O documento apresenta uma introdução sobre a biografia do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, destacando seus principais marcos de vida e carreira acadêmica. Em seguida, descreve sua produção intelectual, iniciada em 1950 e ganhando notoriedade mundial na década de 1980. Por fim, lista algumas de suas principais obras citadas no livro, como "Modernidade e ambivalência".
1. Bauman & a
Educação
ALMEIDA, FELIPE QUINTÃO DE, BAUMAN & A EDUCAÇÃO, FELIPE QUINTÃO
DE ALMEIDA, IVAN MARCELO GOMES, VALTER BRACHT – BELO HORIZONTE,
MG. AUTENTICA – 2009.
2. INTRODUÇÃO
Sociólogo polonês – 1925;
Judeu, sai da Polônia aos 14 anos;
Aos 18 anos se alista no exército;
Inicia os seus estudos na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais
de Varsóvia - 1946;
Aos 28 anos é expulso do exercito – Judeu;
Inicia a carreira universitária em 1950;
Exilado em 1968 – luta contra o uni-partidarismo polonês;
Ensina, no exilio, nas universidades de Tel Aviv, Cánada, Praga,
Viena, Austrália e Inglaterra. Hoje é professor emérito das
universidades de Leeds e Varsóvia.
3. PRODUÇÃO
Grande produção intelectual desde 1950;
Ganha notoriedade mundial nos anos 1980;
No Brasil um pouco mais tarde – anos 1990;
Característico pelo ecletismo;
Combinando filósofos, sociólogos, antropólogos de várias
perspectivas teóricas;
Fase marxista – 1960 a 1970;
Fase mosaica – 1980 a atualidade;
4. PRINCIPAIS OBRAS
Citadas no livro base
Legisladores e intérpretes: sobre la modernidad, la posmodernidad
y los intelectuais – 1987; sem versão em português.
Modernidade e ambivalência – 1991; versão brasileira 1999;
Liquid modernity, traduzido em 2001 como Modernidade líquida;
Por uma sociologia crítica: um ensaio sobre senso comum e
emancipação – 1977; único livro da fase marxista disponível em
versão brasileira.
5. Dialética da Modernidade: entre a
ordem como tarefa e ambivalência como refugo
Retomando a obra de Bauman, afirma-se que o conceito de ordem foi
eleito como chave de leitura para a compreensão da civilização
moderna.
Considerando que, por um lado, ordem é o elo da trilogia responsável
por conferir notoriedade a Bauman na sociologia no século XX; por
outro lado, é sua presença que, fornece a direção de seus escritores
posteriores.
Para entender no que consiste a ordem como conceito crucial de
leitura da época moderna é necessário descrever algumas ideias
centrais de Bauman nos livros:
Legisladores e intérpretes: sobre la modernidad, posmodernidade y los
intelectuais (1997)
Modernidade e holocausto (1998) Modernidade e ambivalência
(1999.
8. Mito etiológico sobre sociedade
moderna que diz:
“ A sociedade, aquela a qual chegamos porque guiados pela
orientação exercida pelos detentores da verdade e por um estado
jardineiro disposto a realizar a ordem previamente projetada
garantindo a construção dos bons costumes e impedindo a
propagação do caos e da violência desmedida.”.
Civilização Moderna: Da modernidade sólida à modernidade
líquida;
A solidez é considerada por Bauman como marca característica
da modernidade nas primeiras décadas do século XX;
E na transição do século XXI ele destacará um novo aspecto da
condição moderna dessa vez baseado na metáfora da liquidez.
9. O discurso neoliberal se legitima como uma certeza, um verdadeiro
guia, na escolha das ações individuais. “Não existe essa coisa de
sociedade” – Margareth Thatcher;
O Estado silencia na área social e investe na criminalização, no seu
poder de excluir os indesejáveis. Ou seja, minimizar determinadas
ações características, por exemplo, dos Estados sociais e maximizar a
sua força na construção de uma espécie de depósito de lixo humano
dentro dos próprios limites nacionais.
Na forma com que as residências são construídas como fortificações,
ou como vem se alastrando na opção por condomínios fechados. A
própria segurança cada vez mais é uma tarefa privada.
Assim, os novos anormais – os vagabundos, para utilizarmos uma das
metáforas por Bauman referente aos refugos dos novos tempos – não
são os improdutivos de uma sociedade de produtores, mas sobretudo,
os não consumidores, os consumidores falhos.
10. Entre a legislação e a Interpretação:
implicações para o discurso escolar formativo
Modernidade sólida
“Educar o povo”, Bauman vai
demonstrar como a escola foi
uma instituição (ao lado da
fábrica,
do
hospital,
dos
manicômios, tinham a função da
modernidade como império das
ordens.
A
educação
escolarizada
representou um projeto capaz de
fazer da formação dos indivíduos
exclusivamente responsabilidade
da sociedade, em especial dos
governantes, pois é direito e dever
do estado formar seus cidadãos e
garantir sua conduta correta.
Modernidade Líquida
A escola poderia se constituir
num tempo e espaço receptivo
à pluralidade e à multiplicidade
de significados das muitas
culturas e dos valores plurais no
seio de uma mesma sociedade.
Os diferentes, os estranhos e as
minorias(sejam
elas
étnicas,
religiosas, raciais de gênero,
etc.).
11.
E a educação, por sua vez, uma
declaração da incompetência
social das massas e uma aposta
na ditadura do “professorado”
(déspotas ilustradores), guardiões
da ração, das maneiras de do
bom gosto.
Bauman conceba a educação
escolarizada como o conceito e a
prática
de
uma
sociedade
amplamente administrada.
Um pavor de tudo aquilo que era
diferente.
A educação escolarizada como
fábrica da ordem, destinada à
produção de corpos dóceis,
disciplinados e eficientes.
Outrora presenças indesejáveis,
têm uma nova chance nesse tipo
de escola, não mais indiferente a
indiferença.
O lema não é mais (liberdade, da
igualdade e da fraternidade).Mais
sim( liberdade, da diferença e da
solidariedade, com os estranhos).
Nessas condições, somente uma
escola plural tem algo de valor a
oferecer a um mundo de
significados múltiplos, repletos de
necessidades descoordenadas.
Hoje, estão conciliados com a
incurável desordem do mundo
globalizado
e
os
indivíduos
parecem
estar
bastante
ocupados
perseguindo
as
sedutoras tentações de consumo.
Formação de sujeitos (racionais,
centrados, uniformes).
12.
A sociologia de Bauman aposta que o diálogo é
potente o suficiente para envolver os participantes e
contribuir com algum grau de compreensão e
colaboração entre as diversas perspectivas que
representam.
“ A disposição para entrar na conversa e não torná-la
um solilóquio disfarçado é a única garantia que
podemos ter para lidar com o inevitável contextualismo
e relativismo de todas as tradições, sendo a
conversação civilizada concebida com aquele
espaço/momento em que as diferenças são “postas na
mesa” e discutidas.”
13. Dilemas e desafios educacionais
na modernidade líquida
A forma escolar moderna-sólida tinha em seu horizonte perspectivas de longa
duração, baseadas em um processo educativo que, indiferente à
novidade, ao acaso e à desordem.
Um
mundo
assim
concebido
e
fabricado
era
manipulável, atendendo com perfeição às situações educativas.
Na modernidade sólida a educação que era feita sob medida, para a
reinvenção de uma organização social( interessada na rotina e na ordem) que
não é mais a que vivemos.
Se a modernidade sólida era obcecada pela durabilidade e pela ordem, em
tempos modernos líquidos, apropriações duráveis, produtos apropriados de
uma vez e jamais substituídos, perderam a passada atração.
Os indivíduos não devem se sentir apegados ao conhecimento que adquirem
e, em hipótese alguma, precisam se acostumar a comportar-se conforme o
sentido proposto por ele, pois todo conhecimento, transformado agora em
informação, presenta-se ultrapassado muito rapidamente.
facilmente
14.
A educação e a formação do individuo tentava sobreviver ao
declínio da durabilidade, da perpetuidade e da infinitude, onde as
primeiras vítimas colaterais do mercado consumidor foram à
relação da educação com o trabalho.
As habilidades estavam relacionados com o mercado de trabalho.
Os hábitos adquiridos pelo o individuo eram vistos como uma
experiência e uma vantagem no decorrente do sistema produtivo,
sobretudo na sua formação como profissional.
Os conhecimentos eram obtidos durante a estadia na escola, esses
conhecimentos se dividiam em dois tipos o de “logo prazo” e
“curto prazo”.
15.
Para Bauman os intelectuais com o Estado Jardineiro, eram
capazes de legitimar universalizar o discurso sobre a verdade, juízo
e o gosto, foram substituídos pela união, dos intelectuais com o
mercado e o seu mecanismo.
Os desafios que decorem o processo educacional não visar um
conhecimento imutável para todo o meio e o mundo em
constante
modificação,
considerando
fundamental
desenvolvimento para um tipo de aprendizado.
16. BAUMAN E A TEORIA
EDUCACIONAL NO BRASIL
Na elaboração de sua análise crítica das sociedades moderna e
contemporânea, Bauman vale-se de um conjunto diferenciado de autores e
mesmo investigações sociológicas alheias de caráter empírico.
Bauman fala que sobre as práticas culturais como fenômenos ambivalentes,
não presas à lógica binária do “isto ou aquilo”, mas analisadas como a
simultaneidade do “isto e também aquilo”.
Para Bauman a cultura não é uma gaiola nem a chave que a abre. Ou, antes
ela é tanto a gaiola quanto a chave simultaneamente.
O reconhecimento dessa ambigüidade é o primeiro passo, do longo caminho,
na direção de aprender a lidar com as incertezas e dúvidas que hoje assolam a
prática educacional.
Com Bauman, contudo, foi aprendido a levar a sério a ambigüidade das
práticas culturais, porque se a ciência está por um lado, mais humilde, mais
consciente de seus limites, por outro, alguns de seus segmentos estão ainda
mais ambiciosos e confiantes no seu poder de ordenação da vida.
17. DESVALORIZAÇÃO DO PROCESSO
EDUCACIONAL FORMAL
A desvalorização da educação para toda a vida não é tanto
decorrente de descoberta de seu caráter inacabado, mas muito
mais da precarização e da privatização dos processos de
formação em curso, de sua submissão as regras procedimentais do
mercado (de trabalho), da transformação do conhecimento em
informação destituída de valor, da dispersão da autoridade...
Ainda é bom mencionar que os autores do referido livro nos
advertem que as informações trazidas por Bauman não devem ser
como lições ou receitas, são reflexões que apenas nos ajudam a
pensar sobre o papel da escola de da educação na nossa
contemporaneidade.
18.
A desvalorização da escola é conseqüência de um desencontro da sua
finalidade primeira (com objetivos que atendiam as pretensões de um Estado
jardineiro) com os objetivos capitalista da sociedade liquida, dentro desse
contexto estudiosos como Veiga-Neto tem o “intuito de compreender essa
transição e situá-la em relação a liquidez pós-moderna”.
Segundo Veiga-Neto este deslocamento estaria produzindo modificações no
propósito da educação, mas a organização escolar moderno-líquida visa a
formação de sujeitos (e corpos) líquidos, flexíveis, dinâmicos, fragmentados e
múltiplos, mas aptos a lidar com as incertezas , a velocidade e a mobilidade da
vida contemporânea. O autor ainda faz observações sobre a transformações
do espaço escolar em não lugares, onde as pessoas poderiam se sentir em
casa, mas não teriam nesses lugares os mesmos hábitos de casa, ainda no
contexto de compreender as transformações vividas pela escola na
modernidade liquida o autor (Veiga-Neto) apresenta “quanto as condições
daquela forma escolar mudaram e continuam se alterando, junto com o
próprio espaço-tempo que estamos inseridos”.
19.
“Longe de lamentar essa situação, e as conseqüências que ela
instaura, ela aposta que isso exige investimentos na busca de um
novo modo de ser e de se fazer a escola, no ser contemporânea
(mais aberta a eles) oportunidade para experimentar inéditas
novas formas de se viver e de educar seus alunos e alunas”. (Marisa
Vorraber Costa)