SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 87
Descargar para leer sin conexión
0 
CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FACISA CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA ARTHUR ÉDEN MOREIRA BARBOSA DIEGO FIALHO DE SOUZA THAÍS CORRÊA MENDONÇA “O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH BELO HORIZONTE 
2011
1 
Arthur Éden Moreira Barbosa Diego Fialho de Souza Thaís Corrêa Mendonça “O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH Monografia apresentada ao curso de Publicidade e Propaganda, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas - FACISA, do Centro Universitário Newton Paiva, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Publicidade e Propaganda. Orientadoras: Christiane Rocha e Silva (conteúdo) Maria Auxiliadora Borges (metodologia) BELO HORIZONTE 2011
2 
DEDICATÓRIAS Aos meus pais, em agradecimento ao carinho e dedicação fornecido. Agradeço aos companheiros de grupo e a todos envolvidos diretamente ou não na minha graduação. (Arthur Éden) Aos meus pais e aos amigos, pelo trabalho em equipe. (Diego Fialho) Aos meus pais, por terem me dado essa oportunidade e terem confiado em mim! Agradeço aos meus amigos Arthur e Diego! (Thaís Corrêa)
3 
AGRADECIMENTOS 
Agradecemos aos nossos familiares e amigos por todo apoio e confiança; Às orientadoras Christiane Rocha e Dôra Borges, pela paciência e dedicação em nos ajudar a tornar este trabalho possível; Ao professor Lamounier Lucas e à coordenadora do curso, Cida Souza, por terem nos considerado aptos a realizar tal proposta; Ao estudante de jornalismo, Alden Starling, pela sua colaboração, assim como a de todos os que participaram, direta ou indiretamente, deste trabalho. Aos demais professores e profissionais com os quais convivemos neste período acadêmico, por todo o conhecimento e paciência oferecidos.
4 
Anime-se! (Autor desconhecido)
5 
RESUMO 
Os meios de comunicação têm se tornado cada vez mais sensíveis aos seus públicos-alvo. Grande parte das produções das mídias de massa é voltada, nos dias atuais, ao jovem. O mesmo busca inovação e diferenciação. Ele quer novidade e tem se tornado mais crítico em relação à qualidade das produções. Este jovem é perceptível no que se refere à abundância de produções voltadas à tecnologia digital e interativa nos meios de comunicação. Em meio a tantas produções em tantos canais de televisão, buscou-se a necessidade de mostrar que a cultura está presente na vida deste jovem e, de certa forma, de todas as pessoas. Há muitos movimentos que valorizam a cultura por meio da música, da poesia, da dança e de outras manifestações que buscam disseminar informações históricas, ao mesmo tempo, promovendo a interação entre as pessoas. Ressalta-se que grande parte destes movimentos, aqui descritos, ainda é desconhecida também por muitas pessoas. Sendo assim, o presente trabalho visou à realização de 13 programas, primeiramente voltados para a mídia televisiva, os quais pretenderam mostrar a diversidade dos movimentos culturais existentes em Belo Horizonte, com a intenção de que os mesmos, inicialmente, fossem veiculados em uma emissora, eminentemente, cultural e educativa. Para tanto, os autores do estudo se valeram de pesquisas bibliográficas e, em profundidade, para conseguir subsídios à escrita do estudo, bem como para a realização de um programa-piloto, a ser apresentado como modelo para os demais, cujas ideias também estão relatadas na monografia abaixo. Vale ressaltar que o storyboard só foi criado após a gravação do programa- piloto, de forma a manter uma estrutura de criação mais padronizada. 
PALAVRAS-CHAVE 
COMUNICAÇÃO • CULTURA • PUBLICIDADE • TELEVISÃO
6 
LISTA DE lLUSTRAÇÕES 
Ilustração 1: Storyboard…….....................................................................................56 
Ilustração 2: Storyboard…........................................................................................57
7 
LISTA DE SIGLAS 
DJ - Disc-jockey; 
EUA - Estados Unidos da América; 
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; 
MC - Mestre de Cerimônias; 
MUNAP - Museu Nacional da Poesia; 
UNI-BH - Centro Universitário de Belo Horizonte; 
UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância.
8 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 13 
2.2 Cultura: um conceito antropológico ................................................................ 14 
2.3 Responsabilidade social e cidadania .............................................................. 15 
2.4 Movimentos culturais........................................................................................ 16 
2.5 A cultura inserida nas mídias de massa ......................................................... 17 
2.6 A Publicidade a serviço da TV ......................................................................... 18 
2.7 A linguagem narrativa na comunicação .......................................................... 19 
2.7.1 Linguagem na Literatura ................................................................................... 19 
2.7.2 Linguagem na TV ............................................................................................. 20 
2.7.3 Linguagem no cinema ...................................................................................... 21 
2.7.3.1 Montagem não-linear..................................................................................... 22 
2.8 Produção - programa de TV artístico/cultural ................................................. 23 
2.8.1 Fases de produção ........................................................................................... 23 
2.8.1.2 Pré-produção ................................................................................................. 23 
2.8.2.2 Produção ....................................................................................................... 24 
2.8.2.3 Pós-produção ................................................................................................ 24 
3 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................... 13 
3.1 Contextualização histórica do objeto de estudo ............................................ 25 
3.1.2 Duelo de MC’s .................................................................................................. 25 
3.1.3 Sementes de Poesia ........................................................................................ 26 
3.1.4 Roda de Capoeira ............................................................................................ 27 
3.1.5 Clube de Motociclistas...................................................................................... 28 
3.1.6 Quarteirão do Soul ........................................................................................... 30 3.1.7 Equipe Linha de Frente .................................................................................... 31 
3.1.8 Coletivo Pegada ............................................................................................... 31 
3.1.9 Quina/Ystilingue ............................................................................................... 32 
3.1.10 RoodBoss Soundsystem ................................................................................ 34 
3.1.11 G.R.E.S. Cidade Jardim ................................................................................. 35
9 
3.1.12 Trapizomba .................................................................................................... 36 
3.1.13 OutroRock ...................................................................................................... 37 
3.2 Recorte do Objeto de Estudo ........................................................................... 40 
3.2.1 Cosplay ............................................................................................................ 40 
3.3 Metodologia ....................................................................................................... 42 
4 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................. 25 
4.1 Programas/storylines ........................................................................................ 44 
4.1.1 Duelo de MC’s .................................................................................................. 44 
4.1.2 Sementes de Poesia ........................................................................................ 44 
4.1.3 Roda de Capoeira ............................................................................................ 45 
4.1.4 Clube de Motociclistas...................................................................................... 45 
4.1.5 Quarteirão do Soul ........................................................................................... 46 
4.1.6 Equipe Linha de Frente .................................................................................... 46 
4.1.7 Coletivo Pegada ............................................................................................... 47 
4.1.8 Quina/Ystilingue ............................................................................................... 47 
4.1.9 RoodBoss Soundsystem .................................................................................. 47 
4.1.10 G.R.E.S. ......................................................................................................... 48 
4.1.11 Trapizomba .................................................................................................... 48 
4.1.12 Outro Rock ..................................................................................................... 49 
4.2 Programa - Cosplay........................................................................................... 49 
4.2.1 Apresentação ................................................................................................... 49 
4.2.2 Objetivos .......................................................................................................... 50 
4.2.3 Justificativa ....................................................................................................... 50 
4.2.4 Formato/Veiculação.......................................................................................... 50 
4.2.5 Público-Alvo ..................................................................................................... 52 
4.2.6 Recursos operacionais e financeiros ................................................................ 52 
4.2.7 Storyline - Cosplay ......................................................................................... 544 
4.2.8 Storyboard - Cosplay ...................................................................................... 544 
4.9 Roteiro .............................................................................................................. 588 
4.10 Trilha............................................................................................................... 588 
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 60
10 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62 
LISTA DE APÊNDICES .......................................................................................... 608 
LISTA DE ANEXOS................................................................................................... 80
11 
1 INTRODUÇÃO 
O mundo vem passando por mudanças. No que se refere à Comunicação Social, tais mudanças vêm sendo significativas e tornam, aos futuros profissionais dessa área, foco na especialização e atualização neste “novo mundo social” que se configura e dinamiza a todo o momento. Diversas discussões vêm ganhando espaço, bem como a sua inserção nas várias estruturas sociais da atualidade. Há ainda que se levar em conta a curiosidade e o desafio de se experimentarem as novas tecnologias digitais, nas quais todas as formas de transmitir cultura se unem, formando uma cultura inovadora, que extrai os limites da produção intelectual e artística. A televisão foi escolhida por ser um meio de comunicação de massa, que pelo seu amplo alcance atinge todas as classes sociais. É também uma mídia que dita tendências, influencia hábitos e costumes, tem credibilidade e alto poder de fixação por utilizar imagem, som e movimento. O trabalho consiste em realizar um programa de televisão para veiculação em emissoras culturais/educativas. Serão criados treze programas de treze minutos cada, porém somente o primeiro programa (piloto) será produzido. O programa pretende mostrar, em linguagem apropriada para o público jovem, os diferentes movimentos culturais de Belo Horizonte, qual a causa e o que motiva as pessoas a participarem de tais eventos e os efeitos para a sociedade. A escolha do segmento da emissora para veiculação se faz pelo caráter cultural e educacional do programa, que tem por objetivo disseminar informação para o público-alvo, contribuindo para uma sociedade menos preconceituosa. Acredita-se que, por meio desse projeto, a emissora a “comprar” o projeto abrangerá e aproximará sua programação do público jovem, ao difundir eventos culturais da cidade para o conhecimento coletivo. Pretende-se proporcionar aos envolvidos um aprendizado e amadurecimento nas etapas de produção para um meio de comunicação de massa. 
O formato do número de programas se distribui pela quantidade de movimentos culturais da capital mineira que o grupo acredita relevantes para serem abordados.
12 
Sua duração de 13 minutos é considerada adequada para transmitir a mensagem, dentro dos projetos elaborados por emissoras. Acredita-se que a escolha do público jovem: de todas as classes, de ambos os sexos, na idade de até 25 anos e economicamente ativo, dialoga com a temática cultural escolhida, por ser conhecido como uma faixa etária mais engajada em questões sociais, além de ser este um assunto que o interessa e que venha a ajudá-lo na sua formação de cidadão. A proposta do programa é ter uma linguagem cinematográfica de conteúdo jornalístico com uma visão estética publicitária e artística. Este jovem busca inovar e se diferenciar das demais produções televisivas, já que a juventude contemporânea é informada, busca novidade e é crítica sobre a qualidade das produções. É perceptível a abundância de produções voltadas à tecnologia digital e interativa nos meios de comunicação. O futuro se encaixa em um sistema em que o consumidor navega na internet e assiste à televisão. Diante de tal realidade, as justificativas para desenvolver o presente trabalho partem da curiosidade do grupo em pesquisar alguns movimentos culturais presentes e atuantes em Belo Horizonte e região metropolitana e do interesse em trabalhar com mídia Televisiva, sob o ponto de vista artístico. Diante do proposto, o objetivo geral consiste em criar uma série de 13 programas de televisão culturais, para atingir o público-jovem, já descrito. Para tanto, o primeiro dos objetivos específicos buscou pesquisar, inicialmente, movimentos culturais existentes em BH, conforme descreverá o capitulo 3 deste trabalho. Foi também necessário promover pesquisas bibliográficas e de campo para conhecer a origem de tais movimentos e como os mesmos se desenvolvem. Foi necessário também conhecer mais sobre a narrativa utilizada na televisão, na literatura e no cinema, uma vez que a ideia era promover um conteúdo inovador, que se apropriasse das três linguagens citadas. Em seguida, foi descrita uma sinopse de cada programa, com destaque para a elaboração do roteiro do programa de televisão escolhido para veiculação. A seguir, serão descritos os principais temas que trarão conhecimento específico para o desenvolvimento do presente trabalho.
13 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1 Comunicação: um conceito social Fator de integração das sociedades humanas, comunicar é tornar comum e envolve ciências tão diversas quanto a filosofia, a história, a geografia, a psicologia, a sociologia, a etnologia, a economia, as ciências políticas, a biologia, a cibernética ou as ciências cognitivas. Com o objetivo de difundir os movimentos culturais para a sociedade, acredita-se que é preciso o embasamento no conceito social de comunicação, em que, na análise semiológica, segundo Sfez (1991), deve-se tornar uma mensagem compreensível para o receptor. Esta mensagem deve sempre dizer algo, do emissor ao receptor, pelo canal adequado, evitando-se ruídos na relação entre o que poderia ser dito e o que é dito efetivamente. Com conhecimentos empíricos a respeito das teorias de comunicação e do cenário contemporâneo, pode-se dizer que o propósito é basear-se não nos conceitos “bola de bilhar” ou na teoria da “agulha hipodérmica” - na qual o emissor tinha o domínio da mensagem e a exercia sem resistência -, mas sim, nos conceitos da era tecnológica, nos quais a “sociedade global” compreende conforme sua cultura e aceita o que deseja; sendo assim, não somente intermediária ou receptora, mas fonte crítica de compartilhamento de conteúdo. Na controvérsia de o canal ser um veículo de massa, o objetivo é divulgar tais movimentos culturais que não estão enquadrados na indústria cultural, fora do mainstream (senso comum), e apresentá-los à sociedade, produzindo valor por meio da arte e da cultura. Para a compreensão do papel no veículo proposto, Mattelart e Mattelart (2000) e a sociologia funcionalista da mídia citam estudiosos como Lasswell (1948), que afirmam que o processo de comunicação cumpre funções na sociedade como a vigilância do meio e seus sistemas de valores da sociedade, relações entre seus componentes e a função de entertainment e diversão.
14 
Mattelart e Mattelart (2000, p. 187) concluem que: A era da chamada sociedade da informação é também a da produção de estados mentais. É preciso pensar de maneira diferente, portanto, a questão da liberdade e da democracia. A liberdade política não pode se resumir no direito de exercer a própria vontade. Ela reside igualmente no direito de dominar o processo de formação dessa vontade. Portanto, propõe-se, por meio da cultura, tirar a sociedade da crise e levá-la a uma vida mais democrática, à análise da mensagem associada a uma ideologia, em que “arte e comunicação nos separam dos animais e resumem os problemas fundamentais da cultura” (COHN, 1978). 
2.2 Cultura: um conceito antropológico 
Em sentido escrito, cultura significa o modus vivendi global de que participa determinado povo, incluindo a maneira de agir, a maneira de pensar, o modo de sentir, na forma que se veste e habita, bem como na maneira que obtém seus pertences. Segundo Ullmann (1991) em sentido etimológico, anthropos quer dizer homem; lógia significa estudo, ciência. Portanto, estudo do homem. A antropologia constitui o estudo e o conhecimento sistemático do homem e de suas origens. A antropologia cultural tem por objetivo o estudo da cultura em todos os tempos e lugares, abrangida pela existência humana, desde o surgimento do homem englobando as culturas vivas e “mortas”. A etnografia, que significa descrição de um povo, analisa os porquês da manifestação de certos padrões culturais, envolvendo o estudo comparativo de duas ou mais culturas. 
Ainda segundo o autor, assim como outras ciências, o estudo do homem é tão antigo como o próprio homem. “O comportamento humano é um comportamento aprendido. Aprendendo a viver, põe, também, aprender a viver melhor. Essa característica de aprender a viver e a humanizar-se recebe o nome de cultura” (ULLMANN, 1991, p. 83). Gerações humanas surgentes são plasmadas e moldadas pelas que as antecederam ou que com elas convivem. São culturalizadas, mediante
15 
intermediários de um lastro cultural já existente. Trata-se do conjunto dos costumes humanos, expressando a totalidade da experiência humana acumulada e socialmente transmitida. De acordo com Titiev (1963, p. 8): [...] mas uma vez que nenhuma sociedade existe sem uma forma padronizada de vida ou cultura, e uma vez que nenhuma cultura pode existir sem uma sociedade de homens e mulheres, a distinção entre antropólogos culturais e sociais é muitas vezes impossível de manter. Por esta razão, cultura e sociedade são ocasionalmente usadas independentemente e etnógrafos e etnólogos e antropólogos sociais são tratados em conjunto este estudiosos das formas estandardizadas de comportamento que prevalece sempre que grupos vivos de Homo Sapiens vivem em sociedade. 
2.3 Responsabilidade social e cidadania 
É possível visualizar a todo instante as mudanças da organização social e de valores na sociedade, dentre elas as relações entre as organizações e a sociedade, que colocam à tona assuntos como a responsabilidade social, principalmente quando se fala em assuntos que envolvem as corporações. Uma visão mais ampla da responsabilidade social é proposta por Ashley et al. (2002, p. 6) que define a “responsabilidade social como toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade”. O conceito quebra o paradigma que correlaciona às ações de responsabilidade social somente com atos realizados por empresas. Segundo Mendonça (2004), até as corporações mudaram a forma de pensar a responsabilidade social, dando foco em ações que proporcionem o desenvolvimento social, descartando assim as de cunho meramente filantrópicas. 
Pode-se entender que, com as mudanças de gerações, o conceito de responsabilidade social e o seu entendimento pelas pessoas também mudou. Segundo a pesquisa “A Voz dos Adolescentes”, promovida pelo Fundo das Nações
16 
Unidas para a Infância (UNICEF - 2002)1, 35% dos jovens brasileiros entrevistados já participam de algum movimento, como associações de bairro, discussões comunitárias, grêmios e trabalhos voluntários. O jovem atual busca uma maneira de contribuir, porém, tem dificuldade no onde encontrar e em como realizar essa contribuição, ou seja, tem dificuldade em encontrar um “primeiro contato”. Ainda de acordo com a pesquisa acima, dos 67% dos jovens que se consideram voluntários, 16% já praticam ações de voluntariado, e 48% dos entrevistados gostariam de participar de alguma ação, mas não sabem como. O programa visa a ajudar o jovem no seu “primeiro contato”, diminuindo o distanciamento e facilitando a busca maneiras de se engajar socialmente e contribuir socialmente com algum grupo ou entidade. 
2.4 Movimentos culturais 
De acordo com Brandão e Duarte (1990), a produção cultural do homem é um documento vivo. Desde a pré-história até os dias atuais, o homem faz manifesto para expor seus conhecimentos e sua visão do mundo. É a cultura que distingue o homem dos outros animais, pois ele tem a capacidade de criar, de pensar, ordenar seus pensamentos e suas ações. 
A cultura é uma relação entre o homem e o meio em que vive. Assim, pode-se afirmar que não existe ser humano sem cultura. “O homem é produto e produtor da cultura” (BRANDÃO e DUARTE, 1990, p. 9). Porém, o homem não domina todos os traços culturais da sociedade em que vive; por isso, encontram-se diferentes manifestações culturais dentro de uma mesma sociedade e entre diferentes sociedades. O tempo também influencia e modifica a cultura, a participação é sempre seletiva e envolve bens materiais e não materiais, como: ferramentas, 
1 Disponível em: www.unicef.org.
17 
utensílios, moradia, meios de transporte, comunicação, conhecimento, símbolos, crenças e sistemas de valores. Ainda de acordo com os autores, após a Segunda Guerra Mundial, com a explosão demográfica e a expansão econômica dos EUA, surge uma cultura própria da juventude, reflexo de suas tendências comportamentais de revolta, expressada principalmente pela música, de forma individualizada ou em pequenos grupos. A partir dos anos 60 nasceu a “contracultura”, a juventude começa a negar a cultura imperante e dá início a uma atitude mais crítica e politizada, adotando um estilo de vida alternativo e coletivo, contra o consumismo, o industrialização indiscriminada, o preconceito racial, as guerras etc. Período simbolizado principalmente pelos hippies, uma contracultura dos anos 1960 que adotava um modo de vida comunitário, em comunhão com a natureza, e pregava a paz e o amor na terra. Atitude semelhante adotavam os punks, uma contracultura dos anos 1970. A princípio, o movimento punk era apolítico e tinha como lema “do it yourself” (em tradução livre, “faça você mesmo”). 
2.5 A cultura inserida nas mídias de massa 
De acordo com Cuche (2002), os iluministas consideravam a cultura como uma soma de valores e saberes acumulados e transmitidos para a humanidade, sendo acumulados durante o processo histórico. Laraia (1986) cita Tylor (1871), quando este definiu “culture” em seu etnográfico como “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.” 
Partindo dessas definições, é possível visualizar a cultura em tudo que engloba a relação social entre os homens. As mídias de massa podem ser consideradas todos
18 
os canais de comunicação que possuem longo alcance e abrangência. Cohn (1978, p, 177) assim define a massa: “a massa é representada por pessoas que participam de um comportamento de massa [...]”. O autor também caracteriza pontos específicos do comportamento da massa. Estão presentes em todas as classes sociais e trabalhistas, são compostas por indivíduos anônimos e existe pouca interação (troca de experiência) entre eles. Ainda de acordo com Cohn (1978. p. 179), “a natureza do comportamento de massa é dada por “linhas individuais de ação e não por uma ação combinada”. O programa vigente nesse trabalho propõe a quebra dessa definição de comportamento, forçando a massa atingida a interagir em conjunto com os outros serem anônimos devido ao caráter e conteúdo do programa, mesmo com a mensagem sendo transmitida em um canal conhecido como uma mídia de massa. 
2.6 A Publicidade a serviço da TV 
As mídias de massa, como o próprio nome já diz, é o principal contato midiático com a massa e seus seres anônimos. A televisão é a principal mídia de massa na sociedade atual, possuindo características que a diferenciam das demais, como a possibilidade de emissão de estímulos visuais e sonoros que são também explorados pela publicidade e pela propaganda. Outro fator de consideração é citado por Franzão (2006, p. 90), afirmando que “praticamente a totalidade dos domicílios brasileiros possui pelo menos um aparelho de TV”. 
Ramos (1995) afirma que a publicidade criou uma relação intima com a televisão desde sua implementação no Brasil nos anos 50. Strozenberg (1986) afirma que a televisão e a publicidade juntas são um fator de democratização do consumo, já que sua exibição proporciona um maior conhecimento e circulação de um determinado produto, permitindo um barateamento e um nível maior de informação ao
19 
telespectador. Ainda diz que o comercial de televisão possibilitou o melhor uso da linguagem audiovisual, e não o cinema. Ramos (1995) ainda diz que o telespectador processa comerciais e programas televisivos de uma maneira única, exigindo a mesma qualidade técnica para ambas as produções. Essa afirmação conecta o processo criativo e técnico dos comerciais publicitários e das produções televisivas e cinematográficas, partindo da base de processo final deve ter os mesmo elementos audiovisuais e ambos as produções. 
2.7 A linguagem narrativa na comunicação 
2.7.1 Linguagem na Literatura 
Conforme Foucault (1992, p. 316) "[...] a última das compensações ao nivelamento da linguagem, a mais importante, a mais inesperada também, é o aparecimento da literatura”. Comunicação filosófica e sociológica acredita-se que a criação da realidade histórica é representada com o uso da linguagem. Entende-se que em uma produção audiovisual, além da linguagem verbal utilizada do personagem, a linguagem não verbal de imagens e sons se faz como complemento e conteúdo indispensável na compreensão da narrativa. 
De acordo com Vilarinho (2010)2, assimila-se que, diferentemente, da linguagem literária de amplo significado, a produção do programa é criada na linguagem não literária, em que as palavras possuem o seu sentido comum, com variações de estilos narrativos, como o conto, uma narrativa curta que gira em torno de um só conflito; e a crônica, relato pessoal do autor sobre determinado fato, nesse caso, o personagem da estória. Mais detalhes dos elementos de linguagens e narrativas nos subitens seguintes. 
2 Disponível em: www.brasilescola.com.
20 
2.7.2 Linguagem na TV 
Segundo Squirra (1993), a televisão como se conhece nos dias atuais deriva do cinema. A palavra cinema origina-se do grego kinema, que quer dizer “movimento”. O cinema foi o primeiro meio de comunicação que se utilizou do movimento como forma de expressão coletiva. De acordo com Ruiz (1971), o nome “Televisão” apareceu depois de muitas tentativas de se achar o melhor nome para significar a transmissão de imagens sem fio e a distância, os cientistas a batizaram três vezes, ate achar o nome pelo qual a conhecemos hoje: radiovisão, vídeo e, finalmente, televisão. Na opinião de Squirra (1993, p. 12), “a televisão é hoje o veículo mais popular como forma de entretenimento, atualização e obtenção de informação”. Para o autor, o telejornal tem um papel fundamental na produção e divulgação de informação no país. É por meio dele que a população toma conhecimento das notícias da sua cidade, da sua região, do seu país e essa função é desempenhada pela TV como veiculador de informação, cultura e conhecimento. Segundo Wicker (1981): Como a televisão é tão imediante e atinge uma audiência tão vasta, com uma eficiência tecnológica surpreendente, ela parece capaz de tudo, inclusive de mostrar a verdade em momentos em que ela necessariamente não pode ser conhecida. Segundo o autor, a chegada da TV provocou uma inversão no nosso consciente. Nada é verdadeiramente real, a menos que “aconteça na TV”, essa observação explica o porquê do enorme crédito dado pela população à televisão. A imagem não tem fronteiras. Apesar de algumas diferenciações regionais, ela pode ser decodificada por qualquer cidadão, de qualquer parte do planeta, sem muitas dificuldades. 
O termo documentário surgiu em 1926, ainda de acordo com o autor, quando o inglês John Grierson, em crônica para The New York Sun, utilizou a palavra pela
21 
primeira vez ao analisar o filme Moama, de R. Flaherty, sobre a vida dos polinésios. Segundo o Dicionário de Comunicação (1978, p. 304), notícia é o: Relato de fatos ou acontecimentos atuais, de interesse e importância para a comunidade e capaz de ser compreendido pelo público [...] a noticia não é um acontecimento, ainda que assombroso, mas a narração desse acontecimento. A notícia é tudo o que o público deseja saber. A essência pois, a notícia está determinada pelo interesse público. 
2.7.3 Linguagem no cinema 
Segundo Bernardet (2007, p. 164), “popular, o cinema brasileiro deveria sê-lo por vários aspectos: deveria tratar de assuntos do povo e comunicar-se não apenas com uma elite cultural, mas com o grande público.” Sendo assim, diferente da produção comercial, o estudo visa à produção cultural de um formato cinema-verdade, uma forma de documentário onde a fílmica será de uma realidade natural, que, ao invés de explorar as chanchadas - que assim como no cinema se assiste atualmente - na TV, tem como foco a produção de conteúdo relevante para a educação e consciência dos telespectadores. Segundo o conceito de Campos (2007, p. 20), “narrativa é o produto da percepção, interpretação, seleção e organização de alguns elementos de uma estória”. Dentre os gêneros dramático, lírico e épico (“narrativa pura”), a linguagem abordada se enquadra neste último gênero, já que tem por principal função informar o movimento cultural. Porém, quando o personagem expressar sua subjetividade do evento, a narrativa se tornará lírica. 
Ainda conforme o autor, os sete loci - do latim locus-i, são os sete “lugares” do pensamento que o fabulador e o narrador devem preencher, a fim de fabular (imaginar) uma estória - da retórica clássica são: quem, os personagens; o quê, os incidentes da estória; onde, o lugar onde ocorre o que se narra; por quê, as motivações das ações dos personagens; para quê, os objetivos das ações dos personagens; quando, o momento em que ocorre a estória; e como, a forma de
22 
perceber e de narrar a estória; e, dessa forma compor uma narrativa sem lacunas de informação. Dentro de cada estória por programa, a trama principal será o ponto de vista do personagem e não necessariamente o evento em si. Cenas que exploram os incidentes de sua trajetória antes e durante o evento, suas motivações e objetivos. “Teatro, cinema e tv tratam fala de maneira diferente” (CAMPOS, 2007, p. 188), onde é raro na tv uma informação importante ser comunicada apenas por imagem, explorando assim o personagem em seus diálogos e monólogos com elementos de fala que dão unidade e facilitam à narrativa e recepção. Bernardet (2007) considera que a tendência de um diretor não é apenas transformar o roteiro em imagens, mas que participe de todas as fases do filme. Dessa forma, o estudo consiste no nosso trabalho desde a produção à montagem, sendo essa última explorada de forma não cronológica, tendo suas seqüências alternadas de maneira não-linear entre as cenas. Acredita-se que tais cortes causarão o estranhamento necessário para gerar no telespectador certa epifania e reter a atenção dele. 
2.7.3.1 Montagem não-linear 
Conforme Leone e Mourão (1993), a montagem não deve ser analisada apenas como atividade técnica terminal, pois são associadas com o roteiro e a realização que produzem o espetáculo cinematográfico. Acredita-se no fator positivo de explorar formas diferenciadas de montagem, pois segundo Amiel (2007), montagem é uma arte, operação completa que exige criatividade e que implica a estética da obra. 
Diferente da montagem linear, da ideia de sequência, o trabalho presente conta com a montagem eletrônica na finalização da produção fílmica, com recursos de flashbacks e flashfowards - revezados em acontecimentos passados e presentes - nos quais as cenas são apresentadas fora da ordem normal dos acontecimentos.
23 
Em relação ao tempo de estória e tempo de narrativa proposto por Campos (2007), todo o conteúdo produzido de um dia é montado em treze minutos, de forma em que as cenas se alternam na continuidade temporal. Exemplo clássico do cinema com recurso similar é a obra do roteirista Herman Mankiewicz, Cidadão Kane. Outro filme que explora tal montagem é Amnésia, do roteirista Jonathan Nolan. 
2.8 Produção - programa de TV artístico/cultural 
2.8.1 Fases de produção 
2.8.1.2 Pré-produção 
Nesta fase, de acordo com o site Tudo Sobre TV3, são levantadas as necessidades gerais para a realização do programa. Primeiramente, será contatado um roteirista para fazer a sinopse com o argumento; após aprovado o roteiro, é feito um storyboard, com uma ilustração da seqüência de imagens; em seguida, é realizada a decupagem (detalhamento). A seguir, a produção e direção do programa vão determinar os atores, apresentadores, equipe e os equipamentos necessários, bem como local de realização, disponibilidade das pessoas envolvidas, valor dos cachês e previsão do tempo de realização. Em seguida, os setores de produção, direção, equipe operacional, técnica e cenografia se reúnem para acertarem os ajustes finais. O próximo passo é fazer o orçamento do material. Neste caso, como houve novas ideias a partir da gravação do material, o storyboard foi criado ao final, para manter o padrão de passos na elaboração de um programa de TV. 
3 Disponível em: www.tudosobretv.com.br
24 
2.8.2.2 Produção 
De acordo com o autor, nesta fase, se estabelece a ação da realização de um programa. Cabe ao produtor marcar e conciliar horários dos ensaios, gravações, entrada da equipe, hora do almoço, descanso, levantamento e definição de locais, providenciar o transporte dos participantes e equipe, conseguir autorizações dos participantes e locais, providenciar as fitas, anotar o conteúdo das fitas gravadas, preparar o material de edição (relatório de gravação, roteiro, decupagem) para o editor, pensar em detalhe como sinal, cor, câmera, áudio, direção, linguagem da narrativa, movimentos, cenografia, entre outros. 
2.8.2.3 Pós-produção 
Após a gravação, conforme autor acima, passa-se para a montagem final do material, a edição. Ela requer, às vezes, recursos como: computação gráfica, efeitos, trilha sonora, dublagem, locução e outros. Para isso, será preciso saber quais recursos o editor utilizará para contatar os profissionais e providenciar os equipamentos. A seguir, serão abordados os programas que serão desenvolvidos pelos autores do trabalho, bem como detalhados todos os passos descritos acima. A seguir, serão abordados os 13 programas que serão desenvolvidos pelos autores do trabalho, bem como detalhados todos os passos descritos acima.
25 
3 OBJETO DE ESTUDO 
3.1 Contextualização histórica do objeto de estudo 
Existem muitas maneiras pelas quais os fãs demonstram o seu apoio e apreço à cultura. Tendo em vista esse universo que desperta atenção e curiosidade de toda a sociedade, o trabalho consiste na realização de um programa com a temática jovem para uma emissora educativa/cultural. Será necessária a confecção de 13 programas de 13 minutos cada. Somente um programa seria detalhado e gravado. A seguir, a descrição breve de cada programa: 
3.1.2 Duelo de MC’s 
Cultura artística norte americana de influência afro e jamaicana, o hip hop nasceu em Nova Iorque na década de 1970 e chegou ao Brasil na década seguinte. Segundo Rocha; Domenich; Casseano (2001), “arte peculiar que vai muito além de modismo ou um estilo de música”, o movimento é geralmente criminalizado pelas autoridades e parte da sociedade. Segundo Irwin (2006), o hip hop “tem suas raízes fixadas em uma forte ideologia de emancipação dos negros e na redução da desigualdade social decorrente do preconceito racial”. 
De acordo com o site eBlack4, além do DJ (disc-jockey) - músico operador de discos de vinil que mistura ritmos de batidas e frases das canções animando a festa; o grafite - expressão artística de tinta com frases e desenhos feita em muros; e o breakdance - dança de rua com origem de simulação de luta, coreografias de sincronismo e acrobacias ou movimentos de improvisação; há outro pilar da cultura 
4 Disponível em: www.pcg.com.br/eblack.
26 
hip hop, que é o MC (Mestre de Cerimônias), que tem sua origem antes do movimento; porém, no contexto, é considerado como o rimador ousado, que improvisa e interage com o público de forma vibrante. Ainda segundo o site, a batalha com rimas desafiadoras contra outros MCs só surgiu na década de 1980 e a disputa - que se encontra também nos outros pilares - tem o objetivo de entreter o público e testar o nível de capacidade de cada competidor. 
O evento “O Duelo de MCs”, de acordo com o blog homônimo5 (2011), é realizado, semanalmente, às sextas-feiras, desde 2007, no Viaduto Santa Tereza, no Centro da capital mineira, Belo Horizonte. Tal intervenção é composta por manifestações dos elementos do hip hop. No encontro, foram relatados os diferentes, porém relacionados, estilos de arte de rua. O objetivo do tema foi conhecer o papel social e a importância desta cultura para os participantes. 
3.1.3 Sementes de Poesia 
Trata-se de um espaço que conta com a participação do público. O programa “Sementes de Poesia” é promovido pelo Museu Nacional da Poesia (Munap), com ações pela poesia, arte e cultura, todo terceiro domingo do mês. O mesmo pode se manifestar pelo microfone, mostrando sua poesia. Segundo Coutinho (1978, p.9-10): A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio. 
Como arte de criar textos e manipular o uso das palavras, pretende-se focar a literatura brasileira com origens do século XVI na forma da poesia, linguagem humana que permeia a imaginação, pois “certamente o desenvolvimento literário no Brasil está relacionado às contingências econômicas, políticas e sociais do país” (AMOR, 2009). Segundo Mello (2011), “acredita-se que o recital público com diálogo 
5 Disponível em: www.duelodemcs.blogspot.com.
27 
intercultural incentiva a leitura, criação poética, convivência artística, intercâmbio, divulgação e a preservação do patrimônio imaterial”. O evento de entrada franca é realizado desde 2008, todo terceiro domingo do mês na Praça dos Fundadores, no Parque Municipal de Belo Horizonte. Pretende-se abordar tal atração pela iniciativa colaborativa de expressão da literatura, com intenção de aproximar o cidadão ao espaço cultural coletivo e conhecer assim a sociedade por meio das palavras. 
3.1.4 Roda de Capoeira 
De origem brasileira, porém criada por africanos, trata-se de um estilo de luta disfarçado de dança para combater os senhores de engenho na época da escravidão, “a capoeira, antes de receber o status de expressão cultural, sofreu o estigma do crime” (SOARES, 1962, p. 07). 
Conforme o site Circuito Liberdade6 (2011), a Capoeira pode ser explicada como uma manifestação popular. A mesma é considerada, desde 2008, como patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e tem, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, um dos principais pontos de encontro da capoeira em Minas Gerais, onde ocorrem, freqüentemente, ações culturais comemorativas. De acordo com Fuinha (2007), “a atividade capoeira, quando trabalhada com jovens e adolescentes em situação de risco social, ganha aspectos muito importantes.” Mais do que uma arte marcial, a capoeira é um movimento musical com os instrumentos e cantos típicos, além de um exercício de dança e expressão corporal. 
Sua contribuição na atividade curricular tem reflexo positivo nas escolas e na integração dos alunos, com questões de socialização e respeito. Belo Horizonte 
6 Disponível em: www.circuitoculturalliberdade.mg.gov.br.
28 
sediou, em 2011, o 3º Encontro Nacional de Capoeira Angola. Segundo Losekann (2011), o evento contribuiu para discutir a participação da capoeira na formação cultural, na educação de crianças e jovens e ainda a capoeira como patrimônio cultural. Ainda de acordo com o autor: A capoeira figura, assim, ao lado da ciranda de roda, do acarajé, das panelas de barro do Espírito Santo e do frevo, como um bem cultural brasileiro, pois reúne harmonia, arte, música, poesia, folclore, artesanato, esporte, diversão, dança, jogo, luta, rituais e tradição, em uma das mais genuínas expressões da nossa cultura popular. 
3.1.5 Clube de Motociclistas 
Segundo Dulaney (2005)7, o surgimento dos motoclubes está associado ao final da Segunda Guerra. Ex-militares e pilotos eram treinados para guiar motocicletas, buscando ativar o nível de adrenalina para aliviar os traumas pós-guerra. Em cada pelotão, os combatentes tinham que cuidar de seus parceiros ao final de cada combate. Com isso, os mesmos desenvolveram um alto nível de irmandade, até que, no final da guerra, trouxeram tal sentimento para a vida civil. Ao regressarem da guerra, os combatentes foram aposentados e se alcoolizavam na tentativa de esquecer as memórias da batalha, buscando curar as cicatrizes do conflito armado. Estes se envolveram em atividades pessoais e de lazer que fogem aos padrões comuns, tais como o motociclismo. A imprensa da época acusava-os de arruaceiros e, na década de 1950, algumas produções de Hollywood como “O Selvagem” - filme que contava a história de um delinqüente líder de uma gangue de motoqueiros, vestido de jaqueta de couro e dirigindo uma motocicleta (personagem interpretado pelo ator Marlon Brando) -, criaram a imagem de que moto clubes eram gangues. 
7 Disponível em:http://ijms.nova.edu/November2005/IJMS_Artcl.Dulaney.html.
29 
Já na década de 1960, conforme o autor, as motocicletas voltaram a ser tema no cinema. Podem-se citar como exemplos Elvis Presley, com o filme “Roustabout”, e o ator Steve McQueen, com “A Grande Fuga”. Estes longas-metragens alavancaram uma série de filmes sobre o tema, que chegou ao seu auge com a produção “Easy Riders” - o clássico filme de 1969 retrata dois motoqueiros que seguem pelas estradas americanas. Na década de 1970, os motoclubes deixaram de passar uma imagem de rebeldia e passaram a ser sinônimo de liberdade. 
O maior motoclube no mundo são os HELLS ANGELS MC dos Estados Unidos, grupo fundado em 1948 na cidade de San Bernardino, sediada no estado da Califórnia. Foi na década de 1990 que se iniciou a popularização no Brasil. A primeira associação foi fundada no Brasil em 1927 - o Motoclube do Brasil, sediado no Rio de Janeiro. De acordo com o site Abutres8, os ABUTRE'S MC - Raça em Extinção - é o maior moto clube do Brasil e o mais famoso. Fundado no dia 10 de setembro em 1989, o nome Abutre traz a ideia de liberdade, por ser a ave que voa mais alto. O ABUTRE’S M.C. BRASIL é uma associação sem fins lucrativos, que reúne amantes do motociclismo, com a finalidade de desfrutar do lazer, entretenimento e promover ações filantrópicas por meio de uma motocicleta e boa vontade. 
Segundo a Federação dos motoclubes do Estado de São Paulo9 (2009) nos dias de hoje, os motoclubes são grupos constituídos e organizados por pessoas que apreciam o motociclismo. São clubes organizados com a finalidade de estabelecer relações de amizade, promovendo a socialização entre seus participantes. Durante todo o ano, os motoclubes organizam passeios e encontros para promover a confraternização, a amizade e o companheirismo entre todos os seus componentes. 
8 Disponível em: www.abutres.com.br. 9 Disponível em: www.federacaomc.org.br.
30 
3.1.6 Quarteirão do Soul 
De acordo com o site Quarteirão do Soul10, o soul é um gênero específico de música que nasceu do rhythm and blues e do gospel durante o final dos anos 1950 e inicio dos anos 1960 entre os negros norte-americanos. Este movimento surgiu como uma forma de apoiar a luta dos negros pelos Direitos Civis, e pela afirmação da identidade negra. Segundo Libânio (2010), o movimento Black no Brasil começou no inicio da década de 1970 no Rio de Janeiro por meio do radialista Big Boy, por Gerson King Kong e pelo cantor e ator Tony Tornado. Logo depois, migrou para outras capitais, entre elas, Belo Horizonte. Mas nos anos de 1980, com o domínio dos gêneros POP e Rock no Brasil, a cena soul enfraqueceu até terminar. Segundo Lord Tucá, dançarino, promoter e presidente da Comunidade do Soul, em entrevista ao site Cinema em Cena, enquanto os clubes de soul music paralisaram suas atividades, o produtor e DJ Toninho Black começou a organizar o Baile da Saudade. Nasce então, o movimento Black mais forte do Brasil. Mas, somente em 2004, foi criado o Quarteirão do Soul, movimento que se realiza nas tardes de sábado no Centro de Belo Horizonte, como forma de reencontrar os amigos que frequentavam os bailes black no centro da cidade na década de 1970. Segundo Ribeiro (2008), o Quarteirão do Soul é encabeçado por pessoas de baixa renda, vindas das mais diferentes regiões da cidade, na faixa dos 45-50 anos, que se reúnem todos os sábados na área do baixo-centro de Belo Horizonte, se apossando da calçada e da rua para dançar black music, além disso têm esse espaço como ponto de sociabilidade e de afirmação de sua identidade. 
10 Disponível em: http://www.quarteiraodosoul.com.br.
31 
3.1.7 Equipe Linha de Frente 
A Equipe Linha de Frente é uma entidade sem fins lucrativos criada por moradores e amigos do bairro Paulo VI, conforme consta de foto nos Apêndices, situado na região Nordeste de Belo Horizonte. De acordo com o site Equipe Linha De Frente11, a entidade desenvolve um trabalho focado na construção de uma rede de solidariedade, que busca proporcionar melhoria das condições sociais e da qualidade de vida do moradores do bairro Paulo VI e adjacências. Os trabalhos são desenvolvidos com diferentes setores da sociedade, que se organizam de forma solidária, na busca de quesitos básicos, como planejamento urbano e saneamento básico até a realização de oficinas e cursos de capacitação para jovens e adultos. Os trabalhos se dividem entre buscas, juntamente ao poder público, por melhorias e por ações voltadas à cultura, lazer e educação. O site ainda informa que as ações realizadas “assinalam o investimento da entidade no protagonista comunitário e na afirmação da cidadania”. 
3.1.8 Coletivo Pegada 
O Pegada é um coletivo atuante em Belo Horizonte, Minas Gerais. De acordo com o Coletivo Pegada12, o grupo surgiu em outubro de 2008 a partir de trocas de e-mails entre músicos, jornalistas, designers e produtores preocupados com o rumo da produção independente da cultura em Belo Horizonte. 
O coletivo está inserido, desde a sua criação, dentro do Circuito Fora do Eixo. O site Fora do Eixo13 conta uma história do início do projeto que começou com uma 
11 Disponível em: www.equipelinhadefrente.acsolidaria.org.br. 12 Disponível em: www.coletivopegada.org. 13 Disponível em: http://foradoeixo.org.br.
32 
parceria entre produtores das cidades de Cuiabá (MT), Rio Branco (AC), Uberlândia (MG) e Londrina (PR), os quais queriam estimular a circulação de bandas, o de tecnologia de produção e o escoamento de produtos nesta rota desde então batizada de "Circuito Fora do Eixo”. O mesmo está presente em 25 estados, ressaltado que todos os estados das regiões sul, centro-oeste, sudeste e norte possuem coletivos associados no circuito. O coletivo Pegada desenvolve seu trabalho focado em 4 pilares: circulação, distribuição, produção de conteúdo e formação e capacitação de agentes culturais. Alguns eventos organizados pelo coletivo já possuem reconhecimento nacional como o Festival Transborda, evento que reúne consagrados e emergentes nomes da música nacional em Belo Horizonte. De acordo com o site do Coletivo Pegada, todas as ações são focadas na “sustentabilidade e uma nova lógica de produção cultural pautada em princípios de auto-gestão, protagonismo, empoderamento e autonomia”. 
3.1.9 Quina/Ystilingue 
Belo Horizonte possui um novo espaço para a divulgação de trabalhos de arte em diversas áreas - a Quina Galeria. O objetivo da mesma é difundir a cultura do design, o pensamento inventivo e a inovação. No local, são realizados desenhos, pinturas, ilustrações, colagens, grafite, instalações e objetos de design assinados por jovens artistas. 
Segundo os sócios Rodrigo Furtini - designer e artista plástico formado pela Escola Guignard e Uni-BH - e Ayrton Mendonça - designer de produto graduado pela UNA -, a Galeria Quina surgiu para a divulgação de trabalhos de arte em diversas áreas como desenhos, pinturas, ilustrações, colagens, grafite, instalações e objetos de design assinados por jovens artistas, com a proposta de abrigar um amplo e variado
33 
leque de manifestações artísticas, pretende ao mesmo tempo, dar espaço aos artistas mais novos e promover uma aproximação maior do público com a arte. Por isso, justifica-se a sua localização, na esquina da rua da Bahia com avenida Augusto de Lima, no Conjunto Arcângelo Maletta. A localização, inclusive, inspirou o nome Quina, para facilitar a visita de um grande e variado tipo de público. Ressalta- se que se trata de um dos prédios mais antigos de Belo Horizonte, abrigo da intelectualidade, onde funcionam livrarias, lojas de sebo e de discos antigos. É também um local de grande trânsito de pessoas, chegando a receber, em único dia, cerca de duas mil pessoas. A QUINA já existe há dois anos. A idéia surgiu depois de uma viagem dos sócios à Europa, onde este tipo de espaço era bem comum. Daí surgiu a vontade de montar esse formato de galeria em Belo Horizonte. O foco da QUINA é o segmento alternativo. Buscando mostrar o que está despontando atualmente no mercado, dá oportunidade principalmente para novos artistas tanto nas artes plásticas, design, fotografia e grafitti. O público da QUINA vai de estudantes, artistas, designers, arquitetos e também o público da terceira idade. A localização do novo espaço cultural no centro da cidade acompanha tendência de cidades como Berlim e Holanda e, no Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo. “Agora chegou a vez de Belo Horizonte estar incluída nesse circuito”, justifica Furtini. Ainda segundo os sócios e curadores, os artistas são encontrados por meio da internet, via comunidades virtuais como flickr, twitter e facebook. 
Outro espaço aberto para experimentações e trocas num contexto de liberdade de participação e de cooperação solidária entre grupos autônomos e indivíduos é o denominado Ystilingue. Segundo o site Ystilingue14, o espaço possui biblioteca, discoteca e videoteca comunitárias. Além disso, o local oferece oficinas e cursos gratuitos, mostras de vídeo, palestras e várias outras propostas ou atividades que qualquer pessoa pode realizar. 
14 Disponível em: http://www.ystilingue.tk.
34 
Propõe-se, como plataforma urbana, criar um contexto de participação e de inovação cooperativa solidária entre grupos autônomos e indivíduos. O Ystilingue também está localizado na Sobreloja 35 do Maletta, no hipercentro de Belo Horizonte. Segundo Furtini (2011), as fontes de recursos são diversas. O Ystilingue tem sido mantido, basicamente, por: contribuições voluntárias na conhecida “caixinha”, contribuições simbólico-voluntárias nas atividades, venda de camisetas usadas estampadas com stencil, feitas pelas pessoas que freqüentam o espaço - e produto de oficinas também ―; locadora de DVDs; 20% de todo o lucro da Lanchonete Barata Vegana - localizada na própria galeria -; 100% do lucro de vendas de cerveja em dias de eventos ou exposições, além de mutirões festivos de limpeza, realizados sazonalmente, divulgados como programação. 
3.1.10 RoodBoss Soundsystem 
Segundo o site Jamaica Soundsystem15, o movimento sound-system (sistema de som) é considerado parte importante da história cultural jamaicana. O conceito tornou-se, primeiramente, popular nos anos de 1950, nos guetos de Kingston, na Jamaica. DJs carregavam um caminhão com um gerador, plataformas giratórias, alto-falantes e grandes instalações elétricas de rua. 
De acordo com o site RoodBoss16, o RoodBoss Soundsystem, inspirado nos famosos sound-systems jamaicanos, leva para as ruas de Belo Horizonte a cultura musical da ilha e sua influência mundo afora. O RoodBoos na cidade de Belo Horizonte é um evento gratuito regado a música em alta potência. Tais ritmos aproximam grande quantidade e diversidade de pessoas, promovendo interação, diversão e harmonia. 
15 Disponível em: www.jamaicasoundsystem.blogspot.com. 16 Disponível em: www.roodboss.com.
35 
O projeto, independente e sem fins lucrativos, necessita de ajuda dos presentes para se manter ativo. Nesse sentido, alguns modelos de adesivos são vendidos a R$1,00. 
3.1.11 G.R.E.S. Cidade Jardim 
No início da década de 1960, amantes do samba manifestaram a vontade de transformar o carnaval belo-horizontino em algo mais grandioso, com uma estrutura semelhante à do carnaval carioca. Partindo desse desejo, em 13 de abril de 1961, Jairo Pereira da Costa, seguido por outros componentes da Escola de Samba União Serrana, fundou o Grêmio Recreativo Escola de Samba Cidade Jardim. Dois anos depois, vinha o primeiro dos 18 títulos do carnaval de rua de Belo Horizonte, 11 deles consecutivos. Em 1974, uma nova sede da Cidade Jardim é construída no Conjunto Santa Maria, região Centro-Sul de BH. O espaço é voltado tanto para os ensaios e confecção dos adereços carnavalescos quanto para as atividades culturais ligadas à música, dança e artesanato. Eram considerados os tempos áureos dos desfiles na capital. A Escola conseguia levar cerca de 1500 integrantes para a avenida, entre eles a passista Pinah, Nego e Neguinho da Beija Flor, o cantor Fernando Ângelo - conhecidos no cenário artístico-musical brasileiro - e, antes mesmo da construção da sede da política do Brasil, o ex-presidente do país, Juscelino Kubitschek. De 1992 a 2002, não havia desfiles oficiais na capital. O carnaval foi perdendo parte do seu brilho e recebia cada vez menos investimentos. No final desse período, em 2002, morreu Jairo Pereira da Costa, fundador da Cidade Jardim. O samba perdia um renome, mas os outros componentes da escola não deixaram o carnaval acabar. Belo Horizonte também não - os desfiles voltaram a ocorrer. 
Pouco tempo depois, no ano de 2004, outro fato triste batia às portas da Cidade Jardim. A Escola, única com espaço próprio para desenvolver as atividades
36 
carnavalescas, recebeu um mandado de despejo para a construção de uma Unidade Municipal de Ensino Infantil (Umei), colada à quadra. Os integrantes defenderam que a implantação da Unidade não deveria levar ao fim das atividades culturais. Mesmo assim, em agosto de 2008, a Escola foi despejada. Só em fevereiro de 2009, sem tempo de desfilar, a Cidade Jardim voltou para casa. Era tempo de recomeço. Projetos, como o Domingo do Samba e a Escola Livre de Artes e Ofícios Jairo Pereira da Costa, estão aí para mostrar que o samba não morreu, nem vai acabar. Prova disso foi a comemoração dos cinquenta anos da agremiação, lembrados no dia 6 de novembro de 2011, num evento realizado na quadra da G.R.E.S. com o Bloco da Cidade, uma das revelações do carnaval de rua de BH, em 2011. O encontro contou com outros shows. 
3.1.12 Trapizomba 
Sabe-se que Aristóteles é um dos maiores filósofos da Grécia antiga e que seu pensamento exerce influência na arte e na poesia dos dias de hoje. Acredita-se que o estudo de um grupo teatral como movimento cultural se faz pertinente, pois, segundo Duarte (2011), a recepção e função da obra de arte para Aristóteles é levar o espectador - por meio da mimesis - à catarse, fonte do prazer estético. Arte de representar que no Brasil, de acordo com Magaldi (1997), o teatro no passado foi criticado com certo menosprezo, considerado ruim e irritativo, comparado ao padrão francês. Porém, a partir de autores mais impactantes como Nelson Rodrigues, foi sendo reconhecido e reavaliado a partir de suas origens. 
Em atividade desde 2003, o Grupo Trapizomba de Teatro é um coletivo cultural formado por estudantes de teatro, que, além de realizações cênicas em festivais e
37 
eventos de rua, desenvolvem projetos culturais para o fortalecimento teatral e artístico na capital e no Norte de Minas Gerais. 
Segundo o site oficial do Trapizomba (2011)17, tais ações associadas à pesquisa cultural, do teatro e tradições do estado, fazem com que crianças e jovens descobram seus valores e contribuam para a profissionalização dos envolvidos, com oficinas de sensibilização artística e de conscientização ambiental, além de ajudar o grupo na sua produção artística e de intervenção social. Ainda de acordo com o site: 
Diferentemente do que a grande mídia dá a ver, uma rica produção artística e cultural floresce fora dos grandes centros do país. Trata-se, dentre outras, de manifestações de dança, teatro, poesia e literatura que, embora longe dos holofotes, dão um testemunho importante para a compreensão de nosso tempo e do universo das culturas populares. 
3.1.13 OutroRock 
Segundo Brandão e Duarte (1990), o Rock’n’Roll surgiu na década de 1950, com a união de dois estilos de músicas: o rhythm and blues, música feita por negros e o country-and-western feita por brancos rurais. O primeiro rock de sucesso foi Rock around the clock em 1954, do cantor norte-americano Bill Halley. Mas foi Elvis Presley que abriu o caminho para outros cantores como Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis e Buddy Holly, entre outros. Na década de 1960, o Rock’n’roll foi influenciado pela “geração beat”, jovens que buscam um estilo mais alternativo com ausência de normas preestabelecidas na vida e na arte. Nessa época surgiram cantores como Bob Dylan, John Lennon e Jim Morrison, com temas críticos em relação ao estilo de vida americano: drogas, bebedeiras, sexo livre, visões cósmicas, utopia e o cotidiano. 
No Brasil, o Rock’n’Roll chegou por meio do cinema com os filmes hollywoodianos mostrando o cotidiano do jovem americano. Como os principais cantores de rock 
17 Disponível em: www. grupotrapizomba.acsolidaria.org.br.
38 
ainda estavam vinculados às pequenas gravadoras, sem filiais no Brasil, as gravadoras nacionais gravavam os sucessos do rock’n’roll na voz de “consagrados” cantores e cantoras brasileiras. Assim, o primeiro rock gravado no país foi Rock around the clock, interpretada por Nora Ney. O Brasil só passou a produzir o rock na década de 1960, com o lançamento de Estúpido Cupido (1954), interpretada por Celly Campello, uma versão de Fred Jorge da música Stupid Cupid de Neil Sedaka e Howard Greenfield. Porém, a desvinculação entre o cantor de rock’n’roll, geralmente mais velhos, e o seu público jovem era total, pois as gravadoras da época não investiam em novos valores para esse tipo de música, por acreditar que o rock’n’roll era apenas um modismo passageiro da indústria cultural. Mas o rock no Brasil começou mesmo com a Jovem Guarda. Ainda de acordo com Brandão e Duarte (1990), foi na década de 1980 que houve a explosão do rock nacional. Essa década foi marcada por dois acontecimentos básicos: o aparecimento da banda Gang 90 e Absurdetes, além do surgimento da banda Blitz. Depois disso, os grupos de rock foram se multiplicando. A partir de 1982, o movimento punk paulista começa a tomar forma, abrindo espaço para novas bandas, como Ira!, Ultraje a Rigor, Titãs e outras. No Rio de Janeiro, ao contrário de São Paulo, o rock surgiu com um estilo mais leve e festivo, por meio de Lulu Santos, Ritchi, Lobão, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e outros. Mas foi em 1985 que o rock nacional e internacional concretizou-se no mercado brasileiro com a realização do festival Rock in Rio, trazendo nomes do país e do exterior, como Iron Maiden e AC/DC etc. 
Segundo o site OverMundo (2009)18, o rock mineiro é referência desde os experimentalismos do Clube da Esquina, passando pelo heavy metal da década de 80, pelo pop rock dos anos 90 e por acontecimentos históricos, como a realização do BHRIF (BH Rock Independent Festival), em 1994 na Praça da Estação. 
18 Disponível em: www..overmundo.com.br
39 
Em 2008, os artistas de rock da cidade de Belo Horizonte juntaram forças para, simultaneamente, resgatar todo esse histórico e criar um evento capaz de promover a produção contemporânea da música independente mineira, uma das mais elogiadas e celebradas em todo país e no exterior. Trabalhando coletivamente em todas as etapas de produção, realizaram o Outrorock: dois dias música na Praça Floriano Peixoto. Em 2009, o Outrorock chega à Praça da Savassi após uma longa interlocução com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e a Belotur ― Companhia Municipal de Turismo. O evento Outrorock 2009, totalmente organizado pelos próprios artistas, juntamente com o apoio da Prefeitura Municipal de BH, ocorreu na Praça da Savassi. O evento foi complementado com uma edição da Feira do Vinil da associação Discoteca Público, uma feira de moda, uma feira de música independente, DJs de vários estilos. O evento foi Instalado no quarteirão fechado da rua Antônio de Albuquerque - entre Alagoas e Cristóvão Colombo. O Outrorock 2009 legitima a identidade rock da região da Savassi que, desde a década de 80, é um pólo de encontro da juventude, da circulação de bens culturais e de entretenimento. O Outrorock tem patrocínio da Belotur - Companhia Municipal de Turismo, co-produção do Coletivo Pegada e apoio da ONG Favela é Isso Aí. Parceiro da edição 2009 do Outrorock, o Coletivo Pegada reúne agitadores, músicos, jornalistas, designers e produtores de Belo Horizonte, com o objetivo de fortalecer a cena alternativa da capital mineira, bem como fomentar o crescimento e melhorar a produção musical independente. Entendendo que o rock de Belo Horizonte não está somente no asfalto ou na região central da cidade, a ONG Favela é Isso Aí junta forças ao festival Outrorock. A organização surgiu como fruto do Guia Cultural de Vilas e Favelas, idealizado pela antropóloga Clarice Libânio e publicado em agosto de 2004. A organização foi criada com o objetivo de proporcionar a construção da cidadania a partir do apoio e divulgação das ações de arte e cultura da periferia.
40 
A ONG tem também o intuito de contribuir para a redução da discriminação em relação aos moradores de vilas e favelas, promover geração de renda para as artistas, ajudar a prevenir e minimizar a violência, melhorar as condições do fazer artístico e acesso ao mercado cultural. 
3.2 Recorte do Objeto de Estudo 
3.2.1 Cosplay 
O cosplay, segundo França (2008), consiste em pessoas comuns se fantasiarem de personagens provenientes, de maneira geral, dos quadrinhos, games, livros, séries de TV e desenhos animados japoneses. Uma das principais características é que o praticante cria os trajes e interpreta o personagem. O hobby costuma ser praticado em eventos como convenções de anime e games. A prática do cosplay exige preceitos como organização, capacidade de superar desafios, exploração da criatividade e o desenvolvimento do potencial artístico nas caracterizações. O movimento cultural reúne jovens customizados, geralmente em eventos fechados, os quais chamam a atenção por onde passam. Movimento da cultura pop com praticantes por todo o país, diferentemente das tradicionais festas à fantasia, os participantes não só se vestem a caráter, mas também interpretam os personagens em uma interação social, cultural e artística. 
De acordo com o site Cosplaybr19, a prática remonta aos anos de 1930 e está ligada às convenções de ficção científica realizadas nos Estados Unidos. O primeiro exemplo ocorreu em 1939, durante a 1ª World Science Fiction Convention, ou Worldcon, em Nova Iorque, quando o jovem Forrest J. Ackerman e sua amiga Myrtle R. Douglas foram ao evento fantasiados, em meio a um público de 185 pessoas. Ele 
19 Disponível em: http://www.cosplaybr.com.br.
41 
usava um traje de piloto espacial; e Myrtle, um vestido inspirado no filme de 1936, "Things to Come", baseado na obra de H.G. Wells. Ainda de acordo com o autor, o Cosplay só foi difundido, na verdade, nos últimos 26 anos, por meio dos concursos denominados masquerades - os participantes exibiam as fantasias e entretinham o público. O japonês Nobuyuki Takahashi, do estúdio japonês Studio Hard, ao visitar a Worldcon de 1984, difundiu a prática do masquerade no Japão, criando o novo termo: Cosplay. Segundo França (2008), a palavra deriva da contração de outras: do inglês costume (traje/fantasia) e play/roleplay (brincadeira, interpretação). Na década de 1990, com a explosão do anime pelo mundo, o cosplay foi reintroduzido nos Estados Unidos. Muitos “cosplayers” acreditavam que a prática tinha sido criada no Japão. Porém, como já citado, a mesma já existia nos EUA havia quase meio século, praticada por pessoas de diferentes idades e gêneros. Nos EUA a maneira de desenvolver a prática também é diferente: os americanos seguem o modelo do Worldcon, em que o praticante cria sua fantasia e compete em convenções de fãs. A originalidade é ponto-chave. No Japão, o praticante - geralmente, jovens mulheres - deve se caracterizar fielmente como um personagem pré-existente, para tirar fotos em grupo. Além disso, não há competições ou a exigência de que o traje seja confeccionado pelo cosplayer. Pelos eventos típicos que ocorrem durante o ano na capital mineira, entende-se que, em Belo Horizonte, existem vários cosplayers, jovens em sua maioria. A ideia, neste estudo, é buscar conhecer o cotidiano de um participante deste evento. O que ele geralmente faz antes, durante e depois do evento? O que o motiva? Onde ocorrem as festas específicas e se há uma manifestação artística/cultural fora dos eventos tradicionais? Ressalta-se que, no mês de outubro de 2011, ocorreu o Anime Festival. Informalmente, às sextas-feiras, jovens se encontraram, à noite, na Praça da Liberdade, para trocarem experiências e informações de interesses em comum.
42 
3.3 Metodologia 
Para obter tais respostas, foram escolhidos alguns métodos de estudo, que se imaginou serem mais coerentes com a idéia inicial da pesquisa. Uma das metodologias utilizadas para este trabalho, a fim de se analisarem os principais pontos referentes ao tema proposto, foi a pesquisa bibliográfica, que, segundo Lakatos (2001) tem o intuito de apresentar tudo o que já foi escrito, dito, pesquisado ou divulgado sobre determinado assunto. Para Trujillo (1974, p. 230), a pesquisa bibliográfica não só afirma e repete o que já foi dito ou escrito, mas também ajuda no entendimento de um tema sob novo tipo de abordagem, chegando a conclusões inovadoras. Lakatos (2001) afirma ainda que as pesquisas bibliográficas variam, fornecendo ao pesquisador diversos dados e exigindo manipulação e procedimentos diversos para análise dos mesmo. A busca pode ser feita por abrangência quando é feita procurando por várias palavras chave de uma vez, executando diversas buscas e depois analisando cada artigo obtido, ou por profundidade quando se escolhe primeiro uma palavra chave e se busca tudo o que puder referente ao assunto com ela. Para a autora, a elaboração de um questionário requer observância de normas precisas, conhecimento do assunto, processo de elaboração longo e complexo e limitação em extensão e finalidade para que possa oferecer dados suficientes em informação. A pesquisa exploratória também se encontra no trabalho, partindo da necessidade de apresentar os temas (movimentos culturais) escolhidos para os programas. De acordo com Gil (2006, p. 43), “pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato”. O autor ainda completa informando que esse tipo de pesquisa é utilizado no momento em que o tema escolhido dificulta a formulação de hipóteses precisas e operacionalizáveis.
43 
Fez-se necessária também a utilização da pesquisa em profundidade em determinados temas, a fim de coletar informações diretas dos idealizadores do projeto. Foi escolhida uma entrevista semiaberta que, de acordo com DUARTE E BARROS (2008, p.66), é uma pesquisa focada em uma “matriz, um roteiro de questões-guias que dão cobertura à pesquisa”. Duarte e Barros (2008 p. 62) definem a pesquisa em profundidade utilizada em nosso trabalho ao afirmar que “a entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte [...]”. A metodologia vigente no trabalho é de extrema importância para a execução do mesmo, ao facilitar e auxiliar no recolhimento de informações importantes que sustentam e embasam cientificamente o projeto desenvolvido.
44 
4 RESULTADOS DA PESQUISA 
4.1 Programas/storylines 
4.1.1 Duelo de MC’s 
O programa cruza a história de dois personagens que participam do movimento hip hop, acompanhando suas preparações desde casa ou do trabalho até quando se enfrentam no Duelo de MC’s, realizado abaixo do viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte. Personagens diferentes, porém com realidades e afinidades similares, relatam seus envolvimentos no movimento e explicam o porquê da escolha, da história e experiências relacionadas. Acompanham-se os personagens em um dia comum para conhecer sua rotina de relação com o movimento hip hop, além do evento. 
4.1.2 Sementes de Poesia 
Neste capítulo, acompanha-se um personagem poeta que se prepara para ir ao Sementes de Poesia, realizado no Parque Municipal no terceiro domingo do mês. Desde seu ponto de partida até o caminho do parque, o personagem conta sua dedicação à poesia e como conheceu tal movimento cultural. Lá, recita suas obras, além de também fazer parte do público ao conhecer outros poemas e poetas. É também mostrado outro dia qualquer de sua rotina, para a relação do quanto a poesia faz parte do personagem, seja só no evento específico ou durante sua vida.
45 
4.1.3 Roda de Capoeira 
Neste capítulo, o foco é um capoeirista que participa regularmente de rodas de capoeira realizadas em vários lugares de Belo Horizonte, a exemplo da Praça da Liberdade, um dos cartões-postais da capital mineira. Sua preparação é acompanhada desde o acontecimento do evento e o seu percurso até o evento, onde comenta como começou na capoeira, um pouco da história do esporte e os benefícios da prática. Na roda o personagem interage com outros capoeiristas que também comentam um pouco de suas habilidades. Em seguida, é registrado outro dia do cotidiano do personagem para uma observação de como a capoeira influencia sua rotina. 
4.1.4 Clube de Motociclistas 
O programa acompanha um personagem que faz parte de um motoclube na cidade de Belo Horizonte. Acompanhamos sua preparação antes de sair de casa para uma reunião ou eventos de encontro de motociclistas, realizados em vários lugares, até o final do dia. Enquanto o personagem se prepara, o mesmo vai contando como iniciou sua trajetória nesse movimento e explicando o porquê da sua escolha, contando também um pouco da história desse movimento. Antes da chegada no evento, são registrados alguns momentos do cotidiano do personagem em um dia comum, podendo-se assim relacionar sua postura dentro e fora do evento. No evento, observa-se a relação e interação do personagem com outras pessoas que também costumam participar de tais eventos, coletando depoimentos e buscando outros pontos de vista sobre o mesmo tema.
46 
4.1.5 Quarteirão do Soul 
O programa acompanha um personagem que freqüenta os encontros do Quarteirão do Soul, evento realizado nas tardes de sábado no Centro de Belo Horizonte. Acompanhamos a preparação do personagem antes de sair de casa, até o final do dia. Enquanto o personagem se prepara, o mesmo relata a sua história e ligação com o movimento e explica os motivos que o levaram a freqüentar o espaço/lugar. Ele conta ainda um pouco da história desse movimento. Antes de sua chegada no evento, são registrados momentos do cotidiano do personagem, momentos comuns do dia a dia, fazendo uma comparação da sua postura dentro e fora do acontecimento. No evento, também se observa a interação do personagem com outras pessoas e coletam-se depoimentos, como numa espécie de “o povo fala”, muito comum nos programas interativos de televisão. 
4.1.6 Equipe Linha de Frente 
O programa visa acompanhar um morador do bairro Paulo VI que esteja engajado na entidade Equipe Linha de Frente, movimento já explicado neste trabalho. A pretensão é mostrar um retrato do cotidiano do personagem, destacando, principalmente, a mudança dos seus hábitos a partir do seu envolvimento com o projeto. O personagem será questionado sobre suas origens, seu envolvimento com o grupo e os motivos que o levaram a se integrar ao programa. Em um outro momento, será acompanhado o trabalho do mesmo e de seus amigos do projeto, captando, assim, a interação entre eles. Em um terceiro momento, familiares e moradores da comunidade serão entrevistados também, podendo, assim, traçar um paralelo entre os envolvidos direta e indiretamente pelo projeto.
47 
4.1.7 Coletivo Pegada 
O programa registra o dia a dia de um personagem que está inserido no Coletivo Pegada de maneira ativa. Durante os preparativos do evento, o personagem relata sua trajetória de interesses que culminaram em sua inserção no coletivo, além de um pouco da história do mesmo. Antes da chegada ao evento, são registrados momentos do cotidiano do personagem em um dia comum, podendo relacionar e diferenciar sua rotina dentro e fora do contexto do Coletivo Pegada, bem como tal evento influencia em seu cotidiano. Durante o evento, observa-se a relação do personagem com outras pessoas, podendo-se registrar depoimentos de seus amigos e de espectadores do evento. 
4.1.8 Quina/Ystilingue 
O programa acompanha um personagem que freqüenta as galerias de arte Quina e Ystilingue, evento realizado no Conjunto Arcângelo Maletta, acompanhando sua preparação antes de sair de casa, ate o final do dia. Enquanto o personagem se prepara, vai contando sua participação no movimento e justificando a sua escolha; o mesmo conta ainda um pouco da história desse movimento. Antes de sua chegada ao evento, são registrados alguns momentos do cotidiano do personagem, promovendo também a relação do mesmo dentro e fora do evento. No evento, observa-se a relação do personagem com outras pessoas, coletando depoimentos de outros participantes. 
4.1.9 RoodBoss Soundsystem 
O programa acompanha um personagem que freqüenta as festas de Soundsystem, realizadas nas praças de Belo Horizonte, acompanhando sua preparação antes
48 
ainda em sua casa, até o final da festa. Enquanto o personagem se prepara, narra como começou a ir nesse movimento e comenta os motivos que o levaram ao mesmo. Assim como nos demais programas, a ideia será acompanhar a lógica, fazendo com que o mesmo conte um pouco da história desse movimento. Antes de o personagem chegar ao evento, são registrados alguns momentos do seu dia-a-dia. No evento, observa-se a afinidade do personagem com outras pessoas, coletando a opinião de outras pessoas participantes do movimento. 
4.1.10 G.R.E.S. 
O programa acompanha um personagem que está envolvido nos eventos promovidos pelo G.R.E.S., que são realizados no bairro Cidade Jardim. O registro ocorrerá durante a preparação do personagem antes de ele sair de casa, até o final do dia. Enquanto o mesmo se prepara, ele apresenta a sua abordagem sobre como surgiu o seu interesse pelo movimento e os seus conhecimentos sobre a história deste. Antes de sua chegada ao evento, são registrados alguns momentos do cotidiano do personagem em um dia comum, assim podendo relacionar sua postura dentro e fora do evento. Durante o evento, o registro será focado na interação do personagem com os demais que frequentam os eventos da agremiação, coletando outros depoimentos, além de enriquecer o enredo com outros pontos de vista. 
4.1.11 Trapizomba 
O programa acompanha um personagem que frequenta os projetos culturais e as oficinas promovidos pelo Trapizomba em Belo Horizonte, como também de um integrante do grupo teatral, cruzando perspectivas distintas. Durante o percurso de suas localidades de origem, até se cruzarem com todos os envolvidos no evento, são registradas declarações de ambos: como começaram a participar de tal evento, um pouco da história pessoal de cada um, como também do teatro. Os personagens
49 
são também acompanhados em outro dia fora do evento, para que se possa conhecer e relacionar suas atividades de rotina com as do evento. 
4.1.12 OutroRock 
O programa acompanha um personagem que freqüenta o festival de música, realizado na Savassi, acompanhando sua preparação antes de sair de sua casa, até a hora de ele dormir. Enquanto o personagem se prepara, vai contando como iniciou sua história nesse movimento e a história do próprio movimento. O mesmo também explica o motivo da sua escolha. Antes da chegada no evento, são registrados alguns momentos do cotidiano do personagem em um dia comum, relacionando sua postura dentro e fora do acontecimento. No evento, observa-se a relação do personagem com outras pessoas, coletando outros depoimentos e enriquecendo o enredo com a participação de outros pontos de vista. 
4.2 Programa - Cosplay 
4.2.1 Apresentação 
O programa de linguagem jovem mostra um movimento cultural de cosplay, o Anime Festival, em Belo Horizonte. Tal evento é retratado do ponto de vista de uma personagem, a estudante Carolina de Nadai, com a colaboração de sua irmã, Camila de Nadai, no qual relatam suas experiências e expectativas. Fantasiadas de personagens do universo fictício, são acompanhadas nos diversos momentos, desde a preparação para o evento até a interação com demais participantes, além de também um dia comum da estudante.
50 
4.2.2 Objetivos 
A produção pretende esclarecer por qual motivo Carolina de Nadai participa desse movimento, o seu comportamento nele, e como isso afeta sua vida social e dos demais cosplayers. Outro objetivo seria informar ao público jovem de maneira próxima, que os eventos de cosplay são uma alternativa de lazer e convívio social para todos, contribuindo, dessa forma, para uma sociedade informada e menos preconceituosa em relação aos participantes do movimento. Ressalta-se que, em depoimento, a mesma afirma ter conseguido nota satisfatória na prova de História no Vestibular, por meio do estudo, via internet, sobre a origem do Cosplay. 
4.2.3 Justificativa 
Devido à grande variedade de opções na grade televisiva, acredita-se que pouco é destinado a programas culturais de linguagem jovem; sendo assim, abordar o cosplay se faz necessário como movimento de conhecimento restrito da massa. Com o foco do programa de levar conhecimento a esse público jovem, o tema é nele difundido em sua maioria, tendo assim maior impacto com o mesmo. 
4.2.4 Formato/Veiculação 
O formato do programa consiste em um cinema-verdade, ou seja, pretende relatar o cotidiano do personagem. Ao determinar o tempo de duração do programa, foram analisadas questões relacionadas ao público-alvo e aos custos de produção, descritos abaixo, chegando ao formato de 13 minutos corridos, sem pausas para intervalos comerciais. Acredita-se que a ausência de intervalos comerciais facilite a
51 
assimilação do conteúdo fornecido, bem como a fidelidade do espectador durante as exibições, mantendo o mesmo bastante focado durante todo o programa, que buscou dinamismo e agilidade, exatamente com esta finalidade de atrair o público- alvo. A escolha da emissora televisiva para veiculação se faz pelo caráter cultural e educacional do programa. O horário sugerido para a veiculação do programa busca dialogar com o público-alvo em um momento livre do seu dia, permitindo assim, fácil assimilação do conteúdo proposto e uma proximidade do uso da internet, que será usada como forma de complementar o assunto e ajudar no ingresso do mesmo a qualquer dos 13 movimentos apresentados no programa. O horário e dia sugeridos para exibição são aos sábados às 13 horas. Subjetivamente, apesar de o estudo ter um caráter científico, torna-se importante dizer que o número 13 é, por natureza, curioso e dá margem a inúmeras interpretações. Tal motivo também estimulou o trio a optar pelo número de programas, bem como o horário de veiculação. A idéia era criar uma coincidência “não-coincidente”. A identidade visual do programa se relaciona com a proposta de movimentos culturais. O nome do programa foi criado a partir de seu ideal de mostrar o que motiva as pessoas a participarem dos movimentos, o que antecede essa participação e o próprio ato de ir e agir. O logotipo é composto por uma tipografia moderna de design jovem, com cores vivas e elementos gráficos condizentes ao nome e caráter urbano. A ideia, em princípio, era preencher o mesmo logotipo nas cores laranja e marrom. A proposta, porém, foi alterada, deixando um tom laranja mais claro com um vermelho escuro, no sentido de se tornar mais vibrante. A apresentação agora traz um filtro, uma textura de concreto. Foi mantida ainda a ideia original de incluir a fonte d'água, conforme consta de layout demonstrado nos Apêndices deste trabalho.
52 
4.2.5 Público-Alvo 
A definição do público-alvo é de extrema importância para o sucesso de um projeto. De acordo com Martins (2004, p. 25), “empresas e instituições segmentam seu público de interesse em categorias como idade, sexo, renda, religião, localização e etc”. Seguindo o princípio, o público-alvo do programa consiste em jovens pertencentes a todas as classes, residentes em Minas Gerais, de ambos os sexos, economicamente ativos e que tenham até 25 anos de idade, que se interessam ou vivenciam temas relacionados a música, dança, teatro, artes plásticas e qualquer outra manifestação de caráter sociocultural. Um dos motivos da escolha dos jovens como público-alvo pode ser visualizado em pesquisa apresentada no trabalho realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 2002) já abordada em nosso trabalho. A pesquisa apontou que o público-alvo do programa possui anseios de conhecer e interagir com movimentos socioculturais, porém sua maior dúvida era: por onde começar? Uma das idéias está aqui proposta. Outro fator relevante é a carência de programas relacionados ao tema proposto. Os jovens que procuram um programa de caráter social, com uma linguagem direcionada a eles, quase sempre necessita recorrer a canais da televisão fechada, o que limita o acesso a informação a determinadas classes sociais, caracterizando um processo de segregação. O programa visa salientar essa necessidade do mercado e dos jovens. 
4.2.6 Recursos operacionais e financeiros 
O presente trabalho buscou, ainda, apresentar os custos para a criação do programa utilizado como piloto para a apresentação do projeto. Para tanto, foram consultados
53 
os valores que um profissional da área de Rádio e TV cobrariam para a elaboração do desse programa, de uma forma genérica. 
Segundo o site da Cut MG20, o piso pago ao profissional contratado por uma empresa privada nesses setores é de R$ 808,00 para rádio e R$ 940 reais para a televisão. Ressalta-se que foi levado em conta o valor para o profissional contratado, e não para freelancer, cujo valor é mais alto - conforme consulta aos profissionais da área, tendo em vista que tal demanda é efetiva e que os mesmos trabalhariam no regime celetista (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT). Foram levados em conta os valores que deveriam ser contabilizados, para efeitos de produção do programa, roteirizarão do mesmo, reportagem e direção de externa. Tais funções seriam desenvolvidas pelos três autores do trabalho, que as acumulariam também, o que afeta o valor final do salário. Vale lembrar que, como cada um desenvolveria mais de uma função, o valor do salário deve ser acrescido de 40%, para cumprimento de legislação. Os valores pagos aos profissionais de edição de texto e imagem, bem como de operação de áudio e de iluminação seriam pagos aos profissionais já existentes na emissora em questão. Foi ainda considerado, no cálculo, o tempo gasto na elaboração do programa-piloto, bem como na edição do mesmo. Estimou-se um tempo de 12 horas de captação de externas (referentes dos dias de trabalho de um profissional) mais 12 horas de edição do material (mantendo a mesma lógica anterior). 
Portanto, levando em conta os fatores acima, pode-se calcular que cada profissional custaria para a emissora, em termos de salário, o valor mensal de R$ 1800,00 (hum mil e oitocentos reais), perfazendo o total de R$ 5400,00 para os três profissionais. Afirma-se que tal valor, como já ressaltado, é inferior ao cobrado por profissionais freelancers e que o mesmo está dentro da realidade da empresa em questão. Além do mais, como a sugestão é a de que o programa seja semanal, cada produtor teria 
20 Disponível em: www.cut.org.br.
54 
tempo livre para ajudar na produção de outros programas da emissora, o que resultaria em mais um fator benéfico que justifica a compra da ideia. 
4.2.7 Storyline - Cosplay 
O programa aborda o universo do cosplay, acompanhando duas personagens, as irmãs Carol e Camila de Nadai, de 21 e 17 anos, respectivamente. Mostra-se desde a preparação das fantasias até o final do evento Anime Festival, evento de cosplay realizado em 15 de outubro de 2011, na Faculdade Uni-BH, Estoril. Enquanto elas se preparam e vestem suas fantasias, vão contando como iniciaram suas trajetórias nesse movimento, explicando o porquê de terem começado a freqüentar os festivais de cosplay, contando também um pouco da história desse movimento. Descrevem, outrossim, os personagens escolhidos, mostrando de quais animes eles são etc. O programa também mostrará, além do período registrado, alguns momentos do cotidiano da personagem Carol, mostrando o dia a dia de uma estudante comum e como ele tem o hábito de se divertir; dessa forma, pode-se relacionar sua postura dentro e fora do evento. Do mesmo modo, observa-se a relação e interação da personagem com outras pessoas no festival. Coletando outros depoimentos, pode-se enriquecer a trama com pontos de vista de pessoas que são como a personagem principal do programa. 
4.2.8 Storyboard - Cosplay 
Um storyboard é, geralmente, realizado antes da gravação de determinado material, com vistas a aplicar o roteiro escrito e orientar os envolvidos no processo de acordo com o que se quer registrar.
55 
Neste caso, salienta-se que houve um processo criativo antes da gravação. Porém, de acordo com a evolução das idéias do grupo, do tempo proposto para a elaboração do vídeo e do atrelamento da gravação a um evento externo que possuía data preestabelecida, foi necessário promover mudanças na sua criação, o que se permite pensar que o processo de criação é dinâmico e permanente. Tais mudanças levaram os autores do trabalho a optarem por manter o storyboard, mas a adaptá-lo apenas após a gravação do mesmo, para manter o máximo de fidedignidade com o material final. Ainda assim, há alterações, como será mostrado a seguir, na comparação com o material captado e editado.
56 
FIGURA 1 - Storyboard do piloto Fonte: Elaborado por Diego Fialho em novembro de 2011.
57 
FIGURA 2 - Storyboard do piloto Fonte: Elaborado por Diego Fialho em novembro de 2011.
58 
4.9 Roteiro 
Segundo Martin (2003), o movimento de câmera tem a função de acompanhar um personagem ou um objeto em movimento, descrever um espaço ou uma ação relevante ao assunto, definir relações de espaço entre dois elementos; dando evidência a um personagem ou objeto que desempenha um papel importante ou expressar o ponto de vista do personagem. Logo, podemos destacar a chamada função rítmica, que representa os constantes movimentos de câmera que modificam o ponto de vista do espectador sobre a cena, dando certo ritmo ao filme. Além disso, podemos destacar a montagem ideológica, que tem a finalidade de proporcionar ao espectador um ponto de vista, um sentimento ou uma ideia. Ela cria relações entre acontecimentos e personagens ou objetos. Segundo Martin (2003, p. 143): “cada uma das imagens de um filme mostra um aspecto estático dos seres e das coisas, e é sua sucessão que recria o movimento e a vida”. Aumont (2009) aborda o plano como pequenos fragmentos, o plano pode ser considerado como conjunto final de um sentido. Martin (2003) afirma que, a partir do momento em que é apresentado um personagem, o plano seguinte mostrará o que ele vê, o que ele pensa, o que ele procura ver ou alguma coisa que está fora de sua visão. Segundo Evangelista (2011), o conceito do programa é ser leal a realidade, conseqüentemente, os trajes dos personagens acarretam valores, individualidade e identificação ao personagem, pois o figurino tem por objetivo manifestar os tipos sociais. 
4.10 Trilha 
A música também ajuda nessa construção, caracterizando o ambiente de acordo com a ação. A escolha da trilha é de acordo com o tema de cada programa. Acredita-se que seja um elemento marcante na composição audiovisual, com a
59 
função de caracterizar o momento, dar ritmo à cena e despertar emoções. Diferentemente de uma montagem cinematográfica, por exemplo, não houve a composição sonora específica para cada cena. Para a identidade geral dos programas, o recurso utilizado para a produção foi a inserção de “trilhas brancas”, músicas livres de direitos autorais, nos ritmos urbanos do público jovem como os gêneros do pop/rock e hip hop, com o objetivo de preencher as cenas em forma de background, ou seja, aplicadas como música ao fundo apenas para dar uma sensação rítmica para as cenas. Outra forma da utilização da música é nos momentos só de imagens, onde produções comerciais específicas relacionadas aos temas são usadas para prender a atenção devido ao seu reconhecimento e fácil assimilação pelo telespectador. Nesse caso, músicas do universo japonês.
60 
5 CONCLUSÃO 
O ponto de partida para a produção desse trabalho foi a divergência cultural e os anseios dos jovens em relação a sentir-se parte de algo. O jovem quer fazer parte, porém, como foi relatado, sente dificuldade no momento do “primeiro contato”. Os programas realizados diminuem a dificuldade do jovem em interagir e conhecer manifestações socioculturais, apresentando-o a caminhos e possibilidades de interação. Fica evidente também a vontade dos autores do trabalho em “colocarem a mão na massa’”, experimentando a prática em mídias como a televisão. Portanto, acima de tudo, o trabalho foi um desafio para todos. No que se refere à pesquisa, ficou evidente a gigante gama de manifestações culturais e sociais da Grande Belo Horizonte e o desejo do jovem aliado a elas, no momento em que o mesmo se envolve e constrói relações afetivas com as mesmas. Devido ao curto prazo de produção e ao formato escolhido para os programas, não foi possível abordar mais manifestações. Porém, existe uma extensa quantidade de informação a ser divulgada sobre o tema. Em relação a pré-produção, produção e pós-produção, a pesquisa mostrou-se de extrema importância para a realização do trabalho. Pela pesquisa, foi possível conhecer o universo, orientando de maneira direta a pré-produção, na construção de um storyline e, posteriormente, na concepção do roteiro e storyboard. Na pós-produção, houve dificuldade na montagem do material filmado, devido à quantidade de informações e imagens citadas durante o processo e de personagens encontrados durante o evento. A execução do trabalho foi, permanentemente, rondada por dificuldades que necessitaram ser superadas. Entre elas, cita-se o curto prazo para a execução, o recorte dos temas, devido ao grande volume de manifestações, a escassez de equipamentos técnicos e o grande volume de informação.
61 
Fica registrado ainda o ineditismo do projeto perante à instituição, uma vez que nunca foi elaborado um trabalho de conclusão de curso que envolvesse a teoria científica à pratica, com a elaboração de um programa de televisão. Parece estar evidente, portanto, o potencial para novas pesquisas e produções relacionadas ao tema. Sugerem-se novos trabalhos e formatos para a abordagem dos movimentos socioculturais em diversos meios de comunicação, podendo assim, desprender-se do veículo televisão e atingir novos meios e novas mídias, principalmente as que ambientam os meios virtuais. Devido à qualidade do material filmado, sugere-se também, posteriormente, a produção de um minidocumentário, podendo assim, divulgar e aumentar a percepção do jovem perante o movimento. 
Registra-se, por fim, a responsabilidade assumida pela coordenação do curso de Publicidade e Propaganda da Newton Paiva, devido a sua responsabilidade de divulgar temas pertinentes ao comportamento da sociedade de maneira documental e de ousar, permitindo que o estudante também ouse, indo além da sua realidade acadêmica. Como recomendação, propoe-se a criação de 1 teaser para citar os movimentos culturais dos 13 programas. Sendo assim, na abertura de cada um que uma tag informaria qual tema seria.
62 
REFERÊNCIAS 
ABUTRES. Abutre’s MC. 2011. Disponível em: <http:// www.abutres.com.br>. Acesso em: 21 de ago 2011. ACSOLIDÁRIA. Disponível em: <http://acsolidaria.org.br/>. Acesso em: 23 de ago. 2011. ALMEIDA, Cândido José Mendes; FALCÃO, Ângela; MACEDO, Cláudia. TV Ao vivo. Depoimentos. São Paulo: Brasiliense, 1988. 302 p. AMIEL, Vincent. Estética da Montagem. Lisboa: Edições Texto e Grafia. 2007. 136 p. AMOR, Paulo. História da Poesia Brasileira. Disponível em: <http://www.lusofoniapoetica.com/index.php/artigos/poesia-brasil/historia-da-poesia- brasileira.html>. Acesso em: 8 de set. 2011. ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002. 205 p. BERNARDET, Jean-Claude. Brasil em tempo de cinema: ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 223 p. BRANDÃO, A. C.; DUARTE, M. F. Movimentos Culturais da Juventude. São Paulo: Moderna, 1990. 120 p. CAMPANHA salarial dos radialistas. CUT-MG e Sintert-MG mobilizam categoria por melhores salários. 18/05/2010. Disponível em: <http://www.cut.org.br/destaque-central/28873/campanha-salarial-dos-radialistas>. Acesso em 15 de nov. 2011. CAMPOS, Flavio de. Roteiro de Cinema e Televisão: a arte e a técnica de imaginar, perceber e narrar uma estória. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. 407 p.
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH
“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH

Más contenido relacionado

Destacado

Concorr001.2013 servpublicsegov
Concorr001.2013 servpublicsegovConcorr001.2013 servpublicsegov
Concorr001.2013 servpublicsegov
Jamildo Melo
 
Apresentação Trabalho final de Semestre - BRT em BH
Apresentação Trabalho final de Semestre - BRT em BHApresentação Trabalho final de Semestre - BRT em BH
Apresentação Trabalho final de Semestre - BRT em BH
Rodrigo_Rezes
 
Cartilha do Ziraldo
Cartilha do ZiraldoCartilha do Ziraldo
Cartilha do Ziraldo
Paula Tannus
 
Belo horizonte, ontem e hoje
Belo horizonte, ontem e hojeBelo horizonte, ontem e hoje
Belo horizonte, ontem e hoje
Cristina Penha
 
Pirelli - Inovação para performance e sustentabilidade
Pirelli - Inovação para performance e sustentabilidadePirelli - Inovação para performance e sustentabilidade
Pirelli - Inovação para performance e sustentabilidade
Fundação Dom Cabral - FDC
 
Apresentação Belo Horizonte
Apresentação Belo HorizonteApresentação Belo Horizonte
Apresentação Belo Horizonte
Espalhe Minas
 

Destacado (20)

Desafios dos sistemas de informação para passageiros de ônibus
Desafios dos sistemas de informação para passageiros de ônibusDesafios dos sistemas de informação para passageiros de ônibus
Desafios dos sistemas de informação para passageiros de ônibus
 
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AO USUÁRIO DO TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO URBANO: EST...
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AO USUÁRIO DO TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO URBANO:  EST...SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AO USUÁRIO DO TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO URBANO:  EST...
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AO USUÁRIO DO TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO URBANO: EST...
 
Estudo para elaboração do projeto básico de transporte coletivo de passageiro...
Estudo para elaboração do projeto básico de transporte coletivo de passageiro...Estudo para elaboração do projeto básico de transporte coletivo de passageiro...
Estudo para elaboração do projeto básico de transporte coletivo de passageiro...
 
Conheça como funcionará o Sistema Integrado de Transporte Coletivo de Sobral ...
Conheça como funcionará o Sistema Integrado de Transporte Coletivo de Sobral ...Conheça como funcionará o Sistema Integrado de Transporte Coletivo de Sobral ...
Conheça como funcionará o Sistema Integrado de Transporte Coletivo de Sobral ...
 
Ciclo do Lixo eletrônico em Belo Horizonte
Ciclo do Lixo eletrônico em Belo HorizonteCiclo do Lixo eletrônico em Belo Horizonte
Ciclo do Lixo eletrônico em Belo Horizonte
 
Nr13 setal
Nr13   setalNr13   setal
Nr13 setal
 
Concorr001.2013 servpublicsegov
Concorr001.2013 servpublicsegovConcorr001.2013 servpublicsegov
Concorr001.2013 servpublicsegov
 
BRT Geral BHTrans
BRT Geral BHTransBRT Geral BHTrans
BRT Geral BHTrans
 
ApresentaçãO Obras LicitaçãO Versao 02 03 09
ApresentaçãO Obras LicitaçãO Versao 02 03 09ApresentaçãO Obras LicitaçãO Versao 02 03 09
ApresentaçãO Obras LicitaçãO Versao 02 03 09
 
SISTEMAS BRT: conceitos e elementos técnicos
SISTEMAS BRT: conceitos e elementos técnicosSISTEMAS BRT: conceitos e elementos técnicos
SISTEMAS BRT: conceitos e elementos técnicos
 
Desenvolvendo Aplicações com Zend Framework
Desenvolvendo Aplicações com Zend FrameworkDesenvolvendo Aplicações com Zend Framework
Desenvolvendo Aplicações com Zend Framework
 
Transporte Público Visão Atual x Perspectivas
Transporte Público Visão Atual x PerspectivasTransporte Público Visão Atual x Perspectivas
Transporte Público Visão Atual x Perspectivas
 
Apresentação Trabalho final de Semestre - BRT em BH
Apresentação Trabalho final de Semestre - BRT em BHApresentação Trabalho final de Semestre - BRT em BH
Apresentação Trabalho final de Semestre - BRT em BH
 
Cartilha do Ziraldo
Cartilha do ZiraldoCartilha do Ziraldo
Cartilha do Ziraldo
 
Belo horizonte, ontem e hoje
Belo horizonte, ontem e hojeBelo horizonte, ontem e hoje
Belo horizonte, ontem e hoje
 
Pirelli - Inovação para performance e sustentabilidade
Pirelli - Inovação para performance e sustentabilidadePirelli - Inovação para performance e sustentabilidade
Pirelli - Inovação para performance e sustentabilidade
 
Apresentacao irbem2017
Apresentacao irbem2017Apresentacao irbem2017
Apresentacao irbem2017
 
BRT e BRS: Características e funcionalidades
BRT e BRS: Características e funcionalidadesBRT e BRS: Características e funcionalidades
BRT e BRS: Características e funcionalidades
 
Apresentação banca final luiza macedo
Apresentação banca final luiza macedoApresentação banca final luiza macedo
Apresentação banca final luiza macedo
 
Apresentação Belo Horizonte
Apresentação Belo HorizonteApresentação Belo Horizonte
Apresentação Belo Horizonte
 

Similar a “O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH

PEC Bruna Merini e Matheus Gritten
PEC Bruna Merini e Matheus GrittenPEC Bruna Merini e Matheus Gritten
PEC Bruna Merini e Matheus Gritten
Fran Buzzi
 
Os horizontes do Jornalismo Cultural em Juiz de Fora: Análise da cobertura do...
Os horizontes do Jornalismo Cultural em Juiz de Fora: Análise da cobertura do...Os horizontes do Jornalismo Cultural em Juiz de Fora: Análise da cobertura do...
Os horizontes do Jornalismo Cultural em Juiz de Fora: Análise da cobertura do...
Fernanda Rocha
 
Manguebeat at 21 30
Manguebeat at 21 30Manguebeat at 21 30
Manguebeat at 21 30
rafaelak
 
Gênero e midia a representação da homossexualidade nos meios de comunicação d...
Gênero e midia a representação da homossexualidade nos meios de comunicação d...Gênero e midia a representação da homossexualidade nos meios de comunicação d...
Gênero e midia a representação da homossexualidade nos meios de comunicação d...
UNEB
 
Políticas culturais em conceição do coité video documentário
Políticas culturais em conceição do coité video documentárioPolíticas culturais em conceição do coité video documentário
Políticas culturais em conceição do coité video documentário
UNEB
 
A Cearensidade no Design Gráfico: Uma Proposta de Identidade Visual para a TV...
A Cearensidade no Design Gráfico: Uma Proposta de Identidade Visual para a TV...A Cearensidade no Design Gráfico: Uma Proposta de Identidade Visual para a TV...
A Cearensidade no Design Gráfico: Uma Proposta de Identidade Visual para a TV...
Yuri Rafael de Oliveira
 
Cinema e educação ok
Cinema e educação okCinema e educação ok
Cinema e educação ok
ticblog1
 

Similar a “O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH (20)

O papa continua pop - A Espetacularização da notícia na vinda do papa ao Brasil
O papa continua pop - A Espetacularização da notícia na vinda do papa ao BrasilO papa continua pop - A Espetacularização da notícia na vinda do papa ao Brasil
O papa continua pop - A Espetacularização da notícia na vinda do papa ao Brasil
 
PEC Bruna Merini e Matheus Gritten
PEC Bruna Merini e Matheus GrittenPEC Bruna Merini e Matheus Gritten
PEC Bruna Merini e Matheus Gritten
 
Diversidade educacao
Diversidade educacaoDiversidade educacao
Diversidade educacao
 
Os horizontes do Jornalismo Cultural em Juiz de Fora: Análise da cobertura do...
Os horizontes do Jornalismo Cultural em Juiz de Fora: Análise da cobertura do...Os horizontes do Jornalismo Cultural em Juiz de Fora: Análise da cobertura do...
Os horizontes do Jornalismo Cultural em Juiz de Fora: Análise da cobertura do...
 
Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...
Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...
Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...
 
Cosmocult
CosmocultCosmocult
Cosmocult
 
Trabalho final dc
Trabalho final dcTrabalho final dc
Trabalho final dc
 
PEC João Vitor Korc
PEC  João Vitor KorcPEC  João Vitor Korc
PEC João Vitor Korc
 
Manguebeat at 21 30
Manguebeat at 21 30Manguebeat at 21 30
Manguebeat at 21 30
 
federal reserve
federal reservefederal reserve
federal reserve
 
Conexões: movimento social, educação popular e cinema
Conexões: movimento social, educação popular e cinema Conexões: movimento social, educação popular e cinema
Conexões: movimento social, educação popular e cinema
 
Gênero e midia a representação da homossexualidade nos meios de comunicação d...
Gênero e midia a representação da homossexualidade nos meios de comunicação d...Gênero e midia a representação da homossexualidade nos meios de comunicação d...
Gênero e midia a representação da homossexualidade nos meios de comunicação d...
 
Políticas culturais em conceição do coité video documentário
Políticas culturais em conceição do coité video documentárioPolíticas culturais em conceição do coité video documentário
Políticas culturais em conceição do coité video documentário
 
Tcc geral mídia_e_evangelização_2006
Tcc geral mídia_e_evangelização_2006Tcc geral mídia_e_evangelização_2006
Tcc geral mídia_e_evangelização_2006
 
Trajetorias populares da telenovela américa
Trajetorias populares da telenovela américaTrajetorias populares da telenovela américa
Trajetorias populares da telenovela américa
 
Documentários de divulgação científica em tempos de redes sociais e cibercultura
Documentários de divulgação científica em tempos de redes sociais e ciberculturaDocumentários de divulgação científica em tempos de redes sociais e cibercultura
Documentários de divulgação científica em tempos de redes sociais e cibercultura
 
Geografia
GeografiaGeografia
Geografia
 
A Cearensidade no Design Gráfico: Uma Proposta de Identidade Visual para a TV...
A Cearensidade no Design Gráfico: Uma Proposta de Identidade Visual para a TV...A Cearensidade no Design Gráfico: Uma Proposta de Identidade Visual para a TV...
A Cearensidade no Design Gráfico: Uma Proposta de Identidade Visual para a TV...
 
Projecto de instalacão de uma televisão universitária
Projecto de instalacão de uma televisão universitáriaProjecto de instalacão de uma televisão universitária
Projecto de instalacão de uma televisão universitária
 
Cinema e educação ok
Cinema e educação okCinema e educação ok
Cinema e educação ok
 

“O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH

  • 1. 0 CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FACISA CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA ARTHUR ÉDEN MOREIRA BARBOSA DIEGO FIALHO DE SOUZA THAÍS CORRÊA MENDONÇA “O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH BELO HORIZONTE 2011
  • 2. 1 Arthur Éden Moreira Barbosa Diego Fialho de Souza Thaís Corrêa Mendonça “O QUE TE MOVE” Elaboração de Programas de TV sobre movimentos culturais em BH Monografia apresentada ao curso de Publicidade e Propaganda, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas - FACISA, do Centro Universitário Newton Paiva, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Publicidade e Propaganda. Orientadoras: Christiane Rocha e Silva (conteúdo) Maria Auxiliadora Borges (metodologia) BELO HORIZONTE 2011
  • 3. 2 DEDICATÓRIAS Aos meus pais, em agradecimento ao carinho e dedicação fornecido. Agradeço aos companheiros de grupo e a todos envolvidos diretamente ou não na minha graduação. (Arthur Éden) Aos meus pais e aos amigos, pelo trabalho em equipe. (Diego Fialho) Aos meus pais, por terem me dado essa oportunidade e terem confiado em mim! Agradeço aos meus amigos Arthur e Diego! (Thaís Corrêa)
  • 4. 3 AGRADECIMENTOS Agradecemos aos nossos familiares e amigos por todo apoio e confiança; Às orientadoras Christiane Rocha e Dôra Borges, pela paciência e dedicação em nos ajudar a tornar este trabalho possível; Ao professor Lamounier Lucas e à coordenadora do curso, Cida Souza, por terem nos considerado aptos a realizar tal proposta; Ao estudante de jornalismo, Alden Starling, pela sua colaboração, assim como a de todos os que participaram, direta ou indiretamente, deste trabalho. Aos demais professores e profissionais com os quais convivemos neste período acadêmico, por todo o conhecimento e paciência oferecidos.
  • 5. 4 Anime-se! (Autor desconhecido)
  • 6. 5 RESUMO Os meios de comunicação têm se tornado cada vez mais sensíveis aos seus públicos-alvo. Grande parte das produções das mídias de massa é voltada, nos dias atuais, ao jovem. O mesmo busca inovação e diferenciação. Ele quer novidade e tem se tornado mais crítico em relação à qualidade das produções. Este jovem é perceptível no que se refere à abundância de produções voltadas à tecnologia digital e interativa nos meios de comunicação. Em meio a tantas produções em tantos canais de televisão, buscou-se a necessidade de mostrar que a cultura está presente na vida deste jovem e, de certa forma, de todas as pessoas. Há muitos movimentos que valorizam a cultura por meio da música, da poesia, da dança e de outras manifestações que buscam disseminar informações históricas, ao mesmo tempo, promovendo a interação entre as pessoas. Ressalta-se que grande parte destes movimentos, aqui descritos, ainda é desconhecida também por muitas pessoas. Sendo assim, o presente trabalho visou à realização de 13 programas, primeiramente voltados para a mídia televisiva, os quais pretenderam mostrar a diversidade dos movimentos culturais existentes em Belo Horizonte, com a intenção de que os mesmos, inicialmente, fossem veiculados em uma emissora, eminentemente, cultural e educativa. Para tanto, os autores do estudo se valeram de pesquisas bibliográficas e, em profundidade, para conseguir subsídios à escrita do estudo, bem como para a realização de um programa-piloto, a ser apresentado como modelo para os demais, cujas ideias também estão relatadas na monografia abaixo. Vale ressaltar que o storyboard só foi criado após a gravação do programa- piloto, de forma a manter uma estrutura de criação mais padronizada. PALAVRAS-CHAVE COMUNICAÇÃO • CULTURA • PUBLICIDADE • TELEVISÃO
  • 7. 6 LISTA DE lLUSTRAÇÕES Ilustração 1: Storyboard…….....................................................................................56 Ilustração 2: Storyboard…........................................................................................57
  • 8. 7 LISTA DE SIGLAS DJ - Disc-jockey; EUA - Estados Unidos da América; IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; MC - Mestre de Cerimônias; MUNAP - Museu Nacional da Poesia; UNI-BH - Centro Universitário de Belo Horizonte; UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância.
  • 9. 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 13 2.2 Cultura: um conceito antropológico ................................................................ 14 2.3 Responsabilidade social e cidadania .............................................................. 15 2.4 Movimentos culturais........................................................................................ 16 2.5 A cultura inserida nas mídias de massa ......................................................... 17 2.6 A Publicidade a serviço da TV ......................................................................... 18 2.7 A linguagem narrativa na comunicação .......................................................... 19 2.7.1 Linguagem na Literatura ................................................................................... 19 2.7.2 Linguagem na TV ............................................................................................. 20 2.7.3 Linguagem no cinema ...................................................................................... 21 2.7.3.1 Montagem não-linear..................................................................................... 22 2.8 Produção - programa de TV artístico/cultural ................................................. 23 2.8.1 Fases de produção ........................................................................................... 23 2.8.1.2 Pré-produção ................................................................................................. 23 2.8.2.2 Produção ....................................................................................................... 24 2.8.2.3 Pós-produção ................................................................................................ 24 3 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................... 13 3.1 Contextualização histórica do objeto de estudo ............................................ 25 3.1.2 Duelo de MC’s .................................................................................................. 25 3.1.3 Sementes de Poesia ........................................................................................ 26 3.1.4 Roda de Capoeira ............................................................................................ 27 3.1.5 Clube de Motociclistas...................................................................................... 28 3.1.6 Quarteirão do Soul ........................................................................................... 30 3.1.7 Equipe Linha de Frente .................................................................................... 31 3.1.8 Coletivo Pegada ............................................................................................... 31 3.1.9 Quina/Ystilingue ............................................................................................... 32 3.1.10 RoodBoss Soundsystem ................................................................................ 34 3.1.11 G.R.E.S. Cidade Jardim ................................................................................. 35
  • 10. 9 3.1.12 Trapizomba .................................................................................................... 36 3.1.13 OutroRock ...................................................................................................... 37 3.2 Recorte do Objeto de Estudo ........................................................................... 40 3.2.1 Cosplay ............................................................................................................ 40 3.3 Metodologia ....................................................................................................... 42 4 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................. 25 4.1 Programas/storylines ........................................................................................ 44 4.1.1 Duelo de MC’s .................................................................................................. 44 4.1.2 Sementes de Poesia ........................................................................................ 44 4.1.3 Roda de Capoeira ............................................................................................ 45 4.1.4 Clube de Motociclistas...................................................................................... 45 4.1.5 Quarteirão do Soul ........................................................................................... 46 4.1.6 Equipe Linha de Frente .................................................................................... 46 4.1.7 Coletivo Pegada ............................................................................................... 47 4.1.8 Quina/Ystilingue ............................................................................................... 47 4.1.9 RoodBoss Soundsystem .................................................................................. 47 4.1.10 G.R.E.S. ......................................................................................................... 48 4.1.11 Trapizomba .................................................................................................... 48 4.1.12 Outro Rock ..................................................................................................... 49 4.2 Programa - Cosplay........................................................................................... 49 4.2.1 Apresentação ................................................................................................... 49 4.2.2 Objetivos .......................................................................................................... 50 4.2.3 Justificativa ....................................................................................................... 50 4.2.4 Formato/Veiculação.......................................................................................... 50 4.2.5 Público-Alvo ..................................................................................................... 52 4.2.6 Recursos operacionais e financeiros ................................................................ 52 4.2.7 Storyline - Cosplay ......................................................................................... 544 4.2.8 Storyboard - Cosplay ...................................................................................... 544 4.9 Roteiro .............................................................................................................. 588 4.10 Trilha............................................................................................................... 588 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 60
  • 11. 10 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62 LISTA DE APÊNDICES .......................................................................................... 608 LISTA DE ANEXOS................................................................................................... 80
  • 12. 11 1 INTRODUÇÃO O mundo vem passando por mudanças. No que se refere à Comunicação Social, tais mudanças vêm sendo significativas e tornam, aos futuros profissionais dessa área, foco na especialização e atualização neste “novo mundo social” que se configura e dinamiza a todo o momento. Diversas discussões vêm ganhando espaço, bem como a sua inserção nas várias estruturas sociais da atualidade. Há ainda que se levar em conta a curiosidade e o desafio de se experimentarem as novas tecnologias digitais, nas quais todas as formas de transmitir cultura se unem, formando uma cultura inovadora, que extrai os limites da produção intelectual e artística. A televisão foi escolhida por ser um meio de comunicação de massa, que pelo seu amplo alcance atinge todas as classes sociais. É também uma mídia que dita tendências, influencia hábitos e costumes, tem credibilidade e alto poder de fixação por utilizar imagem, som e movimento. O trabalho consiste em realizar um programa de televisão para veiculação em emissoras culturais/educativas. Serão criados treze programas de treze minutos cada, porém somente o primeiro programa (piloto) será produzido. O programa pretende mostrar, em linguagem apropriada para o público jovem, os diferentes movimentos culturais de Belo Horizonte, qual a causa e o que motiva as pessoas a participarem de tais eventos e os efeitos para a sociedade. A escolha do segmento da emissora para veiculação se faz pelo caráter cultural e educacional do programa, que tem por objetivo disseminar informação para o público-alvo, contribuindo para uma sociedade menos preconceituosa. Acredita-se que, por meio desse projeto, a emissora a “comprar” o projeto abrangerá e aproximará sua programação do público jovem, ao difundir eventos culturais da cidade para o conhecimento coletivo. Pretende-se proporcionar aos envolvidos um aprendizado e amadurecimento nas etapas de produção para um meio de comunicação de massa. O formato do número de programas se distribui pela quantidade de movimentos culturais da capital mineira que o grupo acredita relevantes para serem abordados.
  • 13. 12 Sua duração de 13 minutos é considerada adequada para transmitir a mensagem, dentro dos projetos elaborados por emissoras. Acredita-se que a escolha do público jovem: de todas as classes, de ambos os sexos, na idade de até 25 anos e economicamente ativo, dialoga com a temática cultural escolhida, por ser conhecido como uma faixa etária mais engajada em questões sociais, além de ser este um assunto que o interessa e que venha a ajudá-lo na sua formação de cidadão. A proposta do programa é ter uma linguagem cinematográfica de conteúdo jornalístico com uma visão estética publicitária e artística. Este jovem busca inovar e se diferenciar das demais produções televisivas, já que a juventude contemporânea é informada, busca novidade e é crítica sobre a qualidade das produções. É perceptível a abundância de produções voltadas à tecnologia digital e interativa nos meios de comunicação. O futuro se encaixa em um sistema em que o consumidor navega na internet e assiste à televisão. Diante de tal realidade, as justificativas para desenvolver o presente trabalho partem da curiosidade do grupo em pesquisar alguns movimentos culturais presentes e atuantes em Belo Horizonte e região metropolitana e do interesse em trabalhar com mídia Televisiva, sob o ponto de vista artístico. Diante do proposto, o objetivo geral consiste em criar uma série de 13 programas de televisão culturais, para atingir o público-jovem, já descrito. Para tanto, o primeiro dos objetivos específicos buscou pesquisar, inicialmente, movimentos culturais existentes em BH, conforme descreverá o capitulo 3 deste trabalho. Foi também necessário promover pesquisas bibliográficas e de campo para conhecer a origem de tais movimentos e como os mesmos se desenvolvem. Foi necessário também conhecer mais sobre a narrativa utilizada na televisão, na literatura e no cinema, uma vez que a ideia era promover um conteúdo inovador, que se apropriasse das três linguagens citadas. Em seguida, foi descrita uma sinopse de cada programa, com destaque para a elaboração do roteiro do programa de televisão escolhido para veiculação. A seguir, serão descritos os principais temas que trarão conhecimento específico para o desenvolvimento do presente trabalho.
  • 14. 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Comunicação: um conceito social Fator de integração das sociedades humanas, comunicar é tornar comum e envolve ciências tão diversas quanto a filosofia, a história, a geografia, a psicologia, a sociologia, a etnologia, a economia, as ciências políticas, a biologia, a cibernética ou as ciências cognitivas. Com o objetivo de difundir os movimentos culturais para a sociedade, acredita-se que é preciso o embasamento no conceito social de comunicação, em que, na análise semiológica, segundo Sfez (1991), deve-se tornar uma mensagem compreensível para o receptor. Esta mensagem deve sempre dizer algo, do emissor ao receptor, pelo canal adequado, evitando-se ruídos na relação entre o que poderia ser dito e o que é dito efetivamente. Com conhecimentos empíricos a respeito das teorias de comunicação e do cenário contemporâneo, pode-se dizer que o propósito é basear-se não nos conceitos “bola de bilhar” ou na teoria da “agulha hipodérmica” - na qual o emissor tinha o domínio da mensagem e a exercia sem resistência -, mas sim, nos conceitos da era tecnológica, nos quais a “sociedade global” compreende conforme sua cultura e aceita o que deseja; sendo assim, não somente intermediária ou receptora, mas fonte crítica de compartilhamento de conteúdo. Na controvérsia de o canal ser um veículo de massa, o objetivo é divulgar tais movimentos culturais que não estão enquadrados na indústria cultural, fora do mainstream (senso comum), e apresentá-los à sociedade, produzindo valor por meio da arte e da cultura. Para a compreensão do papel no veículo proposto, Mattelart e Mattelart (2000) e a sociologia funcionalista da mídia citam estudiosos como Lasswell (1948), que afirmam que o processo de comunicação cumpre funções na sociedade como a vigilância do meio e seus sistemas de valores da sociedade, relações entre seus componentes e a função de entertainment e diversão.
  • 15. 14 Mattelart e Mattelart (2000, p. 187) concluem que: A era da chamada sociedade da informação é também a da produção de estados mentais. É preciso pensar de maneira diferente, portanto, a questão da liberdade e da democracia. A liberdade política não pode se resumir no direito de exercer a própria vontade. Ela reside igualmente no direito de dominar o processo de formação dessa vontade. Portanto, propõe-se, por meio da cultura, tirar a sociedade da crise e levá-la a uma vida mais democrática, à análise da mensagem associada a uma ideologia, em que “arte e comunicação nos separam dos animais e resumem os problemas fundamentais da cultura” (COHN, 1978). 2.2 Cultura: um conceito antropológico Em sentido escrito, cultura significa o modus vivendi global de que participa determinado povo, incluindo a maneira de agir, a maneira de pensar, o modo de sentir, na forma que se veste e habita, bem como na maneira que obtém seus pertences. Segundo Ullmann (1991) em sentido etimológico, anthropos quer dizer homem; lógia significa estudo, ciência. Portanto, estudo do homem. A antropologia constitui o estudo e o conhecimento sistemático do homem e de suas origens. A antropologia cultural tem por objetivo o estudo da cultura em todos os tempos e lugares, abrangida pela existência humana, desde o surgimento do homem englobando as culturas vivas e “mortas”. A etnografia, que significa descrição de um povo, analisa os porquês da manifestação de certos padrões culturais, envolvendo o estudo comparativo de duas ou mais culturas. Ainda segundo o autor, assim como outras ciências, o estudo do homem é tão antigo como o próprio homem. “O comportamento humano é um comportamento aprendido. Aprendendo a viver, põe, também, aprender a viver melhor. Essa característica de aprender a viver e a humanizar-se recebe o nome de cultura” (ULLMANN, 1991, p. 83). Gerações humanas surgentes são plasmadas e moldadas pelas que as antecederam ou que com elas convivem. São culturalizadas, mediante
  • 16. 15 intermediários de um lastro cultural já existente. Trata-se do conjunto dos costumes humanos, expressando a totalidade da experiência humana acumulada e socialmente transmitida. De acordo com Titiev (1963, p. 8): [...] mas uma vez que nenhuma sociedade existe sem uma forma padronizada de vida ou cultura, e uma vez que nenhuma cultura pode existir sem uma sociedade de homens e mulheres, a distinção entre antropólogos culturais e sociais é muitas vezes impossível de manter. Por esta razão, cultura e sociedade são ocasionalmente usadas independentemente e etnógrafos e etnólogos e antropólogos sociais são tratados em conjunto este estudiosos das formas estandardizadas de comportamento que prevalece sempre que grupos vivos de Homo Sapiens vivem em sociedade. 2.3 Responsabilidade social e cidadania É possível visualizar a todo instante as mudanças da organização social e de valores na sociedade, dentre elas as relações entre as organizações e a sociedade, que colocam à tona assuntos como a responsabilidade social, principalmente quando se fala em assuntos que envolvem as corporações. Uma visão mais ampla da responsabilidade social é proposta por Ashley et al. (2002, p. 6) que define a “responsabilidade social como toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade”. O conceito quebra o paradigma que correlaciona às ações de responsabilidade social somente com atos realizados por empresas. Segundo Mendonça (2004), até as corporações mudaram a forma de pensar a responsabilidade social, dando foco em ações que proporcionem o desenvolvimento social, descartando assim as de cunho meramente filantrópicas. Pode-se entender que, com as mudanças de gerações, o conceito de responsabilidade social e o seu entendimento pelas pessoas também mudou. Segundo a pesquisa “A Voz dos Adolescentes”, promovida pelo Fundo das Nações
  • 17. 16 Unidas para a Infância (UNICEF - 2002)1, 35% dos jovens brasileiros entrevistados já participam de algum movimento, como associações de bairro, discussões comunitárias, grêmios e trabalhos voluntários. O jovem atual busca uma maneira de contribuir, porém, tem dificuldade no onde encontrar e em como realizar essa contribuição, ou seja, tem dificuldade em encontrar um “primeiro contato”. Ainda de acordo com a pesquisa acima, dos 67% dos jovens que se consideram voluntários, 16% já praticam ações de voluntariado, e 48% dos entrevistados gostariam de participar de alguma ação, mas não sabem como. O programa visa a ajudar o jovem no seu “primeiro contato”, diminuindo o distanciamento e facilitando a busca maneiras de se engajar socialmente e contribuir socialmente com algum grupo ou entidade. 2.4 Movimentos culturais De acordo com Brandão e Duarte (1990), a produção cultural do homem é um documento vivo. Desde a pré-história até os dias atuais, o homem faz manifesto para expor seus conhecimentos e sua visão do mundo. É a cultura que distingue o homem dos outros animais, pois ele tem a capacidade de criar, de pensar, ordenar seus pensamentos e suas ações. A cultura é uma relação entre o homem e o meio em que vive. Assim, pode-se afirmar que não existe ser humano sem cultura. “O homem é produto e produtor da cultura” (BRANDÃO e DUARTE, 1990, p. 9). Porém, o homem não domina todos os traços culturais da sociedade em que vive; por isso, encontram-se diferentes manifestações culturais dentro de uma mesma sociedade e entre diferentes sociedades. O tempo também influencia e modifica a cultura, a participação é sempre seletiva e envolve bens materiais e não materiais, como: ferramentas, 1 Disponível em: www.unicef.org.
  • 18. 17 utensílios, moradia, meios de transporte, comunicação, conhecimento, símbolos, crenças e sistemas de valores. Ainda de acordo com os autores, após a Segunda Guerra Mundial, com a explosão demográfica e a expansão econômica dos EUA, surge uma cultura própria da juventude, reflexo de suas tendências comportamentais de revolta, expressada principalmente pela música, de forma individualizada ou em pequenos grupos. A partir dos anos 60 nasceu a “contracultura”, a juventude começa a negar a cultura imperante e dá início a uma atitude mais crítica e politizada, adotando um estilo de vida alternativo e coletivo, contra o consumismo, o industrialização indiscriminada, o preconceito racial, as guerras etc. Período simbolizado principalmente pelos hippies, uma contracultura dos anos 1960 que adotava um modo de vida comunitário, em comunhão com a natureza, e pregava a paz e o amor na terra. Atitude semelhante adotavam os punks, uma contracultura dos anos 1970. A princípio, o movimento punk era apolítico e tinha como lema “do it yourself” (em tradução livre, “faça você mesmo”). 2.5 A cultura inserida nas mídias de massa De acordo com Cuche (2002), os iluministas consideravam a cultura como uma soma de valores e saberes acumulados e transmitidos para a humanidade, sendo acumulados durante o processo histórico. Laraia (1986) cita Tylor (1871), quando este definiu “culture” em seu etnográfico como “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.” Partindo dessas definições, é possível visualizar a cultura em tudo que engloba a relação social entre os homens. As mídias de massa podem ser consideradas todos
  • 19. 18 os canais de comunicação que possuem longo alcance e abrangência. Cohn (1978, p, 177) assim define a massa: “a massa é representada por pessoas que participam de um comportamento de massa [...]”. O autor também caracteriza pontos específicos do comportamento da massa. Estão presentes em todas as classes sociais e trabalhistas, são compostas por indivíduos anônimos e existe pouca interação (troca de experiência) entre eles. Ainda de acordo com Cohn (1978. p. 179), “a natureza do comportamento de massa é dada por “linhas individuais de ação e não por uma ação combinada”. O programa vigente nesse trabalho propõe a quebra dessa definição de comportamento, forçando a massa atingida a interagir em conjunto com os outros serem anônimos devido ao caráter e conteúdo do programa, mesmo com a mensagem sendo transmitida em um canal conhecido como uma mídia de massa. 2.6 A Publicidade a serviço da TV As mídias de massa, como o próprio nome já diz, é o principal contato midiático com a massa e seus seres anônimos. A televisão é a principal mídia de massa na sociedade atual, possuindo características que a diferenciam das demais, como a possibilidade de emissão de estímulos visuais e sonoros que são também explorados pela publicidade e pela propaganda. Outro fator de consideração é citado por Franzão (2006, p. 90), afirmando que “praticamente a totalidade dos domicílios brasileiros possui pelo menos um aparelho de TV”. Ramos (1995) afirma que a publicidade criou uma relação intima com a televisão desde sua implementação no Brasil nos anos 50. Strozenberg (1986) afirma que a televisão e a publicidade juntas são um fator de democratização do consumo, já que sua exibição proporciona um maior conhecimento e circulação de um determinado produto, permitindo um barateamento e um nível maior de informação ao
  • 20. 19 telespectador. Ainda diz que o comercial de televisão possibilitou o melhor uso da linguagem audiovisual, e não o cinema. Ramos (1995) ainda diz que o telespectador processa comerciais e programas televisivos de uma maneira única, exigindo a mesma qualidade técnica para ambas as produções. Essa afirmação conecta o processo criativo e técnico dos comerciais publicitários e das produções televisivas e cinematográficas, partindo da base de processo final deve ter os mesmo elementos audiovisuais e ambos as produções. 2.7 A linguagem narrativa na comunicação 2.7.1 Linguagem na Literatura Conforme Foucault (1992, p. 316) "[...] a última das compensações ao nivelamento da linguagem, a mais importante, a mais inesperada também, é o aparecimento da literatura”. Comunicação filosófica e sociológica acredita-se que a criação da realidade histórica é representada com o uso da linguagem. Entende-se que em uma produção audiovisual, além da linguagem verbal utilizada do personagem, a linguagem não verbal de imagens e sons se faz como complemento e conteúdo indispensável na compreensão da narrativa. De acordo com Vilarinho (2010)2, assimila-se que, diferentemente, da linguagem literária de amplo significado, a produção do programa é criada na linguagem não literária, em que as palavras possuem o seu sentido comum, com variações de estilos narrativos, como o conto, uma narrativa curta que gira em torno de um só conflito; e a crônica, relato pessoal do autor sobre determinado fato, nesse caso, o personagem da estória. Mais detalhes dos elementos de linguagens e narrativas nos subitens seguintes. 2 Disponível em: www.brasilescola.com.
  • 21. 20 2.7.2 Linguagem na TV Segundo Squirra (1993), a televisão como se conhece nos dias atuais deriva do cinema. A palavra cinema origina-se do grego kinema, que quer dizer “movimento”. O cinema foi o primeiro meio de comunicação que se utilizou do movimento como forma de expressão coletiva. De acordo com Ruiz (1971), o nome “Televisão” apareceu depois de muitas tentativas de se achar o melhor nome para significar a transmissão de imagens sem fio e a distância, os cientistas a batizaram três vezes, ate achar o nome pelo qual a conhecemos hoje: radiovisão, vídeo e, finalmente, televisão. Na opinião de Squirra (1993, p. 12), “a televisão é hoje o veículo mais popular como forma de entretenimento, atualização e obtenção de informação”. Para o autor, o telejornal tem um papel fundamental na produção e divulgação de informação no país. É por meio dele que a população toma conhecimento das notícias da sua cidade, da sua região, do seu país e essa função é desempenhada pela TV como veiculador de informação, cultura e conhecimento. Segundo Wicker (1981): Como a televisão é tão imediante e atinge uma audiência tão vasta, com uma eficiência tecnológica surpreendente, ela parece capaz de tudo, inclusive de mostrar a verdade em momentos em que ela necessariamente não pode ser conhecida. Segundo o autor, a chegada da TV provocou uma inversão no nosso consciente. Nada é verdadeiramente real, a menos que “aconteça na TV”, essa observação explica o porquê do enorme crédito dado pela população à televisão. A imagem não tem fronteiras. Apesar de algumas diferenciações regionais, ela pode ser decodificada por qualquer cidadão, de qualquer parte do planeta, sem muitas dificuldades. O termo documentário surgiu em 1926, ainda de acordo com o autor, quando o inglês John Grierson, em crônica para The New York Sun, utilizou a palavra pela
  • 22. 21 primeira vez ao analisar o filme Moama, de R. Flaherty, sobre a vida dos polinésios. Segundo o Dicionário de Comunicação (1978, p. 304), notícia é o: Relato de fatos ou acontecimentos atuais, de interesse e importância para a comunidade e capaz de ser compreendido pelo público [...] a noticia não é um acontecimento, ainda que assombroso, mas a narração desse acontecimento. A notícia é tudo o que o público deseja saber. A essência pois, a notícia está determinada pelo interesse público. 2.7.3 Linguagem no cinema Segundo Bernardet (2007, p. 164), “popular, o cinema brasileiro deveria sê-lo por vários aspectos: deveria tratar de assuntos do povo e comunicar-se não apenas com uma elite cultural, mas com o grande público.” Sendo assim, diferente da produção comercial, o estudo visa à produção cultural de um formato cinema-verdade, uma forma de documentário onde a fílmica será de uma realidade natural, que, ao invés de explorar as chanchadas - que assim como no cinema se assiste atualmente - na TV, tem como foco a produção de conteúdo relevante para a educação e consciência dos telespectadores. Segundo o conceito de Campos (2007, p. 20), “narrativa é o produto da percepção, interpretação, seleção e organização de alguns elementos de uma estória”. Dentre os gêneros dramático, lírico e épico (“narrativa pura”), a linguagem abordada se enquadra neste último gênero, já que tem por principal função informar o movimento cultural. Porém, quando o personagem expressar sua subjetividade do evento, a narrativa se tornará lírica. Ainda conforme o autor, os sete loci - do latim locus-i, são os sete “lugares” do pensamento que o fabulador e o narrador devem preencher, a fim de fabular (imaginar) uma estória - da retórica clássica são: quem, os personagens; o quê, os incidentes da estória; onde, o lugar onde ocorre o que se narra; por quê, as motivações das ações dos personagens; para quê, os objetivos das ações dos personagens; quando, o momento em que ocorre a estória; e como, a forma de
  • 23. 22 perceber e de narrar a estória; e, dessa forma compor uma narrativa sem lacunas de informação. Dentro de cada estória por programa, a trama principal será o ponto de vista do personagem e não necessariamente o evento em si. Cenas que exploram os incidentes de sua trajetória antes e durante o evento, suas motivações e objetivos. “Teatro, cinema e tv tratam fala de maneira diferente” (CAMPOS, 2007, p. 188), onde é raro na tv uma informação importante ser comunicada apenas por imagem, explorando assim o personagem em seus diálogos e monólogos com elementos de fala que dão unidade e facilitam à narrativa e recepção. Bernardet (2007) considera que a tendência de um diretor não é apenas transformar o roteiro em imagens, mas que participe de todas as fases do filme. Dessa forma, o estudo consiste no nosso trabalho desde a produção à montagem, sendo essa última explorada de forma não cronológica, tendo suas seqüências alternadas de maneira não-linear entre as cenas. Acredita-se que tais cortes causarão o estranhamento necessário para gerar no telespectador certa epifania e reter a atenção dele. 2.7.3.1 Montagem não-linear Conforme Leone e Mourão (1993), a montagem não deve ser analisada apenas como atividade técnica terminal, pois são associadas com o roteiro e a realização que produzem o espetáculo cinematográfico. Acredita-se no fator positivo de explorar formas diferenciadas de montagem, pois segundo Amiel (2007), montagem é uma arte, operação completa que exige criatividade e que implica a estética da obra. Diferente da montagem linear, da ideia de sequência, o trabalho presente conta com a montagem eletrônica na finalização da produção fílmica, com recursos de flashbacks e flashfowards - revezados em acontecimentos passados e presentes - nos quais as cenas são apresentadas fora da ordem normal dos acontecimentos.
  • 24. 23 Em relação ao tempo de estória e tempo de narrativa proposto por Campos (2007), todo o conteúdo produzido de um dia é montado em treze minutos, de forma em que as cenas se alternam na continuidade temporal. Exemplo clássico do cinema com recurso similar é a obra do roteirista Herman Mankiewicz, Cidadão Kane. Outro filme que explora tal montagem é Amnésia, do roteirista Jonathan Nolan. 2.8 Produção - programa de TV artístico/cultural 2.8.1 Fases de produção 2.8.1.2 Pré-produção Nesta fase, de acordo com o site Tudo Sobre TV3, são levantadas as necessidades gerais para a realização do programa. Primeiramente, será contatado um roteirista para fazer a sinopse com o argumento; após aprovado o roteiro, é feito um storyboard, com uma ilustração da seqüência de imagens; em seguida, é realizada a decupagem (detalhamento). A seguir, a produção e direção do programa vão determinar os atores, apresentadores, equipe e os equipamentos necessários, bem como local de realização, disponibilidade das pessoas envolvidas, valor dos cachês e previsão do tempo de realização. Em seguida, os setores de produção, direção, equipe operacional, técnica e cenografia se reúnem para acertarem os ajustes finais. O próximo passo é fazer o orçamento do material. Neste caso, como houve novas ideias a partir da gravação do material, o storyboard foi criado ao final, para manter o padrão de passos na elaboração de um programa de TV. 3 Disponível em: www.tudosobretv.com.br
  • 25. 24 2.8.2.2 Produção De acordo com o autor, nesta fase, se estabelece a ação da realização de um programa. Cabe ao produtor marcar e conciliar horários dos ensaios, gravações, entrada da equipe, hora do almoço, descanso, levantamento e definição de locais, providenciar o transporte dos participantes e equipe, conseguir autorizações dos participantes e locais, providenciar as fitas, anotar o conteúdo das fitas gravadas, preparar o material de edição (relatório de gravação, roteiro, decupagem) para o editor, pensar em detalhe como sinal, cor, câmera, áudio, direção, linguagem da narrativa, movimentos, cenografia, entre outros. 2.8.2.3 Pós-produção Após a gravação, conforme autor acima, passa-se para a montagem final do material, a edição. Ela requer, às vezes, recursos como: computação gráfica, efeitos, trilha sonora, dublagem, locução e outros. Para isso, será preciso saber quais recursos o editor utilizará para contatar os profissionais e providenciar os equipamentos. A seguir, serão abordados os programas que serão desenvolvidos pelos autores do trabalho, bem como detalhados todos os passos descritos acima. A seguir, serão abordados os 13 programas que serão desenvolvidos pelos autores do trabalho, bem como detalhados todos os passos descritos acima.
  • 26. 25 3 OBJETO DE ESTUDO 3.1 Contextualização histórica do objeto de estudo Existem muitas maneiras pelas quais os fãs demonstram o seu apoio e apreço à cultura. Tendo em vista esse universo que desperta atenção e curiosidade de toda a sociedade, o trabalho consiste na realização de um programa com a temática jovem para uma emissora educativa/cultural. Será necessária a confecção de 13 programas de 13 minutos cada. Somente um programa seria detalhado e gravado. A seguir, a descrição breve de cada programa: 3.1.2 Duelo de MC’s Cultura artística norte americana de influência afro e jamaicana, o hip hop nasceu em Nova Iorque na década de 1970 e chegou ao Brasil na década seguinte. Segundo Rocha; Domenich; Casseano (2001), “arte peculiar que vai muito além de modismo ou um estilo de música”, o movimento é geralmente criminalizado pelas autoridades e parte da sociedade. Segundo Irwin (2006), o hip hop “tem suas raízes fixadas em uma forte ideologia de emancipação dos negros e na redução da desigualdade social decorrente do preconceito racial”. De acordo com o site eBlack4, além do DJ (disc-jockey) - músico operador de discos de vinil que mistura ritmos de batidas e frases das canções animando a festa; o grafite - expressão artística de tinta com frases e desenhos feita em muros; e o breakdance - dança de rua com origem de simulação de luta, coreografias de sincronismo e acrobacias ou movimentos de improvisação; há outro pilar da cultura 4 Disponível em: www.pcg.com.br/eblack.
  • 27. 26 hip hop, que é o MC (Mestre de Cerimônias), que tem sua origem antes do movimento; porém, no contexto, é considerado como o rimador ousado, que improvisa e interage com o público de forma vibrante. Ainda segundo o site, a batalha com rimas desafiadoras contra outros MCs só surgiu na década de 1980 e a disputa - que se encontra também nos outros pilares - tem o objetivo de entreter o público e testar o nível de capacidade de cada competidor. O evento “O Duelo de MCs”, de acordo com o blog homônimo5 (2011), é realizado, semanalmente, às sextas-feiras, desde 2007, no Viaduto Santa Tereza, no Centro da capital mineira, Belo Horizonte. Tal intervenção é composta por manifestações dos elementos do hip hop. No encontro, foram relatados os diferentes, porém relacionados, estilos de arte de rua. O objetivo do tema foi conhecer o papel social e a importância desta cultura para os participantes. 3.1.3 Sementes de Poesia Trata-se de um espaço que conta com a participação do público. O programa “Sementes de Poesia” é promovido pelo Museu Nacional da Poesia (Munap), com ações pela poesia, arte e cultura, todo terceiro domingo do mês. O mesmo pode se manifestar pelo microfone, mostrando sua poesia. Segundo Coutinho (1978, p.9-10): A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio. Como arte de criar textos e manipular o uso das palavras, pretende-se focar a literatura brasileira com origens do século XVI na forma da poesia, linguagem humana que permeia a imaginação, pois “certamente o desenvolvimento literário no Brasil está relacionado às contingências econômicas, políticas e sociais do país” (AMOR, 2009). Segundo Mello (2011), “acredita-se que o recital público com diálogo 5 Disponível em: www.duelodemcs.blogspot.com.
  • 28. 27 intercultural incentiva a leitura, criação poética, convivência artística, intercâmbio, divulgação e a preservação do patrimônio imaterial”. O evento de entrada franca é realizado desde 2008, todo terceiro domingo do mês na Praça dos Fundadores, no Parque Municipal de Belo Horizonte. Pretende-se abordar tal atração pela iniciativa colaborativa de expressão da literatura, com intenção de aproximar o cidadão ao espaço cultural coletivo e conhecer assim a sociedade por meio das palavras. 3.1.4 Roda de Capoeira De origem brasileira, porém criada por africanos, trata-se de um estilo de luta disfarçado de dança para combater os senhores de engenho na época da escravidão, “a capoeira, antes de receber o status de expressão cultural, sofreu o estigma do crime” (SOARES, 1962, p. 07). Conforme o site Circuito Liberdade6 (2011), a Capoeira pode ser explicada como uma manifestação popular. A mesma é considerada, desde 2008, como patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e tem, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, um dos principais pontos de encontro da capoeira em Minas Gerais, onde ocorrem, freqüentemente, ações culturais comemorativas. De acordo com Fuinha (2007), “a atividade capoeira, quando trabalhada com jovens e adolescentes em situação de risco social, ganha aspectos muito importantes.” Mais do que uma arte marcial, a capoeira é um movimento musical com os instrumentos e cantos típicos, além de um exercício de dança e expressão corporal. Sua contribuição na atividade curricular tem reflexo positivo nas escolas e na integração dos alunos, com questões de socialização e respeito. Belo Horizonte 6 Disponível em: www.circuitoculturalliberdade.mg.gov.br.
  • 29. 28 sediou, em 2011, o 3º Encontro Nacional de Capoeira Angola. Segundo Losekann (2011), o evento contribuiu para discutir a participação da capoeira na formação cultural, na educação de crianças e jovens e ainda a capoeira como patrimônio cultural. Ainda de acordo com o autor: A capoeira figura, assim, ao lado da ciranda de roda, do acarajé, das panelas de barro do Espírito Santo e do frevo, como um bem cultural brasileiro, pois reúne harmonia, arte, música, poesia, folclore, artesanato, esporte, diversão, dança, jogo, luta, rituais e tradição, em uma das mais genuínas expressões da nossa cultura popular. 3.1.5 Clube de Motociclistas Segundo Dulaney (2005)7, o surgimento dos motoclubes está associado ao final da Segunda Guerra. Ex-militares e pilotos eram treinados para guiar motocicletas, buscando ativar o nível de adrenalina para aliviar os traumas pós-guerra. Em cada pelotão, os combatentes tinham que cuidar de seus parceiros ao final de cada combate. Com isso, os mesmos desenvolveram um alto nível de irmandade, até que, no final da guerra, trouxeram tal sentimento para a vida civil. Ao regressarem da guerra, os combatentes foram aposentados e se alcoolizavam na tentativa de esquecer as memórias da batalha, buscando curar as cicatrizes do conflito armado. Estes se envolveram em atividades pessoais e de lazer que fogem aos padrões comuns, tais como o motociclismo. A imprensa da época acusava-os de arruaceiros e, na década de 1950, algumas produções de Hollywood como “O Selvagem” - filme que contava a história de um delinqüente líder de uma gangue de motoqueiros, vestido de jaqueta de couro e dirigindo uma motocicleta (personagem interpretado pelo ator Marlon Brando) -, criaram a imagem de que moto clubes eram gangues. 7 Disponível em:http://ijms.nova.edu/November2005/IJMS_Artcl.Dulaney.html.
  • 30. 29 Já na década de 1960, conforme o autor, as motocicletas voltaram a ser tema no cinema. Podem-se citar como exemplos Elvis Presley, com o filme “Roustabout”, e o ator Steve McQueen, com “A Grande Fuga”. Estes longas-metragens alavancaram uma série de filmes sobre o tema, que chegou ao seu auge com a produção “Easy Riders” - o clássico filme de 1969 retrata dois motoqueiros que seguem pelas estradas americanas. Na década de 1970, os motoclubes deixaram de passar uma imagem de rebeldia e passaram a ser sinônimo de liberdade. O maior motoclube no mundo são os HELLS ANGELS MC dos Estados Unidos, grupo fundado em 1948 na cidade de San Bernardino, sediada no estado da Califórnia. Foi na década de 1990 que se iniciou a popularização no Brasil. A primeira associação foi fundada no Brasil em 1927 - o Motoclube do Brasil, sediado no Rio de Janeiro. De acordo com o site Abutres8, os ABUTRE'S MC - Raça em Extinção - é o maior moto clube do Brasil e o mais famoso. Fundado no dia 10 de setembro em 1989, o nome Abutre traz a ideia de liberdade, por ser a ave que voa mais alto. O ABUTRE’S M.C. BRASIL é uma associação sem fins lucrativos, que reúne amantes do motociclismo, com a finalidade de desfrutar do lazer, entretenimento e promover ações filantrópicas por meio de uma motocicleta e boa vontade. Segundo a Federação dos motoclubes do Estado de São Paulo9 (2009) nos dias de hoje, os motoclubes são grupos constituídos e organizados por pessoas que apreciam o motociclismo. São clubes organizados com a finalidade de estabelecer relações de amizade, promovendo a socialização entre seus participantes. Durante todo o ano, os motoclubes organizam passeios e encontros para promover a confraternização, a amizade e o companheirismo entre todos os seus componentes. 8 Disponível em: www.abutres.com.br. 9 Disponível em: www.federacaomc.org.br.
  • 31. 30 3.1.6 Quarteirão do Soul De acordo com o site Quarteirão do Soul10, o soul é um gênero específico de música que nasceu do rhythm and blues e do gospel durante o final dos anos 1950 e inicio dos anos 1960 entre os negros norte-americanos. Este movimento surgiu como uma forma de apoiar a luta dos negros pelos Direitos Civis, e pela afirmação da identidade negra. Segundo Libânio (2010), o movimento Black no Brasil começou no inicio da década de 1970 no Rio de Janeiro por meio do radialista Big Boy, por Gerson King Kong e pelo cantor e ator Tony Tornado. Logo depois, migrou para outras capitais, entre elas, Belo Horizonte. Mas nos anos de 1980, com o domínio dos gêneros POP e Rock no Brasil, a cena soul enfraqueceu até terminar. Segundo Lord Tucá, dançarino, promoter e presidente da Comunidade do Soul, em entrevista ao site Cinema em Cena, enquanto os clubes de soul music paralisaram suas atividades, o produtor e DJ Toninho Black começou a organizar o Baile da Saudade. Nasce então, o movimento Black mais forte do Brasil. Mas, somente em 2004, foi criado o Quarteirão do Soul, movimento que se realiza nas tardes de sábado no Centro de Belo Horizonte, como forma de reencontrar os amigos que frequentavam os bailes black no centro da cidade na década de 1970. Segundo Ribeiro (2008), o Quarteirão do Soul é encabeçado por pessoas de baixa renda, vindas das mais diferentes regiões da cidade, na faixa dos 45-50 anos, que se reúnem todos os sábados na área do baixo-centro de Belo Horizonte, se apossando da calçada e da rua para dançar black music, além disso têm esse espaço como ponto de sociabilidade e de afirmação de sua identidade. 10 Disponível em: http://www.quarteiraodosoul.com.br.
  • 32. 31 3.1.7 Equipe Linha de Frente A Equipe Linha de Frente é uma entidade sem fins lucrativos criada por moradores e amigos do bairro Paulo VI, conforme consta de foto nos Apêndices, situado na região Nordeste de Belo Horizonte. De acordo com o site Equipe Linha De Frente11, a entidade desenvolve um trabalho focado na construção de uma rede de solidariedade, que busca proporcionar melhoria das condições sociais e da qualidade de vida do moradores do bairro Paulo VI e adjacências. Os trabalhos são desenvolvidos com diferentes setores da sociedade, que se organizam de forma solidária, na busca de quesitos básicos, como planejamento urbano e saneamento básico até a realização de oficinas e cursos de capacitação para jovens e adultos. Os trabalhos se dividem entre buscas, juntamente ao poder público, por melhorias e por ações voltadas à cultura, lazer e educação. O site ainda informa que as ações realizadas “assinalam o investimento da entidade no protagonista comunitário e na afirmação da cidadania”. 3.1.8 Coletivo Pegada O Pegada é um coletivo atuante em Belo Horizonte, Minas Gerais. De acordo com o Coletivo Pegada12, o grupo surgiu em outubro de 2008 a partir de trocas de e-mails entre músicos, jornalistas, designers e produtores preocupados com o rumo da produção independente da cultura em Belo Horizonte. O coletivo está inserido, desde a sua criação, dentro do Circuito Fora do Eixo. O site Fora do Eixo13 conta uma história do início do projeto que começou com uma 11 Disponível em: www.equipelinhadefrente.acsolidaria.org.br. 12 Disponível em: www.coletivopegada.org. 13 Disponível em: http://foradoeixo.org.br.
  • 33. 32 parceria entre produtores das cidades de Cuiabá (MT), Rio Branco (AC), Uberlândia (MG) e Londrina (PR), os quais queriam estimular a circulação de bandas, o de tecnologia de produção e o escoamento de produtos nesta rota desde então batizada de "Circuito Fora do Eixo”. O mesmo está presente em 25 estados, ressaltado que todos os estados das regiões sul, centro-oeste, sudeste e norte possuem coletivos associados no circuito. O coletivo Pegada desenvolve seu trabalho focado em 4 pilares: circulação, distribuição, produção de conteúdo e formação e capacitação de agentes culturais. Alguns eventos organizados pelo coletivo já possuem reconhecimento nacional como o Festival Transborda, evento que reúne consagrados e emergentes nomes da música nacional em Belo Horizonte. De acordo com o site do Coletivo Pegada, todas as ações são focadas na “sustentabilidade e uma nova lógica de produção cultural pautada em princípios de auto-gestão, protagonismo, empoderamento e autonomia”. 3.1.9 Quina/Ystilingue Belo Horizonte possui um novo espaço para a divulgação de trabalhos de arte em diversas áreas - a Quina Galeria. O objetivo da mesma é difundir a cultura do design, o pensamento inventivo e a inovação. No local, são realizados desenhos, pinturas, ilustrações, colagens, grafite, instalações e objetos de design assinados por jovens artistas. Segundo os sócios Rodrigo Furtini - designer e artista plástico formado pela Escola Guignard e Uni-BH - e Ayrton Mendonça - designer de produto graduado pela UNA -, a Galeria Quina surgiu para a divulgação de trabalhos de arte em diversas áreas como desenhos, pinturas, ilustrações, colagens, grafite, instalações e objetos de design assinados por jovens artistas, com a proposta de abrigar um amplo e variado
  • 34. 33 leque de manifestações artísticas, pretende ao mesmo tempo, dar espaço aos artistas mais novos e promover uma aproximação maior do público com a arte. Por isso, justifica-se a sua localização, na esquina da rua da Bahia com avenida Augusto de Lima, no Conjunto Arcângelo Maletta. A localização, inclusive, inspirou o nome Quina, para facilitar a visita de um grande e variado tipo de público. Ressalta- se que se trata de um dos prédios mais antigos de Belo Horizonte, abrigo da intelectualidade, onde funcionam livrarias, lojas de sebo e de discos antigos. É também um local de grande trânsito de pessoas, chegando a receber, em único dia, cerca de duas mil pessoas. A QUINA já existe há dois anos. A idéia surgiu depois de uma viagem dos sócios à Europa, onde este tipo de espaço era bem comum. Daí surgiu a vontade de montar esse formato de galeria em Belo Horizonte. O foco da QUINA é o segmento alternativo. Buscando mostrar o que está despontando atualmente no mercado, dá oportunidade principalmente para novos artistas tanto nas artes plásticas, design, fotografia e grafitti. O público da QUINA vai de estudantes, artistas, designers, arquitetos e também o público da terceira idade. A localização do novo espaço cultural no centro da cidade acompanha tendência de cidades como Berlim e Holanda e, no Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo. “Agora chegou a vez de Belo Horizonte estar incluída nesse circuito”, justifica Furtini. Ainda segundo os sócios e curadores, os artistas são encontrados por meio da internet, via comunidades virtuais como flickr, twitter e facebook. Outro espaço aberto para experimentações e trocas num contexto de liberdade de participação e de cooperação solidária entre grupos autônomos e indivíduos é o denominado Ystilingue. Segundo o site Ystilingue14, o espaço possui biblioteca, discoteca e videoteca comunitárias. Além disso, o local oferece oficinas e cursos gratuitos, mostras de vídeo, palestras e várias outras propostas ou atividades que qualquer pessoa pode realizar. 14 Disponível em: http://www.ystilingue.tk.
  • 35. 34 Propõe-se, como plataforma urbana, criar um contexto de participação e de inovação cooperativa solidária entre grupos autônomos e indivíduos. O Ystilingue também está localizado na Sobreloja 35 do Maletta, no hipercentro de Belo Horizonte. Segundo Furtini (2011), as fontes de recursos são diversas. O Ystilingue tem sido mantido, basicamente, por: contribuições voluntárias na conhecida “caixinha”, contribuições simbólico-voluntárias nas atividades, venda de camisetas usadas estampadas com stencil, feitas pelas pessoas que freqüentam o espaço - e produto de oficinas também ―; locadora de DVDs; 20% de todo o lucro da Lanchonete Barata Vegana - localizada na própria galeria -; 100% do lucro de vendas de cerveja em dias de eventos ou exposições, além de mutirões festivos de limpeza, realizados sazonalmente, divulgados como programação. 3.1.10 RoodBoss Soundsystem Segundo o site Jamaica Soundsystem15, o movimento sound-system (sistema de som) é considerado parte importante da história cultural jamaicana. O conceito tornou-se, primeiramente, popular nos anos de 1950, nos guetos de Kingston, na Jamaica. DJs carregavam um caminhão com um gerador, plataformas giratórias, alto-falantes e grandes instalações elétricas de rua. De acordo com o site RoodBoss16, o RoodBoss Soundsystem, inspirado nos famosos sound-systems jamaicanos, leva para as ruas de Belo Horizonte a cultura musical da ilha e sua influência mundo afora. O RoodBoos na cidade de Belo Horizonte é um evento gratuito regado a música em alta potência. Tais ritmos aproximam grande quantidade e diversidade de pessoas, promovendo interação, diversão e harmonia. 15 Disponível em: www.jamaicasoundsystem.blogspot.com. 16 Disponível em: www.roodboss.com.
  • 36. 35 O projeto, independente e sem fins lucrativos, necessita de ajuda dos presentes para se manter ativo. Nesse sentido, alguns modelos de adesivos são vendidos a R$1,00. 3.1.11 G.R.E.S. Cidade Jardim No início da década de 1960, amantes do samba manifestaram a vontade de transformar o carnaval belo-horizontino em algo mais grandioso, com uma estrutura semelhante à do carnaval carioca. Partindo desse desejo, em 13 de abril de 1961, Jairo Pereira da Costa, seguido por outros componentes da Escola de Samba União Serrana, fundou o Grêmio Recreativo Escola de Samba Cidade Jardim. Dois anos depois, vinha o primeiro dos 18 títulos do carnaval de rua de Belo Horizonte, 11 deles consecutivos. Em 1974, uma nova sede da Cidade Jardim é construída no Conjunto Santa Maria, região Centro-Sul de BH. O espaço é voltado tanto para os ensaios e confecção dos adereços carnavalescos quanto para as atividades culturais ligadas à música, dança e artesanato. Eram considerados os tempos áureos dos desfiles na capital. A Escola conseguia levar cerca de 1500 integrantes para a avenida, entre eles a passista Pinah, Nego e Neguinho da Beija Flor, o cantor Fernando Ângelo - conhecidos no cenário artístico-musical brasileiro - e, antes mesmo da construção da sede da política do Brasil, o ex-presidente do país, Juscelino Kubitschek. De 1992 a 2002, não havia desfiles oficiais na capital. O carnaval foi perdendo parte do seu brilho e recebia cada vez menos investimentos. No final desse período, em 2002, morreu Jairo Pereira da Costa, fundador da Cidade Jardim. O samba perdia um renome, mas os outros componentes da escola não deixaram o carnaval acabar. Belo Horizonte também não - os desfiles voltaram a ocorrer. Pouco tempo depois, no ano de 2004, outro fato triste batia às portas da Cidade Jardim. A Escola, única com espaço próprio para desenvolver as atividades
  • 37. 36 carnavalescas, recebeu um mandado de despejo para a construção de uma Unidade Municipal de Ensino Infantil (Umei), colada à quadra. Os integrantes defenderam que a implantação da Unidade não deveria levar ao fim das atividades culturais. Mesmo assim, em agosto de 2008, a Escola foi despejada. Só em fevereiro de 2009, sem tempo de desfilar, a Cidade Jardim voltou para casa. Era tempo de recomeço. Projetos, como o Domingo do Samba e a Escola Livre de Artes e Ofícios Jairo Pereira da Costa, estão aí para mostrar que o samba não morreu, nem vai acabar. Prova disso foi a comemoração dos cinquenta anos da agremiação, lembrados no dia 6 de novembro de 2011, num evento realizado na quadra da G.R.E.S. com o Bloco da Cidade, uma das revelações do carnaval de rua de BH, em 2011. O encontro contou com outros shows. 3.1.12 Trapizomba Sabe-se que Aristóteles é um dos maiores filósofos da Grécia antiga e que seu pensamento exerce influência na arte e na poesia dos dias de hoje. Acredita-se que o estudo de um grupo teatral como movimento cultural se faz pertinente, pois, segundo Duarte (2011), a recepção e função da obra de arte para Aristóteles é levar o espectador - por meio da mimesis - à catarse, fonte do prazer estético. Arte de representar que no Brasil, de acordo com Magaldi (1997), o teatro no passado foi criticado com certo menosprezo, considerado ruim e irritativo, comparado ao padrão francês. Porém, a partir de autores mais impactantes como Nelson Rodrigues, foi sendo reconhecido e reavaliado a partir de suas origens. Em atividade desde 2003, o Grupo Trapizomba de Teatro é um coletivo cultural formado por estudantes de teatro, que, além de realizações cênicas em festivais e
  • 38. 37 eventos de rua, desenvolvem projetos culturais para o fortalecimento teatral e artístico na capital e no Norte de Minas Gerais. Segundo o site oficial do Trapizomba (2011)17, tais ações associadas à pesquisa cultural, do teatro e tradições do estado, fazem com que crianças e jovens descobram seus valores e contribuam para a profissionalização dos envolvidos, com oficinas de sensibilização artística e de conscientização ambiental, além de ajudar o grupo na sua produção artística e de intervenção social. Ainda de acordo com o site: Diferentemente do que a grande mídia dá a ver, uma rica produção artística e cultural floresce fora dos grandes centros do país. Trata-se, dentre outras, de manifestações de dança, teatro, poesia e literatura que, embora longe dos holofotes, dão um testemunho importante para a compreensão de nosso tempo e do universo das culturas populares. 3.1.13 OutroRock Segundo Brandão e Duarte (1990), o Rock’n’Roll surgiu na década de 1950, com a união de dois estilos de músicas: o rhythm and blues, música feita por negros e o country-and-western feita por brancos rurais. O primeiro rock de sucesso foi Rock around the clock em 1954, do cantor norte-americano Bill Halley. Mas foi Elvis Presley que abriu o caminho para outros cantores como Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis e Buddy Holly, entre outros. Na década de 1960, o Rock’n’roll foi influenciado pela “geração beat”, jovens que buscam um estilo mais alternativo com ausência de normas preestabelecidas na vida e na arte. Nessa época surgiram cantores como Bob Dylan, John Lennon e Jim Morrison, com temas críticos em relação ao estilo de vida americano: drogas, bebedeiras, sexo livre, visões cósmicas, utopia e o cotidiano. No Brasil, o Rock’n’Roll chegou por meio do cinema com os filmes hollywoodianos mostrando o cotidiano do jovem americano. Como os principais cantores de rock 17 Disponível em: www. grupotrapizomba.acsolidaria.org.br.
  • 39. 38 ainda estavam vinculados às pequenas gravadoras, sem filiais no Brasil, as gravadoras nacionais gravavam os sucessos do rock’n’roll na voz de “consagrados” cantores e cantoras brasileiras. Assim, o primeiro rock gravado no país foi Rock around the clock, interpretada por Nora Ney. O Brasil só passou a produzir o rock na década de 1960, com o lançamento de Estúpido Cupido (1954), interpretada por Celly Campello, uma versão de Fred Jorge da música Stupid Cupid de Neil Sedaka e Howard Greenfield. Porém, a desvinculação entre o cantor de rock’n’roll, geralmente mais velhos, e o seu público jovem era total, pois as gravadoras da época não investiam em novos valores para esse tipo de música, por acreditar que o rock’n’roll era apenas um modismo passageiro da indústria cultural. Mas o rock no Brasil começou mesmo com a Jovem Guarda. Ainda de acordo com Brandão e Duarte (1990), foi na década de 1980 que houve a explosão do rock nacional. Essa década foi marcada por dois acontecimentos básicos: o aparecimento da banda Gang 90 e Absurdetes, além do surgimento da banda Blitz. Depois disso, os grupos de rock foram se multiplicando. A partir de 1982, o movimento punk paulista começa a tomar forma, abrindo espaço para novas bandas, como Ira!, Ultraje a Rigor, Titãs e outras. No Rio de Janeiro, ao contrário de São Paulo, o rock surgiu com um estilo mais leve e festivo, por meio de Lulu Santos, Ritchi, Lobão, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e outros. Mas foi em 1985 que o rock nacional e internacional concretizou-se no mercado brasileiro com a realização do festival Rock in Rio, trazendo nomes do país e do exterior, como Iron Maiden e AC/DC etc. Segundo o site OverMundo (2009)18, o rock mineiro é referência desde os experimentalismos do Clube da Esquina, passando pelo heavy metal da década de 80, pelo pop rock dos anos 90 e por acontecimentos históricos, como a realização do BHRIF (BH Rock Independent Festival), em 1994 na Praça da Estação. 18 Disponível em: www..overmundo.com.br
  • 40. 39 Em 2008, os artistas de rock da cidade de Belo Horizonte juntaram forças para, simultaneamente, resgatar todo esse histórico e criar um evento capaz de promover a produção contemporânea da música independente mineira, uma das mais elogiadas e celebradas em todo país e no exterior. Trabalhando coletivamente em todas as etapas de produção, realizaram o Outrorock: dois dias música na Praça Floriano Peixoto. Em 2009, o Outrorock chega à Praça da Savassi após uma longa interlocução com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e a Belotur ― Companhia Municipal de Turismo. O evento Outrorock 2009, totalmente organizado pelos próprios artistas, juntamente com o apoio da Prefeitura Municipal de BH, ocorreu na Praça da Savassi. O evento foi complementado com uma edição da Feira do Vinil da associação Discoteca Público, uma feira de moda, uma feira de música independente, DJs de vários estilos. O evento foi Instalado no quarteirão fechado da rua Antônio de Albuquerque - entre Alagoas e Cristóvão Colombo. O Outrorock 2009 legitima a identidade rock da região da Savassi que, desde a década de 80, é um pólo de encontro da juventude, da circulação de bens culturais e de entretenimento. O Outrorock tem patrocínio da Belotur - Companhia Municipal de Turismo, co-produção do Coletivo Pegada e apoio da ONG Favela é Isso Aí. Parceiro da edição 2009 do Outrorock, o Coletivo Pegada reúne agitadores, músicos, jornalistas, designers e produtores de Belo Horizonte, com o objetivo de fortalecer a cena alternativa da capital mineira, bem como fomentar o crescimento e melhorar a produção musical independente. Entendendo que o rock de Belo Horizonte não está somente no asfalto ou na região central da cidade, a ONG Favela é Isso Aí junta forças ao festival Outrorock. A organização surgiu como fruto do Guia Cultural de Vilas e Favelas, idealizado pela antropóloga Clarice Libânio e publicado em agosto de 2004. A organização foi criada com o objetivo de proporcionar a construção da cidadania a partir do apoio e divulgação das ações de arte e cultura da periferia.
  • 41. 40 A ONG tem também o intuito de contribuir para a redução da discriminação em relação aos moradores de vilas e favelas, promover geração de renda para as artistas, ajudar a prevenir e minimizar a violência, melhorar as condições do fazer artístico e acesso ao mercado cultural. 3.2 Recorte do Objeto de Estudo 3.2.1 Cosplay O cosplay, segundo França (2008), consiste em pessoas comuns se fantasiarem de personagens provenientes, de maneira geral, dos quadrinhos, games, livros, séries de TV e desenhos animados japoneses. Uma das principais características é que o praticante cria os trajes e interpreta o personagem. O hobby costuma ser praticado em eventos como convenções de anime e games. A prática do cosplay exige preceitos como organização, capacidade de superar desafios, exploração da criatividade e o desenvolvimento do potencial artístico nas caracterizações. O movimento cultural reúne jovens customizados, geralmente em eventos fechados, os quais chamam a atenção por onde passam. Movimento da cultura pop com praticantes por todo o país, diferentemente das tradicionais festas à fantasia, os participantes não só se vestem a caráter, mas também interpretam os personagens em uma interação social, cultural e artística. De acordo com o site Cosplaybr19, a prática remonta aos anos de 1930 e está ligada às convenções de ficção científica realizadas nos Estados Unidos. O primeiro exemplo ocorreu em 1939, durante a 1ª World Science Fiction Convention, ou Worldcon, em Nova Iorque, quando o jovem Forrest J. Ackerman e sua amiga Myrtle R. Douglas foram ao evento fantasiados, em meio a um público de 185 pessoas. Ele 19 Disponível em: http://www.cosplaybr.com.br.
  • 42. 41 usava um traje de piloto espacial; e Myrtle, um vestido inspirado no filme de 1936, "Things to Come", baseado na obra de H.G. Wells. Ainda de acordo com o autor, o Cosplay só foi difundido, na verdade, nos últimos 26 anos, por meio dos concursos denominados masquerades - os participantes exibiam as fantasias e entretinham o público. O japonês Nobuyuki Takahashi, do estúdio japonês Studio Hard, ao visitar a Worldcon de 1984, difundiu a prática do masquerade no Japão, criando o novo termo: Cosplay. Segundo França (2008), a palavra deriva da contração de outras: do inglês costume (traje/fantasia) e play/roleplay (brincadeira, interpretação). Na década de 1990, com a explosão do anime pelo mundo, o cosplay foi reintroduzido nos Estados Unidos. Muitos “cosplayers” acreditavam que a prática tinha sido criada no Japão. Porém, como já citado, a mesma já existia nos EUA havia quase meio século, praticada por pessoas de diferentes idades e gêneros. Nos EUA a maneira de desenvolver a prática também é diferente: os americanos seguem o modelo do Worldcon, em que o praticante cria sua fantasia e compete em convenções de fãs. A originalidade é ponto-chave. No Japão, o praticante - geralmente, jovens mulheres - deve se caracterizar fielmente como um personagem pré-existente, para tirar fotos em grupo. Além disso, não há competições ou a exigência de que o traje seja confeccionado pelo cosplayer. Pelos eventos típicos que ocorrem durante o ano na capital mineira, entende-se que, em Belo Horizonte, existem vários cosplayers, jovens em sua maioria. A ideia, neste estudo, é buscar conhecer o cotidiano de um participante deste evento. O que ele geralmente faz antes, durante e depois do evento? O que o motiva? Onde ocorrem as festas específicas e se há uma manifestação artística/cultural fora dos eventos tradicionais? Ressalta-se que, no mês de outubro de 2011, ocorreu o Anime Festival. Informalmente, às sextas-feiras, jovens se encontraram, à noite, na Praça da Liberdade, para trocarem experiências e informações de interesses em comum.
  • 43. 42 3.3 Metodologia Para obter tais respostas, foram escolhidos alguns métodos de estudo, que se imaginou serem mais coerentes com a idéia inicial da pesquisa. Uma das metodologias utilizadas para este trabalho, a fim de se analisarem os principais pontos referentes ao tema proposto, foi a pesquisa bibliográfica, que, segundo Lakatos (2001) tem o intuito de apresentar tudo o que já foi escrito, dito, pesquisado ou divulgado sobre determinado assunto. Para Trujillo (1974, p. 230), a pesquisa bibliográfica não só afirma e repete o que já foi dito ou escrito, mas também ajuda no entendimento de um tema sob novo tipo de abordagem, chegando a conclusões inovadoras. Lakatos (2001) afirma ainda que as pesquisas bibliográficas variam, fornecendo ao pesquisador diversos dados e exigindo manipulação e procedimentos diversos para análise dos mesmo. A busca pode ser feita por abrangência quando é feita procurando por várias palavras chave de uma vez, executando diversas buscas e depois analisando cada artigo obtido, ou por profundidade quando se escolhe primeiro uma palavra chave e se busca tudo o que puder referente ao assunto com ela. Para a autora, a elaboração de um questionário requer observância de normas precisas, conhecimento do assunto, processo de elaboração longo e complexo e limitação em extensão e finalidade para que possa oferecer dados suficientes em informação. A pesquisa exploratória também se encontra no trabalho, partindo da necessidade de apresentar os temas (movimentos culturais) escolhidos para os programas. De acordo com Gil (2006, p. 43), “pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato”. O autor ainda completa informando que esse tipo de pesquisa é utilizado no momento em que o tema escolhido dificulta a formulação de hipóteses precisas e operacionalizáveis.
  • 44. 43 Fez-se necessária também a utilização da pesquisa em profundidade em determinados temas, a fim de coletar informações diretas dos idealizadores do projeto. Foi escolhida uma entrevista semiaberta que, de acordo com DUARTE E BARROS (2008, p.66), é uma pesquisa focada em uma “matriz, um roteiro de questões-guias que dão cobertura à pesquisa”. Duarte e Barros (2008 p. 62) definem a pesquisa em profundidade utilizada em nosso trabalho ao afirmar que “a entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte [...]”. A metodologia vigente no trabalho é de extrema importância para a execução do mesmo, ao facilitar e auxiliar no recolhimento de informações importantes que sustentam e embasam cientificamente o projeto desenvolvido.
  • 45. 44 4 RESULTADOS DA PESQUISA 4.1 Programas/storylines 4.1.1 Duelo de MC’s O programa cruza a história de dois personagens que participam do movimento hip hop, acompanhando suas preparações desde casa ou do trabalho até quando se enfrentam no Duelo de MC’s, realizado abaixo do viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte. Personagens diferentes, porém com realidades e afinidades similares, relatam seus envolvimentos no movimento e explicam o porquê da escolha, da história e experiências relacionadas. Acompanham-se os personagens em um dia comum para conhecer sua rotina de relação com o movimento hip hop, além do evento. 4.1.2 Sementes de Poesia Neste capítulo, acompanha-se um personagem poeta que se prepara para ir ao Sementes de Poesia, realizado no Parque Municipal no terceiro domingo do mês. Desde seu ponto de partida até o caminho do parque, o personagem conta sua dedicação à poesia e como conheceu tal movimento cultural. Lá, recita suas obras, além de também fazer parte do público ao conhecer outros poemas e poetas. É também mostrado outro dia qualquer de sua rotina, para a relação do quanto a poesia faz parte do personagem, seja só no evento específico ou durante sua vida.
  • 46. 45 4.1.3 Roda de Capoeira Neste capítulo, o foco é um capoeirista que participa regularmente de rodas de capoeira realizadas em vários lugares de Belo Horizonte, a exemplo da Praça da Liberdade, um dos cartões-postais da capital mineira. Sua preparação é acompanhada desde o acontecimento do evento e o seu percurso até o evento, onde comenta como começou na capoeira, um pouco da história do esporte e os benefícios da prática. Na roda o personagem interage com outros capoeiristas que também comentam um pouco de suas habilidades. Em seguida, é registrado outro dia do cotidiano do personagem para uma observação de como a capoeira influencia sua rotina. 4.1.4 Clube de Motociclistas O programa acompanha um personagem que faz parte de um motoclube na cidade de Belo Horizonte. Acompanhamos sua preparação antes de sair de casa para uma reunião ou eventos de encontro de motociclistas, realizados em vários lugares, até o final do dia. Enquanto o personagem se prepara, o mesmo vai contando como iniciou sua trajetória nesse movimento e explicando o porquê da sua escolha, contando também um pouco da história desse movimento. Antes da chegada no evento, são registrados alguns momentos do cotidiano do personagem em um dia comum, podendo-se assim relacionar sua postura dentro e fora do evento. No evento, observa-se a relação e interação do personagem com outras pessoas que também costumam participar de tais eventos, coletando depoimentos e buscando outros pontos de vista sobre o mesmo tema.
  • 47. 46 4.1.5 Quarteirão do Soul O programa acompanha um personagem que freqüenta os encontros do Quarteirão do Soul, evento realizado nas tardes de sábado no Centro de Belo Horizonte. Acompanhamos a preparação do personagem antes de sair de casa, até o final do dia. Enquanto o personagem se prepara, o mesmo relata a sua história e ligação com o movimento e explica os motivos que o levaram a freqüentar o espaço/lugar. Ele conta ainda um pouco da história desse movimento. Antes de sua chegada no evento, são registrados momentos do cotidiano do personagem, momentos comuns do dia a dia, fazendo uma comparação da sua postura dentro e fora do acontecimento. No evento, também se observa a interação do personagem com outras pessoas e coletam-se depoimentos, como numa espécie de “o povo fala”, muito comum nos programas interativos de televisão. 4.1.6 Equipe Linha de Frente O programa visa acompanhar um morador do bairro Paulo VI que esteja engajado na entidade Equipe Linha de Frente, movimento já explicado neste trabalho. A pretensão é mostrar um retrato do cotidiano do personagem, destacando, principalmente, a mudança dos seus hábitos a partir do seu envolvimento com o projeto. O personagem será questionado sobre suas origens, seu envolvimento com o grupo e os motivos que o levaram a se integrar ao programa. Em um outro momento, será acompanhado o trabalho do mesmo e de seus amigos do projeto, captando, assim, a interação entre eles. Em um terceiro momento, familiares e moradores da comunidade serão entrevistados também, podendo, assim, traçar um paralelo entre os envolvidos direta e indiretamente pelo projeto.
  • 48. 47 4.1.7 Coletivo Pegada O programa registra o dia a dia de um personagem que está inserido no Coletivo Pegada de maneira ativa. Durante os preparativos do evento, o personagem relata sua trajetória de interesses que culminaram em sua inserção no coletivo, além de um pouco da história do mesmo. Antes da chegada ao evento, são registrados momentos do cotidiano do personagem em um dia comum, podendo relacionar e diferenciar sua rotina dentro e fora do contexto do Coletivo Pegada, bem como tal evento influencia em seu cotidiano. Durante o evento, observa-se a relação do personagem com outras pessoas, podendo-se registrar depoimentos de seus amigos e de espectadores do evento. 4.1.8 Quina/Ystilingue O programa acompanha um personagem que freqüenta as galerias de arte Quina e Ystilingue, evento realizado no Conjunto Arcângelo Maletta, acompanhando sua preparação antes de sair de casa, ate o final do dia. Enquanto o personagem se prepara, vai contando sua participação no movimento e justificando a sua escolha; o mesmo conta ainda um pouco da história desse movimento. Antes de sua chegada ao evento, são registrados alguns momentos do cotidiano do personagem, promovendo também a relação do mesmo dentro e fora do evento. No evento, observa-se a relação do personagem com outras pessoas, coletando depoimentos de outros participantes. 4.1.9 RoodBoss Soundsystem O programa acompanha um personagem que freqüenta as festas de Soundsystem, realizadas nas praças de Belo Horizonte, acompanhando sua preparação antes
  • 49. 48 ainda em sua casa, até o final da festa. Enquanto o personagem se prepara, narra como começou a ir nesse movimento e comenta os motivos que o levaram ao mesmo. Assim como nos demais programas, a ideia será acompanhar a lógica, fazendo com que o mesmo conte um pouco da história desse movimento. Antes de o personagem chegar ao evento, são registrados alguns momentos do seu dia-a-dia. No evento, observa-se a afinidade do personagem com outras pessoas, coletando a opinião de outras pessoas participantes do movimento. 4.1.10 G.R.E.S. O programa acompanha um personagem que está envolvido nos eventos promovidos pelo G.R.E.S., que são realizados no bairro Cidade Jardim. O registro ocorrerá durante a preparação do personagem antes de ele sair de casa, até o final do dia. Enquanto o mesmo se prepara, ele apresenta a sua abordagem sobre como surgiu o seu interesse pelo movimento e os seus conhecimentos sobre a história deste. Antes de sua chegada ao evento, são registrados alguns momentos do cotidiano do personagem em um dia comum, assim podendo relacionar sua postura dentro e fora do evento. Durante o evento, o registro será focado na interação do personagem com os demais que frequentam os eventos da agremiação, coletando outros depoimentos, além de enriquecer o enredo com outros pontos de vista. 4.1.11 Trapizomba O programa acompanha um personagem que frequenta os projetos culturais e as oficinas promovidos pelo Trapizomba em Belo Horizonte, como também de um integrante do grupo teatral, cruzando perspectivas distintas. Durante o percurso de suas localidades de origem, até se cruzarem com todos os envolvidos no evento, são registradas declarações de ambos: como começaram a participar de tal evento, um pouco da história pessoal de cada um, como também do teatro. Os personagens
  • 50. 49 são também acompanhados em outro dia fora do evento, para que se possa conhecer e relacionar suas atividades de rotina com as do evento. 4.1.12 OutroRock O programa acompanha um personagem que freqüenta o festival de música, realizado na Savassi, acompanhando sua preparação antes de sair de sua casa, até a hora de ele dormir. Enquanto o personagem se prepara, vai contando como iniciou sua história nesse movimento e a história do próprio movimento. O mesmo também explica o motivo da sua escolha. Antes da chegada no evento, são registrados alguns momentos do cotidiano do personagem em um dia comum, relacionando sua postura dentro e fora do acontecimento. No evento, observa-se a relação do personagem com outras pessoas, coletando outros depoimentos e enriquecendo o enredo com a participação de outros pontos de vista. 4.2 Programa - Cosplay 4.2.1 Apresentação O programa de linguagem jovem mostra um movimento cultural de cosplay, o Anime Festival, em Belo Horizonte. Tal evento é retratado do ponto de vista de uma personagem, a estudante Carolina de Nadai, com a colaboração de sua irmã, Camila de Nadai, no qual relatam suas experiências e expectativas. Fantasiadas de personagens do universo fictício, são acompanhadas nos diversos momentos, desde a preparação para o evento até a interação com demais participantes, além de também um dia comum da estudante.
  • 51. 50 4.2.2 Objetivos A produção pretende esclarecer por qual motivo Carolina de Nadai participa desse movimento, o seu comportamento nele, e como isso afeta sua vida social e dos demais cosplayers. Outro objetivo seria informar ao público jovem de maneira próxima, que os eventos de cosplay são uma alternativa de lazer e convívio social para todos, contribuindo, dessa forma, para uma sociedade informada e menos preconceituosa em relação aos participantes do movimento. Ressalta-se que, em depoimento, a mesma afirma ter conseguido nota satisfatória na prova de História no Vestibular, por meio do estudo, via internet, sobre a origem do Cosplay. 4.2.3 Justificativa Devido à grande variedade de opções na grade televisiva, acredita-se que pouco é destinado a programas culturais de linguagem jovem; sendo assim, abordar o cosplay se faz necessário como movimento de conhecimento restrito da massa. Com o foco do programa de levar conhecimento a esse público jovem, o tema é nele difundido em sua maioria, tendo assim maior impacto com o mesmo. 4.2.4 Formato/Veiculação O formato do programa consiste em um cinema-verdade, ou seja, pretende relatar o cotidiano do personagem. Ao determinar o tempo de duração do programa, foram analisadas questões relacionadas ao público-alvo e aos custos de produção, descritos abaixo, chegando ao formato de 13 minutos corridos, sem pausas para intervalos comerciais. Acredita-se que a ausência de intervalos comerciais facilite a
  • 52. 51 assimilação do conteúdo fornecido, bem como a fidelidade do espectador durante as exibições, mantendo o mesmo bastante focado durante todo o programa, que buscou dinamismo e agilidade, exatamente com esta finalidade de atrair o público- alvo. A escolha da emissora televisiva para veiculação se faz pelo caráter cultural e educacional do programa. O horário sugerido para a veiculação do programa busca dialogar com o público-alvo em um momento livre do seu dia, permitindo assim, fácil assimilação do conteúdo proposto e uma proximidade do uso da internet, que será usada como forma de complementar o assunto e ajudar no ingresso do mesmo a qualquer dos 13 movimentos apresentados no programa. O horário e dia sugeridos para exibição são aos sábados às 13 horas. Subjetivamente, apesar de o estudo ter um caráter científico, torna-se importante dizer que o número 13 é, por natureza, curioso e dá margem a inúmeras interpretações. Tal motivo também estimulou o trio a optar pelo número de programas, bem como o horário de veiculação. A idéia era criar uma coincidência “não-coincidente”. A identidade visual do programa se relaciona com a proposta de movimentos culturais. O nome do programa foi criado a partir de seu ideal de mostrar o que motiva as pessoas a participarem dos movimentos, o que antecede essa participação e o próprio ato de ir e agir. O logotipo é composto por uma tipografia moderna de design jovem, com cores vivas e elementos gráficos condizentes ao nome e caráter urbano. A ideia, em princípio, era preencher o mesmo logotipo nas cores laranja e marrom. A proposta, porém, foi alterada, deixando um tom laranja mais claro com um vermelho escuro, no sentido de se tornar mais vibrante. A apresentação agora traz um filtro, uma textura de concreto. Foi mantida ainda a ideia original de incluir a fonte d'água, conforme consta de layout demonstrado nos Apêndices deste trabalho.
  • 53. 52 4.2.5 Público-Alvo A definição do público-alvo é de extrema importância para o sucesso de um projeto. De acordo com Martins (2004, p. 25), “empresas e instituições segmentam seu público de interesse em categorias como idade, sexo, renda, religião, localização e etc”. Seguindo o princípio, o público-alvo do programa consiste em jovens pertencentes a todas as classes, residentes em Minas Gerais, de ambos os sexos, economicamente ativos e que tenham até 25 anos de idade, que se interessam ou vivenciam temas relacionados a música, dança, teatro, artes plásticas e qualquer outra manifestação de caráter sociocultural. Um dos motivos da escolha dos jovens como público-alvo pode ser visualizado em pesquisa apresentada no trabalho realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 2002) já abordada em nosso trabalho. A pesquisa apontou que o público-alvo do programa possui anseios de conhecer e interagir com movimentos socioculturais, porém sua maior dúvida era: por onde começar? Uma das idéias está aqui proposta. Outro fator relevante é a carência de programas relacionados ao tema proposto. Os jovens que procuram um programa de caráter social, com uma linguagem direcionada a eles, quase sempre necessita recorrer a canais da televisão fechada, o que limita o acesso a informação a determinadas classes sociais, caracterizando um processo de segregação. O programa visa salientar essa necessidade do mercado e dos jovens. 4.2.6 Recursos operacionais e financeiros O presente trabalho buscou, ainda, apresentar os custos para a criação do programa utilizado como piloto para a apresentação do projeto. Para tanto, foram consultados
  • 54. 53 os valores que um profissional da área de Rádio e TV cobrariam para a elaboração do desse programa, de uma forma genérica. Segundo o site da Cut MG20, o piso pago ao profissional contratado por uma empresa privada nesses setores é de R$ 808,00 para rádio e R$ 940 reais para a televisão. Ressalta-se que foi levado em conta o valor para o profissional contratado, e não para freelancer, cujo valor é mais alto - conforme consulta aos profissionais da área, tendo em vista que tal demanda é efetiva e que os mesmos trabalhariam no regime celetista (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT). Foram levados em conta os valores que deveriam ser contabilizados, para efeitos de produção do programa, roteirizarão do mesmo, reportagem e direção de externa. Tais funções seriam desenvolvidas pelos três autores do trabalho, que as acumulariam também, o que afeta o valor final do salário. Vale lembrar que, como cada um desenvolveria mais de uma função, o valor do salário deve ser acrescido de 40%, para cumprimento de legislação. Os valores pagos aos profissionais de edição de texto e imagem, bem como de operação de áudio e de iluminação seriam pagos aos profissionais já existentes na emissora em questão. Foi ainda considerado, no cálculo, o tempo gasto na elaboração do programa-piloto, bem como na edição do mesmo. Estimou-se um tempo de 12 horas de captação de externas (referentes dos dias de trabalho de um profissional) mais 12 horas de edição do material (mantendo a mesma lógica anterior). Portanto, levando em conta os fatores acima, pode-se calcular que cada profissional custaria para a emissora, em termos de salário, o valor mensal de R$ 1800,00 (hum mil e oitocentos reais), perfazendo o total de R$ 5400,00 para os três profissionais. Afirma-se que tal valor, como já ressaltado, é inferior ao cobrado por profissionais freelancers e que o mesmo está dentro da realidade da empresa em questão. Além do mais, como a sugestão é a de que o programa seja semanal, cada produtor teria 20 Disponível em: www.cut.org.br.
  • 55. 54 tempo livre para ajudar na produção de outros programas da emissora, o que resultaria em mais um fator benéfico que justifica a compra da ideia. 4.2.7 Storyline - Cosplay O programa aborda o universo do cosplay, acompanhando duas personagens, as irmãs Carol e Camila de Nadai, de 21 e 17 anos, respectivamente. Mostra-se desde a preparação das fantasias até o final do evento Anime Festival, evento de cosplay realizado em 15 de outubro de 2011, na Faculdade Uni-BH, Estoril. Enquanto elas se preparam e vestem suas fantasias, vão contando como iniciaram suas trajetórias nesse movimento, explicando o porquê de terem começado a freqüentar os festivais de cosplay, contando também um pouco da história desse movimento. Descrevem, outrossim, os personagens escolhidos, mostrando de quais animes eles são etc. O programa também mostrará, além do período registrado, alguns momentos do cotidiano da personagem Carol, mostrando o dia a dia de uma estudante comum e como ele tem o hábito de se divertir; dessa forma, pode-se relacionar sua postura dentro e fora do evento. Do mesmo modo, observa-se a relação e interação da personagem com outras pessoas no festival. Coletando outros depoimentos, pode-se enriquecer a trama com pontos de vista de pessoas que são como a personagem principal do programa. 4.2.8 Storyboard - Cosplay Um storyboard é, geralmente, realizado antes da gravação de determinado material, com vistas a aplicar o roteiro escrito e orientar os envolvidos no processo de acordo com o que se quer registrar.
  • 56. 55 Neste caso, salienta-se que houve um processo criativo antes da gravação. Porém, de acordo com a evolução das idéias do grupo, do tempo proposto para a elaboração do vídeo e do atrelamento da gravação a um evento externo que possuía data preestabelecida, foi necessário promover mudanças na sua criação, o que se permite pensar que o processo de criação é dinâmico e permanente. Tais mudanças levaram os autores do trabalho a optarem por manter o storyboard, mas a adaptá-lo apenas após a gravação do mesmo, para manter o máximo de fidedignidade com o material final. Ainda assim, há alterações, como será mostrado a seguir, na comparação com o material captado e editado.
  • 57. 56 FIGURA 1 - Storyboard do piloto Fonte: Elaborado por Diego Fialho em novembro de 2011.
  • 58. 57 FIGURA 2 - Storyboard do piloto Fonte: Elaborado por Diego Fialho em novembro de 2011.
  • 59. 58 4.9 Roteiro Segundo Martin (2003), o movimento de câmera tem a função de acompanhar um personagem ou um objeto em movimento, descrever um espaço ou uma ação relevante ao assunto, definir relações de espaço entre dois elementos; dando evidência a um personagem ou objeto que desempenha um papel importante ou expressar o ponto de vista do personagem. Logo, podemos destacar a chamada função rítmica, que representa os constantes movimentos de câmera que modificam o ponto de vista do espectador sobre a cena, dando certo ritmo ao filme. Além disso, podemos destacar a montagem ideológica, que tem a finalidade de proporcionar ao espectador um ponto de vista, um sentimento ou uma ideia. Ela cria relações entre acontecimentos e personagens ou objetos. Segundo Martin (2003, p. 143): “cada uma das imagens de um filme mostra um aspecto estático dos seres e das coisas, e é sua sucessão que recria o movimento e a vida”. Aumont (2009) aborda o plano como pequenos fragmentos, o plano pode ser considerado como conjunto final de um sentido. Martin (2003) afirma que, a partir do momento em que é apresentado um personagem, o plano seguinte mostrará o que ele vê, o que ele pensa, o que ele procura ver ou alguma coisa que está fora de sua visão. Segundo Evangelista (2011), o conceito do programa é ser leal a realidade, conseqüentemente, os trajes dos personagens acarretam valores, individualidade e identificação ao personagem, pois o figurino tem por objetivo manifestar os tipos sociais. 4.10 Trilha A música também ajuda nessa construção, caracterizando o ambiente de acordo com a ação. A escolha da trilha é de acordo com o tema de cada programa. Acredita-se que seja um elemento marcante na composição audiovisual, com a
  • 60. 59 função de caracterizar o momento, dar ritmo à cena e despertar emoções. Diferentemente de uma montagem cinematográfica, por exemplo, não houve a composição sonora específica para cada cena. Para a identidade geral dos programas, o recurso utilizado para a produção foi a inserção de “trilhas brancas”, músicas livres de direitos autorais, nos ritmos urbanos do público jovem como os gêneros do pop/rock e hip hop, com o objetivo de preencher as cenas em forma de background, ou seja, aplicadas como música ao fundo apenas para dar uma sensação rítmica para as cenas. Outra forma da utilização da música é nos momentos só de imagens, onde produções comerciais específicas relacionadas aos temas são usadas para prender a atenção devido ao seu reconhecimento e fácil assimilação pelo telespectador. Nesse caso, músicas do universo japonês.
  • 61. 60 5 CONCLUSÃO O ponto de partida para a produção desse trabalho foi a divergência cultural e os anseios dos jovens em relação a sentir-se parte de algo. O jovem quer fazer parte, porém, como foi relatado, sente dificuldade no momento do “primeiro contato”. Os programas realizados diminuem a dificuldade do jovem em interagir e conhecer manifestações socioculturais, apresentando-o a caminhos e possibilidades de interação. Fica evidente também a vontade dos autores do trabalho em “colocarem a mão na massa’”, experimentando a prática em mídias como a televisão. Portanto, acima de tudo, o trabalho foi um desafio para todos. No que se refere à pesquisa, ficou evidente a gigante gama de manifestações culturais e sociais da Grande Belo Horizonte e o desejo do jovem aliado a elas, no momento em que o mesmo se envolve e constrói relações afetivas com as mesmas. Devido ao curto prazo de produção e ao formato escolhido para os programas, não foi possível abordar mais manifestações. Porém, existe uma extensa quantidade de informação a ser divulgada sobre o tema. Em relação a pré-produção, produção e pós-produção, a pesquisa mostrou-se de extrema importância para a realização do trabalho. Pela pesquisa, foi possível conhecer o universo, orientando de maneira direta a pré-produção, na construção de um storyline e, posteriormente, na concepção do roteiro e storyboard. Na pós-produção, houve dificuldade na montagem do material filmado, devido à quantidade de informações e imagens citadas durante o processo e de personagens encontrados durante o evento. A execução do trabalho foi, permanentemente, rondada por dificuldades que necessitaram ser superadas. Entre elas, cita-se o curto prazo para a execução, o recorte dos temas, devido ao grande volume de manifestações, a escassez de equipamentos técnicos e o grande volume de informação.
  • 62. 61 Fica registrado ainda o ineditismo do projeto perante à instituição, uma vez que nunca foi elaborado um trabalho de conclusão de curso que envolvesse a teoria científica à pratica, com a elaboração de um programa de televisão. Parece estar evidente, portanto, o potencial para novas pesquisas e produções relacionadas ao tema. Sugerem-se novos trabalhos e formatos para a abordagem dos movimentos socioculturais em diversos meios de comunicação, podendo assim, desprender-se do veículo televisão e atingir novos meios e novas mídias, principalmente as que ambientam os meios virtuais. Devido à qualidade do material filmado, sugere-se também, posteriormente, a produção de um minidocumentário, podendo assim, divulgar e aumentar a percepção do jovem perante o movimento. Registra-se, por fim, a responsabilidade assumida pela coordenação do curso de Publicidade e Propaganda da Newton Paiva, devido a sua responsabilidade de divulgar temas pertinentes ao comportamento da sociedade de maneira documental e de ousar, permitindo que o estudante também ouse, indo além da sua realidade acadêmica. Como recomendação, propoe-se a criação de 1 teaser para citar os movimentos culturais dos 13 programas. Sendo assim, na abertura de cada um que uma tag informaria qual tema seria.
  • 63. 62 REFERÊNCIAS ABUTRES. Abutre’s MC. 2011. Disponível em: <http:// www.abutres.com.br>. Acesso em: 21 de ago 2011. ACSOLIDÁRIA. Disponível em: <http://acsolidaria.org.br/>. Acesso em: 23 de ago. 2011. ALMEIDA, Cândido José Mendes; FALCÃO, Ângela; MACEDO, Cláudia. TV Ao vivo. Depoimentos. São Paulo: Brasiliense, 1988. 302 p. AMIEL, Vincent. Estética da Montagem. Lisboa: Edições Texto e Grafia. 2007. 136 p. AMOR, Paulo. História da Poesia Brasileira. Disponível em: <http://www.lusofoniapoetica.com/index.php/artigos/poesia-brasil/historia-da-poesia- brasileira.html>. Acesso em: 8 de set. 2011. ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002. 205 p. BERNARDET, Jean-Claude. Brasil em tempo de cinema: ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 223 p. BRANDÃO, A. C.; DUARTE, M. F. Movimentos Culturais da Juventude. São Paulo: Moderna, 1990. 120 p. CAMPANHA salarial dos radialistas. CUT-MG e Sintert-MG mobilizam categoria por melhores salários. 18/05/2010. Disponível em: <http://www.cut.org.br/destaque-central/28873/campanha-salarial-dos-radialistas>. Acesso em 15 de nov. 2011. CAMPOS, Flavio de. Roteiro de Cinema e Televisão: a arte e a técnica de imaginar, perceber e narrar uma estória. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. 407 p.