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ALEGUÁ ... GUÁ ...GUÁ          PAULISTANO !

          Com o tempo nossas lembranças vão pouco a pouco esmaecendo e ,
devagarzinho... bem devagarzinho , começam a desaparecer. Existem muitas
horas de viver e sentir agitar as coisas da vida . Existem apenas poucos
momentos para lembra-las . Mesmo porque , quando realmente a velhice
chegar, não teremos certeza que a memória estará em condições para
realmente lembrar todos aqueles bons ou maus momentos vividos .
           Assim sendo , neste relato estarei contando , além de fatos de minha
vida , estórias e casos , ocorridos comigo e com nossos companheiros do Club
Athletico Paulistano . Eles , todos meus amigos , foram e traduzem , desde
minha infância , uma convivência muito feliz em minha vida .
          Muitos casos são alegres . Alguns tristes . Será na realidade , dentro
deste meu relato e antes de mais nada , minha homenagem para os amigos que
já nos deixaram . Eles farão sempre parte da nossa “Turma do Paulistano”
          Aqui estarei revivendo momentos fraternos que nos marcaram .
          Saudades dos irmãos do Paulistano que já se foram :
          Caio Marcelo Kiehl, Luiz Carlos Junqueira Franco, Luiz
Vicente de Sylos, César Affonseca , Pedro Magalhães Padilha, Paulo
Ribeiro, “Kico” Campassi , Silvio Abreu Jr. , Luiz Fernando Ribeiro da
Silva, Armando Salem, Mario Ottobrini, Roberto Claro, Sérgio Machado
de Lucca, Osvaldo Doria, Antonio Ciampolini, Caio Pompeu de Toledo,
“Jujuba” Moreira da Costa, Roberto Matarazzo, Antonio Duva Neto,
“Hélinho”Fuganti, Manoel Leal Mendes, Candido Cavalcanti,
“Zequinha”Almeida Prado, “Paulão”Viana, Albano de Azevedo e Souza,
José Tambelini , Luiz “Veludo”Pompeu de Toledo, Mario Fix, Wallinho
Simonsen, Fernando Simonsen, Paulinho Fleury, Adhemar Zacarias,
Godofredo Viana, José Cavalieri, Amedeo Papa, Carlos Dacache, Rubens
Limongi França, Gilberto Marcondes Trigo, Deoclides Brito, Fernando
Pondé, Ayrton Baccelar, Mario Guisalberti, Claudio “Ratão”Fagundes ,
João Balbi Campos , Antonio Rabello, Fernando Botelho de Miranda.

           Todos eles nos deixaram , alguns muito cedo , no auge de tudo que
a vida poderia lhes proporcionar de melhor .
           Hoje , no final das tardes de verão , quando o céu fica bem vermelho
com muitas nuvens brancas , mostrando então as nossas cores , sinto a brisa
que traz , lá de cima , nosso canto de guerra :
        “Aleguá ... guá ...guá , Paulistano ... Paulistano ... ! ”
           Longe ... bem lá longe ... , eles ainda estão torcendo por nós .
                                                             Edu Marcondes
“ TSUNAMI ”

                                                      Edu Marcondes

Viagem para Sri Lanka /Ceilão – Andando nos “Tuc-Tuc”- Chegada do
Tsunami – Muita Destruição - Fuga para Mosteiro Budista / Colombo –
A Caminho das Montanhas / Seguiria – Mudança Temporária de
Filosofia
              Paula nos surpreendeu em nossa viagem para a China . Logo
anunciou que iríamos passar o Natal e Ano Novo em Sri Lanka . Estaríamos
ainda visitando sua amiga Sharlene , em sua casa na Praia de Bentota .
              A viagem para o Ceilão foi rápida e gostosa , apesar de pequeno
problema com o visto de embarque para lá .
             Chegamos pelo anoitecer e fomos direto para uma Casa Colonial
inglesa . Ela é muito antiga e bonita . Fomos logo depois para a Ceia de Natal
que iria acontecer na casa de Sharlene . Tudo aquela noite foi muito agradável.
              O outro dia , aquela manhã de 26 de Dezembro de 2004
amanheceu muito bonita na praia de Ambentota - Sri Lanka , com céu azul
muito límpido e suave brisa vinda do mar .
              Naquele mesmo dia meu pai estaria comemorando 100 anos .
Rezei pela sua alma e pedi sua benção .
              Por volta das nove horas tomei um suco de laranja e fui levar
minha filha Paula até a praia . Ela ficava logo em frente da Casa Colonial , em
seguida de um grande coqueiral existente .
             Íamos em busca de meu netinho Lucca e de Vera Lucia . Não
sabia perfeitamente onde estavam . Eles tinham ido logo cedo fazer castelos
na areia . Contudo não seria difícil encontra-los pois as praias ali eram
freqüentadas normalmente por poucas pessoas .

              Aqueles dias nas praias do antigo Ceilão seriam o fecho de ouro
para aquelas maravilhosas férias que Paula e Mark nos estavam
proporcionando . Havíamos estado antes por vários lugares da China .
             Quando começávamos voltar da praia ainda não sabíamos , nem
tínhamos a menor idéia , mas naquela hora “ Ele” – o Tsunami ,
silenciosamente , já estava a caminho do litoral de Sri Lanka . Aquelas ondas
gigantes iriam trazer muita destruição . Muita desolação . Muita tristeza .
             Entretanto , como o homem põe mas Deus dispõe , por nossa
sorte havíamos sido convidados para aperitivos e almoço na nova casa de
Sharlene . Ela era amiga de Paula desde o tempo em que minha filha morou
em Cingapura .
Não ficaríamos muito mais tempo naquela praia onde então
estávamos . Assim sendo , depois de meia hora , já estávamos na casa
colonial trazendo meu netinho de 2 anos e Vera Lúcia .
             Para não atrasarmos ao encontro , rapidamente fomos tomar
banho e trocar de roupa . Roupa leve pois o calor era grande . Já estava
chegando a hora de irmos para a casa de Sharlene .

                                             Andando nos “Tuc- Tuc” .
             Pouco tempo depois chegaram os dois pequeninos veículos ,
denominados localmente de “Tuc –Tuc”, que meu genro Mark chamara .
              Ele , Paula e Lucca , como ficaram prontos primeiro , saíram
primeiro , logo em seguida . Vera Lucia , para variar , havia se atrasado um
pouco , por isso sairíamos logo depois . Eu gostava de andar naquele
pequenino triciclo , com motor de motocicleta , muito comum em todas as
regiões do Oceano Índico . O nome “Tuc –Tuc” vinha do barulho que fazia
seu motor .
              Para chegarmos até a nova casa de Sharlene levaríamos 10
minutos . Ela fora construída , com mais outras duas , formando uma pequena
vila , logo mais adiante , na mesma praia de Ambentota . As três residências
formavam um belo conjunto , coroado com uma longa piscina situada em um
jardim em frente as casas e com bonita vista para o mar azul .
             O lugar era além do mais muito agradável , cheio de altíssimos
coqueiros que davam diferentes e bonitos cocos , de casca inteiramente
amarela , típicos de toda Sri Lanka . Também no jardim não faltavam esquilos
de rabo peludo , muito comuns naquela região . A casa ainda não estava
inteiramente pronta pois faltavam alguns detalhes em sua decoração .

             Lembrava então que ali , no dia anterior , em grupo composto por
26 pessoas , algumas locais e outras oriundas da Austrália , Nova Zelândia ,
Gran Bretanha e Brasil , tivéramos um agradável almoço de Natal .
             Naquele grupo estavam ainda os pais , tios , o irmão de Sharlene
com sua namorada . Quase todos presentes eram amigos desde alguns anos
pois se conheciam de Cingapura . Gostavam de Paula e nos tratavam com
simpatia . Naquele anoitecer natalino , vendo tanta gente , lembrei e senti
falta de meus pais e parentes falecidos . Rezei por eles .

            Agora , ainda dentro do “Tuc-Tuc” , quando estávamos quase
chegando , após uma pequena curva naquela estrada que contornava a praia ,
para surpresa nossa encontramos um trecho da estreita rodovia inteiramente
molhado . Molhado e muito bem molhado por todos os lados . A água
remanescente na estrada brilhava ao sol como milhares de diamantes .
              Estranhamos muito pois não existia a menor possibilidade de
haver chovido . O céu continuava límpido e totalmente azul . Muito azul .
             Logo depois vi ajuntamento de pessoas . Vi gente correndo mas
não dei muita importância . Já estávamos chegado e eu separava as “rúpias”
para pagar a corrida no “Tuc –Tuc”. Vera brincou dizendo que ali realmente a
estrada fora bem lavada . Inteiramente muito bem lavada com muita água .
             Sem saber estávamos passando pelo local onde a primeira onda
“Tsunami” havia atingido aquele litoral . Ela adentrara pela praia , passara por
cima da estrada e atingira a mata do outro lado . Isto aconteceu , pois ali ,
naquele trecho , o relevo da praia local era realmente muito baixo , não tendo
mais de dois metros de altura entre o piso da estrada e o preamar , ou seja : de
onde as ondas normalmente se quebram na praia e aquele trecho da estrada .

                                                     Chegada do Tsunami
             Pouco depois o “Tuc-Tuc” parou e paguei motorista . Quando
começamos entrar na casa percebi , olhando para o jardim e para o mar , que
algo inusitado acontecia . A larga faixa da praia já havia desaparecido em toda
sua extensão , debaixo de enormes e fortes ondas que o mar estava trazendo .
Elas , fazendo muita espuma , estavam agora começando entrar pelo jardim .
             Uma segunda grande onda , muito forte , bateu na cerca da casa
logo depois. Agora o mar , no seu violento recuo , estava levando com seu
repuxo um barco de pesca (e ele não era pequeno ) que ainda ontem servira de
cenário para fotos que tiráramos naquele por do sol . A larga praia de
Ambentota estava momentaneamente inteiramente desaparecida . Fiquei
preocupado . Nunca tinha visto aquele tipo de maré em tantos anos que
passara em praias .
             Rapidamente fomos do jardim para casa . Ainda deu para tirar
algumas fotos , pois logo depois mais outra onda enorme já atingia o terraço e
cobria a piscina com violência incrível .
             Ainda ontem eu brincara ali com Lucca . A piscina subitamente
ficou escura , coberta de água e areia , com toda sujeira que o mar trouxe . As
ondas agora tinham de tudo : paus , cocos , plásticos e toda espécie de coisas
encontradas nas praias . Tudo surgia e desaparecia dentro da força das ondas ,
o que já era assustador . Mais assustador era o forte barulho que faziam .
Naquele momento aquelas ondas praticamente já elevaram todo o mar para
uma altura de mais três metros . Iriam elevar ainda mais .
Percebi que as próximas ondas deveriam certamente invadir a
parte térrea da casa . Todos que estavam no lado de fora da casa correram
para dentro . As mulheres e crianças passaram rapidamente para o andar
superior . Ainda vi quando Vera , Paula e Lucca subiam a escada juntamente
com a babá Cora . Logo em seguida a onda que chegou molhou o piso de
todas as salas . Ainda lavou meus pés com força .
             Alguns dos amigos queriam então fechar as grandes portas que
davam para o terraço e jardim . Falei que seria um grande risco pois elas não
resistiriam a força do mar . Naquele momento fui voto vencido e as portas
foram fechadas . Assim ficaram apenas por alguns rápidos momentos .

               A nova grande onda chegou bem alta , com mais de quatro
metros de altura , bateu violentamente e simplesmente arrancou todas portas
de seus batentes e as jogou contra nós . Por sorte ninguém foi atingido
frontalmente . Mas sofremos pequenos ferimentos . Eu machuquei as pernas .
Com as ondas ainda vinham toda espécie de paus e cocos que a força do mar
trazia . Batiam com violência e poderiam ferir seriamente .
               Os homens começavam agora subir para o andar superior ,
quando uma mais alta e mais forte daquelas ondas atingiu as paredes da casa .
Eu , o pai e o tio Willie de Sharlene , éramos os últimos na parte de baixo e
vimos quando todos aqueles grandes e fortes vidros , que formavam parte das
paredes externas , foram simplesmente estraçalhados por aquela onda .
               Agora até o chão passara a ser perigoso com tantos cacos
espalhados . A água do mar já cobria nossas pernas naquele momento . Cair
por ali era risco sério .
               Quando eu estava começando subir a escada , com tio Willie logo
atrás , mais uma onda nos atingiu . Logo em seguida senti que seu repuxo era
muito forte . Puxava realmente .Tive de fazer alguma força para não
escorregar e cair .

              Chegando ao segundo piso minha primeira preocupação foi
verificar como estavam todos os meus . Lucca meu neto estava tranqüilo com
sua babá Cora , tendo Paula ao lado . Tinha nas mãos o carrinho que sobrara
de sua coleção que o mar já levara . Mark Browning , meu genro ,
demonstrava alguma preocupação . Paula que sempre foi destemida e muito
forte tentava animar as pessoas . Vera Lúcia apesar de durona estava
preocupada e rindo dizia : - “ Que tristeza , viajar tanto para vir morrer longe
de casa , neste fim de mundo”.
Respondi que nada iria acontecer . Fiquei parado por alguns
momentos pensando o que poderia fazer para salvar o meu pessoal . Chequei a
conclusão que seria pouco . Muito pouco mesmo .

                                                      “Tsunami” passou
             Somente tive certeza de que nada nos iria acontecer quando
cheguei ao terraço superior e olhando para o mar percebi que naquele
momento , rapidamente , da mesma forma como subiu , ele começava a
baixar . Realmente tudo estava acontecendo muito velozmente . Não havia
demorado mais de 15 minutos. Respirei aliviado e comentei o fato com o
australiano Mickey . Ele concordou , suspirou e depois sorriu demoradamente,
levantando o polegar direito .

             Pouco depois o mar realmente baixava para níveis praticamente
normais . Descemos e fomos desobstruir a porta de entrada que ficava junto ao
jardim . Tudo que o mar trouxera de lixo , mais as pesadas espreguiçadeiras de
madeira massiça do terraço , estava agora empilhado junto a porta da rua.
Tinha tanta sujeira que nem sonhando dava para saber de onde veio.

           Paula chegou . Vinha contar as noticias que ouvira no radio : _ -
“Um terremoto de enorme proporção , com mais de nove pontos na Escala
Richter , ocorrera perto de Sumatra tendo uma larga extensão , precisamente
entre as ilhas Andaman e Nicobar . Foi seguido de vários outros terremotos
menores . Com isto ocorreu um gigantesco deslocamento no solo marítimo e a
formação das ondas enormes – “Tsunamis” - que alcançaram mais de 10
metros de altura na sua linha de frente ao atingirem as praias . Elas avançaram
por todo o Oceano Indico na velocidade aproximada de 900 km/hora , para
depois fazer grandes destruições na Indonésia , Tailândia , Índia , Paquistão ,
Myanmar e Sri Lanka . Ainda agora naquele local perto de Sumatra estavam
ocorrendo outros terremotos de menor intensidade” .
             Contou que , como nossa praia não ficava na linha principal de
avanço das ondas , pois se situava do outro lado da ilha , fomos atingidos com
menor violência e menor intensidade pela “Tsunami” . Por isto , apesar do
susto e do banho , estávamos ainda vivos . O grande impacto das ondas
enormes , com mais de 10 metros de altura , somente atingira Sri Lanka pelo
outro lado da ilha , ou seja lado Leste . Ali o numero de mortos era enorme e
a destruição indescritível .
Fugas Para : Mosteiro – Colombo - Seguiria

             Mesmo havendo passado aqueles momentos de grande perigo
continuávamos muito preocupados , pois poderia ainda ocorrer , como
resultado dos seguidos terremotos , novo maremoto , nova “Tsunami” .
Naquele momento não dava para saber com certeza o que poderia acontecer .
Alem do mais estávamos em plena Lua Cheia , quando as marés são mais
fortes . A chegada de uma nova “Tsunami” poderia ser fatal .
             Ficou resolvido que imediatamente , pois não tínhamos maiores
informações e opções , deveríamos seguir para um lugar alto , para um templo
budista existente nas imediações de onde estávamos . Ele se localizava em um
morro com mais de 60 metros de altura . Ali o perigo poderia ser menor .
             Todas 26 pessoas amigas foram colocadas em duas peruas que se
encontravam na casa . Não me pergunte como . Era o jeito .
             No caminho já deu para ver um pouco da destruição que a
“Tsunami” provocara . Casas mais simples destroçadas , pontes deslocadas
assim como o leito da estrada de ferro , animais mortos , florestas destruídas,
muito lixo esparramado , barcos jogados no meio da estrada , ônibus e carros
virados . Alem do mais tinha muita água brilhando ao sol por todos os lados .
Não vimos naquele momento , mas sabíamos de muitas pessoas mortas . Tudo
debaixo de contrastante e maravilhoso céu azul .

              Meia hora depois já estávamos nas áreas daquele templo. Todos
demonstrando muita preocupação . Fomos recebidos pelo Lama e seus
discípulos . Foram gentis e até ofereceram almoço , típico budista , com muita
pimenta , legumes e verduras cozidas .

             Então cada um comentava de seu modo o acontecido e as
conseqüências . Os meninos dos australianos Mickey e Moi lamentavam seus
sapatos que foram levados naquelas ondas . Lucca falava da perda de seus
carrinhos . Sharlene não reclamava dos danos sofridos na casa , apenas repetia
que aquilo jamais havia acontecido antes . Tio Willie falava das portas e
cuidava de cortes nas pernas . Paula animava os amigos .Vera Lucia
estranhamente não falava nada . Vi nos seus olhos transparecer o perigo.
Todos comentavam que tivéramos sorte. Muita sorte até aquele momento .
             Naquele local cheio de silencio e próprio para meditação comecei
com muita calma analisar nossa situação . Cheguei a conclusão que tivéramos
realmente muita , mas muita sorte mesmo , graças a Deus .
             Primeiro – Porque Vera Lucia e meu neto Lucca escaparam de
morrer na praia quando da chegada da Tsunami . Ela ocorreu por volta das
11,45 , apenas uma hora e pouco depois que eles saíram da praia . Foram
salvos por causa do almoço marcado com Sharlene ;
             Segundo – Se a Tsunami nos tivesse alcançado na estrada não sei
o que poderia acontecer .Os “Tuc- Tuc”não agüentariam o impacto das ondas ;
             Terceiro – A casa , bem construída , era bastante alta e resistente,
suportando as ondas que atingiram mais de 4 metros e meio de altura ;
             Quarto – A casa tinha um andar superior e não ficamos
inteiramente expostos a força das ondas . Apenas sua parte térrea foi atingida ,
ficando destruída e inundada . Se a casa fosse somente térrea provavelmente
as conseqüências seriam outras , imprevisíveis e provavelmente terríveis ;
             Quinto – O mais importante . Estávamos , por muita sorte , do
lado bom da ilha onde as ondas foram muito menores . Graças a Deus !

             No meio da tarde chegaram mais noticias contando as
devastações ocorridas em todo Oceano Indico . O numero de mortos crescia
assustadoramente a cada instante . A enorme ilha de Sumatra havia se
deslocado 40 metros . O eixo da terra fora ligeiramente alterado . Soubemos
também que a capital Colombo , por sorte em sua localização , fora da frente
das grandes ondas e pela altura de suas praias , não fora atingida . Que a casa
colonial onde estávamos hospedados também ficara fora da destruição , pois o
local onde estava situada era bem mais alto que as ondas formadas pela
“Tsunami” . Elas atingiram a praia com violência , sem chegar até a casa .
             Depois de alguma conversa ficou resolvido que iríamos para
Colombo . Não ficaríamos na praia de Ambentota pois poderia existir mais
problemas advindos dos terremotos continuados . Naquele instante ficava
claro que nossa maior preocupação era fugir de novas e possíveis “Tsunamis”.
             Ficou acertado que primeiro passaríamos na casa colonial para
pegar nossas malas . Dali seguiríamos para Colombo onde os parentes de
Sharlene nos dariam hospedagem . Depois , de acordo com o planejado
inicialmente para nossa viagem , iríamos para um Spa Budista , pertencente ao
irmão de Sharlene . Ele se situava bem alto nas montanhas , dentro de uma
fazenda , no caminho para dois bonitos lugares turísticos denominados
Massalla e Segyria . Lá ficaríamos uma semana , até o dia para nosso vôo de
regresso .
             O dito foi feito e pouco depois já estávamos na casa colonial
pegando malas e aguardando condução . Esta inicialmente chegou em numero
insuficiente . Ficou acertado que primeiro seguiriam as crianças com suas
mães . Vera Lucia foi com elas . Todos continuavam temendo a possibilidade
de outra “Tsunami”. A espera era angustiante .
Saímos logo depois para uma viagem que levou quase 5 horas
mas que normalmente poderia ser feita em apenas duas . O receio de novas
ondas gigantes fez que muita gente se afastasse da costa . O transito ficou
pesado . Parecia filme de terror . Gente correndo para todos os lados com
medo das Tsunamis . Pior era a dificuldade para encontrarmos combustível.
Nos postos de gasolina haviam filas de carros para abastecimento . E a todo
instante existia a expectativa de surgir nova onda gigante . Ansiedade pairava
no ar em cada momento . Aquela sensação e a expectativa eram terríveis .
             Depois de muitas paradas em postos vazios conseguimos gasolina
e finalmente , durante a noite , chegamos em Colombo . Foi um alivio !
             Felizmente o grande receio de uma nova Tsunami que nos
poderia pegar nas estradas não ocorreu .

              Infelizmente tivemos grande tristeza ao tomarmos conhecimento
das muitas mortes e assistindo a destruição ocorrida . A televisão mostrava
fotos , filmes e noticiário sobre a Tsunami . Localidades cingalesas como
Galle , Matara , Kalmunai , Samanturai e Marindu apresentavam grandes
perdas humanas e enormes devastações . Também chegavam noticias das
mortes ocorridas em todos paises do Indico . Naquele momento já se falava
em mais de 100.000 mortos .
              Meu calculo foi que as perdas humanas alcançariam no mínimo
meio milhão , pois seria impossível saber realmente o numero de
desaparecidos e quantos ficariam para sempre dentro do mar .
              Soubemos que os corpos dos mortos eram fotografados , tiradas
suas impressões digitais e em seguida enterrados em covas comuns . Era o
jeito de evitar epidemias .

                                        A CAMINHO DAS MONTANHAS
             Preocupada com o que poderia ser visto no amanhã seguinte , via
televisões , minha filha Paula Marcondes ligou para minha irmã Marisa .
Falou que todos nós estávamos bem , pedindo ainda que fossem informados
parentes , amigos e os filhos de Vera Lucia .
             No dia seguinte , fomos para o Spa Budista .
             No caminho cruzamos com vários comboios de caminhões de
socorro portando bandeiras da Cruz Vermelha .
             Três horas depois estávamos chegando , sem maiores problemas.
O Spa era tipicamente budista , na construção e conceito .
             Ali os dias iriam passar e as noticias sobre o número de perdas
humanas crescer. Ficávamos sabendo de tudo pelos jornais que chegavam até
nós com a vinda dos novos hospedes . Lendo o noticiário soubemos da sorte
de alguns e do azar de outros . Fatos incríveis ocorreram , salvando ou
matando pessoas . As fotos nos jornais eram impressionantes. Nos obrigavam
a pensar seguidamente sobre aquela tragédia acontecida a beira mar .
              Segundo alguns geólogos , todo ocorrido com as “Tsunamis”
seria uma reação da terra . A teoria se baseava no fato de que a causa principal
estaria no calor gerado no mundo pela queima excessiva de petróleo.
Aumentando a temperatura , em muito , destruía parte da camada de ozônio .
              Assim desprotegida , pelo calor gerado e graças aos raios ultra-
violeta e outros mais que bombardeam a esfera terrestre com mais intensidade,
ocorrem contínuos degelos diretos nas calotas do Pólo Norte e da Antártica .
O gelo vinha e vem se transformando em água que corre para o mar . Os
pólos perdiam peso seguidamente . Sem o peso normal concentrado nas
calotas polares diminuía a pressão no interior da Terra . Desta forma as
camadas internas do planeta tenderiam a novos ajustamentos . Daí
possivelmente os terremotos . Eles poderiam ser agora mais contínuos e
freqüentes .
              Aproveitamos todos aqueles dias para descansar , passear e
principalmente meditar sobre o ocorrido . Era impossível esquecer .

                                      Mudança Temporária de Filosofia
              O lugar ali , naquela parte alta de Sri-Lanka , é lindo , com
muitas flores , um grande lago e uma majestosa montanha ao fundo . Ali não
nada de modernidade . Não havia eletricidade , telefone , televisão, radio ,
água quente encanada , gelo e nenhum outro conforto moderno. A pouca luz
para as noites vinha de pequenas e românticas lamparinas. Por ali tive
oportunidade de ficar e passear mais alguns dias com meu neto Lucca .
              A comida , sem nenhum prato oriundo de peixe ou carne de
qualquer tipo , era bem apimentada , farta e servida em terrinas colocadas em
grandes esteiras que ficavam no chão , em um lindo local coberto e cercado
por muitas plantas e flores . Lembro que lá dentro existiam inúmeras e
confortáveis almofadas . Bebida era limonada ou suco de lima .
              No início detestei aquela total simplicidade . Entretanto , bem
rapidamente , senti os benefícios de uma vida realmente muito mais simples .
              Comecei , apesar das dificuldades , a gozar de uma imensa paz .
              Enquanto aguardávamos o dia marcado para pegarmos o avião de
volta , vivendo uma vida bem simples , deu para verificar quantas são as
muitas bobagens que hoje fazemos , inteiramente desnecessárias . A sociedade
moderna , apegada as coisas materiais , perdeu completamente o senso do
valor intrínseco de cada bem . Cada vez mais precisa de coisas completamente
inúteis , que no final só irão atrapalhar pessoas , algumas por excesso , outras
pela falta. Irão causar grandes frustrações . Tudo inteiramente desnecessário .
               Pela primeira vez passei um “reveillon” na maior tranqüilidade ,
sem luxo nem ostentação , mas sentindo a grande alegria por ter ao meu lado
Paula , Mark e Vera Lucia . Alem do mais estava sentindo e vendo o sorriso
feliz de meu neto Lucca Marcondes - Browning – minha continuidade .

              Dias depois , quando no avião de volta para Hong Kong ,Vera
Lucia Costa comentando a “Tsunami” que enfrentáramos , disse que não havia
chegado nossa hora . “Que só peru morre de véspera ... Que tudo está escrito,
“Mactube” – como dizem os árabes . Que tudo é só destino”.
              Ouvi e depois fiquei pensando quantas vezes eu já estivera
realmente em perigo de vida . Lembrei que já tinha sofrido naufrágio ,
desabamento de cinema , batida com destruição total de carro , choque elétrico
de alta voltagem , tiro nas costas . Levei até tiro na cabeça.
              Recordei que segundo a lenda , como um gato , por sete vezes ,
eu ficara frente a frente com a morte . E nada de muito mal me aconteceu . Sai
sempre com vida . “ Mactube ” ? Não sei ...
              Sei que agora preciso tomar muito cuidado , pois após a
“Tsunami” não tenho mais novas vidas de reserva . As setes já se tinham ido .
              2                            Edu Marcondes – 02/2005

    P.S. - Dificilmente alguém que esteve presente , dentro realmente de uma
    “Tsunami”, terá esta oportunidade de escrever testemunhando todos
    aqueles fatos . Por esta razão , para que o ocorrido não possa virar mais
    uma “Pagina Esmaecida ”, deixo aqui meu depoimento .
VIAGENS COM AS FILHAS - EUROPA / ÁSIA

                                                Edu Marcondes

Londres – Silverstone – Menorca – Um Italiano em Menorca – Sono
...muito Sono - Jersey – Lembrança da Guerra / Diferente em Jersey – O
Casamento de Paula

           Não haviam passados três meses depois de minha volta de Sry
Lanka , onde estive as voltas com a “Tsunami” , quando recebi ligação de
Londres . Ali era onde agora estavam Javier , Alexandra e meu neto Lorenzo .
Eles residiam temporariamente na Inglaterra , pois o “Santander” havia
adquirido o controle acionário do tradicional “Banco Abey” da Inglaterra.
           Junto com a cúpula espanhola Javier estava trabalhando para sua
devida incorporação no grupo Santander .
          O motivo daquele telefonema era convite de Javier para que eu
fosse passar as férias de Julho, em Menorca , junto com Alexandra e Lorenzo.
Iria conhecer a casa que eles haviam comprado , em um lindo condomínio
naquela ilha . Javier explicou que ele somente poderia ir nos fins de semana ,
pois estava com muitos compromissos e obrigações em Londres . Eles não
poderiam ser adiados durante aquelas semanas de Julho .
          Antes disso ele desejava que eu fosse primeiramente passar alguns
dias na sua casa de Londres .Teria oportunidade de ir assistir com eles a
“Corrida de Formula I em Silverstone” . Ele gosta de “carreras” e é fanático
pelo Fernando Alonso.Sabe que eu também gosto daquele piloto espanhol.
          Enquanto me preparava para a viagem falei com minha irmã
contando do convite .
          Dias depois Paula ligou . Então aconteceu outra surpresa . Eu ,
naquele momento , estava sendo convidado para ir à Jersey, onde Paula e
Mark iriam se casar , agora no religioso . Jersey era onde Mark nascera e
onde residiam seus pais , Francis e Jimmy , e ainda seus irmãos .
           Isto aconteceria quando eu estaria voltando de Menorca . Achei
ótimo . Também ganharia aquelas passagens . Aceitei o convite . Claro !
          Não faltaria por nada naquele casamento .
          .
          No dia da viagem , bem na hora de partida , lembrei que não tinha o
endereço de Xanda em Londres . Liguei . Por sorte ela estava em casa . O tal
endereço nunca mais saiu de minha cabeça : Cadogan Place , 31 .
          O vôo saiu na hora certa . Jantei e dormi a noite toda .
LONDRES
          - Pela manhã foi esperar a aterrissagem e pegar a mala . Achei que
tudo seria rapido . Errei ! Houve muita revista para os passageiros . Como eu
estava de terno , muito elegante , fui poupado . Passei lentamente na
alfândega. Ela estava uma loucura . Só depois soube do motivo .
            Havia ocorrido um grande atentado terrorista em Londres . Os
fiscais ingleses viraram todas as malas do avesso . Fui liberado .. Finalmente ,
quando cheguei na saída , procurava e tentava arrumar um taxi .
            Eu normalmente iria tomar o trem para chegar ao centro da cidade.
Entretanto , naquele dia depois do atentado terrorista , as coisas ficaram
nebulosas . Poderiam acontecer novos atentados . Nunca se sabe . Eu tinha
ido para passear . Não esperei mais nada e mudei de idéia . Nada de coletivos
            Esperei . Pouco depois a sorte mudou . Consegui o taxi .
            Em menos de uma hora eu estava abraçando minha filha e meu neto.
Entreguei os presentes e fiquei brincando com Lorenzo até que Javier chegou.
Foi me cumprimentando com alegria . Depois fui convidado e saímos para
jantar em restaurante árabe. Ficava perto da casa .
            Foi muito agradável , mas não demoramos muito tempo . No outro
dia era dia de trabalho . Fomos para casa . Eu fiquei vendo televisão com
Xanda . O São Paulo Futebol Clube disputava aquela noite a Copa
Libertadores das Américas . Ganhamos e , com nossa torcida , a cada gol
(foram quatro ) acordávamos Javier .
            O quarto que reservaram para mim era muito bonito , com grande
cama de casal . Ele se abria para um pátio , cheio de plantas e flores . Varias
noites eu dormi com aquelas portas abertas . Quando houve calor .
            Na Sexta Feira fui com Javier passear por todo o bairro . Fui vendo
tudo da melhor forma , a pé ! É por ali, em “Knightsbridge” , que se situam
as bonitas embaixadas em Londres . Dali , em seguida , fomos até a frente do
castelo da Rainha Britânica . Não assistimos a “Troca da Guarda” .
            Depois voltamos , passando pelo “Hide Park” . Chegamos já no
escurecer .
                                                          SILVERSTONE
            O programa de Sábado estava feito desde algum tempo . Logo cedo
estava um carro esperando para nos levar até Silverstone . O transito foi
terrível . Levamos duas horas para chegarmos até a pista .
            Valeu a pena . Vimos os treinos de classificação , tiramos fotos ,
entramos nos “Box de Manutenção” , notadamente aquele da “Renault”.
            Depois fomos almoçar no Pavilhão de Relações Públicas daquela
escuderia francesa , conhecemos os dois pilotos , almoçamos com os melhores
vinhos e ganhamos uma malinha da Renault . Estava cheia de presentes .
Isto só foi possível pois o “Santander” é uma das empresas
patrocinadoras da “Renault” .
           Alonso se classificou na “pole position”.
           Entretanto , resolvemos não enfrentar novamente aquele transito
maluco no Domingo , dia da corrida . Iriamos assistir a Formula I pela
televisão , em casa , lá naquele gostoso pátio. Mesmo por que Javier estaria
cozinhando maravilhosa “Paella” para nós .
           Foi gostoso comer aquela delicia , tomando vinho de Espanha e
vendo a vitória do Alonso . Depois foi só ir dormir a “Siesta” .
           Aquela semana seguinte foi muito movimentada . Quase em todas
as manhã , logo cedo , eu ia passear no parque que pertencia somente as casas
de “Cadogan Place”. Era um parque particular . Para tanto era preciso entrar
com cartão magnético . O lugar trazia para mim muita calma. Era cheio de
pássaros durante o dia . De raposas pela noite , pois somente depois do sol se
por é que elas apareciam .
           Fui ao teatro com Alexandra na Terça Feira , assistir “ Guys and
Dolls” , comédia musical dos anos 50 . Não gostei . Em outro dia nos
dirigimos ao centro da cidade . Comprei um conjunto de “Cashemere e Seda”
em “Regent Street” e em “Oxford Street” um “Tailleur”. Aqueles eram
presentes para Vera .
            Comprei ainda um carrinho para o Lucca e outro para Lorenzo .
           Na Quarta Feira fui a pé , sozinho até “Victória Station”, na parte
da manhã. Depois fui para o Museu de Historia Natural , onde passei a tarde .
            Na Quinta Feira pela manhã Alexandra e Lorenzo me levaram para
ver o Parlamento , o Tamisa e aquela enorme Roda Gigante denominada “Eye
of London”. A noite jantamos com toda diretoria do Santander em Londres .
           Na Sexta feira fui com Javier e Xanda em uma boate da moda . O
nome , se não me engano , é “Cubanita” ou coisa assim . Só tocava mambo ,
salsas e músicas cubanas . R Este tipo de musica está na moda ... mas não
para meu gosto . Valeu pela boa companhia e para conhecer lugares novos e
famosos .
                                                                MENORCA
           - Quando Sábado chegou Alexandra seguiu com Lorenzo para
Menorca . Ela foi receber a empregada e preparar a casa .
           Fui com Javier no Domingo , logo bem cedo , em vôo que foi
tranqüilo . Durou apenas 100 minutos . O aeroporto de Menorca não é muito
grande . É porem muito moderno e bonito . Fica em Mahon , capital da ilha
espanhola . Alexandra ali já estava com o carro nos esperando .
           O verão naquelas ilhas Baleares é bem quente , atingindo facilmente
35 / 40 graus em alguns dias . Eles acontecem quando sopra vento quente que
vem da África . A temperatura então aumenta . Fora destes dias existe sempre
uma brisa suave , notadamente a noite .
            No caminho para casa fiquei admirando as estradas da ilha . São
super sinalizadas . Quase perfeitas , apesar de estreitas . As “Praças
Rotatórias”, nos cruzamentos , obrigavam redução de velocidade e dão
prioridades de passagem , muito certas e bem determinadas.
            A paisagem se alterna em cada quilometro . Muitas vezes com vista
para o mar . Outras aparecendo pequenas matas junto a suaves elevações .
Normalmente por ali se encontram bonitas propriedades rurais .
            Menorca possui várias e pequenas vilas , espalhadas por todo seu
território , a maioria na orla marítima . São possuidoras de grandes belezas ,
destacando : Saint Luiz , Castell , Ferries , Mercadal , Saint Clements e
Ciutadella .
            Mahon é sua capital , já na qualidade de cidade . É muito bonita ,
principalmente por suas praias e por sua urbanização .
            O seu porto , com longa extensão , tem suas docas tomadas por
grandes iates internacionais . Do outro lado temos uma longa avenida que
separa o porto da cidade . Ali existe todo o tipo de comércio , com bonitas
lojas de roupas elegantes , restaurantes internacionais ou típicos espanhóis ,
exposições de obras de arte , perfumarias, antiquários , lojas de decoração e
tudo mais necessário para atender vontades e necessidades de milionários
turistas . Para tanto basta que ele saia do iate e atravesse a rua .
            Fora disto existem vários museus , teatros , hotéis internacionais ,
praças , campos de golfe , bares e clubes noturnos com música ao vivo . Todo
ano , no mês de Agosto , tem festival de Jazz . Além do mais em Mahon
existe Cassino funcionando diariamente .
            No que tange ao esporte , são realizadas anualmente competições
internacionais de iatismo , de golfe e de ciclismo .
            Por trás do porto , nas encostas da montanha , ainda perto do mar ,
Mahon possui muralhas muito elevadas que foram construídas 1.400 AC . Até
hoje estão por lá , algumas intactas e outras semi destruídas .
            A ilha conserva as mais antigas obras registradas pela arqueologia
em toda Europa . Datam de 4.500 anos aproximadamente . São Túmulos de
pedra em forma de U .
            Menorca foi durante quase toda sua existência palco de grandes
lutas internacionais pelo seu controle . Por isto possui traços das antigas
culturas fenícia , cartaginesa e grega . Seu domínio passou por muitos povos :
- Romanos , Árabes , Turcos e Aragoneses , sendo que estes últimos ,
mediante sua união com Castela em 1492 , formaram a Espanha , atual
detentora da nacionalidade de Menorca .
No século XVIII franceses e ingleses tentaram seu domínio e
invadiram seu território . Finalmente em 1802 , pelo “ Tratado de Amiens” a
Espanha recebe de volta a ilha das mão dos ingleses .
           A língua local é derivada do Catalão , que já e´ difícil . O
“Minorquim” é mais difícil ainda . A salvação é a língua oficial : Espanhol .
           A produção da ilha é bem típica e especifica : - Gin de Menorca ,
Sapatos tipo Abarcas , Malhas de Algodão e/ou lã , Cereais , Queijo tipo
Mahon , Frutas e Licores de Frutas . A construção naval é bastante
desenvolvida , existindo inclusive projeto naval próprio , o qual produz barcos
denominados “Minorquins ”. Os cascos são bem diferenciados .
           De todas as coisas existentes aquela que mais chama atenção é a
cor de seu Mar . Turquesa nas partes mais rasas e Azul Marinho nas mais
profundas . Muito bonito . Dos mais bonitos .
           Quando cheguei na casa de Javier notei que todas as demais , tanto
na região como no condomínio , tinham o mesmo estilo arquitetônico :
Mediterrâneo . A casa possui amplas salas , uma suite , dois quartos bons ,
banheiro , copa cozinha e ainda tem enormes terraços com mais de 150m2 ,
sendo uma parte coberta e outra aberta . Fica em um condomínio horizontal ,
com todas casas bem grandes . Também existe ancoradouro próprio dentro do
condomínio . Javier possui linda lancha ali ancorada .O condomínio ainda tem
um Clube de Campo com quadras de tênis , enorme piscina , salão de festas e
excelente restaurante na beira da piscina .
           No dia que chegamos já fomos de lancha para uma praia com pouca
gente e mar lindíssimo , extremamente limpo . Lorenzo foi o dono da “festa”
nadando peladinho . Depois tomamos um almoço leve , preparado por
Alexandra .
           Na volta daquele passeio fui atacado por um sono irresistível , muito
forte . Eu não sabia por que. Não dava para segurar . Dormi até sentado na
lancha . Parecia mais um desmaio . Todo aquele tempo que estive em
Menorca estive com um sono que não era bom . Impossível de segurar . Ele
iria continuar até em Jersey , onde a temperatura era muito mais amena . O
problema não era calor .
           Não me sentia muito bem . Javier reparou . Achou que era pelo
vinho tomado . Porem , mesmo não tomando vinho , não passava aquele sono
e a cabeça continuava pesadíssima .
           Comecei a sentir o que nunca existiu para mim em toda vida :
Fraqueza ! Não doía nada , mas eu não era o mesmo . Aquilo continuou
mesmo no Brasil .
           Depois daquela viagem , com calma , analisando a coisa toda ,
lembrei que , desde o final de 2004, aquele sono aparecia . No início era bem
pouco , mas aparecia . Sem perceber eu estava perdendo potência física e
mental .
            A coisa chegava silenciosa sem grandes alardes . Já durava mais de
8 meses. . Quando a cabeça pesava eu tinha absoluta necessidade de
dormir. Fosse no cinema , no teatro , em visita , em qualquer lugar .
           Somente no início de 2006 , um ano depois , fazendo exame de
rotina foi descoberta a causa . Um câncer - Carcinoma - em meu rim esquerdo.
            Porem o primeiro sintoma apareceu bem antes .

           Na Sexta feira pela manhã fomos comprar um “Cadeirão” para
Lorenzo . Ele estava muito grande para receber comida na boca , inclusive
ficando vendo filmes de desenhos animados . Comer deve ser um ato natural .
Precisava apreender comer conosco . Por conta própria .
            Na cidade iríamos encontrar um bom e bonito.
            Foi ótimo ! Na hora do almoço colocamos o “Cadeirão” ao lado da
mesa , junto da gente . Lorenzo ficou sentado , com seu prato e sua colher .
Gostou . Primeiro fez o maior esparramo na comida . Mas comeu sozinho .
Quanto quis .
           Javier chegou na Sexta Feira pelo fim da tarde . Fui com Xanda e
Lorenzo recebe-lo no aeroporto . Aquele seria meu último fim de semana em
Menorca . Já havia recebido inclusive as passagens aéreas providenciadas por
Paula . Praticamente já estava com as malas arrumadas .
           Como sempre Javier , muito gentil , tinha reservado mesa no
restaurante mais charmoso da ilha . Ficava no porto de Mahon . O jantar seria
típico espanhol . Tinha início por volta das 8 horas da noite e não tinha tempo
para acabar .
           Começava com drinques e com “tapas” picantes , para abrir o
apetite . Depois vinha a salada . A seguir o vinho , muito bem escolhido , que
iríamos tomar . Então aparecia o primeiro prato . Finalmente o prato principal.
Fora a sobremesa , o café e o licor para arrematar .
           Somente lá pelas 23 horas estávamos voltando para casa .
           Eles foram deitar . Eu fiquei sozinho no terraço , com uma enorme
Lua Cheia . Ela deixava o mar brilhando na cor laranja . Fiquei com saudades
do Brasil e dos amigos

          Domingo , bem cedo , sai com Lorenzo e fomos até a praia em
frente da casa .. Ficamos andando um pouco por ali . Depois resolvi voltar ,
antes que Xanda acordasse e , não vendo o filho , fosse “dar a bronca”.
Depois do almoço preparei minha roupa , fechei a mala e fiquei
esperando a hora de ir com Xavier para o aeroporto . Quando chegou o
momento Xanda nos levou . Foi difícil ter de me despedir dela e de meu neto .

          Logo o avião subiu . Fiquei com meus pensamentos .Javier dormiu .
          Eu iria ficar toda Segunda Feira em Londres . Assim tinha de ser
pois meu vôo para Jersey sairia de Londres , na Terça Feira , as 7,30 da
manhã. .
          Eu já tinha contratado um taxi , que servia Alexandra , para me
pegar as 5,30 horas . Eles eram pontuais e de confiança .
          Ao anoitecer Javier passou para me pegar . Fomos jantar com seu
Presidente . Foi muito agradável .Agradeci a gentileza do convite e me
coloquei a disposição daquele senhor para qualquer coisa no Brasil .
          Antes de dormir fiz minhas despedidas e agradecimentos ao Javier .
         Por sair muito cedo não mais iria vê-lo naquela oportunidade .
                                                              JERSEY
           Quando cheguei ao salão do Aeroporto , a primeira coisa que vi foi
um menino correndo para mim . Era Lucca que tinha crescido muito mesmo .
Alem do mais ficara muito mais bonito .
        Minha alegria foi grande em poder abraçar toda aquela parte de minha
família . Estes momentos ficam inesquecíveis .
        Dali eles me levaram para conhecer um pouco de Jersey . Seu mar e
bem azul e a ilha tem várias praias . É lugar muito bom para veleiros , pois
existem muitos . No topo de uma montanha ao lado de muitas casas na beira
do mar e de uma praia existe um grande e maravilhoso castelo chamado :
“L’Orgueil” ( O Orgulho) . A ilha é uma das regiões mais floridas que já
conheci . Tem vasos com vários tipos de flores por todos os lados.
       Jersey está localizada no Canal da Mancha , tendo ao seu lado uma ilha
irmã : Guernesey . Fica treze milhas das costas da Normandia – França .
Pertenceu aquela nação até as guerras Napoleônicas . Depois passou para a
Inglaterra . A cidade é toda cortada de estradas bem calçadas e estreitas.
Muitas delas sombreadas por grandes arvores .
      Existem várias localidades que formam pequenas vilas .
      A sua Capital é Saint Helier . Bonita , florida , cheia de lojas e de
restaurantes , onde se come peixadas maravilhosas . O interessante é que
quase todos restaurantes pertencem a portugueses que vivem na ilha . Eles
também são os donos dos principais navios de pesca de Jersey . A Ilha deve
ter mais de 10% de portugueses . Falei muito em português em Jersey .
Depois de um giro pela cidade Mark me levou para conhecer a casa de
sua mãe – Francis e seu marido Jimmy. Fica fora do perímetro urbano .Os
dois foram muitos simpáticos comigo . Por eles fui levado até meu quarto .
       Em frente da casa existe um típico pasto de Gado Jersey – originário
daquela ilha . São de cor castanha , não muito grandes e são os reis do bom
leite . O pasto não é grande , tendo 200 x 200 metros , com arvores e abrigos
para o gado . Eles recebem ração em horas certas , mas vivem soltos . Ficam
confinados apenas por uma cerca elétrica .
      Não muito longe daquela residência ficam os “Riffs”- Penhascos , de
onde é possível avistar toda a costa da Normandia . Fui vários dias andando
até lá , em companhia do Lucca . Bem no topo , lá em cima , tem uma
“Camionete- Lanchonete” onde sempre meu neto ganhava um sorvete.
      O clima da ilha é muito agradável atraindo sempre muitos turistas ,
principalmente no verão quando dobra sua população .
      Vem gente de todo mundo .
       Nos próximos dias fui conhecer os irmão de Mark , suas esposas e seus
sobrinhos . Foram todos muito simpáticos comigo .
                     Lembranças da Guerra - Algo Diferente em Jersey
       Naqueles dias em que fui conhecendo Jersey senti que existia alguma
coisa de diferente na ilha . Não gostam de ser chamados de ingleses , mesmo
porque são “britânicos” . Eles se auto denominam de “islanders”. Não
hasteiam a bandeira “Union Jack” – aquela que é azul- vermelha e branca ,
feita com listas diagonais e cruzadas . Ela que é vista em todos lugares da
Inglaterra . Hasteiam a bandeira branca com listas diagonais vermelhas
cruzadas pelo meio , que é a bandeira de Jersey.
       Conversa daqui , se pergunta dali , pega-se uma frase acolá , escutamos
fatos isolados , lemos em documentos um pouco dos acontecimentos sobre a
IIª Guerra Mundial e , subitamente, quando ligamos os fatos , acabamos por
entender as várias razões para este procedimento generalizado de prevenção
contra os ingleses . As causas foram e ainda são muitas :

1º-) Por ser Membro da “Comunidade Britânica” Jersey sempre pagou
Impostos para a Inglaterra , destinados a defesa de sua terra ;
2º-) Quando os exércitos ingleses foram batidos na França , o Governador de
Jersey inquiriu o Ministro de Defesa da Inglaterra , sobre o que seria realizado
para defender Jersey ;
3º-) Naquela semana Churchill comunica : “ Jersey não será defendida” !
4º-) Naquele mesmo dia todas as tropas inglesas estacionadas em Jersey foram
embarcadas para a Inglaterra , com todos seus armamentos ;
5º-) Sem meios de defesa o povo de Jersey sentiu-se abandonado . Os
descendentes de ingleses tentaram fugir da ilha . Alguns conseguiram .Os
demais , com os descendentes de franceses , celtas e de outras raízes , que
eram a grande maioria , não tinham para onde ir;
6º-) Os ingleses , como seria necessário pelas leis internacionais , não
comunicaram que Jersey ficará Sem Defesa e se tornara “ Cidade Aberta”. Isto
pouparia vidas e destruição . Mas era parte de sua estratégia esconder a
ocorrência . Os alemães , desconhecendo o fato , bombardeiam Saint Helier e
La Rocque , em 28 de junho ;
7º-) Somente dois dias depois do bombardeio , por causa da mortes ocorridas,
a Inglaterra ,através dos Estados Unidos que na época era neutro , comunicam
sua saida de Jersey . No mesmo dia a BBC comunica o fato para o Mundo ;
8º-) A Alemanha através de folhetos informa que desejava entrar
pacificamente em Jersey . Pedia que a resposta viesse através de bandeiras
brancas . Elas elas surgiram aos milhares de todas as janelas . Não tinham
outra opção pois estavam desarmados, desmotivados e abandonados ;
9º-) Poucos dias depois os alemães já estavam chegando a ilha pacificamente.
Parte da Grã Bretanha havia sido tomada sem luta ;
10º-) Durante 5 anos os habitantes da ilha ficam na condição de povo
invadido, com governo estrangeiro e tendo sua terra tomada ;
        Não termina com a invasão alemã os problemas de Jersey
11º-) Quando em Junho de 1.944 as tropas aliadas invadem a Normandia, Os
habitantes de Jersey ouvem o ronco dos aviões , o troar dos canhões e as luzes
das explosões durante a noite . Acreditam que em breve serão libertados .
Porem Junho se torna Julho . Logo chega Agosto . O barulho das batalhas
some de vez . Tudo foi para frente . Somente eles ficaram , sozinhos e
dominados pelos invasores ;
12º-) Com a tomada da França pelos aliados as Comunicações e o
Recebimento de Remédios e Provisões ficam muito mais difícil . Começa a
faltar remédios e medicamentos para os velhos e crianças . A Inglaterra não
permite que sejam enviados suprimentos para Jersey . Alguns remédios são
conseguidos por comandos alemães , eles que saindo de Jersey , atacam bases
aliadas durante a madrugada nas costas da França ;
13º-) Somente por muita insistência da Cruz Vermelha a Inglaterra permite
que o Navio “Vega” , com bandeira da Cruz Vermelha , leve remédios e
suprimentos essenciais para Jersey ;
14º-) O pior acontece quando a insensibilidade de Churchill determina : Não
haverá mais suprimentos para Jersey . Ele escreve em seu diário :
- “ Deixem Jersey ficar na miséria !”
15º-) A II ª Guerra Mundial termina em 6 de maio de 1.945 . Menos para os
habitantes de Jersey . Os ingleses não tomam a menor providencia no que diz
respeito a ilha . Não dão o menor sinal de vida ! Por mais incrível que pareça ,
no dia 8 de Maio os alemães e os “islanders” de Jersey ouvem juntos , na
principal Praça de Saint Helier , o “Discurso da Vitória “ de Churchill . Os
alemães pretendem se entregar , só não sabem para quem !
16º-) Somente três dias depois , em 9 de Maio , vai ser possível a rendição dos
alemães de Jersey . Os aliados a bordo do “Destroyer Buldog” , recebem
naquele dia a rendição dos generais alemães .

      Estes fatos , passados mais de 60 anos , não foram esquecidos até hoje
pelo habitantes de Jersey . Eles não falam nem reclamam diretamente , mas
com muita classe e muita firmeza sempre demonstram , até diariamente , o seu
descontentamento . É só prestar atenção :
          A-) Tudo o que existe ou aconteceu dentro de Jersey , no tempo da
ocupação alemã , que chamava a ilha de “Muralha do Atlantico”está
Perfeitamente Conservado e Organizado por duas associações . Elas se
denominam :“Chanel Islands Ocupation Society” e “Jersey War Tunnel” .
Em sua sedes existentes , ao lado de um hospital que foi cavado nas
montanhas , eles tem todos os Arquivos da Guerra feitos pelos alemães , Fotos
da Guerra na região , Documentos Alemães , Plantas da colocação dos
Armamentos Pesados , das Construções dos “Bunkers” , Relatórios sobre
Munições , Relação dos prisioneiros e muitas outras coisas de grande
importância . Assim guardados e preservados nunca o que aconteceu será
esquecido. Eles fazem história .Obs Todos os documentos que comprovam
esta minha narrativa foram conseguidos junto aquelas Associações ;
         B-) O Hospital Militar Alemão , denominado “H 8” , construído
dentro de túneis cavados na rocha de uma montanha , continua perfeitamente
preservado , mas inoperante .
            Virou com tudo que possuía Museu de Sofrimento dos Islanders.
 Lá ainda estão as mesas cirúrgicas , os laboratórios , as salas de tratamentos ,
as os uniformes de médicos e enfermeiras alemãs , as Bandeiras com a
Suástica , Fardas Nazistas e os Arquivos de Pacientes ;
         C-) Todas as construções militares edificadas pelos alemães estão
preservadas perfeitamente . Visitando os “Bunkers” , interligados por
Corredores Subterrâneos , será possível encontrar : Capacetes , Armas ,
Fardas, Bandeiras Nazistas , Quepis nazistas e dormitórios . Alem disto o que
mais impressiona são : Os Tuneis ligando os Centros de Artilharia / Canhões ,
os Trilhos para envios da munição , as Casamatas , As Torres de Observação ,
as Fortificações feitas em Concreto . Em todos locais as bandeiras com
suástica estão como foram encontradas .
         D-) O “Ingresso para Visitas” para estas diversas áreas são “Cópias
das Carteiras de Identidade dos “Islanders ” fornecidas pelos alemães , durante
a ocupação de Jersey . Todos os portadores daqueles documentos copiados
morreram na guerra . Eles continuarão a divulgar continuadamente os
sofrimentos , a fome, e todas as necessidades possíveis que passaram os
habitantes de Jersey, sem o menor apoio dos ingleses . Estiveram sós .
        E-) Tudo isto é mantido para lembrança dos ingleses e conhecimento
de turistas de muitos países . Porem mais um fato impressiona . Apesar da
língua oficial ser inglesa , todas as Ruas , Avenidas , Estradas , Praças , Locais
e Edificios Públicos possuem Nomes Franceses , escritos em Francês . Os
“islanders” fazem questão da perfeita pronuncia quando falam aqueles nomes .

                                              O Casamento de Paula
          Dois dias antes do casamento fui conhecer o Castelo onde aconteceria
o casamento . Era muito bonito , cercado por um jardim esplendido . Ali
aconteceria toda a cerimônia e o almoço . Paula e Mark ficariam no Castelo
por dois dias após a festa da cerimônia de despedida que seria ali mesmo
realizada , em Sala Especial .
         As ultimas providencias foram : A compra da roupa branca do Lucca
e a compra dos lenços e gravatas dos padrinhos .
         No dia do casamento fui com Lucca , Francis e Jimmy para o castelo .
A cerimônia seria realizada as 13,00 horas .
        Um orgão abriu a cerimônia .
        Eu levei Paula até o altar e a deixei com Mark . Ali já estavam os
padrinhos dos noivos . Lucca que levava as alianças logo depois apareceu.
Em seguida entregou as alianças para o pai . Foi muito bonito .
        Graças a Deus a cerimônia foi toda elegante e muito rápida .
         No final fiquei conversando com uma Juíza de Jersey . Convidei - a
para o almoço junto aos noivos . Ela não aceitou . Alegou outros
compromissos.
         Os convidados já estavam nas mesas comemorando . Quando cheguei
até lá fui convidado para fazer um discurso . Como não estava preparado e fui
tomado de surpresa, apenas falei das minhas dificuldades em fazer um bom
discurso em inglês .      Desejei Saúde e Felicidades aos noivos , tanto em
Inglês como em Português . Fui aplaudido . Surpresa agradável .
         No fim da tarde , depois de muitas fotografias , beijos e abraços ,
foram feitas as despedidas aos noivos . Naquele instante Paula fez o
“lançamento de seu buquet de flores” . Ela estava muito feliz .
Isto alegrava meu coração .
       Três dias depois eu estava me despedindo da minha filha , de seu
marido Mark e de meu netinho Lucca . Com eles mais Jimmy e Francis fui
levado para o aeroporto .
       Iria para Londres e de lá para o Brasil .

      Estaria com minhas filhas e meus netos ... na lembrança .
NOVO MILÊNIO - FESTAS , NETOS E COMPRAS
                                                           Edu Marcondes

50 anos de Paulistano ––Precisei de “Carro Novo” – Venda da Casa do
Morumbi – Meus Netos : Lucca e Lorenzo – Os Netinhos de Vera – A
Chegada de Minha Netinha Mia Francis .

         Todos ficavam com perspectivas de novas esperanças pois o novo
milênio estava chegando . Muitos queriam realizar muitas coisas pois que
estas coisas poderiam mudar a vida para melhor . Eram normalmente os
desejos para quando o novo século despontasse . Este novo século que estava
chegando agora , alem de ser novo, podendo trazer novas esperanças , iria
trazer com ele também todos os séculos contidos em um novo milênio . Com
mil novas oportunidades para todos .
         Isto poderia e deveria ser muito melhor para muitos
         Para mim começou com esperanças e cheio de boas surpresas .

                                Mais de Cinqüenta Anos de Paulistano -
         A boa surpresa aconteceu mesmo antes da chegada no Ano Novo e
do Milênio . A Presidência do Paulistano , na pessoa de José Manoel Castro
Santos , resolveu em boa hora, não só comemorar Um Século de CAP , como
também Homenagear todos os sócios com 50 anos ou mais de participação no
Paulistano .
         Para tanto , no dia 29 de Dezembro de 2.000 , determinou simpático
coquetel que foi realizado nos Salões Sociais do 2º andar , com a participação
de todos aqueles sócios cinqüentenários que ainda estavam vivos .
         Só não foi quem não tinha mínimas condições físicas .
         Na realidade foi uma festa para os velhos amigos , pois os sócios com
mais de 50 anos de Paulistano não eram muitos , com certeza absoluta , mas
velhos amigos , pois naquele tempo o CAP tinha um quadro social reduzido e
selecionado . Todos ao presentes se conheciam . Todos se falavam. . Todos se
confraternizavam diariamente . Foi isto que aconteceu novamente .
         Naquele coquetel reencontramos alguns antigos amigos , os quais já
não víamos por anos , entre eles Eduardo de Paula .
         Estive ao lado de Vera Lúcia tomando drinques e comemorando com
José Carlos Leal ( meu cunhado) e Marisa ( minha irmã ) , estive com Myrtes
Issa e seu cunhado Waldemar Issa , com o amigo Pamplona e senhora , com
meu companheiro de natação Eugênio Amaral , com o amigo Roberto Rudge
do tempo do internato , José Mariano Carneiro da Cunha , José Ayres Neto ,
Caio Moura , Gil Cajado de Oliveira , Eduardo de Salles Oliveira , Edson
Macedo e Eugênio “Pistinguet” Apfelbaun , Coquinho , José Manuel entre
outros tantos .
         O momento de maior emoção foi quando relembramos todos aqueles
que já se foram . Então a saudade bateu em nosso peito , com reflexos em
nossos olhos .
                                           Precisei de um “Carro Novo” –
         Logo depois de ter vendido e recebido minha parte da casa do
Morumbi , achei que estava na hora de trocar de carro . O meu Gol modelo
1995 já estava com quatro anos de uso e resolvi ir vende-lo na Feira de
Automóveis do Anhembi . Cheguei , estacionei e logo na primeira hora ele
estava vendido . Era vermelho , estava realmente bonito e em ótimo estado .
         Logo achei comprador .
         Quando estava acabando de efetuar o negócio estacionou do meu
lado um “Fusca”- Cor Prata Metálico . O carrinho não estava somente
maravilhoso mas inteiramente perfeito . Fui falar com o dono que explicou
que estava vendendo o Vokswagen pois comprara um outro ainda mais novo
que aquele . Achei que era difícil ser mais novo . Fiquei interessado .
         Ele mostrava a pintura perfeita , sem o mínimo arranhão. Por dentro
todo estofamento de couro e tapetes praticamente novos . Quando o motor
1.600 foi ligado o ronco demonstrava a sua qualidade. Um carburador.
Cambio e suspensão estavam perfeitos . Procurei mas não achei a menor
ferrugem . Tinha os paralamas traseiros com faróis grandes – tipo “Fafá de
Belém” . Os frisos e todos cromados impecáveis . Rodas e pneus novos . O
modelo era 1.976 mas estava tão impecável como um carro “O Km” e
chamava muita atenção .
          Achei que se aquele carro tinha rodado 25 anos e estava naquele
estado maravilhoso , com cuidado que dou aos meus carros , ele rodaria mais
25 anos . Assim , o que era importante : - eu nunca mais precisaria mais
pensar em trocar de automóvel . Aquele “ Fusca” seria sempre um “Carro
Novo” para mim .
          O preço foi um pouco salgado . Um outro do mesmo ano custaria
metade do que eu estava pagando . Mesmo assim comprei aquele “Carro
Novo” . Neste momento chegou o outro Fusca do vendedor . Veio com seu
filho . Não só era mais novo . Era praticamente zero quilometro .
          Antes de ir embora para casa já tinha muita gente olhando e fazendo
ofertas pelo carrinho . Poderia ter ganho 15% naquela mesma hora .
         Na Segunda Feira fui buscar o meu “ Fusca ” . Sai com ele todo
orgulhoso . Em todo lugar que parava tinha gente olhando para o carrinho .
Estou com ele desde o final de 1.999. Só tenho alegrias . Não dá dor
de cabeça, nem manutenção . O único problema é gasolina falsificada ,
misturada com “solvente”, que pode detonar o motor do “bichinho” .
         Até hoje quando estaciono em algum lugar tem gente olhando e
paquerando o “Capitão” . Este é o apelido que dei para ele .
         PS- Não posso mais vender o “Capitão” .
         Meu netinho Lorenzo , que nasceu em 2003 , agora com 6 anos , viu
e andou no carrinho . Adorou o “Capitaõ” . Pediu e eu o dei a ele . Mostrava
felicidade até no olhar . Depois disse :      “Quando crescer vou levar o
“Capitão” para a Europa comigo”

                                            Venda da Casa do Morumbi –
          Aconteceu assim : Uma noite de Novembro de 1.999 , Paula ligou de
Singapura e deu duas noticias maravilhosas . Primeira : Estava gravida de um
menino que iria nascer em Junho próximo . Fiquei radiante . A noticia do
nascimento de um neto é coisa maravilhosa . É a continuação de uma família ,
sem duvida alguma . Paula prometeu que viria ao Brasil meses depois do
nascimento da criança . Prometeu ainda que estaria mandando muitas fotos .
         A outra noticia foi que : Depois de muita luta sua mãe concordara
com a venda da nossa casa do Morumbi . Paula já tinha arranjado um
advogado , que também era seu procurador , para tratar da papelada , posto
que já existia um comprador . O advogado era necessário , uma vez que sua
mãe deixara de pagar impostos da casa junto a Prefeitura e o comprador
queria comprar o imóvel para ser comercial .
         Assim passou o telefone do seu advogado – Dr. Júlio .
         No outro dia falei com ele . Depois fui procurado para últimos ajustes
e ficamos praticamente acertados quanto a venda do imóvel .
          Duas Semanas depois foi marcada a escritura de venda à vista .
Compareci e recebi minha parte . Não foi o melhor preço .
         Entretanto o imóvel fora definitivamente vendido . Doze ( 12 ) anos
depois do que deveria ter ocorrido .
         Como dinheiro não pode ficar parado , fui procurar pequenos
apartamentos para comprar . Eles seriam locados e dariam uma receita mensal.
         Comprei pequenos apartamentos em São Paulo . Eles são mais fáceis
de alugar e quando um fica vago os demais ainda dão renda . Um só não é
seguro , por maior ou melhor que seja . Se o inquilino falhar é preciso pagar
condomínio e impostos . Não entra renda renda alguma . Com vários ,
mesmo um falhando , os outros cobrem as despesas . Eles são aptos com dois
quartos , sala , copa / cozinha banheiro e vaga de garagem . Alguns tem jardim
e salão de festas .
Com eles , mais o apartamento da Av. Angélica , as meninas poderão
ficar com bons apartamentos para cada uma . Acho que darão uma boa ajuda.
         A outra parte do dinheiro foi aplicado no Banco Itaú . Ainda estava
procurando mais um apartamento .

                                                     Nascimento do Lucca
          No dia consagrado para Santo Antônio , 13 de Junho de 2.002,
nasceu meu primeiro neto , na cidade de Singapura , filho de Mark Browning
e de minha filha Paula. Recebeu por isto mesmo o nome de Antony Lucca
Marcondes Browning . Antony por que nasceu no dia de Santo Antonio e
Lucca por que foi gerado naquela cidade italiana .
          Todo o seu nascimento foi fotografado . Depois disto ele vai aparecer
em fotos com a mãe , o pai e o médico . Nasceu bem comprido , parecia mais
o “Pernalonga”. Realmente do lado físico muito se parece com o pai
          A primeira vez que consegui pega-lo deu até tremedeira . Pegar no
colo o primeiro neto é uma responsabilidade grande . Na ocasião ele estava
bem gorduchinho e grande . Era seu batismo aqui em São Paulo .
          Quando estava com quase 3 anos passei 10 dias com ele em Jersey ,
na casa dos avós paternos . Gostava de passear comigo , indo até os penhascos
que avistam a França . Depois , ele ficava vendo o vôo das gaivotas .
          Ate´ hoje não parou de crescer . Puxou o pai que é bem alto . Com
quatro anos usa roupa de sete . Está mesmo enorme . Gosta de brincar comigo
e tem loucura por automóveis pequeninos . Tem ganho uma coleção .
          Somente uma vez temi por ele antes de tudo mais . Foi quando
estivemos juntos em Sry Lanka . Então aconteceu o “Tsunami” . Ele era
minha preocupação em caso da necessidade de salvamento . Hoje já esta
falando razoavelmente bem o português . O que dificulta são as babás que só
sabem falar inglês . Mas seu inglês é perfeito . Assim o esforço dele para
apreender outra língua é bem maior do que qualquer outra criança . Mas a mãe
insiste e ele luta para falar nossa língua . Nota : Com um sotaque todo seu ...
muito gostoso .
          Tem ótimo coração e apesar de ser muito mais forte que qualquer
outro menino nunca os agride . Quando muito os afasta carinhosamente . O
que não pode acontecer é deixa-lo bravo . Então sai de perto ...!
          É um menino bonito , com olhos e cabelos castanhos claros , que vai
virar um moço muito charmoso .
          Adoro este meu neto . É continuação da minha vida .
Nascimento de Lorenzo -
         Um ano e um mês depois do nascimento de Lucca veio ao mundo
meu segundo neto . Grande alegria ! Iria se chamar Lorenzo . Alexandra me
avisou que esperava um bebe quando do batizado do meu outro neto – Lucca .
Avisou que o parto poderia ser induzido e Lorenzo nasceria no dia do
aniversário do pai – Javier . Foi o que aconteceu em 11 de julho .
         Um ano e meio depois de seu nascimento ele veio para São Paulo .
Adorei ver aquele moléquinho . Era antes de mais nada determinadamente
risonho e simpático . Ria quando gostava das pessoas . Nunca sem razão
menor. Tinha e tem olhos extremamente vivos , demonstrando desde cedo
muita inteligência . Gostava de brincadeiras . O dia que ficou comigo e com
Vera foi ao Paulistano e já brincava em vários tipos de brinquedos e balanços
para crianças de idade mais avançada . Não tinha medo . Ele os adora .
         A segunda vez que estive mais tempo com ele foi em Menorca , onde
passei duas semanas na casa dos pais . Ele já estava com mais de dois anos e
gostava de uma farra ou uma brincadeira . Estava sempre alegre . Brigava e
chorava quando a mãe saia de carro sem leva-lo . Da mesma forma quando era
para sair do carro, pois queria ficar dentro dele , pegando a direção e fingindo
que estava guiando .
         Adorava passear de lancha com o pai . Já naquele tempo , com dois
anos , falava muito bem . Fazia um esparramo para comer e era necessário
passar um vídeo do peixinho “Nemo”, que ele gosta , para poder distrai-lo e
dar comida na boca . Achei aquilo errado, pois comer deve ser um ato natural.
Deve ser feito junto a família .
         Falei com a Xanda . Compramos um cadeirão . Colocamos junto a
mesa da casa . Ele então comia comigo e com os pais , com a colher na
própria mão . Comia fazendo um pouco de sujeira ( na realidade muita ) ...
mas comia sem chorar e sem precisar ficar olhando nada .
         A ultima vez que esteve em São Paulo impressionou todos muito
bem. . Agora , com apenas pouco mais de 3 anos , fala perfeitamente três
línguas . Inglês por que a Xanda só fala com ele nesta língua . Alem do mais
como agora eles estão morando em Londres , fala e apreende o idioma inglês
na escola maternal . Fala o português pois todo dia fica e conversa com Maria
sua babá .Ela é brasileira . Espanhol fala com o pai , pois que ele assim exige.
O que é bom . Dentro em pouco estarão voltando para a Espanha . Será
trilingüe perfeito . Falando três línguas sem sotaque .
         Quando aqui esteve pela última vez , durante um almoço no
Paulistano , contou que tem uma namorada que se chama “Gabi ... Gabriela” .
Xanda disse que na escola ele é extremamente paquerado por todas
menininhas . O bichinho é malandro , mas quando perguntado responde que
gosta só de Gabi... Gabriela . Seu bicho favorito é um peixe chamado
“Nemo.” Por isto mesmo ficou todo feliz quando lhe dei um “abat-jour”
eletrônico , onde os peixinhos estão com Nemo e parecem nadar . Gosta de
ficar olhando antes de dormir .
         Aquele meu neto me faz lembrar de um “Edu Moleque” . É outra
continuidade de minha vida . Mexe com meu coração .

                                                          Os Netos de Vera
          Vieram um pouco depois dos meus . Foi muito bom , pois até pouco
tempo eu considerava que tinha 4 netos , dois diretos e dois indiretos . Agora
tenho mais dois ... Pedro , filho de Antonio Paulo , e João Paulo filhode Paulo
Henrique . Em seguida chegou Mia Francis Marcondes Browning , depois a
Gabriella do Antonio Paulo . Esta última é especial . Uma espoleta ,
bonitinha , mandona que a todos cativa com sua maneira de ser .
          -                       Mia Francis – Minha Querida Netinha –
          Não seria possível começar este novo século sem a chegada de uma
menininha na família . Paula me contou que durante a sua gestação ela sempre
foi uma nenezinha muito calma . Nasceu em 2.005
          Hoje , como sempre , continua muito tranqüila .
          Nasceu de parto normal lá em Seul – Coréia , onde segundo minha
filha não é o melhor lugar para se ter filhos . Isto pelas condições rígidas que
lá são impostas pela medicina . Ali a mãe sempre vai sofrer as dores de um
parto normal . Cesariana só mesmo em último caso .
          Mia nasceu comprida , com quase 51 centímetros . Puxou a família
britânica de sua avó Francis . Vai ser bem alta .
          Alem do mais tem semelhança e todo jeito daquela sua avó .
          Ainda está com pouco cabelo que pelo jeito vai ser castanho escuro .
Tem o narizinho arrebitado e parece mesmo com aquelas antigas bonequinhas
de porcelana , com a pele muito clarinha . Dá vontade de morder ...
          Para mim tem a coisa mais gostosa de beijar : duas bochechas rosadas
e bem formadas . É muito alegre e gosta de dançar no colo da gente . Quando
aparece um desenho na TV o tempo para . Fica olhando fixamente para a
telinha . Qualquer barulho mais forte no filme ela assusta .
          Nunca chora praticamente , nem mesmo para mamar . Se está com
fome fica resmungando todo tempo até receber sua mamadeira .
          Mia é o complemento que faltava para a minha pequena família .
          Deus que a abençoe . Sempre .

         .
VIAGENS COM VERA - PAULA E ALEXANDRA

                                                          Edu Marcondes

                                                  Conhecendo Europa e Ásia
           Desde meados de 2002 eu havia combinado , com minha filha Paula
e seu marido Mark , que iríamos passar o Natal e Ano Novo com eles em
Hong Kong . Já estava com muitas saudades dos dois e principalmente de meu
netinho Lucca . Alem do mais estava morrendo de vontade de conhecer coisas
da China , onde eles estavam vivendo , em Hong Kong .
            Mark ali trabalhava dirigindo uma Empresa de Investimentos .
           Quando chegou Setembro , Paula telefonou confirmando que
esperava por mim e por Vera . Ela havia passado as férias de Junho no
apartamento de Vera , aproveitando para ir até sua fazenda em Sorocaba .
Lucca gostara de tudo, principalmente de andar à cavalo . Tirou até fotos
montado em um grande cavalo , porem já velhinho ...
           Fui então atrás da “Air France” , pois minha pesquisa de preços
indicava ser a melhor .. . O roteiro era simples : São Paulo - Paris - Hong
Kong (ida e volta) .
           Quando estava tudo acertado e as passagens já compradas recebi um
telefonema da filha Alexandra . Estava indignada . Soube da nossa viagem
pela tia Marisa . Queria saber como é que eu iria para a França e não chegava
até Madrid , pelo menos para ver o neto Lorenzo . Argumentava que a
distancia era pouca . Uma hora de vôo . Nesta altura Javier entrou na
conversa telefônica . Foi dizendo que a passagem de Paris para Madrid
correria por sua conta . Assim fui intimado para ir para Espanha .
           Respondi que ia conversar com a “Air France” e voltaria falar com
eles o mais rapido possível .
           Liguei imediatamente para a companhia aérea francesa . Para
surpresa minha fui informado que a viagem de Paris para Madrid seria cortesia
da própria Air France . A única coisa necessária foi remarcar datas e horários
das passagens , o que foi realizado sem problemas . Iria agora passar 70 dias
fora . O Roteiro mudou para : S. Paulo – Paris – Madrid – Paris – Hong Kong
( ida e volta) .
           Quando retornei a ligação para Alexandra foi só alegria . Recebi
seu novo endereço e deixei tudo combinado . Agora iríamos passar os 4 dias
em Paris e depois nosso destino seria Madrid , onde ficaríamos 10 dias ,
conforme Alexandra desejava . A China viria depois . Vera Lúcia quando
soube da história gostou e muito . Sempre estava disposta para viajar .
– Paris -
          No dia 28 de Outubro fomos para Paris em um vôo muito tranqüilo .
Ali já tínhamos reservas no “Hotel du Dragon” , que ficava na “Rue du
Dragon” , em “Saint Germain ” . A indicação era da nossa querida amiga
Loélia lá do Paulistano . Não era muito dispendioso e ficava em ótimo local.
Logo em frente havia morado Victor Hugo . Ao lado uma “boulangerie” onde
todas as manhas fazíamos nosso desjejum com estudantes da Sorbonne .
          Chegamos pela manhã e estávamos descansados , pois dormimos
muito bem no avião . Resolvemos sair passeando , apesar de um frio de quase
zero graus ! Saímos a pé , de Saint German na direção do Rio Sena . Fomos
parando em todos os lugares que gostávamos . Tirando fotos .
           No caminho percebi que o nariz de Vera estava ficando vermelho
de frio . Alem do mais ela estava com dificuldades para respirar com o ar
muito gelado . Estava colocando um lencinho em frente ao rosto para
enfrentar o frio . Não reclamava nada .
          Continuamos andando até encontrarmos a Igreja de “Notre Dame” .
Vera nem pensou e foi entrando para fugir daquele tempo gelado . Passei a
mão por sua cabeça e senti que seus cabelos também estavam muito frios .
          Visitamos a Notre Dame em todos seus principais detalhes .
Entendo que existem igrejas menos famosas , que são mais bonitas .
Entretanto , ali naquela igreja , vale muito mais a Historia que a envolve .
          Na saída , antes do almoço , vi , em uma lojinha francesa , chapéus
femininos de feltro para o inverno . Vi também mantilhas , de seda com
cashemere . Tudo muito chique , simples e bonito . Não tive duvidas . Levei
Vera até lá e ela ganhou seus primeiros presentes na Europa . Um chapéu de
feltro combinando com seu casaco e uma mantilha macia que ela achou linda .
Ficou bonita e elegante com a mantilha envolvendo pescoço e rosto . O
chapeuzinho ficou na cabeça desde o momento em que ela o experimentou .
          Depois disto fomos almoçar no Restaurante “Quasimodo” . Tem
este nome pois fica ao lado da “Notre Dame” . “Quasimodo” era o tal
“corcunda” que vivia na igreja e que salvou a cigana Esmeralda !
          Ali a comida era simples ( para comida francesa ) mas bem gostosa .
          Com Vera devidamente agasalhada tivemos coragem para continuar
andando pelas margens do Sena , vendo e conhecendo as belezas do lugar e
os artistas pintores parisienses . Depois , quando sentimos que poderia
rapidamente escurecer , fomos de volta para o Hotel Dragon em Saint
German. No caminho paramos no maravilhoso supermercado “Bom Marché”.
Compramos frutas , suco de laranja , pães de vários tipos , queijos e frios .
          Durante a noite fizemos gostoso “pic-nic” em frente da televisão .
          Ficamos assistindo a opera “Carmen” , em ótima apresentação.
No outro dia nossa dedicação total foi para Museus . Pela manhã
direto para o “D’orsay”, onde também almoçamos no seu simpático
restaurante . A comida estava maravilhosa ( com todas as letras ) . Por isto
mesmo nossa visita ao “Louvre” não foi nem a mais demorada , nem a mais
instrutiva . Como deveria ser naquele dia . Mas valeu . Depois de um grande
almoço não é possível visitar museus . Voltamos na manhã do outro dia.
           Naquela noite resolvemos repetir o “pic-nic” em frente da televisão
           Antes de dormir combinamos passeio por toda Paris no conhecido
Ônibus Turístico . Você pode tomar e descer em qualquer lugar . Depois com
a mesma passagem continuará percorrendo a cidade .
           Logo cedo pegamos o tal “vermelhinho” e ficamos girando e
parando por toda Paris . Nem almoçamos . Em muitos lugares , por onde
parávamos , fomos tomando pequenos lanches . Deliciosos .
            A noite fomos passear por Saint German . O frio estava demais e
depois de alguns quarteirões entramos em um “Café Parisiense” para tomar o
chá mais caro do mundo . Muito ruim . Frio por frio , foi melhor andar pela
rua gelada e voltar para o hotel .
           Naquela noite ficamos lembrando da pequena “Boulangerie” onde
todas as manhãs vínhamos tomando desjejuns magníficos . Ele ficava quase
em frente do nosso hotel .
           Não deu outra . Na manhã de nossa partida fomos para lá bem cedo,
tomar o gostoso café matinal naquela “Boulangerie du Dragon” ( este era o
nome , se não me engano ) . Desta vez foi sem pressa , bem demorado ,
saboreando inclusive aquela deliciosa tortinha de morangos .
           Quando estávamos saindo vimos o taxi chegando . Bem na hora
combinada . Pegou as nossas malas e pronto .
           Fomos diretamente para o aeroporto . Era um dia nacional qualquer.
No caminho encontramos ruas cheias de soldados bem uniformizados e
cavalos bonitos . Bandeiras tricolores hasteadas em vários locais .
                                                                 Madrid
            Já dentro do avião , a caminho de Madrid , fiquei desejando que lá
poderia estar um pouco mais quente . Logo depois a televisão de bordo ,
fixada na poltrona da frente , contava que o frio era praticamente o mesmo que
aquele de Paris . Quando saímos do avião o frio foi confirmado .
           No carro que nos levava para a casa de Alexandra tive oportunidade
de ver como Madrid estava realmente linda . As ruas largas , muito limpas e
bem arborizadas . O transito funcionando ! Lindas estatuas , Grandes Arcos e
muitas Fontes em quase todas as avenidas . Não se andava muito para
encontrar um Parque , com todo aquele verde bem majestoso .
Os prédios públicos , muito bem conservados , sempre tinham um
bonito jardim em frente . Madrid marca muito por ser bem arrumada em todos
detalhes . Rapidamente já estávamos no Bairro da Xanda .
           Chegamos . “Calle de los Alhelies” . A casa de Xanda e Javier tem
jardim em dois lados , pois é de esquina . Mal tocamos a campainha e a
cachorrada já ficou latindo .
           Xanda junto com Lorenzo vieram correndo abrir o portão .
           Foram muitos beijos e abraços no meio daqueles dois “Poodles”
que não paravam de latir . Queriam nossa atenção . “Delon” é um velho cão
conhecido meu , mas a cachorrinha “Lana” era novidade .
           Fomos entrando levando as malas . As empregadas ajudaram ,
apesar dos “poodles” se enfiarem entre nossas pernas , gerando alegria e
confusão ao mesmo tempo .
           A casa , apesar de ser grande , possui apenas dois quartos . Por isto
mesmo ficamos hospedados no pequeno pavilhão existente junto ao pátio
interno, ao lado da piscina . A suite nele existente é bem pequena mas tem
inclusive ar condicionado . Ali no verão deve ser muito gostoso , pois depois
de um banho de piscina se pode dormir logo ao lado . No inverno facilita o
aconchego de duas pessoas . Tudo ali é apertadinho .
           Esperamos Javier . Depois dos abraços e entrega dos presentes,
fomos com ele jantar em um restaurante típico da Galícia . Muito gostoso .
Para variar , ele que gosta de vinho , encomendou um tinto especial . Naquela
noite dormi quentinho e feliz .
           No outro dia , um Domingo , Javier nos mostrou toda a cidade
dando um giro em Madrid com seu carro . Fiquei impressionado com a beleza
e conservação de todos prédios governamentais .
           Apesar de alguns pequenos ataques de malcriação , Xanda foi ótima
cicerone . Estranhei , pois ela sempre foi ao mesmo tempo meiga e briguenta .
Malcriada nunca . Mesmo assim , em todos aqueles dias , nos levou para
conhecermos muitas coisas .
           Fomos ao maravilhoso Palácio Real . Passeamos em seus jardins e
entramos em sua catedral . Fomos a antiga Estação “ La Tocha” ( não guardei
o nome direito ) onde almoçamos , tendo em volta seus maravilhosos jardins
de inverno , cheio de plantas tropicais .
           Atendemos gentil convite da senhora mãe de Javier . Xanda nos
levou e nos apresentou . Depois ficamos para comer um cosido típico
espanhol em seu apartamento . Divino e maravilhoso .
           No outro dia ela nos levou para ver as lojas . Eu acabei ganhando
uma japona de inverno e Vera uma casaco comprido . Depois fomos conhecer
uma Arena de Touros , onde a estatuária é espetacular . Todo lugar e
magnifico . No final da tarde tomamos lanche em uma Cafeteria onde Javier
também é sócio . Lorenzo aproveitou para se divertir naquele lugar .
                                                                   Toledo –
           O dia seguinte foi tirado para conhecermos a cidade de Toledo .
Fica apenas uma hora de carro de Madrid . Ir para aquele lugar é realizar uma
volta ao passado medieval . Todas as construções tem séculos . Castelos,
Muralhas e suas ameias , Torreões fortificados , Pontes elevadíças , Mansões
centenárias , Arcos e Portais magníficos .
           Tudo está perfeitamente conservado. Tudo ali é muito lindo ,
principalmente sua Catedral com mais de oito séculos de existência . As ruas
tortuosas , continuam da mesma forma como foram construídas . Apenas por
ali , sem destoar a arquitetura, encontramos ótimos restaurantes e muitas
lojas. . Adorei aquele passeio , principalmente por que fomos com Lorenzo
meu netinho .
                                                                  Escorial
         -Não poderíamos deixar de conhecer o “El Escorial” . Vera e eu
tiramos um dia para visitarmos aquela famosa construção . Saímos bem cedo
para a Estação indicada . Fomos tomar o trem para chegar a cidadezinha que
fica uma hora de Madrid . Está situada no topo de uma montanha .
           A viagem é maravilhosa , pois o trem tem dois andares e
espetacular janelas panorâmicas . Alem do que corre quase 200 km. por hora .
           A primeira visão Del Escorial , depois que você sobe a montanha ,
mexe com seus sentimentos . Aquela imensa construção de pedras é realmente
imponente . Foi construída por ordem de Felipe II , na época o maior
imperador do mundo . Tudo ali foi realizado pelos maiores artistas da época ,
inclusive com obras de “El Greco” , muitas das quais encontram-se atualmente
do Museu do Prado – Madrid . Toda a parte de madeiras é da maior qualidade
já vista . Existe uma Sala chamada “Das Batalhas” onde as maiores vitórias
militares de Felipe II são demonstradas em afrescos , pintados em parede de
50 metros de comprimento . É impossível visitar Espanha e não conhecer El
Escorial . Logo depois de sua saída , descendo a encosta da montanha , em um
caminho coberto por lindas arvores centenárias , você encontrará o
maravilhoso “Palácio do Príncipe das Asturias” .
           Bem , se os dias foram movimentados , imagine as noites .
           O único dia que jantamos em casa foi quando Vera , Javier e Xanda
se comprometeram cozinhar uma feijoada para os irmãos , irmãs , cunhados ,
cunhadas e amigos da família , sem saber se encontrariam as coisas ,
condimentos e pertences para feijoada . Nem sei direito como Vera conseguiu
e fez . Saiu uma feijoada estilizada , mas saiu . Agradou a todos e ela ganhou
presente. da irmã do Javier . Foi feijoada alegre . Caipirinha não faltou .
Em outra noite fomos ao futebol ver o Real Madrid no Estádio
Santiago Barnabeu . Dois dias depois fomos ao “Circo Du Soleil” . Aquelas
noites e nas outras demais fomos jantar fora , sempre com familiares ou
amigos de Javier , tomando vinho como ele gosta . Dos melhores e mais
finos. Sempre espanhóis . Vera e eu íamos dormir quentinhos !
           Lorenzo estava muito alegre e se divertia com os cachorrinhos .
           Aquela seria a última manhã que eu brincaria com meu neto naquela
viagem . Esperei Vera chegar para um passeio a pé . Dei um beijo nele e em
Xanda . Fomos no caminho do centro da cidade . Achei um Correio .
           Coloquei todos os cartões postais para os amigos do Paulistano .
Logo adiante Vera encontrou uma loja onde comprou uma caixinha de música
em forma de carrossel .
           Depois , quando chegamos mais adiante , em uma praça ampla
conseguiu três mantilhas para levar de presente .
           Na volta para casa de Xanda eu já estava com saudades de minha
filha, de Lorenzo e de Javier . Também de tudo e de todos . E da Espanha.
           No fim da tarde : Despedidas e caminho do Aeroporto .

                               CHINA : HONG KONG – LANTAU - MACAU
           - Hong Kong– A noite , quando entrei no avião , fui lembrando que
naquele vôo teríamos de enfrentar quase 13 horas horas de viagem sem
escalas. Uma viagem difícil ! Mesmo viajando pela Air France .
            Havia falado em dias anteriores com Paula , dando o numero do
vôo e a hora prevista para chegada . Estávamos combinados que ela estaria
nos esperando no aeroporto . Chegar sozinho em Hong Kong , sem falar
chinês , não dava muita confiança . Em caso de desencontro , como última
saída , tinha em mãos o endereço de sua casa .
           Finalmente chegamos . Mais mortos que vivos . Na saída ficamos
analisando aquele espetacular aeroporto . E encontramos dificuldades com o
primeiro encontro com desconhecidas modernidades . Para que lado
deveríamos tomar o “Metro Interno do Aeroporto” para chegar até a saída?
Resolvemos seguir a maioria . Deu certo no começo . Depois encontramos
duas sadias A e B . Em qual Paula estaria esperando ?
           Resolvemos que Vera iria pela A e eu pela B . Também deu certo ,
pois logo depois Lucca , apesar de seus tres anos , reconheceu Vera e correu
para seu colo . Foi ganhando beijos . Em seguida Mark e Cora já estavam ao
seu lado . Foram me buscar logo depois. Então fui eu que ganhei beijos e
abraços . Com meu netinho Lucca agora em meu colo .
            E Paula ? Onde estava ?
Mark explicou que ela estava dando treinamento em Singapura e
que não deu para chegar em tempo . Estava vindo para Hong Kong .
          No caminho para casa , Mark nos foi mostrando a cidade .
Passamos pela ponte mais extensa do planeta , logo depois do aeroporto .
Hong Kong é sem duvida a mais moderna cidade do Mundo . Em tudo e por
tudo . É muito bonita em sua topografia . Parece o Rio de Janeiro , com
montanhas , praias , mar , baías e muito verde . Alem do mais contem o maior
numero de arranha –céus por metro quadrado do mundo . São prédios
enormes, sempre com mais de 50 andares , em sua média . Cada um tentando
ser mais arrojado que o outro na arquitetura .
          Ali todos os taxis são da mesma marca e tem cor vermelha e preto ,
fácil de identificar . O transito funciona perfeitamente , apesar das várias
linhas de bondes com 2 andares e dos muitos ônibus com ar condicionado,
saindo para todas direções . Tudo é muito limpo e cheio de jardins .
          Mark foi explicando que agora a higiene é meta de todos
governantes chineses . Nisto Hong Kong ainda está na frente de outras cidades
da China . O Governo para tanto , como já aconteceu antigamente nos Estados
Unidos e países da Europa , multa até quem cuspir no chão .
          Tudo em Hong Kong deve ser sempre o mais moderno existente .
Por muitas razões e princípios de mercadologia , bem como por fatores
relativos aos custos , quase todas as grandes industrias mundiais e/ou
empresas com muita importância internacional tem sede ou filial na cidade .
          Hoje ela já voltou a fazer parte integrante da China . Entretanto ,
continua com Administração Especial , até os próximos 2 anos .
          Ali é o local onde mais encontramos os carros mais caros do mundo:
Bentley , Rolls Royce , Ferrari , Porche , Lanborguine . Eles passam por você
a toda hora . O chinês rico adora ser “snobe”. Discretamente ...

          Chegamos ao apto de Paula /Mark . Fica no alto de uma colina ,
com espetacular vista para a praia e para a baia . Fiquei conhecendo a outra
babá do Lucca - Dália . Também a gatinha “Natasha”. Ela é muito linda da
raça “ Blue Russian” . Apesar de mansinha Lucca não gosta dela . Fica longe .
Acho que puxou o seu rabo e foi arranhado .
          Paula chegou quando já estávamos indo dormir . Foi uma festa no
nosso quarto , com Lucca fazendo a maior bagunça . Nota : Aquela “bagunça”
virou tradicional . Todo tempo em que estivemos em Hong Kong , em todas as
noites , Lucca ia para nossa cama e fazíamos barracas com os lençóis , lógico
com ele lá em baixo fazendo folia . Até hoje ele lembra .
          No outro dia , Sábado , Paula convidou para andarmos nas
montanhas . Calcei um mocassino leve e fomos com ela ,Vera e Mark .
Acontece que “andar na montanha era escalar montanha” . Com aquele sapato
derrapando e saindo do pé não conseguiria escalar nem uma mureta ... quanto
mais uma montanha . Paramos de subir e fomos andar por uma estradinha em
cima das montanhas , vendo de um lado os lagos artificiais que existem nas
montanhas de Hong Kong ( São reservas de água doce ,formadas pelas chuvas
e pequenos córregos perfeitamente guardadas ) , e do outro lado o mar .
           Andamos até chegarmos em uma pequena localidade chamada
“Stanley” . Ali é o bairro “Paraíso do Turista” . Você poderá comprar tudo :
tênis , eletro domesticos , roupas , perfumes , pinturas e até pérolas . Lembro
que voltamos depois para lá mais uma vez . Compramos muitas coisas .
Vera levou lindo conjunto de pérolas negras . Em outro dia , com Paula e
Mark , ganhei um tênis e uma calça curta . Adorei , mas deixei claro que : -
“sem tênis ou com tênis não iria mais escalar montanhas” . Os meus 72 anos
estavam pesando muito para escalar !...
           Aqueles primeiros dias em Hong Kong foram muito agradáveis . De
manhã eu saia com Vera para passear pelas praias . Andávamos por duas
horas. .O inverno ali é muito suave . Pelas tardes conhecíamos locais de Hong
Kong . Em uma delas fomos até o “Centro Velho” onde Vera adquiriu sedas
puras muito bonitas . Fomos e voltamos de bonde. De dois andares !
            As noites quase sempre tínhamos reuniões em casas dos amigos e
amigas de Paula e Mark . Lembro que a vizinha de Paula , chamada Andréa ,
uma brasileira bonita e simpática , casada com um filho de inglês com
portuguesa , nos convidou para um jantar brasileiro . Foi muito gostoso ,
principalmente pelo carinho demonstrado para outros brasileiros . Outra que
nos tratou maravilhosamente foi a amiga de Paula . Ela se chama Emac , é
grega e estava com uma filhinha nova . No final , quando de nossa volta,
ganhei um “OlhoGrego”, destinado a espantar o “mal olhado” .
           Quando estávamos sem convite então íamos jantar fora . Mark foi
sempre muito gentil nos convidando . Pela primeira vez tomei vinho da Nova
Zelândia . Muito Bom ! Vera também tomou e gostou .

                                                         China – Lantau –
           De acordo com informações de um livro sobre turismo na China ,
achei que seria um bom passeio visitar a ilha de Lantau . Falei com Mark e
ele me confirmou que valeria a pena ir até a ilha , pois o lugar é muito lindo ,
místico e possui o maior Buda fundido em bronze do mundo .
           A ida poderia ser feita em Lanchas Especiais – Catamarans . Eram
enormes , parecendo mini navios , super rápidas e em uma hora estaríamos lá
na ilha . Falei com Vera e resolvemos ir até lá no dia seguinte .
Bem cedo Mark nos levou até o Embarcadouro para Lantau . Tudo
muito fácil . Em 10 minutos já havíamos pago as passagens e já estávamos a
bordo , esperando a partida . Nem sentimos quando a lancha partiu . Foi muito
suave mas rapidamente alcançava espantosa velocidade , sem trepidar . Pude
então reparar que internamente ela mais parecia um avião , com televisão , bar
a bordo , cadeiras giratórias e muito mais coisas . Fomos comentando o que
víamos e reparando as paisagens passando rapidamente . Quando demos conta
estávamos atracando no cais de Lantau .
            Um ônibus de turismo nos levou até o topo da montanha . Levou
quase uma hora , pois o caminho é difícil , costeando a montanha em estrada
estreita . Subimos do nível do mar até 1.000 metros de altura .
            La de cima , em um platô , a vista é incrível . Os aviões que vão
para Macau ou Hong Kong passam mais baixo do que o ponto onde você está .
Você vê o avião olhando para baixo . A vista sempre atinge no mínimo 180
graus . Você verá então quase todas pequenas ilhas daquela região .
            Marca muito aquele local uma melodia suave que vai tocando
sempre , por toda parte . É mística . Ela parece combinar com a brisa suave
que por ali persiste . O mais importante : De qualquer lado que você olhar para
cima verá sempre o enorme Buda de bronze . Ele toma conta da paisagem. .
            O problema é chegar até ele , que fica no topo de um morro , que
tem uma escadaria com 1.000 degraus . Combinei com Vera que subiria
parando em duas etapas . Não deu . Fui obrigado parar cinco vezes para tomar
fôlego e chegar ao Buda de Bronze . Para se ter idéia de seu tamanho vou
lembrar que em sua base existe um museu , relatando a forma de sua
existência e construção , bem como loja de artigos religiosos .
            Tão difícil como subir é descer de volta . No meio do caminho a
perna fica bamba e você é obrigado a parar e refrescar as pernas que já
ferveram ...
            Quando chegamos respiramos um pouco , descansamos as pernas e
fomos almoçar . O bilhete que você compra para ver o Buda dá direito ao
almoço . Por sinal bom . Voltei dormindo no ônibus , depois no barco .

                                                       Macau- China
          Com base no sucesso da primeira viagem de lancha resolvemos
realizar nossa ida para Macau . A viagem seria um pouco mais longa , com
hora e meia . Dois dias depois já estávamos a caminho . O barco era ainda
maior e ainda mais rapido . Alem do mais aquele tinha dois andares. Fomos
na parte de cima para ver melhor , pois a vista do mar e da região é bonita .
Como sempre naqueles barcos a viagem foi maravilhosa .
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01.aleguá ...guá ...guá...

  • 1. ALEGUÁ ... GUÁ ...GUÁ PAULISTANO ! Com o tempo nossas lembranças vão pouco a pouco esmaecendo e , devagarzinho... bem devagarzinho , começam a desaparecer. Existem muitas horas de viver e sentir agitar as coisas da vida . Existem apenas poucos momentos para lembra-las . Mesmo porque , quando realmente a velhice chegar, não teremos certeza que a memória estará em condições para realmente lembrar todos aqueles bons ou maus momentos vividos . Assim sendo , neste relato estarei contando , além de fatos de minha vida , estórias e casos , ocorridos comigo e com nossos companheiros do Club Athletico Paulistano . Eles , todos meus amigos , foram e traduzem , desde minha infância , uma convivência muito feliz em minha vida . Muitos casos são alegres . Alguns tristes . Será na realidade , dentro deste meu relato e antes de mais nada , minha homenagem para os amigos que já nos deixaram . Eles farão sempre parte da nossa “Turma do Paulistano” Aqui estarei revivendo momentos fraternos que nos marcaram . Saudades dos irmãos do Paulistano que já se foram : Caio Marcelo Kiehl, Luiz Carlos Junqueira Franco, Luiz Vicente de Sylos, César Affonseca , Pedro Magalhães Padilha, Paulo Ribeiro, “Kico” Campassi , Silvio Abreu Jr. , Luiz Fernando Ribeiro da Silva, Armando Salem, Mario Ottobrini, Roberto Claro, Sérgio Machado de Lucca, Osvaldo Doria, Antonio Ciampolini, Caio Pompeu de Toledo, “Jujuba” Moreira da Costa, Roberto Matarazzo, Antonio Duva Neto, “Hélinho”Fuganti, Manoel Leal Mendes, Candido Cavalcanti, “Zequinha”Almeida Prado, “Paulão”Viana, Albano de Azevedo e Souza, José Tambelini , Luiz “Veludo”Pompeu de Toledo, Mario Fix, Wallinho Simonsen, Fernando Simonsen, Paulinho Fleury, Adhemar Zacarias, Godofredo Viana, José Cavalieri, Amedeo Papa, Carlos Dacache, Rubens Limongi França, Gilberto Marcondes Trigo, Deoclides Brito, Fernando Pondé, Ayrton Baccelar, Mario Guisalberti, Claudio “Ratão”Fagundes , João Balbi Campos , Antonio Rabello, Fernando Botelho de Miranda. Todos eles nos deixaram , alguns muito cedo , no auge de tudo que a vida poderia lhes proporcionar de melhor . Hoje , no final das tardes de verão , quando o céu fica bem vermelho com muitas nuvens brancas , mostrando então as nossas cores , sinto a brisa que traz , lá de cima , nosso canto de guerra : “Aleguá ... guá ...guá , Paulistano ... Paulistano ... ! ” Longe ... bem lá longe ... , eles ainda estão torcendo por nós . Edu Marcondes
  • 2. “ TSUNAMI ” Edu Marcondes Viagem para Sri Lanka /Ceilão – Andando nos “Tuc-Tuc”- Chegada do Tsunami – Muita Destruição - Fuga para Mosteiro Budista / Colombo – A Caminho das Montanhas / Seguiria – Mudança Temporária de Filosofia Paula nos surpreendeu em nossa viagem para a China . Logo anunciou que iríamos passar o Natal e Ano Novo em Sri Lanka . Estaríamos ainda visitando sua amiga Sharlene , em sua casa na Praia de Bentota . A viagem para o Ceilão foi rápida e gostosa , apesar de pequeno problema com o visto de embarque para lá . Chegamos pelo anoitecer e fomos direto para uma Casa Colonial inglesa . Ela é muito antiga e bonita . Fomos logo depois para a Ceia de Natal que iria acontecer na casa de Sharlene . Tudo aquela noite foi muito agradável. O outro dia , aquela manhã de 26 de Dezembro de 2004 amanheceu muito bonita na praia de Ambentota - Sri Lanka , com céu azul muito límpido e suave brisa vinda do mar . Naquele mesmo dia meu pai estaria comemorando 100 anos . Rezei pela sua alma e pedi sua benção . Por volta das nove horas tomei um suco de laranja e fui levar minha filha Paula até a praia . Ela ficava logo em frente da Casa Colonial , em seguida de um grande coqueiral existente . Íamos em busca de meu netinho Lucca e de Vera Lucia . Não sabia perfeitamente onde estavam . Eles tinham ido logo cedo fazer castelos na areia . Contudo não seria difícil encontra-los pois as praias ali eram freqüentadas normalmente por poucas pessoas . Aqueles dias nas praias do antigo Ceilão seriam o fecho de ouro para aquelas maravilhosas férias que Paula e Mark nos estavam proporcionando . Havíamos estado antes por vários lugares da China . Quando começávamos voltar da praia ainda não sabíamos , nem tínhamos a menor idéia , mas naquela hora “ Ele” – o Tsunami , silenciosamente , já estava a caminho do litoral de Sri Lanka . Aquelas ondas gigantes iriam trazer muita destruição . Muita desolação . Muita tristeza . Entretanto , como o homem põe mas Deus dispõe , por nossa sorte havíamos sido convidados para aperitivos e almoço na nova casa de Sharlene . Ela era amiga de Paula desde o tempo em que minha filha morou em Cingapura .
  • 3. Não ficaríamos muito mais tempo naquela praia onde então estávamos . Assim sendo , depois de meia hora , já estávamos na casa colonial trazendo meu netinho de 2 anos e Vera Lúcia . Para não atrasarmos ao encontro , rapidamente fomos tomar banho e trocar de roupa . Roupa leve pois o calor era grande . Já estava chegando a hora de irmos para a casa de Sharlene . Andando nos “Tuc- Tuc” . Pouco tempo depois chegaram os dois pequeninos veículos , denominados localmente de “Tuc –Tuc”, que meu genro Mark chamara . Ele , Paula e Lucca , como ficaram prontos primeiro , saíram primeiro , logo em seguida . Vera Lucia , para variar , havia se atrasado um pouco , por isso sairíamos logo depois . Eu gostava de andar naquele pequenino triciclo , com motor de motocicleta , muito comum em todas as regiões do Oceano Índico . O nome “Tuc –Tuc” vinha do barulho que fazia seu motor . Para chegarmos até a nova casa de Sharlene levaríamos 10 minutos . Ela fora construída , com mais outras duas , formando uma pequena vila , logo mais adiante , na mesma praia de Ambentota . As três residências formavam um belo conjunto , coroado com uma longa piscina situada em um jardim em frente as casas e com bonita vista para o mar azul . O lugar era além do mais muito agradável , cheio de altíssimos coqueiros que davam diferentes e bonitos cocos , de casca inteiramente amarela , típicos de toda Sri Lanka . Também no jardim não faltavam esquilos de rabo peludo , muito comuns naquela região . A casa ainda não estava inteiramente pronta pois faltavam alguns detalhes em sua decoração . Lembrava então que ali , no dia anterior , em grupo composto por 26 pessoas , algumas locais e outras oriundas da Austrália , Nova Zelândia , Gran Bretanha e Brasil , tivéramos um agradável almoço de Natal . Naquele grupo estavam ainda os pais , tios , o irmão de Sharlene com sua namorada . Quase todos presentes eram amigos desde alguns anos pois se conheciam de Cingapura . Gostavam de Paula e nos tratavam com simpatia . Naquele anoitecer natalino , vendo tanta gente , lembrei e senti falta de meus pais e parentes falecidos . Rezei por eles . Agora , ainda dentro do “Tuc-Tuc” , quando estávamos quase chegando , após uma pequena curva naquela estrada que contornava a praia , para surpresa nossa encontramos um trecho da estreita rodovia inteiramente
  • 4. molhado . Molhado e muito bem molhado por todos os lados . A água remanescente na estrada brilhava ao sol como milhares de diamantes . Estranhamos muito pois não existia a menor possibilidade de haver chovido . O céu continuava límpido e totalmente azul . Muito azul . Logo depois vi ajuntamento de pessoas . Vi gente correndo mas não dei muita importância . Já estávamos chegado e eu separava as “rúpias” para pagar a corrida no “Tuc –Tuc”. Vera brincou dizendo que ali realmente a estrada fora bem lavada . Inteiramente muito bem lavada com muita água . Sem saber estávamos passando pelo local onde a primeira onda “Tsunami” havia atingido aquele litoral . Ela adentrara pela praia , passara por cima da estrada e atingira a mata do outro lado . Isto aconteceu , pois ali , naquele trecho , o relevo da praia local era realmente muito baixo , não tendo mais de dois metros de altura entre o piso da estrada e o preamar , ou seja : de onde as ondas normalmente se quebram na praia e aquele trecho da estrada . Chegada do Tsunami Pouco depois o “Tuc-Tuc” parou e paguei motorista . Quando começamos entrar na casa percebi , olhando para o jardim e para o mar , que algo inusitado acontecia . A larga faixa da praia já havia desaparecido em toda sua extensão , debaixo de enormes e fortes ondas que o mar estava trazendo . Elas , fazendo muita espuma , estavam agora começando entrar pelo jardim . Uma segunda grande onda , muito forte , bateu na cerca da casa logo depois. Agora o mar , no seu violento recuo , estava levando com seu repuxo um barco de pesca (e ele não era pequeno ) que ainda ontem servira de cenário para fotos que tiráramos naquele por do sol . A larga praia de Ambentota estava momentaneamente inteiramente desaparecida . Fiquei preocupado . Nunca tinha visto aquele tipo de maré em tantos anos que passara em praias . Rapidamente fomos do jardim para casa . Ainda deu para tirar algumas fotos , pois logo depois mais outra onda enorme já atingia o terraço e cobria a piscina com violência incrível . Ainda ontem eu brincara ali com Lucca . A piscina subitamente ficou escura , coberta de água e areia , com toda sujeira que o mar trouxe . As ondas agora tinham de tudo : paus , cocos , plásticos e toda espécie de coisas encontradas nas praias . Tudo surgia e desaparecia dentro da força das ondas , o que já era assustador . Mais assustador era o forte barulho que faziam . Naquele momento aquelas ondas praticamente já elevaram todo o mar para uma altura de mais três metros . Iriam elevar ainda mais .
  • 5. Percebi que as próximas ondas deveriam certamente invadir a parte térrea da casa . Todos que estavam no lado de fora da casa correram para dentro . As mulheres e crianças passaram rapidamente para o andar superior . Ainda vi quando Vera , Paula e Lucca subiam a escada juntamente com a babá Cora . Logo em seguida a onda que chegou molhou o piso de todas as salas . Ainda lavou meus pés com força . Alguns dos amigos queriam então fechar as grandes portas que davam para o terraço e jardim . Falei que seria um grande risco pois elas não resistiriam a força do mar . Naquele momento fui voto vencido e as portas foram fechadas . Assim ficaram apenas por alguns rápidos momentos . A nova grande onda chegou bem alta , com mais de quatro metros de altura , bateu violentamente e simplesmente arrancou todas portas de seus batentes e as jogou contra nós . Por sorte ninguém foi atingido frontalmente . Mas sofremos pequenos ferimentos . Eu machuquei as pernas . Com as ondas ainda vinham toda espécie de paus e cocos que a força do mar trazia . Batiam com violência e poderiam ferir seriamente . Os homens começavam agora subir para o andar superior , quando uma mais alta e mais forte daquelas ondas atingiu as paredes da casa . Eu , o pai e o tio Willie de Sharlene , éramos os últimos na parte de baixo e vimos quando todos aqueles grandes e fortes vidros , que formavam parte das paredes externas , foram simplesmente estraçalhados por aquela onda . Agora até o chão passara a ser perigoso com tantos cacos espalhados . A água do mar já cobria nossas pernas naquele momento . Cair por ali era risco sério . Quando eu estava começando subir a escada , com tio Willie logo atrás , mais uma onda nos atingiu . Logo em seguida senti que seu repuxo era muito forte . Puxava realmente .Tive de fazer alguma força para não escorregar e cair . Chegando ao segundo piso minha primeira preocupação foi verificar como estavam todos os meus . Lucca meu neto estava tranqüilo com sua babá Cora , tendo Paula ao lado . Tinha nas mãos o carrinho que sobrara de sua coleção que o mar já levara . Mark Browning , meu genro , demonstrava alguma preocupação . Paula que sempre foi destemida e muito forte tentava animar as pessoas . Vera Lúcia apesar de durona estava preocupada e rindo dizia : - “ Que tristeza , viajar tanto para vir morrer longe de casa , neste fim de mundo”.
  • 6. Respondi que nada iria acontecer . Fiquei parado por alguns momentos pensando o que poderia fazer para salvar o meu pessoal . Chequei a conclusão que seria pouco . Muito pouco mesmo . “Tsunami” passou Somente tive certeza de que nada nos iria acontecer quando cheguei ao terraço superior e olhando para o mar percebi que naquele momento , rapidamente , da mesma forma como subiu , ele começava a baixar . Realmente tudo estava acontecendo muito velozmente . Não havia demorado mais de 15 minutos. Respirei aliviado e comentei o fato com o australiano Mickey . Ele concordou , suspirou e depois sorriu demoradamente, levantando o polegar direito . Pouco depois o mar realmente baixava para níveis praticamente normais . Descemos e fomos desobstruir a porta de entrada que ficava junto ao jardim . Tudo que o mar trouxera de lixo , mais as pesadas espreguiçadeiras de madeira massiça do terraço , estava agora empilhado junto a porta da rua. Tinha tanta sujeira que nem sonhando dava para saber de onde veio. Paula chegou . Vinha contar as noticias que ouvira no radio : _ - “Um terremoto de enorme proporção , com mais de nove pontos na Escala Richter , ocorrera perto de Sumatra tendo uma larga extensão , precisamente entre as ilhas Andaman e Nicobar . Foi seguido de vários outros terremotos menores . Com isto ocorreu um gigantesco deslocamento no solo marítimo e a formação das ondas enormes – “Tsunamis” - que alcançaram mais de 10 metros de altura na sua linha de frente ao atingirem as praias . Elas avançaram por todo o Oceano Indico na velocidade aproximada de 900 km/hora , para depois fazer grandes destruições na Indonésia , Tailândia , Índia , Paquistão , Myanmar e Sri Lanka . Ainda agora naquele local perto de Sumatra estavam ocorrendo outros terremotos de menor intensidade” . Contou que , como nossa praia não ficava na linha principal de avanço das ondas , pois se situava do outro lado da ilha , fomos atingidos com menor violência e menor intensidade pela “Tsunami” . Por isto , apesar do susto e do banho , estávamos ainda vivos . O grande impacto das ondas enormes , com mais de 10 metros de altura , somente atingira Sri Lanka pelo outro lado da ilha , ou seja lado Leste . Ali o numero de mortos era enorme e a destruição indescritível .
  • 7. Fugas Para : Mosteiro – Colombo - Seguiria Mesmo havendo passado aqueles momentos de grande perigo continuávamos muito preocupados , pois poderia ainda ocorrer , como resultado dos seguidos terremotos , novo maremoto , nova “Tsunami” . Naquele momento não dava para saber com certeza o que poderia acontecer . Alem do mais estávamos em plena Lua Cheia , quando as marés são mais fortes . A chegada de uma nova “Tsunami” poderia ser fatal . Ficou resolvido que imediatamente , pois não tínhamos maiores informações e opções , deveríamos seguir para um lugar alto , para um templo budista existente nas imediações de onde estávamos . Ele se localizava em um morro com mais de 60 metros de altura . Ali o perigo poderia ser menor . Todas 26 pessoas amigas foram colocadas em duas peruas que se encontravam na casa . Não me pergunte como . Era o jeito . No caminho já deu para ver um pouco da destruição que a “Tsunami” provocara . Casas mais simples destroçadas , pontes deslocadas assim como o leito da estrada de ferro , animais mortos , florestas destruídas, muito lixo esparramado , barcos jogados no meio da estrada , ônibus e carros virados . Alem do mais tinha muita água brilhando ao sol por todos os lados . Não vimos naquele momento , mas sabíamos de muitas pessoas mortas . Tudo debaixo de contrastante e maravilhoso céu azul . Meia hora depois já estávamos nas áreas daquele templo. Todos demonstrando muita preocupação . Fomos recebidos pelo Lama e seus discípulos . Foram gentis e até ofereceram almoço , típico budista , com muita pimenta , legumes e verduras cozidas . Então cada um comentava de seu modo o acontecido e as conseqüências . Os meninos dos australianos Mickey e Moi lamentavam seus sapatos que foram levados naquelas ondas . Lucca falava da perda de seus carrinhos . Sharlene não reclamava dos danos sofridos na casa , apenas repetia que aquilo jamais havia acontecido antes . Tio Willie falava das portas e cuidava de cortes nas pernas . Paula animava os amigos .Vera Lucia estranhamente não falava nada . Vi nos seus olhos transparecer o perigo. Todos comentavam que tivéramos sorte. Muita sorte até aquele momento . Naquele local cheio de silencio e próprio para meditação comecei com muita calma analisar nossa situação . Cheguei a conclusão que tivéramos realmente muita , mas muita sorte mesmo , graças a Deus . Primeiro – Porque Vera Lucia e meu neto Lucca escaparam de morrer na praia quando da chegada da Tsunami . Ela ocorreu por volta das
  • 8. 11,45 , apenas uma hora e pouco depois que eles saíram da praia . Foram salvos por causa do almoço marcado com Sharlene ; Segundo – Se a Tsunami nos tivesse alcançado na estrada não sei o que poderia acontecer .Os “Tuc- Tuc”não agüentariam o impacto das ondas ; Terceiro – A casa , bem construída , era bastante alta e resistente, suportando as ondas que atingiram mais de 4 metros e meio de altura ; Quarto – A casa tinha um andar superior e não ficamos inteiramente expostos a força das ondas . Apenas sua parte térrea foi atingida , ficando destruída e inundada . Se a casa fosse somente térrea provavelmente as conseqüências seriam outras , imprevisíveis e provavelmente terríveis ; Quinto – O mais importante . Estávamos , por muita sorte , do lado bom da ilha onde as ondas foram muito menores . Graças a Deus ! No meio da tarde chegaram mais noticias contando as devastações ocorridas em todo Oceano Indico . O numero de mortos crescia assustadoramente a cada instante . A enorme ilha de Sumatra havia se deslocado 40 metros . O eixo da terra fora ligeiramente alterado . Soubemos também que a capital Colombo , por sorte em sua localização , fora da frente das grandes ondas e pela altura de suas praias , não fora atingida . Que a casa colonial onde estávamos hospedados também ficara fora da destruição , pois o local onde estava situada era bem mais alto que as ondas formadas pela “Tsunami” . Elas atingiram a praia com violência , sem chegar até a casa . Depois de alguma conversa ficou resolvido que iríamos para Colombo . Não ficaríamos na praia de Ambentota pois poderia existir mais problemas advindos dos terremotos continuados . Naquele instante ficava claro que nossa maior preocupação era fugir de novas e possíveis “Tsunamis”. Ficou acertado que primeiro passaríamos na casa colonial para pegar nossas malas . Dali seguiríamos para Colombo onde os parentes de Sharlene nos dariam hospedagem . Depois , de acordo com o planejado inicialmente para nossa viagem , iríamos para um Spa Budista , pertencente ao irmão de Sharlene . Ele se situava bem alto nas montanhas , dentro de uma fazenda , no caminho para dois bonitos lugares turísticos denominados Massalla e Segyria . Lá ficaríamos uma semana , até o dia para nosso vôo de regresso . O dito foi feito e pouco depois já estávamos na casa colonial pegando malas e aguardando condução . Esta inicialmente chegou em numero insuficiente . Ficou acertado que primeiro seguiriam as crianças com suas mães . Vera Lucia foi com elas . Todos continuavam temendo a possibilidade de outra “Tsunami”. A espera era angustiante .
  • 9. Saímos logo depois para uma viagem que levou quase 5 horas mas que normalmente poderia ser feita em apenas duas . O receio de novas ondas gigantes fez que muita gente se afastasse da costa . O transito ficou pesado . Parecia filme de terror . Gente correndo para todos os lados com medo das Tsunamis . Pior era a dificuldade para encontrarmos combustível. Nos postos de gasolina haviam filas de carros para abastecimento . E a todo instante existia a expectativa de surgir nova onda gigante . Ansiedade pairava no ar em cada momento . Aquela sensação e a expectativa eram terríveis . Depois de muitas paradas em postos vazios conseguimos gasolina e finalmente , durante a noite , chegamos em Colombo . Foi um alivio ! Felizmente o grande receio de uma nova Tsunami que nos poderia pegar nas estradas não ocorreu . Infelizmente tivemos grande tristeza ao tomarmos conhecimento das muitas mortes e assistindo a destruição ocorrida . A televisão mostrava fotos , filmes e noticiário sobre a Tsunami . Localidades cingalesas como Galle , Matara , Kalmunai , Samanturai e Marindu apresentavam grandes perdas humanas e enormes devastações . Também chegavam noticias das mortes ocorridas em todos paises do Indico . Naquele momento já se falava em mais de 100.000 mortos . Meu calculo foi que as perdas humanas alcançariam no mínimo meio milhão , pois seria impossível saber realmente o numero de desaparecidos e quantos ficariam para sempre dentro do mar . Soubemos que os corpos dos mortos eram fotografados , tiradas suas impressões digitais e em seguida enterrados em covas comuns . Era o jeito de evitar epidemias . A CAMINHO DAS MONTANHAS Preocupada com o que poderia ser visto no amanhã seguinte , via televisões , minha filha Paula Marcondes ligou para minha irmã Marisa . Falou que todos nós estávamos bem , pedindo ainda que fossem informados parentes , amigos e os filhos de Vera Lucia . No dia seguinte , fomos para o Spa Budista . No caminho cruzamos com vários comboios de caminhões de socorro portando bandeiras da Cruz Vermelha . Três horas depois estávamos chegando , sem maiores problemas. O Spa era tipicamente budista , na construção e conceito . Ali os dias iriam passar e as noticias sobre o número de perdas humanas crescer. Ficávamos sabendo de tudo pelos jornais que chegavam até nós com a vinda dos novos hospedes . Lendo o noticiário soubemos da sorte
  • 10. de alguns e do azar de outros . Fatos incríveis ocorreram , salvando ou matando pessoas . As fotos nos jornais eram impressionantes. Nos obrigavam a pensar seguidamente sobre aquela tragédia acontecida a beira mar . Segundo alguns geólogos , todo ocorrido com as “Tsunamis” seria uma reação da terra . A teoria se baseava no fato de que a causa principal estaria no calor gerado no mundo pela queima excessiva de petróleo. Aumentando a temperatura , em muito , destruía parte da camada de ozônio . Assim desprotegida , pelo calor gerado e graças aos raios ultra- violeta e outros mais que bombardeam a esfera terrestre com mais intensidade, ocorrem contínuos degelos diretos nas calotas do Pólo Norte e da Antártica . O gelo vinha e vem se transformando em água que corre para o mar . Os pólos perdiam peso seguidamente . Sem o peso normal concentrado nas calotas polares diminuía a pressão no interior da Terra . Desta forma as camadas internas do planeta tenderiam a novos ajustamentos . Daí possivelmente os terremotos . Eles poderiam ser agora mais contínuos e freqüentes . Aproveitamos todos aqueles dias para descansar , passear e principalmente meditar sobre o ocorrido . Era impossível esquecer . Mudança Temporária de Filosofia O lugar ali , naquela parte alta de Sri-Lanka , é lindo , com muitas flores , um grande lago e uma majestosa montanha ao fundo . Ali não nada de modernidade . Não havia eletricidade , telefone , televisão, radio , água quente encanada , gelo e nenhum outro conforto moderno. A pouca luz para as noites vinha de pequenas e românticas lamparinas. Por ali tive oportunidade de ficar e passear mais alguns dias com meu neto Lucca . A comida , sem nenhum prato oriundo de peixe ou carne de qualquer tipo , era bem apimentada , farta e servida em terrinas colocadas em grandes esteiras que ficavam no chão , em um lindo local coberto e cercado por muitas plantas e flores . Lembro que lá dentro existiam inúmeras e confortáveis almofadas . Bebida era limonada ou suco de lima . No início detestei aquela total simplicidade . Entretanto , bem rapidamente , senti os benefícios de uma vida realmente muito mais simples . Comecei , apesar das dificuldades , a gozar de uma imensa paz . Enquanto aguardávamos o dia marcado para pegarmos o avião de volta , vivendo uma vida bem simples , deu para verificar quantas são as muitas bobagens que hoje fazemos , inteiramente desnecessárias . A sociedade moderna , apegada as coisas materiais , perdeu completamente o senso do valor intrínseco de cada bem . Cada vez mais precisa de coisas completamente
  • 11. inúteis , que no final só irão atrapalhar pessoas , algumas por excesso , outras pela falta. Irão causar grandes frustrações . Tudo inteiramente desnecessário . Pela primeira vez passei um “reveillon” na maior tranqüilidade , sem luxo nem ostentação , mas sentindo a grande alegria por ter ao meu lado Paula , Mark e Vera Lucia . Alem do mais estava sentindo e vendo o sorriso feliz de meu neto Lucca Marcondes - Browning – minha continuidade . Dias depois , quando no avião de volta para Hong Kong ,Vera Lucia Costa comentando a “Tsunami” que enfrentáramos , disse que não havia chegado nossa hora . “Que só peru morre de véspera ... Que tudo está escrito, “Mactube” – como dizem os árabes . Que tudo é só destino”. Ouvi e depois fiquei pensando quantas vezes eu já estivera realmente em perigo de vida . Lembrei que já tinha sofrido naufrágio , desabamento de cinema , batida com destruição total de carro , choque elétrico de alta voltagem , tiro nas costas . Levei até tiro na cabeça. Recordei que segundo a lenda , como um gato , por sete vezes , eu ficara frente a frente com a morte . E nada de muito mal me aconteceu . Sai sempre com vida . “ Mactube ” ? Não sei ... Sei que agora preciso tomar muito cuidado , pois após a “Tsunami” não tenho mais novas vidas de reserva . As setes já se tinham ido . 2 Edu Marcondes – 02/2005 P.S. - Dificilmente alguém que esteve presente , dentro realmente de uma “Tsunami”, terá esta oportunidade de escrever testemunhando todos aqueles fatos . Por esta razão , para que o ocorrido não possa virar mais uma “Pagina Esmaecida ”, deixo aqui meu depoimento .
  • 12. VIAGENS COM AS FILHAS - EUROPA / ÁSIA Edu Marcondes Londres – Silverstone – Menorca – Um Italiano em Menorca – Sono ...muito Sono - Jersey – Lembrança da Guerra / Diferente em Jersey – O Casamento de Paula Não haviam passados três meses depois de minha volta de Sry Lanka , onde estive as voltas com a “Tsunami” , quando recebi ligação de Londres . Ali era onde agora estavam Javier , Alexandra e meu neto Lorenzo . Eles residiam temporariamente na Inglaterra , pois o “Santander” havia adquirido o controle acionário do tradicional “Banco Abey” da Inglaterra. Junto com a cúpula espanhola Javier estava trabalhando para sua devida incorporação no grupo Santander . O motivo daquele telefonema era convite de Javier para que eu fosse passar as férias de Julho, em Menorca , junto com Alexandra e Lorenzo. Iria conhecer a casa que eles haviam comprado , em um lindo condomínio naquela ilha . Javier explicou que ele somente poderia ir nos fins de semana , pois estava com muitos compromissos e obrigações em Londres . Eles não poderiam ser adiados durante aquelas semanas de Julho . Antes disso ele desejava que eu fosse primeiramente passar alguns dias na sua casa de Londres .Teria oportunidade de ir assistir com eles a “Corrida de Formula I em Silverstone” . Ele gosta de “carreras” e é fanático pelo Fernando Alonso.Sabe que eu também gosto daquele piloto espanhol. Enquanto me preparava para a viagem falei com minha irmã contando do convite . Dias depois Paula ligou . Então aconteceu outra surpresa . Eu , naquele momento , estava sendo convidado para ir à Jersey, onde Paula e Mark iriam se casar , agora no religioso . Jersey era onde Mark nascera e onde residiam seus pais , Francis e Jimmy , e ainda seus irmãos . Isto aconteceria quando eu estaria voltando de Menorca . Achei ótimo . Também ganharia aquelas passagens . Aceitei o convite . Claro ! Não faltaria por nada naquele casamento . . No dia da viagem , bem na hora de partida , lembrei que não tinha o endereço de Xanda em Londres . Liguei . Por sorte ela estava em casa . O tal endereço nunca mais saiu de minha cabeça : Cadogan Place , 31 . O vôo saiu na hora certa . Jantei e dormi a noite toda .
  • 13. LONDRES - Pela manhã foi esperar a aterrissagem e pegar a mala . Achei que tudo seria rapido . Errei ! Houve muita revista para os passageiros . Como eu estava de terno , muito elegante , fui poupado . Passei lentamente na alfândega. Ela estava uma loucura . Só depois soube do motivo . Havia ocorrido um grande atentado terrorista em Londres . Os fiscais ingleses viraram todas as malas do avesso . Fui liberado .. Finalmente , quando cheguei na saída , procurava e tentava arrumar um taxi . Eu normalmente iria tomar o trem para chegar ao centro da cidade. Entretanto , naquele dia depois do atentado terrorista , as coisas ficaram nebulosas . Poderiam acontecer novos atentados . Nunca se sabe . Eu tinha ido para passear . Não esperei mais nada e mudei de idéia . Nada de coletivos Esperei . Pouco depois a sorte mudou . Consegui o taxi . Em menos de uma hora eu estava abraçando minha filha e meu neto. Entreguei os presentes e fiquei brincando com Lorenzo até que Javier chegou. Foi me cumprimentando com alegria . Depois fui convidado e saímos para jantar em restaurante árabe. Ficava perto da casa . Foi muito agradável , mas não demoramos muito tempo . No outro dia era dia de trabalho . Fomos para casa . Eu fiquei vendo televisão com Xanda . O São Paulo Futebol Clube disputava aquela noite a Copa Libertadores das Américas . Ganhamos e , com nossa torcida , a cada gol (foram quatro ) acordávamos Javier . O quarto que reservaram para mim era muito bonito , com grande cama de casal . Ele se abria para um pátio , cheio de plantas e flores . Varias noites eu dormi com aquelas portas abertas . Quando houve calor . Na Sexta Feira fui com Javier passear por todo o bairro . Fui vendo tudo da melhor forma , a pé ! É por ali, em “Knightsbridge” , que se situam as bonitas embaixadas em Londres . Dali , em seguida , fomos até a frente do castelo da Rainha Britânica . Não assistimos a “Troca da Guarda” . Depois voltamos , passando pelo “Hide Park” . Chegamos já no escurecer . SILVERSTONE O programa de Sábado estava feito desde algum tempo . Logo cedo estava um carro esperando para nos levar até Silverstone . O transito foi terrível . Levamos duas horas para chegarmos até a pista . Valeu a pena . Vimos os treinos de classificação , tiramos fotos , entramos nos “Box de Manutenção” , notadamente aquele da “Renault”. Depois fomos almoçar no Pavilhão de Relações Públicas daquela escuderia francesa , conhecemos os dois pilotos , almoçamos com os melhores vinhos e ganhamos uma malinha da Renault . Estava cheia de presentes .
  • 14. Isto só foi possível pois o “Santander” é uma das empresas patrocinadoras da “Renault” . Alonso se classificou na “pole position”. Entretanto , resolvemos não enfrentar novamente aquele transito maluco no Domingo , dia da corrida . Iriamos assistir a Formula I pela televisão , em casa , lá naquele gostoso pátio. Mesmo por que Javier estaria cozinhando maravilhosa “Paella” para nós . Foi gostoso comer aquela delicia , tomando vinho de Espanha e vendo a vitória do Alonso . Depois foi só ir dormir a “Siesta” . Aquela semana seguinte foi muito movimentada . Quase em todas as manhã , logo cedo , eu ia passear no parque que pertencia somente as casas de “Cadogan Place”. Era um parque particular . Para tanto era preciso entrar com cartão magnético . O lugar trazia para mim muita calma. Era cheio de pássaros durante o dia . De raposas pela noite , pois somente depois do sol se por é que elas apareciam . Fui ao teatro com Alexandra na Terça Feira , assistir “ Guys and Dolls” , comédia musical dos anos 50 . Não gostei . Em outro dia nos dirigimos ao centro da cidade . Comprei um conjunto de “Cashemere e Seda” em “Regent Street” e em “Oxford Street” um “Tailleur”. Aqueles eram presentes para Vera . Comprei ainda um carrinho para o Lucca e outro para Lorenzo . Na Quarta Feira fui a pé , sozinho até “Victória Station”, na parte da manhã. Depois fui para o Museu de Historia Natural , onde passei a tarde . Na Quinta Feira pela manhã Alexandra e Lorenzo me levaram para ver o Parlamento , o Tamisa e aquela enorme Roda Gigante denominada “Eye of London”. A noite jantamos com toda diretoria do Santander em Londres . Na Sexta feira fui com Javier e Xanda em uma boate da moda . O nome , se não me engano , é “Cubanita” ou coisa assim . Só tocava mambo , salsas e músicas cubanas . R Este tipo de musica está na moda ... mas não para meu gosto . Valeu pela boa companhia e para conhecer lugares novos e famosos . MENORCA - Quando Sábado chegou Alexandra seguiu com Lorenzo para Menorca . Ela foi receber a empregada e preparar a casa . Fui com Javier no Domingo , logo bem cedo , em vôo que foi tranqüilo . Durou apenas 100 minutos . O aeroporto de Menorca não é muito grande . É porem muito moderno e bonito . Fica em Mahon , capital da ilha espanhola . Alexandra ali já estava com o carro nos esperando . O verão naquelas ilhas Baleares é bem quente , atingindo facilmente 35 / 40 graus em alguns dias . Eles acontecem quando sopra vento quente que
  • 15. vem da África . A temperatura então aumenta . Fora destes dias existe sempre uma brisa suave , notadamente a noite . No caminho para casa fiquei admirando as estradas da ilha . São super sinalizadas . Quase perfeitas , apesar de estreitas . As “Praças Rotatórias”, nos cruzamentos , obrigavam redução de velocidade e dão prioridades de passagem , muito certas e bem determinadas. A paisagem se alterna em cada quilometro . Muitas vezes com vista para o mar . Outras aparecendo pequenas matas junto a suaves elevações . Normalmente por ali se encontram bonitas propriedades rurais . Menorca possui várias e pequenas vilas , espalhadas por todo seu território , a maioria na orla marítima . São possuidoras de grandes belezas , destacando : Saint Luiz , Castell , Ferries , Mercadal , Saint Clements e Ciutadella . Mahon é sua capital , já na qualidade de cidade . É muito bonita , principalmente por suas praias e por sua urbanização . O seu porto , com longa extensão , tem suas docas tomadas por grandes iates internacionais . Do outro lado temos uma longa avenida que separa o porto da cidade . Ali existe todo o tipo de comércio , com bonitas lojas de roupas elegantes , restaurantes internacionais ou típicos espanhóis , exposições de obras de arte , perfumarias, antiquários , lojas de decoração e tudo mais necessário para atender vontades e necessidades de milionários turistas . Para tanto basta que ele saia do iate e atravesse a rua . Fora disto existem vários museus , teatros , hotéis internacionais , praças , campos de golfe , bares e clubes noturnos com música ao vivo . Todo ano , no mês de Agosto , tem festival de Jazz . Além do mais em Mahon existe Cassino funcionando diariamente . No que tange ao esporte , são realizadas anualmente competições internacionais de iatismo , de golfe e de ciclismo . Por trás do porto , nas encostas da montanha , ainda perto do mar , Mahon possui muralhas muito elevadas que foram construídas 1.400 AC . Até hoje estão por lá , algumas intactas e outras semi destruídas . A ilha conserva as mais antigas obras registradas pela arqueologia em toda Europa . Datam de 4.500 anos aproximadamente . São Túmulos de pedra em forma de U . Menorca foi durante quase toda sua existência palco de grandes lutas internacionais pelo seu controle . Por isto possui traços das antigas culturas fenícia , cartaginesa e grega . Seu domínio passou por muitos povos : - Romanos , Árabes , Turcos e Aragoneses , sendo que estes últimos , mediante sua união com Castela em 1492 , formaram a Espanha , atual detentora da nacionalidade de Menorca .
  • 16. No século XVIII franceses e ingleses tentaram seu domínio e invadiram seu território . Finalmente em 1802 , pelo “ Tratado de Amiens” a Espanha recebe de volta a ilha das mão dos ingleses . A língua local é derivada do Catalão , que já e´ difícil . O “Minorquim” é mais difícil ainda . A salvação é a língua oficial : Espanhol . A produção da ilha é bem típica e especifica : - Gin de Menorca , Sapatos tipo Abarcas , Malhas de Algodão e/ou lã , Cereais , Queijo tipo Mahon , Frutas e Licores de Frutas . A construção naval é bastante desenvolvida , existindo inclusive projeto naval próprio , o qual produz barcos denominados “Minorquins ”. Os cascos são bem diferenciados . De todas as coisas existentes aquela que mais chama atenção é a cor de seu Mar . Turquesa nas partes mais rasas e Azul Marinho nas mais profundas . Muito bonito . Dos mais bonitos . Quando cheguei na casa de Javier notei que todas as demais , tanto na região como no condomínio , tinham o mesmo estilo arquitetônico : Mediterrâneo . A casa possui amplas salas , uma suite , dois quartos bons , banheiro , copa cozinha e ainda tem enormes terraços com mais de 150m2 , sendo uma parte coberta e outra aberta . Fica em um condomínio horizontal , com todas casas bem grandes . Também existe ancoradouro próprio dentro do condomínio . Javier possui linda lancha ali ancorada .O condomínio ainda tem um Clube de Campo com quadras de tênis , enorme piscina , salão de festas e excelente restaurante na beira da piscina . No dia que chegamos já fomos de lancha para uma praia com pouca gente e mar lindíssimo , extremamente limpo . Lorenzo foi o dono da “festa” nadando peladinho . Depois tomamos um almoço leve , preparado por Alexandra . Na volta daquele passeio fui atacado por um sono irresistível , muito forte . Eu não sabia por que. Não dava para segurar . Dormi até sentado na lancha . Parecia mais um desmaio . Todo aquele tempo que estive em Menorca estive com um sono que não era bom . Impossível de segurar . Ele iria continuar até em Jersey , onde a temperatura era muito mais amena . O problema não era calor . Não me sentia muito bem . Javier reparou . Achou que era pelo vinho tomado . Porem , mesmo não tomando vinho , não passava aquele sono e a cabeça continuava pesadíssima . Comecei a sentir o que nunca existiu para mim em toda vida : Fraqueza ! Não doía nada , mas eu não era o mesmo . Aquilo continuou mesmo no Brasil . Depois daquela viagem , com calma , analisando a coisa toda , lembrei que , desde o final de 2004, aquele sono aparecia . No início era bem
  • 17. pouco , mas aparecia . Sem perceber eu estava perdendo potência física e mental . A coisa chegava silenciosa sem grandes alardes . Já durava mais de 8 meses. . Quando a cabeça pesava eu tinha absoluta necessidade de dormir. Fosse no cinema , no teatro , em visita , em qualquer lugar . Somente no início de 2006 , um ano depois , fazendo exame de rotina foi descoberta a causa . Um câncer - Carcinoma - em meu rim esquerdo. Porem o primeiro sintoma apareceu bem antes . Na Sexta feira pela manhã fomos comprar um “Cadeirão” para Lorenzo . Ele estava muito grande para receber comida na boca , inclusive ficando vendo filmes de desenhos animados . Comer deve ser um ato natural . Precisava apreender comer conosco . Por conta própria . Na cidade iríamos encontrar um bom e bonito. Foi ótimo ! Na hora do almoço colocamos o “Cadeirão” ao lado da mesa , junto da gente . Lorenzo ficou sentado , com seu prato e sua colher . Gostou . Primeiro fez o maior esparramo na comida . Mas comeu sozinho . Quanto quis . Javier chegou na Sexta Feira pelo fim da tarde . Fui com Xanda e Lorenzo recebe-lo no aeroporto . Aquele seria meu último fim de semana em Menorca . Já havia recebido inclusive as passagens aéreas providenciadas por Paula . Praticamente já estava com as malas arrumadas . Como sempre Javier , muito gentil , tinha reservado mesa no restaurante mais charmoso da ilha . Ficava no porto de Mahon . O jantar seria típico espanhol . Tinha início por volta das 8 horas da noite e não tinha tempo para acabar . Começava com drinques e com “tapas” picantes , para abrir o apetite . Depois vinha a salada . A seguir o vinho , muito bem escolhido , que iríamos tomar . Então aparecia o primeiro prato . Finalmente o prato principal. Fora a sobremesa , o café e o licor para arrematar . Somente lá pelas 23 horas estávamos voltando para casa . Eles foram deitar . Eu fiquei sozinho no terraço , com uma enorme Lua Cheia . Ela deixava o mar brilhando na cor laranja . Fiquei com saudades do Brasil e dos amigos Domingo , bem cedo , sai com Lorenzo e fomos até a praia em frente da casa .. Ficamos andando um pouco por ali . Depois resolvi voltar , antes que Xanda acordasse e , não vendo o filho , fosse “dar a bronca”.
  • 18. Depois do almoço preparei minha roupa , fechei a mala e fiquei esperando a hora de ir com Xavier para o aeroporto . Quando chegou o momento Xanda nos levou . Foi difícil ter de me despedir dela e de meu neto . Logo o avião subiu . Fiquei com meus pensamentos .Javier dormiu . Eu iria ficar toda Segunda Feira em Londres . Assim tinha de ser pois meu vôo para Jersey sairia de Londres , na Terça Feira , as 7,30 da manhã. . Eu já tinha contratado um taxi , que servia Alexandra , para me pegar as 5,30 horas . Eles eram pontuais e de confiança . Ao anoitecer Javier passou para me pegar . Fomos jantar com seu Presidente . Foi muito agradável .Agradeci a gentileza do convite e me coloquei a disposição daquele senhor para qualquer coisa no Brasil . Antes de dormir fiz minhas despedidas e agradecimentos ao Javier . Por sair muito cedo não mais iria vê-lo naquela oportunidade . JERSEY Quando cheguei ao salão do Aeroporto , a primeira coisa que vi foi um menino correndo para mim . Era Lucca que tinha crescido muito mesmo . Alem do mais ficara muito mais bonito . Minha alegria foi grande em poder abraçar toda aquela parte de minha família . Estes momentos ficam inesquecíveis . Dali eles me levaram para conhecer um pouco de Jersey . Seu mar e bem azul e a ilha tem várias praias . É lugar muito bom para veleiros , pois existem muitos . No topo de uma montanha ao lado de muitas casas na beira do mar e de uma praia existe um grande e maravilhoso castelo chamado : “L’Orgueil” ( O Orgulho) . A ilha é uma das regiões mais floridas que já conheci . Tem vasos com vários tipos de flores por todos os lados. Jersey está localizada no Canal da Mancha , tendo ao seu lado uma ilha irmã : Guernesey . Fica treze milhas das costas da Normandia – França . Pertenceu aquela nação até as guerras Napoleônicas . Depois passou para a Inglaterra . A cidade é toda cortada de estradas bem calçadas e estreitas. Muitas delas sombreadas por grandes arvores . Existem várias localidades que formam pequenas vilas . A sua Capital é Saint Helier . Bonita , florida , cheia de lojas e de restaurantes , onde se come peixadas maravilhosas . O interessante é que quase todos restaurantes pertencem a portugueses que vivem na ilha . Eles também são os donos dos principais navios de pesca de Jersey . A Ilha deve ter mais de 10% de portugueses . Falei muito em português em Jersey .
  • 19. Depois de um giro pela cidade Mark me levou para conhecer a casa de sua mãe – Francis e seu marido Jimmy. Fica fora do perímetro urbano .Os dois foram muitos simpáticos comigo . Por eles fui levado até meu quarto . Em frente da casa existe um típico pasto de Gado Jersey – originário daquela ilha . São de cor castanha , não muito grandes e são os reis do bom leite . O pasto não é grande , tendo 200 x 200 metros , com arvores e abrigos para o gado . Eles recebem ração em horas certas , mas vivem soltos . Ficam confinados apenas por uma cerca elétrica . Não muito longe daquela residência ficam os “Riffs”- Penhascos , de onde é possível avistar toda a costa da Normandia . Fui vários dias andando até lá , em companhia do Lucca . Bem no topo , lá em cima , tem uma “Camionete- Lanchonete” onde sempre meu neto ganhava um sorvete. O clima da ilha é muito agradável atraindo sempre muitos turistas , principalmente no verão quando dobra sua população . Vem gente de todo mundo . Nos próximos dias fui conhecer os irmão de Mark , suas esposas e seus sobrinhos . Foram todos muito simpáticos comigo . Lembranças da Guerra - Algo Diferente em Jersey Naqueles dias em que fui conhecendo Jersey senti que existia alguma coisa de diferente na ilha . Não gostam de ser chamados de ingleses , mesmo porque são “britânicos” . Eles se auto denominam de “islanders”. Não hasteiam a bandeira “Union Jack” – aquela que é azul- vermelha e branca , feita com listas diagonais e cruzadas . Ela que é vista em todos lugares da Inglaterra . Hasteiam a bandeira branca com listas diagonais vermelhas cruzadas pelo meio , que é a bandeira de Jersey. Conversa daqui , se pergunta dali , pega-se uma frase acolá , escutamos fatos isolados , lemos em documentos um pouco dos acontecimentos sobre a IIª Guerra Mundial e , subitamente, quando ligamos os fatos , acabamos por entender as várias razões para este procedimento generalizado de prevenção contra os ingleses . As causas foram e ainda são muitas : 1º-) Por ser Membro da “Comunidade Britânica” Jersey sempre pagou Impostos para a Inglaterra , destinados a defesa de sua terra ; 2º-) Quando os exércitos ingleses foram batidos na França , o Governador de Jersey inquiriu o Ministro de Defesa da Inglaterra , sobre o que seria realizado para defender Jersey ; 3º-) Naquela semana Churchill comunica : “ Jersey não será defendida” ! 4º-) Naquele mesmo dia todas as tropas inglesas estacionadas em Jersey foram embarcadas para a Inglaterra , com todos seus armamentos ;
  • 20. 5º-) Sem meios de defesa o povo de Jersey sentiu-se abandonado . Os descendentes de ingleses tentaram fugir da ilha . Alguns conseguiram .Os demais , com os descendentes de franceses , celtas e de outras raízes , que eram a grande maioria , não tinham para onde ir; 6º-) Os ingleses , como seria necessário pelas leis internacionais , não comunicaram que Jersey ficará Sem Defesa e se tornara “ Cidade Aberta”. Isto pouparia vidas e destruição . Mas era parte de sua estratégia esconder a ocorrência . Os alemães , desconhecendo o fato , bombardeiam Saint Helier e La Rocque , em 28 de junho ; 7º-) Somente dois dias depois do bombardeio , por causa da mortes ocorridas, a Inglaterra ,através dos Estados Unidos que na época era neutro , comunicam sua saida de Jersey . No mesmo dia a BBC comunica o fato para o Mundo ; 8º-) A Alemanha através de folhetos informa que desejava entrar pacificamente em Jersey . Pedia que a resposta viesse através de bandeiras brancas . Elas elas surgiram aos milhares de todas as janelas . Não tinham outra opção pois estavam desarmados, desmotivados e abandonados ; 9º-) Poucos dias depois os alemães já estavam chegando a ilha pacificamente. Parte da Grã Bretanha havia sido tomada sem luta ; 10º-) Durante 5 anos os habitantes da ilha ficam na condição de povo invadido, com governo estrangeiro e tendo sua terra tomada ; Não termina com a invasão alemã os problemas de Jersey 11º-) Quando em Junho de 1.944 as tropas aliadas invadem a Normandia, Os habitantes de Jersey ouvem o ronco dos aviões , o troar dos canhões e as luzes das explosões durante a noite . Acreditam que em breve serão libertados . Porem Junho se torna Julho . Logo chega Agosto . O barulho das batalhas some de vez . Tudo foi para frente . Somente eles ficaram , sozinhos e dominados pelos invasores ; 12º-) Com a tomada da França pelos aliados as Comunicações e o Recebimento de Remédios e Provisões ficam muito mais difícil . Começa a faltar remédios e medicamentos para os velhos e crianças . A Inglaterra não permite que sejam enviados suprimentos para Jersey . Alguns remédios são conseguidos por comandos alemães , eles que saindo de Jersey , atacam bases aliadas durante a madrugada nas costas da França ; 13º-) Somente por muita insistência da Cruz Vermelha a Inglaterra permite que o Navio “Vega” , com bandeira da Cruz Vermelha , leve remédios e suprimentos essenciais para Jersey ; 14º-) O pior acontece quando a insensibilidade de Churchill determina : Não haverá mais suprimentos para Jersey . Ele escreve em seu diário : - “ Deixem Jersey ficar na miséria !”
  • 21. 15º-) A II ª Guerra Mundial termina em 6 de maio de 1.945 . Menos para os habitantes de Jersey . Os ingleses não tomam a menor providencia no que diz respeito a ilha . Não dão o menor sinal de vida ! Por mais incrível que pareça , no dia 8 de Maio os alemães e os “islanders” de Jersey ouvem juntos , na principal Praça de Saint Helier , o “Discurso da Vitória “ de Churchill . Os alemães pretendem se entregar , só não sabem para quem ! 16º-) Somente três dias depois , em 9 de Maio , vai ser possível a rendição dos alemães de Jersey . Os aliados a bordo do “Destroyer Buldog” , recebem naquele dia a rendição dos generais alemães . Estes fatos , passados mais de 60 anos , não foram esquecidos até hoje pelo habitantes de Jersey . Eles não falam nem reclamam diretamente , mas com muita classe e muita firmeza sempre demonstram , até diariamente , o seu descontentamento . É só prestar atenção : A-) Tudo o que existe ou aconteceu dentro de Jersey , no tempo da ocupação alemã , que chamava a ilha de “Muralha do Atlantico”está Perfeitamente Conservado e Organizado por duas associações . Elas se denominam :“Chanel Islands Ocupation Society” e “Jersey War Tunnel” . Em sua sedes existentes , ao lado de um hospital que foi cavado nas montanhas , eles tem todos os Arquivos da Guerra feitos pelos alemães , Fotos da Guerra na região , Documentos Alemães , Plantas da colocação dos Armamentos Pesados , das Construções dos “Bunkers” , Relatórios sobre Munições , Relação dos prisioneiros e muitas outras coisas de grande importância . Assim guardados e preservados nunca o que aconteceu será esquecido. Eles fazem história .Obs Todos os documentos que comprovam esta minha narrativa foram conseguidos junto aquelas Associações ; B-) O Hospital Militar Alemão , denominado “H 8” , construído dentro de túneis cavados na rocha de uma montanha , continua perfeitamente preservado , mas inoperante . Virou com tudo que possuía Museu de Sofrimento dos Islanders. Lá ainda estão as mesas cirúrgicas , os laboratórios , as salas de tratamentos , as os uniformes de médicos e enfermeiras alemãs , as Bandeiras com a Suástica , Fardas Nazistas e os Arquivos de Pacientes ; C-) Todas as construções militares edificadas pelos alemães estão preservadas perfeitamente . Visitando os “Bunkers” , interligados por Corredores Subterrâneos , será possível encontrar : Capacetes , Armas , Fardas, Bandeiras Nazistas , Quepis nazistas e dormitórios . Alem disto o que mais impressiona são : Os Tuneis ligando os Centros de Artilharia / Canhões , os Trilhos para envios da munição , as Casamatas , As Torres de Observação ,
  • 22. as Fortificações feitas em Concreto . Em todos locais as bandeiras com suástica estão como foram encontradas . D-) O “Ingresso para Visitas” para estas diversas áreas são “Cópias das Carteiras de Identidade dos “Islanders ” fornecidas pelos alemães , durante a ocupação de Jersey . Todos os portadores daqueles documentos copiados morreram na guerra . Eles continuarão a divulgar continuadamente os sofrimentos , a fome, e todas as necessidades possíveis que passaram os habitantes de Jersey, sem o menor apoio dos ingleses . Estiveram sós . E-) Tudo isto é mantido para lembrança dos ingleses e conhecimento de turistas de muitos países . Porem mais um fato impressiona . Apesar da língua oficial ser inglesa , todas as Ruas , Avenidas , Estradas , Praças , Locais e Edificios Públicos possuem Nomes Franceses , escritos em Francês . Os “islanders” fazem questão da perfeita pronuncia quando falam aqueles nomes . O Casamento de Paula Dois dias antes do casamento fui conhecer o Castelo onde aconteceria o casamento . Era muito bonito , cercado por um jardim esplendido . Ali aconteceria toda a cerimônia e o almoço . Paula e Mark ficariam no Castelo por dois dias após a festa da cerimônia de despedida que seria ali mesmo realizada , em Sala Especial . As ultimas providencias foram : A compra da roupa branca do Lucca e a compra dos lenços e gravatas dos padrinhos . No dia do casamento fui com Lucca , Francis e Jimmy para o castelo . A cerimônia seria realizada as 13,00 horas . Um orgão abriu a cerimônia . Eu levei Paula até o altar e a deixei com Mark . Ali já estavam os padrinhos dos noivos . Lucca que levava as alianças logo depois apareceu. Em seguida entregou as alianças para o pai . Foi muito bonito . Graças a Deus a cerimônia foi toda elegante e muito rápida . No final fiquei conversando com uma Juíza de Jersey . Convidei - a para o almoço junto aos noivos . Ela não aceitou . Alegou outros compromissos. Os convidados já estavam nas mesas comemorando . Quando cheguei até lá fui convidado para fazer um discurso . Como não estava preparado e fui tomado de surpresa, apenas falei das minhas dificuldades em fazer um bom discurso em inglês . Desejei Saúde e Felicidades aos noivos , tanto em Inglês como em Português . Fui aplaudido . Surpresa agradável . No fim da tarde , depois de muitas fotografias , beijos e abraços , foram feitas as despedidas aos noivos . Naquele instante Paula fez o “lançamento de seu buquet de flores” . Ela estava muito feliz .
  • 23. Isto alegrava meu coração . Três dias depois eu estava me despedindo da minha filha , de seu marido Mark e de meu netinho Lucca . Com eles mais Jimmy e Francis fui levado para o aeroporto . Iria para Londres e de lá para o Brasil . Estaria com minhas filhas e meus netos ... na lembrança .
  • 24. NOVO MILÊNIO - FESTAS , NETOS E COMPRAS Edu Marcondes 50 anos de Paulistano ––Precisei de “Carro Novo” – Venda da Casa do Morumbi – Meus Netos : Lucca e Lorenzo – Os Netinhos de Vera – A Chegada de Minha Netinha Mia Francis . Todos ficavam com perspectivas de novas esperanças pois o novo milênio estava chegando . Muitos queriam realizar muitas coisas pois que estas coisas poderiam mudar a vida para melhor . Eram normalmente os desejos para quando o novo século despontasse . Este novo século que estava chegando agora , alem de ser novo, podendo trazer novas esperanças , iria trazer com ele também todos os séculos contidos em um novo milênio . Com mil novas oportunidades para todos . Isto poderia e deveria ser muito melhor para muitos Para mim começou com esperanças e cheio de boas surpresas . Mais de Cinqüenta Anos de Paulistano - A boa surpresa aconteceu mesmo antes da chegada no Ano Novo e do Milênio . A Presidência do Paulistano , na pessoa de José Manoel Castro Santos , resolveu em boa hora, não só comemorar Um Século de CAP , como também Homenagear todos os sócios com 50 anos ou mais de participação no Paulistano . Para tanto , no dia 29 de Dezembro de 2.000 , determinou simpático coquetel que foi realizado nos Salões Sociais do 2º andar , com a participação de todos aqueles sócios cinqüentenários que ainda estavam vivos . Só não foi quem não tinha mínimas condições físicas . Na realidade foi uma festa para os velhos amigos , pois os sócios com mais de 50 anos de Paulistano não eram muitos , com certeza absoluta , mas velhos amigos , pois naquele tempo o CAP tinha um quadro social reduzido e selecionado . Todos ao presentes se conheciam . Todos se falavam. . Todos se confraternizavam diariamente . Foi isto que aconteceu novamente . Naquele coquetel reencontramos alguns antigos amigos , os quais já não víamos por anos , entre eles Eduardo de Paula . Estive ao lado de Vera Lúcia tomando drinques e comemorando com José Carlos Leal ( meu cunhado) e Marisa ( minha irmã ) , estive com Myrtes Issa e seu cunhado Waldemar Issa , com o amigo Pamplona e senhora , com meu companheiro de natação Eugênio Amaral , com o amigo Roberto Rudge do tempo do internato , José Mariano Carneiro da Cunha , José Ayres Neto ,
  • 25. Caio Moura , Gil Cajado de Oliveira , Eduardo de Salles Oliveira , Edson Macedo e Eugênio “Pistinguet” Apfelbaun , Coquinho , José Manuel entre outros tantos . O momento de maior emoção foi quando relembramos todos aqueles que já se foram . Então a saudade bateu em nosso peito , com reflexos em nossos olhos . Precisei de um “Carro Novo” – Logo depois de ter vendido e recebido minha parte da casa do Morumbi , achei que estava na hora de trocar de carro . O meu Gol modelo 1995 já estava com quatro anos de uso e resolvi ir vende-lo na Feira de Automóveis do Anhembi . Cheguei , estacionei e logo na primeira hora ele estava vendido . Era vermelho , estava realmente bonito e em ótimo estado . Logo achei comprador . Quando estava acabando de efetuar o negócio estacionou do meu lado um “Fusca”- Cor Prata Metálico . O carrinho não estava somente maravilhoso mas inteiramente perfeito . Fui falar com o dono que explicou que estava vendendo o Vokswagen pois comprara um outro ainda mais novo que aquele . Achei que era difícil ser mais novo . Fiquei interessado . Ele mostrava a pintura perfeita , sem o mínimo arranhão. Por dentro todo estofamento de couro e tapetes praticamente novos . Quando o motor 1.600 foi ligado o ronco demonstrava a sua qualidade. Um carburador. Cambio e suspensão estavam perfeitos . Procurei mas não achei a menor ferrugem . Tinha os paralamas traseiros com faróis grandes – tipo “Fafá de Belém” . Os frisos e todos cromados impecáveis . Rodas e pneus novos . O modelo era 1.976 mas estava tão impecável como um carro “O Km” e chamava muita atenção . Achei que se aquele carro tinha rodado 25 anos e estava naquele estado maravilhoso , com cuidado que dou aos meus carros , ele rodaria mais 25 anos . Assim , o que era importante : - eu nunca mais precisaria mais pensar em trocar de automóvel . Aquele “ Fusca” seria sempre um “Carro Novo” para mim . O preço foi um pouco salgado . Um outro do mesmo ano custaria metade do que eu estava pagando . Mesmo assim comprei aquele “Carro Novo” . Neste momento chegou o outro Fusca do vendedor . Veio com seu filho . Não só era mais novo . Era praticamente zero quilometro . Antes de ir embora para casa já tinha muita gente olhando e fazendo ofertas pelo carrinho . Poderia ter ganho 15% naquela mesma hora . Na Segunda Feira fui buscar o meu “ Fusca ” . Sai com ele todo orgulhoso . Em todo lugar que parava tinha gente olhando para o carrinho .
  • 26. Estou com ele desde o final de 1.999. Só tenho alegrias . Não dá dor de cabeça, nem manutenção . O único problema é gasolina falsificada , misturada com “solvente”, que pode detonar o motor do “bichinho” . Até hoje quando estaciono em algum lugar tem gente olhando e paquerando o “Capitão” . Este é o apelido que dei para ele . PS- Não posso mais vender o “Capitão” . Meu netinho Lorenzo , que nasceu em 2003 , agora com 6 anos , viu e andou no carrinho . Adorou o “Capitaõ” . Pediu e eu o dei a ele . Mostrava felicidade até no olhar . Depois disse : “Quando crescer vou levar o “Capitão” para a Europa comigo” Venda da Casa do Morumbi – Aconteceu assim : Uma noite de Novembro de 1.999 , Paula ligou de Singapura e deu duas noticias maravilhosas . Primeira : Estava gravida de um menino que iria nascer em Junho próximo . Fiquei radiante . A noticia do nascimento de um neto é coisa maravilhosa . É a continuação de uma família , sem duvida alguma . Paula prometeu que viria ao Brasil meses depois do nascimento da criança . Prometeu ainda que estaria mandando muitas fotos . A outra noticia foi que : Depois de muita luta sua mãe concordara com a venda da nossa casa do Morumbi . Paula já tinha arranjado um advogado , que também era seu procurador , para tratar da papelada , posto que já existia um comprador . O advogado era necessário , uma vez que sua mãe deixara de pagar impostos da casa junto a Prefeitura e o comprador queria comprar o imóvel para ser comercial . Assim passou o telefone do seu advogado – Dr. Júlio . No outro dia falei com ele . Depois fui procurado para últimos ajustes e ficamos praticamente acertados quanto a venda do imóvel . Duas Semanas depois foi marcada a escritura de venda à vista . Compareci e recebi minha parte . Não foi o melhor preço . Entretanto o imóvel fora definitivamente vendido . Doze ( 12 ) anos depois do que deveria ter ocorrido . Como dinheiro não pode ficar parado , fui procurar pequenos apartamentos para comprar . Eles seriam locados e dariam uma receita mensal. Comprei pequenos apartamentos em São Paulo . Eles são mais fáceis de alugar e quando um fica vago os demais ainda dão renda . Um só não é seguro , por maior ou melhor que seja . Se o inquilino falhar é preciso pagar condomínio e impostos . Não entra renda renda alguma . Com vários , mesmo um falhando , os outros cobrem as despesas . Eles são aptos com dois quartos , sala , copa / cozinha banheiro e vaga de garagem . Alguns tem jardim e salão de festas .
  • 27. Com eles , mais o apartamento da Av. Angélica , as meninas poderão ficar com bons apartamentos para cada uma . Acho que darão uma boa ajuda. A outra parte do dinheiro foi aplicado no Banco Itaú . Ainda estava procurando mais um apartamento . Nascimento do Lucca No dia consagrado para Santo Antônio , 13 de Junho de 2.002, nasceu meu primeiro neto , na cidade de Singapura , filho de Mark Browning e de minha filha Paula. Recebeu por isto mesmo o nome de Antony Lucca Marcondes Browning . Antony por que nasceu no dia de Santo Antonio e Lucca por que foi gerado naquela cidade italiana . Todo o seu nascimento foi fotografado . Depois disto ele vai aparecer em fotos com a mãe , o pai e o médico . Nasceu bem comprido , parecia mais o “Pernalonga”. Realmente do lado físico muito se parece com o pai A primeira vez que consegui pega-lo deu até tremedeira . Pegar no colo o primeiro neto é uma responsabilidade grande . Na ocasião ele estava bem gorduchinho e grande . Era seu batismo aqui em São Paulo . Quando estava com quase 3 anos passei 10 dias com ele em Jersey , na casa dos avós paternos . Gostava de passear comigo , indo até os penhascos que avistam a França . Depois , ele ficava vendo o vôo das gaivotas . Ate´ hoje não parou de crescer . Puxou o pai que é bem alto . Com quatro anos usa roupa de sete . Está mesmo enorme . Gosta de brincar comigo e tem loucura por automóveis pequeninos . Tem ganho uma coleção . Somente uma vez temi por ele antes de tudo mais . Foi quando estivemos juntos em Sry Lanka . Então aconteceu o “Tsunami” . Ele era minha preocupação em caso da necessidade de salvamento . Hoje já esta falando razoavelmente bem o português . O que dificulta são as babás que só sabem falar inglês . Mas seu inglês é perfeito . Assim o esforço dele para apreender outra língua é bem maior do que qualquer outra criança . Mas a mãe insiste e ele luta para falar nossa língua . Nota : Com um sotaque todo seu ... muito gostoso . Tem ótimo coração e apesar de ser muito mais forte que qualquer outro menino nunca os agride . Quando muito os afasta carinhosamente . O que não pode acontecer é deixa-lo bravo . Então sai de perto ...! É um menino bonito , com olhos e cabelos castanhos claros , que vai virar um moço muito charmoso . Adoro este meu neto . É continuação da minha vida .
  • 28. Nascimento de Lorenzo - Um ano e um mês depois do nascimento de Lucca veio ao mundo meu segundo neto . Grande alegria ! Iria se chamar Lorenzo . Alexandra me avisou que esperava um bebe quando do batizado do meu outro neto – Lucca . Avisou que o parto poderia ser induzido e Lorenzo nasceria no dia do aniversário do pai – Javier . Foi o que aconteceu em 11 de julho . Um ano e meio depois de seu nascimento ele veio para São Paulo . Adorei ver aquele moléquinho . Era antes de mais nada determinadamente risonho e simpático . Ria quando gostava das pessoas . Nunca sem razão menor. Tinha e tem olhos extremamente vivos , demonstrando desde cedo muita inteligência . Gostava de brincadeiras . O dia que ficou comigo e com Vera foi ao Paulistano e já brincava em vários tipos de brinquedos e balanços para crianças de idade mais avançada . Não tinha medo . Ele os adora . A segunda vez que estive mais tempo com ele foi em Menorca , onde passei duas semanas na casa dos pais . Ele já estava com mais de dois anos e gostava de uma farra ou uma brincadeira . Estava sempre alegre . Brigava e chorava quando a mãe saia de carro sem leva-lo . Da mesma forma quando era para sair do carro, pois queria ficar dentro dele , pegando a direção e fingindo que estava guiando . Adorava passear de lancha com o pai . Já naquele tempo , com dois anos , falava muito bem . Fazia um esparramo para comer e era necessário passar um vídeo do peixinho “Nemo”, que ele gosta , para poder distrai-lo e dar comida na boca . Achei aquilo errado, pois comer deve ser um ato natural. Deve ser feito junto a família . Falei com a Xanda . Compramos um cadeirão . Colocamos junto a mesa da casa . Ele então comia comigo e com os pais , com a colher na própria mão . Comia fazendo um pouco de sujeira ( na realidade muita ) ... mas comia sem chorar e sem precisar ficar olhando nada . A ultima vez que esteve em São Paulo impressionou todos muito bem. . Agora , com apenas pouco mais de 3 anos , fala perfeitamente três línguas . Inglês por que a Xanda só fala com ele nesta língua . Alem do mais como agora eles estão morando em Londres , fala e apreende o idioma inglês na escola maternal . Fala o português pois todo dia fica e conversa com Maria sua babá .Ela é brasileira . Espanhol fala com o pai , pois que ele assim exige. O que é bom . Dentro em pouco estarão voltando para a Espanha . Será trilingüe perfeito . Falando três línguas sem sotaque . Quando aqui esteve pela última vez , durante um almoço no Paulistano , contou que tem uma namorada que se chama “Gabi ... Gabriela” . Xanda disse que na escola ele é extremamente paquerado por todas menininhas . O bichinho é malandro , mas quando perguntado responde que
  • 29. gosta só de Gabi... Gabriela . Seu bicho favorito é um peixe chamado “Nemo.” Por isto mesmo ficou todo feliz quando lhe dei um “abat-jour” eletrônico , onde os peixinhos estão com Nemo e parecem nadar . Gosta de ficar olhando antes de dormir . Aquele meu neto me faz lembrar de um “Edu Moleque” . É outra continuidade de minha vida . Mexe com meu coração . Os Netos de Vera Vieram um pouco depois dos meus . Foi muito bom , pois até pouco tempo eu considerava que tinha 4 netos , dois diretos e dois indiretos . Agora tenho mais dois ... Pedro , filho de Antonio Paulo , e João Paulo filhode Paulo Henrique . Em seguida chegou Mia Francis Marcondes Browning , depois a Gabriella do Antonio Paulo . Esta última é especial . Uma espoleta , bonitinha , mandona que a todos cativa com sua maneira de ser . - Mia Francis – Minha Querida Netinha – Não seria possível começar este novo século sem a chegada de uma menininha na família . Paula me contou que durante a sua gestação ela sempre foi uma nenezinha muito calma . Nasceu em 2.005 Hoje , como sempre , continua muito tranqüila . Nasceu de parto normal lá em Seul – Coréia , onde segundo minha filha não é o melhor lugar para se ter filhos . Isto pelas condições rígidas que lá são impostas pela medicina . Ali a mãe sempre vai sofrer as dores de um parto normal . Cesariana só mesmo em último caso . Mia nasceu comprida , com quase 51 centímetros . Puxou a família britânica de sua avó Francis . Vai ser bem alta . Alem do mais tem semelhança e todo jeito daquela sua avó . Ainda está com pouco cabelo que pelo jeito vai ser castanho escuro . Tem o narizinho arrebitado e parece mesmo com aquelas antigas bonequinhas de porcelana , com a pele muito clarinha . Dá vontade de morder ... Para mim tem a coisa mais gostosa de beijar : duas bochechas rosadas e bem formadas . É muito alegre e gosta de dançar no colo da gente . Quando aparece um desenho na TV o tempo para . Fica olhando fixamente para a telinha . Qualquer barulho mais forte no filme ela assusta . Nunca chora praticamente , nem mesmo para mamar . Se está com fome fica resmungando todo tempo até receber sua mamadeira . Mia é o complemento que faltava para a minha pequena família . Deus que a abençoe . Sempre . .
  • 30. VIAGENS COM VERA - PAULA E ALEXANDRA Edu Marcondes Conhecendo Europa e Ásia Desde meados de 2002 eu havia combinado , com minha filha Paula e seu marido Mark , que iríamos passar o Natal e Ano Novo com eles em Hong Kong . Já estava com muitas saudades dos dois e principalmente de meu netinho Lucca . Alem do mais estava morrendo de vontade de conhecer coisas da China , onde eles estavam vivendo , em Hong Kong . Mark ali trabalhava dirigindo uma Empresa de Investimentos . Quando chegou Setembro , Paula telefonou confirmando que esperava por mim e por Vera . Ela havia passado as férias de Junho no apartamento de Vera , aproveitando para ir até sua fazenda em Sorocaba . Lucca gostara de tudo, principalmente de andar à cavalo . Tirou até fotos montado em um grande cavalo , porem já velhinho ... Fui então atrás da “Air France” , pois minha pesquisa de preços indicava ser a melhor .. . O roteiro era simples : São Paulo - Paris - Hong Kong (ida e volta) . Quando estava tudo acertado e as passagens já compradas recebi um telefonema da filha Alexandra . Estava indignada . Soube da nossa viagem pela tia Marisa . Queria saber como é que eu iria para a França e não chegava até Madrid , pelo menos para ver o neto Lorenzo . Argumentava que a distancia era pouca . Uma hora de vôo . Nesta altura Javier entrou na conversa telefônica . Foi dizendo que a passagem de Paris para Madrid correria por sua conta . Assim fui intimado para ir para Espanha . Respondi que ia conversar com a “Air France” e voltaria falar com eles o mais rapido possível . Liguei imediatamente para a companhia aérea francesa . Para surpresa minha fui informado que a viagem de Paris para Madrid seria cortesia da própria Air France . A única coisa necessária foi remarcar datas e horários das passagens , o que foi realizado sem problemas . Iria agora passar 70 dias fora . O Roteiro mudou para : S. Paulo – Paris – Madrid – Paris – Hong Kong ( ida e volta) . Quando retornei a ligação para Alexandra foi só alegria . Recebi seu novo endereço e deixei tudo combinado . Agora iríamos passar os 4 dias em Paris e depois nosso destino seria Madrid , onde ficaríamos 10 dias , conforme Alexandra desejava . A China viria depois . Vera Lúcia quando soube da história gostou e muito . Sempre estava disposta para viajar .
  • 31. – Paris - No dia 28 de Outubro fomos para Paris em um vôo muito tranqüilo . Ali já tínhamos reservas no “Hotel du Dragon” , que ficava na “Rue du Dragon” , em “Saint Germain ” . A indicação era da nossa querida amiga Loélia lá do Paulistano . Não era muito dispendioso e ficava em ótimo local. Logo em frente havia morado Victor Hugo . Ao lado uma “boulangerie” onde todas as manhas fazíamos nosso desjejum com estudantes da Sorbonne . Chegamos pela manhã e estávamos descansados , pois dormimos muito bem no avião . Resolvemos sair passeando , apesar de um frio de quase zero graus ! Saímos a pé , de Saint German na direção do Rio Sena . Fomos parando em todos os lugares que gostávamos . Tirando fotos . No caminho percebi que o nariz de Vera estava ficando vermelho de frio . Alem do mais ela estava com dificuldades para respirar com o ar muito gelado . Estava colocando um lencinho em frente ao rosto para enfrentar o frio . Não reclamava nada . Continuamos andando até encontrarmos a Igreja de “Notre Dame” . Vera nem pensou e foi entrando para fugir daquele tempo gelado . Passei a mão por sua cabeça e senti que seus cabelos também estavam muito frios . Visitamos a Notre Dame em todos seus principais detalhes . Entendo que existem igrejas menos famosas , que são mais bonitas . Entretanto , ali naquela igreja , vale muito mais a Historia que a envolve . Na saída , antes do almoço , vi , em uma lojinha francesa , chapéus femininos de feltro para o inverno . Vi também mantilhas , de seda com cashemere . Tudo muito chique , simples e bonito . Não tive duvidas . Levei Vera até lá e ela ganhou seus primeiros presentes na Europa . Um chapéu de feltro combinando com seu casaco e uma mantilha macia que ela achou linda . Ficou bonita e elegante com a mantilha envolvendo pescoço e rosto . O chapeuzinho ficou na cabeça desde o momento em que ela o experimentou . Depois disto fomos almoçar no Restaurante “Quasimodo” . Tem este nome pois fica ao lado da “Notre Dame” . “Quasimodo” era o tal “corcunda” que vivia na igreja e que salvou a cigana Esmeralda ! Ali a comida era simples ( para comida francesa ) mas bem gostosa . Com Vera devidamente agasalhada tivemos coragem para continuar andando pelas margens do Sena , vendo e conhecendo as belezas do lugar e os artistas pintores parisienses . Depois , quando sentimos que poderia rapidamente escurecer , fomos de volta para o Hotel Dragon em Saint German. No caminho paramos no maravilhoso supermercado “Bom Marché”. Compramos frutas , suco de laranja , pães de vários tipos , queijos e frios . Durante a noite fizemos gostoso “pic-nic” em frente da televisão . Ficamos assistindo a opera “Carmen” , em ótima apresentação.
  • 32. No outro dia nossa dedicação total foi para Museus . Pela manhã direto para o “D’orsay”, onde também almoçamos no seu simpático restaurante . A comida estava maravilhosa ( com todas as letras ) . Por isto mesmo nossa visita ao “Louvre” não foi nem a mais demorada , nem a mais instrutiva . Como deveria ser naquele dia . Mas valeu . Depois de um grande almoço não é possível visitar museus . Voltamos na manhã do outro dia. Naquela noite resolvemos repetir o “pic-nic” em frente da televisão Antes de dormir combinamos passeio por toda Paris no conhecido Ônibus Turístico . Você pode tomar e descer em qualquer lugar . Depois com a mesma passagem continuará percorrendo a cidade . Logo cedo pegamos o tal “vermelhinho” e ficamos girando e parando por toda Paris . Nem almoçamos . Em muitos lugares , por onde parávamos , fomos tomando pequenos lanches . Deliciosos . A noite fomos passear por Saint German . O frio estava demais e depois de alguns quarteirões entramos em um “Café Parisiense” para tomar o chá mais caro do mundo . Muito ruim . Frio por frio , foi melhor andar pela rua gelada e voltar para o hotel . Naquela noite ficamos lembrando da pequena “Boulangerie” onde todas as manhãs vínhamos tomando desjejuns magníficos . Ele ficava quase em frente do nosso hotel . Não deu outra . Na manhã de nossa partida fomos para lá bem cedo, tomar o gostoso café matinal naquela “Boulangerie du Dragon” ( este era o nome , se não me engano ) . Desta vez foi sem pressa , bem demorado , saboreando inclusive aquela deliciosa tortinha de morangos . Quando estávamos saindo vimos o taxi chegando . Bem na hora combinada . Pegou as nossas malas e pronto . Fomos diretamente para o aeroporto . Era um dia nacional qualquer. No caminho encontramos ruas cheias de soldados bem uniformizados e cavalos bonitos . Bandeiras tricolores hasteadas em vários locais . Madrid Já dentro do avião , a caminho de Madrid , fiquei desejando que lá poderia estar um pouco mais quente . Logo depois a televisão de bordo , fixada na poltrona da frente , contava que o frio era praticamente o mesmo que aquele de Paris . Quando saímos do avião o frio foi confirmado . No carro que nos levava para a casa de Alexandra tive oportunidade de ver como Madrid estava realmente linda . As ruas largas , muito limpas e bem arborizadas . O transito funcionando ! Lindas estatuas , Grandes Arcos e muitas Fontes em quase todas as avenidas . Não se andava muito para encontrar um Parque , com todo aquele verde bem majestoso .
  • 33. Os prédios públicos , muito bem conservados , sempre tinham um bonito jardim em frente . Madrid marca muito por ser bem arrumada em todos detalhes . Rapidamente já estávamos no Bairro da Xanda . Chegamos . “Calle de los Alhelies” . A casa de Xanda e Javier tem jardim em dois lados , pois é de esquina . Mal tocamos a campainha e a cachorrada já ficou latindo . Xanda junto com Lorenzo vieram correndo abrir o portão . Foram muitos beijos e abraços no meio daqueles dois “Poodles” que não paravam de latir . Queriam nossa atenção . “Delon” é um velho cão conhecido meu , mas a cachorrinha “Lana” era novidade . Fomos entrando levando as malas . As empregadas ajudaram , apesar dos “poodles” se enfiarem entre nossas pernas , gerando alegria e confusão ao mesmo tempo . A casa , apesar de ser grande , possui apenas dois quartos . Por isto mesmo ficamos hospedados no pequeno pavilhão existente junto ao pátio interno, ao lado da piscina . A suite nele existente é bem pequena mas tem inclusive ar condicionado . Ali no verão deve ser muito gostoso , pois depois de um banho de piscina se pode dormir logo ao lado . No inverno facilita o aconchego de duas pessoas . Tudo ali é apertadinho . Esperamos Javier . Depois dos abraços e entrega dos presentes, fomos com ele jantar em um restaurante típico da Galícia . Muito gostoso . Para variar , ele que gosta de vinho , encomendou um tinto especial . Naquela noite dormi quentinho e feliz . No outro dia , um Domingo , Javier nos mostrou toda a cidade dando um giro em Madrid com seu carro . Fiquei impressionado com a beleza e conservação de todos prédios governamentais . Apesar de alguns pequenos ataques de malcriação , Xanda foi ótima cicerone . Estranhei , pois ela sempre foi ao mesmo tempo meiga e briguenta . Malcriada nunca . Mesmo assim , em todos aqueles dias , nos levou para conhecermos muitas coisas . Fomos ao maravilhoso Palácio Real . Passeamos em seus jardins e entramos em sua catedral . Fomos a antiga Estação “ La Tocha” ( não guardei o nome direito ) onde almoçamos , tendo em volta seus maravilhosos jardins de inverno , cheio de plantas tropicais . Atendemos gentil convite da senhora mãe de Javier . Xanda nos levou e nos apresentou . Depois ficamos para comer um cosido típico espanhol em seu apartamento . Divino e maravilhoso . No outro dia ela nos levou para ver as lojas . Eu acabei ganhando uma japona de inverno e Vera uma casaco comprido . Depois fomos conhecer uma Arena de Touros , onde a estatuária é espetacular . Todo lugar e
  • 34. magnifico . No final da tarde tomamos lanche em uma Cafeteria onde Javier também é sócio . Lorenzo aproveitou para se divertir naquele lugar . Toledo – O dia seguinte foi tirado para conhecermos a cidade de Toledo . Fica apenas uma hora de carro de Madrid . Ir para aquele lugar é realizar uma volta ao passado medieval . Todas as construções tem séculos . Castelos, Muralhas e suas ameias , Torreões fortificados , Pontes elevadíças , Mansões centenárias , Arcos e Portais magníficos . Tudo está perfeitamente conservado. Tudo ali é muito lindo , principalmente sua Catedral com mais de oito séculos de existência . As ruas tortuosas , continuam da mesma forma como foram construídas . Apenas por ali , sem destoar a arquitetura, encontramos ótimos restaurantes e muitas lojas. . Adorei aquele passeio , principalmente por que fomos com Lorenzo meu netinho . Escorial -Não poderíamos deixar de conhecer o “El Escorial” . Vera e eu tiramos um dia para visitarmos aquela famosa construção . Saímos bem cedo para a Estação indicada . Fomos tomar o trem para chegar a cidadezinha que fica uma hora de Madrid . Está situada no topo de uma montanha . A viagem é maravilhosa , pois o trem tem dois andares e espetacular janelas panorâmicas . Alem do que corre quase 200 km. por hora . A primeira visão Del Escorial , depois que você sobe a montanha , mexe com seus sentimentos . Aquela imensa construção de pedras é realmente imponente . Foi construída por ordem de Felipe II , na época o maior imperador do mundo . Tudo ali foi realizado pelos maiores artistas da época , inclusive com obras de “El Greco” , muitas das quais encontram-se atualmente do Museu do Prado – Madrid . Toda a parte de madeiras é da maior qualidade já vista . Existe uma Sala chamada “Das Batalhas” onde as maiores vitórias militares de Felipe II são demonstradas em afrescos , pintados em parede de 50 metros de comprimento . É impossível visitar Espanha e não conhecer El Escorial . Logo depois de sua saída , descendo a encosta da montanha , em um caminho coberto por lindas arvores centenárias , você encontrará o maravilhoso “Palácio do Príncipe das Asturias” . Bem , se os dias foram movimentados , imagine as noites . O único dia que jantamos em casa foi quando Vera , Javier e Xanda se comprometeram cozinhar uma feijoada para os irmãos , irmãs , cunhados , cunhadas e amigos da família , sem saber se encontrariam as coisas , condimentos e pertences para feijoada . Nem sei direito como Vera conseguiu e fez . Saiu uma feijoada estilizada , mas saiu . Agradou a todos e ela ganhou presente. da irmã do Javier . Foi feijoada alegre . Caipirinha não faltou .
  • 35. Em outra noite fomos ao futebol ver o Real Madrid no Estádio Santiago Barnabeu . Dois dias depois fomos ao “Circo Du Soleil” . Aquelas noites e nas outras demais fomos jantar fora , sempre com familiares ou amigos de Javier , tomando vinho como ele gosta . Dos melhores e mais finos. Sempre espanhóis . Vera e eu íamos dormir quentinhos ! Lorenzo estava muito alegre e se divertia com os cachorrinhos . Aquela seria a última manhã que eu brincaria com meu neto naquela viagem . Esperei Vera chegar para um passeio a pé . Dei um beijo nele e em Xanda . Fomos no caminho do centro da cidade . Achei um Correio . Coloquei todos os cartões postais para os amigos do Paulistano . Logo adiante Vera encontrou uma loja onde comprou uma caixinha de música em forma de carrossel . Depois , quando chegamos mais adiante , em uma praça ampla conseguiu três mantilhas para levar de presente . Na volta para casa de Xanda eu já estava com saudades de minha filha, de Lorenzo e de Javier . Também de tudo e de todos . E da Espanha. No fim da tarde : Despedidas e caminho do Aeroporto . CHINA : HONG KONG – LANTAU - MACAU - Hong Kong– A noite , quando entrei no avião , fui lembrando que naquele vôo teríamos de enfrentar quase 13 horas horas de viagem sem escalas. Uma viagem difícil ! Mesmo viajando pela Air France . Havia falado em dias anteriores com Paula , dando o numero do vôo e a hora prevista para chegada . Estávamos combinados que ela estaria nos esperando no aeroporto . Chegar sozinho em Hong Kong , sem falar chinês , não dava muita confiança . Em caso de desencontro , como última saída , tinha em mãos o endereço de sua casa . Finalmente chegamos . Mais mortos que vivos . Na saída ficamos analisando aquele espetacular aeroporto . E encontramos dificuldades com o primeiro encontro com desconhecidas modernidades . Para que lado deveríamos tomar o “Metro Interno do Aeroporto” para chegar até a saída? Resolvemos seguir a maioria . Deu certo no começo . Depois encontramos duas sadias A e B . Em qual Paula estaria esperando ? Resolvemos que Vera iria pela A e eu pela B . Também deu certo , pois logo depois Lucca , apesar de seus tres anos , reconheceu Vera e correu para seu colo . Foi ganhando beijos . Em seguida Mark e Cora já estavam ao seu lado . Foram me buscar logo depois. Então fui eu que ganhei beijos e abraços . Com meu netinho Lucca agora em meu colo . E Paula ? Onde estava ?
  • 36. Mark explicou que ela estava dando treinamento em Singapura e que não deu para chegar em tempo . Estava vindo para Hong Kong . No caminho para casa , Mark nos foi mostrando a cidade . Passamos pela ponte mais extensa do planeta , logo depois do aeroporto . Hong Kong é sem duvida a mais moderna cidade do Mundo . Em tudo e por tudo . É muito bonita em sua topografia . Parece o Rio de Janeiro , com montanhas , praias , mar , baías e muito verde . Alem do mais contem o maior numero de arranha –céus por metro quadrado do mundo . São prédios enormes, sempre com mais de 50 andares , em sua média . Cada um tentando ser mais arrojado que o outro na arquitetura . Ali todos os taxis são da mesma marca e tem cor vermelha e preto , fácil de identificar . O transito funciona perfeitamente , apesar das várias linhas de bondes com 2 andares e dos muitos ônibus com ar condicionado, saindo para todas direções . Tudo é muito limpo e cheio de jardins . Mark foi explicando que agora a higiene é meta de todos governantes chineses . Nisto Hong Kong ainda está na frente de outras cidades da China . O Governo para tanto , como já aconteceu antigamente nos Estados Unidos e países da Europa , multa até quem cuspir no chão . Tudo em Hong Kong deve ser sempre o mais moderno existente . Por muitas razões e princípios de mercadologia , bem como por fatores relativos aos custos , quase todas as grandes industrias mundiais e/ou empresas com muita importância internacional tem sede ou filial na cidade . Hoje ela já voltou a fazer parte integrante da China . Entretanto , continua com Administração Especial , até os próximos 2 anos . Ali é o local onde mais encontramos os carros mais caros do mundo: Bentley , Rolls Royce , Ferrari , Porche , Lanborguine . Eles passam por você a toda hora . O chinês rico adora ser “snobe”. Discretamente ... Chegamos ao apto de Paula /Mark . Fica no alto de uma colina , com espetacular vista para a praia e para a baia . Fiquei conhecendo a outra babá do Lucca - Dália . Também a gatinha “Natasha”. Ela é muito linda da raça “ Blue Russian” . Apesar de mansinha Lucca não gosta dela . Fica longe . Acho que puxou o seu rabo e foi arranhado . Paula chegou quando já estávamos indo dormir . Foi uma festa no nosso quarto , com Lucca fazendo a maior bagunça . Nota : Aquela “bagunça” virou tradicional . Todo tempo em que estivemos em Hong Kong , em todas as noites , Lucca ia para nossa cama e fazíamos barracas com os lençóis , lógico com ele lá em baixo fazendo folia . Até hoje ele lembra . No outro dia , Sábado , Paula convidou para andarmos nas montanhas . Calcei um mocassino leve e fomos com ela ,Vera e Mark .
  • 37. Acontece que “andar na montanha era escalar montanha” . Com aquele sapato derrapando e saindo do pé não conseguiria escalar nem uma mureta ... quanto mais uma montanha . Paramos de subir e fomos andar por uma estradinha em cima das montanhas , vendo de um lado os lagos artificiais que existem nas montanhas de Hong Kong ( São reservas de água doce ,formadas pelas chuvas e pequenos córregos perfeitamente guardadas ) , e do outro lado o mar . Andamos até chegarmos em uma pequena localidade chamada “Stanley” . Ali é o bairro “Paraíso do Turista” . Você poderá comprar tudo : tênis , eletro domesticos , roupas , perfumes , pinturas e até pérolas . Lembro que voltamos depois para lá mais uma vez . Compramos muitas coisas . Vera levou lindo conjunto de pérolas negras . Em outro dia , com Paula e Mark , ganhei um tênis e uma calça curta . Adorei , mas deixei claro que : - “sem tênis ou com tênis não iria mais escalar montanhas” . Os meus 72 anos estavam pesando muito para escalar !... Aqueles primeiros dias em Hong Kong foram muito agradáveis . De manhã eu saia com Vera para passear pelas praias . Andávamos por duas horas. .O inverno ali é muito suave . Pelas tardes conhecíamos locais de Hong Kong . Em uma delas fomos até o “Centro Velho” onde Vera adquiriu sedas puras muito bonitas . Fomos e voltamos de bonde. De dois andares ! As noites quase sempre tínhamos reuniões em casas dos amigos e amigas de Paula e Mark . Lembro que a vizinha de Paula , chamada Andréa , uma brasileira bonita e simpática , casada com um filho de inglês com portuguesa , nos convidou para um jantar brasileiro . Foi muito gostoso , principalmente pelo carinho demonstrado para outros brasileiros . Outra que nos tratou maravilhosamente foi a amiga de Paula . Ela se chama Emac , é grega e estava com uma filhinha nova . No final , quando de nossa volta, ganhei um “OlhoGrego”, destinado a espantar o “mal olhado” . Quando estávamos sem convite então íamos jantar fora . Mark foi sempre muito gentil nos convidando . Pela primeira vez tomei vinho da Nova Zelândia . Muito Bom ! Vera também tomou e gostou . China – Lantau – De acordo com informações de um livro sobre turismo na China , achei que seria um bom passeio visitar a ilha de Lantau . Falei com Mark e ele me confirmou que valeria a pena ir até a ilha , pois o lugar é muito lindo , místico e possui o maior Buda fundido em bronze do mundo . A ida poderia ser feita em Lanchas Especiais – Catamarans . Eram enormes , parecendo mini navios , super rápidas e em uma hora estaríamos lá na ilha . Falei com Vera e resolvemos ir até lá no dia seguinte .
  • 38. Bem cedo Mark nos levou até o Embarcadouro para Lantau . Tudo muito fácil . Em 10 minutos já havíamos pago as passagens e já estávamos a bordo , esperando a partida . Nem sentimos quando a lancha partiu . Foi muito suave mas rapidamente alcançava espantosa velocidade , sem trepidar . Pude então reparar que internamente ela mais parecia um avião , com televisão , bar a bordo , cadeiras giratórias e muito mais coisas . Fomos comentando o que víamos e reparando as paisagens passando rapidamente . Quando demos conta estávamos atracando no cais de Lantau . Um ônibus de turismo nos levou até o topo da montanha . Levou quase uma hora , pois o caminho é difícil , costeando a montanha em estrada estreita . Subimos do nível do mar até 1.000 metros de altura . La de cima , em um platô , a vista é incrível . Os aviões que vão para Macau ou Hong Kong passam mais baixo do que o ponto onde você está . Você vê o avião olhando para baixo . A vista sempre atinge no mínimo 180 graus . Você verá então quase todas pequenas ilhas daquela região . Marca muito aquele local uma melodia suave que vai tocando sempre , por toda parte . É mística . Ela parece combinar com a brisa suave que por ali persiste . O mais importante : De qualquer lado que você olhar para cima verá sempre o enorme Buda de bronze . Ele toma conta da paisagem. . O problema é chegar até ele , que fica no topo de um morro , que tem uma escadaria com 1.000 degraus . Combinei com Vera que subiria parando em duas etapas . Não deu . Fui obrigado parar cinco vezes para tomar fôlego e chegar ao Buda de Bronze . Para se ter idéia de seu tamanho vou lembrar que em sua base existe um museu , relatando a forma de sua existência e construção , bem como loja de artigos religiosos . Tão difícil como subir é descer de volta . No meio do caminho a perna fica bamba e você é obrigado a parar e refrescar as pernas que já ferveram ... Quando chegamos respiramos um pouco , descansamos as pernas e fomos almoçar . O bilhete que você compra para ver o Buda dá direito ao almoço . Por sinal bom . Voltei dormindo no ônibus , depois no barco . Macau- China Com base no sucesso da primeira viagem de lancha resolvemos realizar nossa ida para Macau . A viagem seria um pouco mais longa , com hora e meia . Dois dias depois já estávamos a caminho . O barco era ainda maior e ainda mais rapido . Alem do mais aquele tinha dois andares. Fomos na parte de cima para ver melhor , pois a vista do mar e da região é bonita . Como sempre naqueles barcos a viagem foi maravilhosa .