O documento discute a disciplina de ergonomia em engenharia de produção, abordando seu histórico, conceitos, aplicações e métodos de análise de custo-benefício.
2. Ergonomia
• Histórico:
– Pré-história;
– Revolução Industrial;
– II Guerra Mundial;
– 12/07/1949 – nascimento oficial da ergonomia;
• Interdisciplinar: médicos, psicólogos, fisiologistas,
engenheiros;
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3. Ergonomia
• ergo: trabalho;
• nomos: regras, leis naturais;
• Binômio:
– Conforto ↔ Produtividade;
• Adaptar???
– homem ao trabalho
– trabalho ao homem
• quando o trabalhador está bem, produz melhor;
– saídas de um sistema não são independentes;
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4. Caso 1
Trata-se de uma estamparia bastante
velha, população essencialmente feminina, sem
participação dos trabalhadores nas decisões.
Equipamento composto de pequenas prensas,
cadência de trabalho elevada e nível de ruído
muito acima do limite regulamentar. A pressão
do SESMT leva a direção da empresa a efetuar
melhorias. Durante um fim de semana, sem
avisar a operadora do posto de trabalho, a
direção faz um enclausuramento na máquina.
Segunda-feira de manhã, a operadora
começa a trabalhar. No primeiro movimento da
prensa, ela perde um dedo.
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5. Caso 2
Uma empresa agroalimentar investe na
compra de uma linha de desossamento
vertical para grandes bovinos. Objetivo
anunciado: aumento de produtividade.
Secundariamente: melhoria de condições de
trabalho, pois com a nova linha não seria
necessário virar os quartos de carne, como
se fazia antes, nas mesas de desossamento.
Alguns meses após a mudança realizada
pela empresa, em diversos postos da linha
de desossamento, surgem reclamações de
problemas lombares.
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6. Análise dos Casos
Análise dos casos 1 e 2
1. O ruído foi considerado tecnicamente. Os interessados não foram
ouvidos. A percepção interferiu na atividade de trabalho;
2. A operadora não teve tempo para criar novos modos operatórios
que lhe permitiriam trabalhar com segurança;
3. A penosidade ligada à manipulação dos quartos de carne foi
atenuada;
4. Novos constrangimentos apareceram: há necessidade de
informações visuais indispensáveis para o corte de carne de
qualidade;
5. As posturas adotadas pelos operadores tornaram-se ainda mais
penosas por terem de desossar animais de diversos tamanhos.
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8. Origem e Evolução da Ergonomia
• Ergonomia vem do grego (Ergon =
trabalho + Nomos = normas, regras, lei);
• O trabalho tem todo um pano de fundo
de sofrimento.
• Em latim: trabalho = tripalium trabalhar=
tripaliare (torturar com o tripalium);
• Na bíblia: “ganharás o pão com o suor de
teu rosto”;
• Na Grécia antiga: duplo sentido: ponos =
penalidade; ergon = criação.
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9. Origem e definição do termo
• Foi proposto pela primeira vez em 1857
pelo naturalista polonês Woitej
Yastembrowski;
• Como ciência desenvolveu-se na II Guerra
Mundial, quando fisiologistas, psicólogos;
antropólogos, médicos e engenheiros
trabalharam juntos para resolver
problemas em equipamentos militares
complexos (cockpit);
• Quase cem anos mais tarde, em 1949, um
engenheiro inglês chamado Murrel criou
na Inglaterra a primeira sociedade nacional
de ergonomia, a “Ergonomic Research
Society”.
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10. Origem e definição do termo
• Ergonomic Research Society - 1949 Inglaterra
(Human Factor).
• A ergonomia de língua francesa ou
Francofônica surgiu em meados dos anos 50,
institucionalizando-se em 60 (Trabalho Real);
• Ambas se opõem ao conceito vigente de
adaptar o homem ao trabalho, como foi o
objetivo do taylorismo;
• Em 31 de agosto de 1983 foi criada a
“Associação Brasileira de Ergonomia -
ABERGO”.
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11. Linha do Tempo das Principais Associações de
Ergonomia
Criação da Ergonomic
Research Society –
1949 Human Factor
Criação Sociedade de
1950 Ergonomia de Língua Francesa -
SELF
Fundação da International
1969 Ergonomic Association -
IEA
Fundação da Associação
1983 Brasileira de Ergonomia -
Abergo
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12. Conceitos de ergonomia
Conceito da Ergonomics Research Society (U.K.)
“A ergonomia é o estudo do relacionamento entre
o homem e o seu trabalho, equipamento e
ambiente, e particularmente a aplicação dos
conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia
na solução surgida neste relacionamento”.
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13. • “Trata-se de uma disciplina orientada para
• disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de
todos os aspectos da atividade humana:
uma abordagem sistêmica de todos os
– homem;
aspectos da atividade humana. [...] tanto em
– máquina;
– ambiente;
seus aspectos físicos e cognitivos, como
– informação;
sociais, organizacionais, ambientais, etc.”
– organização;
– conseqüências do trabalho; ABERGO
• “conhecimentos relativos ao homem e necessários para a
concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que
possam ser utilizados com o máximo de conforto,
segurança e de eficácia”.
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14. Definição Usual de Ergonomia
Aplicação de um conjunto de
conhecimentos científicos,
visando adaptar o trabalho ao
homem.
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15. Ergonomia
• Problema orientado: busca por solução;
• Por que usá-la???
– Novas tecnologias;
– Competitividade de mercado;
– Produtividade x qualidade;
– Melhoria de Práticas:
• Eficácia, segurança e qualidade;
• Busca: conhecer comportamento do
trabalhador;
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16. Aborda questões relativas ao trabalho como
por exemplo:
alto índice de acidentes de trabalho;
problemas associados a doenças do trabalho;
questões relacionadas à redução da produtividade no
local de trabalho, alto índice de absenteísmo, retrabalhos,
diminuição de motivação, etc;
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), proporcionando
mais do que um posto de trabalho melhor, mas também
uma vida melhor no trabalho.
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17. O Taylorismo e a Ergonomia
• Para que as idéias fossem aceitas na classe operária, os
industriais começaram a premiar os funcionários que
aumentassem o número de peças produzidas para além da
média.
• Taylor se encontrava com os responsáveis e chefes das
indústrias para tentar convencê-los a deixar a produção
tradicional e adotar a administração científica.
• Logo suas idéias foram aceitas pelas indústrias americanas
e de todo o mundo.
18. O Taylorismo e a Ergonomia
• Henry Ford, na primeira metade do século XX, em Detroit, coloca
em prática as teorias de Taylor, lançando a produção em série,
depois seguida por Alfred Sloan da General Motors.
• Ao contrário da produção artesanal, nessa concepção o cliente não
tem escolha. Os fabricantes elaboram produtos para suprirem o
gosto do maior número de pessoas possíveis. O produto é
"empurrado" para a população.
• Seu produto mais conhecido foi o Ford Modelo T, produzido com
custo reduzido para a sociedade de massa, totalmente aos moldes
fordistas-tayloristas.
• O inconveniente é que todos os carros eram exatamente iguais,
até da mesma cor, o que levou Ford a lançar uma série de
propagandas dizendo que qualquer americano poderia ter o seu
Ford Modelo T, da cor que quisesse, contanto que fosse preto.
19. O Taylorismo e a Ergonomia
• Na produção em série da Ford ainda houve muitos desperdícios de matéria
prima e tempo de mão-de-obra na correção de defeitos do produto.
• Essa estrutura durou até o final da Segunda Guerra Mundial, quando
também numa fábrica de automóveis no Japão, aparece um outro sistema de
produção - o toyotismo, que se caracterizou pela concepção "enxuta" (clean,
magra, sem gorduras).
• Esse novo modo de pensar a produção sofreu forte influência do engenheiro
americano W. Edwards Deming, que atuou como consultor das forças de
ocupação dos EUA no Japão após a Segunda Guerra.
• Deming argumentava com os industriais da nação quase em ruínas que
melhorar a qualidade não diminuiria a produtividade.
• A proposta é de que o próprio consumidor escolha seu produto. O
estabelecimento ou a fábrica deixa de "empurrar" a mercadoria para o cliente,
para que este a "puxe" de acordo com as suas próprias necessidades.
20. A ergonomia se esforça para conhecer o
comportamento do operador
Diferença entre:
o trabalho prescrito = tarefa
o trabalho real = atividade
Atividade é a expressão do
funcionamento do homem
na execução de sua tarefa.
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21. As diferentes abordagens da Ergonomia
Quanto a abrangência
Microergonômica
Ergonomia do posto de trabalho
Macroergonomia
Ergonomia de sistemas de produção
22. Ergonomia
SITUAÇÃO DE TRABALHO
Domínios da Ergonomia
CAMPO DE ESTUDO DA ERGONOMIA
• O Trabalhador
Microergonomia; Contrato A empresa:
•Dados pessoais: com anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica
– relacionada •Objetivos;
Características
em sua relação com a atividade física; •Meios de trabalho:
físicas, sexo, idade
– postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentosMáquinas, DORT,
Tarefas prescritas repetitivos,
•Qualificação: posto de trabalho, segurança e saúde;
projeto de
Tarefas atualizadas ferramentas, meio
• Experiência, cognitiva;
Ergonomia
ambiente,
– processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta
formação adquirida.
documentação,
motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros
•Estado atual:
organização do
Ritmos biológicos. um sistema;
elementos de
Atividade de Trabalho trabalho.
– estudo fora do mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho
da carga
Fadiga, vida
especializado, interação homem computador, estresse e treinamento;
trabalho.
• Macroergonomia;
– otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo estruturas organizacionais,
Saúde: acidentes e
políticas e de processos; Produção: qualidade e
doenças ocupacionais produtividade
– comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações, projeto de
trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto
participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura
organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade;
EMPREGO
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23. As diferentes abordagens da Ergonomia
Quanto a contribuição
1. Ergonomia de concepção: normas e
especificações de projeto.
2. Ergonomia de correção: modificações de
situações existentes.
3. Ergonomia de conscientização: capacitação
em ergonomia.
24. As diferentes abordagens da Ergonomia
Quanto a interdisciplinaridade
1. Engenharia: projeto e produção
ergonomicamente seguros.
2. Design: metodologia de projeto e design do
produto
3. Psicologia: treinamento e motivação do
pessoal
4. Medicina e enfermagem: prevenção de
acidentes e doenças do trabalho
5. Administração: projetos organizacionais e
gestão de pessoas.
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25. Custo/benefício da ergonomia
• ser economicamente viável:
– custo/benefício;
• custos: imediatos curto prazo;
• benefícios: demora longo prazo;
• fatores intangíveis:
– ↑ qualidade de vida no trabalho;
– ↑ mo va o;
– ↑ conforto;
– ↑ comunica o interpessoal;
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26. Ergonomia
Aplica ões da ergonomia
• ideal:
– etapas iniciais do PROJETO:
• máquina;
• sistema;
• ambiente;
– considerar restri ões do projeto;
– saúde do trabalhador;
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27. Justifica o de melhorias ergonômicas
O manuseio da técnica de custo/benefício;
O desenvolvimento do custo de melhorias
ergonômicas;
O desenvolvimento do benefício de
melhorias ergonômicas.
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28. Análise de Custo/Benefício
É a forma predominante, entre outras existentes, para
justificar os gastos com mudan as propostas pela
ergonomia.
diminui o de custos
Benefícios melhoria de desempenho
Limitada quando necessita quantificar custos e
benefícios intangíveis
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29. Redu o de custos
diminuir custos com horas extras (trabalhadores
substitutos);
custos de seguros e/ou custos de compensa o
relacionados a acidentes ou lesões;
a ões judiciais;
melhorar a qualidade e a quantidade da produ o,
prover treinamento adicional;
etc.
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30. Benefícios
Ganhos de fácil mensura o
aumentos de produtividade e de qualidade;
a redu o dos desperdícios;
as economias de energia; m o-de-obra,
manuten o, etc
Ganhos de difícil mensura o
redu o do absenteísmo devido a acidentes e
doen as ocupacionais
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32. As 10 principais causas de acidentes e doen as
profissionais nos EUA s o responsáveis por 86% dos US$
38,7 bilhões pagos em indeniza ões em 1998.
Quando os custos indiretos gerados por estes acidentes
s o somados aos US$ 38,7 bilhões de custos diretos, a
economia resultante pode atingir um total aproximado de
US$ 125-155 bilhões
(Liberty Mutual Research Center, 2002)
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33. Custos diretos gerados pelas 10 principais causas de
acidentes e doen as profissionais nos EUA -1998
% de custos diretos Estimativa nacional de
para compensação de custo direto para
Causas de acidente s
trabalhadore s no ano de compensação de
1998 trabalhadores
Lesões causadas pelo
excesso de levantamentos,
25.57% $ 9.8 bilhões
puxões, arremesso, tempo
segurando objetos pesados
Quedas 11.46% $ 4.4 bilhões
Lesões resultante de maus
jeitos e escorregões, perda 9.35% $ 3.6 bilhões
de equilíbrio sem queda
Quedas em nivel mais baixo
9.33% $ 3.6 bilhões
(escada, ou sobre grades)
Quedas de objetos sobre o
8.94% $ 3.4 bilhões
trabalhador
Movimentos repetitivos 6.10% $ 2.3 bilhões
Acidentes no caminho do
5.46% $ 2.1 bilhões
trabalho
Lesões por choques, batidas
4.92% $ 1.9 bilhões
contra equipamentos pesados
Esmagamento por máquinas
4.18% $ 1.6 bilhões
ou equipamentos
Contato c/ temperaturas
extremas que resultam em
0.92% $ 3.0 bilhões
choque térmico e
queimaduras (gelo, calor) 33
Todas causas de acide ntes 100.00% $ 38.7 bilhões