O documento discute a origem do arquétipo do herói na pré-história e sua evolução ao longo dos tempos. Desde as pinturas rupestres, vimos criando figuras heroicas para enfrentar desafios e fenômenos naturais. Posteriormente, mitologias desenvolveram personagens como Zeus, Hércules e outros que serviram de modelo para heróis e vilões modernos em games, filmes e histórias em quadrinhos.
2. Pintura
Rupestre
De onde vem
esse ideal
do herói?
Desde os primórdios da humanidade, vimos enfrentando o desconhecido e tentando dar
explicações para os fenômenos que não conseguimos entender. No tempo das
cavernas, temíamos os trovões e relâmpagos e tentávamos sobreviver confrontando
criaturas mais fortes e hábeis durante as caçadas,
Assim, construímos um imaginário coletivo para o supra-humano, criando as primeiras
divindades adoradas e temidas. Ao vencermos as feras, éramos vistos como guerreiros
valorosos e grandes heróis. As pinturas das cavernas contam historias épicas de
heróicos caçadores, que superaram o medo e saíram vitoriosos.
Caverna de
Lascaux,
França
(aproximada-
mente
17.000 anos)
3. Heróis e Vilões nos Games:
São os principais personagens em um jogo: o protagonista da ação e seu rival.
Os heróis normalmente se assemelham ao ideal de beleza clássica.
OS arqui-inimigos tendem a aparentar certo grau de estranheza e causar repulsa.
4. Personagens
Arquetípicos
Com a evolução de nossa espécie, os
modelos sociais tornaram-se mais
complexos, ampliando o universo imaginário
do mito, criando personagens arquetípicos,
que seriam base para nossos heróis e vilões
atuais.
No exemplo ao lado, vemos uma atualização
do modelo arquetipico de personagens que
protagonizam uma historia de amor.
Perceba que, diferentemente dos arqui-
inimigos do slide anterior, ambos são jovens
e vigorosos, proporcionais, com traços
suavizados, alternando robustez e suavidade,
elementos que aludem ao conceito de belo
no padrão estético social para homens (força)
e mulheres (delicadeza).
5. Personagem
(do latim ‘per sonare’ )
Arquétipo
arkhe=primeiro, primitivo, original
typo=modelo, padrão, inato
6. Personagem vem do latim, ‘per sonare’, um termo usado para identificar os atores do
teatro grego e, posteriormente, do teatro romano.
Estes atores usavam máscaras e, para serem ouvidos, desenvolveram uma
espécie de amplificador natural para a voz, em forma de funil por dentro da máscara. Um
sistema para sua voz soar através de, ou ‘per sonare’.
Arquétipo é um termo derivado do grego arkhetypos, que significa ‘modelo original’,
coisa ou pessoa que reúne em si os caracteres que distinguem uma classe, raça ou
família. Daí também derivam palavras como Protótipo e Estereótipo. (arkhe=primeiro,
primitivo, original/typo=modelo, padrão, inato)
O arquétipo funcionaria como um centro de referência para nossa vida emotiva. O
arquétipo é o exemplar para os seres criados.
7. Carl Jung
Sigmund Freud
O psicanalista Carl Jung dizia que “o mundo dos arquétipos é o mundo invisível dos
espíritos, deuses, demônios, vampiros, duendes, heróis etc, com os quais temos grande
afinidade”.
Freud, o Pai da Psicanálise, ao analisar o teatro grego, considerou que “o herói,
protagonista da tragédia, inevitavelmente, irá sofrer”. Em sua análise a figura do herói se
mistura à do tirano, que ele também chama de ‘pai primevo’ e que deverá ser deposto
pelos filhos, que tomarão seu lugar como heróis e, mais tarde, também como tiranos.
8. Os deuses gregos, apesar
de seus poderes sobre-
humanos, eram feitos à
imagem e semelhança do
homem, com nossas
qualidades e inúmeros
defeitos.
Veja como era o panteão:
9. O Caos, a força motriz de tudo, teria gerado Nix, a noite, e Erebo, a morada das
sombras, a Noite criou o Éter, luz dos deuses e o Dia, claridade dos mortais e, por fim, o
Caos traria Gaia, a Mãe Terra.
Gaia criou Urano, o céu estrelado e uniu-se a ele com a ajuda de Eros, o Amor
Universal, gerando 6 Titãs e 6 Titanides, os Ciclopes, gigantes de um olho só, e os
Hecatônquiros, monstros de 100 braços, que eram as Tempestades, Vulcões,
Terromotos e Furacões. E ainda viriam as Ninfas, o Mar e as Montanhas.
Cronos, o tempo, filho caçula de Gaia e Urano castrou o pai (ui!), gerando as
Melíades, as Eríneas e Afrodite, deusa de beleza incomparável e, tirando o trono do pai
(olha Freud aqui!!!), passou ele a devorar os filhos de sua união com Reia, até que Zeus,
nascido gêmeo de Hera, fez Cronos vomitar os filhos, dando origem à guerra entre os
deuses.
Vencida a guerra, Zeus ficou com o Céu e a Terra, Poseidon com os Mares e
Hades com o Subterrâneo.
10. Zeus – Céus e Terras
Hades - Subterrâneo
Poseidon - Mares
O que temos
aqui?
Urano o vilão
cruel
Cronos o tirano
Devorador
Zeus o líder
carismático e sua
arma poderosa, os
raios.
Poseidon com o
Tridente e
Hades com o
capacete da
invisibilidade
Urano – Vilão cruel
Cronos – Tirano Devorador
11. E nos dias de hoje?
Voldemort o vilão cruel
Galactus, Brainiac e os Borg conquistadores insaciáveis
Shazan o herói dos raios
Armas Mágicas como a Espada Justiceira, o Sabre de Luz ou o Tridente de Aquaman.
E Capacetes, como o de Magneto, Juggernat Fanático e o próprio Galactus.
12. David X Golias
Silver Surfer X Galactus
Sr. Incrivel X Omnidroid
Vamos perceber que estes contos vêem sendo repetidos há milênios, sempre
renovados. David enfrentou Golias, assim como o Surfista Prateado enfrenta Galactus e
o Sr Incrível enfrenta o Robô do Síndrome.
13. Joseph
Campbell
Joseph Campbell, famoso educador e estudioso dos
mitos, descreveu em uma de suas obras seu conceito
de herói:
“O herói é uma encarnação de Deus. É o centro das
atenções do mundo, o ponto umbilical através do qual
as energias da eternidade se quebram no tempo”.
No desenho animado Hércules da Disney, Zeus
instrui seu filho nas qualidades para torna-lo um herói:
“ O verdadeiro herói não se mede pelo tamanho
da força, mas pela força de seu coração”.
Para Homero, autor grego de dois clássicos da
aventura com heróis, “herói era todo homem livre que
podia lutar na guerra de Tróia”.
Campbell ainda utiliza o conceito de Monomito,
que afirma que o herói tem uma trajetória de separação,
iniciação e retorno.
Podemos perceber situações como esta em Frodo,
Peter Parker, Neo e Luke (o jovem guerreiro perde
alguém importante, é iniciado, salva a princesa ou o
mundo e volta como herói).
16. Herói Vilão
Herói: Palavra derivada do grego ‘Hero’, que significa ‘pessoa boa, com carisma e moral
divino’. Vilão: Personagem cruel e maligno que confronta o herói.
Palavra de origem preconceituosa, derivada do latim ‘vila’ e que significava ‘camponês’
ou ‘pessoa sem refinamento, que não pertencia à nobreza’, pois só os nobres podiam se
tornar cavaleiros e realizar feitos heróicos.
17. Características do Herói
Arquétipo (Modelo, referência, padrão helenístico), Padrão de força e beleza escultural
helenística, Filho dos deuses ou ligação com o sobrenatural (profecias, mentores...)
Habilidades Supra-humanas, Senso de justiça e respeito às lei, Identidade Secreta (para
garantir a segurança dos seus protegidos), Feitos heróicos e justiça com as próprias
mãos, Cresce longe dos pais, Sempre tem um ponto fraco (calcanhar, kriptonita, não
mata, amada em perigo, inimigo jurado), Sua jornada é de sacrifício e sofrimento
19. Características do Vilão
É o tema central da trama (alguns autores consideram o vilão mais importante que o
herói. Sem ele o protagonista seria incapaz de realizar seus feitos heróicos)
Refinamento exagerado ou Vestimenta Bizarra (Coringa, Dracula, Kingpin, Lex Luthor,
Dick Vigarista, Cobblepot, Ming, Jafar) Soberba, Esquisitice
Característica repulsiva (Careca de Lex, Violador, Freddy Krueger, Alien, Jabba the Hutt,
Medusa, Gremlins, Hannibal, Pinhead, Dr Sivana)
Risada Sinistra (indício de demência) Fora do padrão de normalidade
Inteligente e Brilhante e Sádico (não mede esforços)
Auxiliar Idiota e/ou Assistente Gata (fundamentais para a trama)
Eventualmente seus motivos são nobres, mas com métodos perversos (destruir a
economia para acabar com a fome, destruir a humanidade para preservar a natureza,
super-bomba para acabar com as guerras...)
É responsável pela perda do herói, mas nunca elimina o Herói
(Batman/Coringa, Wolverine/Striker, Potter/Voldemort, Neo/Matrix)
Sempre conta o Plano Maligno (forma de explicar a trama ao público)
Está sempre um passo à frente do herói até o confronto final
É sempre punido no final (Fuga, prisão, morte, perda de poder)
21. Antagonistas
É diferente do vilão, pois não tem natureza maligna, é apenas um rival (Harry Osborn é o
rival de Peter Parker na disputa pelo coração de Mary Jane e Jameson é antagonista do
Home-Aranha, Snape e Draco Malfoy são antagonistas de Harry Potter e Voldemort é o
verdadeiro vilão, Darth Vader é o antagonista e Palpatini é o vilão).
Traz humanidade ao herói, que tem problemas comuns, a “jornada de sofrimento”.
22. Anti-Herói
É o personagem que viola as leis e as convenções sociais e que não se importa em
desagradar os parceiros, em nome da justiça. Sua obsessão pela justiça pode levá-lo a
cometer atos ilegais ou reprováveis.
23. Semelhanças
Perseu foi deserdado pelo avô;
Clarke Kent deixado pelos pais adotivos na Terra;
Aladin era orfão;
Peter Parker foi educado pelos tios;
Jasão foi educado longe dos pais por um mentor
Centauro;
Anakin Skywalker foi separado da mãe e treinado
pelo mentor Obi Wan;
Bruce Wayne perdeu ao pais cedo e tinha em
Alfred seu mentor;
Aquiles também tinha um Centauro como mentor
Luke Skywalker aprendeu a controlar a força com o
Mestre Yoda;
Tartarugas Ninja tinham o mentor Splinter;
Thomas Anderson transformou-se em Neo com a
ajuda do mentor Morpheus;
Os Xmen têm o professor Xavier como mentor.
24. Tipos de Heróis:
Benfeitor (Autruista): Superman, Batman, Sr. Incrível, Cristo, 3 Mosqueteiros, Zorro,
Buzz, Capitão América;
Vingador: Conan, Justiceiro, Batman, Robin Hood, V de Vingança, Churchill (Inglate,
Willian Wallace (Escócia), Wolverine;
Martir: Neo, Ben Kenobi, Gandhi, Cristo, T2;
Sagaz: Tin Tin, Asterix, Flic, David (mar Vermelho), Batman, Alexandre, o Grande;
Conquistador: Ulisses (Odisséia), Conan, Alexandre;
Cinderela/Patinho Feio (ninguém aposta): Rei Arthur, Demolidor, Luke, David (Golias),
Frodo, Alladin, Peter Parker;
25. Cientista Louco (Enriquecer, dominar o mundo ou vingar-se – Syndrome, Octopuss,
Duende Verde)
Gênio do Mal (Super inteligência para fins escusos: super raça, economia mundial etc: Lex,
Palpatine, a Matrix)
Super Vilão (Quer dominar o mundo, Darkseid, Galactus, Brainiac, Robotinik, Dr Evil)
Femme Fatale (Para seduzir o herói: Mulher-Gato, Mística, Hera Venenosa, T3)
Tipos de Vilões:
26. Símbolo
É o elemento que torna o Herói facilmente identificável para os vilões, as vitimas e
também para os leitores, espectadores e jogadores.
Mercadologicamente falando, o símbolo do herói tem importância estratégica para as
vendas de produtos com mershandise.
27. Uniformes
A origem do uniforme colante está ligada à idéia de espetáculo e se baseou inicialmente
nos artistas circenses, já desde o criação do Fantasma em 1936. Superman manteria esta
característica e também Mandrake, do mesmo Lee Falk, personagem claramente baseado
nos mágicos de circo que exercia poderes místicos.
Mais tarde, para manter os prazos de publicação dos quadrinhos, os artistas mantiveram
estas características no visual dos heróis, mais fáceis de desenhar, eliminando detalhes e
texturas. As cores também eram primarias pelas limitações de impressão.
28.
29. Aspecto Físico
Ao desenvolver seu personagem tenha em mente que o aspecto físico é fundamental para
determinar a atitude de seu personagem. Não por acaso, os heróis são sempre atléticos e
viris e os vilões são, normalmente, física ou mentalmente deformados e estranhos.
30. Formas
Uma curiosidade semiótica das artes gráficas é a importância das formas básicas no
referencial imagético da criação de personagens. De um modo geral, personagens
desenvolvidos para o publico infantil tendem a ser mais formas mais suaves e arredondadas.
31. Formas quadráticas e angulosas tendem a se relacionar a objetos inanimados, como
maquinas e robôs. Dick Tracy é uma exceção: seu queixo duro é um traço da justiça
implacável, uma característica herdada do arquétipo da virilidade masculina.
32. As formas oblongas e angulosas para cima são alusivas a uma característica mais voltada
para a espiritualidade e transcendência. As pirâmides são bons exemplos disso, assim como
as torres das igrejas góticas e a adoração a Deus, quando as mãos dos religiosos se voltam
para cima em busca de orientação divina.
33. Alguns personagens são criados a partir dessa forma, para mostrar seu vinculo com a
imortalidade ou transcendência.