SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 2
O mito da caverna
Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna
subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas
no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna.
Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de
formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da
borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas
projetam sombras bruxeleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa
que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como
essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras
que veem são a única coisa que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar
daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas
sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos
grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira
para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz
é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos
contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua
visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da
caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de
luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela
primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de
verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações
baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm
os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá
vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao
fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela
natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras
pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça.
E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros
que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade.
Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna
e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-
o.
Jostein Gaarder. O Mundo de Sofia – Romance da história da
filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 112-4
O mito da caverna
Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna
subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e
acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a
parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse
muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que
se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira
queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxeleantes na
parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna
podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali
desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única
coisa que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se
libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm
aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se
libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece
quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do
muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada.
Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira
as sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar
pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para
enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos,
ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos
precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede
da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então,
que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele
vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos
animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna
que ele podia ver as sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela
natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as
outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem
da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta
explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas
imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam
para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que
existe. Por fim, acabam matando-o.
Jostein Gaarder. O Mundo de Sofia – Romance da história
da filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 112-4
mito da caverna.docx

Más contenido relacionado

Similar a mito da caverna.docx

Sobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Sobre a "Alegora da Caverna", de PlatãoSobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Sobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Taitson Leal dos Santos
 
O mito da_caverna
O mito da_cavernaO mito da_caverna
O mito da_caverna
sesouff2014
 
O mito da caverna
O mito da cavernaO mito da caverna
O mito da caverna
Dea Conti
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_caverna
Alinne Sousa
 
Texto alegoria da caverna
Texto alegoria da cavernaTexto alegoria da caverna
Texto alegoria da caverna
Pedro Almeida
 
O mito da_caverna
O mito da_cavernaO mito da_caverna
O mito da_caverna
Erica Frau
 

Similar a mito da caverna.docx (20)

Sobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Sobre a "Alegora da Caverna", de PlatãoSobre a "Alegora da Caverna", de Platão
Sobre a "Alegora da Caverna", de Platão
 
O mito da_caverna
O mito da_cavernaO mito da_caverna
O mito da_caverna
 
O mito da caverna
O mito da cavernaO mito da caverna
O mito da caverna
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_caverna
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_caverna
 
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...
MITO DA CAVERNA-FILOSOFIA JURÍDICA-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONI...
 
Alegoria da caverna
Alegoria da cavernaAlegoria da caverna
Alegoria da caverna
 
Texto alegoria da caverna
Texto alegoria da cavernaTexto alegoria da caverna
Texto alegoria da caverna
 
Platao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_cavernaPlatao o mito_da_caverna
Platao o mito_da_caverna
 
Filosofia Aula Ii
Filosofia Aula IiFilosofia Aula Ii
Filosofia Aula Ii
 
Alegoria da Caverna 7
Alegoria da Caverna 7Alegoria da Caverna 7
Alegoria da Caverna 7
 
O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADE
O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADEO MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADE
O MUNDO DAS IDEIAS DE PLATÃO E A ATUALIDADE
 
O mito da_caverna
O mito da_cavernaO mito da_caverna
O mito da_caverna
 
A TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNA
A TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNAA TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNA
A TECNOLOGIA ATUAL E A ALEGORIA DA CAVERNA
 
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
Folhetim do Estudante - Ano VIII - Núm. 63
 
Alegoria da caverna
Alegoria da cavernaAlegoria da caverna
Alegoria da caverna
 
Resumosocio2
Resumosocio2Resumosocio2
Resumosocio2
 
Platão e Aristótelis
Platão e AristótelisPlatão e Aristótelis
Platão e Aristótelis
 
Mito da Caverna de Platão
Mito da Caverna de PlatãoMito da Caverna de Platão
Mito da Caverna de Platão
 
Platâo
PlatâoPlatâo
Platâo
 

Más de Janelindinha Sempre

Aval. Formação de palavras e Figura de linguagem Prova B.docx
Aval. Formação de palavras e Figura de linguagem Prova B.docxAval. Formação de palavras e Figura de linguagem Prova B.docx
Aval. Formação de palavras e Figura de linguagem Prova B.docx
Janelindinha Sempre
 
QUESTÕES SOBRE A SEMANA DE ARTE MODERNA NO ENEM.docx
QUESTÕES SOBRE A SEMANA DE ARTE MODERNA NO ENEM.docxQUESTÕES SOBRE A SEMANA DE ARTE MODERNA NO ENEM.docx
QUESTÕES SOBRE A SEMANA DE ARTE MODERNA NO ENEM.docx
Janelindinha Sempre
 

Más de Janelindinha Sempre (20)

Temas do enem.2023 para discussão em sala
Temas do enem.2023 para discussão em salaTemas do enem.2023 para discussão em sala
Temas do enem.2023 para discussão em sala
 
SOMATOPARAFRENIA na psicologia no oitavo
SOMATOPARAFRENIA na psicologia no oitavoSOMATOPARAFRENIA na psicologia no oitavo
SOMATOPARAFRENIA na psicologia no oitavo
 
DESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA SEMANA 5.docx
DESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA SEMANA 5.docxDESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA SEMANA 5.docx
DESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA SEMANA 5.docx
 
Aval. Formação de palavras e Figura de linguagem Prova B.docx
Aval. Formação de palavras e Figura de linguagem Prova B.docxAval. Formação de palavras e Figura de linguagem Prova B.docx
Aval. Formação de palavras e Figura de linguagem Prova B.docx
 
Tema Fale, apenas fale.docx
Tema Fale, apenas fale.docxTema Fale, apenas fale.docx
Tema Fale, apenas fale.docx
 
Avaliação 7º 03 III TRI.docx
Avaliação 7º 03 III TRI.docxAvaliação 7º 03 III TRI.docx
Avaliação 7º 03 III TRI.docx
 
AVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO ITALO.docx
AVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO ITALO.docxAVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO ITALO.docx
AVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO ITALO.docx
 
Avaliação I 2ªs séries III TRI.docx
Avaliação I 2ªs séries III TRI.docxAvaliação I 2ªs séries III TRI.docx
Avaliação I 2ªs séries III TRI.docx
 
Avaliação de Recuperação 2º anos III TRI.docx
Avaliação de Recuperação 2º anos III TRI.docxAvaliação de Recuperação 2º anos III TRI.docx
Avaliação de Recuperação 2º anos III TRI.docx
 
QUESTÕES SOBRE A SEMANA DE ARTE MODERNA NO ENEM.docx
QUESTÕES SOBRE A SEMANA DE ARTE MODERNA NO ENEM.docxQUESTÕES SOBRE A SEMANA DE ARTE MODERNA NO ENEM.docx
QUESTÕES SOBRE A SEMANA DE ARTE MODERNA NO ENEM.docx
 
Infográfico.docx
Infográfico.docxInfográfico.docx
Infográfico.docx
 
atividade_cartaz_2_ano.pdf
atividade_cartaz_2_ano.pdfatividade_cartaz_2_ano.pdf
atividade_cartaz_2_ano.pdf
 
História de São Mateus e seus Patrimônios Culturais.docx
História de São Mateus e seus Patrimônios Culturais.docxHistória de São Mateus e seus Patrimônios Culturais.docx
História de São Mateus e seus Patrimônios Culturais.docx
 
Recuperação paralela variação linguistica 7º 03
Recuperação paralela variação linguistica 7º 03Recuperação paralela variação linguistica 7º 03
Recuperação paralela variação linguistica 7º 03
 
Lista1 operações com números naturais
Lista1   operações com números naturaisLista1   operações com números naturais
Lista1 operações com números naturais
 
Solidizando
SolidizandoSolidizando
Solidizando
 
Frequencia diaria(2) 2º03
Frequencia diaria(2) 2º03Frequencia diaria(2) 2º03
Frequencia diaria(2) 2º03
 
Notícia
NotíciaNotícia
Notícia
 
Perguntas para aprofundar o papo
Perguntas para aprofundar o papoPerguntas para aprofundar o papo
Perguntas para aprofundar o papo
 
Ec onsciencia
Ec onscienciaEc onsciencia
Ec onsciencia
 

Último

Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
andrenespoli3
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
FabianeMartins35
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
TailsonSantos1
 

Último (20)

P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVAEDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.pptAula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para criançasJogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
Jogo de Rimas - Para impressão em pdf a ser usado para crianças
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 

mito da caverna.docx

  • 1. O mito da caverna Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxeleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando- o. Jostein Gaarder. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5. Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 112-4 O mito da caverna Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxeleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa que existe. Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede. Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o. Jostein Gaarder. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5. Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 112-4