2. Antes de prosseguirmos precisamos entender melhor quem era o
temido rei Nabucodonozor. Sem esta visão seria difícil entender os
fatos que surgirão do capítulo 04 em diante.
Antes de conhecer Daniel e seus amigos, o rei nunca havia
encontrado jovens como aqueles. Quatro rapazes entre 16 e 17
anos, muito mais sábios que os conselheiros e astrólogos de toda
a Babilônia. Isto causou profunda impressão na mente de
Nabucodonozor. Mas conhecer aqueles jovens não significou que
o rei havia mudado. Pelo contrário, vemos que o rei a cada dia se
tornava mais soberbo e intransigente.
3. Isto nos ensina algo importante – o convívio com pessoas crentes
em Jesus por si só, não converte ninguém. O testemunho é muito
importante, mas há algo ainda mais significativo – o
arrependimento. Embora Daniel e seus amigos fossem servos do
Deus vivo e testemunhavam isso em suas ações, o rei apesar de
impressionado, em nada mudou. Nabucodonozor permanecia
pagão e idólatra. Sua fúria e seu ego demonstravam claramente
esta verdade. O cap. 02:47 enfatiza que o rei ficou impressionado,
reconheceu que Deus existe, confessa que o Deus de Israel é o
Deus verdadeiro, maior que todos os ídolos da Babilônia. Mas a
mente humana esquece rápido. Com frequência algo que nos
parece muito importante logo desaparece de nossa mente.
4. O mesmo home que manifestou ser o Deus de Israel
grandessíssimo, no início do cap. 03 já havia se esquecido de sua
declaração. Assim encontramos o monarca impondo sobre o povo
adoração obrigatória à uma imagem de 27 metros de altura com
sua feição. Onde está aquele rei quebrantado? Simplesmente
havia se esquecido de tudo o que Deus fez. As palavras de sua
boca não chegaram ao seu coração. Infelizmente esta é uma
atitude muito comum também em nossos dias. Há muitos assim!
Eles ouvem a verdade do Evangelho e isto lhes causa profunda
impressão. A verdade chama a atenção destas pessoas, mas não
dão o lugar devido em suas vidas. O Evangelho entrou por seus
ouvidos, passou por suas mentes, mas, não criou raízes profundas
no coração (o lugar certo).
5. Há uma história que ilustra muito bem isto: imagine que um
homem sai de férias com toda a família. Ele descobre que alugou
uma casa ao lado de uma fábrica barulhenta que trabalha 24 horas
por dia! Durante a primeira noite ninguém consegue dormir. Na
segunda noite a mesma coisa. Na terceira noite ele dorme muito
mal, mas consegue cochilar várias vezes. Dentro de uma semana
toda a família já esta dormindo a noite inteira e terminam suas
férias como se vivem naquele local há muitos anos. Aquilo que o
havia deixado tão inquieto, que o incomodava tanto já não o
incomoda mais. É como se não houvesse barulho. Não produz
mais efeito sobre o homem e sua família. Assim estão muitos
homens e mulheres expostos à Luz da Palavra de Deus. Quando a
ouvem pela primeira vez ficam inquietos, mas por fim, chegam à
indiferença em relação ao que ouviram. O Evangelho já não os
“incomoda” mais.
6. Foi exatamente isto que aconteceu com o rei e acontece conosco
hoje. O Evangelho de Cristo deixa de nos incomodar e caímos no
velho e costumeiro pecado novamente. Este é Nabucodonozor, o rei
que diz claramente que não há ninguém em todo o Universo que
poderia livrar os amigos de Daniel da morte na fornalha ardente.
Não há indícios até aqui que o rei estava disposto a se prostrar
diante do Deus verdadeiro. Ele não se comprometeu com o que
havia dito antes – O Deus de Daniel é o Deus verdadeiro.
Simplesmente seu coração o fez se esquecer destas palavras.
Podemos dizer que o rei foi um hipócrita, arrogante e mentiroso
certo? Então olhe para dentro de você e veja quantas vezes vocês
fez o mesmo com o Deus de Daniel – o seu Deus!
7. O cap. 04 nos apresenta algo diferente. Nabucodonozor ainda é o
homem mais temível de todo o planeta, rei da majestosa
Babilônia. Mas o vs. 02 chama nossa atenção. Ali o rei declara
que Deus havia trabalhado seu coração. O rei está dizendo: algo
maravilhoso está acontecendo dentro dele. O vs. 03 continua nos
mostrando esta obra Divina – Nabucodonozor exalta os feitos
extraordinários do Deus de Daniel. Agora ele parece curvar-se ao
Deus de Israel. Não fala mais dele mesmo comprando-se a um
“deus”, pois, algo mudou dentro de seu coração. Os vs. 34 e 35
relatam a mais abrangente afirmação da Soberania de Deus de
todo o Antigo Testamento. Mas ainda há mais. O último versículo
(37) contém a confissão de fé do monarca. O cap. 04 termina com
o rei adorando a Deus, prostrado perante o Senhor e
reconhecendo-O como Verdadeiro e Justo. Graças a Deus,
Nabucodonozor se converteu ao Deus VIVO!
8. Fatos importantes desta história – em primeiro lugar: Foi Deus que
realizou a conversão de Nabucodonozor! Deus a concretizou! Ao
ver no sonho que a árvore derrubada seria ele mesmo, o rei
entendeu que Deus faria com seu reinado em breve. Quando
entendeu a interpretação de seu sonho por parte de Daniel o rei foi
obrigado a se prostrar. Qual era o propósito? O vs. 25 nos conta:
“Até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
Homens e o dá a quem quer”. Em segundo lugar: o momento da
humilhação do rei foi durante a mais forte manifestação de seu
orgulho (sua estátua com 27 metros). Deus humilhou um homem
cujo coração transbordava de orgulho. Uma voz no céu anunciou
que havia chegado o juízo prometido (vs. 31-32). E aconteceu! No
mesmo instante o rei foi expulso dentre os Homens e sua morada
foi com os animais do campo.
9. O grande rei da Babilônia agora não passava de um louco que
comia capim como o boi selvagem! Os historiadores falam que
subitamente o rei desapareceu, reaparecendo tempos depois,
pouco antes de sua morte. Deus humilhou um homem arrogante
com uma doença conhecida como “licantropia”. A pessoa afetada
por esta doença acredita ser um animal, mas não perde sua
consciência totalmente, podendo se lembrar de muitas coisas do
passado. Muitos casos iguais são registrados em toda a História da
Humanidade, inclusive em nosso século. Certas pessoas acreditam
ser bois ou vacas e agem como estes animais ao ponto de fazer os
mesmos sons que estes emitem. Outro fato que nos chama a
atenção: Deus derrubou um rei arrogante. É assim que Deus
converte a maioria das pessoas!
10. Por isso devemos estar atentos: o mundo não gira ao nosso redor.
Jamais caia nesta armadilha. Deus sempre nos coloca no devido
lugar – Ele nos lembra sempre quem somos e o que somos! Foi
assim com Nabucodonozor e sempre é assim! Aquele homem
arrogante entendeu quem Deus é e passou a viver como súdito e
não mais um rei até os últimos dias de sua vida, logo que voltou
ao palácio depois de sua doença mental. O grande rei da
Babilônia agora estava colocado do devido lugar que todo homem
e mulher devem estar – prostrados ante a Face de Deus!