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CHAVES INTERPRETATIVAS DENTRO DO APOCALIPSE

     O livro do Apocalipse é datado por volta do ano 96 de nossa era,
quando já estavam escritos os Evangelhos do Novo Testamento. Os
quatro Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João –, todos falam a
respeito da primeira vinda do Messias Jesus e se concentram em sua
vida, sua missão e morte, sua ressurreição e sua ascensão. Aí terminam
os quatro Evangelhos. Mas o livro do Apocalipse começa depois de sua
ressurreição, com Cristo exaltado à mão direita do Pai, levando a cabo
sua obra de intercessão em preparação para sua volta. Desse modo, o
Apocalipse se concentra sobre sua mediação em favor da igreja durante a
era cristã e em sua obra final de juízo e libertação como a introdução
para seu segundo advento. O Apocalipse é o complemento dos quatro
Evangelhos. É o único livro revelado por Cristo diretamente do céu. Ele
o chama seu próprio "testemunho destas coisas nas igrejas" (Apoc.
22:16). Em sentido especial, o livro do Apocalipse é o testemunho de
Jesus e o testemunho do Espírito (V. 17; 2:7, 11 ).

     A primeira chave

     Que chaves temos para decifrar seu simbolismo apocalíptico? A
primeira chave interpretativa se apresenta virtualmente em cada
versículo do livro. A edição grega do Novo Testamento indica que o
Apocalipse contém mais de 600 alusões aos escritos do Antigo
Testamento. A Bíblia Hebraica continua sendo o fundamento e a raiz do
Novo Testamento, e só quando mantemos juntos ambos os Testamentos
temos uma Bíblia completa. Em grande parte, o Antigo Testamento é
profecia e o Novo Testamento proclama seu cumprimento em Cristo e
em seu povo. Não podemos entender completamente um sem o outro. O
fato de que o Apocalipse se refira mais de 600 vezes à história do Antigo
Testamento e a seus conceitos hebraico, sugere que o Antigo Testamento
é a primeira chave para decifrar o livro do Apocalipse.
Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse                               2
      Em seu livro Atos dos Apóstolos, Ellen White declara que "no
Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se cumprem" (p.
585). Essa é uma declaração teológica profunda e fascinante! Todos os
outros livros da Bíblia, 65 em total, encontram seu significado recôndito
e sua consumação no Apocalipse. Isto quer dizer que os livros de
Moisés, os profetas, e também os Salmos, encontram sua aplicação final
no livro do Apocalipse. Significa que todos os atos históricos de Deus
em salvação e juízo voltarão a acontecer em uma escala mundial.
      O fato de que o Antigo Testamento seja a chave para o Apocalipse
tem sido reconhecido hoje em dia como um descobrimento importante
na história dos estudos apocalípticos. Não obstante, alguns intérpretes até
tratam de explicar o livro do Apocalipse por si mesmo, literalizando suas
palavras e imagens como se fossem fotografias atuais de eventos futuros.
Por conseguinte, o centro de atenção muda imediatamente para longe de
Cristo ao povo judeu no Oriente Médio e a outros eventos políticos. O
monte Sião em Apocalipse 14 se aplica a um monte literal em Jerusalém.
Este enfoque se chama literalismo. Outros foram ao extremo oposto
segundo o qual cada símbolo se explica especulativamente, sem
nenhuma norma bíblica. Esse enfoque se chama alegorismo. Tanto o
literalismo como o alegorismo são especulações injustificadas.
      A única chave que decifra o significado recôndito do Apocalipse é a
chave que o mesmo livro indica. Seus conceitos simbólicos e seus
termos estão tirados do Antigo Testamento. Ali encontramos o
significado dos símbolos apocalípticos em seu marco do pacto original e
da história da salvação. No Antigo Testamento encontramos os
protótipos na história do que Deus vai fazer no futuro. Deus revela o
futuro mostrando-nos como atuou no passado. Diz ao povo de Cristo que
têm um sublime chamado e um grande futuro, devido ao que Deus
prometeu no passado.
      O Apocalipse destaca a autoridade de Cristo ao declarar que é "a
revelação do Jesus Cristo, que Deus lhe deu" (1:1). O que é que quer
dizer por Deus"? O Deus do pacto, o Deus de Israel, o Deus de Abraão,
Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse                             3
Isaque e Jacó. O Deus do pacto está falando agora "para manifestar a
seus servos as coisas que devem acontecer logo" (v. 1). Estas palavras:
"que devem acontecer logo", com exceção da palavra "logo", todas estão
citadas de Daniel. Estando perante Nabucodonosor, o rei de Babilônia,
disse Daniel: "Mas há um Deus nos céus, o qual revela os mistérios, e ele
tem feito saber ao rei Nabucodonosor o que tem que acontecer nos
últimos dias" (Dan. 2:28). Estas palavras se repetem como o tema do
Apocalipse. Entretanto, João acrescenta a palavra "logo" (Apoc. 1:1).
Isto nos diz que a primeira vinda de Cristo levou a expectativa da
esperança de Daniel muito mais perto de sua realização histórica.
      Para apreciar o cumprimento da profecia do Daniel, devemos saber
em que tempo recebeu a visão. Daniel viveu durante o Império
Neobabilônico (604-539 a.C.). No capítulo 2, Daniel revela uma visão
que Deus deu ao rei Nabucodonosor. Consistia de uma estátua metálica
feita de quatro metais: uma cabeça de ouro; seu peito e seus braços de
prata; seu ventre e suas coxas de bronze; suas pernas de ferro; seus pés,
em parte de ferro e em parte de barro cozido, um fundamento muito
frágil para uma estátua tão pesada.
      Esta é uma revelação de como Deus vê o curso da história do
mundo, com a humanidade erguida sobre pés de barro. Entretanto, no
quadro vivo de Daniel, Deus tem uma parte. Duas vezes se destaca que
uma pedra foi cortada "sem intervenção humana" (Dan. 2:34, 45, NBE),
indicando que o homem não tem nada que ver com o destino final do
mundo. No tempo indicado por Deus, descerá uma rocha do céu,
dirigindo-se para o planeta terra. A estátua simboliza nosso mundo em
sua história política do tempo do profeta Daniel. Começando com
Babilônia, apresenta os impérios sucessivos de Medo-pérsia, Grécia-
Macedônia, para ser seguidos pela autoridade de ferro do Império
Romano que durou desde ano 164 a.C. até 476 d.C. Depois disso viria
um mundo "dividido" (v. 41).
      Hoje em dia não existe um governo mundial, embora alguns
tentaram fazê-lo pela força durante os últimos séculos, incluindo Carlos
Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse                            4
Magno, Napoleão e Hitler. Nossa situação mundial presente está
surpreendentemente representada pelos pés da estátua da profecia.
Somos testemunhas da época avançada na história do mundo, tal como
se esboça em Daniel 2.
     Deus é o Senhor da história, e por meio de Cristo a levará a sua
conclusão decretada. Quando Cristo venha pela segunda vez, terminará
com todas as estruturas políticas de poder, tal como se prediz em Daniel
2:44 e 45. Deus não é um espectador da história mundial; ele guia e
dirige ativamente o fluir da história para seu destino, seja que lhe
ajudemos ou não. Em Apocalipse nos volta a assegurar que tudo será
novo: "Eis aqui eu faço novas todas as coisas" (Apoc. 21:5).
     Nenhuma comunidade pode restaurar o paraíso. O Apocalipse
começa com a garantia de que a predição de Daniel acontecerá "logo"!
Há uma nova oportunidade em Apocalipse que não está presente em
Daniel.
     Uma indicação adicional desta urgência do fim do tempo é o fato de
que o rolo do Daniel estava "selado" até o tempo do fim (Dan. 12:4).
Daniel 8 foi selado explicitamente para "um futuro remoto" (8:26, NBE).
Daniel não escreveu para seu próprio tempo. Suas visões ficaram seladas
porque eram para as gerações futuras. Por outro lado, o livro do
Apocalipse termina com esta ordem direta: "Não sele as palavras da
profecia deste livro, porque o tempo está perto" (Apoc. 22:10). Portanto,
o livro selado de Daniel fica aberto gradualmente no Apocalipse. Isto
significa que um não pode entender o livro do Apocalipse sem entender
suas raízes em Daniel. Isto se confirma pela primeira declaração que faz
João do tema fundamental do Apocalipse:
     "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o
traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele.
Certamente. Amém!" (Apoc. 1:7).
     Esta linguagem figurada por si mesma não dá a conhecer todo seu
profundo significado. A chave para entender seu significado se encontra
na Bíblia Hebraica! A raiz central primária do Antigo Testamento de
Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse                         5
Apocalipse 1:7 é Daniel 7. Este capítulo de Daniel constitui a visão
apocalíptica principal para o livro do Apocalipse. Daniel mesmo ficou
profundamente comovido pelo que ouviu e viu. Sua nova visão ampliou
sua predição profética anterior do capítulo 2. Agora se descrevem os
quatro metais da estátua em Daniel 2 como quatro bestas insólitas que
surgem do mar das nações como impérios mundiais, em forma sucessiva.
Depois segue uma nova revelação que desenvolve o significado da pedra
que cai do céu e esmiúça a estátua.

     A segunda chave

     Escreve Daniel: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e
eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem" (Dan.
7:13). Esta representação específica forma a fonte da proclamação de
João em Apocalipse 1: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá"
(v.7). Na visão de Daniel, o semelhante a um filho de homem, o ser
celestial, foi até o "Ancião de Dias" (Dan. 7:13).
     "Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e
homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno,
que não passará, e o seu reino jamais será destruído" (Dan. 7:14).
     Esta coroação celestial do Messias celestial em Daniel 7 desenvolve
o centro culminante em Daniel 2 onde a rocha cortada "sem intervenção
humana" investe contra a estátua, pulveriza-a e é levada pelo vento de
maneira que não fica nada a não ser a rocha, que chega a ser o paraíso
restaurado. Dessa forma, tanto no capítulo 2 como no 7, o profeta nos
assegura que o reino de Deus será restaurado sobre a terra.
     Há algo muito importante que se desenvolve entre o Daniel 2 e 7. A
pedra de Daniel 2 chega a ser o Messias, representado como "um como
um filho de homem", em contraste com as "bestas" ímpias do capítulo 7.
Esta revelação assombrosa revela que no céu há outro personagem
celestial além de Deus o Pai, um de aparência divina, que aparece sobre
um carro de nuvens celestial: "Com as nuvens!" Estas devem representar
Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse                            6
as nuvens de anjos celestiais. A linguagem figurada de "nuvens" indica
uma aparência divina (ver Êxo. 13:21; 14:19; 19:16; 40:34; Lev. 16:2;
Núm. 9:15-23; Sal. 104:3; Isa. 19:1; Deut. 33:26). O Messias divino virá
para julgar e restaurar (Dan. 7:22). O Pai lhe dá todo o domínio sobre a
terra. Este Messias governará nosso mundo de parte de Deus. Declara
Daniel:
     "O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu
serão dados ao povo dos santos do Altíssimo" (Dan. 7:27).
      Aqui lemos que os santos receberão o reino de Deus. Esse "reino
será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão" ao
divino Filho de Homem (7:27). Dessa maneira Deus transfere no céu ao
Messias divino toda a autoridade e o poder soberano sobre nosso planeta.
      O Filho de Homem celestial deve provir do céu e dirigir-se à Terra.
Nesse ponto, Apocalipse 1 continua e supera Daniel 7. Apocalipse 1
anuncia: "Eis que vem com as nuvens". Virá "logo" a nossa terra: "E
todo olho o verá" (v. 7). Esta não é uma vinda espiritual, invisível,
porque até os incrédulos em todo mundo verão sua vinda. Significa o
glorioso reaparecimento do Senhor Jesus Cristo ressuscitado (ver
também At. 1:9-11; Heb. 9:28).
      Para os judeus, o Messias era primordialmente um personagem
político e militar. Jesus não desejava confirmar estas expectativas
messiânicas (João 6:15). Distanciou-se da imagem messiânica
prevalecente em seus dias e escolheu um símbolo do Antigo Testamento
que não estava carregado com essa interpretação errônea. Jesus se
chamou a si mesmo "o Filho do Homem". Mudou a expressão de Daniel
de "um como um filho de homem" a um termo messiânico mais
explícito. Cristo se chamou a si mesmo em repetidas ocasiões "o Filho
do Homem". De fato aparece assim 77 vezes nos quatro Evangelhos.
      A frase "o Filho do Homem" não quer dizer que Jesus foi
meramente um homem. Cristo explica seu autodesignação da visão de
Daniel 7: "Pois para que saibam que o Filho do Homem tem poder na
terra para perdoar pecados, te digo: levante-te" (Mar. 2:10, 11). Aqui
Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse                              7
Cristo se chamou a si mesmo "o Filho do Homem". Como o filho de
homem daniélico, tem o poder para perdoar pecados. Nenhum sacerdote
Levítico disse nunca: "Perdôo teus pecados". Não há nenhum pastor
protestante que afirme: "Perdôo seus pecados". Só o sacerdote católico
romano afirma: "Perdôo seus pecados" ("Ego te absolvo"). Segundo a
Sagrada Escritura só Deus pode perdoar nossos pecados (Sal. 32:5; Isa.
43:25). Por isso, quando o "filho de homem" de Daniel 7 vem para
perdoar pecados, a frase "Filho do Homem" significa o Messias celestial
ou "Filho de Deus" (ver João 5:27). Só à luz do Daniel 7 podemos
entender que o Filho do Homem é um Messias divino com autoridade
igual a de Deus o Pai.
     Quando o Apocalipse enfatiza que Cristo logo voltará, isto são boas
novas para os seguidores de Jesus. Virá para executar seu juízo sobre os
ímpios. Se pela fé "estamos em Cristo" não temos nada a temer, porque
Cristo já nos livrou que a condenação divina (Rom. 8:1). Em realidade,
devemos recebê-lo com satisfação e desejar juiz divino, como insígnia o
livro de Salmos. No Salmo 96 todas as árvores do bosque "transbordam
de contente", porque Deus deve julgar o mundo com justiça (vs. 11-13).
     O Apocalipse proclama que todos os que estão sobre a terra serão
testemunhas de sua segunda vinda, até aqueles que o "transpassaram".
Esta expressão se refere claramente à morte de Jesus. Jesus foi
transpassado pela lança de um soldado romano. Do corpo de Jesus fluiu
água e sangue (João 19:34, 37). Mas em um sentido especial todos os
oponentes principais de Cristo Jesus na história estão incluídos em "os
que o transpassaram" por meio das "lanças" de suas palavras e ações.
     Esta frase também tem sua raiz principal no Antigo Testamento. O
profeta Zacarias havia predito antes que Jerusalém "transpassaria" a seu
próprio Messias Pastor e então todas as tribos do Israel se afligiriam por
ele (Zac. 12:10-14; cf. 9:9; 13:7). O cumprimento das predições de
Zacarias começou quando Cristo apareceu pela primeira vez, durante sua
entrada triunfal em Jerusalém como seu Messias Rei (ver Mat. 21:4, 5).
Uma semana mais tarde Jesus anunciou que agora todas as suas ovelhas
Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse                            8
seriam dispersas, como havia predito Zacarias (ver Mat. 26:31). Zacarias
predisse que Jerusalém rechaçaria e "transpassaria" a seu Messias:
     "E olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem
pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito" (Zac. 12:10).
     Jesus recalcou que as doze tribos de Israel "se lamentariam" (Zac.
12:12-14). Este pranto nacional incluso ainda não se realizou na nação
judaica. Apocalipse 1 faz esta aplicação ampliada:
     "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o
traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele.
Certamente. Amém!" (Apoc. 1:7).
     Isto significa que todos os povos da terra se lamentarão com
desespero quando vier pela segunda vez, "por causa dele". O Apocalipse
desenvolve esta cena com mais dramatismo em suas visões seguintes
(ver 6:15-17; 14:14-20; 19:11-21). A importância deste ponto culminante
no Apocalipse fica sublinhado pelas palavras proféticas de Jesus no
Evangelho de Mateus:
     "Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos
da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do
céu, com poder e muita glória" (Mat. 24:30).

    Porque "todo olho" o verá e "todas as tribos" ou povos da terra farão
lamentação por ele; ninguém que rechace a Cristo na geração final será
capaz de esconder-se deste glorioso Rei-Juiz no último dia.

                               Resumo

     Sintetizando os descobrimentos desta investigação, o Apocalipse
revela duas chaves específicas de interpretação para decifrar seus
conceitos simbólicos:
     A primeira chave é que seu simbolismo está copiado do Testamento
mais antigo, a Bíblia Hebraica. Isto mantém a continuidade do Deus do
pacto com seu verdadeiro Israel. A palavra de Deus não foi anulada
Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse                            9
devido à rebelião de Israel. O Messias de Deus apareceu em Israel e
cumpriu sua missão (ver Mar. 10:45 e João 19:30).
      A segunda chave é a verdade evangélica que se encontra nos quatro
Evangelhos do Novo Testamento: o crucificado e ressuscitado Jesus de
Nazaré é o Messias da profecia. Isto significa que todos os termos e as
imagens do antigo pacto estão agora refundidas na linguagem figurada
do novo pacto que está centrado em Cristo. Um erudito católico romano
ficou tão impressionado pela "releitura cristã do Antigo Testamento"
feita por João, que concluiu: "Agora perece que este uso deliberado do
Antigo Testamento que faz o autor do Apocalipse deveria estudar-se
mais cuidadosamente do que foi estudado até agora".1
      Devem estudar-se múltiplas conexões do Apocalipse com o Antigo
Testamento, não para mostrar a maneira como João engenhosamente
adaptou os símbolos e as profecias hebraicas, a não ser para entender de
que maneira o Deus de Israel consumará suas promessas que fez no
antigo pacto por meio de Cristo e seu povo do novo pacto.

    Referência

  1. André Feuillet, The Apocalypse [O Apocalipse] (Staten Island,
    Nova York: Alvorada House, 1965; da ed. francesa [Paris: Desclée
    deo Brouwer, 1962]), p. 79.

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10 chaves interpretativas no apocalipse

  • 1. CHAVES INTERPRETATIVAS DENTRO DO APOCALIPSE O livro do Apocalipse é datado por volta do ano 96 de nossa era, quando já estavam escritos os Evangelhos do Novo Testamento. Os quatro Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João –, todos falam a respeito da primeira vinda do Messias Jesus e se concentram em sua vida, sua missão e morte, sua ressurreição e sua ascensão. Aí terminam os quatro Evangelhos. Mas o livro do Apocalipse começa depois de sua ressurreição, com Cristo exaltado à mão direita do Pai, levando a cabo sua obra de intercessão em preparação para sua volta. Desse modo, o Apocalipse se concentra sobre sua mediação em favor da igreja durante a era cristã e em sua obra final de juízo e libertação como a introdução para seu segundo advento. O Apocalipse é o complemento dos quatro Evangelhos. É o único livro revelado por Cristo diretamente do céu. Ele o chama seu próprio "testemunho destas coisas nas igrejas" (Apoc. 22:16). Em sentido especial, o livro do Apocalipse é o testemunho de Jesus e o testemunho do Espírito (V. 17; 2:7, 11 ). A primeira chave Que chaves temos para decifrar seu simbolismo apocalíptico? A primeira chave interpretativa se apresenta virtualmente em cada versículo do livro. A edição grega do Novo Testamento indica que o Apocalipse contém mais de 600 alusões aos escritos do Antigo Testamento. A Bíblia Hebraica continua sendo o fundamento e a raiz do Novo Testamento, e só quando mantemos juntos ambos os Testamentos temos uma Bíblia completa. Em grande parte, o Antigo Testamento é profecia e o Novo Testamento proclama seu cumprimento em Cristo e em seu povo. Não podemos entender completamente um sem o outro. O fato de que o Apocalipse se refira mais de 600 vezes à história do Antigo Testamento e a seus conceitos hebraico, sugere que o Antigo Testamento é a primeira chave para decifrar o livro do Apocalipse.
  • 2. Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse 2 Em seu livro Atos dos Apóstolos, Ellen White declara que "no Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se cumprem" (p. 585). Essa é uma declaração teológica profunda e fascinante! Todos os outros livros da Bíblia, 65 em total, encontram seu significado recôndito e sua consumação no Apocalipse. Isto quer dizer que os livros de Moisés, os profetas, e também os Salmos, encontram sua aplicação final no livro do Apocalipse. Significa que todos os atos históricos de Deus em salvação e juízo voltarão a acontecer em uma escala mundial. O fato de que o Antigo Testamento seja a chave para o Apocalipse tem sido reconhecido hoje em dia como um descobrimento importante na história dos estudos apocalípticos. Não obstante, alguns intérpretes até tratam de explicar o livro do Apocalipse por si mesmo, literalizando suas palavras e imagens como se fossem fotografias atuais de eventos futuros. Por conseguinte, o centro de atenção muda imediatamente para longe de Cristo ao povo judeu no Oriente Médio e a outros eventos políticos. O monte Sião em Apocalipse 14 se aplica a um monte literal em Jerusalém. Este enfoque se chama literalismo. Outros foram ao extremo oposto segundo o qual cada símbolo se explica especulativamente, sem nenhuma norma bíblica. Esse enfoque se chama alegorismo. Tanto o literalismo como o alegorismo são especulações injustificadas. A única chave que decifra o significado recôndito do Apocalipse é a chave que o mesmo livro indica. Seus conceitos simbólicos e seus termos estão tirados do Antigo Testamento. Ali encontramos o significado dos símbolos apocalípticos em seu marco do pacto original e da história da salvação. No Antigo Testamento encontramos os protótipos na história do que Deus vai fazer no futuro. Deus revela o futuro mostrando-nos como atuou no passado. Diz ao povo de Cristo que têm um sublime chamado e um grande futuro, devido ao que Deus prometeu no passado. O Apocalipse destaca a autoridade de Cristo ao declarar que é "a revelação do Jesus Cristo, que Deus lhe deu" (1:1). O que é que quer dizer por Deus"? O Deus do pacto, o Deus de Israel, o Deus de Abraão,
  • 3. Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse 3 Isaque e Jacó. O Deus do pacto está falando agora "para manifestar a seus servos as coisas que devem acontecer logo" (v. 1). Estas palavras: "que devem acontecer logo", com exceção da palavra "logo", todas estão citadas de Daniel. Estando perante Nabucodonosor, o rei de Babilônia, disse Daniel: "Mas há um Deus nos céus, o qual revela os mistérios, e ele tem feito saber ao rei Nabucodonosor o que tem que acontecer nos últimos dias" (Dan. 2:28). Estas palavras se repetem como o tema do Apocalipse. Entretanto, João acrescenta a palavra "logo" (Apoc. 1:1). Isto nos diz que a primeira vinda de Cristo levou a expectativa da esperança de Daniel muito mais perto de sua realização histórica. Para apreciar o cumprimento da profecia do Daniel, devemos saber em que tempo recebeu a visão. Daniel viveu durante o Império Neobabilônico (604-539 a.C.). No capítulo 2, Daniel revela uma visão que Deus deu ao rei Nabucodonosor. Consistia de uma estátua metálica feita de quatro metais: uma cabeça de ouro; seu peito e seus braços de prata; seu ventre e suas coxas de bronze; suas pernas de ferro; seus pés, em parte de ferro e em parte de barro cozido, um fundamento muito frágil para uma estátua tão pesada. Esta é uma revelação de como Deus vê o curso da história do mundo, com a humanidade erguida sobre pés de barro. Entretanto, no quadro vivo de Daniel, Deus tem uma parte. Duas vezes se destaca que uma pedra foi cortada "sem intervenção humana" (Dan. 2:34, 45, NBE), indicando que o homem não tem nada que ver com o destino final do mundo. No tempo indicado por Deus, descerá uma rocha do céu, dirigindo-se para o planeta terra. A estátua simboliza nosso mundo em sua história política do tempo do profeta Daniel. Começando com Babilônia, apresenta os impérios sucessivos de Medo-pérsia, Grécia- Macedônia, para ser seguidos pela autoridade de ferro do Império Romano que durou desde ano 164 a.C. até 476 d.C. Depois disso viria um mundo "dividido" (v. 41). Hoje em dia não existe um governo mundial, embora alguns tentaram fazê-lo pela força durante os últimos séculos, incluindo Carlos
  • 4. Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse 4 Magno, Napoleão e Hitler. Nossa situação mundial presente está surpreendentemente representada pelos pés da estátua da profecia. Somos testemunhas da época avançada na história do mundo, tal como se esboça em Daniel 2. Deus é o Senhor da história, e por meio de Cristo a levará a sua conclusão decretada. Quando Cristo venha pela segunda vez, terminará com todas as estruturas políticas de poder, tal como se prediz em Daniel 2:44 e 45. Deus não é um espectador da história mundial; ele guia e dirige ativamente o fluir da história para seu destino, seja que lhe ajudemos ou não. Em Apocalipse nos volta a assegurar que tudo será novo: "Eis aqui eu faço novas todas as coisas" (Apoc. 21:5). Nenhuma comunidade pode restaurar o paraíso. O Apocalipse começa com a garantia de que a predição de Daniel acontecerá "logo"! Há uma nova oportunidade em Apocalipse que não está presente em Daniel. Uma indicação adicional desta urgência do fim do tempo é o fato de que o rolo do Daniel estava "selado" até o tempo do fim (Dan. 12:4). Daniel 8 foi selado explicitamente para "um futuro remoto" (8:26, NBE). Daniel não escreveu para seu próprio tempo. Suas visões ficaram seladas porque eram para as gerações futuras. Por outro lado, o livro do Apocalipse termina com esta ordem direta: "Não sele as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está perto" (Apoc. 22:10). Portanto, o livro selado de Daniel fica aberto gradualmente no Apocalipse. Isto significa que um não pode entender o livro do Apocalipse sem entender suas raízes em Daniel. Isto se confirma pela primeira declaração que faz João do tema fundamental do Apocalipse: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!" (Apoc. 1:7). Esta linguagem figurada por si mesma não dá a conhecer todo seu profundo significado. A chave para entender seu significado se encontra na Bíblia Hebraica! A raiz central primária do Antigo Testamento de
  • 5. Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse 5 Apocalipse 1:7 é Daniel 7. Este capítulo de Daniel constitui a visão apocalíptica principal para o livro do Apocalipse. Daniel mesmo ficou profundamente comovido pelo que ouviu e viu. Sua nova visão ampliou sua predição profética anterior do capítulo 2. Agora se descrevem os quatro metais da estátua em Daniel 2 como quatro bestas insólitas que surgem do mar das nações como impérios mundiais, em forma sucessiva. Depois segue uma nova revelação que desenvolve o significado da pedra que cai do céu e esmiúça a estátua. A segunda chave Escreve Daniel: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem" (Dan. 7:13). Esta representação específica forma a fonte da proclamação de João em Apocalipse 1: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá" (v.7). Na visão de Daniel, o semelhante a um filho de homem, o ser celestial, foi até o "Ancião de Dias" (Dan. 7:13). "Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído" (Dan. 7:14). Esta coroação celestial do Messias celestial em Daniel 7 desenvolve o centro culminante em Daniel 2 onde a rocha cortada "sem intervenção humana" investe contra a estátua, pulveriza-a e é levada pelo vento de maneira que não fica nada a não ser a rocha, que chega a ser o paraíso restaurado. Dessa forma, tanto no capítulo 2 como no 7, o profeta nos assegura que o reino de Deus será restaurado sobre a terra. Há algo muito importante que se desenvolve entre o Daniel 2 e 7. A pedra de Daniel 2 chega a ser o Messias, representado como "um como um filho de homem", em contraste com as "bestas" ímpias do capítulo 7. Esta revelação assombrosa revela que no céu há outro personagem celestial além de Deus o Pai, um de aparência divina, que aparece sobre um carro de nuvens celestial: "Com as nuvens!" Estas devem representar
  • 6. Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse 6 as nuvens de anjos celestiais. A linguagem figurada de "nuvens" indica uma aparência divina (ver Êxo. 13:21; 14:19; 19:16; 40:34; Lev. 16:2; Núm. 9:15-23; Sal. 104:3; Isa. 19:1; Deut. 33:26). O Messias divino virá para julgar e restaurar (Dan. 7:22). O Pai lhe dá todo o domínio sobre a terra. Este Messias governará nosso mundo de parte de Deus. Declara Daniel: "O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo" (Dan. 7:27). Aqui lemos que os santos receberão o reino de Deus. Esse "reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão" ao divino Filho de Homem (7:27). Dessa maneira Deus transfere no céu ao Messias divino toda a autoridade e o poder soberano sobre nosso planeta. O Filho de Homem celestial deve provir do céu e dirigir-se à Terra. Nesse ponto, Apocalipse 1 continua e supera Daniel 7. Apocalipse 1 anuncia: "Eis que vem com as nuvens". Virá "logo" a nossa terra: "E todo olho o verá" (v. 7). Esta não é uma vinda espiritual, invisível, porque até os incrédulos em todo mundo verão sua vinda. Significa o glorioso reaparecimento do Senhor Jesus Cristo ressuscitado (ver também At. 1:9-11; Heb. 9:28). Para os judeus, o Messias era primordialmente um personagem político e militar. Jesus não desejava confirmar estas expectativas messiânicas (João 6:15). Distanciou-se da imagem messiânica prevalecente em seus dias e escolheu um símbolo do Antigo Testamento que não estava carregado com essa interpretação errônea. Jesus se chamou a si mesmo "o Filho do Homem". Mudou a expressão de Daniel de "um como um filho de homem" a um termo messiânico mais explícito. Cristo se chamou a si mesmo em repetidas ocasiões "o Filho do Homem". De fato aparece assim 77 vezes nos quatro Evangelhos. A frase "o Filho do Homem" não quer dizer que Jesus foi meramente um homem. Cristo explica seu autodesignação da visão de Daniel 7: "Pois para que saibam que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados, te digo: levante-te" (Mar. 2:10, 11). Aqui
  • 7. Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse 7 Cristo se chamou a si mesmo "o Filho do Homem". Como o filho de homem daniélico, tem o poder para perdoar pecados. Nenhum sacerdote Levítico disse nunca: "Perdôo teus pecados". Não há nenhum pastor protestante que afirme: "Perdôo seus pecados". Só o sacerdote católico romano afirma: "Perdôo seus pecados" ("Ego te absolvo"). Segundo a Sagrada Escritura só Deus pode perdoar nossos pecados (Sal. 32:5; Isa. 43:25). Por isso, quando o "filho de homem" de Daniel 7 vem para perdoar pecados, a frase "Filho do Homem" significa o Messias celestial ou "Filho de Deus" (ver João 5:27). Só à luz do Daniel 7 podemos entender que o Filho do Homem é um Messias divino com autoridade igual a de Deus o Pai. Quando o Apocalipse enfatiza que Cristo logo voltará, isto são boas novas para os seguidores de Jesus. Virá para executar seu juízo sobre os ímpios. Se pela fé "estamos em Cristo" não temos nada a temer, porque Cristo já nos livrou que a condenação divina (Rom. 8:1). Em realidade, devemos recebê-lo com satisfação e desejar juiz divino, como insígnia o livro de Salmos. No Salmo 96 todas as árvores do bosque "transbordam de contente", porque Deus deve julgar o mundo com justiça (vs. 11-13). O Apocalipse proclama que todos os que estão sobre a terra serão testemunhas de sua segunda vinda, até aqueles que o "transpassaram". Esta expressão se refere claramente à morte de Jesus. Jesus foi transpassado pela lança de um soldado romano. Do corpo de Jesus fluiu água e sangue (João 19:34, 37). Mas em um sentido especial todos os oponentes principais de Cristo Jesus na história estão incluídos em "os que o transpassaram" por meio das "lanças" de suas palavras e ações. Esta frase também tem sua raiz principal no Antigo Testamento. O profeta Zacarias havia predito antes que Jerusalém "transpassaria" a seu próprio Messias Pastor e então todas as tribos do Israel se afligiriam por ele (Zac. 12:10-14; cf. 9:9; 13:7). O cumprimento das predições de Zacarias começou quando Cristo apareceu pela primeira vez, durante sua entrada triunfal em Jerusalém como seu Messias Rei (ver Mat. 21:4, 5). Uma semana mais tarde Jesus anunciou que agora todas as suas ovelhas
  • 8. Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse 8 seriam dispersas, como havia predito Zacarias (ver Mat. 26:31). Zacarias predisse que Jerusalém rechaçaria e "transpassaria" a seu Messias: "E olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito" (Zac. 12:10). Jesus recalcou que as doze tribos de Israel "se lamentariam" (Zac. 12:12-14). Este pranto nacional incluso ainda não se realizou na nação judaica. Apocalipse 1 faz esta aplicação ampliada: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!" (Apoc. 1:7). Isto significa que todos os povos da terra se lamentarão com desespero quando vier pela segunda vez, "por causa dele". O Apocalipse desenvolve esta cena com mais dramatismo em suas visões seguintes (ver 6:15-17; 14:14-20; 19:11-21). A importância deste ponto culminante no Apocalipse fica sublinhado pelas palavras proféticas de Jesus no Evangelho de Mateus: "Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória" (Mat. 24:30). Porque "todo olho" o verá e "todas as tribos" ou povos da terra farão lamentação por ele; ninguém que rechace a Cristo na geração final será capaz de esconder-se deste glorioso Rei-Juiz no último dia. Resumo Sintetizando os descobrimentos desta investigação, o Apocalipse revela duas chaves específicas de interpretação para decifrar seus conceitos simbólicos: A primeira chave é que seu simbolismo está copiado do Testamento mais antigo, a Bíblia Hebraica. Isto mantém a continuidade do Deus do pacto com seu verdadeiro Israel. A palavra de Deus não foi anulada
  • 9. Chaves Interpretativas Dentro do Apocalipse 9 devido à rebelião de Israel. O Messias de Deus apareceu em Israel e cumpriu sua missão (ver Mar. 10:45 e João 19:30). A segunda chave é a verdade evangélica que se encontra nos quatro Evangelhos do Novo Testamento: o crucificado e ressuscitado Jesus de Nazaré é o Messias da profecia. Isto significa que todos os termos e as imagens do antigo pacto estão agora refundidas na linguagem figurada do novo pacto que está centrado em Cristo. Um erudito católico romano ficou tão impressionado pela "releitura cristã do Antigo Testamento" feita por João, que concluiu: "Agora perece que este uso deliberado do Antigo Testamento que faz o autor do Apocalipse deveria estudar-se mais cuidadosamente do que foi estudado até agora".1 Devem estudar-se múltiplas conexões do Apocalipse com o Antigo Testamento, não para mostrar a maneira como João engenhosamente adaptou os símbolos e as profecias hebraicas, a não ser para entender de que maneira o Deus de Israel consumará suas promessas que fez no antigo pacto por meio de Cristo e seu povo do novo pacto. Referência 1. André Feuillet, The Apocalypse [O Apocalipse] (Staten Island, Nova York: Alvorada House, 1965; da ed. francesa [Paris: Desclée deo Brouwer, 1962]), p. 79.