O documento discute o significado teológico do termo "Israel" no Velho Testamento. A palavra se refere a três grupos: as 12 tribos originais, as 10 tribos do norte e Judá como o remanescente após a queda do norte. No Velho Testamento, "Israel" simboliza o relacionamento espiritual do povo com Deus através da graça e da fé, representado pela luta de Jacó com Deus. Apesar das falhas do povo, Deus promete preservar um remanescente fiel.
1. O SIGNIFICADO TEOLÓGICO DO REMANESCENTE
DE ISRAEL E A SUA MISSÃO
Em seu livro Studies in the Name "Israel" in the Old Testament
(Uppsala, 1946), o erudito sueco Gustaf A. Danell conclui que o
vocábulo "Israel", além de ser usado como nome de uma pessoa, pode
designar três grupos relacionados: (1) a união das doze tribos antes da
divisão do reino; (2) as dez tribos do norte de Israel; (3) Judá, depois da
queda do reino do norte, como o remanescente de Israel (p. 9). Nosso
interesse primário procura penetrar além dessas designações externas até
a natureza religiosa e o significado teológico da expressão "Israel" como
apresentado no Velho e no Novo Testamentos. Nesse respeito, o erudito
holandês do Antigo Testamento, A. R. Hulst, demonstrou que o
vocábulo "Israel" tem duplo sentido desde o início: "pessoa", "nação" e
"povo de Jeová" ou congregação religiosa".1 Vamos considerar
brevemente o uso teológico-religioso da expressão "Israel" no Velho
Testamento.
Israel no Velho Testamento
O primeiro uso da palavra "Israel" na Bíblia, em Gênesis 32,
apresenta a origem e o significado deste novo nome. Quando estava para
entrar na terra de Canaã, o patriarca Jacó, levado pela culpa e temendo
por sua vida, começou numa noite a lutar com um "Homem"
desconhecido que parecia possuir uma força sobre-humana. Jacó
persistentemente pleiteava a bênção desse Homem. Então, a resposta foi
dada, "já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste
com Deus e com os homens e prevaleceste'' (Gênesis 32:28; cf. 35:9-10).
Mais tarde, o profeta Oséias interpretou a peleja de Jacó como uma luta
"com Deus" e "com o anjo" (Oséias 12:3, 4). O nome "Israel" é dessa
forma revelado como sendo de origem divina. Simboliza o novo
2. O Remanescente de Israel e Sua Missão 2
relacionamento espiritual de Jacó com Jeová e o representa reconciliado
através da graça perdoadora de Deus.
Tem-se enfatizado que a luta de Jacó foi iniciada por Deus e a sua
vitória foi o progresso "da resistência para o apego", significando que
Jacó abandonara sua própria auto-suficiência e autodefesa ao apegar-se
confiantemente ao Anjo de Deus, a fim de receber a garantia divina de
aceitação.2 E. G. White explica a mudança do nome de Jacó como segue:
"Como prova de que fora perdoado, seu nome foi mudado de um nome
que lembrava seu pecado, para outro que comemorava sua vitória".3
Em outras palavras, o nome "Israel", desde o começo, simboliza um
relacionamento pessoal de reconciliação com Deus. O restante das
Escrituras nunca perde de vista a raiz sagrada desse nome. De fato, Deus
queria repetir a Sua iniciativa de lutar com o homem em todos os
israelitas que descenderam de Jacó. Através do profeta Oséias, Ele
apresenta a luta de Jacó e a total confiança em Jeová como um exemplo
que precisa ser imitado pelas tribos apóstatas de Israel que estavam
confiando mais nos cavalos de guerra da Assíria e do Egito (Oséias
12:3-6; 14:1-3). Isto é, a luta de Jacó com Deus é colocada por Oséias
como um protótipo do verdadeiro Israel, como um padrão normativo
para a casa de Israel, a fim de tornar-se o Israel de Deus.
O propósito divino para o povo israelita foi indicado por Moisés
quando disse a faraó, "Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu
primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva''
(Êxodo 4:22). As tribos israelitas são chamadas para adorar ao Senhor, o
Santo, de acordo com a Sua vontade revelada. Eles são "Israel, seu povo"
(Êxodo 18:1), "a comunidade do Senhor" (Números 20:4, NIV).
Israel é diferente de todas as outras nações, não por causa de
qualquer qualidade étnica, moral ou política, mas unicamente porque foi
escolhido pelo Senhor para receber Suas promessas feitas aos patriarcas
(Deuteronômio 7:6-9). Deus redimiu a Seu povo do cativeiro no Egito a
fim de ligá-lo exclusivamente a Si:
3. O Remanescente de Israel e Sua Missão 3
Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de
águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha
voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade
peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis
reino de sacerdotes e nação santa (Êxodo 19:4-6).
Podemos distinguir dois aspectos do concerto divino com Israel.
Primeiro, este como uma unidade étnica foi escolhido para ser o próprio
povo de Deus, a fim de adorá-Lo por causa de Sua graça redentora e do
Seu amor (cf. Ezequiel 16). Segundo, Israel permaneceria a Sua preciosa
possessão e nação santa apenas se Lhe obedecesse e guardasse o Seu
concerto (Êxodo 20-24). Esse é claramente um aspecto condicional em
relação ao status futuro de Israel no concerto divino.
É fundamental a revelação de que a unidade nacional de Israel foi
desde o princípio baseada na ação redentora de Deus para com ele e na
reivindicação divina de sua adoração e lealdade. Os conceitos étnico e
religioso são mantidos juntos através da concepção veterotestamentária
de um remanescente fiel.4 G. E. Ladd explica:
Os profetas viam a Israel como um todo, como rebeldes e
desobedientes e, por isso destinados a sofrer o julgamento divino. Mas ainda
permanecia dentro da nação infiel um remanescente de crentes que foram
os objetos da atenção divina. No remanescente se encontrava o verdadeiro
povo de Deus.5
O concerto divino com Israel, contudo continuaria sempre através
do remanescente, mesmo quando as maldições do concerto dispersassem
a nação como um grupo étnico entre todas as outras nações do mundo
(ver Deuteronômio 27-28) e o templo fosse desunido (ver Levítico 26).
A promessa divina é que, a despeito da desobediência e rebelião de Israel
contra Deus, Ele garante, "não os rejeitarei, nem me aborrecerei deles,
para consumi-los e invalidar a minha aliança com eles, porque eu sou o
SENHOR, seu Deus'' (Levítico 26:44). O plano divino para Israel em
favor das nações se cumprirá, mas da maneira surpreendente do próprio
Deus.
4. O Remanescente de Israel e Sua Missão 4
O livro de Deuteronômio enfatiza o objetivo da eleição de Israel
como uma missão profundamente religiosa. Ele é caracterizado como
"Filhos...do SENHOR, vosso Deus" (Deuteronômio 14:1), como "povo
santo ao SENHOR, vosso Deus" (14:2), escolhidos "para serem o seu
tesouro pessoal" (Deuteronômio 14:2, NVI). Israel foi chamado para
responder ao Seu redentor adorando a Jeová (Deuteronômio 13:6-10) e
assim tornar-se religiosamente inculpável perante Deus (Deut. 18:9-13).
Deus colocou uma obrigação sagrada sobre todos os israelitas:
Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão. Não terás outros deuses diante de mim... - Êxodo 20:2-3
Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás,
pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
toda a tua força. - Deuteronômio 6:4-5
E ainda:
Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje, vieste a ser povo do SENHOR,
teu Deus. Portanto, obedecerás á voz do SENHOR, teu Deus, e lhe
cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno. -
Deuteronômio 27:9-10
No monte Sinai, as tribos de Israel foram oficialmente constituídas
como Israel, o povo do Senhor. A própria palavra e o ato de Deus elevou
Israel a uma congregação veneradora ou a uma assembléia (qahal), a fim
de ser uma luz sacerdotal para o resto da humanidade. A conclusão de A.
Hulst em relação ao significado do nome "Israel" em Deuteronômio é
significativa:
O seu interesse não é com um conglomerado de diferentes tribos e
grupos, não com uma soma total de indivíduos, não com um povo como uma
entidade étnica ao lado de outros povos – isso deve ser enfatizado – mas ao
invés disso, com a "assembléia", a comunidade religiosa que encontra a sua
unidade na palavra e na lei de Jeová, por isso, completamente no Próprio
Jeová.
O nome "Israel" em Deuteronômio significa, por tanto, o povo em seu
relacionamento com Jeová. O foco não é o povo em seu aspecto nacional,
nem acima de tudo, como um grupo étnico, mas como uma unidade
religiosa. Ele pertence á pureza de vida em sua esfera social, religiosa e
cúltica.6
5. O Remanescente de Israel e Sua Missão 5
No livro de Deuteronômio, o termo "israelitas" (literalmente, filhos
de Israel; [1:1; 4:44-46; 10:6; 28:69; 33:1; 34:8, 9; etc-]) parece designar
mais os descendentes físicos de Jacó, enquanto o nome "Israel" indica a
unidade religiosa do povo do concerto. Naturalmente, o relacionamento
consangüíneo não é necessariamente idêntico ao da fé. Deuteronômio
mostra uma distinção entre a comunidade que adora e os laços étnicos.
As leis religiosas de Deuteronômio 23 permitem às famílias
egípcias e edomitas que haviam vivido por três gerações entre os
israelitas, participarem na adoração da "assembléia do SENHOR"
(qahal; Deuteronômio 23:7-8). A benção da prosperidade na terra
prometida em Deuteronômio nunca é incondicional, mas sempre
depende da obediência de Israel em guardar os mandamentos do Senhor
e a Torah (ver Deuteronômio 26:16-19; 27:9-10). Josué, o sucessor de
Moisés, relata como em Siquém Israel aceitou a adoração apenas do
Senhor como a base de sua vida comum (Josué 24:16-18). Israel
continuamente renovava o seu concerto com Deus na liturgia sagrada de
suas festividades anuais:
No santuário, ao centro, a confederação das doze tribos era
continuamente chamada de volta ao seu relacionamento de concerto com o
Senhor e pleiteavam um renovado serviço a Deus através da obediência à
Sua lei. Assina, aquelas coisas que aconteciam no Sinai não são
simplesmente uma série de fatos do passado, mas na adoração solene das
doze tribos tornavam-se novamente uma realidade presente e
contemporânea. A palavra de proclamação torna visível a base do ser de
Israel. A menos que essa palavra seja pronunciada, a corporação das doze
tribos está em perigo de incorrer no erro da auto-afirmação e
autodeterminação.7
No livro de Salmos, que contém o nome "Israel" cinqüenta e nove
vezes, o vocábulo denota o povo como uma assembléia que adora a
Jeová no templo em Jerusalém.8 A palavra "Judá" praticamente nunca é
usada para designar a comunidade que adora.
Os profetas começaram a indicar que Israel como uma nação cairia,
assim como as outras nações, sob a justiça punitiva do Senhor, por causa
6. O Remanescente de Israel e Sua Missão 6
de sua apostasia religiosa e de sua injustiça social (Amos 3:2). Não
obstante, um remanescente, uma "santa semente", permaneceria (1 Reis
19:18; Isaías 6:13; 8:17-18; 10:20-22). Amós foi o primeiro profeta a
rejeitar a idéia popular de que Israel como uma nação seria salvo no dia
do Senhor quando Jeová julgar o mundo (Amós 3:2; 9:1-4, 9, 10). Ele
enfatizou a condição da sensibilidade religiosa de Israel à promessa de
salvação:
Buscai ao SENHOR e vivei, para que não irrompa na casa de José como
um fogo que a consuma, e não haja em Betel quem o apague (Amós 5:6).
Apenas um remanescente da nação israelita sobreviveria ao futuro
juízo divino (Amós 3:12; 5:15). Esse remanescente seria peneirado pela
fidelidade ao concerto no dia do Senhor (5:15), assim como Deus
escolhera o Seu remanescente nos dias de Elias (1 Reis 19:18).
Surpreendentemente, Amós revelou outro aspecto vital da promessa de
restauração de Israel: os não israelitas também serão conduzidos ao
círculo do remanescente escatológico de Israel e à casa de Davi:
Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas
brechas; e,levantando-o das suas ruínas, restaurá-lo-ei como fora nos dias
da antiguidade; para que possuam o restante de Edom e todas as nações
que são chamadas pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz estas coisas
(Amós 9:11-12).
A profecia de Amós anuncia que o remanescente escatológico de
Israel é "principalmente uma entidade de designação religiosa ao invés
de nacional".9
O tema do remanescente torna-se um elemento dominante na
proclamação de Isaías do julgamento e salvação. A combinação entre
condenação e salvação é inerente ao conceito da santidade de Jeová. O
profeta Isaías sentiu-se totalmente perdido, embora fosse graciosamente
reconciliado, purificado e chamado para ser embaixador de Deus (6:1-8).
G. F. Hasel explica, "Assim, o próprio profeta pode ser considerado o
representante proléptico do futuro remanescente porque foi confrontado
pela 'santidade' de Jeová e emergiu como um indivíduo limpo e
purificado".10
7. O Remanescente de Israel e Sua Missão 7
O julgamento destrutivo sobre a casa de Israel e sobre a casa de
Davi não aniquilaria toda a vida em Israel. "Como terebinto e, como
carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a
santa semente é o seu toco" (Isaías 6:13). Este "toco" ou cepo de raiz,
representa tanto a destruição da nação israelita, quanto a vida preservada
que continuaria no remanescente. Porém, este remanescente de Israel
será santo apenas porque, como Isaías, experimentou o juízo purificador
de Deus. E, "por causa dessa experiência se posicionará corretamente no
relacionamento de fé, confiança e obediência para com Jeová. Ele será
então o portador da eleição".11
Isaías também usa o nome "Israel" para a casa de Judá (Isaías 1:1-3;
8:14). Ele anuncia a sua destruição como uma nação (Isaías 6:11-13) de
maneira que apenas o remanescente fiel a Deus herdará as promessas do
concerto. O propósito divino para Israel como uma nação "santa" (Êxodo
19:6) ou povo "santo" (Deuteronômio 7:6) era que "toda a terra"
estivesse cheia da glória divina (Isaías 6:3). Este alvo havia sido
frustrado pela infidelidade israelita, embora o eterno propósito de Deus
permanecerá e será cumprido através do santo remanescente de Israel
(Isaías 4:2-6; 6:13). Esse conceito de um remanescente santo pertence ao
cerne da escatologia de Isaías (cf. Isaías 1:24-26).
Durante a crise sírio-efraimita em Jerusalém (734-733 A.C.), Isaías
revelou que uma fé confiante em Jeová é o critério distintivo do
remanescente santo (Isaías 7:9; cf. 30:15-18). Ele, seus filhos e seus
discípulos, eram "sinais e símbolos da parte do SENHOR dos Exércitos"
apontando adiante para o futuro remanescente (Isaías 8:18, NVI). Esse
fato mostra que Isaías usa o tema do remanescente não apenas para o
juízo divino escatológico, mas o aplica também à crise política de seu
próprio tempo (cf. Isaías 1:4-9; 11:11, 16). A sua esperança é que o
remanescente israelita contemporâneo proveja as condições para a
manifestação do santo remanescente futuro. Isaías "não conhece a
distinção temática entre um remanescente 'secular profano' e um
8. O Remanescente de Israel e Sua Missão 8
12
'teológico'." Ele usa a questão do remanescente apenas em um sentido
teológico-religioso, tanto para o seu tempo quanto para o futuro.
Mais do que as palavras de qualquer outro profeta, as profecias
preditivas de Isaías dos capítulos 40-66 figuram como as grandes
promessas de restauração israelita depois do exílio assírio-babilônico.
Nessas garantias acumuladas da reunião de Israel da grande dispersão, o
foco profético não está exclusivamente nos descendentes físicos de Jacó
que se comprometeram a adorar Jeová.
Isaías visualiza que entre o Israel pós-exílico, muitos não israelitas
que escolheram adorar ao Deus de Israel seriam congregados. Duas
classes de pessoas, estrangeiros e eunucos (machos castrados), que eram
proibidos de participar da assembléia em adoração a Jeová, de acordo
com a lei de Moisés (Deuteronômio 23:1-3), agora são bem-vindos para
adorar no novo templo, no monte Sião, sob a condição de que aceitem o
sábado do Senhor e se mantenham fiéis ao concerto de Deus.
...também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa
de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu
altar, porque a minha casa Será chamada Caia de Oração para fedor os
povos. Assina diz o SENHOR Deus, que congrega os dispersos de Israel:
Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos (Isaías 56:78,
ênfase acrescentada; cf. 45:20-25).
Quando os gentios se unirem em fé e obediência ao Senhor (Isaías
56:3), o Deus de Israel dará a esses estrangeiros "um memorial e um
nome melhor do que filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um
deles..." (Isaías 56:5). Dessa maneira, Isaías demonstra como a
benevolência universal de Deus para com o mundo, como indicada no
seu concerto com Abraão (Gênesis 12:2-3) e Israel (Êxodo 19:16), será
finalmente cumprida através de um novo Israel. A característica
essencial deste não é a descendência étnica de Abraão, mas a fé de
Abraão, a adoração a Jeová. Os crentes gentios gozarão os mesmos
direitos e esperanças das promessas do concerto como israelitas crentes.
Claus Westermann observa em Isaías 56:
9. O Remanescente de Israel e Sua Missão 9
Aqui...o físico e o espiritual cessaram a fim de estar necessariamente
unidos dessa forma. O nome [Israel] pode sobreviver sem descendentes
nascidos do corpo físico de alguém...A nova comunidade está a caminho de
uma nova forma de associação que já não é mais idêntica aos velhos
conceitos do povo escolhido. Desde essa época [Isaías 56], encontramos
importantes elementos do conceito neotestamentário de comunidade...Ele
'congrega' Israel também entre aqueles que até agora não foram capazes de
pertencer a Israel.13
Westermann conclui que Isaías visualiza Israel, primariamente não
como uma entidade étnica ou política, mas ao invés disso, como uma
congregação religiosa ou uma "igreja", como o povo de Deus.
O profeta Miquéias une a promessa de um "remanescente de Israel"
(2:12, NVI), o novo povo de Deus, à promessa do Messias que sairia de
Belém (5:2). Ele congregará o remanescente de Israel "como ovelhas no
aprisco, como rebanho no meio do seu pasto" (2:12). "Ele se manterá
firme e apascentará o povo na força do SENHOR" (5:4). .
O profeta Jeremias, que serviu a Deus durante os últimos quarenta
anos do reinado de Judá (625-586 A.C.), usa o nome "Israel" de várias
maneiras, dependendo de cada contexto imediato. Torna-se claro, por
isso, que Jeremias não focaliza suas promessas e predições sobre a
restauração de Israel como um estado político independente, mas como
um povo de Deus espiritualmente restaurado, congregado de todas as
doze tribos. O novo concerto que Jeová fará com a casa de Israel e a casa
de Judá depois do exílio babilônico será explicitamente diferente do
concerto sinaítico (31:31-34). O Israel restaurado será um remanescente
devoto e de oração, composto de todas as doze tribos, nas quais cada
israelita individualmente experimenta um relacionamento salvífico com
Deus e obedece a Sua santa lei com inteireza de coração (31:6; 32:38-40).
Embora Jeremias não inclua explicitamente os não israelitas em sua
profecia do novo concerto de Deus com Israel, não obstante, todos os
crentes em Jeová de todas as nações são incluídos a princípio. O
privilégio de pertencer à comunidade do novo concerto tornou-se
acidental, não sob condições étnicas ou políticas, mas sob a ligação
10. O Remanescente de Israel e Sua Missão 10
pessoal e espiritual com Deus, "ou melhor, sob a atitude de Deus para
com o homem".14 O propósito de Deus, de acordo com Jeremias, não é
um estado judaico como tal, "mas um povo que obedece a Jeová, uma
comunidade que O serve e é inteiramente orientada para Ele".15 Essa
conclusão é grifada pelas predições de Jeremias de que até mesmo a arca
do concerto do Senhor, o símbolo da presença visível de Deus no templo
de Jerusalém, não será mais necessária ou relembrada (Jeremias 3:16).
O profeta Ezequiel, que foi deportado para Babilônia em 597 A.C.,
também predisse que um Israel novo e espiritual retornaria do exílio de
todas as nações para a sua terra natal:
Voltarão para ali e tirarão dela todos os seus ídolos detestáveis e todas
as suas abominações. Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro
deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne;
para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os
executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Mas, quanto
àqueles cujo coração se compraz em seus ídolos detestáveis e
abominações, eu farei recair sobre sua cabeça as suas obras, diz o
SENHOR Deus. (Ezequiel 11:18-21).
Essas predições e outras similares (cf. 36:24-33; 37:22-26)
enfatizam que o interesse central de Deus por Israel é a sua restauração,
não como um estado secular e político, mas como uma teocracia unida,
um povo espiritualmente limpo e que verdadeiramente adore a Deus. O
foco de Ezequiel nas promessas de restauração não é primariamente
sobre o retorno de Israel à terra prometida, mas ao seu retorno a Jeová.
Ele afirma que Deus expurgará os exilados israelitas no "deserto das
nações" de sua contaminante idolatria e espírito de secularização, de
maneira que apenas um Israel arrependido e purificado retornará à sua
terra (Ezequiel 20:32-36).16
O Israel pós-exílico era uma comunidade religiosa centralizada ao
redor do templo reconstruído, não ao redor de um trono real. Embora, a
maioria dos exilados retornados era das tribos de Judá e Levi, esse
remanescente espiritual considerava-se como uma continuação e
11. O Remanescente de Israel e Sua Missão 11
representação do Israel de Deus (Esdras 2:2, 70; 3:1, 11; 4:3; 6:16-17, 21;
Neemias 1:6; 2:10; 8:1, 17; 10: 39; 12:47; Malaquias 1:1, 5; 2:11).
O profeta Zacarias predisse que, em Israel, a diferença entre a
santidade ritual e a vida ordinária será finalmente abolida e que nenhum
idólatra ali permanecerá:
...sim, todas as panelas em Jerusalém e Judá serão santas ao
SENHOR dos Exércitos; todos os que oferecerem sacrifícios virão, lançarão
mão delas e nelas cozerão a carne do sacrifício. Naquele dia, já não haverá
mercador na Casa do SENHOR dos Exércitos (Zacarias 14:21).
O último profeta, Malaquias, acentuou que aqueles israelitas que
"temem ao Senhor" são o povo de Deus, e apenas o que "serve a Deus" é
reconhecido como Seu particular tesouro e possessão no Dia do Juízo
(Malaquias 3:16 – 4:3). Judá é considerado como os filhos de Jacó e o
herdeiro do concerto de Deus com Israel (1:1; 2:11; 3:6; 4:4).
Em suma, o Velho Testamento usa o nome "Israel" de mais de uma
maneira. Primeiro e acima de tudo, representa a comunidade do concerto
religioso, o povo que adora a Jeová em espírito e em verdade. Segundo,
denota um grupo étnico distinto ou uma nação que é chamada para
tornar-se o Israel espiritual. Decisivo para os profetas do Antigo
Testamento e suas profecias é a qualidade teológica do "povo de Deus",
não as suas características étnicas e políticas. O significado original do
nome "Israel", como um símbolo da aceitação de Deus através de Sua
graça perdoadora (Gênesis 32:28), permanece para sempre a raiz sagrada
para a qual os profetas chamam ao retorno as tribos naturais de Israel
(Oséias 12:6; Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:26-28).
Sempre que os profetas do Velho Testamento retratam o
remanescente escatológico de Israel, o caracterizam como uma
comunidade fiel e religiosa que adora a Deus com um novo coração
sobre a base do "novo concerto'' (Joel 2:32; Sofonias 3:12, 13; Jeremias
31:3134; Ezequiel 11:16-21). Esse fiel remanescente do tempo do fim se
tornará a testemunha de Deus entre todas as nações e incluirá também os
12. O Remanescente de Israel e Sua Missão 12
não israelitas, pois não levará em consideração a sua origem étnica
(Zacarias 9:7; 14:16; Isaías 66:19; Daniel 7:27; 12:1-3).
O panorama total da escatologia veterotestamentária revela que as
bênçãos do concerto israelita como um todo serão cumpridas, não no
Israel nacional descrente, mas apenas naquele fiel a Jeová e que confia
no Seu Messias. Esse remanescente incorporará os fiéis de todas as
nações gentílicas e assim cumprirá o propósito divino da eleição de
Israel.
O Propósito Universal da Eleição de Israel
Moisés havia enfatizado o fato de que Deus escolheu e redimiu a
Israel não por causa de qualquer virtude moral dos israelitas, mas
exclusivamente devido à fidelidade divina às Suas graciosas promessas
feitas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (Deut. 7:7-9; Êxodo 2:24-25).
Aquele que tirara Abraão de Ur dos Caldeus (Gênesis 15:7) removeu as
tribos de Israel para fora do Egito (Êxodo 20:2), a fim de cumprir o
concerto abraâmico:
...de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o
nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei
os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra
(Gênesis 12:2-3; cf. 22:17-18; 26:4).17
Precisamos ter em vista a unidade orgânica dessa múltipla promessa
e seu propósito universal: abençoar todos os povos da terra através de
Abraão e sua descendência. Essa bênção universal indubitavelmente
serve para contrafazer a maldição universal que havia caído sobre toda a
raça humana por causa de sua rebelião contra Deus (Gênesis 3:17;
4:11-12). Enquanto a "maldição" representa os poderes destrutivos que
finalmente levarão à morte, a "bênção" representa o poder restaurador,
próspero e prevalecente que finalmente conduzirá à vida eterna (cf.
Gênesis 22:17; Números 23:7-10, 20-24; 2 Samuel 7:29). À luz desse
fato, torna-se claro que a eleição divina de Abrão e de Israel como um
13. O Remanescente de Israel e Sua Missão 13
povo serviu ao propósito universal de salvação. As promessas
particulares à etnia e ao Israel geográfico estão subordinadas ao
propósito de salvar a humanidade e não a um objetivo diferente e
independente. O profeta Isaías afirma:
Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares
a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios,
para seres a minha salvação até à extremidade da terra (Isaías 49:6).
Jesus confirma: "a salvação vem dos judeus" João 4:22). A eleição
particular de Israel é, por isso, organicamente uma com o plano divino
de salvação universal. Como G. Vos sumariza,'A eleição de Abraão e o
desenvolvimento ulterior das coisas de Israel, objetivava, como um meio
particular, a finalidade universal".18
Desde o princípio, Israel foi chamado para ser uma luz sacerdotal
entre as nações, "reino de sacerdotes e nação santa" (Êxodo 19:6). Todas
as outras nações foram chamadas por Deus para partilhar das bênçãos
dadas a Israel "se reconhecessem a Israel ou ao seu rei como portadores
de bênção".19 O plano divino de bênção è paz universal através da
eleição de Israel (Salmo 72:17; Jeremias 4:2) torna-se o assunto da
profecia preditiva em Isaías:
Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será
estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele
afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao
monte do SENHOR e á casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus
caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a
palavra do SENHOR, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá
muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e
suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra
outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Vinde, ò casa de Jacó, e
andemos na luz do SENHOR (Isaías 2:2-5).
Essa predição, de maneira alguma, elimina ou enfraquece o Reino
davídico ou a condição moral de obediência amorosa por parte de Israel
à Torah revelada. Em nome de Deus, Jeremias confrontou um Israel
apóstata em Jerusalém com a condição original: "Obedeçam-me, e eu
serei o seu Deus e vocês serão o meu povo" Jeremias 7:23).
14. O Remanescente de Israel e Sua Missão 14
A eleição de Israel não implica a rejeição de outros povos, mas ao
contrário, a sua inclusão. Israel foi escolhido, não simplesmente pela sua
própria salvação, mas para conduzir o mundo inteiro a partilhar do
conhecimento da salvação e da bênção. Para resumir, Israel foi escolhido
para representar o caráter atrativo e a vontade de Jeová em salvar os
gentios. Comentando Jeremias 7:23, H. H. Rowley escreveu essas
palavras instigadoras:
O propósito da eleição é o serviço, e quando este é retido, a eleição
perde o seu significado, e por isso fracassa... Se ele [Israel] cessasse de
reconhecer a Jeová como seu Deus, então estaria declarando não desejar
ser mais o Seu povo. Isso está bem demonstrado na parábola do oleiro de
Jeremias (Jer. 18:1v). O vaso que fracassa em realizar a intenção do oleiro
será remodelado em outro vaso...Seu supremo chamado para ser o Povo
Escolhido não foi a marca da indulgência ou do favoritismo divino, mas a
convocação para uma tarefa exigente e incessante. A eleição e a tarefa
estavam tão rigorosamente unidas que ele não poderia possuir uma sem a
outra.20
Se Israel determinasse finalmente ser infiel a Jeová, perderia os
seus privilégios de receber as bênçãos divinas e ainda se colocaria sob a
maldição do concerto, como foi claramente afirmado em Levítico 26 e
Deuteronômio 28. A história de Israel, como relatada por Moisés e os
profetas, tem sido intitulada "uma história de fracasso" (R. Bultimann).
Não obstante, o propósito de Deus para o mundo não pode ser frustrado
Jó 42:2). Está escrito, "Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este
propósito, também o executarei" (Isaías 46:11). Quando Israel fracassou
como nação, o Senhor proveu um perfeito Israelita como uma bênção e
luz tanto para o próprio Israel quanto para o mundo. O Messias
prometido não falharia, porque "a vontade do SENHOR prosperará nas
suas mãos'' (Isaías 53:10).
O propósito fundamental da missão de Israel alcança sua maior
clareza nos quatro cânticos proféticos de Isaías ,"Cânticos concernentes
ao Servo do Senhor" (Isaías 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; 52:13–53:12).
Assumimos a posição de que o Servo representa tanto o Israel coletivo
15. O Remanescente de Israel e Sua Missão 15
quanto o israelita representativo em quem o povo de Israel foi
incorporado. Israel como um todo foi chamado para ser uma comunidade
missionária, mas finalmente apenas Um provaria cumprir a missão,
como Isaías havia esboçado. O Servo escolhido serviria ao Senhor, não
apenas em espalhar o conhecimento do verdadeiro Deus até aos confins
da terra (Isaías 42:1-4), mas também em reconduzir Israel ao Senhor
(Isaías 49:5-6). O Servo é chamado de Israel (Isaías 49:3) e também
imaginado como possuindo uma missão em função deste (Isaías 49:5-6).
Para o pensamento moderno, essa tensão entre a identificação e a
diferenciação estabelece uma antítese, mas como tem sido amplamente
reconhecido hoje, "O conceito hebreu de personalidade corporativa pode
reconciliar a ambos e passar sem explanação ou indicação explícita de
um para o outro em uma fluidez de transição".21 Isto significa que no
Israel antigo um representante individual poderia expressar o mais
elevado propósito de um grupo ou nação. Por exemplo, o rei em Israel é
chamado "filho" de Deus (2 Samuel 7:14; Salmo 2:7); enquanto Oséias
também chama a nação israelita de "filho" de Deus (Oséias 11:1). Esse
conceito hebreu de representação ou "personalidade corporativa" é o
próprio fundamento da doutrina cristã de salvação pela fé em Cristo,
como proclamado pelo apóstolo Paulo: '"Porque, assim como, em Adão,
todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1
Coríntios 15:22).
O profeta Isaías faz distinção entre um Israel literal, que é um servo
de Jeová "cego" e "mudo" (Isaías 42:19-20) e o servo sofredor de Jeová
como o Israel fiel (Isaías 42:1-4; 49;1-6; 50:4-9; 52:13–53:12). Como
observa um erudito:
Mas enquanto o Servo é em algum sentido o representante ou
incorporação de Israel, é distinto da nação como um todo, para a qual a sua
missão é de fato primeiramente dirigida, bem como (daí para frente) para o
mundo gentílico.22
O Servo individual é fortalecido por Deus para a sua missão e é
vindicado contra falsas acusações da oposição judaica e gentílica (Isaías
16. O Remanescente de Israel e Sua Missão 16
50:4-9). O quarto Cântico do Servo do Senhor, Isaías 52:13–53:12, tem
sido chamado de "a glória culminante da religião do Velho Testamento"
(H. W. Robinson). O Servo aceitaria não apenas sofrimento e desprezo,
mas também – diferente de qualquer outro profeta – mesmo a morte
como um ato coroador de sua obediência, como "o próprio meio através
do qual ele cumpre o propósito de Deus...e em conseqüência, traz a
bênção e a libertação para as multidões".23
Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão
do meu povo, foi ele ferido... Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo,
fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado,
verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR
prosperará nas suas mãos (Isaías 53:8b, 10).
Nessa profecia dramática a nova idéia é apresentada sobre um
sofrimento que é representativo. Como H. H. Rowley explica:
Ele redime não apenas o sofredor, mas aqueles que infligem sobre ele
o sofrimento; e redime não apenas por sua própria virtude, meramente
porque está sofrendo, mas por causa do espírito no qual suporta o
sofrimento. O Servo cumpre a sua missão para o mundo ao sofrer nas mãos
deste, e por ceder a sua vida sem luta ou queixa, a fim de ser um sacrifício
para aqueles que o mataram.24
Finalmente, o sofrimento do Servo escolhido é vicário perante
Deus, porque "o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos"
(Isaías 53:6). Essa mensagem surpreendente de triunfo para Israel e a
raça humana seria compreendida e reconhecida pelos gentios apenas
depois do cumprimento histórico da morte e ressurreição do Servo do
Senhor (Isaías 52:13-15).
O Servo de Isaías 42-53 possui as características vitais do Messias
davídico prometido de Isaías 11:1-10: "O Espírito de Jeová repousa
igualmente sobre o Messias davídico e o Servo. Ambos administram
eqüitativamente a justiça entre as nações bem como em Israel".25 Essa
identificação do Servo sofredor com o Rei messiânico prometido nunca foi
concebida como uma possibilidade no judaísmo. Como pode o Messias
glorioso ser alguém que julga a terra, mata os ímpios com o sopro de seus
lábios e ao mesmo tempo sofre passivamente a morte pelos seus inimigos?
17. O Remanescente de Israel e Sua Missão 17
Aqui ficamos face a face com a nova compreensão revolucionária
de Jesus de Nazaré concernente à missão do Messias prometido. Ele une
três diferentes conceitos da profecia israelita – a vinda do Rei davídico; o
Filho do Homem (em Daniel 7); o Servo de Deus sofredor – todos em
uma Pessoa: Ele mesmo.26
Jesus via uma ordem definida nas tarefas do Messias: primeiro, um
aparecimento em humildade para cumprir a missão do Servo sofredor, e
depois disso, Seu surgimento em glória divina como Rei-Juiz. Ele até
mesmo reprovou os Seus discípulos por serem tardos de coração em
acreditar nesse programa messiânico:
Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua
glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-
lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras (Lucas 24:26-27.
O propósito de Deus em Sua eleição de Abraão e Israel para redimir
o mundo e estabelecê-lo sob reinado divino foi, em princípio, cumprido
na vida, morte e ressurreição do Messias Jesus. Cristo foi a única
semente de Abrão perfeitamente obediente, o único israelita sem pecado
que realmente merecia as infindáveis bênção do concerto divino com
Israel. Ele agora oferece as bênçãos do reino redentivo de Deus a todos
os homens, aos judeus e gentio igualmente, sem distinção (João 12:32;
Gálatas 3:14). Portanto, o plano de Deus com Israel em favor dos gentios
não foi frustrado ou adiado, mas ao contrário, prosperou no Messias
(Isaías 53:10). O plano divino progrediu sem tardança, vindo a plenitude
dos tempos (Gálatas 4:4, 5) e Cristo foi exaltado como o Governante
messiânico à destra de Deus (Atos 2:36; 5:31; 1 Coríntios 15:25). Em
Cristo todas as promessas divinas são "sim" (2 Coríntios 1:20). Ele
estabeleceu o Seu próprio Israel messiânico, a Sua ekklesia ou Igreja, o
Seu reino ou governo espiritual no mundo presente (Mateus 16:18; 13:41).
Referências Bibliográficas:
1. A. R. Hulst, Wat betekent de naam "Israel" in het Oude Testament?,
Miniaturen No. 1, Bijlage Maandblad Kerk em Israel, Jrg. 16, No. 10 (Den
18. O Remanescente de Israel e Sua Missão 18
Haag: Boekencentrum, (1962). Ver também "Der Name 'Israel' im
Deuteronomium", OTS 9 (1951): 65-106.
2. F. B. Meyer, Israel:. Prince with God (Ft. Washington, Penn.:
Christian Literature Crusade, 1972), pp. 78-81.
3. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Santo André, São Paulo:
Casa Publicadora Brasileira, 1976), p. 199.
4. Ver G. F. Hasel, The Remnant: The History and Theology of the
Remnant Idea from Genesis to Isaiah, Andrews University Monographs,
Studies in Religion, Vol. 5, 3rd ed. (Berrien Springs, Mich.: Andrews
University Press, 1980).
5. Ladd, A Theology of the New Testament, p. 108.
6. Hulst, "Der Name 'Israel' im Deuteronomium", pp. 73, 103-104
(tradução do autor).
7. H. J. Kraus, The People of God in the Old Testament, World
Christian Book No. 22 (London: Lutterworth Press, 1963), p. 21.
8. Ver Danell, Studies in the Name 'Israel' in the Old Testament,
capítulo 4.
9. Hasel, The Remnant, p. 393.
10. Ibid., p. 243.
11. Ibid., p. 247.
12. Ibid., p. 401.
13. C. Westermann, Isaiah 40-66: A Commentary (Philadelphia:
Westminster Press, 1977), pp. 314, 315. Cf. E. Jacob, Theology of the Old
Testament (New York: Harper & Row, 1958), p. 324.
14. O. Eisfeldt, Geschchtliches und Ubergeschichtliches im Alten
Testament, ThsSKr Bd 10912 (Berlin: Ev. Verlagsanstalt, 1947), pp. 14-15.
15. Hulst, Wat betekent de naam "Israel" in het Oude Testament, p.
20.
16. Ver H. Eichrodt, Ezekiel: A Commentary (Philadelphia:
Westminster Press, 1970), p. 280.
17. Ver Kaiser, Toward an Old Testament Theology, pp. 13, 30f., para
fortes argumentos preferindo a tradução passiva, "serão benditas" em
Gênesis 12:3 acima da tradução reflexiva "abençoar-se-ão".
19. O Remanescente de Israel e Sua Missão 19
18. G. Vos, Biblical Theology (Grand Rapids, Mich.: lm. B. Eerdmans
Pub. Co., 1963, reimpresso), p. 90.
19. J. Scharbert, in TDOT, vol. 3, p. 307.
20. H. H. Rowley, The Biblical Doctrine of Election (London:
Lutterworth Press, 1964), pp. 52, 51, 59.
21. Robinson, Corporate Personality in Ancient Israel, p. 15.
22. Bruce, New Testament Development of Old Testament Themes, p.
86.
23. Ibid.
24. H. H. Rowley, The Missionary Message of the Old Testament
(London: Cary Kingsgate Press, 1955), pp. 61-62.
25. Bruce, New Testament Development of Old Testament Themes, p.
90.
26 Ver Rowley, The Missionary Message of the Old Testament, p. 54;
Ladd, The Last Things, capítulo 1.