é alta no meio de 
trabalho, e esta perda da audição pode prejudicar a qualida-de 
de vida afetando as relações sociais, de coimunicação e 
de trabalho, evidencia-se a importância de ações preventi-vas 
e coletivas que visem a conservação da audição e da 
saúde em geral. Dessa forma, neste trabalho o objetivo foi 
investigar, por meio de um estudo transversal, a prevalência 
de perda auditiva ocupacional em trabalhadores expostos a 
níveis de pressão sonora acima de 85 dB NPS. 
MÉTODO 
Participaram desse estudo, 400 prontuários de traba-lhadores, 
sendo 372 do gênero masculino e 28 do gênero 
feminino, locados em empresas de diferentes segmentos, 
dentre eles, operador de motosserra, tratorista, operador de 
máquinas, mecânico, soldador, motorista, mecânico, opera-dor 
de motobomba, serviços gerais, operador de máquina 
florestal, caldeireiro, auxiliar de empacotamento, eletricista. 
Todos os ambientes de trabalho apresentaram níveis de 
pressão sonora igual ou superior de 85 dB NPS. Foram 
observados dados da entrevista específica e Audiometria 
Tonal Liminar, realizada por meio do audiômetro da marca 
Beta Medical, modelo CDA 3000, com fones auriculares 
TDH-39P, calibrado atendendo as normas de aferição de 
audiômetro de acordo com o INMETRO. Os exames foram 
realizados em cabina acústica da marca Vibrasom. 
As audiometrias foram classificadas de acordo com 
a proposta de FIORINI (1994) (12), classificando-as em 3 
grupos, Grupo I, audiogramas sugestivos de audição nor-mal; 
Grupo II, audiogramas sugestivos de PAINPS, e Grupo 
III, audiogramas com outras classificações. 
Método estatístico 
Os valores observados nas variáveis estudadas fo-ram 
arquivados no programa Microsoft Excel. Utilizou-se 
Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., 
São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.
138 
64 
81 
15 
35 
23 
Gráfico 1. Classificação das audiometrias de acordo com a 
proposta de Fiorini - IA-audição normal bilateral IIA-apresen-tam 
audição sugestiva de PAINPS bilateral IB-audição normal 
com entalhe unilateral IIB-perda auditiva sugestiva de PAINPS 
unilateral IC-audição normal com entalhe bilateral IIC-perda 
auditiva sugestiva de PAINPS unilateral com entalhe na orelha 
oposta III-audiometrias que não se encaixavam na classifica-ção 
de audição normal ou nas características do grupo com 
51 
Tabela 1. Resultados obtidos na audiometria tonal liminar. 
Orelha Direita Orelha Esquerda 
Normal NS Condutiva Mista Normal NS Condutiva Mista 
N 287 107 2 4 278 115 3 4 
% 71,75 26,75 0,5 1 69,5 28,75 0,75 1 
Legenda: N =número de audiometrias; % = porcentagem obtida; NS = neurossensorial. 
Lopes AC 
estatística descritiva por meio de médias, mediana, valores 
mínimos e máximos. 
Para analisar a diferença entre as médias foi utilizado 
o teste t-pareado. 
Foi utilizado o coeficiente de correlação Spearman 
a fim de verificar a correlação entre as variáveis de tempo 
de exposição ao ruído ocupacional e os limiares auditivos. 
Em todos os testes estatísticos adotou-se nível de 
significância de 5% (p < 0,05). 
RESULTADOS 
A partir das análises estatísticas foi possível traçar o 
perfil audiológico da população estudada. Primeiramente 
serão apresentados os dados obtidos quanto à classificação 
da perda auditiva. 
Dos 400 prontuários analisados, 287 (71,75 %) 
apresentaram exame audiométrico normal na orelha direi-ta 
e 278 (69,50%) na orelha esquerda; 107 (26,75 %) 
apresentam perda auditiva neurossensorial na orelha direi-ta 
e 115 (28, 75%) na orelha esquerda; 4 (1%) apresenta-ram 
perda auditiva mista na orelha direita e 4 (1%) na 
orelha esquerda; em 2 (0,5%) foram observados perda 
auditiva condutiva na orelha direita e em 3 casos (0,75%) 
na orelha esquerda. Estas informações podem ser 
visualizadas no Tabela 1. 
Como pode ser observado na Tabela 1, a perda 
auditiva, independente do tipo, foi observada com maior 
prevalência na orelha esquerda (30,5%), enquanto que na 
orelha direita observou-se prevalência de 28,25%. 
De acordo com a Classificação proposta por FIORINI 
(1994) (12), 138 (34,5%) trabalhadores apresentam audi-ção 
normal bilateral (IA); 81 trabalhadores (20,25%) apre-sentam 
audição normal com entalhe unilateral (IB), 35 
trabalhadores (8,75%) apresentam audição normal com 
entalhe bilateral (IC), caracterizando o Grupo I. No Grupo 
II, 64 trabalhadores (16%) apresentam audição sugestiva 
de PAINPS bilateral (IIA), 15 trabalhadores (3,75%) apre-sentam 
perda auditiva sugestiva de PAINPS unilateral (IIB), 
PAINPS. 
23 (5,75%) apresentam perda auditiva sugestiva de PAINPS 
unilateral com entalhe na orelha oposta (IIC); e no Grupo 
III, 44 trabalhadores (11%) apresentam audiometrias que 
não se encaixavam na classificação de audição normal ou 
nas características do grupo com PAINPS. Estes dados 
podem ser visualizados no Gráfico 1. 
A Tabela 2 apresenta os valores de média, media-na, 
valores mínimos e máximos dos limiares adiométricos 
das orelhas direita e esquerda. Nesta mesma Tabela foi 
possível constatar que as frequências de 3000, 4000 e 
6000 Hz de ambas orelhas apresentaram limiares mais 
comprometidos, sendo a frequência de 4000 Hz a mais 
acometida. 
A comparação entre as médias dos limiares auditivos 
das orelhas direita esquerda realizado por meio do Teste t-pareado, 
não demostrou haver diferenças estatisticamente 
significante para as altas frequências (p = 0,120), assim 
como, para as baixas frequências (p = 0,249). Entretanto, 
na análise comparativa entre as altas e baixas frequências, 
realizadas também por meio do Teste t-pareado, esta 
Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., 
São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009. 
160 
140 
120 
100 
80 
60 
40 
20 
0 
34,50% 
16,0% 
20,25% 
3,75% 
8,75% 
5,75% 
11,0% 
44 
IA IIA IB IIB IC IIC III
Tabela 2. Valores de Média, Mediana, Mínimo e Máximo dos limiares auditivos. 
Frequência Orelha Direita Orelha Esquerda 
(Hertz) Média Mediana Min Max Média Mediana Min Max 
250 15,73 15 5 55 15,23 15 5 55 
500 13,68 15 5 60 13,63 10 0 45 
1000 10,38 10 0 55 10,68 10 0 50 
2000 12,48 10 0 55 12,98 10 0 65 
3000 16,32 15 0 80 17,26 15 0 75 
4000 20,47 15 0 75 21,21 20 0 80 
6000 19,48 15 0 85 19,48 15 0 80 
8000 16,80 10 0 80 16,68 15 0 90 
Baixa 12,19 11,7 3,3 56,7 12,44 11,7 1,7 50,0 
Alta 18,76 15,0 0,0 76,7 19,32 16,7 0,0 76,7 
apresentou diferença estatisticamente significante tanto 
para ambas as orelhas (p< 0,001). 
52 
Quanto a prevalência de zumbido na casuítica 
estudada constatou-se que apenas 11 (2,75%) dos traba-lhadores 
apresentaram queixa de zumbido. 
A fim de verificar se o tempo de exposição ao ruído 
ocupacional influenciaram sobre os limiares auditivos foi 
realizado o teste coeficiente de correlação de Spearman. 
Desta maneira, foi realizada uma divisão dos trabalhadores 
em grupos de acordo com o período de exposição. Assim, 
o grupo I foi constituido por trabalhadores com tempo de 
trabalho inferior a 2 anos; o grupo II, de 2 a 5 anos; grupo 
III, de 5 a 10 anos, e grupo IV com mais de 10 anos de 
trabalho, como podem ser observados na Tabela 3. 
Diante dos resultados apresentados acima (Tabela 
3) pode-se observar correlação estatisticamente significante 
entre o tempo de exposição ao ruído ocupacional e os 
limiares auditivos para ambas as orelhas, assim como, para 
a comparação entre as médias das altas e baixas frequên-cias, 
sendo que esta correlação foi mais forte nas altas 
frequências. 
DISCUSSÃO 
Com relação ao perfil das audiometrias estudadas 
neste trabalho, constatou-se que em 400 participantes, 138 
(34,5%) audiometrias apresentaram-se dentro dos padrões 
de normalidade, enquanto 262 (65,5%) apresentaram limi-ares 
alterados, ou seja, abaixo de 25 dBNA (PADOVANI, NOVA, 
QUIRÓS, SILVA, 2004 (1); MANUBENS, 2001 (2)). As audiometrias 
também foram analisadas por orelhas, perfazendo-se então, 
800 orelhas analisadas, destas, 287 (71,75%) apresentaram 
limiares auditivos dentro do padrão de normalidade para a 
orelha direita e 278 (69,50%) para orelha esquerda. Do total 
da casuística verificou-se que 107 (26,75%) orelhas direita e 
Lopes AC 
Tabela 3. Correlação entre o tempo de exposição no 
trabalho e a média dos limiares auditivos 
Correlação r p 
OD Baixa Frequência 0,19 <0,001* 
OE Baixa Frequência 0,19 <0,001* 
OD Alta Frequência 0,37 <0,001* 
OE Alta Frequência 0,34 <0,001* 
Legenda: Baixa frequência = média dos limiares de 500, 1000 
e 2000Hz; Alta frequência = média dos limiares de 3000, 4000 
e 6000 Hz; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda. 
115 (28,75) orelhas esquerda apresentaram perda auditiva 
neurossensorial, seguidas 1% das orelhas direita e 1% das 
orelhas esquerda com perda auditiva do tipo mista, e perda 
condutiva em 0,75% na orelha direita e 0,5% na orelha 
esquerda (Tabela 1). Estes achados evidenciaram a 
prevalência de perda auditiva neurosensorioneural em tra-balhadores 
expostos ao ruído ocupacional, assim como, a 
bilateralidade da alteração, achados que corroboram com a 
descrição de PAINPS proposta pela NR 7 (3), e pela Portaria 
SSTM/Mtb de 1997 (4). 
Por meio dos dados apresentados Gráfico 1, de 
acordo com a classificação proposta por FIORINI (1994) (12) 
20,25% das audiometrias analisadas apresentaram limiares 
até de 25 dBNA com entalhe unilateral e 8,75% com 
entalhe bilateral nas frequências de 3000, 4000 ou 6000 
Hz. Estudos apresentados na literatura referem que a 
PAINPS inicia-se na faixa de frequência entre 3000 e 6000 
Hz (HANGER, BARBOSA-BRANCO, 2004) (6), sendo que a 
frequência de 6000 Hz a mais acometida (RUGGIERI,CATTAN 
GIARDINI, OLIVEIRA, 1991 (7); CORRÊA FILHO, COSTA, HOEHNE, 
PÉREZ, NASCIMENTO, 2002 (8)), entretanto, outros trabalhos 
referiram que a frequência de 4000 Hz é a mais compro-metida 
nos estágios iniciais (KOS E KOS, 1998 (8); ARAÚJO, 
2002 (9)). Dessa forma, evidencia-se que este grupo 
necessita de um programa de prevenção e educação 
Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., 
São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.
53 
auditiva, uma vez que, os cuidados em relação a saúde 
auditiva não forem tomados, ocorrerá a progressão destes 
limiares (HANGER, BARBOSA-BRANCO, 2004 (6); GATTO, LERMAN, 
TEIXEIRA, MAGNI, MORATA, 2005 (5)). Em relação ao Grupo II, 
composto peloos trabalhadores que apresentavam perda 
auditiva sugestiva de PAINPS, 64 (16%) apresentaram 
perda auditiva sugestiva de PAINPS bilateral; 15 trabalha-dores 
(3,75%) apresentaram perda auditiva sugestiva de 
PAINPS unilateral e, 23 (5,75%) apresentaram perda audi-tiva 
sugestiva de PAINPS unilateral com entalhe na orelha 
oposta, corroborando com os achados de CARCINELLI (1988) 
(12) e FIORINI (1994) (13). 
Em relação as frequências que apresentaram maio-res 
acometimentos dos limiares auditivos (Tabela 2), cons-tatou- 
se neste trabalho que as altas frequências, 3000, 4000 
e 6000 Hz foram as mais comprometidas não havendo 
diferença estatítica entre as orelhas, resultados semelhan-tes 
aos de RUGGIERI,CATTAN GIARDINI, OLIVEIRA, 1991 (7), KOS 
E KOS (1998) (9), ARAÚJO (2002) (10), CORRÊA FILHO, COSTA, 
HOEHNE, PÉREZ, NASCIMENTO, 2002 (8) e HANGER, BARBOSA-BRANCO 
(2004) (6). 
A prevalência de queixas em relação à presença de 
zumbido é descrita na na literatura como uma queixa 
comum em trabalhadores que atuam em ambientes 
ocupacionais com elevados níveis de ruído, além de 
associar esta queixa à trabalhadores que apresentam PAINPS 
(DIAS, CORDEIRO, CORRENTE, GONÇALVES, 2006 (11); ARAÚJO, 
2002 (10)). Neste estudo a prevalência desta queixa foi 
baixa, apenas em 2,75% dos trabalhadores, não sendo um 
dado significante. Diante deste achado, não foi possível 
relacionar a presença de zumbido com as audiometrias 
sugestivas de PAINPS. 
Neste trabalho, a tempo de exposição ao ruído 
ocupacional demonstrou correlação estatisticamente 
significante sobre os limiares auditivos para ambas as 
orelhas, assim como, para a comparação entre as médias 
das altas e baixas frequências, sendo que esta correlação foi 
mais forte nas altas frequências. (Tabela 3). Este achado 
também foi descrito por outros trabalho como de Gatto, 
Lermen, Teixeira, Magnini, Morata (2005) (5) e Fiorini 
(1994) (13). 
CONCLUSÃO 
• Quanto maior o tempo de exposição, maior o compro-metimento 
dos limiares auditivos obtidos em trabalha-dores 
expostos ao ruido ocupacional. 
• A frequência mais acometida neste estudo foi a de 
4KHz. 
• 24,75% apresentaram audiograma evidenciando PAINPS, 
de acordo com a classificação proposta por FIORINI. 
Assim, um trabalho intensivo de promoção da saúde 
auditiva e/ou prevenção de perdas auditivas, deve ser 
enfatizado, principalmente para trabalhadores expostos a 
níeveis elevados de ruído ocupacional, além da utilização, 
de forma adequada, de equipamento de proteção auditiva 
individual. 
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zumbidos. Cad Saúde Pública. 2006, 22(1):63-8. 
12. Carnicelli, MVF. Audiologia preventiva voltada à saúde 
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programa audiológico numa indústria têxtil na cidade de 
São Paulo. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo, 1988. 
54 
Lopes AC 
13. Fiorini AC. Conservação auditiva: estudo sobre o 
monitoramento audiométrico em trabalhadores de uma 
indústria metalúrgica. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo, 1994. 
Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., 
São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.

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Condições de saúde auditiva no trabalho

  • 1. Artigo Original Condições de Saúde Auditiva no Trabalho: Investigação dos Efeitos Auditivos em Trabalhadores Expostos ao Ruído 49 Ocupacional Conditions of Auditory Health at Work: Inquiry of The Auditoy Effect in Workers Exposed to the Occupationl Noise Andréa Cintra Lopes*, Maíra Pietraroia Nelli**, José Roberto Pereira Lauris***, Raquel Beltrão Amorim****, Ana Dolores Passarelli Melo*****. * Doutor. Professor Doutor. ** Especialista em Audiologia. Fonoaudióloga Clínica. *** Doutor. Professor Associado. **** Graduação em Fonoaudiologia. Especializanda em Audiologia. ***** Mestrado em Fonoaudiologia. Bolsista Fapesp. Instituição: Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Odontologia de Bauru / Universidade de São Paulo Instituto de Audição e Comunicação - Alfa. Bauru / SP – Brasil. Endereço para correspondência: Andréa Cintra Lopes – Professora Doutora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru - Universidade de São Paulo – Alameda Dr. Octavio Pinheiro Brisolla, 9-75 – Vila Universitária – Bauru / SP – Brasil - Caixa Postal: 73 – CEP: 17043-101 – Telefone: (+55 14) 3235-8000 ramal: 8332 – E-mail: aclopes@usp.br Artigo recebido em 08 de Julho de 2008. Artigo aprovado em 12 de Março de 2009. RESUMO Introdução: Fisiologicamente, indivíduos expostos ao ruído, podem desenvolver uma patologia muito comum, a perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevada. Objetivo: Investigar por meio de um estudo transversal, a prevalência de perda auditiva ocupacional em tra-balhadores expostos a níveis de pressão sonora acima de 85 dB NPS. Método: Participaram deste estudo 400 prontuários de trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora acima de 85 dB NPS, locados em empresas de diferentes segmentos. Resultados: Nesta amostra, foram observadas diferenças estatisticamente significante entre os limiares de baixas e altas frequências e que o tempo de trabalho influenciou na piora dos limiares nas altas frequências bilateralmente. Quanto à lateralidade não foram constatadas diferenças significativas entre as orelhas, assim como a ausência da correlação entre zumbido e perda auditiva. Conclusões: Um trabalho intensivo de promoção da saúde auditiva e/ou prevenção de perdas auditivas, deve ser enfatizado, principalmente para trabalhadores expostos a níveis elevados de ruído ocupacional, além da utilização, de forma adequada, de equipamento de proteção auditiva individual. Palavras-chave: perda auditiva, audição, ruído, audiometria. SUMMARY Introduction: Physiologically, the individuals exposed to the noise may develop a very common pathology; the occupational noise induced hearing loss. Objective: Research the by means of a cross-sectional study, prevalence of occupational hearing loss in workers exposed to noise pressure levels over 85 dB NPL. Method: 400 records of workers exposed to noise pressure levels above 85 db NPS, working in companies of different segments. Results: In this sample, statistically significant differences were observed between the low and high frequencies thresholds and that the work duration influenced in the worsening of high frequencies thresholds bilaterally. As for the laterality no significant differences were confirmed between the ears, as well as the absence of correlation between tinnitus and hearing loss. Conclusion: An intensive work of auditory health promotion and/or auditory loss prevention must be emphasized, especially for workers exposed to high level occupational noises, as well as the appropriate features of individual auditory protection equipment. Keywords: hearing loss, hearing, noise, noise, audiometry. Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.
  • 2. 50 INTRODUÇÃO As condições de saúde auditiva no ambiente de trabalho tem sido objeto de muitos estudos no campo da saúde pública, uma vez que, a exposição a elevados níveis de ruído pode provocar danos irreversíveis à audição como a Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevado (PAINPS). Além da alteração na função auditiva devido à exposição ao ruído ocupacional, o ruído e a PAINPS compromete a comunicação e a qualidade de vida dos trabalhadores. O ruído é considerado como o agente físico nocivo à saúde mais frequente no ambiente de trabalho, sendo caracterizado como o fator de maior prevalência das origens de doenças ocupacionais (PADOVANI, NOVA, QUEIRÓS, SILVA, 2004) (1). A PAINPS, por sua vez, é a segunda maior causa de perda auditva no homem, além de ser a mais frequente das doenças ocupacionais (MANUBENS, 2001) (2). De acordo com o Ministério do Trabalho (artigo 168 da Consolidação das Leis do Trabalho, na NR 7) (3) e Portaria SSST/MTb nº 5, publicada em 25 de fevereiro de 1997 (4), foram estabelecidos diretrizes e parâmetros mínimos para a avaliação e o acompanhamento da audição dos trabalhado-res expostos a níveis de pressão sonora elevados. Definiram a PAINPS como perda auditiva gerada por níveis de pressão sonora elevados, com alterações dos limiares auditivos, do tipo neurossensorial, decorrente da exposição ao ruído ocupacional, apresentando como características principais à irreversibilidade e a progressão gradual com o tempo de exposição ao risco. GATTO, LERMAN, TEIXEIRA, MAGNI, MORATA (2005) (5) defiram a PAINPS como uma patologia cumula-tiva e insidiosa, que progride ao longo dos anos de exposição ao ruído associado ao ambiente de trabalho. Os sinais iniciais da PAINPS mostram o acometimen-to dos limiares auditivos em uma ou mais frequências entre faixa de 3000 a 6000 Hz. De acordo com HANGER, BARBOSA-BRANCO (2004) (6) as frequências mais altas e mais baixas poderão levar maior tempo para serem comprometidas. Alguns estudos verificaram que a frequência de 6000 Hz é a mais acometida nas audiometrias sugestivas de PAINPS (RUGGIERI, CATTAN, GIARDINI, OLIVEIRA, 1991 (7); CORREA FILHO, COSTA, HOEHNE, PEREZ, 2002) (8), enquanto outros estudos, referiram que a frequência de 4000 Hz é a mais comprometida nos estágios iniciais (KÓS E KÓS, 1998 (9); ARAÚJO, 2002 (10)). Além da perda auditiva, o zumbido é uma queixa comum em profissionais que atuam em ambientes ruido-sos, com níveis de 85 dB NPS ou maiores, estando presente em 4% da casuística do trabalho de ARAÚJO (2002) (10). Lopes AC DIAS, CORDEIRO, CORRENTE, GONÇALVES (2006) (11) investiga-ram a associação da PAINPS e zumbido em 284 trabalhado-res, e constataram que a prevalência de zumbido aumenta de acordo com a evolução do dano auditivo. A prevalência da PAINPS nas indústrias brasileiras descrita na literatura é alta. Carcinelli (1988) (12) verifiou que 32,7% dos 150 trabalhadores estudados apresentavam quadro sugestivo de PAINPS. No estudo longitudinal da audição de 80 trabalhadores metalúrgicos durante três anos, Fiorini (1994) (13) verificou prevalência final de 63,75% de PAINPS, e no decorrer dos três anos, 23,75% adquiriram a PAINPS. Considerando que a PAINPS é uma doença passível de prevenção e sua prevalência ainda é alta no meio de trabalho, e esta perda da audição pode prejudicar a qualida-de de vida afetando as relações sociais, de coimunicação e de trabalho, evidencia-se a importância de ações preventi-vas e coletivas que visem a conservação da audição e da saúde em geral. Dessa forma, neste trabalho o objetivo foi investigar, por meio de um estudo transversal, a prevalência de perda auditiva ocupacional em trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora acima de 85 dB NPS. MÉTODO Participaram desse estudo, 400 prontuários de traba-lhadores, sendo 372 do gênero masculino e 28 do gênero feminino, locados em empresas de diferentes segmentos, dentre eles, operador de motosserra, tratorista, operador de máquinas, mecânico, soldador, motorista, mecânico, opera-dor de motobomba, serviços gerais, operador de máquina florestal, caldeireiro, auxiliar de empacotamento, eletricista. Todos os ambientes de trabalho apresentaram níveis de pressão sonora igual ou superior de 85 dB NPS. Foram observados dados da entrevista específica e Audiometria Tonal Liminar, realizada por meio do audiômetro da marca Beta Medical, modelo CDA 3000, com fones auriculares TDH-39P, calibrado atendendo as normas de aferição de audiômetro de acordo com o INMETRO. Os exames foram realizados em cabina acústica da marca Vibrasom. As audiometrias foram classificadas de acordo com a proposta de FIORINI (1994) (12), classificando-as em 3 grupos, Grupo I, audiogramas sugestivos de audição nor-mal; Grupo II, audiogramas sugestivos de PAINPS, e Grupo III, audiogramas com outras classificações. Método estatístico Os valores observados nas variáveis estudadas fo-ram arquivados no programa Microsoft Excel. Utilizou-se Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.
  • 3. 138 64 81 15 35 23 Gráfico 1. Classificação das audiometrias de acordo com a proposta de Fiorini - IA-audição normal bilateral IIA-apresen-tam audição sugestiva de PAINPS bilateral IB-audição normal com entalhe unilateral IIB-perda auditiva sugestiva de PAINPS unilateral IC-audição normal com entalhe bilateral IIC-perda auditiva sugestiva de PAINPS unilateral com entalhe na orelha oposta III-audiometrias que não se encaixavam na classifica-ção de audição normal ou nas características do grupo com 51 Tabela 1. Resultados obtidos na audiometria tonal liminar. Orelha Direita Orelha Esquerda Normal NS Condutiva Mista Normal NS Condutiva Mista N 287 107 2 4 278 115 3 4 % 71,75 26,75 0,5 1 69,5 28,75 0,75 1 Legenda: N =número de audiometrias; % = porcentagem obtida; NS = neurossensorial. Lopes AC estatística descritiva por meio de médias, mediana, valores mínimos e máximos. Para analisar a diferença entre as médias foi utilizado o teste t-pareado. Foi utilizado o coeficiente de correlação Spearman a fim de verificar a correlação entre as variáveis de tempo de exposição ao ruído ocupacional e os limiares auditivos. Em todos os testes estatísticos adotou-se nível de significância de 5% (p < 0,05). RESULTADOS A partir das análises estatísticas foi possível traçar o perfil audiológico da população estudada. Primeiramente serão apresentados os dados obtidos quanto à classificação da perda auditiva. Dos 400 prontuários analisados, 287 (71,75 %) apresentaram exame audiométrico normal na orelha direi-ta e 278 (69,50%) na orelha esquerda; 107 (26,75 %) apresentam perda auditiva neurossensorial na orelha direi-ta e 115 (28, 75%) na orelha esquerda; 4 (1%) apresenta-ram perda auditiva mista na orelha direita e 4 (1%) na orelha esquerda; em 2 (0,5%) foram observados perda auditiva condutiva na orelha direita e em 3 casos (0,75%) na orelha esquerda. Estas informações podem ser visualizadas no Tabela 1. Como pode ser observado na Tabela 1, a perda auditiva, independente do tipo, foi observada com maior prevalência na orelha esquerda (30,5%), enquanto que na orelha direita observou-se prevalência de 28,25%. De acordo com a Classificação proposta por FIORINI (1994) (12), 138 (34,5%) trabalhadores apresentam audi-ção normal bilateral (IA); 81 trabalhadores (20,25%) apre-sentam audição normal com entalhe unilateral (IB), 35 trabalhadores (8,75%) apresentam audição normal com entalhe bilateral (IC), caracterizando o Grupo I. No Grupo II, 64 trabalhadores (16%) apresentam audição sugestiva de PAINPS bilateral (IIA), 15 trabalhadores (3,75%) apre-sentam perda auditiva sugestiva de PAINPS unilateral (IIB), PAINPS. 23 (5,75%) apresentam perda auditiva sugestiva de PAINPS unilateral com entalhe na orelha oposta (IIC); e no Grupo III, 44 trabalhadores (11%) apresentam audiometrias que não se encaixavam na classificação de audição normal ou nas características do grupo com PAINPS. Estes dados podem ser visualizados no Gráfico 1. A Tabela 2 apresenta os valores de média, media-na, valores mínimos e máximos dos limiares adiométricos das orelhas direita e esquerda. Nesta mesma Tabela foi possível constatar que as frequências de 3000, 4000 e 6000 Hz de ambas orelhas apresentaram limiares mais comprometidos, sendo a frequência de 4000 Hz a mais acometida. A comparação entre as médias dos limiares auditivos das orelhas direita esquerda realizado por meio do Teste t-pareado, não demostrou haver diferenças estatisticamente significante para as altas frequências (p = 0,120), assim como, para as baixas frequências (p = 0,249). Entretanto, na análise comparativa entre as altas e baixas frequências, realizadas também por meio do Teste t-pareado, esta Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009. 160 140 120 100 80 60 40 20 0 34,50% 16,0% 20,25% 3,75% 8,75% 5,75% 11,0% 44 IA IIA IB IIB IC IIC III
  • 4. Tabela 2. Valores de Média, Mediana, Mínimo e Máximo dos limiares auditivos. Frequência Orelha Direita Orelha Esquerda (Hertz) Média Mediana Min Max Média Mediana Min Max 250 15,73 15 5 55 15,23 15 5 55 500 13,68 15 5 60 13,63 10 0 45 1000 10,38 10 0 55 10,68 10 0 50 2000 12,48 10 0 55 12,98 10 0 65 3000 16,32 15 0 80 17,26 15 0 75 4000 20,47 15 0 75 21,21 20 0 80 6000 19,48 15 0 85 19,48 15 0 80 8000 16,80 10 0 80 16,68 15 0 90 Baixa 12,19 11,7 3,3 56,7 12,44 11,7 1,7 50,0 Alta 18,76 15,0 0,0 76,7 19,32 16,7 0,0 76,7 apresentou diferença estatisticamente significante tanto para ambas as orelhas (p< 0,001). 52 Quanto a prevalência de zumbido na casuítica estudada constatou-se que apenas 11 (2,75%) dos traba-lhadores apresentaram queixa de zumbido. A fim de verificar se o tempo de exposição ao ruído ocupacional influenciaram sobre os limiares auditivos foi realizado o teste coeficiente de correlação de Spearman. Desta maneira, foi realizada uma divisão dos trabalhadores em grupos de acordo com o período de exposição. Assim, o grupo I foi constituido por trabalhadores com tempo de trabalho inferior a 2 anos; o grupo II, de 2 a 5 anos; grupo III, de 5 a 10 anos, e grupo IV com mais de 10 anos de trabalho, como podem ser observados na Tabela 3. Diante dos resultados apresentados acima (Tabela 3) pode-se observar correlação estatisticamente significante entre o tempo de exposição ao ruído ocupacional e os limiares auditivos para ambas as orelhas, assim como, para a comparação entre as médias das altas e baixas frequên-cias, sendo que esta correlação foi mais forte nas altas frequências. DISCUSSÃO Com relação ao perfil das audiometrias estudadas neste trabalho, constatou-se que em 400 participantes, 138 (34,5%) audiometrias apresentaram-se dentro dos padrões de normalidade, enquanto 262 (65,5%) apresentaram limi-ares alterados, ou seja, abaixo de 25 dBNA (PADOVANI, NOVA, QUIRÓS, SILVA, 2004 (1); MANUBENS, 2001 (2)). As audiometrias também foram analisadas por orelhas, perfazendo-se então, 800 orelhas analisadas, destas, 287 (71,75%) apresentaram limiares auditivos dentro do padrão de normalidade para a orelha direita e 278 (69,50%) para orelha esquerda. Do total da casuística verificou-se que 107 (26,75%) orelhas direita e Lopes AC Tabela 3. Correlação entre o tempo de exposição no trabalho e a média dos limiares auditivos Correlação r p OD Baixa Frequência 0,19 <0,001* OE Baixa Frequência 0,19 <0,001* OD Alta Frequência 0,37 <0,001* OE Alta Frequência 0,34 <0,001* Legenda: Baixa frequência = média dos limiares de 500, 1000 e 2000Hz; Alta frequência = média dos limiares de 3000, 4000 e 6000 Hz; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda. 115 (28,75) orelhas esquerda apresentaram perda auditiva neurossensorial, seguidas 1% das orelhas direita e 1% das orelhas esquerda com perda auditiva do tipo mista, e perda condutiva em 0,75% na orelha direita e 0,5% na orelha esquerda (Tabela 1). Estes achados evidenciaram a prevalência de perda auditiva neurosensorioneural em tra-balhadores expostos ao ruído ocupacional, assim como, a bilateralidade da alteração, achados que corroboram com a descrição de PAINPS proposta pela NR 7 (3), e pela Portaria SSTM/Mtb de 1997 (4). Por meio dos dados apresentados Gráfico 1, de acordo com a classificação proposta por FIORINI (1994) (12) 20,25% das audiometrias analisadas apresentaram limiares até de 25 dBNA com entalhe unilateral e 8,75% com entalhe bilateral nas frequências de 3000, 4000 ou 6000 Hz. Estudos apresentados na literatura referem que a PAINPS inicia-se na faixa de frequência entre 3000 e 6000 Hz (HANGER, BARBOSA-BRANCO, 2004) (6), sendo que a frequência de 6000 Hz a mais acometida (RUGGIERI,CATTAN GIARDINI, OLIVEIRA, 1991 (7); CORRÊA FILHO, COSTA, HOEHNE, PÉREZ, NASCIMENTO, 2002 (8)), entretanto, outros trabalhos referiram que a frequência de 4000 Hz é a mais compro-metida nos estágios iniciais (KOS E KOS, 1998 (8); ARAÚJO, 2002 (9)). Dessa forma, evidencia-se que este grupo necessita de um programa de prevenção e educação Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.
  • 5. 53 auditiva, uma vez que, os cuidados em relação a saúde auditiva não forem tomados, ocorrerá a progressão destes limiares (HANGER, BARBOSA-BRANCO, 2004 (6); GATTO, LERMAN, TEIXEIRA, MAGNI, MORATA, 2005 (5)). Em relação ao Grupo II, composto peloos trabalhadores que apresentavam perda auditiva sugestiva de PAINPS, 64 (16%) apresentaram perda auditiva sugestiva de PAINPS bilateral; 15 trabalha-dores (3,75%) apresentaram perda auditiva sugestiva de PAINPS unilateral e, 23 (5,75%) apresentaram perda audi-tiva sugestiva de PAINPS unilateral com entalhe na orelha oposta, corroborando com os achados de CARCINELLI (1988) (12) e FIORINI (1994) (13). Em relação as frequências que apresentaram maio-res acometimentos dos limiares auditivos (Tabela 2), cons-tatou- se neste trabalho que as altas frequências, 3000, 4000 e 6000 Hz foram as mais comprometidas não havendo diferença estatítica entre as orelhas, resultados semelhan-tes aos de RUGGIERI,CATTAN GIARDINI, OLIVEIRA, 1991 (7), KOS E KOS (1998) (9), ARAÚJO (2002) (10), CORRÊA FILHO, COSTA, HOEHNE, PÉREZ, NASCIMENTO, 2002 (8) e HANGER, BARBOSA-BRANCO (2004) (6). A prevalência de queixas em relação à presença de zumbido é descrita na na literatura como uma queixa comum em trabalhadores que atuam em ambientes ocupacionais com elevados níveis de ruído, além de associar esta queixa à trabalhadores que apresentam PAINPS (DIAS, CORDEIRO, CORRENTE, GONÇALVES, 2006 (11); ARAÚJO, 2002 (10)). Neste estudo a prevalência desta queixa foi baixa, apenas em 2,75% dos trabalhadores, não sendo um dado significante. Diante deste achado, não foi possível relacionar a presença de zumbido com as audiometrias sugestivas de PAINPS. Neste trabalho, a tempo de exposição ao ruído ocupacional demonstrou correlação estatisticamente significante sobre os limiares auditivos para ambas as orelhas, assim como, para a comparação entre as médias das altas e baixas frequências, sendo que esta correlação foi mais forte nas altas frequências. (Tabela 3). Este achado também foi descrito por outros trabalho como de Gatto, Lermen, Teixeira, Magnini, Morata (2005) (5) e Fiorini (1994) (13). CONCLUSÃO • Quanto maior o tempo de exposição, maior o compro-metimento dos limiares auditivos obtidos em trabalha-dores expostos ao ruido ocupacional. • A frequência mais acometida neste estudo foi a de 4KHz. • 24,75% apresentaram audiograma evidenciando PAINPS, de acordo com a classificação proposta por FIORINI. Assim, um trabalho intensivo de promoção da saúde auditiva e/ou prevenção de perdas auditivas, deve ser enfatizado, principalmente para trabalhadores expostos a níeveis elevados de ruído ocupacional, além da utilização, de forma adequada, de equipamento de proteção auditiva individual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Padovani C, Nova CV, Queirós F, Silva LPA. Percepçäo das condiçöes auditivas pelos servidores públicos da Universidade do estado da Bahia: considerações sobre o projeto saúde auditiva. Rev Baiana Saúde Pública. 2004, 28(2):203-211. 2. Manubens, RS. O médico de trabalho e a PAINPS. Rev CIPA. 2001, 265:70-5. 3. Ministério do Trabalho (artigo 168 da Consolidação das Leis do Trabalho, na NR 7). Disponível em: www.mte.gov.br/legislacao/portarias/ 4. Portaria SSST/MTb no 5. de 25 de fevereiro de 1997. Disponível em: www.mte.gov.br/legislacao/portarias/ 5. Gatto CI, Lermen RA, Teixeira TM, Magni C, Morata TC. A análise da conduta de médicos do trabalho diante de trabalhadores com perda auditiva. Rev Dist Com. 2005, 17(1):101-115. 6. Hanger MRHC, Barbosa-Branco A. Efeitos auditivos decorrentes da exposição ocupacional ao ruído em trabalhadores de marmorarias no Distrito Federal. Rev Assoc Med Bras. 2004, 50(4):396-9. 7. Ruggieri M, Cattan S, Giardini LDL, Oliveira KAS. Deficiência auditiva induzida pelo ruído em 472 trabalhadores da região do ABC paulista. Arq Méd ABC. 1991, 14(1):19-23. 8. Corrêa Filho HR, Costa LS, Hoehne EL, Pérez MG, Nascimento LCR, Moura EC. Perda auditiva induzida por ruído e hipertensão em condutores de ônibus. Rev Saúde Pública. 2002, 36(6): 693-701. 9. Kós AOA, Kós MI. Etiologias das perdas auditivas e suas características audiológicas. In: Frota S. Fundamentos em Fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998. 10. Araújo, SA. Perda auditiva induzida pelo ruído em trabalhadores de metalúrgica. Rev Bras Otorrinolaringol. 2002, 68(1):47-52. 11. Dias A, Cordeiro R, Corrente JE, Gonçalves CGO. Lopes AC Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.
  • 6. Associação entre perda auditiva induzida pelo ruído e zumbidos. Cad Saúde Pública. 2006, 22(1):63-8. 12. Carnicelli, MVF. Audiologia preventiva voltada à saúde do trabalhador: organização e desenvolvimento de um programa audiológico numa indústria têxtil na cidade de São Paulo. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1988. 54 Lopes AC 13. Fiorini AC. Conservação auditiva: estudo sobre o monitoramento audiométrico em trabalhadores de uma indústria metalúrgica. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1994. Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.13, n.1, p. 49-54, 2009.