SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 19
O SIGNIFICADO TEOLÓGICO DO REMANESCENTE
           DE ISRAEL E A SUA MISSÃO

     Em seu livro Studies in the Name "Israel" in the Old Testament
(Uppsala, 1946), o erudito sueco Gustaf A. Danell conclui que o
vocábulo "Israel", além de ser usado como nome de uma pessoa, pode
designar três grupos relacionados: (1) a união das doze tribos antes da
divisão do reino; (2) as dez tribos do norte de Israel; (3) Judá, depois da
queda do reino do norte, como o remanescente de Israel (p. 9). Nosso
interesse primário procura penetrar além dessas designações externas até
a natureza religiosa e o significado teológico da expressão "Israel" como
apresentado no Velho e no Novo Testamentos. Nesse respeito, o erudito
holandês do Antigo Testamento, A. R. Hulst, demonstrou que o
vocábulo "Israel" tem duplo sentido desde o início: "pessoa", "nação" e
"povo de Jeová" ou congregação religiosa".1 Vamos considerar
brevemente o uso teológico-religioso da expressão "Israel" no Velho
Testamento.

                      Israel no Velho Testamento

     O primeiro uso da palavra "Israel" na Bíblia, em Gênesis 32,
apresenta a origem e o significado deste novo nome. Quando estava para
entrar na terra de Canaã, o patriarca Jacó, levado pela culpa e temendo
por sua vida, começou numa noite a lutar com um "Homem"
desconhecido que parecia possuir uma força sobre-humana. Jacó
persistentemente pleiteava a bênção desse Homem. Então, a resposta foi
dada, "já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste
com Deus e com os homens e prevaleceste'' (Gênesis 32:28; cf. 35:9-10).
Mais tarde, o profeta Oséias interpretou a peleja de Jacó como uma luta
"com Deus" e "com o anjo" (Oséias 12:3, 4). O nome "Israel" é dessa
forma revelado como sendo de origem divina. Simboliza o novo
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                  2
relacionamento espiritual de Jacó com Jeová e o representa reconciliado
através da graça perdoadora de Deus.
     Tem-se enfatizado que a luta de Jacó foi iniciada por Deus e a sua
vitória foi o progresso "da resistência para o apego", significando que
Jacó abandonara sua própria auto-suficiência e autodefesa ao apegar-se
confiantemente ao Anjo de Deus, a fim de receber a garantia divina de
aceitação.2 E. G. White explica a mudança do nome de Jacó como segue:
"Como prova de que fora perdoado, seu nome foi mudado de um nome
que lembrava seu pecado, para outro que comemorava sua vitória".3
     Em outras palavras, o nome "Israel", desde o começo, simboliza um
relacionamento pessoal de reconciliação com Deus. O restante das
Escrituras nunca perde de vista a raiz sagrada desse nome. De fato, Deus
queria repetir a Sua iniciativa de lutar com o homem em todos os
israelitas que descenderam de Jacó. Através do profeta Oséias, Ele
apresenta a luta de Jacó e a total confiança em Jeová como um exemplo
que precisa ser imitado pelas tribos apóstatas de Israel que estavam
confiando mais nos cavalos de guerra da Assíria e do Egito (Oséias
12:3-6; 14:1-3). Isto é, a luta de Jacó com Deus é colocada por Oséias
como um protótipo do verdadeiro Israel, como um padrão normativo
para a casa de Israel, a fim de tornar-se o Israel de Deus.
     O propósito divino para o povo israelita foi indicado por Moisés
quando disse a faraó, "Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu
primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva''
(Êxodo 4:22). As tribos israelitas são chamadas para adorar ao Senhor, o
Santo, de acordo com a Sua vontade revelada. Eles são "Israel, seu povo"
(Êxodo 18:1), "a comunidade do Senhor" (Números 20:4, NIV).
     Israel é diferente de todas as outras nações, não por causa de
qualquer qualidade étnica, moral ou política, mas unicamente porque foi
escolhido pelo Senhor para receber Suas promessas feitas aos patriarcas
(Deuteronômio 7:6-9). Deus redimiu a Seu povo do cativeiro no Egito a
fim de ligá-lo exclusivamente a Si:
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                     3
     Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de
águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha
voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade
peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis
reino de sacerdotes e nação santa (Êxodo 19:4-6).
      Podemos distinguir dois aspectos do concerto divino com Israel.
Primeiro, este como uma unidade étnica foi escolhido para ser o próprio
povo de Deus, a fim de adorá-Lo por causa de Sua graça redentora e do
Seu amor (cf. Ezequiel 16). Segundo, Israel permaneceria a Sua preciosa
possessão e nação santa apenas se Lhe obedecesse e guardasse o Seu
concerto (Êxodo 20-24). Esse é claramente um aspecto condicional em
relação ao status futuro de Israel no concerto divino.
       É fundamental a revelação de que a unidade nacional de Israel foi
desde o princípio baseada na ação redentora de Deus para com ele e na
reivindicação divina de sua adoração e lealdade. Os conceitos étnico e
religioso são mantidos juntos através da concepção veterotestamentária
de um remanescente fiel.4 G. E. Ladd explica:
     Os profetas viam a Israel como um todo, como rebeldes e
desobedientes e, por isso destinados a sofrer o julgamento divino. Mas ainda
permanecia dentro da nação infiel um remanescente de crentes que foram
os objetos da atenção divina. No remanescente se encontrava o verdadeiro
povo de Deus.5
     O concerto divino com Israel, contudo continuaria sempre através
do remanescente, mesmo quando as maldições do concerto dispersassem
a nação como um grupo étnico entre todas as outras nações do mundo
(ver Deuteronômio 27-28) e o templo fosse desunido (ver Levítico 26).
A promessa divina é que, a despeito da desobediência e rebelião de Israel
contra Deus, Ele garante, "não os rejeitarei, nem me aborrecerei deles,
para consumi-los e invalidar a minha aliança com eles, porque eu sou o
SENHOR, seu Deus'' (Levítico 26:44). O plano divino para Israel em
favor das nações se cumprirá, mas da maneira surpreendente do próprio
Deus.
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                   4
     O livro de Deuteronômio enfatiza o objetivo da eleição de Israel
como uma missão profundamente religiosa. Ele é caracterizado como
"Filhos...do SENHOR, vosso Deus" (Deuteronômio 14:1), como "povo
santo ao SENHOR, vosso Deus" (14:2), escolhidos "para serem o seu
tesouro pessoal" (Deuteronômio 14:2, NVI). Israel foi chamado para
responder ao Seu redentor adorando a Jeová (Deuteronômio 13:6-10) e
assim tornar-se religiosamente inculpável perante Deus (Deut. 18:9-13).
     Deus colocou uma obrigação sagrada sobre todos os israelitas:
      Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão. Não terás outros deuses diante de mim... - Êxodo 20:2-3
      Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás,
pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
toda a tua força. - Deuteronômio 6:4-5
     E ainda:
    Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje, vieste a ser povo do SENHOR,
teu Deus. Portanto, obedecerás á voz do SENHOR, teu Deus, e lhe
cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno. -
Deuteronômio 27:9-10
     No monte Sinai, as tribos de Israel foram oficialmente constituídas
como Israel, o povo do Senhor. A própria palavra e o ato de Deus elevou
Israel a uma congregação veneradora ou a uma assembléia (qahal), a fim
de ser uma luz sacerdotal para o resto da humanidade. A conclusão de A.
Hulst em relação ao significado do nome "Israel" em Deuteronômio é
significativa:
      O seu interesse não é com um conglomerado de diferentes tribos e
grupos, não com uma soma total de indivíduos, não com um povo como uma
entidade étnica ao lado de outros povos – isso deve ser enfatizado – mas ao
invés disso, com a "assembléia", a comunidade religiosa que encontra a sua
unidade na palavra e na lei de Jeová, por isso, completamente no Próprio
Jeová.
      O nome "Israel" em Deuteronômio significa, por tanto, o povo em seu
relacionamento com Jeová. O foco não é o povo em seu aspecto nacional,
nem acima de tudo, como um grupo étnico, mas como uma unidade
religiosa. Ele pertence á pureza de vida em sua esfera social, religiosa e
cúltica.6
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                      5
     No livro de Deuteronômio, o termo "israelitas" (literalmente, filhos
de Israel; [1:1; 4:44-46; 10:6; 28:69; 33:1; 34:8, 9; etc-]) parece designar
mais os descendentes físicos de Jacó, enquanto o nome "Israel" indica a
unidade religiosa do povo do concerto. Naturalmente, o relacionamento
consangüíneo não é necessariamente idêntico ao da fé. Deuteronômio
mostra uma distinção entre a comunidade que adora e os laços étnicos.
     As leis religiosas de Deuteronômio 23 permitem às famílias
egípcias e edomitas que haviam vivido por três gerações entre os
israelitas, participarem na adoração da "assembléia do SENHOR"
(qahal; Deuteronômio 23:7-8). A benção da prosperidade na terra
prometida em Deuteronômio nunca é incondicional, mas sempre
depende da obediência de Israel em guardar os mandamentos do Senhor
e a Torah (ver Deuteronômio 26:16-19; 27:9-10). Josué, o sucessor de
Moisés, relata como em Siquém Israel aceitou a adoração apenas do
Senhor como a base de sua vida comum (Josué 24:16-18). Israel
continuamente renovava o seu concerto com Deus na liturgia sagrada de
suas festividades anuais:
      No santuário, ao centro, a confederação das doze tribos era
continuamente chamada de volta ao seu relacionamento de concerto com o
Senhor e pleiteavam um renovado serviço a Deus através da obediência à
Sua lei. Assina, aquelas coisas que aconteciam no Sinai não são
simplesmente uma série de fatos do passado, mas na adoração solene das
doze tribos tornavam-se novamente uma realidade presente e
contemporânea. A palavra de proclamação torna visível a base do ser de
Israel. A menos que essa palavra seja pronunciada, a corporação das doze
tribos está em perigo de incorrer no erro da auto-afirmação e
autodeterminação.7
     No livro de Salmos, que contém o nome "Israel" cinqüenta e nove
vezes, o vocábulo denota o povo como uma assembléia que adora a
Jeová no templo em Jerusalém.8 A palavra "Judá" praticamente nunca é
usada para designar a comunidade que adora.
     Os profetas começaram a indicar que Israel como uma nação cairia,
assim como as outras nações, sob a justiça punitiva do Senhor, por causa
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                  6
de sua apostasia religiosa e de sua injustiça social (Amos 3:2). Não
obstante, um remanescente, uma "santa semente", permaneceria (1 Reis
19:18; Isaías 6:13; 8:17-18; 10:20-22). Amós foi o primeiro profeta a
rejeitar a idéia popular de que Israel como uma nação seria salvo no dia
do Senhor quando Jeová julgar o mundo (Amós 3:2; 9:1-4, 9, 10). Ele
enfatizou a condição da sensibilidade religiosa de Israel à promessa de
salvação:
     Buscai ao SENHOR e vivei, para que não irrompa na casa de José como
um fogo que a consuma, e não haja em Betel quem o apague (Amós 5:6).
      Apenas um remanescente da nação israelita sobreviveria ao futuro
juízo divino (Amós 3:12; 5:15). Esse remanescente seria peneirado pela
fidelidade ao concerto no dia do Senhor (5:15), assim como Deus
escolhera o Seu remanescente nos dias de Elias (1 Reis 19:18).
Surpreendentemente, Amós revelou outro aspecto vital da promessa de
restauração de Israel: os não israelitas também serão conduzidos ao
círculo do remanescente escatológico de Israel e à casa de Davi:
     Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas
brechas; e,levantando-o das suas ruínas, restaurá-lo-ei como fora nos dias
da antiguidade; para que possuam o restante de Edom e todas as nações
que são chamadas pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz estas coisas
(Amós 9:11-12).
     A profecia de Amós anuncia que o remanescente escatológico de
Israel é "principalmente uma entidade de designação religiosa ao invés
de nacional".9
     O tema do remanescente torna-se um elemento dominante na
proclamação de Isaías do julgamento e salvação. A combinação entre
condenação e salvação é inerente ao conceito da santidade de Jeová. O
profeta Isaías sentiu-se totalmente perdido, embora fosse graciosamente
reconciliado, purificado e chamado para ser embaixador de Deus (6:1-8).
G. F. Hasel explica, "Assim, o próprio profeta pode ser considerado o
representante proléptico do futuro remanescente porque foi confrontado
pela 'santidade' de Jeová e emergiu como um indivíduo limpo e
purificado".10
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                    7
      O julgamento destrutivo sobre a casa de Israel e sobre a casa de
Davi não aniquilaria toda a vida em Israel. "Como terebinto e, como
carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a
santa semente é o seu toco" (Isaías 6:13). Este "toco" ou cepo de raiz,
representa tanto a destruição da nação israelita, quanto a vida preservada
que continuaria no remanescente. Porém, este remanescente de Israel
será santo apenas porque, como Isaías, experimentou o juízo purificador
de Deus. E, "por causa dessa experiência se posicionará corretamente no
relacionamento de fé, confiança e obediência para com Jeová. Ele será
então o portador da eleição".11
      Isaías também usa o nome "Israel" para a casa de Judá (Isaías 1:1-3;
8:14). Ele anuncia a sua destruição como uma nação (Isaías 6:11-13) de
maneira que apenas o remanescente fiel a Deus herdará as promessas do
concerto. O propósito divino para Israel como uma nação "santa" (Êxodo
19:6) ou povo "santo" (Deuteronômio 7:6) era que "toda a terra"
estivesse cheia da glória divina (Isaías 6:3). Este alvo havia sido
frustrado pela infidelidade israelita, embora o eterno propósito de Deus
permanecerá e será cumprido através do santo remanescente de Israel
(Isaías 4:2-6; 6:13). Esse conceito de um remanescente santo pertence ao
cerne da escatologia de Isaías (cf. Isaías 1:24-26).
      Durante a crise sírio-efraimita em Jerusalém (734-733 A.C.), Isaías
revelou que uma fé confiante em Jeová é o critério distintivo do
remanescente santo (Isaías 7:9; cf. 30:15-18). Ele, seus filhos e seus
discípulos, eram "sinais e símbolos da parte do SENHOR dos Exércitos"
apontando adiante para o futuro remanescente (Isaías 8:18, NVI). Esse
fato mostra que Isaías usa o tema do remanescente não apenas para o
juízo divino escatológico, mas o aplica também à crise política de seu
próprio tempo (cf. Isaías 1:4-9; 11:11, 16). A sua esperança é que o
remanescente israelita contemporâneo proveja as condições para a
manifestação do santo remanescente futuro. Isaías "não conhece a
distinção temática entre um remanescente 'secular profano' e um
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                      8
             12
'teológico'." Ele usa a questão do remanescente apenas em um sentido
teológico-religioso, tanto para o seu tempo quanto para o futuro.
      Mais do que as palavras de qualquer outro profeta, as profecias
preditivas de Isaías dos capítulos 40-66 figuram como as grandes
promessas de restauração israelita depois do exílio assírio-babilônico.
Nessas garantias acumuladas da reunião de Israel da grande dispersão, o
foco profético não está exclusivamente nos descendentes físicos de Jacó
que se comprometeram a adorar Jeová.
      Isaías visualiza que entre o Israel pós-exílico, muitos não israelitas
que escolheram adorar ao Deus de Israel seriam congregados. Duas
classes de pessoas, estrangeiros e eunucos (machos castrados), que eram
proibidos de participar da assembléia em adoração a Jeová, de acordo
com a lei de Moisés (Deuteronômio 23:1-3), agora são bem-vindos para
adorar no novo templo, no monte Sião, sob a condição de que aceitem o
sábado do Senhor e se mantenham fiéis ao concerto de Deus.
      ...também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa
de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu
altar, porque a minha casa Será chamada Caia de Oração para fedor os
povos. Assina diz o SENHOR Deus, que congrega os dispersos de Israel:
Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos (Isaías 56:78,
ênfase acrescentada; cf. 45:20-25).
      Quando os gentios se unirem em fé e obediência ao Senhor (Isaías
56:3), o Deus de Israel dará a esses estrangeiros "um memorial e um
nome melhor do que filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um
deles..." (Isaías 56:5). Dessa maneira, Isaías demonstra como a
benevolência universal de Deus para com o mundo, como indicada no
seu concerto com Abraão (Gênesis 12:2-3) e Israel (Êxodo 19:16), será
finalmente cumprida através de um novo Israel. A característica
essencial deste não é a descendência étnica de Abraão, mas a fé de
Abraão, a adoração a Jeová. Os crentes gentios gozarão os mesmos
direitos e esperanças das promessas do concerto como israelitas crentes.
      Claus Westermann observa em Isaías 56:
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                    9
     Aqui...o físico e o espiritual cessaram a fim de estar necessariamente
unidos dessa forma. O nome [Israel] pode sobreviver sem descendentes
nascidos do corpo físico de alguém...A nova comunidade está a caminho de
uma nova forma de associação que já não é mais idêntica aos velhos
conceitos do povo escolhido. Desde essa época [Isaías 56], encontramos
importantes elementos do conceito neotestamentário de comunidade...Ele
'congrega' Israel também entre aqueles que até agora não foram capazes de
pertencer a Israel.13
      Westermann conclui que Isaías visualiza Israel, primariamente não
como uma entidade étnica ou política, mas ao invés disso, como uma
congregação religiosa ou uma "igreja", como o povo de Deus.
      O profeta Miquéias une a promessa de um "remanescente de Israel"
(2:12, NVI), o novo povo de Deus, à promessa do Messias que sairia de
Belém (5:2). Ele congregará o remanescente de Israel "como ovelhas no
aprisco, como rebanho no meio do seu pasto" (2:12). "Ele se manterá
firme e apascentará o povo na força do SENHOR" (5:4). .
      O profeta Jeremias, que serviu a Deus durante os últimos quarenta
anos do reinado de Judá (625-586 A.C.), usa o nome "Israel" de várias
maneiras, dependendo de cada contexto imediato. Torna-se claro, por
isso, que Jeremias não focaliza suas promessas e predições sobre a
restauração de Israel como um estado político independente, mas como
um povo de Deus espiritualmente restaurado, congregado de todas as
doze tribos. O novo concerto que Jeová fará com a casa de Israel e a casa
de Judá depois do exílio babilônico será explicitamente diferente do
concerto sinaítico (31:31-34). O Israel restaurado será um remanescente
devoto e de oração, composto de todas as doze tribos, nas quais cada
israelita individualmente experimenta um relacionamento salvífico com
Deus e obedece a Sua santa lei com inteireza de coração (31:6; 32:38-40).
      Embora Jeremias não inclua explicitamente os não israelitas em sua
profecia do novo concerto de Deus com Israel, não obstante, todos os
crentes em Jeová de todas as nações são incluídos a princípio. O
privilégio de pertencer à comunidade do novo concerto tornou-se
acidental, não sob condições étnicas ou políticas, mas sob a ligação
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                 10
pessoal e espiritual com Deus, "ou melhor, sob a atitude de Deus para
com o homem".14 O propósito de Deus, de acordo com Jeremias, não é
um estado judaico como tal, "mas um povo que obedece a Jeová, uma
comunidade que O serve e é inteiramente orientada para Ele".15 Essa
conclusão é grifada pelas predições de Jeremias de que até mesmo a arca
do concerto do Senhor, o símbolo da presença visível de Deus no templo
de Jerusalém, não será mais necessária ou relembrada (Jeremias 3:16).
     O profeta Ezequiel, que foi deportado para Babilônia em 597 A.C.,
também predisse que um Israel novo e espiritual retornaria do exílio de
todas as nações para a sua terra natal:
     Voltarão para ali e tirarão dela todos os seus ídolos detestáveis e todas
as suas abominações. Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro
deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne;
para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os
executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Mas, quanto
àqueles cujo coração se compraz em seus ídolos detestáveis e
abominações, eu farei recair sobre sua cabeça as suas obras, diz o
SENHOR Deus. (Ezequiel 11:18-21).
      Essas predições e outras similares (cf. 36:24-33; 37:22-26)
enfatizam que o interesse central de Deus por Israel é a sua restauração,
não como um estado secular e político, mas como uma teocracia unida,
um povo espiritualmente limpo e que verdadeiramente adore a Deus. O
foco de Ezequiel nas promessas de restauração não é primariamente
sobre o retorno de Israel à terra prometida, mas ao seu retorno a Jeová.
Ele afirma que Deus expurgará os exilados israelitas no "deserto das
nações" de sua contaminante idolatria e espírito de secularização, de
maneira que apenas um Israel arrependido e purificado retornará à sua
terra (Ezequiel 20:32-36).16
      O Israel pós-exílico era uma comunidade religiosa centralizada ao
redor do templo reconstruído, não ao redor de um trono real. Embora, a
maioria dos exilados retornados era das tribos de Judá e Levi, esse
remanescente espiritual considerava-se como uma continuação e
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                   11
representação do Israel de Deus (Esdras 2:2, 70; 3:1, 11; 4:3; 6:16-17, 21;
Neemias 1:6; 2:10; 8:1, 17; 10: 39; 12:47; Malaquias 1:1, 5; 2:11).
     O profeta Zacarias predisse que, em Israel, a diferença entre a
santidade ritual e a vida ordinária será finalmente abolida e que nenhum
idólatra ali permanecerá:
    ...sim, todas as panelas em Jerusalém e Judá serão santas ao
SENHOR dos Exércitos; todos os que oferecerem sacrifícios virão, lançarão
mão delas e nelas cozerão a carne do sacrifício. Naquele dia, já não haverá
mercador na Casa do SENHOR dos Exércitos (Zacarias 14:21).
      O último profeta, Malaquias, acentuou que aqueles israelitas que
"temem ao Senhor" são o povo de Deus, e apenas o que "serve a Deus" é
reconhecido como Seu particular tesouro e possessão no Dia do Juízo
(Malaquias 3:16 – 4:3). Judá é considerado como os filhos de Jacó e o
herdeiro do concerto de Deus com Israel (1:1; 2:11; 3:6; 4:4).
      Em suma, o Velho Testamento usa o nome "Israel" de mais de uma
maneira. Primeiro e acima de tudo, representa a comunidade do concerto
religioso, o povo que adora a Jeová em espírito e em verdade. Segundo,
denota um grupo étnico distinto ou uma nação que é chamada para
tornar-se o Israel espiritual. Decisivo para os profetas do Antigo
Testamento e suas profecias é a qualidade teológica do "povo de Deus",
não as suas características étnicas e políticas. O significado original do
nome "Israel", como um símbolo da aceitação de Deus através de Sua
graça perdoadora (Gênesis 32:28), permanece para sempre a raiz sagrada
para a qual os profetas chamam ao retorno as tribos naturais de Israel
(Oséias 12:6; Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:26-28).
      Sempre que os profetas do Velho Testamento retratam o
remanescente escatológico de Israel, o caracterizam como uma
comunidade fiel e religiosa que adora a Deus com um novo coração
sobre a base do "novo concerto'' (Joel 2:32; Sofonias 3:12, 13; Jeremias
31:3134; Ezequiel 11:16-21). Esse fiel remanescente do tempo do fim se
tornará a testemunha de Deus entre todas as nações e incluirá também os
O Remanescente de Israel e Sua Missão                               12
não israelitas, pois não levará em consideração a sua origem étnica
(Zacarias 9:7; 14:16; Isaías 66:19; Daniel 7:27; 12:1-3).
     O panorama total da escatologia veterotestamentária revela que as
bênçãos do concerto israelita como um todo serão cumpridas, não no
Israel nacional descrente, mas apenas naquele fiel a Jeová e que confia
no Seu Messias. Esse remanescente incorporará os fiéis de todas as
nações gentílicas e assim cumprirá o propósito divino da eleição de
Israel.

              O Propósito Universal da Eleição de Israel

      Moisés havia enfatizado o fato de que Deus escolheu e redimiu a
Israel não por causa de qualquer virtude moral dos israelitas, mas
exclusivamente devido à fidelidade divina às Suas graciosas promessas
feitas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (Deut. 7:7-9; Êxodo 2:24-25).
Aquele que tirara Abraão de Ur dos Caldeus (Gênesis 15:7) removeu as
tribos de Israel para fora do Egito (Êxodo 20:2), a fim de cumprir o
concerto abraâmico:
    ...de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o
nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei
os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra
(Gênesis 12:2-3; cf. 22:17-18; 26:4).17
      Precisamos ter em vista a unidade orgânica dessa múltipla promessa
e seu propósito universal: abençoar todos os povos da terra através de
Abraão e sua descendência. Essa bênção universal indubitavelmente
serve para contrafazer a maldição universal que havia caído sobre toda a
raça humana por causa de sua rebelião contra Deus (Gênesis 3:17;
4:11-12). Enquanto a "maldição" representa os poderes destrutivos que
finalmente levarão à morte, a "bênção" representa o poder restaurador,
próspero e prevalecente que finalmente conduzirá à vida eterna (cf.
Gênesis 22:17; Números 23:7-10, 20-24; 2 Samuel 7:29). À luz desse
fato, torna-se claro que a eleição divina de Abrão e de Israel como um
O Remanescente de Israel e Sua Missão                          13
povo serviu ao propósito universal de salvação. As promessas
particulares à etnia e ao Israel geográfico estão subordinadas ao
propósito de salvar a humanidade e não a um objetivo diferente e
independente. O profeta Isaías afirma:
      Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares
a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios,
para seres a minha salvação até à extremidade da terra (Isaías 49:6).
     Jesus confirma: "a salvação vem dos judeus" João 4:22). A eleição
particular de Israel é, por isso, organicamente uma com o plano divino
de salvação universal. Como G. Vos sumariza,'A eleição de Abraão e o
desenvolvimento ulterior das coisas de Israel, objetivava, como um meio
particular, a finalidade universal".18
     Desde o princípio, Israel foi chamado para ser uma luz sacerdotal
entre as nações, "reino de sacerdotes e nação santa" (Êxodo 19:6). Todas
as outras nações foram chamadas por Deus para partilhar das bênçãos
dadas a Israel "se reconhecessem a Israel ou ao seu rei como portadores
de bênção".19 O plano divino de bênção è paz universal através da
eleição de Israel (Salmo 72:17; Jeremias 4:2) torna-se o assunto da
profecia preditiva em Isaías:
      Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será
estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele
afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao
monte do SENHOR e á casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus
caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a
palavra do SENHOR, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá
muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e
suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra
outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Vinde, ò casa de Jacó, e
andemos na luz do SENHOR (Isaías 2:2-5).
      Essa predição, de maneira alguma, elimina ou enfraquece o Reino
davídico ou a condição moral de obediência amorosa por parte de Israel
à Torah revelada. Em nome de Deus, Jeremias confrontou um Israel
apóstata em Jerusalém com a condição original: "Obedeçam-me, e eu
serei o seu Deus e vocês serão o meu povo" Jeremias 7:23).
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                   14
     A eleição de Israel não implica a rejeição de outros povos, mas ao
contrário, a sua inclusão. Israel foi escolhido, não simplesmente pela sua
própria salvação, mas para conduzir o mundo inteiro a partilhar do
conhecimento da salvação e da bênção. Para resumir, Israel foi escolhido
para representar o caráter atrativo e a vontade de Jeová em salvar os
gentios. Comentando Jeremias 7:23, H. H. Rowley escreveu essas
palavras instigadoras:
     O propósito da eleição é o serviço, e quando este é retido, a eleição
perde o seu significado, e por isso fracassa... Se ele [Israel] cessasse de
reconhecer a Jeová como seu Deus, então estaria declarando não desejar
ser mais o Seu povo. Isso está bem demonstrado na parábola do oleiro de
Jeremias (Jer. 18:1v). O vaso que fracassa em realizar a intenção do oleiro
será remodelado em outro vaso...Seu supremo chamado para ser o Povo
Escolhido não foi a marca da indulgência ou do favoritismo divino, mas a
convocação para uma tarefa exigente e incessante. A eleição e a tarefa
estavam tão rigorosamente unidas que ele não poderia possuir uma sem a
outra.20
     Se Israel determinasse finalmente ser infiel a Jeová, perderia os
seus privilégios de receber as bênçãos divinas e ainda se colocaria sob a
maldição do concerto, como foi claramente afirmado em Levítico 26 e
Deuteronômio 28. A história de Israel, como relatada por Moisés e os
profetas, tem sido intitulada "uma história de fracasso" (R. Bultimann).
Não obstante, o propósito de Deus para o mundo não pode ser frustrado
Jó 42:2). Está escrito, "Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este
propósito, também o executarei" (Isaías 46:11). Quando Israel fracassou
como nação, o Senhor proveu um perfeito Israelita como uma bênção e
luz tanto para o próprio Israel quanto para o mundo. O Messias
prometido não falharia, porque "a vontade do SENHOR prosperará nas
suas mãos'' (Isaías 53:10).
     O propósito fundamental da missão de Israel alcança sua maior
clareza nos quatro cânticos proféticos de Isaías ,"Cânticos concernentes
ao Servo do Senhor" (Isaías 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; 52:13–53:12).
Assumimos a posição de que o Servo representa tanto o Israel coletivo
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                     15
quanto o israelita representativo em quem o povo de Israel foi
incorporado. Israel como um todo foi chamado para ser uma comunidade
missionária, mas finalmente apenas Um provaria cumprir a missão,
como Isaías havia esboçado. O Servo escolhido serviria ao Senhor, não
apenas em espalhar o conhecimento do verdadeiro Deus até aos confins
da terra (Isaías 42:1-4), mas também em reconduzir Israel ao Senhor
(Isaías 49:5-6). O Servo é chamado de Israel (Isaías 49:3) e também
imaginado como possuindo uma missão em função deste (Isaías 49:5-6).
      Para o pensamento moderno, essa tensão entre a identificação e a
diferenciação estabelece uma antítese, mas como tem sido amplamente
reconhecido hoje, "O conceito hebreu de personalidade corporativa pode
reconciliar a ambos e passar sem explanação ou indicação explícita de
um para o outro em uma fluidez de transição".21 Isto significa que no
Israel antigo um representante individual poderia expressar o mais
elevado propósito de um grupo ou nação. Por exemplo, o rei em Israel é
chamado "filho" de Deus (2 Samuel 7:14; Salmo 2:7); enquanto Oséias
também chama a nação israelita de "filho" de Deus (Oséias 11:1). Esse
conceito hebreu de representação ou "personalidade corporativa" é o
próprio fundamento da doutrina cristã de salvação pela fé em Cristo,
como proclamado pelo apóstolo Paulo: '"Porque, assim como, em Adão,
todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1
Coríntios 15:22).
      O profeta Isaías faz distinção entre um Israel literal, que é um servo
de Jeová "cego" e "mudo" (Isaías 42:19-20) e o servo sofredor de Jeová
como o Israel fiel (Isaías 42:1-4; 49;1-6; 50:4-9; 52:13–53:12). Como
observa um erudito:
     Mas enquanto o Servo é em algum sentido o representante ou
incorporação de Israel, é distinto da nação como um todo, para a qual a sua
missão é de fato primeiramente dirigida, bem como (daí para frente) para o
mundo gentílico.22
     O Servo individual é fortalecido por Deus para a sua missão e é
vindicado contra falsas acusações da oposição judaica e gentílica (Isaías
O Remanescente de Israel e Sua Missão                              16
50:4-9). O quarto Cântico do Servo do Senhor, Isaías 52:13–53:12, tem
sido chamado de "a glória culminante da religião do Velho Testamento"
(H. W. Robinson). O Servo aceitaria não apenas sofrimento e desprezo,
mas também – diferente de qualquer outro profeta – mesmo a morte
como um ato coroador de sua obediência, como "o próprio meio através
do qual ele cumpre o propósito de Deus...e em conseqüência, traz a
bênção e a libertação para as multidões".23
     Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão
do meu povo, foi ele ferido... Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo,
fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado,
verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR
prosperará nas suas mãos (Isaías 53:8b, 10).
     Nessa profecia dramática a nova idéia é apresentada sobre um
sofrimento que é representativo. Como H. H. Rowley explica:
      Ele redime não apenas o sofredor, mas aqueles que infligem sobre ele
o sofrimento; e redime não apenas por sua própria virtude, meramente
porque está sofrendo, mas por causa do espírito no qual suporta o
sofrimento. O Servo cumpre a sua missão para o mundo ao sofrer nas mãos
deste, e por ceder a sua vida sem luta ou queixa, a fim de ser um sacrifício
para aqueles que o mataram.24
      Finalmente, o sofrimento do Servo escolhido é vicário perante
Deus, porque "o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos"
(Isaías 53:6). Essa mensagem surpreendente de triunfo para Israel e a
raça humana seria compreendida e reconhecida pelos gentios apenas
depois do cumprimento histórico da morte e ressurreição do Servo do
Senhor (Isaías 52:13-15).
      O Servo de Isaías 42-53 possui as características vitais do Messias
davídico prometido de Isaías 11:1-10: "O Espírito de Jeová repousa
igualmente sobre o Messias davídico e o Servo. Ambos administram
eqüitativamente a justiça entre as nações bem como em Israel".25 Essa
identificação do Servo sofredor com o Rei messiânico prometido nunca foi
concebida como uma possibilidade no judaísmo. Como pode o Messias
glorioso ser alguém que julga a terra, mata os ímpios com o sopro de seus
lábios e ao mesmo tempo sofre passivamente a morte pelos seus inimigos?
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                    17
      Aqui ficamos face a face com a nova compreensão revolucionária
de Jesus de Nazaré concernente à missão do Messias prometido. Ele une
três diferentes conceitos da profecia israelita – a vinda do Rei davídico; o
Filho do Homem (em Daniel 7); o Servo de Deus sofredor – todos em
uma Pessoa: Ele mesmo.26
      Jesus via uma ordem definida nas tarefas do Messias: primeiro, um
aparecimento em humildade para cumprir a missão do Servo sofredor, e
depois disso, Seu surgimento em glória divina como Rei-Juiz. Ele até
mesmo reprovou os Seus discípulos por serem tardos de coração em
acreditar nesse programa messiânico:
      Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua
glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-
lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras (Lucas 24:26-27.
      O propósito de Deus em Sua eleição de Abraão e Israel para redimir
o mundo e estabelecê-lo sob reinado divino foi, em princípio, cumprido
na vida, morte e ressurreição do Messias Jesus. Cristo foi a única
semente de Abrão perfeitamente obediente, o único israelita sem pecado
que realmente merecia as infindáveis bênção do concerto divino com
Israel. Ele agora oferece as bênçãos do reino redentivo de Deus a todos
os homens, aos judeus e gentio igualmente, sem distinção (João 12:32;
Gálatas 3:14). Portanto, o plano de Deus com Israel em favor dos gentios
não foi frustrado ou adiado, mas ao contrário, prosperou no Messias
(Isaías 53:10). O plano divino progrediu sem tardança, vindo a plenitude
dos tempos (Gálatas 4:4, 5) e Cristo foi exaltado como o Governante
messiânico à destra de Deus (Atos 2:36; 5:31; 1 Coríntios 15:25). Em
Cristo todas as promessas divinas são "sim" (2 Coríntios 1:20). Ele
estabeleceu o Seu próprio Israel messiânico, a Sua ekklesia ou Igreja, o
Seu reino ou governo espiritual no mundo presente (Mateus 16:18; 13:41).

     Referências Bibliográficas:
    1. A. R. Hulst, Wat betekent de naam "Israel" in het Oude Testament?,
Miniaturen No. 1, Bijlage Maandblad Kerk em Israel, Jrg. 16, No. 10 (Den
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                  18
Haag: Boekencentrum, (1962). Ver também "Der Name 'Israel' im
Deuteronomium", OTS 9 (1951): 65-106.
      2. F. B. Meyer, Israel:. Prince with God (Ft. Washington, Penn.:
Christian Literature Crusade, 1972), pp. 78-81.
      3. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Santo André, São Paulo:
Casa Publicadora Brasileira, 1976), p. 199.
      4. Ver G. F. Hasel, The Remnant: The History and Theology of the
Remnant Idea from Genesis to Isaiah, Andrews University Monographs,
Studies in Religion, Vol. 5, 3rd ed. (Berrien Springs, Mich.: Andrews
University Press, 1980).
      5. Ladd, A Theology of the New Testament, p. 108.
      6. Hulst, "Der Name 'Israel' im Deuteronomium", pp. 73, 103-104
(tradução do autor).
      7. H. J. Kraus, The People of God in the Old Testament, World
Christian Book No. 22 (London: Lutterworth Press, 1963), p. 21.
      8. Ver Danell, Studies in the Name 'Israel' in the Old Testament,
capítulo 4.
      9. Hasel, The Remnant, p. 393.
      10. Ibid., p. 243.
      11. Ibid., p. 247.
      12. Ibid., p. 401.
      13. C. Westermann, Isaiah 40-66: A Commentary (Philadelphia:
Westminster Press, 1977), pp. 314, 315. Cf. E. Jacob, Theology of the Old
Testament (New York: Harper & Row, 1958), p. 324.
      14. O. Eisfeldt, Geschchtliches und Ubergeschichtliches im Alten
Testament, ThsSKr Bd 10912 (Berlin: Ev. Verlagsanstalt, 1947), pp. 14-15.
      15. Hulst, Wat betekent de naam "Israel" in het Oude Testament, p.
20.
      16. Ver H. Eichrodt, Ezekiel: A Commentary (Philadelphia:
Westminster Press, 1970), p. 280.
      17. Ver Kaiser, Toward an Old Testament Theology, pp. 13, 30f., para
fortes argumentos preferindo a tradução passiva, "serão benditas" em
Gênesis 12:3 acima da tradução reflexiva "abençoar-se-ão".
O Remanescente de Israel e Sua Missão                                 19
     18. G. Vos, Biblical Theology (Grand Rapids, Mich.: lm. B. Eerdmans
Pub. Co., 1963, reimpresso), p. 90.
     19. J. Scharbert, in TDOT, vol. 3, p. 307.
     20. H. H. Rowley, The Biblical Doctrine of Election (London:
Lutterworth Press, 1964), pp. 52, 51, 59.
     21. Robinson, Corporate Personality in Ancient Israel, p. 15.
     22. Bruce, New Testament Development of Old Testament Themes, p.
86.
     23. Ibid.
     24. H. H. Rowley, The Missionary Message of the Old Testament
(London: Cary Kingsgate Press, 1955), pp. 61-62.
     25. Bruce, New Testament Development of Old Testament Themes, p.
90.
     26 Ver Rowley, The Missionary Message of the Old Testament, p. 54;
Ladd, The Last Things, capítulo 1.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

A unção de manassés e efrain
A unção de manassés e efrainA unção de manassés e efrain
A unção de manassés e efrainantonio ferreira
 
O livro de rute
O livro de ruteO livro de rute
O livro de rutembrandao7
 
12 periodo do reino dividido ate a queda de israel
12  periodo do reino dividido ate a queda de israel12  periodo do reino dividido ate a queda de israel
12 periodo do reino dividido ate a queda de israelPIB Penha
 
A Restauração De Israel
A Restauração De IsraelA Restauração De Israel
A Restauração De IsraelJUERP
 
A obra do espirito santo na igreja
A obra do espirito santo na igrejaA obra do espirito santo na igreja
A obra do espirito santo na igrejaMarconi Pacheco
 
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdfSEDUC-PA
 
10 periodo do cativeiro de israel, da queda de juda e seu retorno
10  periodo do cativeiro de israel, da queda de juda e seu retorno10  periodo do cativeiro de israel, da queda de juda e seu retorno
10 periodo do cativeiro de israel, da queda de juda e seu retornoPIB Penha
 
Os livros de Esdras e Neemias
Os livros de Esdras e NeemiasOs livros de Esdras e Neemias
Os livros de Esdras e Neemiasmbrandao7
 
Princípios para uma Vida de Santidade
Princípios para uma Vida de SantidadePrincípios para uma Vida de Santidade
Princípios para uma Vida de SantidadeIBMemorialJC
 
Lição 9 - Juízes: Os Altos e Baixos da Nação de Israel
Lição 9 - Juízes: Os Altos e Baixos da Nação de IsraelLição 9 - Juízes: Os Altos e Baixos da Nação de Israel
Lição 9 - Juízes: Os Altos e Baixos da Nação de IsraelÉder Tomé
 
Lição 3: A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUEL
Lição 3: A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUELLição 3: A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUEL
Lição 3: A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUELHamilton Souza
 
Daniel nosso contemporaneo
Daniel nosso contemporaneoDaniel nosso contemporaneo
Daniel nosso contemporaneoMoisés Sampaio
 
2 Reis - Queda do Reino do Sul
2 Reis - Queda do Reino do Sul2 Reis - Queda do Reino do Sul
2 Reis - Queda do Reino do SulAmor pela EBD
 
O fruto do espírito a essencia do carater cristão
O fruto do espírito a essencia do carater cristãoO fruto do espírito a essencia do carater cristão
O fruto do espírito a essencia do carater cristãoEduardo Sousa Gomes
 

La actualidad más candente (20)

Lição 3 Hebreus
Lição 3   HebreusLição 3   Hebreus
Lição 3 Hebreus
 
A unção de manassés e efrain
A unção de manassés e efrainA unção de manassés e efrain
A unção de manassés e efrain
 
O livro de rute
O livro de ruteO livro de rute
O livro de rute
 
As cartas paulinas
As cartas paulinasAs cartas paulinas
As cartas paulinas
 
12 periodo do reino dividido ate a queda de israel
12  periodo do reino dividido ate a queda de israel12  periodo do reino dividido ate a queda de israel
12 periodo do reino dividido ate a queda de israel
 
A Restauração De Israel
A Restauração De IsraelA Restauração De Israel
A Restauração De Israel
 
22. o livro de ester
22. o livro de ester22. o livro de ester
22. o livro de ester
 
A obra do espirito santo na igreja
A obra do espirito santo na igrejaA obra do espirito santo na igreja
A obra do espirito santo na igreja
 
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
12 LIÇÕES DO DISCIPULADO - NOVA.pdf
 
10 periodo do cativeiro de israel, da queda de juda e seu retorno
10  periodo do cativeiro de israel, da queda de juda e seu retorno10  periodo do cativeiro de israel, da queda de juda e seu retorno
10 periodo do cativeiro de israel, da queda de juda e seu retorno
 
Os livros de Esdras e Neemias
Os livros de Esdras e NeemiasOs livros de Esdras e Neemias
Os livros de Esdras e Neemias
 
PROFETAS MAIORES (AULA 01 - BÁSICO - IBADEP)
PROFETAS MAIORES (AULA 01 - BÁSICO - IBADEP)PROFETAS MAIORES (AULA 01 - BÁSICO - IBADEP)
PROFETAS MAIORES (AULA 01 - BÁSICO - IBADEP)
 
Princípios para uma Vida de Santidade
Princípios para uma Vida de SantidadePrincípios para uma Vida de Santidade
Princípios para uma Vida de Santidade
 
SlideShare Lição 6, O Profeta Elias e Eliseu, seu Sucessor, 3Tr21, Pr Henriqu...
SlideShare Lição 6, O Profeta Elias e Eliseu, seu Sucessor, 3Tr21, Pr Henriqu...SlideShare Lição 6, O Profeta Elias e Eliseu, seu Sucessor, 3Tr21, Pr Henriqu...
SlideShare Lição 6, O Profeta Elias e Eliseu, seu Sucessor, 3Tr21, Pr Henriqu...
 
Lição 9 - Juízes: Os Altos e Baixos da Nação de Israel
Lição 9 - Juízes: Os Altos e Baixos da Nação de IsraelLição 9 - Juízes: Os Altos e Baixos da Nação de Israel
Lição 9 - Juízes: Os Altos e Baixos da Nação de Israel
 
Lição 3: A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUEL
Lição 3: A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUELLição 3: A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUEL
Lição 3: A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUEL
 
Daniel nosso contemporaneo
Daniel nosso contemporaneoDaniel nosso contemporaneo
Daniel nosso contemporaneo
 
2 Reis - Queda do Reino do Sul
2 Reis - Queda do Reino do Sul2 Reis - Queda do Reino do Sul
2 Reis - Queda do Reino do Sul
 
Atlas bíblico
Atlas bíblicoAtlas bíblico
Atlas bíblico
 
O fruto do espírito a essencia do carater cristão
O fruto do espírito a essencia do carater cristãoO fruto do espírito a essencia do carater cristão
O fruto do espírito a essencia do carater cristão
 

Destacado

08 a igreja e israel em rom. 9-11
08   a igreja e israel em rom. 9-1108   a igreja e israel em rom. 9-11
08 a igreja e israel em rom. 9-11Diego Fortunatto
 
07 interpretação eclesiológica do remanescente de israel
07   interpretação eclesiológica do remanescente de israel07   interpretação eclesiológica do remanescente de israel
07 interpretação eclesiológica do remanescente de israelDiego Fortunatto
 
02 a chave para o vt - literalismo ou nt
02   a chave para o vt - literalismo ou nt 02   a chave para o vt - literalismo ou nt
02 a chave para o vt - literalismo ou nt Diego Fortunatto
 
05 a interpretação cristológica
05   a interpretação cristológica05   a interpretação cristológica
05 a interpretação cristológicaDiego Fortunatto
 
03 a interpretação literal e a alegórica
03   a interpretação literal e a alegórica03   a interpretação literal e a alegórica
03 a interpretação literal e a alegóricaDiego Fortunatto
 
Estudo final de Isaías
Estudo final de IsaíasEstudo final de Isaías
Estudo final de Isaíasprofsempre
 
01 Raio X do Conflito no Oriente Médio (Parte 1)
01   Raio X do Conflito no Oriente Médio (Parte 1)01   Raio X do Conflito no Oriente Médio (Parte 1)
01 Raio X do Conflito no Oriente Médio (Parte 1)Robson Tavares Fernandes
 
Justificação pela fé e o santuario
Justificação pela fé e o santuarioJustificação pela fé e o santuario
Justificação pela fé e o santuarioSergio Silva Rosa
 
Missões_LIÇÃO 7 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXI
Missões_LIÇÃO 7 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXIMissões_LIÇÃO 7 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXI
Missões_LIÇÃO 7 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXINatalino das Neves Neves
 
01 o foco cristocêntrico de toda a escritura
01   o foco cristocêntrico de toda a escritura01   o foco cristocêntrico de toda a escritura
01 o foco cristocêntrico de toda a escrituraDiego Fortunatto
 
Apostila teologia-biblica-de-missoes
Apostila teologia-biblica-de-missoesApostila teologia-biblica-de-missoes
Apostila teologia-biblica-de-missoesCaetan Capellan
 
04 a interpretação tipológica
04   a interpretação tipológica04   a interpretação tipológica
04 a interpretação tipológicaDiego Fortunatto
 
Missão Transcultural
Missão TransculturalMissão Transcultural
Missão TransculturalLucas Santos
 

Destacado (20)

08 a igreja e israel em rom. 9-11
08   a igreja e israel em rom. 9-1108   a igreja e israel em rom. 9-11
08 a igreja e israel em rom. 9-11
 
07 interpretação eclesiológica do remanescente de israel
07   interpretação eclesiológica do remanescente de israel07   interpretação eclesiológica do remanescente de israel
07 interpretação eclesiológica do remanescente de israel
 
02 a chave para o vt - literalismo ou nt
02   a chave para o vt - literalismo ou nt 02   a chave para o vt - literalismo ou nt
02 a chave para o vt - literalismo ou nt
 
05 a interpretação cristológica
05   a interpretação cristológica05   a interpretação cristológica
05 a interpretação cristológica
 
03 a interpretação literal e a alegórica
03   a interpretação literal e a alegórica03   a interpretação literal e a alegórica
03 a interpretação literal e a alegórica
 
Estudo final de Isaías
Estudo final de IsaíasEstudo final de Isaías
Estudo final de Isaías
 
Comentário ao livro
Comentário ao livroComentário ao livro
Comentário ao livro
 
01 Raio X do Conflito no Oriente Médio (Parte 1)
01   Raio X do Conflito no Oriente Médio (Parte 1)01   Raio X do Conflito no Oriente Médio (Parte 1)
01 Raio X do Conflito no Oriente Médio (Parte 1)
 
Hans k la rondelle
Hans k la rondelleHans k la rondelle
Hans k la rondelle
 
Justificação pela fé e o santuario
Justificação pela fé e o santuarioJustificação pela fé e o santuario
Justificação pela fé e o santuario
 
09 a mulher e o dragão
09   a mulher e o dragão09   a mulher e o dragão
09 a mulher e o dragão
 
Isaías Para Hoje
Isaías Para HojeIsaías Para Hoje
Isaías Para Hoje
 
03 Israel e as Profecias Bíblicas
03   Israel e as Profecias Bíblicas03   Israel e as Profecias Bíblicas
03 Israel e as Profecias Bíblicas
 
Missões_LIÇÃO 7 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXI
Missões_LIÇÃO 7 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXIMissões_LIÇÃO 7 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXI
Missões_LIÇÃO 7 - MISSÕES TRANSCULTURAIS NO SÉCULO XXI
 
01 o foco cristocêntrico de toda a escritura
01   o foco cristocêntrico de toda a escritura01   o foco cristocêntrico de toda a escritura
01 o foco cristocêntrico de toda a escritura
 
Missões
Missões Missões
Missões
 
Missões_lição 3 - A igreja e missões
Missões_lição 3 - A igreja e missõesMissões_lição 3 - A igreja e missões
Missões_lição 3 - A igreja e missões
 
Apostila teologia-biblica-de-missoes
Apostila teologia-biblica-de-missoesApostila teologia-biblica-de-missoes
Apostila teologia-biblica-de-missoes
 
04 a interpretação tipológica
04   a interpretação tipológica04   a interpretação tipológica
04 a interpretação tipológica
 
Missão Transcultural
Missão TransculturalMissão Transcultural
Missão Transcultural
 

Similar a 06 o remanescente de israel e sua missão

E.b.d jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
E.b.d   jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05E.b.d   jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
E.b.d jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05Joel Silva
 
Ebd Lições bíblicas 2016 aula 7 Israel no plano da redenção.
Ebd Lições bíblicas 2016 aula 7 Israel no plano da redenção.Ebd Lições bíblicas 2016 aula 7 Israel no plano da redenção.
Ebd Lições bíblicas 2016 aula 7 Israel no plano da redenção.GIDEONE Moura Santos Ferreira
 
Israel no plano da redenção - Lição 08 - 2º Trimestre de 2016
Israel no plano da redenção - Lição 08 - 2º Trimestre de 2016Israel no plano da redenção - Lição 08 - 2º Trimestre de 2016
Israel no plano da redenção - Lição 08 - 2º Trimestre de 2016Pr. Andre Luiz
 
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃOLição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃOAndrew Guimarães
 
04 eliaseosprofetasdebaal
04 eliaseosprofetasdebaal04 eliaseosprofetasdebaal
04 eliaseosprofetasdebaalcledsondrumms
 
LBJ LIÇAÕ 5 - A separação de um povo para adoração exclusiva
LBJ LIÇAÕ 5 - A separação de um povo para adoração exclusivaLBJ LIÇAÕ 5 - A separação de um povo para adoração exclusiva
LBJ LIÇAÕ 5 - A separação de um povo para adoração exclusivaNatalino das Neves Neves
 
242197604-Manual-da-Profecia-Biblica-Abraao-de-Almeida-pdf.pdf
242197604-Manual-da-Profecia-Biblica-Abraao-de-Almeida-pdf.pdf242197604-Manual-da-Profecia-Biblica-Abraao-de-Almeida-pdf.pdf
242197604-Manual-da-Profecia-Biblica-Abraao-de-Almeida-pdf.pdfleviduyu
 
Deus escolhe arão e seus filhos para o sacerdócio por josé roberto
Deus escolhe arão e seus filhos para o sacerdócio por josé robertoDeus escolhe arão e seus filhos para o sacerdócio por josé roberto
Deus escolhe arão e seus filhos para o sacerdócio por josé robertoJOSE ROBERTO ALVES DA SILVA
 
Lição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
Lição 01- Conhecendo o Livro de IsaíasLição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
Lição 01- Conhecendo o Livro de IsaíasMaxsuel Aquino
 
Biblia 08-ideias-mestras
Biblia 08-ideias-mestrasBiblia 08-ideias-mestras
Biblia 08-ideias-mestrasRicardo Neves
 
Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
Lição 02   oséias - a fidelidade no relacionamento com deusLição 02   oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deuscledsondrumms
 
Lição 3 – Missões Transculturais no Antigo Testamento.pptx
Lição 3 – Missões Transculturais no Antigo Testamento.pptxLição 3 – Missões Transculturais no Antigo Testamento.pptx
Lição 3 – Missões Transculturais no Antigo Testamento.pptxCelso Napoleon
 
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançAAs Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançADimensaoCatolica
 
Missões no Antigo Testamento
Missões no Antigo TestamentoMissões no Antigo Testamento
Missões no Antigo TestamentoAlberto Simonton
 
Panorama do NT - Hebreus
Panorama do NT - HebreusPanorama do NT - Hebreus
Panorama do NT - HebreusRespirando Deus
 
1 aapostasianoreinodeisrael
1 aapostasianoreinodeisrael1 aapostasianoreinodeisrael
1 aapostasianoreinodeisraelcledsondrumms
 
Só YHWH é digno de adoração
Só YHWH é digno de adoraçãoSó YHWH é digno de adoração
Só YHWH é digno de adoraçãoJean Francesco
 

Similar a 06 o remanescente de israel e sua missão (20)

E.b.d jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
E.b.d   jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05E.b.d   jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
E.b.d jovens 4ºtrimestre 2016 lição 05
 
Ebd Lições bíblicas 2016 aula 7 Israel no plano da redenção.
Ebd Lições bíblicas 2016 aula 7 Israel no plano da redenção.Ebd Lições bíblicas 2016 aula 7 Israel no plano da redenção.
Ebd Lições bíblicas 2016 aula 7 Israel no plano da redenção.
 
Israel no plano da redenção - Lição 08 - 2º Trimestre de 2016
Israel no plano da redenção - Lição 08 - 2º Trimestre de 2016Israel no plano da redenção - Lição 08 - 2º Trimestre de 2016
Israel no plano da redenção - Lição 08 - 2º Trimestre de 2016
 
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃOLição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Lição 8 - ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
 
Deus no AT
Deus no ATDeus no AT
Deus no AT
 
04 eliaseosprofetasdebaal
04 eliaseosprofetasdebaal04 eliaseosprofetasdebaal
04 eliaseosprofetasdebaal
 
LBJ LIÇAÕ 5 - A separação de um povo para adoração exclusiva
LBJ LIÇAÕ 5 - A separação de um povo para adoração exclusivaLBJ LIÇAÕ 5 - A separação de um povo para adoração exclusiva
LBJ LIÇAÕ 5 - A separação de um povo para adoração exclusiva
 
242197604-Manual-da-Profecia-Biblica-Abraao-de-Almeida-pdf.pdf
242197604-Manual-da-Profecia-Biblica-Abraao-de-Almeida-pdf.pdf242197604-Manual-da-Profecia-Biblica-Abraao-de-Almeida-pdf.pdf
242197604-Manual-da-Profecia-Biblica-Abraao-de-Almeida-pdf.pdf
 
Deus escolhe arão e seus filhos para o sacerdócio por josé roberto
Deus escolhe arão e seus filhos para o sacerdócio por josé robertoDeus escolhe arão e seus filhos para o sacerdócio por josé roberto
Deus escolhe arão e seus filhos para o sacerdócio por josé roberto
 
Apocalipse 7 - A Igreja Selada - Texto da aula.pdf
Apocalipse 7 - A Igreja Selada - Texto da aula.pdfApocalipse 7 - A Igreja Selada - Texto da aula.pdf
Apocalipse 7 - A Igreja Selada - Texto da aula.pdf
 
Elohim plural ou singular
Elohim plural ou singularElohim plural ou singular
Elohim plural ou singular
 
Lição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
Lição 01- Conhecendo o Livro de IsaíasLição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
Lição 01- Conhecendo o Livro de Isaías
 
Biblia 08-ideias-mestras
Biblia 08-ideias-mestrasBiblia 08-ideias-mestras
Biblia 08-ideias-mestras
 
Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
Lição 02   oséias - a fidelidade no relacionamento com deusLição 02   oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
Lição 02 oséias - a fidelidade no relacionamento com deus
 
Lição 3 – Missões Transculturais no Antigo Testamento.pptx
Lição 3 – Missões Transculturais no Antigo Testamento.pptxLição 3 – Missões Transculturais no Antigo Testamento.pptx
Lição 3 – Missões Transculturais no Antigo Testamento.pptx
 
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançAAs Ideias Mestras Da Antiga AliançA
As Ideias Mestras Da Antiga AliançA
 
Missões no Antigo Testamento
Missões no Antigo TestamentoMissões no Antigo Testamento
Missões no Antigo Testamento
 
Panorama do NT - Hebreus
Panorama do NT - HebreusPanorama do NT - Hebreus
Panorama do NT - Hebreus
 
1 aapostasianoreinodeisrael
1 aapostasianoreinodeisrael1 aapostasianoreinodeisrael
1 aapostasianoreinodeisrael
 
Só YHWH é digno de adoração
Só YHWH é digno de adoraçãoSó YHWH é digno de adoração
Só YHWH é digno de adoração
 

Más de Diego Fortunatto

Notificação escolas-atualizada
Notificação escolas-atualizadaNotificação escolas-atualizada
Notificação escolas-atualizadaDiego Fortunatto
 
13 a mulher e a besta cor de escarlata
13   a mulher e a besta cor de escarlata13   a mulher e a besta cor de escarlata
13 a mulher e a besta cor de escarlataDiego Fortunatto
 
11 as últimas mensagens de deus e a ceifa
11   as últimas mensagens de deus e a ceifa11   as últimas mensagens de deus e a ceifa
11 as últimas mensagens de deus e a ceifaDiego Fortunatto
 
05 os selos e a obra do selamento
05   os selos e a obra do selamento05   os selos e a obra do selamento
05 os selos e a obra do selamentoDiego Fortunatto
 
04 as cartas às sete igrejas
04   as cartas às sete igrejas04   as cartas às sete igrejas
04 as cartas às sete igrejasDiego Fortunatto
 
03 a revelação de jesus cristo
03   a revelação de jesus cristo03   a revelação de jesus cristo
03 a revelação de jesus cristoDiego Fortunatto
 
15 as bodas do cordeiro e o conflito final
15   as bodas do cordeiro e o conflito final15   as bodas do cordeiro e o conflito final
15 as bodas do cordeiro e o conflito finalDiego Fortunatto
 
14 a queda da grande babilônia
14   a queda da grande babilônia14   a queda da grande babilônia
14 a queda da grande babilôniaDiego Fortunatto
 
12 as sete últimas pragas
12   as sete últimas pragas12   as sete últimas pragas
12 as sete últimas pragasDiego Fortunatto
 
10 o leopardo e a besta de dois chifres
10   o leopardo e a besta de dois chifres10   o leopardo e a besta de dois chifres
10 o leopardo e a besta de dois chifresDiego Fortunatto
 
08 o templo e as duas testemunhas
08   o templo e as duas testemunhas08   o templo e as duas testemunhas
08 o templo e as duas testemunhasDiego Fortunatto
 
07 o anjo com o livro aberto
07   o anjo com o livro aberto07   o anjo com o livro aberto
07 o anjo com o livro abertoDiego Fortunatto
 
03 a revelação de jesus cristo
03   a revelação de jesus cristo03   a revelação de jesus cristo
03 a revelação de jesus cristoDiego Fortunatto
 
01 vista geral do livro do apocalipse
01   vista geral do livro do apocalipse01   vista geral do livro do apocalipse
01 vista geral do livro do apocalipseDiego Fortunatto
 

Más de Diego Fortunatto (20)

Notificação escolas-atualizada
Notificação escolas-atualizadaNotificação escolas-atualizada
Notificação escolas-atualizada
 
23 combatendo o inimigo
23 combatendo o inimigo23 combatendo o inimigo
23 combatendo o inimigo
 
13 a mulher e a besta cor de escarlata
13   a mulher e a besta cor de escarlata13   a mulher e a besta cor de escarlata
13 a mulher e a besta cor de escarlata
 
11 as últimas mensagens de deus e a ceifa
11   as últimas mensagens de deus e a ceifa11   as últimas mensagens de deus e a ceifa
11 as últimas mensagens de deus e a ceifa
 
05 os selos e a obra do selamento
05   os selos e a obra do selamento05   os selos e a obra do selamento
05 os selos e a obra do selamento
 
04 as cartas às sete igrejas
04   as cartas às sete igrejas04   as cartas às sete igrejas
04 as cartas às sete igrejas
 
03 a revelação de jesus cristo
03   a revelação de jesus cristo03   a revelação de jesus cristo
03 a revelação de jesus cristo
 
16 o milênio
16   o milênio16   o milênio
16 o milênio
 
15 as bodas do cordeiro e o conflito final
15   as bodas do cordeiro e o conflito final15   as bodas do cordeiro e o conflito final
15 as bodas do cordeiro e o conflito final
 
14 a queda da grande babilônia
14   a queda da grande babilônia14   a queda da grande babilônia
14 a queda da grande babilônia
 
12 as sete últimas pragas
12   as sete últimas pragas12   as sete últimas pragas
12 as sete últimas pragas
 
10 o leopardo e a besta de dois chifres
10   o leopardo e a besta de dois chifres10   o leopardo e a besta de dois chifres
10 o leopardo e a besta de dois chifres
 
08 o templo e as duas testemunhas
08   o templo e as duas testemunhas08   o templo e as duas testemunhas
08 o templo e as duas testemunhas
 
07 o anjo com o livro aberto
07   o anjo com o livro aberto07   o anjo com o livro aberto
07 o anjo com o livro aberto
 
06 as sete trombetas
06   as sete trombetas06   as sete trombetas
06 as sete trombetas
 
03 a revelação de jesus cristo
03   a revelação de jesus cristo03   a revelação de jesus cristo
03 a revelação de jesus cristo
 
02 o estudo do apocalipse
02   o estudo do apocalipse02   o estudo do apocalipse
02 o estudo do apocalipse
 
01 vista geral do livro do apocalipse
01   vista geral do livro do apocalipse01   vista geral do livro do apocalipse
01 vista geral do livro do apocalipse
 
00 prefácio
00   prefácio00   prefácio
00 prefácio
 
17 a nova terra
17   a nova terra17   a nova terra
17 a nova terra
 

06 o remanescente de israel e sua missão

  • 1. O SIGNIFICADO TEOLÓGICO DO REMANESCENTE DE ISRAEL E A SUA MISSÃO Em seu livro Studies in the Name "Israel" in the Old Testament (Uppsala, 1946), o erudito sueco Gustaf A. Danell conclui que o vocábulo "Israel", além de ser usado como nome de uma pessoa, pode designar três grupos relacionados: (1) a união das doze tribos antes da divisão do reino; (2) as dez tribos do norte de Israel; (3) Judá, depois da queda do reino do norte, como o remanescente de Israel (p. 9). Nosso interesse primário procura penetrar além dessas designações externas até a natureza religiosa e o significado teológico da expressão "Israel" como apresentado no Velho e no Novo Testamentos. Nesse respeito, o erudito holandês do Antigo Testamento, A. R. Hulst, demonstrou que o vocábulo "Israel" tem duplo sentido desde o início: "pessoa", "nação" e "povo de Jeová" ou congregação religiosa".1 Vamos considerar brevemente o uso teológico-religioso da expressão "Israel" no Velho Testamento. Israel no Velho Testamento O primeiro uso da palavra "Israel" na Bíblia, em Gênesis 32, apresenta a origem e o significado deste novo nome. Quando estava para entrar na terra de Canaã, o patriarca Jacó, levado pela culpa e temendo por sua vida, começou numa noite a lutar com um "Homem" desconhecido que parecia possuir uma força sobre-humana. Jacó persistentemente pleiteava a bênção desse Homem. Então, a resposta foi dada, "já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste'' (Gênesis 32:28; cf. 35:9-10). Mais tarde, o profeta Oséias interpretou a peleja de Jacó como uma luta "com Deus" e "com o anjo" (Oséias 12:3, 4). O nome "Israel" é dessa forma revelado como sendo de origem divina. Simboliza o novo
  • 2. O Remanescente de Israel e Sua Missão 2 relacionamento espiritual de Jacó com Jeová e o representa reconciliado através da graça perdoadora de Deus. Tem-se enfatizado que a luta de Jacó foi iniciada por Deus e a sua vitória foi o progresso "da resistência para o apego", significando que Jacó abandonara sua própria auto-suficiência e autodefesa ao apegar-se confiantemente ao Anjo de Deus, a fim de receber a garantia divina de aceitação.2 E. G. White explica a mudança do nome de Jacó como segue: "Como prova de que fora perdoado, seu nome foi mudado de um nome que lembrava seu pecado, para outro que comemorava sua vitória".3 Em outras palavras, o nome "Israel", desde o começo, simboliza um relacionamento pessoal de reconciliação com Deus. O restante das Escrituras nunca perde de vista a raiz sagrada desse nome. De fato, Deus queria repetir a Sua iniciativa de lutar com o homem em todos os israelitas que descenderam de Jacó. Através do profeta Oséias, Ele apresenta a luta de Jacó e a total confiança em Jeová como um exemplo que precisa ser imitado pelas tribos apóstatas de Israel que estavam confiando mais nos cavalos de guerra da Assíria e do Egito (Oséias 12:3-6; 14:1-3). Isto é, a luta de Jacó com Deus é colocada por Oséias como um protótipo do verdadeiro Israel, como um padrão normativo para a casa de Israel, a fim de tornar-se o Israel de Deus. O propósito divino para o povo israelita foi indicado por Moisés quando disse a faraó, "Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva'' (Êxodo 4:22). As tribos israelitas são chamadas para adorar ao Senhor, o Santo, de acordo com a Sua vontade revelada. Eles são "Israel, seu povo" (Êxodo 18:1), "a comunidade do Senhor" (Números 20:4, NIV). Israel é diferente de todas as outras nações, não por causa de qualquer qualidade étnica, moral ou política, mas unicamente porque foi escolhido pelo Senhor para receber Suas promessas feitas aos patriarcas (Deuteronômio 7:6-9). Deus redimiu a Seu povo do cativeiro no Egito a fim de ligá-lo exclusivamente a Si:
  • 3. O Remanescente de Israel e Sua Missão 3 Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa (Êxodo 19:4-6). Podemos distinguir dois aspectos do concerto divino com Israel. Primeiro, este como uma unidade étnica foi escolhido para ser o próprio povo de Deus, a fim de adorá-Lo por causa de Sua graça redentora e do Seu amor (cf. Ezequiel 16). Segundo, Israel permaneceria a Sua preciosa possessão e nação santa apenas se Lhe obedecesse e guardasse o Seu concerto (Êxodo 20-24). Esse é claramente um aspecto condicional em relação ao status futuro de Israel no concerto divino. É fundamental a revelação de que a unidade nacional de Israel foi desde o princípio baseada na ação redentora de Deus para com ele e na reivindicação divina de sua adoração e lealdade. Os conceitos étnico e religioso são mantidos juntos através da concepção veterotestamentária de um remanescente fiel.4 G. E. Ladd explica: Os profetas viam a Israel como um todo, como rebeldes e desobedientes e, por isso destinados a sofrer o julgamento divino. Mas ainda permanecia dentro da nação infiel um remanescente de crentes que foram os objetos da atenção divina. No remanescente se encontrava o verdadeiro povo de Deus.5 O concerto divino com Israel, contudo continuaria sempre através do remanescente, mesmo quando as maldições do concerto dispersassem a nação como um grupo étnico entre todas as outras nações do mundo (ver Deuteronômio 27-28) e o templo fosse desunido (ver Levítico 26). A promessa divina é que, a despeito da desobediência e rebelião de Israel contra Deus, Ele garante, "não os rejeitarei, nem me aborrecerei deles, para consumi-los e invalidar a minha aliança com eles, porque eu sou o SENHOR, seu Deus'' (Levítico 26:44). O plano divino para Israel em favor das nações se cumprirá, mas da maneira surpreendente do próprio Deus.
  • 4. O Remanescente de Israel e Sua Missão 4 O livro de Deuteronômio enfatiza o objetivo da eleição de Israel como uma missão profundamente religiosa. Ele é caracterizado como "Filhos...do SENHOR, vosso Deus" (Deuteronômio 14:1), como "povo santo ao SENHOR, vosso Deus" (14:2), escolhidos "para serem o seu tesouro pessoal" (Deuteronômio 14:2, NVI). Israel foi chamado para responder ao Seu redentor adorando a Jeová (Deuteronômio 13:6-10) e assim tornar-se religiosamente inculpável perante Deus (Deut. 18:9-13). Deus colocou uma obrigação sagrada sobre todos os israelitas: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim... - Êxodo 20:2-3 Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. - Deuteronômio 6:4-5 E ainda: Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje, vieste a ser povo do SENHOR, teu Deus. Portanto, obedecerás á voz do SENHOR, teu Deus, e lhe cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno. - Deuteronômio 27:9-10 No monte Sinai, as tribos de Israel foram oficialmente constituídas como Israel, o povo do Senhor. A própria palavra e o ato de Deus elevou Israel a uma congregação veneradora ou a uma assembléia (qahal), a fim de ser uma luz sacerdotal para o resto da humanidade. A conclusão de A. Hulst em relação ao significado do nome "Israel" em Deuteronômio é significativa: O seu interesse não é com um conglomerado de diferentes tribos e grupos, não com uma soma total de indivíduos, não com um povo como uma entidade étnica ao lado de outros povos – isso deve ser enfatizado – mas ao invés disso, com a "assembléia", a comunidade religiosa que encontra a sua unidade na palavra e na lei de Jeová, por isso, completamente no Próprio Jeová. O nome "Israel" em Deuteronômio significa, por tanto, o povo em seu relacionamento com Jeová. O foco não é o povo em seu aspecto nacional, nem acima de tudo, como um grupo étnico, mas como uma unidade religiosa. Ele pertence á pureza de vida em sua esfera social, religiosa e cúltica.6
  • 5. O Remanescente de Israel e Sua Missão 5 No livro de Deuteronômio, o termo "israelitas" (literalmente, filhos de Israel; [1:1; 4:44-46; 10:6; 28:69; 33:1; 34:8, 9; etc-]) parece designar mais os descendentes físicos de Jacó, enquanto o nome "Israel" indica a unidade religiosa do povo do concerto. Naturalmente, o relacionamento consangüíneo não é necessariamente idêntico ao da fé. Deuteronômio mostra uma distinção entre a comunidade que adora e os laços étnicos. As leis religiosas de Deuteronômio 23 permitem às famílias egípcias e edomitas que haviam vivido por três gerações entre os israelitas, participarem na adoração da "assembléia do SENHOR" (qahal; Deuteronômio 23:7-8). A benção da prosperidade na terra prometida em Deuteronômio nunca é incondicional, mas sempre depende da obediência de Israel em guardar os mandamentos do Senhor e a Torah (ver Deuteronômio 26:16-19; 27:9-10). Josué, o sucessor de Moisés, relata como em Siquém Israel aceitou a adoração apenas do Senhor como a base de sua vida comum (Josué 24:16-18). Israel continuamente renovava o seu concerto com Deus na liturgia sagrada de suas festividades anuais: No santuário, ao centro, a confederação das doze tribos era continuamente chamada de volta ao seu relacionamento de concerto com o Senhor e pleiteavam um renovado serviço a Deus através da obediência à Sua lei. Assina, aquelas coisas que aconteciam no Sinai não são simplesmente uma série de fatos do passado, mas na adoração solene das doze tribos tornavam-se novamente uma realidade presente e contemporânea. A palavra de proclamação torna visível a base do ser de Israel. A menos que essa palavra seja pronunciada, a corporação das doze tribos está em perigo de incorrer no erro da auto-afirmação e autodeterminação.7 No livro de Salmos, que contém o nome "Israel" cinqüenta e nove vezes, o vocábulo denota o povo como uma assembléia que adora a Jeová no templo em Jerusalém.8 A palavra "Judá" praticamente nunca é usada para designar a comunidade que adora. Os profetas começaram a indicar que Israel como uma nação cairia, assim como as outras nações, sob a justiça punitiva do Senhor, por causa
  • 6. O Remanescente de Israel e Sua Missão 6 de sua apostasia religiosa e de sua injustiça social (Amos 3:2). Não obstante, um remanescente, uma "santa semente", permaneceria (1 Reis 19:18; Isaías 6:13; 8:17-18; 10:20-22). Amós foi o primeiro profeta a rejeitar a idéia popular de que Israel como uma nação seria salvo no dia do Senhor quando Jeová julgar o mundo (Amós 3:2; 9:1-4, 9, 10). Ele enfatizou a condição da sensibilidade religiosa de Israel à promessa de salvação: Buscai ao SENHOR e vivei, para que não irrompa na casa de José como um fogo que a consuma, e não haja em Betel quem o apague (Amós 5:6). Apenas um remanescente da nação israelita sobreviveria ao futuro juízo divino (Amós 3:12; 5:15). Esse remanescente seria peneirado pela fidelidade ao concerto no dia do Senhor (5:15), assim como Deus escolhera o Seu remanescente nos dias de Elias (1 Reis 19:18). Surpreendentemente, Amós revelou outro aspecto vital da promessa de restauração de Israel: os não israelitas também serão conduzidos ao círculo do remanescente escatológico de Israel e à casa de Davi: Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas; e,levantando-o das suas ruínas, restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz estas coisas (Amós 9:11-12). A profecia de Amós anuncia que o remanescente escatológico de Israel é "principalmente uma entidade de designação religiosa ao invés de nacional".9 O tema do remanescente torna-se um elemento dominante na proclamação de Isaías do julgamento e salvação. A combinação entre condenação e salvação é inerente ao conceito da santidade de Jeová. O profeta Isaías sentiu-se totalmente perdido, embora fosse graciosamente reconciliado, purificado e chamado para ser embaixador de Deus (6:1-8). G. F. Hasel explica, "Assim, o próprio profeta pode ser considerado o representante proléptico do futuro remanescente porque foi confrontado pela 'santidade' de Jeová e emergiu como um indivíduo limpo e purificado".10
  • 7. O Remanescente de Israel e Sua Missão 7 O julgamento destrutivo sobre a casa de Israel e sobre a casa de Davi não aniquilaria toda a vida em Israel. "Como terebinto e, como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco" (Isaías 6:13). Este "toco" ou cepo de raiz, representa tanto a destruição da nação israelita, quanto a vida preservada que continuaria no remanescente. Porém, este remanescente de Israel será santo apenas porque, como Isaías, experimentou o juízo purificador de Deus. E, "por causa dessa experiência se posicionará corretamente no relacionamento de fé, confiança e obediência para com Jeová. Ele será então o portador da eleição".11 Isaías também usa o nome "Israel" para a casa de Judá (Isaías 1:1-3; 8:14). Ele anuncia a sua destruição como uma nação (Isaías 6:11-13) de maneira que apenas o remanescente fiel a Deus herdará as promessas do concerto. O propósito divino para Israel como uma nação "santa" (Êxodo 19:6) ou povo "santo" (Deuteronômio 7:6) era que "toda a terra" estivesse cheia da glória divina (Isaías 6:3). Este alvo havia sido frustrado pela infidelidade israelita, embora o eterno propósito de Deus permanecerá e será cumprido através do santo remanescente de Israel (Isaías 4:2-6; 6:13). Esse conceito de um remanescente santo pertence ao cerne da escatologia de Isaías (cf. Isaías 1:24-26). Durante a crise sírio-efraimita em Jerusalém (734-733 A.C.), Isaías revelou que uma fé confiante em Jeová é o critério distintivo do remanescente santo (Isaías 7:9; cf. 30:15-18). Ele, seus filhos e seus discípulos, eram "sinais e símbolos da parte do SENHOR dos Exércitos" apontando adiante para o futuro remanescente (Isaías 8:18, NVI). Esse fato mostra que Isaías usa o tema do remanescente não apenas para o juízo divino escatológico, mas o aplica também à crise política de seu próprio tempo (cf. Isaías 1:4-9; 11:11, 16). A sua esperança é que o remanescente israelita contemporâneo proveja as condições para a manifestação do santo remanescente futuro. Isaías "não conhece a distinção temática entre um remanescente 'secular profano' e um
  • 8. O Remanescente de Israel e Sua Missão 8 12 'teológico'." Ele usa a questão do remanescente apenas em um sentido teológico-religioso, tanto para o seu tempo quanto para o futuro. Mais do que as palavras de qualquer outro profeta, as profecias preditivas de Isaías dos capítulos 40-66 figuram como as grandes promessas de restauração israelita depois do exílio assírio-babilônico. Nessas garantias acumuladas da reunião de Israel da grande dispersão, o foco profético não está exclusivamente nos descendentes físicos de Jacó que se comprometeram a adorar Jeová. Isaías visualiza que entre o Israel pós-exílico, muitos não israelitas que escolheram adorar ao Deus de Israel seriam congregados. Duas classes de pessoas, estrangeiros e eunucos (machos castrados), que eram proibidos de participar da assembléia em adoração a Jeová, de acordo com a lei de Moisés (Deuteronômio 23:1-3), agora são bem-vindos para adorar no novo templo, no monte Sião, sob a condição de que aceitem o sábado do Senhor e se mantenham fiéis ao concerto de Deus. ...também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa Será chamada Caia de Oração para fedor os povos. Assina diz o SENHOR Deus, que congrega os dispersos de Israel: Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos (Isaías 56:78, ênfase acrescentada; cf. 45:20-25). Quando os gentios se unirem em fé e obediência ao Senhor (Isaías 56:3), o Deus de Israel dará a esses estrangeiros "um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles..." (Isaías 56:5). Dessa maneira, Isaías demonstra como a benevolência universal de Deus para com o mundo, como indicada no seu concerto com Abraão (Gênesis 12:2-3) e Israel (Êxodo 19:16), será finalmente cumprida através de um novo Israel. A característica essencial deste não é a descendência étnica de Abraão, mas a fé de Abraão, a adoração a Jeová. Os crentes gentios gozarão os mesmos direitos e esperanças das promessas do concerto como israelitas crentes. Claus Westermann observa em Isaías 56:
  • 9. O Remanescente de Israel e Sua Missão 9 Aqui...o físico e o espiritual cessaram a fim de estar necessariamente unidos dessa forma. O nome [Israel] pode sobreviver sem descendentes nascidos do corpo físico de alguém...A nova comunidade está a caminho de uma nova forma de associação que já não é mais idêntica aos velhos conceitos do povo escolhido. Desde essa época [Isaías 56], encontramos importantes elementos do conceito neotestamentário de comunidade...Ele 'congrega' Israel também entre aqueles que até agora não foram capazes de pertencer a Israel.13 Westermann conclui que Isaías visualiza Israel, primariamente não como uma entidade étnica ou política, mas ao invés disso, como uma congregação religiosa ou uma "igreja", como o povo de Deus. O profeta Miquéias une a promessa de um "remanescente de Israel" (2:12, NVI), o novo povo de Deus, à promessa do Messias que sairia de Belém (5:2). Ele congregará o remanescente de Israel "como ovelhas no aprisco, como rebanho no meio do seu pasto" (2:12). "Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR" (5:4). . O profeta Jeremias, que serviu a Deus durante os últimos quarenta anos do reinado de Judá (625-586 A.C.), usa o nome "Israel" de várias maneiras, dependendo de cada contexto imediato. Torna-se claro, por isso, que Jeremias não focaliza suas promessas e predições sobre a restauração de Israel como um estado político independente, mas como um povo de Deus espiritualmente restaurado, congregado de todas as doze tribos. O novo concerto que Jeová fará com a casa de Israel e a casa de Judá depois do exílio babilônico será explicitamente diferente do concerto sinaítico (31:31-34). O Israel restaurado será um remanescente devoto e de oração, composto de todas as doze tribos, nas quais cada israelita individualmente experimenta um relacionamento salvífico com Deus e obedece a Sua santa lei com inteireza de coração (31:6; 32:38-40). Embora Jeremias não inclua explicitamente os não israelitas em sua profecia do novo concerto de Deus com Israel, não obstante, todos os crentes em Jeová de todas as nações são incluídos a princípio. O privilégio de pertencer à comunidade do novo concerto tornou-se acidental, não sob condições étnicas ou políticas, mas sob a ligação
  • 10. O Remanescente de Israel e Sua Missão 10 pessoal e espiritual com Deus, "ou melhor, sob a atitude de Deus para com o homem".14 O propósito de Deus, de acordo com Jeremias, não é um estado judaico como tal, "mas um povo que obedece a Jeová, uma comunidade que O serve e é inteiramente orientada para Ele".15 Essa conclusão é grifada pelas predições de Jeremias de que até mesmo a arca do concerto do Senhor, o símbolo da presença visível de Deus no templo de Jerusalém, não será mais necessária ou relembrada (Jeremias 3:16). O profeta Ezequiel, que foi deportado para Babilônia em 597 A.C., também predisse que um Israel novo e espiritual retornaria do exílio de todas as nações para a sua terra natal: Voltarão para ali e tirarão dela todos os seus ídolos detestáveis e todas as suas abominações. Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Mas, quanto àqueles cujo coração se compraz em seus ídolos detestáveis e abominações, eu farei recair sobre sua cabeça as suas obras, diz o SENHOR Deus. (Ezequiel 11:18-21). Essas predições e outras similares (cf. 36:24-33; 37:22-26) enfatizam que o interesse central de Deus por Israel é a sua restauração, não como um estado secular e político, mas como uma teocracia unida, um povo espiritualmente limpo e que verdadeiramente adore a Deus. O foco de Ezequiel nas promessas de restauração não é primariamente sobre o retorno de Israel à terra prometida, mas ao seu retorno a Jeová. Ele afirma que Deus expurgará os exilados israelitas no "deserto das nações" de sua contaminante idolatria e espírito de secularização, de maneira que apenas um Israel arrependido e purificado retornará à sua terra (Ezequiel 20:32-36).16 O Israel pós-exílico era uma comunidade religiosa centralizada ao redor do templo reconstruído, não ao redor de um trono real. Embora, a maioria dos exilados retornados era das tribos de Judá e Levi, esse remanescente espiritual considerava-se como uma continuação e
  • 11. O Remanescente de Israel e Sua Missão 11 representação do Israel de Deus (Esdras 2:2, 70; 3:1, 11; 4:3; 6:16-17, 21; Neemias 1:6; 2:10; 8:1, 17; 10: 39; 12:47; Malaquias 1:1, 5; 2:11). O profeta Zacarias predisse que, em Israel, a diferença entre a santidade ritual e a vida ordinária será finalmente abolida e que nenhum idólatra ali permanecerá: ...sim, todas as panelas em Jerusalém e Judá serão santas ao SENHOR dos Exércitos; todos os que oferecerem sacrifícios virão, lançarão mão delas e nelas cozerão a carne do sacrifício. Naquele dia, já não haverá mercador na Casa do SENHOR dos Exércitos (Zacarias 14:21). O último profeta, Malaquias, acentuou que aqueles israelitas que "temem ao Senhor" são o povo de Deus, e apenas o que "serve a Deus" é reconhecido como Seu particular tesouro e possessão no Dia do Juízo (Malaquias 3:16 – 4:3). Judá é considerado como os filhos de Jacó e o herdeiro do concerto de Deus com Israel (1:1; 2:11; 3:6; 4:4). Em suma, o Velho Testamento usa o nome "Israel" de mais de uma maneira. Primeiro e acima de tudo, representa a comunidade do concerto religioso, o povo que adora a Jeová em espírito e em verdade. Segundo, denota um grupo étnico distinto ou uma nação que é chamada para tornar-se o Israel espiritual. Decisivo para os profetas do Antigo Testamento e suas profecias é a qualidade teológica do "povo de Deus", não as suas características étnicas e políticas. O significado original do nome "Israel", como um símbolo da aceitação de Deus através de Sua graça perdoadora (Gênesis 32:28), permanece para sempre a raiz sagrada para a qual os profetas chamam ao retorno as tribos naturais de Israel (Oséias 12:6; Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:26-28). Sempre que os profetas do Velho Testamento retratam o remanescente escatológico de Israel, o caracterizam como uma comunidade fiel e religiosa que adora a Deus com um novo coração sobre a base do "novo concerto'' (Joel 2:32; Sofonias 3:12, 13; Jeremias 31:3134; Ezequiel 11:16-21). Esse fiel remanescente do tempo do fim se tornará a testemunha de Deus entre todas as nações e incluirá também os
  • 12. O Remanescente de Israel e Sua Missão 12 não israelitas, pois não levará em consideração a sua origem étnica (Zacarias 9:7; 14:16; Isaías 66:19; Daniel 7:27; 12:1-3). O panorama total da escatologia veterotestamentária revela que as bênçãos do concerto israelita como um todo serão cumpridas, não no Israel nacional descrente, mas apenas naquele fiel a Jeová e que confia no Seu Messias. Esse remanescente incorporará os fiéis de todas as nações gentílicas e assim cumprirá o propósito divino da eleição de Israel. O Propósito Universal da Eleição de Israel Moisés havia enfatizado o fato de que Deus escolheu e redimiu a Israel não por causa de qualquer virtude moral dos israelitas, mas exclusivamente devido à fidelidade divina às Suas graciosas promessas feitas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (Deut. 7:7-9; Êxodo 2:24-25). Aquele que tirara Abraão de Ur dos Caldeus (Gênesis 15:7) removeu as tribos de Israel para fora do Egito (Êxodo 20:2), a fim de cumprir o concerto abraâmico: ...de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gênesis 12:2-3; cf. 22:17-18; 26:4).17 Precisamos ter em vista a unidade orgânica dessa múltipla promessa e seu propósito universal: abençoar todos os povos da terra através de Abraão e sua descendência. Essa bênção universal indubitavelmente serve para contrafazer a maldição universal que havia caído sobre toda a raça humana por causa de sua rebelião contra Deus (Gênesis 3:17; 4:11-12). Enquanto a "maldição" representa os poderes destrutivos que finalmente levarão à morte, a "bênção" representa o poder restaurador, próspero e prevalecente que finalmente conduzirá à vida eterna (cf. Gênesis 22:17; Números 23:7-10, 20-24; 2 Samuel 7:29). À luz desse fato, torna-se claro que a eleição divina de Abrão e de Israel como um
  • 13. O Remanescente de Israel e Sua Missão 13 povo serviu ao propósito universal de salvação. As promessas particulares à etnia e ao Israel geográfico estão subordinadas ao propósito de salvar a humanidade e não a um objetivo diferente e independente. O profeta Isaías afirma: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra (Isaías 49:6). Jesus confirma: "a salvação vem dos judeus" João 4:22). A eleição particular de Israel é, por isso, organicamente uma com o plano divino de salvação universal. Como G. Vos sumariza,'A eleição de Abraão e o desenvolvimento ulterior das coisas de Israel, objetivava, como um meio particular, a finalidade universal".18 Desde o princípio, Israel foi chamado para ser uma luz sacerdotal entre as nações, "reino de sacerdotes e nação santa" (Êxodo 19:6). Todas as outras nações foram chamadas por Deus para partilhar das bênçãos dadas a Israel "se reconhecessem a Israel ou ao seu rei como portadores de bênção".19 O plano divino de bênção è paz universal através da eleição de Israel (Salmo 72:17; Jeremias 4:2) torna-se o assunto da profecia preditiva em Isaías: Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR e á casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Vinde, ò casa de Jacó, e andemos na luz do SENHOR (Isaías 2:2-5). Essa predição, de maneira alguma, elimina ou enfraquece o Reino davídico ou a condição moral de obediência amorosa por parte de Israel à Torah revelada. Em nome de Deus, Jeremias confrontou um Israel apóstata em Jerusalém com a condição original: "Obedeçam-me, e eu serei o seu Deus e vocês serão o meu povo" Jeremias 7:23).
  • 14. O Remanescente de Israel e Sua Missão 14 A eleição de Israel não implica a rejeição de outros povos, mas ao contrário, a sua inclusão. Israel foi escolhido, não simplesmente pela sua própria salvação, mas para conduzir o mundo inteiro a partilhar do conhecimento da salvação e da bênção. Para resumir, Israel foi escolhido para representar o caráter atrativo e a vontade de Jeová em salvar os gentios. Comentando Jeremias 7:23, H. H. Rowley escreveu essas palavras instigadoras: O propósito da eleição é o serviço, e quando este é retido, a eleição perde o seu significado, e por isso fracassa... Se ele [Israel] cessasse de reconhecer a Jeová como seu Deus, então estaria declarando não desejar ser mais o Seu povo. Isso está bem demonstrado na parábola do oleiro de Jeremias (Jer. 18:1v). O vaso que fracassa em realizar a intenção do oleiro será remodelado em outro vaso...Seu supremo chamado para ser o Povo Escolhido não foi a marca da indulgência ou do favoritismo divino, mas a convocação para uma tarefa exigente e incessante. A eleição e a tarefa estavam tão rigorosamente unidas que ele não poderia possuir uma sem a outra.20 Se Israel determinasse finalmente ser infiel a Jeová, perderia os seus privilégios de receber as bênçãos divinas e ainda se colocaria sob a maldição do concerto, como foi claramente afirmado em Levítico 26 e Deuteronômio 28. A história de Israel, como relatada por Moisés e os profetas, tem sido intitulada "uma história de fracasso" (R. Bultimann). Não obstante, o propósito de Deus para o mundo não pode ser frustrado Jó 42:2). Está escrito, "Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei" (Isaías 46:11). Quando Israel fracassou como nação, o Senhor proveu um perfeito Israelita como uma bênção e luz tanto para o próprio Israel quanto para o mundo. O Messias prometido não falharia, porque "a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos'' (Isaías 53:10). O propósito fundamental da missão de Israel alcança sua maior clareza nos quatro cânticos proféticos de Isaías ,"Cânticos concernentes ao Servo do Senhor" (Isaías 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; 52:13–53:12). Assumimos a posição de que o Servo representa tanto o Israel coletivo
  • 15. O Remanescente de Israel e Sua Missão 15 quanto o israelita representativo em quem o povo de Israel foi incorporado. Israel como um todo foi chamado para ser uma comunidade missionária, mas finalmente apenas Um provaria cumprir a missão, como Isaías havia esboçado. O Servo escolhido serviria ao Senhor, não apenas em espalhar o conhecimento do verdadeiro Deus até aos confins da terra (Isaías 42:1-4), mas também em reconduzir Israel ao Senhor (Isaías 49:5-6). O Servo é chamado de Israel (Isaías 49:3) e também imaginado como possuindo uma missão em função deste (Isaías 49:5-6). Para o pensamento moderno, essa tensão entre a identificação e a diferenciação estabelece uma antítese, mas como tem sido amplamente reconhecido hoje, "O conceito hebreu de personalidade corporativa pode reconciliar a ambos e passar sem explanação ou indicação explícita de um para o outro em uma fluidez de transição".21 Isto significa que no Israel antigo um representante individual poderia expressar o mais elevado propósito de um grupo ou nação. Por exemplo, o rei em Israel é chamado "filho" de Deus (2 Samuel 7:14; Salmo 2:7); enquanto Oséias também chama a nação israelita de "filho" de Deus (Oséias 11:1). Esse conceito hebreu de representação ou "personalidade corporativa" é o próprio fundamento da doutrina cristã de salvação pela fé em Cristo, como proclamado pelo apóstolo Paulo: '"Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1 Coríntios 15:22). O profeta Isaías faz distinção entre um Israel literal, que é um servo de Jeová "cego" e "mudo" (Isaías 42:19-20) e o servo sofredor de Jeová como o Israel fiel (Isaías 42:1-4; 49;1-6; 50:4-9; 52:13–53:12). Como observa um erudito: Mas enquanto o Servo é em algum sentido o representante ou incorporação de Israel, é distinto da nação como um todo, para a qual a sua missão é de fato primeiramente dirigida, bem como (daí para frente) para o mundo gentílico.22 O Servo individual é fortalecido por Deus para a sua missão e é vindicado contra falsas acusações da oposição judaica e gentílica (Isaías
  • 16. O Remanescente de Israel e Sua Missão 16 50:4-9). O quarto Cântico do Servo do Senhor, Isaías 52:13–53:12, tem sido chamado de "a glória culminante da religião do Velho Testamento" (H. W. Robinson). O Servo aceitaria não apenas sofrimento e desprezo, mas também – diferente de qualquer outro profeta – mesmo a morte como um ato coroador de sua obediência, como "o próprio meio através do qual ele cumpre o propósito de Deus...e em conseqüência, traz a bênção e a libertação para as multidões".23 Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido... Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos (Isaías 53:8b, 10). Nessa profecia dramática a nova idéia é apresentada sobre um sofrimento que é representativo. Como H. H. Rowley explica: Ele redime não apenas o sofredor, mas aqueles que infligem sobre ele o sofrimento; e redime não apenas por sua própria virtude, meramente porque está sofrendo, mas por causa do espírito no qual suporta o sofrimento. O Servo cumpre a sua missão para o mundo ao sofrer nas mãos deste, e por ceder a sua vida sem luta ou queixa, a fim de ser um sacrifício para aqueles que o mataram.24 Finalmente, o sofrimento do Servo escolhido é vicário perante Deus, porque "o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos" (Isaías 53:6). Essa mensagem surpreendente de triunfo para Israel e a raça humana seria compreendida e reconhecida pelos gentios apenas depois do cumprimento histórico da morte e ressurreição do Servo do Senhor (Isaías 52:13-15). O Servo de Isaías 42-53 possui as características vitais do Messias davídico prometido de Isaías 11:1-10: "O Espírito de Jeová repousa igualmente sobre o Messias davídico e o Servo. Ambos administram eqüitativamente a justiça entre as nações bem como em Israel".25 Essa identificação do Servo sofredor com o Rei messiânico prometido nunca foi concebida como uma possibilidade no judaísmo. Como pode o Messias glorioso ser alguém que julga a terra, mata os ímpios com o sopro de seus lábios e ao mesmo tempo sofre passivamente a morte pelos seus inimigos?
  • 17. O Remanescente de Israel e Sua Missão 17 Aqui ficamos face a face com a nova compreensão revolucionária de Jesus de Nazaré concernente à missão do Messias prometido. Ele une três diferentes conceitos da profecia israelita – a vinda do Rei davídico; o Filho do Homem (em Daniel 7); o Servo de Deus sofredor – todos em uma Pessoa: Ele mesmo.26 Jesus via uma ordem definida nas tarefas do Messias: primeiro, um aparecimento em humildade para cumprir a missão do Servo sofredor, e depois disso, Seu surgimento em glória divina como Rei-Juiz. Ele até mesmo reprovou os Seus discípulos por serem tardos de coração em acreditar nesse programa messiânico: Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha- lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras (Lucas 24:26-27. O propósito de Deus em Sua eleição de Abraão e Israel para redimir o mundo e estabelecê-lo sob reinado divino foi, em princípio, cumprido na vida, morte e ressurreição do Messias Jesus. Cristo foi a única semente de Abrão perfeitamente obediente, o único israelita sem pecado que realmente merecia as infindáveis bênção do concerto divino com Israel. Ele agora oferece as bênçãos do reino redentivo de Deus a todos os homens, aos judeus e gentio igualmente, sem distinção (João 12:32; Gálatas 3:14). Portanto, o plano de Deus com Israel em favor dos gentios não foi frustrado ou adiado, mas ao contrário, prosperou no Messias (Isaías 53:10). O plano divino progrediu sem tardança, vindo a plenitude dos tempos (Gálatas 4:4, 5) e Cristo foi exaltado como o Governante messiânico à destra de Deus (Atos 2:36; 5:31; 1 Coríntios 15:25). Em Cristo todas as promessas divinas são "sim" (2 Coríntios 1:20). Ele estabeleceu o Seu próprio Israel messiânico, a Sua ekklesia ou Igreja, o Seu reino ou governo espiritual no mundo presente (Mateus 16:18; 13:41). Referências Bibliográficas: 1. A. R. Hulst, Wat betekent de naam "Israel" in het Oude Testament?, Miniaturen No. 1, Bijlage Maandblad Kerk em Israel, Jrg. 16, No. 10 (Den
  • 18. O Remanescente de Israel e Sua Missão 18 Haag: Boekencentrum, (1962). Ver também "Der Name 'Israel' im Deuteronomium", OTS 9 (1951): 65-106. 2. F. B. Meyer, Israel:. Prince with God (Ft. Washington, Penn.: Christian Literature Crusade, 1972), pp. 78-81. 3. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1976), p. 199. 4. Ver G. F. Hasel, The Remnant: The History and Theology of the Remnant Idea from Genesis to Isaiah, Andrews University Monographs, Studies in Religion, Vol. 5, 3rd ed. (Berrien Springs, Mich.: Andrews University Press, 1980). 5. Ladd, A Theology of the New Testament, p. 108. 6. Hulst, "Der Name 'Israel' im Deuteronomium", pp. 73, 103-104 (tradução do autor). 7. H. J. Kraus, The People of God in the Old Testament, World Christian Book No. 22 (London: Lutterworth Press, 1963), p. 21. 8. Ver Danell, Studies in the Name 'Israel' in the Old Testament, capítulo 4. 9. Hasel, The Remnant, p. 393. 10. Ibid., p. 243. 11. Ibid., p. 247. 12. Ibid., p. 401. 13. C. Westermann, Isaiah 40-66: A Commentary (Philadelphia: Westminster Press, 1977), pp. 314, 315. Cf. E. Jacob, Theology of the Old Testament (New York: Harper & Row, 1958), p. 324. 14. O. Eisfeldt, Geschchtliches und Ubergeschichtliches im Alten Testament, ThsSKr Bd 10912 (Berlin: Ev. Verlagsanstalt, 1947), pp. 14-15. 15. Hulst, Wat betekent de naam "Israel" in het Oude Testament, p. 20. 16. Ver H. Eichrodt, Ezekiel: A Commentary (Philadelphia: Westminster Press, 1970), p. 280. 17. Ver Kaiser, Toward an Old Testament Theology, pp. 13, 30f., para fortes argumentos preferindo a tradução passiva, "serão benditas" em Gênesis 12:3 acima da tradução reflexiva "abençoar-se-ão".
  • 19. O Remanescente de Israel e Sua Missão 19 18. G. Vos, Biblical Theology (Grand Rapids, Mich.: lm. B. Eerdmans Pub. Co., 1963, reimpresso), p. 90. 19. J. Scharbert, in TDOT, vol. 3, p. 307. 20. H. H. Rowley, The Biblical Doctrine of Election (London: Lutterworth Press, 1964), pp. 52, 51, 59. 21. Robinson, Corporate Personality in Ancient Israel, p. 15. 22. Bruce, New Testament Development of Old Testament Themes, p. 86. 23. Ibid. 24. H. H. Rowley, The Missionary Message of the Old Testament (London: Cary Kingsgate Press, 1955), pp. 61-62. 25. Bruce, New Testament Development of Old Testament Themes, p. 90. 26 Ver Rowley, The Missionary Message of the Old Testament, p. 54; Ladd, The Last Things, capítulo 1.